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Artigo científico - Metodologia de ensino da língua portuguesa para surdos

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FACULDADE DOM ALBERTO
METODOLOGIA DE ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA E INGLESA
ANDRESSA PEDROSO DOS SANTOS
METODOLOGIA DE ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS: NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
EUNÁPOLIS/BA 
2020
METODOLOGIA DE ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA SURDOS: NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de violação aos direitos autorais.
RESUMO - O presente artigo, tem como objetivo trazer a reflexão a respeito da metodologia de ensino da língua portuguesa para os alunos surdos nas escolas. De acordo a realidade encontrada nos dias atuais, e com base em pesquisas bibliográficas, pode-se observar que diversas escolas que possuem alunos surdos, não dão o suporte necessário que eles precisam. O aluno surdo, acaba fazendo papel de um observador do ambiente que, por sua vez, não tem muitas oportunidades de interagir com os demais colegas e professores da sala de aula. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) precisa ser a primeira língua que o surdo deve conhecer. A maioria das escolas não estão preparadas para alfabetizar esses alunos tendo em vista a língua de sinais e acabam tentando, de forma errônea, ensinar primeiro a Língua Portuguesa. Com isso, acabam atrapalhando o entendimento da criança surda, confundindo ainda mais a sua visão de mundo. Mas em um dado momento, faz-se necessário que a medida que forem crescendo, aprendam a Língua Portuguesa para adquirir a leitura e ter maiores possibilidades de comunicação com a sociedade. 
PALAVRAS-CHAVE: Surdo. Aluno. Língua de sinais. Língua Portuguesa. Aprendizagem. 
INTRODUÇÃO 
Antigamente os surdos eram considerados pessoas anormais, pois muitos não sabiam se expressar e se comunicar com as pessoas. Eram incompreendidos e rejeitados pela sociedade. 
De acordo Felipe (2007, p. 130): 
Até o fim do século XV, não haviam escolas especializadas para os surdos na Europa porque, na época, os surdos eram considerados incapazes de serem ensinados. Por isso as pessoas surdas foram excluídas da sociedade e muitos tiveram sua sobrevivência prejudicada. Existiam leis que proibiam os surdos de possuir ou herdar propriedades, casar-se, votar como os demais cidadãos.
Com o passar do tempo, os surdos começaram a buscar seus direitos e passaram a ser melhor vistos como cidadãos, contudo até hoje ainda sofrem preconceitos e exclusão. O caminho para a inclusão ainda está em luta. Principalmente nas escolas, pois é onde o surdo tem a oportunidade de ter sua base como cidadão em sociedade. 
No Brasil, temos a Libras que é a língua brasileira de sinais dos surdos. Essa é a forma oficial de comunicação com os surdos, porém tendo em vista a necessidade de interagir com os brasileiros na sua língua principal, faz-se necessário que os surdos também aprendam a Língua Portuguesa como segunda língua. 
Os alunos surdos precisam conseguir explicar suas ideias, seus sentimentos e pensamentos na sua primeira língua que é a Libras. Eles irão se expressar enquanto sujeito no mundo. A língua de sinais fornece uma identidade para ele.
Para se inserir no universo do Letramento, o surdo precisa ter bastante contato com a leitura. E entender a importância que isso tem para vida dele. Ele precisa saber que pode se comunicar também com a língua portuguesa, que não é uma obrigação, mas será muito válido na vida social dele, como por exemplo: Whatsapp, Instagram, Facebook, celular, placa de ônibus, cardápio de um restaurante...etc. Nem todo lugar que ele for, receberá o auxílio de um intérprete. Por isso, faz-se necessário conhecer o português para socializar com o mundo e tornar-se um ambiente natural. 
As crianças surdas não têm o mesmo conhecimento de mundo que as crianças ouvintes, pois sua visão é muito limitada. Sem uma língua, essa criança viverá apenas o hoje, não sabendo formular e explicar o passado. 
Quando houver uma criança surda na escola que ainda não é alfabetizada, a escola precisa dar início com a alfabetização. Mas não é tão simples como para as crianças ouvintes, algumas dúvidas precisam ser esclarecidas antes de começar o ensino. Por exemplo: A criança possui língua definida? (Tem conhecimento da língua de sinais ou portuguesa? Como ela se comunica? Os pais são surdos ou ouvintes? Conhece regras de convivência social? Sabe conviver com as pessoas na escola? Sabe que tem liberdade para dar opiniões e participar da aula? Como realizar a comunicação? Como o educador irá se comunicar com esse aluno? Tem a formação adequada para se comunicar com essa criança?
