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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 1 PRÁTICAS DE LABORATÓRIO DE FÍSICO-QUÍMICA Prof. Luiz Fernando Oliveira Maia - 2014 – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 2 APRESENTAÇÃO A disciplina de laboratório de Físico-Química tem por finalidade integrar a teoria exposta em sala de aula à prática vivenciada em laboratório. Dessa forma, os experimentos seguem com os seguintes objetivos: Revisar, complementar e aplicar os conceitos de Equilíbrio, Termodinâmica, Adsorção e Cinética; Fornecer condições para o desenvolvimento da criatividade e da análise critica dos alunos e estimular o trabalho em equipe. Nas aulas que precedem os experimentos são discutidos conceitos teóricos, práticos e de segurança. A criatividade, a iniciativa e o trabalho em equipe são estimuladores em todas as etapas. As unidades didáticas são projetadas de modo a permitir a obtenção dos dados experimentais, assim como cálculos, discussões, conclusões e sugestões para melhoria do equipamento, da metodologia e dos objetivos. Luiz Fernando Professor da disciplina UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 3 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 4 2. INSTRUÇÕES GERAIS E NORMAS DE LABORATÓRIO ....................................................... 5 2.1 NORMAS DE FUNCIONAMENTO DA DISCIPLINA .......................................................... 5 2.2 DINÂMICA DAS AULAS PRÁTICAS .................................................................................. 5 2.3 RECOMENDAÇÃO AOS ALUNOS ..................................................................................... 5 2.4 SEGURANÇA NO LABORATÓRIO .................................................................................... 6 2.4.1 REGRAS GERAIS ....................................................................................................... 6 3. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA E MODELO DE RELATÓRIO ........................ 7 3.1 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA .................................................................. 7 3.2 MODELO DE RELATÓRIO ................................................................................................. 7 4. PRÁTICA 01: SOLUBILIDADE E TERMODINÂMICA .............................................................. 8 5. PRÁTICA 02: PROPRIEDADES COLIGATIVAS: DETERMINAÇÃO DO GRAU DE DISSOLUÇÃO IÔNICA PELA ELEVAÇÃO EBULIOSCÓPICA .................................................. 10 6. PRÁTICA 03: PROPRIEDADES COLIGATIVAS: CRIOSCOPIA .......................................... 16 7. PRÁTICA 04: EFEITO DA TEMPERATURA SOBRE A MISCIBILIDADE DE DOIS LÍQUIDOS .....................................................................................................................................................19 8. PRÁTICA 05: ANÁLISE DE UM SISTEMA DE TRÊS COMPONENTES CONTENDO DOIS COMPONENTES MUTUAMENTE IMISCÍVEIS. ........................................................................ 22 9. PRÁTICA 06: EQUILÍBRIO QUÍMICO: ASPECTOS QUALITATIVOS ................................... 24 10. PRÁTICA 07: EQUILÍBRIO QUÍMICO: ASPECTOS QUANTITATIVOS .............................. 32 11. PRÁTICA 08: CINÉTICA QUÍMICA – VELOCIDADE MÉDIA DE UMA REAÇÃO, INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DOS REAGENTES E DA TEMPERATURA NA VELOCIDADE DAS REAÇÕES .................................................................................................. 35 12. PRÁTICA 09: CINÉTICA QUÍMICA – DETERMINAÇÃO DA ORDEM DA REAÇÃO ENTRE OS ÍONS TIOSSULFATO E OS ÍONS HIDROGÊNIO ................................................................ 40 13. PRÁTICA 10: CINÉTICA QUÍMICA – LEI DE ARRHENIUS ................................................. 45 14. PRÁTICA 11: ISOTERMA DE ADSORÇÃO ......................................................................... 48 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 4 1 INTRODUÇÃO A disciplina de Físico-Química, no contexto do curso, tem como objetivos colocar o aluno em contato com alguns equipamentos básicos, aprofundar os conhecimentos técnicos e desenvolver as seguintes habilidades: · a capacidade de conduzir e interpretar resultados de atividades experimentais; · a formação abrangente que lhe propicie aliar a teoria à prática; · a capacidade de trabalho em equipe; · a capacidade crítica com relação a conceitos de ordem de grandeza; · a capacidade de leitura, expressão e interpretação gráfica; · a capacidade de obtenção e sistematização de informações; · a capacidade de utilização da informática como instrumento do exercício em química As atividades propostas para a parte experimental da disciplina Físico-Química visam proporcionar ao aluno a oportunidade para trabalhar com autonomia e segurança em um laboratório de química. Procurar-se-á, para isso, não apenas desenvolver a habilidade no manuseio de reagentes e aparelhagens, mas também a criar condições para uma avaliação crítica dos experimentos realizados. Devido às particularidades da disciplina de Físico-Química e às dificuldades encontradas pelos alunos na elaboração de relatórios, sugerimos que você leia atentamente às instruções gerais para a elaboração de um relatório nos próximos itens. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 5 2 INSTRUÇÕES GERAIS E NORMAS DE LABORATÓRIO 2.1 NORMAS DE FUNCIONAMENTO DA DISCIPLINA No primeiro dia de aula os alunos de cada turma deverão constituir grupos para a realização das experiências e serão informados a respeito de: · Esquema de funcionamento da disciplina e critério de avaliação; · Experimentos a serem realizados na disciplina. Cada turma será dividida em vários grupos. Executada a experiência, os grupos deverão entregar no início da próxima aula um relatório completo. Na aula é obrigatória a presença de todos os membros de cada grupo desde o início da aula, pois ao aluno que não comparecer à aula será atribuída nota zero no relatório correspondente ao experimento. A reposição de aulas poderá ser feita no final do semestre, sendo que o aluno poderá repor apenas uma aula prática. 2.2 DINÂMICA DAS AULAS PRÁTICAS Leitura com antecedência, pelos alunos, do assunto a ser abordado na aula; Discussão inicial, com o professor, dos aspectos teóricos e práticos relevantes; Execução pelos alunos dos experimentos utilizando guias práticos; Interpretação e discussão dos resultados juntamente com o professor; Apresentação de resultados dos experimentos em relatório. 2.3 RECOMENDAÇÃO AOS ALUNOS 1. O uso do material é imprescindível a partir da primeira aula. 2. O aluno deverá tomar conhecimento, a partir da primeira aula, das instalações do laboratório, bem como de suas normas de funcionamento. 3. É obrigado, por razões de segurança o uso de avental durante as aulas. 4. O material do laboratório deve ser usado sempre de maneira adequada e somente aqueles reagentes soluções especificadas 5. Não é permitido fumar, comer ou beber nos laboratórios UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 6 6. Todo o material usado deve ser lavado ao final de cada aulae organizado no local apropriado (mesas, bancadas ou armários) 7. A bancada de trabalho deve ser limpa 8. Após o uso, deixar os reagentes nos devidos lugares 9. Devem ser evitadas conversas em voz alta, e sobre assuntos alheios à aula. 10. As normas de segurança relacionadas no texto “Segurança no laboratório” devem ser lidas atentamente. 2.4 SEGURANÇA NO LABORATÓRIO O trabalho no laboratório de Físico-Química exige ordem, método e o respeito por regras de segurança na utilização de material e produtos químicos. Os acidentes não acontecem por acaso! 2.4.1 REGRAS GERAIS Não brincar. O laboratório é um local de trabalho. Não se admitem descuidos ou brincadeiras. Todas as experiências devem ser realizadas com o acompanhamento do professor. Não se devem misturar substâncias ao acaso. Use roupas adequadas para o trabalho que estiver realizando. O uso do guarda-pó, de mangas longas e preferencialmente de algodão (fibras sintéticas são altamente inflamáveis), sempre fechado, é indispensável em qualquer situação. O ato de vesti-lo ou desvesti-lo sempre deve ser feito na entrada do laboratório, distante, portanto das bancadas. Sempre use sapatos fechados. Cabelos compridos devem estar sempre presos. De preferência use calças compridas. Sempre que a ocasião pedir não dispense o uso de luvas, óculos de segurança ou máscaras.· Conhecer e utilizar corretamente o material de laboratório. Ter cuidado com o manuseamento de material quente. Ler com atenção as instruções. O trabalho deve ser planeado antes do início do mesmo. Uma eficiente organização evita a perda de tempo. Verificar bem o rótulo dos frascos. Verificar as indicações inscritas nos rótulos, em especial símbolos de aviso. Nunca provar, cheirar ou retirar com as mãos os produtos. Os produtos químicos podem provocar danos em pessoas e material, por isso devem ser manuseados com o máximo cuidado. