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Amebíase: A Ameba que Come Cérebros

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AMEBÍASE 
Amebas de vida livre 
1. Definição: 
 
Amebas capazes de viver no meio ambiente, sem necessidade de 
um hospedeiro (vida livre), mas que podem também viver como 
parasitos em determinados situações 
2. Biologia 
São encontradas em rios, lagos, solo, piscinas, água mineral, 
unidades de ar condicionado, material de diálise, lentes de contatos, 
secreções nasais e exsudatos de pacientes com enfermidades 
respiratórias 
Sabe-se hoje que algumas espécies de amebas de vida livre podem comportar-
se como parasitas facultativos de seres humanos e de animais domésticos. Elas 
podem invadir o sistema nervoso central e outros órgãos, causando morte ou 
incapacidade permanente. 
3. Principais espécies 
Naegleria fowleri 
Acanthamoeba cullbertsoni, A. castelanii, A. polyphaga, 
A. royreba, A. astronyxis, A. hatchetti, A. rhysodes e A. 
palestinensis 
Balamuthia mandrilaris, Valkampfia sp. e Hartmanella sp. 
Amebas de vida livre 
Para muitos autores essas amebas se encontram em transição para a vida 
parasitária. Elas participam da reciclagem ambiental da água e do solo utilizando 
bactérias, vírus e alguns eucariotos como substrato alimentar 
Morfologia 
A. castellanni A. astronyxis 
Acanthamoeba spp. 
TROFOZOÍTAS 
CISTOS 
Morfologia 
Naegleria fowleri 
Naegleria fowleri: A Forma amebóide; B Forma flagelada; C Forma cística 
A) Meningoencefalite amebiana primária 
B) Encefalite granulomatosa amebiana 
C) Ceratite 
Meningoencefalite amebiana primária 
•Agente etiológico: Naegleria fowleri 
•Freqüente em crianças e adultos jovens 
•Antecedente freqüentemente citado: banho em piscinas ou lagos 
•Período de incubação: 1 a 15 dias 
•Curso rápido e fatal: 7 dias após sintomas iniciais 
•Manifestações clínicas: febre, cefaléia intensa, náuseas, vômitos, 
irritação de meninges 
•Evolução: confusão, irritação, episódios convulsivos, déficits 
neurológicos focais e coma 
•Via de penetração: mucosa nasal nervos olfatórios cérebro 
Manifestações clínicas 
Na Argentina, este ano, um menino de oito anos contraiu a ameba e perdeu a vida depois 
de ter nadado em uma lagoa. Também no início deste ano, uma menina de dez anos 
sobreviveu à infecção do parasita após contraí-la em uma piscina municipal da Espanha - 
neste caso, uma rara ocasião em que a vítima resiste, já que 97% dos casos de 
meningoencefalite amebiana primária são letais. 
Afinal, do que se trata este mal de nome complicado? De acordo com os Centros de 
Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a ameba Naegleria fowleri é 
um protozoário que vive em ambientes úmidos, como solos mais encharcados e fontes de 
água fresca, doce e morna – como rios e lagoas. Em casos de menor incidência, esses 
microrganismos podem ser encontrados também em piscinas com tratamento de cloro 
inadequado ou na água de torneira aquecida. 
Segundo o CDC, a presença dessa ameba em ambientes aquáticos doces é comum, mas 
as infecções são raras – não há ainda métodos e métricas satisfatórias para quantificar a 
incidência da meningoencefalite amebiana primária no material líquido e a ligação disso 
com a contaminação em humanos. 
Quando ocorre, a infecção se dá com a entrada da água contaminada no corpo pelo nariz. 
É desta forma que o parasita chega ao cérebro e ataca o tecido cerebral. Daí o nome pelo 
qual esse organismo é conhecido: "a ameba que come cérebros". A alimentação basal 
delas, porém, conta com bactérias encontradas nos sedimentos de regiões alagadas. 
 