Ao longo deste artigo, compreenderemos algumas maneiras práticas que podem ser adquiridas para facilitar o ensino desses alunos. Identificaremos os métodos eficazes e importantes para o desenvolvimento dos surdos, e a parte que corresponde à sociedade como um todo. 
A metodologia utilizada foi a de revisão bibliográfica, baseada em artigos científicos, livros e teses de profissionais da área da língua de sinais e professores surdos. Nesses materiais, foram apontados dados de várias pesquisas de campo feitas com os surdos sobre fatos recorrentes no Brasil. A presente pesquisa bibliográfica, trará os resultados dessas pesquisas feitas pelos autores.
1 DESENVOLVIMENTO 
A história da educação dos surdos é marcada por muitos pontos negativos. Entre eles, existia uma concepção mitológica de que os surdos eram surdos por castigo dos deuses. E a ciência era a solução para todos os problemas, inclusive a cura da surdez, fazendo então inúmeras intervenções médicas para alcançar a devida “correção” (KUCHENBECKER, 2006).
Com o passar dos tempos, a sociedade foi evoluindo com suas ideias no âmbito sociocultural e tecnológico. Novas posturas foram tomadas, várias ideias foram sendo reconfiguradas e repensadas. As pessoas foram tendo outras visões e senso crítico a respeito da educação de surdos. 
Esse cenário Pós-moderno, trouxe à tona novas reflexões a respeito das verdades objetivas que antes tinham como únicas e absolutas. Passam a ter outro olhar sobre o sujeito deficiente, e então buscam entendê-lo como ser pensante e individuo da sociedade. Com isso, a nova narrativa dos surdos, passam a ser de cidadãos que possuem direitos e deveres; perdendo também a fama de que são incapazes e dependentes. 
O posicionamento dos surdos tem chamado atenção para sua causa, suas culturas, seu modo de vida, sua visão de mundo e a luta por uma pedagogia que dê valor aos seus saberes. Os surdos não querem um mundo à parte, eles querem ser inseridos no mundo onde vivem mantendo contato com o mundo ouvinte, através de negociações, trabalho, ambientes sociais e educativos... etc.
Acreditavam-se que para ser um cidadão, era necessário que as pessoas emitissem sons articulados através da fala oral, segundo Lulkin (2000). E essa era a principal imposição sob os surdos. Os gregos assemelhavam os surdos aos animais, pois não falavam e nem ouviam. Afirmando que o fato de não saber falar era o que diferenciava os humanos dos animais, “o que significaria uma mente desprovida de inteligência e de alma” (LULKIN, 2000, p.49).
Nos debates filosóficos dos séculos XVII ao XIX, a surdez aparece como um dos paradigmas da questão dos limites entre humanidade e animalidade. Os surdos colocaram em questão o caráter fonológico da linguagem e o fonocentrismo aristotélico que lhe é inerente. Antes que a ciência e a filosofia reconhecessem outra modalidade da linguagem que a oralidade, os surdos foram percebidos como seres desprovidose linguagem e como tais, associados a uma animalidade que rompia com a ordem do vivente. Contudo, a referência ao caráter bestial dos surdos não tem sido monolítica e o reconhecimento mais ou menos explícito do estatuto comunicacional dos sinais utilizados pelos surdos variou ao longo dos séculos (BENVENUTO, 2006, p.230).
“Para Aristóteles, a audição, dentre todos os sentidos, era o que mais contribuiria para a inteligência e o conhecimento, já que o som da fala servia como o veículo do pensamento” (Lane, 1989 apud Lulkin 2000, p. 49).
Após os surdos deixarem de ser considerados ineducáveis, obtiveram a oportunidade de se expressar, através das mãos, das expressões do rosto e do corpo, a intensidade no olhar e nos demais movimentos como um todo; definindo então sua língua. 
Modernidade: o culto à língua oral em detrimento ao uso da língua de sinais.
Surgiu então o império do oralismo, na qual os surdos começaram a ser ensinados a aprender a língua portuguesa oral. Esse método, obrigatório, não estava ajudando os surdos, mesmo tendo o apoio da medicina e da tecnologia, ainda assim pouquíssimos conseguiam falar e alguns apenas balbuciavam. 
Se as crianças surdas estão sendo alfabetizadas de acordo o modelo das crianças ouvintes o resultado não será o mesmo. De acordo, QUADROS (1999), “[...] o ensino da Língua Portuguesa para surdos sempre foi baseado no processo de alfabetização de crianças ouvintes e que, por essa razão, os resultados foram considerados um fracasso [...].