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 7 Não contaminar os produtos. Não trocar as tampas dos frascos. Não fumar dentro do laboratório. Conservar a mesa de trabalho limpa. A mesa de trabalho deve ser mantida limpa e arrumada para facilitar as execuções experimentais e evitar acidentes. Na diluição de ácidos, o ácido deve ser vertido na água e não o contrário. As experiências que provocam a libertação de vapores devem ser feitas em locais próprios ou bem arejados. Sempre ouça cuidadosamente do seu professor as instruções para a execução da prática. Em caso de dúvidas, procure dirimi-las antes do começo da execução da mesma. Comunique ao seu professor qualquer acidente ocorrido. 3. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA E MODELO DE RELATÓRIO 3.1 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA Durante o curso os alunos realizarão o conjunto de experimentos de laboratório e os grupos deverão elaborar os respectivos relatórios de cada experimento, que serão avaliados pelo professor da turma. Além disso, os alunos realizarão um seminário sobre os experimentos executados. Observações: Serão Avaliados: A correção e a clareza na redação dos relatórios; O desempenho na execução das práticas; A capacidade para trabalhar com independência e eficiência durante as aulas práticas; 3.2 MODELO DE RELATÓRIO Ler apostila de Físico-Química Experimental 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 8 Prática 01: Solubilidade e Termodinâmica 1. INTRODUÇÃO Termodinamicamente, a formação de uma solução pode ser discutida em termos da variação da energia livre de dissolução (G) à temperatura e pressão constantes. A dissolução de um soluto em solvente envolve uma energia de separação da moléculas do soluto (Hr) conhecida como energia de rede (processo endotérmico), bem como, uma energia de solvatação Hs das moléculas ou íons do soluto (processo exotérmico). Isto é: H = Hr + Hs (1) Se /Hr/</Hs/ a dissolução é exotérmica caso contrário, será endotérmica. Pode-se estudar o efeito da temperatura na dissolução de uma substância em um dado solvente, em termos do princípio de Le Chantelier. Para um processo endotérmico a dissolução é favorecida pelo aumento de temperatura e, para um processo exotérmico o aumento de temperatura diminui a solubilidade de um soluto. Evidentemente, nos processos de dissolução é necessário levar em conta o fator entropia. A entropia do soluto na solução é maior que a do soluto puro. Portanto, aumentando a temperatura à energia livre de dissolução diminui de um fator TS, provocando como resultado um aumento da solubilidade. A solubilidade de um dado sal em água depende da temperatura em que o sistema se encontra. A reação pode ser considerada no equilíbrio quando o sólido está em contato com a solução saturada, no início da cristalização. A solubilidade “s” do sal em mol/litro pode ser calculada a partir da quantidade de sal pesado e do volume da solução. A constante de equilíbrio K para a reação citada será: A constante de equilíbrio pode ser usada para calcular G° para a reação a cada temperatura, usando a seguinte relação: G° = -RTln K (4) lnK = -G°/RT (5) Considerando a relação: G° = H° - TS° (6) Substituindo na equação (5), chega-se a: lnK = -H°/RT + S°/R Esta equação permite calcular o valor de H° através da inclinação do gráfico de lnK versus 1/T. 2. OBJETIVOS Calcular as variáveis termodinâmicas H, S e G, do equilíbrio da reação de dissolução do KNO3. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 9 3. REAGENTES E EQUIPAMENTOS Provetas de 50 mL Pipeta volumétrica de 10 e 5 mL Termômetro KNO3(s) 2 tubos de ensaio grandes; Banho-maria 4. PARTE EXPERIMENTAL a) Pese 20 gramas de KNO3 e transfira para um tubo de ensaio; b) Adicione 15 mL de água destilada e aqueça o tubo em um banho (com água já quente) agitando até que o KNO3 se dissolva c) Determine e anote o volume de KNO3. Isto pode ser feito enchendo outro tubo de ensaio idêntico com água, até que o volume de ambos seja o mesmo e medindo o volume contido no segundo tubo, em uma proveta; d) Remova o tubo teste com a solução de KNO3 do banho de água e deixe esfriar lentamente. Coloque um termômetro na solução; e) Anote a temperatura de aparecimentos dos primeiros cristais; f) Adicione 5 mL de água ao tubo teste, e aqueça a mistura até que o sólido se dissolva novamente. Determine o volume da solução como antes; g) Esfrie lentamente e anote a temperatura na qual os primeiros cristais aparecem. h) Repita o ciclo (passos f e g) adicionando sempre 5 mL de água por mais 4 vezes. 5. TRATAMENTO DOS DADOS EXPERIMENTAIS Com os valores medidos de temperatura (graus Kelvin) e solubilidade (mol/L), construa uma tabela com os seguintes dados: V / mL T / K 1/ T/ K -1 s / mol/L K ln K G° (J/mol) ° (J/mol) S° (J/mol.K) O cálculo de G° é feito com ajuda da equação (5) para cada temperatura. O valor de H° é calculado através da inclinação da reta (-H°/R), do gráfico de lnK versus 1/T. Considere que H° é aproximadamente constante numa faixa pequena de temperatura. Use os valores de G° e H° para calcular S° a cada temperatura pela equação 6 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Cuevas, G. E. C. Caderno de Práticas: Físico-Química 2, Viçosa, 2006. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 10 Prática 02: Propriedades Coligativas: Determinação do grau de dissolução iônica pela elevação ebulioscópica1- INTRODUÇÃO Consideremos uma solução em equilíbrio com o vapor do solvente puro. A condição de equilíbrio é que: onde μ(T,p, x) é o potencial químico do solvente na solução, μvap(T,p) o é o potencial químico do solvente no vapor, sendo x a fração molar do solvente. Se a solução é ideal, teremos: Substituindo (2) em (1), teremos: rearranjando a equação teremos: A energia de Gibbs da vaporização molar é dada por: dessa forma, a equação acima pode ser escrita da seguinte maneira: readaptando a equação com relação a fração molar do soluto, teremos: a energia de Gibbs pode ser dado por: substituindo a equação (8) em (7), teremos: fazendo algumas considerações: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 11 se xsoluto = 0, logo x = 1, o sistema é constituído apenas de solvente, logo substituindo na equação (9), temos: onde T° representa a temperatura de ebulição do solvente puro. Readaptando a equação, temos: Substituindo a equação (11) na equação (9), teremos: Readaptando a equação acima, logo temos: Fazendo a consideração que para solução diluída: xsoluto <<< 1, então ln(1 - xsoluto) - xsoluto, logo: Readaptando: Tirando o mmc entre as temperaturas, teremos: Fazendo T° T na vaporização: Isolando t: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 12 Definindo uma constante K de: Logo: Para soluções diluídas: xsoluto w (molalidade) logo a equação (20) fica: onde Keb é a constante ebuliscópica do solvente e é definida matematicamente por: onde Msolvente representa a massa do solvente em Kg/mol. A molalidade (w) da solução é definida por: ELEVAÇÃO EBULIOSCÓPICA E GRAU DE DISSOCIAÇÃO DE SOLUÇÕES IÔNICAS Em físico-química, a maioria das discussões matemáticas, é feita para sistemas que se comportam idealmente; os sistemas geralmente são constituídos por gases ideais, ou misturas ideais gasosas, líquidas ou sólidas. Muitos desses sistemas nem sempre são ideais; a questão que se levanta, então, é como trataremos matematicamente os sistemas não-ideais. Quando trabalhamos com soluções iônicas, devemos levar em conta o fator de Van’t Hoff ( i ), que para soluções iônicas é diferente de 1,0. As soluções iônicas são aquelas que possuem íons como partículas dispersas. Lembre-se de que uma solução iônica não possui, necessariamente, apenas íons dissolvidos. Uma solução iônica também pode apresentar moléculas não- ionizadas ou fórmulas mínimas não-dissociadas (íons agrupados) como partículas dispersas. Dessa forma, o número de partículas de soluto existentes na solução vai depender de dois fatores: (1) do número de íons presentes em cada fórmula mínima do composto e (2) do grau de dissociação ou ionização desse composto a determinada temperatura. Por exemplo, a 18 o C, o ácido sulfúrico (H2SO4 (aq)), apresenta grau de ionização = 0,61 ou 61%. Isto significa que de cada 100 moléculas desse ácido em contato com a água a 18 o C, teremos 39 moléculas que não se ionizam e 61 moléculas se ionizam. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 13 Van’t Hoff, postulou que o número de partículas em uma solução pode ser calculado pelo produto no número de partículas inicialmente dissolvidas por um fator i, que em sua homenagem foi denominado de fator de Van’t Hoff. Esse fator é dado pela seguinte equação: Dessa forma, toda vez que vamos trabalhar com soluções iônicas, as expressões devem ser corrigidas pelo fator de Van’t Hoff. Assim a equação (21), quando aplicada para soluções iônicas, será dada por: Assim, a elevação ebulioscópica poderá ser usada para determinar o grau de dissociação iônica, através do conhecimento de sua molalidade e do tipo de soluto empregado. Nesse experimento, ao dissolvermos o nitrato de potássio, KNO3 em água, as suas “moléculas” (que podem ser também chamadas de conjunto iônico) se dissociam, formando íons: o cátion potássio (K + ) e o ânion nitrato (NO3 - ). Mas isso ocorre apenas em determinado grau, pois uma parte das “moléculas” continua se comportando como se os íons não estivessem totalmente separados uns dos outros. Dessa forma, utilizaremos a elevação ebulioscópica para determinar o grau de dissociação do KNO3. Um outro fator a se considerar é o valor de q , que pode ser determinado da seguinte maneira: cada “molécula” de KNO3 dissociada dá origem a um cátion K + e um ânion NO3 - , então q é igual a 2. 2. OBJETIVOS Obter experimentalmente o grau de dissociação iônica de um sal pela elevação ebulioscópica, ou seja, pelo efeito coligativo da elevação da temperatura de ebulição. 3. REAGENTES E EQUIPAMENTOS 01 Tubo de ensaio comum; 01 Tubo de ensaio grande; 01 Béquer de 250,0 mL Termômetro 0 até 110 o C Rolhas para os tubos de ensaio comum e grande. Suporte universal Garras metálicas Tela de amianto Tripé de ferro Bico de Bunsen UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 14 Pipeta de 20,0 mL Balança analítica Água destilada Nitrato de potássio, KNO3 Óleo comestível. 4. PARTE EXPERIMENTAL a) Coloque o óleo em um béquer de 250,0 mL até 2/3 do volume. b) Em um tubo de ensaio comum, coloque água até 1/3 do volume e escolha uma rolha que caiba na boca desse tubo. Faça um orifício na rolha e introduza nesse orifício um termômetro de 0 a 110 o C. c) Monte a aparelhagem como mostra a figura 1. Cuidado para não deixar o tubo fechado porque, se isso ocorrer, não haverá possibilidade de saída de vapor durante o aquecimento da água. Figura 1. Esquema da aparelhagem utilizada para a determinação do grau de dissolução iônica do nitrato de potássio (KNO3). d) Acenda o bico de Bunsen e lentamente inicie o aquecimento do óleo. Fique atento para observar a ebulição da água no tubo de ensaio. Quando a ebulição começar, leia a temperatura e anote-a. e) Apague o bico de Bunsen, espere resfriar e repita a operação para confirmar o valor da temperatura. f) Pese com exatidão 10,0 g de KNO3 e transfira para um tubo de ensaio grande. Com uma pipeta, adicione 20,0 mL de água sobre o KNO3. Deixe a água escorrendo pelas paredes do tubo para arrastar e dissolver todo o sal. Agite cuidadosamente o conteúdo do tubo, até a dissolução completa do sal. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 15 g) Coloque esse tubo de ensaio na aparelhagem da figura 1, no lugar do tubo de ensaio comum que foi utilizado para determinar a temperatura de ebulição da água. Utilize outra rolha com o termômetro para cobrir a boca do tubo de ensaio. Cuidado para não deixar o tubo fechado porque, se isso ocorrer, não haverá possibilidade de saída de vapor durante o aquecimento da solução. h) Acenda o bico de Bunsen e lentamente inicie o aquecimento do óleo. Fique atento para observar o início da ebulição da solução de KNO3 água no tubo de ensaio. Quando a ebulição começar, leia a temperatura e anote-a. i) Apague o bico de Bunsen, espere resfriar e repita a operação para confirmar o valor da temperatura. 5. TRATAMENTO DOS DADOS EXPERIMENTAIS a) Determine a constante ebulioscópica da água (Keb) pela equação 22. b) Calcule o fator de Van’t Hoff (i) pela equação 25. c) Calcule o grau de dissociação iônica para o KNO3 pela equação 24. 6. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS [1] http://www.fisica.ueg.br/ademir/aulas/aula_ii10.pdf, acessado em 12/04/2010. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 16 Prática 3: Propriedades Coligativas: Crioscopia 1. INTRODUÇÃO Crioscopia é uma propriedade da solução que corresponde a diminuição do ponto de congelamento do solvente provocado por adição de um soluto não volátil. A temperatura de solidificação de uma solução (solvente mais soluto), Tsolid (mistura) é menor que a do solvente puro, T*solid. A determinação da diferença Tsolid entre as temperaturas de solidificação do solvente puro e da solução diluída, Tsolid = T*solid - Tsolid (mistura) de composição conhecida permite determinar a constante crioscópica do solvente pela relação: Tsolid = Kc. , em que Tsolid é o abaixamento da temperatura de solidificação, Kc é a constante crioscópica e é a molalidade da solução. Assim como outras propriedades coligativas, o abaixamento da temperatura de solidificação é independente da natureza do soluto, dependendo apenas do número de moléculas ou íons do soluto adicionado. 2. OBJETIVOS Determinar a constante crioscópica Kc do cicloexano. 3. REAGENTES E EQUIPAMENTOS Cicloexano. Béquer. Tubo de ensaio. Pipeta. 4. PARTE EXPERIMENTAL 1- Coloque um béquer contendo água para aquecer em chapa de aquecimento. Ela servirá de banho-maria no decorrer da prática. 2- Preparar um banho com gelo picado em quantidade suficiente para encher o béquer até ¾ do seu volume UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 17 3. Determine a massa de 10 mL de ciclohexano em uma balança. Para isso, colocar, com pipeta volumétrica, 10 mL de cicloexano em um tubo de ensaio dentro de um béquer e pesar em balança analítica. Logo após, introduzir o mesmo tubo em um béquer com gelo. O conteúdo do tubo deve ficar coberto pelo gelo, por isso, complete o gelo se necessário. 4. Introduzir o termômetro no tubo de ensaio e acompanhar o abaixamento da temperatura. Quando o cicloexano começar a solidificar, fazer a leitura da temperatura. Durante todo o tempo em que o cicloexano estiver se transformando em sólido, a temperatura permanecerá constante. 5. Retirar o tubo de ensaio do béquer e aquecê-lo até a completa fusão do cicloexano introduzindo, novamente, o tubo de ensaio no béquer com gelo, conforme já descrito acima. Anotar novamente a temperatura de solidificação. 6. Descongelar, completamente, o cicloexano e adicionar ao tubo de ensaio, aproximadamente, 0,200 gramas de naftaleno, até dissolução total. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 18 7. Retornar a mistura ao banho de gelo e determinar (preste muita atenção!) a temperatura em que a amostra começa a solidificar conforme já descrito (neste caso, a faixa de fusão é bastante grande). Anotar a temperatura de início da solidificação da mistura: T (mistura) = ________ 5. TRATAMENTO DOS DADOS EXPERIMENTAIS Com os dados obtidos das temperaturas de fusão do solvente puro e da solução de composição conhecida, determine a constante crioscópica pela relação: 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Costa F. R.. Práticas de Laboratório: Físico-Química, Montes Claros, 2008. [2] Atkins, Peter. Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente, 3º Edição, 2006. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 19 Prática 04: Efeito da Temperatura Sobre a Miscibilidade de Dois Líquidos 1- INTRODUÇÃO Líquidos tendem a ser imiscíveis quando as interações entre moléculas iguais são mais fortes que moléculas diferentes. Quando dois líquidos são miscíveis apenas em algumas concentrações, e algumas temperaturas, eles são chamados de líquidos parcialmente miscíveis. Em um dos cálculos mais elegantes de toda a termodinâmica, J.W. Gibbs deduziu a regra das fases que é uma relação geral entre a variância, F, o número de componentes, C e o número de fases em equilíbrio, P para um sistema de qualquer composição: F = C – P + 2 Pela regra das fases, um sistema com dois componentes, C = 2, a variância é dada por F = 4 – P. Se a pressão é constante, a variância remanescente é F’ = 3 – P. Para uma dada temperatura, se o sistema possui duas fases (P = 2) a composição do sistema é invariante, apesar das quantidades das fases alterarem-se. Para construir o diagrama de fases, é necessário conhecer a concentração de cada um dos componentes e a temperatura quando um sistema apresenta uma só fase [1]. Esse diagrama é mostrado na Figura. 1 . Figura 1 – Diagrama de fases de um sistema de líquidos. 2. OBJETIVOS Construir a curva de solubilidade mútua para dois líquidos parcialmente miscíveis e determinar a temperatura crítica de solução. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 20 3. REAGENTES E EQUIPAMENTOS Fenol Tela de amianto Água destilada Bico de Bunsen Erlenmeyer (3) Espátula Pipeta de 10 mL Tripé Béquer Óculos de segurança. Termômetro Luva de látex. Balança. 