O modelo oral-auditivo não atende às necessidades educacionais da pessoa surda. Por isso é essencial que hajam professores capacitados para lidar com esses alunos. Os professores precisam ter a licenciatura plena em Pedagogia ou Letras/Libras para atuarem na educação básica de acordo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Decreto 5.626/2005. Segundo o capítulo III Art. 13, que fala sobre a formação do professor de libras e do instrutor de Libras, 
O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos de formação de professores para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental, de nível médio e superior, bem como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa. 
Mas essa realidade ainda não é totalmente possível, pois existe um déficit de professores capacitados. O capítulo IV da LDB concluir que, “o uso da Libras e da Língua Portuguesa para o acesso das pessoas surdas à educação deve “Ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos; ”. 
Pós-modernidade – Para além da língua oral, a possibilidade bilíngue.
Um novo olhar aparece, apresentando os surdos como uma comunidade linguística e cultural. Com isso, surge então o programa de educação bilíngue com professores surdos na sala de aula, a oficialização da língua de sinais, garantia dos direitos a educação dos surdos, entre outras possibilidades antropológicas, educativas e linguísticas a favor da comunidade surda. A língua de sinais tem então a mesma credibilidade que as outras línguas recebem. 
A política nacional de educação especial do Brasil afirma que:
O movimento mundial pela inclusão, como uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeou a defesa do direito de todos os alunos pertencerem a uma mesma escola, de estarem juntos aprendendo e participando sem nenhum tipo de discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis. (MEC/SEESP, 2007, p.3)
Através de pesquisas feitas pelo William Stokoe, considerado o “pai da lingüística da língua de sinais”, ele aponta uma abordagem do Bilinguismo, que significa o ensino da Língua de sinais como a primeira língua e o ensino da língua portuguesa na escrita como segunda língua. Essa proposta traz acesso aos estudantes surdos, às duas línguas no seu processo de escolarização. Ou seja, aqui no Brasil seria ofertado o ensino de duas línguas: Libras como primeira língua e língua portuguesa como segunda. 
Também temos a opção das escolas bilíngues que, é uma proposta que ainda está em debate. Propõe que os estudantes sejam matriculados em escolas que tenham as duas línguas. O ensino da língua de sinais como primeira língua e o português como segunda língua na modalidade escrita (suporte visual). 
Já existem algumas propostas em andamento pelo governo, e tudo indica que essa ideia logo se tornará realidade. Mas infelizmente ainda existem muitas dificuldades no Brasil, pois na concepção de muitos, os surdos estarem aprendendo através do contato com ouvintes na sala de aula já é o suficiente. 
Pedagogia Surda e o Ensino de Língua Portuguesa
Na educação dos surdos, temos a presença de duas línguas: A língua de sinais brasileira e a língua portuguesa. Ambas podem ser ensinadas para os surdos, mas antes é preciso esclarecer o processo de cada uma delas. 
Principal modelo de ensino - Ouvinte: 
· Língua Portuguesa – Língua majoritária. 
· Libras – Idioma oficial da comunidade surda. 
Para iniciar o processo da alfabetização, é imprescindível o professor conhecer seu aluno. Compreender se a criança possui língua definida, como ela se comunica. Saber o contexto em que ela vive, se os pais são surdos ou ouvintes. 
A criança precisa conhecer as regras de convivência social, aprender a conviver com as pessoas na escola, ter a oportunidade de dar opiniões e participar da aula. Esses são os principais questionamentos que o educador precisa ter para nortear seu trabalho. Dessa forma, procurará a melhor forma de realizar a comunicação com o surdo, e caso o aluno não tenha base na sua primeira língua, o professor será o mediador para ensinar essa criança. Por isso, é de extrema importância esse profissional estar capacitado para ajudar esse aluno. Do contrário, haverá frustações de ambas as partes. 
Para dar início a esse papel na vida do surdo, o professor deve fazer muito uso de imagens e classificadores (conjunto de expressões faciais e do corpo). A criança surda precisa desse apoio visual. Precisa entender o contexto visual. 
É interessante usar o contexto da sala de aula. Saber tudo que acontece na sala, entender as informações na parede, desenhos, histórias, conversas entre professor e demais alunos...etc
Outro método eficaz é trabalhar com unidades temáticas: animais, gêneros textuais, natureza... etc. Isso ajudará a criança a contextualizar diversas coisas dentro desses temas variados. Sempre utilizando imagens para ajudar na compreensão da mesma. 