4. PARTE EXPERIMENTAL 1) Medir 10; 5,0 e 2,5 g de fenol e transferir para três erlenmeyers distintos; 2) Introduzir, no erlenmeyer, um termômetro e adicionar água nas quantidades especificadas no Tabela 1 apresentado a seguir. Considere a densidade da água igual a 1 g/cm 3 ; 3) Aquecer o frasco até que a mistura se torne límpida e anotar a temperatura; 4) Deixar esfriar, agitando continuamente. Anotar a temperatura em que reaparece a segunda fase líquida. Esta será notada pela aparência leitosa do líquido. A temperatura encontrada durante o resfriamento deve ser diferente da encontrada no aquecimento. A média entre elas é tomada como a temperatura de saturação, isto é, aquela acima da qual o fenol e a água são completamente miscíveis; 5) Adicionar à mistura, em seguida, mais 1 cm 3 de água destilada e procurar de maneira semelhante à descrita anteriormente, a temperatura de saturação desta nova mistura; 6) Proceder do mesmo modo usando as quantidades sucessivamente indicadas na Tabela. 1. Tabela 1: Composição das misturas fenol e água UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 21 5. TRATAMENTO DOS DADOS EXPERIMENTAIS Fenol e água são parcialmente solúveis à temperatura ambiente, mas sua solubilidade mútua cresce com o aumento da temperatura. Quando a temperatura atinge um certo valor entre 65 e 70 o C, os dois líquidos tornam-se completamente miscíveis. Esta temperatura é conhecida como temperatura crítica da solução ou temperatura consoluta [2]. Nessa experiência, preparam-se algumas misturas dos dois líquidos de concentrações conhecidas e determina-se a temperatura de saturação para cada uma delas. Representando temperatura de saturação em função da concentração da solução, obtém-se uma curva semelhante à da Figura 2. O ponto a representa uma mistura de duas soluções em equilíbrio a uma dada temperatura: l1 e l2 que costumamos designar, respectivamente, por “fase rica em água” e “fase rica em fenol”. Aquecendo-se o sistema, o ponto que o representa desloca-se ao longo da linha a-a’. No ponto a’, torna-se homogêneo (fenol e água completamente miscíveis). Figura 2: Diagrama de solubilidade do sistema fenol-água. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Atkins, Peter ePaula, Júlio. Físico-Química. Editora LTC. Volume 1. 8ª edição. 2008 [2] Roteiros de trabalhos em laboratório, Físico-Química I e II. Departamento de Química, UFMG. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 22 Prática 05: Análise de um Sistema de Três Componentes Contendo Dois Componentes Mutuamente Imiscíveis. 1- INTRODUÇÃO Quando, em uma dada temperatura, dois líquidos B e C são parcialmente miscíveis, mas cada um deles é completamente miscível em um terceiro líquido A, é possível obter misturas homogêneas pela adição de A às misturas de B e C. A quantidade de A necessária para tornar B e C miscíveis é diferente para cada proporção determinada de B e C. Para um sistema ternário de líquidos à temperatura e pressão constantes, o diagrama de fases é representado em um triângulo eqüilátero (ver abaixo). Os dados da composição dos três componentes são locados na área representada pelo triângulo. Em cada lado do triângulo é representada a concentração de um dos componentes, em fração molar ou porcentagem, de modo que cada vértice do triângulo é representado pelo componente puro. A composição de misturas contendo apenas dois dos componentes é representada por pontos nos lados do triângulo e a composição de misturas ternárias é representada por pontos internos do triângulo. Os pontos de qualquer linha paralela a um lado do triângulo correspondem a uma determinada concentração do componente puro representado pelo vértice oposto. A composição de um sistema ternário é dada pelas linhas paralelas aos três lados do triângulo que se interpenetram no ponto que representa a composição do sistema. 2. OBJETIVOS Estudar o equilíbrio de fases em líquidos parcialmente miscíveis; Medir a composição das fases em equilíbrio de um sistema ternário; Determinar a curva binodal de um sistema ternário; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 23 3. REAGENTES E EQUIPAMENTOS 2 Erlenmeyers. 3 Buretas. Acetato de etila. Acetona Água destilada. 4. PARTE EXPERIMENTAL 1- No erlenmeyer de número 1, colocar 3,0 mL de acetato de etila e adicionar 22 mL de água. Adicionar acetona por intermédio de uma bureta até a mistura tornar-se límpida (apresentar uma única fase). Anotar os volumes de acetona gastos. 2. Repetir esse procedimento para os demais frascos obedecendo as quantidades iniciais da tabela abaixo: 5. TRATAMENTO DOS DADOS EXPERIMENTAIS Admitindo que não há variação do volume dos componentes ao ser misturados, calculam-se as percentagens em volume dos componentes nas soluções saturadas. Em um diagrama triangular, localizar os valores obtidos. Traça-se, então, a curva Binodal do sistema água-acetato de etila-acetona. Os pontos da área delimitada pela curva binodal representam sistemas que se desdobram em duas camadas líquidas e os outros pontos da área do triângulo representam os sistemas constituintes de uma única fase. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Costa F. R.. Práticas de Laboratório: Físico-Química, Montes Claros, 2008. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 24 Prática 06: Equilíbrio Químico: Aspectos Qualitativos 1- INTRODUÇÃO Qualquer reação química, transformação de fase, ou qualquer outro processo natural, deve levar em consideração duas contribuições no cálculo da energia livre: uma contribuição energética (H) e uma contribuição entrópica (TS) de acordo com a equação G = H - TS. A condição de equilíbrio de uma reação é uma conciliação de duas tendências opostas: um caminho para as moléculas atingir o estado de energia mínimo (H < 0) e a tendência para um estado de máxima entropia (S > 0), de tal forma que atinja o valor nulo (G = 0). Para um sistema simples formado por um componente e uma única fase; ou formado por uma mistura de composição homogênea em fase única. A principal equação fundamental é: dG = Vdp – SdT (1) Esta equação define as derivadas parciais: (2) A última derivada quando aplicada ao gás ideal à temperatura T, constante: P° = 1 atm Dividindo toda a equação por n: Esta última expressão define o potencial químico (µ) de um gás puro nas condições de T e P; µ° representa o potencial químico padrão do gás puro a T e P (P = 1 atm). Em sistemas de composição variável a equação fundamental anterior fica: Entenda-se potencial químico do componente i, como a variação de energia livre por mol do componente i (ni) adicionado, considerando a temperatura (T) a pressão (P) e todos os outros componentes (nj) do sistema constante. Entenda-se também que esta adição de n° de UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 25 mols diferencial, de tal forma que a concentração do sistema, como o potencial químico são alterados diferencialmente (ficando por aproximação constante), mantendo-se uma condição de equilíbrio. Caso esta condição de equilíbrio não seja confirmada, existiria uma diferença de potencial químico em micro regiões do sistema para o mesmo componente. Seja o caso da transferência do componente i, da microrregião A, para a B, como ilustrado a seguir: Se a diferencial de G para as microrregiões forem: Então: Como: Portanto: Sendo o potencial químico na microrregião A maior que em B, confirma-se a transferência do componente i da região A para a B espontaneamente, até igualar novamente os potenciais químicos. A mesma situação pode ser imaginada quando um mesmo gás se encontrar sobre pressões diferentes (µA = µ° + RTlnPA e µB = µ° + RTlnPB); novamente teremos uma transferência de material de maior potencial (maior pressão) para o de menor potencial (menor pressão). Se imaginarmos uma reação química como um processo de mistura de gases ideais, a pressão de cada componente seria representada pela pressão parcial da cada gás. Então, usando a equação de Dalton (Pi = XiP) das pressões parciais poderíamos obter, para cada gás: Desta última equação podemos facilmente deduzir que, gases puros inicialmente separados e nas mesmas condições de T e P, se misturaram espontaneamente. Visto que na UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 26 mistura, o potencial químico é menor numa quantidade igual a RTlnXi, desde que lnXi < 0. Se adotarmos a seguinte simbologia: µi = µi Mist. e fazendo P = 1 atm (pressão padrão) Então: Consequentemente: Ou seja, o potencial químico do componente i puro é maior que o potencial químico do componente i na mistura, nas mesmas condições de temperatura e pressão (T, P). Poderíamos generalizar dizendo que: “o potencial químico do componente i puro no mesmo estado de agregação da mistura é sempre maior que na mistura”. Levando em consideração os argumentos anteriores fica fácil demonstrar que a energia livre de Gibbs de mistura de gases ideais é: n1, T, P. n2, T, P. n3, T, P. n1 + n2 + n3 T, P. Inicial Final Como: Em geral: Sendo Xi = ni/N, Então: Equilíbrio Químico como Mistura de Gases Ideais Seja a reação: aA(g) + bB(g) cC(g) + dD(g) Para cada componente: Então: Considerando que: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 27 O argumento do logaritmo é denominado quociente próprio das pressões. O numerador