Além da presença do intérprete na sala, a criança tem o suporte do profissional do AEE na sala de recursos. Dando continuidade no contra turno, ampliando o ensino com base no que ela tem aprendido na sala de aula com o professor. A sala de recursos precisa ter um professor de língua portuguesa como segunda língua e um instrutor de Libras surdo para aumentar o vocabulário dessa criança. 
Perlin (2006) fala um pouco sobre a pedagogia surda, e nos traz a reflexão de um cenário possível para essa pedagogia. 
Esse conceito exprime acontecimentos não essenciais e relativos a situações vividas, politizadas pelos grupos sociais, como no nosso caso em que a pedagogia dos surdos se impõe para o resgate, a necessidade em vistas à subjetividade do sujeito surdo e à consistência do povo, uma necessidade estratégica a um “devir outro”. Uma pedagogia que vise um ato inaugural do surdo, o outro, surdo no seu ser surdo, que mantenha na diferença. (PERLIN, 2006, p.2).
A pedagogia surda luta pela igualdade de oportunidades, direitos e deveres para os surdos. É uma busca constante pela sua aceitação cultural e social na comunidade. A relação professor-aluno (surdo) é algo muito importante na sala de aula, precisa ser direta e precisa. Mas numa sala onde geralmente a maioria são alunos ouvintes, o relacionamento com o aluno surdo se distancia,criando então uma barreira limitada de comunicação, mesmo tendo a presença do intérprete. 
Existem algumas metodologias que geralmente são praticadas para ensinar esses alunos. Temos:
· L1 para ouvintes – Ensino de língua portuguesa. Ensinam o surdo da mesma forma que ensinam o português para o ouvinte.
· L1 para ouvintes com uso de datilologia – O ensino da L1 com o uso da datilologia para ensinar os surdos. 
· L2 para surdos – O ensino do português da modalidade escrita para as crianças surdas. 
O uso concomitante de datilologia em atividades de Língua Portuguesa consiste no ensino de duas línguas simultaneamente (DI DONATO, 2009). E isso não é uma formação que deve acontecer. São ensinos separados. É necessário separar o uso dessas duas línguas. Se a criança não conhece a língua portuguesa ela não conseguirá usar a datilologia. A criança ainda não está pronta para desenvolver as duas línguas. 
Quadros (2005, p.31) fala claramente sobre a “quase-aceitação” da libras como língua de status.
A língua de sinais brasileira parece estar sendo admitida, mas o português mantém-se como língua mais importante dos espaços escolares. Inclusive, percebe-se que o uso “instrumental” da língua de sinais sustenta as políticas públicas de educação de surdos em nome da “inclusão”. As evidências das pesquisas em relação ao status das línguas de sinais incomodam as propostas, mas não chegam a ser devidamente consideradas quando da sua elaboração. A língua de sinais, ao ser introduzida dentro dos espaços escolares, passa a ser coadjuvante no processo, enquanto o português mantém-se com papel principal. As implicações disso no processo de ensinar-aprender caracterizam práticas de exclusão. (QUADROS, 2005, p.31).
Sabemos que a escrita não depende da fala, mas o fato de ouvir, ler, escrever e verbalizar influencia bastante nesse desenvolvimento. Se uma pessoa não consegue ouvir, logo ela precisará de uma abordagem diferente para aprender a língua oral. Por isso existe a língua de sinais para construção da comunicação dos surdos. 
A aquisição do português como segunda língua 
As fases da alfabetização das crianças surdas apresentam estágios parecidos com os das crianças ouvintes. Ela precisará de estímulos desde cedo, de preferência que essa aquisição de conversação seja diariamente com os pais. Mas infelizmente nem todos os pais estão preparados para ensiná-los, por isso as creches e escolas se tornam esse local importante para adquirir a primeira língua para os surdos. 
Esse momento é imprescindível que seja algo atrativo para essa criança. Pois ao seu redor haverá muitas informações, e ela precisa entender aquilo que a cerca. Deve haver motivação e empatia com esses alunos, para despertar neles o desejo de aprender. E entender a importância de estar por dentro das informações da sociedade. Temos então a fase do input que é o contato que a criança tem com a língua (tudo que ele vê) e o output que é quando ela colocar em prática aquilo que aprendeu (tudo que ela escreve ou sinaliza).