é o produtodas pressões parciais dos produtos, sendo cada uma elevada a uma potência que é o seu coeficiente estequiométrico. Enquanto que, o denominador é o produto das pressões parciais dos reagentes cada uma elevada a uma potência que é o seu coeficiente estequiométrico. Esta relação pode ser simbolizado por Qp: G é determinado pelo sinal e valor de lnQp, pois a uma dada temperaratura G° é uma constante característica da reação. Por exemplo, se a mistura tiver as pressões parciais dos reagentes muito altas, enquanto que a pressão parciais dos produtos é pequena, Qp terá um valor fracionário pequeno e lnQp será negativo e de valor absoluto grande. Isto tornará G mais negativo e aumentará a tendência à formação de produtos. No equilíbrio, G = 0 e nossa equação torna-se: O índice do argumento nesta equação indica que são pressões parciais de equilíbrio. Neste caso o quociente de pressões parciais poderia ser simbolizado pó Kp: Então Deve-se reforçar que G° é uma combinação dos potenciais químicos dos componentes puros (µ°) na mesma pressão (1 atm), que dependem apenas da temperatura. Portanto, G° é uma função apenas da temperatura, conseqüentemente Kp também é uma função da temperatura. A partir de uma medida da constante de equilíbrio da reação, pode-se calcular G° usando-se esta última equação. Príncípio de Le Chantelier: “Se as condições externas, sob as quais se estabelece um equilíbrio forem alteradas, o equilíbrio se deslocará de tal modo a minimizar o efeito desta mudança”. Em outras palavras, uma vez afastada a influência externa que desloca o sistema, este volta ao seu estado inicial de equilíbrio. A natureza e propriedades do estado de equilíbrio são as mesmas independentemente da direção em que o mesmo é alcançado (se a partir dos reagentes ou a partir dos produtos) Os fatores externos que afetam o equilíbrio de uma reaçãosão: pressão total, temperatura e concentração. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 28 Pressão Total: o aumento da pressão total desloca o equilíbrio no sentido de menor volume. Temperatura: o aumento de temperatura desloca o equilíbrio no sentido endotérmico e a diminuição de temperatura no sentido exotérmico. Concentração: o aumento da concentração de uma substância (por adição) desloca o equilíbrio no sentido que irá consumi-la; a retirada de uma substância desloca o equilíbrio no sentido de produzi-la. 2. OBJETIVOS Confirmar experimentalmente os aspectos qualitativos dos fatores que determinam e alteram o equilíbrio químico de uma reação. 3. REAGENTES E EQUIPAMENTOS PARTE I PARTE IIII Sistema produtos de gás; 2 béquers de 100 mL; Sistema de filtração; Álcool; CaCO3 sólido; Iodo (s); Solução saturada de Ca(OH)2; Sistema de aquecimento; H2SO4 20% V/V; 1 béquers de 100 mL; PARTE II PARTE IV Sistema produtor de gás; 2 Béquers de 100 mL; Cu (fios de cobre); K2Cr2O7 sólido; HNO3 concentrado; NaOH (aq), 1 molar; Banho de gelo; HCl (aq), 1 molar. Balão de fundo chato arrolhado de 250 mL; 4. PARTE EXPERIMENTAL PARTE I: EQUILÍBRIO DINÂMICO Figura 1: Sistema gerador de gases UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 29 a) Montes seu equipamento como ilustrado na figura 1; b) Adicione 50 mL de solução de H2SO4 20% V/V no frasco alimentador. c) Introduz uma pequena quantidade (ponta de espátula) de CaCO3(s) no reator. d) Ligue com uma mangueira o sistema ao béquer com a solução de Ca(OH)2. e) Inicie a reação adicionando vagarosamente o ácido e agitando gentilmente o sistema. Quando a solução saturada tiver reagido suficientemente com o CO2(g) e apresentar a formação do CaCO3(s) (super saturação), pare a produção de gás e filtre. . Questões: 1 – Escreva as reações que ocorrem no frasco reator e no béquer com solução saturada de Ca(OH)2. 2- Escreva a expressão da constante de equilíbrio da reação que ocorre no reator e explique porque essa reação tem a tendência de formar os produtos. PARTE II: EFEITO DA TEMPERATURA As reações exotérmicas sofrem deslocamento por efeito da temperatura. Confirme o princípio de Le Chantelier, usando a seguinte reação: 2NO2(g) N2O4(g) H < 0 a) Monte o sistema gerador de gás como ilustrado na figura 1, por baixo de uma capela ( ou num lugar bastante ventilado); adicione alguns pedacinhos de fio de cobre no reator e HNO3 concentrado no frasco alimentador. Ligue o sistema via mangueira (sem vazamento) ao balão coletor (de preferência o balão coletor deve ficar num nível inferior ao sistema); b) Inicie a reação adicionando rapidamente alguns mililitros do ácido; quando o balão coletor estiver com uma tonalidade marrom bem intensa, suspenda a produção e retire a mangueira e tampe hermeticamente o balão. Desmonte rapidamente o sistema gerador (evitando inalar os gases residuais) e lave-o com bastante água, ralo abaixo. Questões: 1 – Escreva a reação de produção de NO2(g) e N2O4(g) 2 – O deslocamento do equilíbrio no sentido de produzir NO2(g) é exotérmico ou endotérmico? Explique em termos de ligações químicas. Proponha as estruturas de Lewis para as duas espécies. PARTE III: EFEITO DA TEMPERATURA NA CONSTANTE DE EQUILÍBRIO Numa reação em que há somente um reagente de composição variável, a constante de equilíbrio depende de um único componente: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 30 I2(s) I2(aq) K = [I2] A constante de equilíbrio é atingida quando a solução fica saturada. Alterando a temperatura (ou a pressão em sistemas gasosos) altera-se a solubilidade (concentração) e conseqüentemente o equilíbrio é deslocado. Confirme esta conclusão. a) Prepare 80 mL de uma solução aproximadamente 50% V/V de álcool no béquer A. Acrescente alguns cristais de iodo. Agite a mistura de tal forma que a cor avermelhada espalhe em todo o volume do líquido, tornando a coloração cada vez mais acentuada. No equilíbrio se observa uma cor constante marrom avermelhada e cristais de iodo menores como corpo residual. b) Separe a solução de iodo em duas partes (A e B). A parte A (sem cristais) fica como referência. A parte B (que contém os cristais) pode ser aquecida até observar mudanças de coloração, neste caso coloração mais intensa, confirmando o efeito da temperatura nesse processo. Questões: 1- O que você pode concluir em relação ao equilíbrio químico, quando do resfriamento do sistema da Parte III. 2 - Qual é o fator predominante no deslocamento do equilíbrio da reação da Parte III. Explique em termos de entalpia e entropia. PARTE IV: EFEITO DA ADIÇÃO (OU SUBTRAÇÃO) DE UM COMPONENTE A reação: Cr2O7 -2 (aq) + H2O(l) 2CrO4 -2 (aq) + 2H + (aq) Representa o equilíbrio cromato e dicromato: alterando a concentração do ácido podemos deslocar este equilíbrio em ambas direções. a) Dissolva uma pequena quantidade de dicromato num béquer A o suficiente para dar coloração característica a solução. b) Transfira a metade para outro béquer B, de teste, ficando o A inicial como referência. Altere alternandamente a acidez do sistema de teste adicionando inicialmente algumas gotas de hidróxido de sódio, e depois gotas de solução de ácido clorídrico; observe as cores e registre os seus resultados. Questões: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 31 1 – Em relação a parte IV explique o efeito segundo o princípio de Le Chantelier da adição de base ao sistema.Escreva a equação indicando o sentido do deslocamento do equilíbrio. 5. TRATAMENTO DOS DADOS EXPERIMENTAIS Confirmação visual. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Cuevas, G. E. C. Caderno de Práticas: Físico-Química 2, Viçosa, 2006. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 32 Prática 07: Equilíbrio Químico: Aspectos Quantitativos 1- INTRODUÇÃO As constantes de equilíbrio de uma reação Kp e Kc podem ser definidas a partir da reação: aA(g) + bB(g) cC(g) + dD(g) e onde, PA, PB, PC e PD são as pressões parciais e [A], [B], [C] e [D] são as concentrações molares. As duas constantes de equilíbrio são adimensionais visto que tanto as pressões parciais quanto as concentrações na expressão acima são apenas valores numérico (isto é, através da substituição Pj, por Pj/P° e [ ]j, por [ ]j/[ ]°, onde P° = 1 atm e [ ]° = 1 mol/L). Deve-se lembrar que o valor das constantes de equilíbrio depende exclusivamente da temperatura segundo a expressão: As constante Kp e Kc também estão relacionadas pela expressão: Onde n representa os coeficientes estequiométricos da reação (positivos para produtos e negativos para reagentes). O Grau de dissociação (α) é definido como a fração de reagente que se decompõe; quando o número de mols inicial do reagente é n e o número de mols no equilíbrio é neq, então: A partir do conhecimento empírico de α, poderíamos indiretamente calcular a constante de equilíbrio Kp. Por exemplo, a reação de dissociação do tetróxido de nitrogênio: N2O4(g) 2 NO2(g) Mols iniciais 1 0 Mols no equilíbrio 1- α 2 α Fração Molar (1- α)/(1+ α) 2α/(1+ α) Pressão parcial [(1- α)/(1+ α)]P [2α/(1+ α)]P nt = 2α + 1 – α = α – 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 33 Kp = P 2 NO2 / PN2O4 = ([[2α/(1+ α)]P) 2 /([(1- α)/(1+ α)]P) = 4α 2 P/(1- α) Uma medida de α a qualquer pressão determina Kp. Quando utilizarmos análises espectrofotométricas para calcular as concentrações das espécies químicas presentes. Deve-se aplicar a Lei de Lambert-Beer que define a absorbância (A) da luz por uma substância. Esta absorbância é função da concentração molar da substância, do seu coeficiente de absorção molar (ε) e do percurso ótico da cubeta: Considerando ε e b constante numa determinada experiência poderíamos relacionar absorbância de duas soluções como: 2. OBJETIVOS Confirmar experimentalmente os aspectos quantitativos e calcular a constante de equilíbrio de uma reação. 3. REAGENTES E EQUIPAMENTOS Solução 0,002 M de tiocianato de potássio (KSCN); Solução 0,2 M de nitrato férrico (Fe 3+ ); 5 tubos de ensaio; 2 béquers de 100 mL; 4 Balões volumétricos 50 mL; Espectrofotômetro de bancada ; 4. PARTE EXPERIMENTAL CÁLCULO DE KC DA REAÇÃO Fe 3+ (aq) + SCN - (aq) FeSCN 2+ (aq) As concentrações das espécies químicas serão determinadas usando um espectrofotômetro de bancada; a) Numere os tubos de 1 a 5 e coloque 5 mL de solução 0,002 M de KSCN em cada um deles; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 34 b) Ao tubo 1 adicione 5 mL de solução 0,2 M de Fe 3+ e determine as novas concentrações neste tubo e registre na tabela 1. c) Dilua num balão volumétrico 1, 2,5 mL de solução de Fe 3+ para 50 mL e determine as novas concentrações. d) Adicione 5 mL de solução diluída anteriormente no tubo 2 e determine as novas concentrações e registre na tabela 1. e) Dilua num balão volumétrico 2, 25 mL da solução do balão 1 para 50 mL e determine as novas concentrações. f) Adicione 5 mL de solução diluída anteriormente no tubo 3 e determine as novas concentrações e registre na tabela 1. g) Repita a partir do item e para completar os tubos 4 e 5. h) Determine usando o espectrofotômetro, as absorbâncias ou transmitância dos tubos no comprimento de onda de máxima absorção do complexo e registre. Obs: Considere a concentração do tubo 1 conhecida, visto o excesso de Fe 3+ adicionado em relação ao SCN - . Tabela 1: Concentrações iniciais Tubo [sol. KSCN] [sol. Fe 3+ ] [Fe 3+ ] [SCN - ] Absorvância 1 2 3 4 5 5. TRATAMENTO DOS DADOS EXPERIMENTAIS Calcule as concentrações de FeSCN 2+ , usando a concentração de tubo 1 como referência e a Lei de Lambert-Beer. Com os dados anteriores determine as concentrações das espécies químicas no equilíbrio e calcule a constante de equilíbrio Kc, completando a tabela 03. Tubo [FeSCN 2+ ]eq [Fe 3+ ] [SCN - ]eq Ke 2 3 4 5 Calcule o valor médio de Kc e compare com o da literatura. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Cuevas, G. E. C. Caderno de Práticas: Físico-Química 2, Viçosa, 2006. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 35 Prática 08: Cinética Química – Velocidade Média de uma Reação, Influência da Concentração dos Reagentes e da Temperatura na Velocidade das Reações 1- INTRODUÇÃO A termodinâmica procura, através do levantamento de dados relacionados às condições nas quais um sistema se encontra (pressão, temperatura, etc.), dizer se um determinado fenômeno poderá ocorrer, ou não. Entretanto, não é função desse ramo das ciências afirmar se o fenômeno analisado ocorrerá em mais ou menos tempo. Nas reações químicas, a resposta relacionada com a velocidade com que certo fenômeno ocorre se deve à cinética química que, medindo-se o consumo dos reagentes ou a formação dos produtos no decorrer do tempo é capaz de informar se o fenômeno termodinamicamente possível levará mais ou menos tempo para se processar. Velocidade Média: A velocidade, , de uma reação química é definida como a variação do número de moléculas de qualquer reagente ou produto por unidade de tempo. Para sistemas de volume constante, como os que vamos considerar a velocidade de reação, pode ser expressa em função da variação das concentrações de reagentes ou produtos, por unidade de tempo. Consideramos uma reação onde ás variações das concentrações medidas em diversos instantes é as da tabela 1. A concentração do reagente varia (diminui) com o tempo de reação e essa variação permite definir quantitativamente a velocidade de reação durante certo intervalo de tempo. A velocidade média de reação durante um dado intervalo de tempo é dada por: Onde [R] representa a concentração do reagente R no instante ti e representa a variação das grandezas em estudo. Tabela 1: Dados Experimentais para uma reação química t (min) t (min) [R] (mol.L -1 ) [R] (mol.L -1 ) [R]/t (mol.L-1.min-1) 0,0 184,0 135,0 207,0 341,0 2,33 0,25 0,17 0,24 0,32 1,36 x 10 3 1,26 x 10 3 1,16 x 10 3 0,94 x 10 3 184,0 2,08 319,0 1,91 526,0 1,67 867,0 1,35 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 36 No exemplo referido na tabela 1 e para os primeiros 184 minutos de reação, a velocidade média será: O sinal menos (-) aparece na expressão da velocidade, porque se convencionou serem sempre positivas as velocidades de reação. Daí o sinal menos aparecer sempre que a reação é definida em relação aos reagentes que decrescem com o tempo de reação, mas não aparece quando é definida em relação a qualquer produto, cuja concentração aumenta com o tempo. Assim para um produto de reação a velocidade média será dada por: Fatores que influenciam nas velocidades das reaçõesConcentração dos Reagentes: A influência da concentração dos reagentes na velocidade das reações é bem ilustrada pela rapidez com que muitas combustões se dão na presença de oxigênio, por comparação com as suas velocidades na presença de ar. Um aumento de 5 vezes na concentração de O2 provoca um grande aumento nas velocidades de reação, que em alguns casos dá origem a grandes explosões. O efeito da concentração, dos diferentes componentes de uma mistura, nas velocidades de reação pode ser determinado experimentalmente pela medida das velocidades de reação em função da concentração de um dos componentes. Exemplifiquemos para a reação em fase gasosa, a 826 ° C. 2NO(g) + 2H2(g) N2(g) + 2H2O(g) As velocidades da reação variam com a concentração inicial dos reagentes, conforme ilustra a tabela 2. [NO]0 (mol.L -1 ) [H2]0 (mol.L -1 ) (mol.L -1 .s -1 ) 0,1 0,1 0,5 0,1 0,2 1,0 0,2 0,1 2,0 Os valores apresentados mostram que a velocidade inicial da reação duplica quando duplica a concentração de hidrogênio na mistura, logo a velocidade é proporcional a concentração de H2. Por outro lado quadruplica quando a concentração de NO duplica, o que revela ser a velocidade proporcional ao quadrado da concentração de NO. Por conseguinte, podemos escrever: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 37 Onde k é uma constante de proporcionalidade, designada por constante de velocidade de reação ou simplesmente constante de velocidade. Esta constante é independente das concentrações dos reagentes. Temperatura: A temperatura tem geralmente uma grande influência nas velocidades de reação. Apenas a temperatura pode alterar o valor da constante de velocidade das reações e, geralmente, sua elevação provoca o aumento da velocidade reacional. Fornecendo calor aos reagentes, a energia cinética deles aumentará e em menos tempo haverá a colisão dessas partículas ocasionando a formação dos produtos. Isso significa que, quanto maior a energia cinética dos reagentes, maior será a velocidade da reação. 2. OBJETIVOS Determinar, experimentalmente, a velocidade média de uma reação. Confirmar, experimentalmente, que um aumento na concentração dos reagentes aumenta a velocidade da reação entre eles. Confirmar, experimentalmente, o que ocorre com a velocidade de uma reação quando a temperatura é aumentada. 3. REAGENTES E EQUIPAMENTOS PARTE I PARTE II 3 buretas de 50,0 ou 25,0 mL. 2 buretas de 50,0 ou 25,0 mL. 3 béqueres de 100,0 mL. 2 béqueres de 100,0 mL. Solução aquosa de H2SO4 0,3 mol.L -1 . 8 tubos de ensaio. Solução aquosa de Na2S2O3 0,3 mol.L -1 . Caneta de retroprojetor. Caneta de retroprojetor. Solução aquosa de H2SO4 0,05 mol.L -1 . 8 tubos de ensaio. Solução aquosa de Na2S2O3 0,05 mol.L -1 . 