Shirley Vilhalva, é professora surda, em um dos seus artigos (2004) afirmou que,
Não é suficiente conhecer a Língua Brasileira de Sinais para poder atuar eficazmente na escola com o aluno Surdo. É também necessário conhecer a Cultura Surda através da participação e vivência na comunidade Surda, aceitação da diferença e paciência para inteirar–se nela (VILHALVA, disponível em http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=977, acessado em 25/03/2008)
Quando o surdo estiver motivado, se sentirá mais seguro e confiante para se inserir e entender outra língua. O papel do professor bilíngue irá facilitar isso. Deve-se fazê-lo entender as diferenças do português e Libras. Saber que elas são diferentes e importantes para a vida. Para um surdo aprender a língua portuguesa, primeiro ele deverá aprender a sua língua natural
2 CONCLUSÃO
No Brasil, é nítido a falta de capacitação dos profissionais que trabalham com os surdos. Embora as condições dos educadores não sejam favoráveis, faz-se necessário se conscientizar para colocar em prática o conceito de inclusão. Os alunos precisam se sentir aceito, cada um com suas diferenças. A realidade é que muitos passam de séries sem entender os conteúdos importantes para a vida na sociedade. 
É de extrema urgência, que os professores busquem se capacitar na língua de sinais, compreender essa cultura e universo dos surdos. Melhor ainda seria que a escola, como um todo, aprendesse Libras para se comunicarem com esses alunos. Dessa forma estariam mais capacitados para o trabalho e para a inclusão escolar. 
Westphal (1995) apud Quadros (1997, p.87) apresenta duas questões pedagógicas relacionadas ao ensino de língua para surdos.
(a) se desconhecemos qual é a ordem natural de aquisição, como fazemos para determinar quais as estruturas linguísticas que devem aparecer no input de que necessitam os estudantes na sala de aula?; (b) se desconhecemos exatamente em que nível linguístico os alunos estão (e na sala de aula encontramos diferentes níveis), como fazemos para cobrir eficientemente as estruturas linguísticas que devem aparecer no input?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9.394/96, no artigo 59, legaliza o sistema de ensino desses alunos englobando currículo, recursos, métodos e a organização especifica para atender as necessidades previstas. Entretanto, pouquíssimas instituições pegam essa responsabilidade, transferindo então para a educação especial. 
Para que haja um melhor ensino da língua portuguesa para os surdos, deve-se levar em conta a formação dos profissionais para educação dos surdos e colocar em prática algumas estratégias, enquanto não existem educadores bilíngues suficientes para atender todas as instituições:
a) Turmas em língua de sinais 
b) A presença da disciplina de língua portuguesa como segunda língua para os surdos
c) A presença da disciplina de língua de sinais como primeira língua para os surdos, e a língua portuguesa como segunda língua para os ouvintes. 
d) Investir em capacitações sobre a língua de sinais para os professores 
Esses são apenas alguns passos que precisam ser melhorados com urgência nas instituições da comunidade.
3 REFERÊNCIAS 
BOTELHO, Paula. Linguagem e letramento na educação de surdos: Ideologias e práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994.
BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. UNESCO, Jomtiem/Tailândia, 1990.
BRASIL, Decreto nº 5.626, de 24 de Abril de 2005. Regulamenta e Lei nº 10.436, de 24 de Abril de 2002 e o art. 18 da Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Documento subsidiário à política de inclusão. Brasília: SEESP, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Ensino de língua portuguesa para surdos: caminhos para a prática pedagógica. Brasília: MEC/SEESP, 2004. Volumes 1 e 2.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994.
BROCHADO, M.S.D. A apropriação da escrita por crianças surdas usuárias da língua de sinais brasileira. Tese de doutorado. São Paulo: UNESP, 2003. mímeo.
BUSS, Márcia Maiza Leite. Educação de surdos: ensino dentro do contexto bilíngue. São José: 2007. Monografia – Pós-graduação no Curso de Especialização em Educação de Surdos: aspectos políticos, culturais e pedagógicos – Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina.
COUTO, A. O deficiente auditivo de 0 a 6 anos. RJ: Skórpios, s/d.
FERNANDES, Eulália (org.); 
QUADROS, Ronice Muller de... [et al]. Surdez e bilinguismo – Porto Alegre: Mediação, 2005. 
GRANNIER, Daniele Marcelle; SILVA, Regina M. F. F. da. Um projeto de material didático flexível para o ensino de português a surdos. Anais do XIII Congresso de Humanidades (cd-rom): UnB, 2005.QUADROS, Ronice Muller de. SCHMIEDT, Magali L. P. Ideias para ensinar português para alunos surdos. Brasília. MEC, SEESP, 2006. 120 p.

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