4. PARTE EXPERIMENTAL PARTE 1 – INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DOS REAGENTES a) Rotular 3 buretas de 50,0 ou 25,0 mL com “H2O”, “H2SO4” e “Na2S2O3”. b) Rotular 3 béqueres de 100,0 mL com “H2O”, “H2SO4” e “Na2S2O3”. c) Numerar 4 tubos de ensaio com “01”, “02”, “03” e “04”. d) Carregar cada bureta corretamente com o respectivo líquido e deixar sob cada uma o UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 38 béquer igualmente rotulado. e) Colocar em 4 tubos de ensaio (não numerados) 4,0 mL da solução de H2SO4 0,3 mol.L -1 contida na bureta. f) Colocar, nos tubos de ensaio numerados, a solução de Na2S2O3 0,3 mol.L -1 contida na bureta, conforme volumes listados na tabela 3: Tabela 3: Volumes a serem acrescentados aos tubos numerados da primeira parte da prática g) Acrescentar o conteúdo de um dos tubos não numerados contendo 4,0 mL de H2SO4 0,3 mol.L -1 ao tubo numerado 01 e anote (na Tabela 3) o tempo, em segundo, que demorou em iniciar a turvação do sistema. h) Descartar o conteúdo do tubo 01 e lavá-lo imediatamente para evitar que o mesmo fique manchado. i) Repetir a mesma operação com os tubos 02, 03 e 04. OBS.: A equação que descreve a reação é dada por: PARTE 2 – INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA a) Coloque um béquer de 500,0 mL com água até a metade sobre a chapa de aquecimento (desligada). Dentro do mesmo, mergulhar parcialmente um termômetro de 0 – 100 o C. b) Rotular 3 buretas de 50,0 ou 25,0 mL com “H2O”, “H2SO4” e “Na2S2O3”. c) Rotular 3 béqueres de 100,0 mL com “H2O”, “H2SO4” e “Na2S2O3”. d) Carregar cada bureta com o respectivo líquido e deixar sob cada uma o béquer igualmente identificado. e) Rotular 4 tubos de ensaio com “01”, “02”, “03” e “04” e, em cada um deles, adicionar 4,0 mL de solução 0,05 mol.L -1 de H2SO4 contida na bureta. f) Rotular outros 4 tubos de ensaio com “01A", “02A", “03A" e “04A" e, em cada um deles adicionar 4,0 mL da solução 0,05 mol.L -1 de Na2S2O3 contida na bureta. g) Introduzir os tubos “01” e “01A" no béquer de 500,0 mL, aguardando uns 2 minutos para que haja equilíbrio térmico (anotar a temperatura medida pelo termômetro). h) Adicionar o conteúdo de um dos tubos de ensaio no outro, mantendo o que recebe o líquido UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 39 i) imerso no béquer, acionando o cronômetro e observando o aparecimento da turvação, momento em que o tempo deve ser anotado. J) Descartar o conteúdo do tubo de ensaio lavando-o imediatamente para que não fique manchado. L) Ligar a chapa de aquecimento até a temperatura ficar cerca de 10 o C superior à inicial, homogeneizando-a pelo sistema. m) Repetir o procedimento anterior com os tubos “02” e “02A". n) Repetir o procedimento com os tubos “03” e “03A" e “04” e “04A", sempre com um aumento de 10 o C do tubo anterior. o) Preencha adequadamente a Tabela 4. Tabela 4: Dados experimentais da segunda parte da prática 5. TRATAMENTO DOS DADOS EXPERIMENTAIS Calcular as velocidades médias da parte 1 e fazer um gráfico da velocidade média versus o tempo de reação. Calcular as velocidades médias da parte 2 e fazer um gráfico da velocidade média versus a temperatura. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Atkins, Peter. Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente, 3º Edição, 2006. [2] Costa F. R.. Práticas de Laboratório: Físico-Química, Montes Claros, 2008. [3] http://www.fisica.ueg.br/ademir/aulas/aula_ii01.pdf, acessado em 12/04/2010. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 40 Prática 09: Cinética Química – Determinação da Ordem da Reação entre os Íons Tiossulfato e os Íons Hidrogênio 1- INTRODUÇÃO A ordem de uma reação é a soma dos expoentes aos quais estão elevadas as concentrações, na equação de velocidade. A ordem em relação a uma espécie é o expoente da concentração dessa espécie na equação e, é chamada de ordem parcial. Assim, por exemplo, a reação cuja lei de velocidade é: é dita de primeira ordem em relação a X , de segunda ordem em relação a Y e de terceira ordem global. As ordens parciais de uma reação são parâmetros determinados experimentalmente e como tal, podem ter qualquer valor, não necessariamente inteiro e positivo. Exemplifiquemos com algumas leis cinéticas que os químicos obtiveram por estudos experimentais. Para a reação que ocorre entre os íons iodato e o iodo molecular, que foi investigada com isótopos radioativos (marcado com *) teremos: Para essa reação, a lei de velocidade é: onde as ordens parciais são todas fracionárias. A reação em solução aquosa I - + OCl - IO- + Cl - tem uma cinética com uma ordem parcial negativa (-1) em relaçãoao OH - : indicando que a velocidade de reação diminui com o aumento da concentração de íons OH-. Estas leis revelam ainda que a velocidade de uma reação pode depender da concentração de outras substâncias presentes em solução e que não são os reagentes. Quando as ordens parciais não são números inteiros, não é possível obter as ordens de reação através de um raciocínio tão simples como o apresentado para a reação: que apresenta a seguinte lei cinética: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 41 Dessa forma, quando as ordens parciais não são números inteiros, outros métodos têm de ser adotados. Para uma lei cinética genérica: podemos determinar as velocidades iniciais de reação para diversas concentrações de qualquer componente, por exemplo A, mantendo todas as outras concentrações constantes, assim teremos: onde k' é uma constante, produto da constante k e das constantes dos diferentes componentes, com exceção do componente A. Aplicando logaritmo à equação cinética teremos: o que mostra que um gráfico do logaritmo das diferentes velocidades iniciais, em função do logaritmo das correspondentes concentrações iniciais de A, é uma reta de inclinação igual à ordem da reação em relação ao composto A. De igual modo, se procederia em relação a todos os outros componentes para determinar as outras ordens parciais. Este método permite-nos determinar a ordem parcial da reação entre o tiossulfato de sódio e o ácido clorídrico. Aplicando a equação acima aos resultados da Tabela 5, pode-se estudar o logt -1 , que é proporcional ao logv0, em função do log [S2O3 -2 ]. A Figura 1 mostra, dentro dos erros experimentais, a relação linear entre logt -1 e log [S2O3 -2 ]. Figura 1: Variação de logt -1 em função de log [S2O3 -2 ] para a reação entre o Na2SO3 e HCl em solução aquosa. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 42 Para conhecermos a lei de velocidade, temos que determinar, também, a ordem parcial em relação à espécie H+ , o que pode ser conseguido através da medida das velocidades iniciais da reação para diferentes concentrações do ácido, mantendo-se constante [S2O3 -2 ] estudando-se, também, o logt -1 , que é proporcional ao logv0 em função do log [H + ], como mostra a Figura 2. Figura 2: Variação de logt -1 em função de log [H + ] mantendo-se constante a concentração de S2O3 -2 . Neste experimento simples, você irá determinar a ordem dos íons tiossulfato e hidrogênio para a reação: Este método é conhecido como o do isolamento combinado com o método das velocidades iniciais. Para cada espécie química reagente determina-se a ordem através da medida da velocidade inicial da reação mantendo-se a concentração das outras espécies praticamente constante, ou seja, em grande excesso. As equações necessárias para a determinação estão apresentadas abaixo: onde a é a ordem da reação em relação à substância A ; k é a constante de velocidade versus a concentração das outras espécies químicas; v0 é a velocidade inicial e [A]0 é a concentração inicial da espécie química A . onde vmédia é a velocidade média quando [produtos] = constante . UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 43 2. OBJETIVOS Determinar a ordem da reação entre os íons tiossulfato e os íons hidrogênio. 3. REAGENTES E EQUIPAMENTOS 4. PARTE EXPERIMENTAL PARTE 1: a) Rotular 5 béqueres de 50,0 mL de A a E. b) Adicionar os volumes de solução aquosa de tiossulfato de sódio e de água indicados na Tabela 1 e agitar bem as soluções com um bastão de vidro (para uma boa mistura adicione o maior volume ao menor volume). c) Em outros 5 béqueres de 50,0 mL adicionar 5,0 mL da solução de ácido clorídrico d) Em uma folha de papel branco contornar os fundos dos béqueres com uma caneta, fazendo um grande X no centro, deixando os béqueres com ácido clorídrico sobre os mesmos. e) Adicionar ao primeiro béquer com ácido clorídrico a solução do béquer A, iniciando imediatamente a contagem do tempo. f) Para a contagem do tempo quando não se puder mais observar o X, registrando o tempo na Tabela 1. g) Repetir o procedimento para os béquers B a E. Tabela 1: Reação do tiossulfato de sódio com ácido clorídrico. PARTE I PARTE II 10 Béquers de 50 mL 6 Béquers de 50 mL . Provetas de 10 e 50 mL Solução aquosa de Ácido Clorídrico 3,0 mol/L. Solução de Tiossulfato de sódio 0,15 mol/L. Solução aquosa de ácido clorídrico 1,8 mol/L Solução aquosa de Ácido Clorídrico 3,0 mol/L. Solução aquosa de ácido clorídrico 0,6 mol/L. Cronômetro UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 44 PARTE 2: Proceder como na PARTE 1, utilizando as quantidades de solução de tiossulfato e de ácido clorídrico, indicados na Tabela 2. Tabela 2: Reação do tiossulfato de sódio com o ácido clorídrico 5. TRATAMENTO DOS DADOS EXPERIMENTAIS - Determine graficamente as ordens dos íons tiossulfato e hidrogênio. - Escreva a lei de velocidade para a reação. - Compare os coeficientes estequiométricos com as ordens de reação e discuta as semelhanças ou diferenças. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Cuevas, G. E. C. Caderno de Práticas: Físico-Química 2, Viçosa, 2006. [2] Costa F. R.. Práticas de Laboratório: Físico-Química, Montes Claros, 2008. [3] http://www.fisica.ueg.br/ademir/aulas/aula_ii02.pdf, acessado em 12/04/2010. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 45 Prática 10: Cinética Química – Lei de Arrhenius 1- INTRODUÇÃO A constante de velocidade de uma reação química varia com a temperatura de acordo com a equação de Arrhenius: Pela representação gráfica dos valores de lnk em função de 1/T, pode-se calcular a energia de ativação e o fator de freqüência de uma reação. Nesta experiência, será estudada a velocidade de reação, em várias temperaturas, entre os íons persulfato e iodeto. A estequiometria da reação entre estes íons é a seguinte: Esta reação é de segunda ordem e a expressão de sua velocidade é: Se a concentração do íon iodeto for mantida constante, a reação é uma pseudo-reação de primeira ordem em relação aos íons persulfato, tendo-se: Representando por a, a concentração inicial dos íons persulfato, por x, a concentração que reagiu no intervalo de tempo t e por (a – x), a sua concentração no tempo t, a equação (4), quando integrada e rearranjada, resulta em: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 46 Para manter constante a concentração do íon iodeto, ele é regenerado pela reação entre o tiossulfato e o iodo resultante da oxidação do iodeto pelo persulfato. Como esta reação é muito mais rápida que a reação problema, o iodo não será liberado antes dos íons tiossulfato terem sido inteiramente consumidos. Decorrido o período quando todo o tiossulfato foi consumido, os primeiros traços de iodo, produzido na reação entre os íons persulfato e iodeto, formarão um complexo com o amido que tornará azul a solução. Nesta experiência, é comum a cor azul ser substituída por uma coloração marrom porque o iodo livre, que aumenta continuamente após o consumo do tiossulfato em presença de excesso de iodeto, fornece produzindo a coloração marrom observada na experiência. Calculam-se as constantes k e k’ para váriastemperaturas pela medida do tempo t necessário para que uma determinada quantidade de tiossulfato seja consumida pelo iodo liberado na reação entre os íons iodeto e persulfato existentes no início em proporções definidas. 2. OBJETIVOS Determinar a energia de ativação de uma reação química pelo efeito da variação da temperatura sobre a sua constante de velocidade. 3. REAGENTES E EQUIPAMENTOS Béquer Tubo de ensaio Agitador Bureta Cronômetro Solução aquosa de iodeto de potássio (KI) 0,5 mol/L Solução aquosa de persulfato de potássio (K2S2O8) 0,02 mol/L. Solução aquosa de tiossulfato de sódio (Na2S2O3) 0,01 mol/L. amido, preparada recentemente. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 47 4. PARTE EXPERIMENTAL a) Colocar em um tubo de ensaio 20 mL da solução de iodeto de potássio e 10 mL da solução de tiossulfato de sódio e, em um segundo tubo de ensaio 20 mL da solução de persulfato de potássio e algumas gotas da solução de amido. b) Colocar os dois tubos de ensaio em um béquer de 2 L contendo água fria entre 5 e 10ºC. Aguardar alguns minutos para que as soluções entrem em equilíbrio térmico com o banho. Anotar a temperatura: T = _______ c) Adicionar, rapidamente, a solução do primeiro tubo à solução do segundo, acionando simultaneamente o cronômetro. Agitar a mistura e anotar o tempo quando a solução se tornar azul (t = ________). d) Repetir o procedimento dos itens (1) a (3) nas temperaturas aproximadas de 15, 20, 25, 30 e 35 ºC. 5. TRATAMENTO DOS DADOS EXPERIMENTAIS A concentração inicial, a, dos íons persulfato na mistura, é calculada a partir da sua concentração na solução estoque da qual 20 mL foram diluídos para 50 mL, volume total da mistura reativa. A concentração, x, dos íons persulfato que reagiram no intervalo de tempo, t, é igual à do tiossulfato porque a quantidade dos íons persulfato é igual à quantidade dos íons tiossulfato. Conhecendo-se, portanto, a relação a/(a - x), constante para todas as amostras estudadas em temperaturas diferentes e o tempo consumido na decomposição desta fração de persulfato, calculam-se as constantes de velocidade k pela equação (5). Com os dados de lnk em função de 1/T, obtém-se uma reta que permite o cálculo da energia de ativação e do fator de freqüência da reação entre os íons persulfato e iodeto, estando este último em grande excesso. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Costa F. R.. Práticas de Laboratório: Físico-Química, Montes Claros, 2008. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 48 Prática 11: Isoterma de Adsorção 1- INTRODUÇÃO Quando um sólido finamente dividido é adicionado a um sistema gasoso, a um líquido ou a uma solução, interações físicas ou químicas surgirão entre a superfície do sólido e os componentes da outra fase, aprisionando partículas do gás, do líquido ou da solução no sólido, num fenômeno denominado Adsorção. Visualmente, a adsorção pode ser percebida ao se adicionar um pó a uma solução diluída de corante ou a um sistema gasoso a baixa pressão. No primeiro, a intensidade da cor do corante tende a diminuir e no segundo, a pressão abaixa ainda mais. Isso se deve às interações físicas ou químicas entre sítios existentes na superfície do sólido e sítios específicos das partículas da segunda fase. Neste caso há um aumento da concentração do soluto na interface. Existem dois tipos de adsorção sobre sólidos: adsorção física e adsorção química. Na adsorção física as moléculas fixam-se na superfície na superfície do adsorvente através das forças de Van der Walls. As moléculas encontram-se fracamente ligadas á superfície, e o calor de adsorção é baixo. Na adsorção química há uma reação entre as moléculas adsorvidas e as adsorventes, através das valências livres dessas moléculas, aumentando e muito o calor de adsorção, em relação ao processo físico. A intensidade do efeito de adsorção depende da temperatura, da natureza da substância adsorvida (o adsorbato) da natureza e do estado de agregação do adsorvente (o sólido finamente dividido) e da concentração do corante ou da pressão do gás. H. Freundlich estudou o fenômeno de adsorção quantitativamente a temperatura constante, deduzindo a seguinte relação matemática, também conhecida como isoterma de adsorção: Tomando-se o logaritmo da expressão (1) obtém-se a equação: x/m é a massa da substância adsorvida por unidade de massa do adsorvente, c é a concentração da solução no equilíbrio, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 49 Kads é a constante de equilíbrio de adsorção e n é uma constante característica relacionada com a intensidade da adsorção a uma dada temperatura. 2. OBJETIVOS Estudar a adsorção do ácido acético sobre carvão vegetal em função da concentração do ácido. 3. REAGENTES E EQUIPAMENTOS 12 erlenmeyers (06 com rolhas) de 250 mL 06 balões volumétricos de 100 mL béquer de 250 mL. Funil de vidro Buretas de 50 mL Pipeta de 10 mL, 25 mL e 50 mL Papel de filtro 200 mL de solução de ácido acético 1 mol/L 500 mL de hidróxido de sódio 1 mol/L Fenolftaleína Carvão ativado 4. PARTE EXPERIMENTAL 1- Padronize a solução de ácido acético (25 mL) com a de hidróxido de sódio usando a fenolftaleína como indicador (3 gotas); 2- Com a solução padronizada de ácido acético prepare em balão volumétrico de 100 mL, soluções com as seguintes concentrações molares: Balão/ 100 mL 1 2 3 4 5 6 Concentração 0,50 0,25 0,10 0,05 0,02 0,01 3- Pese o mais rapidamente possível 2 gramas de carvão ativado e cada erlenmeyer com rolha; 4- Transfira as soluções dos balões para os erlenmeyers arrolhados (06) e marque o tempo: 5- Agite esporadicamente os sistemas até completar 45 minutos; 6- Deixe o carvão ativado decantar e filtre rapidamente todas as amostras sobre béquers previamente rotulados (01 e 06); 7- Tome 10 mL da amostra 1 e titule com NaOH 1 mol/L, utilizando fenolftaleína como indicador; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS FÍSICO-QUÍMICA 50 8- Repetir para as amostras 02, 03, 04, 05 e 06 tomando alíquotas de 10, 25, 25 50 e 50 mL respectivamente. 5. TRATAMENTO DOS DADOS EXPERIMENTAIS A partir das concentrações nos balões e das titulações finais, calcule as massas iniciais e finais do ácido acético (HAc), completando a seguinte tabela. Amostra mHAc inicial/g mHAc final/g x/g m/g Log (x/m) Log[HAc] 1 2,0 2 2,0 3 2,0 4 2,0 5 2,0 6 2,0 Através do gráfico log(x/m) versus log[HAc], determine os coeficientes da função linear e escreva a equação da isoterma de adsorção, desta experiência. Faça um gráfico também da quantidade adsorvida de ácido acético por unidade de massa do adsorvente (x/m) contra a concentração de equilíbrio do ácido. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Cuevas, G. E. C. Caderno de Práticas: Físico-Química 2, Viçosa, 2006. [2] Costa F. R.. Práticas de Laboratório: Físico-Química, Montes Claros, 2008.
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