 
https://www.bbc.co.uk/portuguese/topics/c4794229-7f87-43ce-ac0a-6cfcd6d3cef2
Meningoencefalite amebiana primária ocorre quando a água 
contaminada entra pelo nariz e chega ao cérebro 
Temperaturas quentes favorecem o desenvolvimento do microrganismo: por isso, a maioria dos 
casos ocorre no verão. 
Os sintomas iniciais se parecem com os de uma meningite bacteriana, como dor de cabeça, febre 
e náusea; com a piora, podem surgir torcicolo, perda de equilíbrio e convulsões. 
Segundo o CDC, estão descartadas infecções por meio da ingestão pela boca de água 
contaminada ou do contato entre pessoas. 
Existe tratamento? 
Felizmente, trata-se de uma infecção rara. 
De acordo com o CDC, apenas 143 pessoas contraíram essa infecção nos Estados Unidos entre 
1962 e 2017. No entanto, somente quatro sobreviveram. 
"Houve 34 registros de infecções nos Estados Unidos nos 10 anos entre 2008 e 2017, apesar das 
milhões de exposições à água em atividades recreacionais a cada ano. Como comparação, nos 
10 anos entre 2001 e 2010, houve mais de 34 mil mortes por afogamento no país", diz o site do 
órgão. 
No Brasil, estudos da década de 80 indicaram registros de cinco casos da infecção no país. Mas, 
segundo o parasitologista Danilo Ciccone Miguel, os dados disponíveis não permitem afirmar com 
convicção que eles foram decorrentes da Naegleria fowleri. Apenas um destes casos foi 
submetido a uma análise mais precisa. 
"O caso descrito e confirmado por métodos imunológicos para detectar a presença da ameba em 
cortes de cérebro foi de um paciente no Rio de Janeiro e realizado post-mortem. Não há artigo 
para este relato, apenas uma descrição do caso foi publicada em uma conferência no Colorado, 
Estados Unidos, em 1983", escreveu à BBC News Brasil por e-mail Miguel, professor e 
pesquisador do Instituto de Biologia da Unicamp. "A demora no diagnóstico aliada à rápida 
evolução da doença tornam a confirmação da etiologia (o estudo das causas) bastante 
complicada. Logo, acredita-se na subnotificação de casos não só no Brasil, como no mundo 
todo". 
Encefalite granulomatosa amebiana 
•Agentes etiológicos: Acanthamoeba spp. e Balamuthia mandrillaris 
•Curso clínico prolongado, porém igualmente fatal 
•Manifestações clínicas: 
•Lesões de ocupação dos espaços intracerebrais, convulsões, déficits 
focais (ex.: lesões de pares cranianos, em especial do terceiro ao 
sexto, e hemiparesias) 
•Alterações sensoriais, cefaléia e rigidez de nuca 
•Febre esporádica e de baixo grau 
•Pneumonia 
• Insuficiência renal ou hepática 
Manifestações clínicas 
Ceratite 
•Agente etiológico: Acanthamoeba spp. 
•Definição: inflamação crônica da córnea 
•Fatores predisponentes: 
•Lentes de contato 
•Traumas oculares 
•Exposição a águas contaminadas 
•Manifestações clínicas (similares a outras ceratites): 
•Dor ocular, sensação de corpo estranho, congestão de 
conjuntiva, diminuição da acuidade visual 
Manifestações clínicas 
Meningoencefalite amebiana primária 
•Presença de trofozoítas de amebas no LCR 
Encefalite granulomatosa amebiana 
•Não se detecta presença de trofozoítas de amebas no LCR 
•Biópsia de tecido cerebral ou pele pode demonstrar trofozoítas ou 
cistos de amebas 
Ceratite 
•Trofozoítas e cistos podem ser detectados em raspados ou 
biópsias de lesões da córnea 
•Cultivo pode ser realizado a partir do material coletado 
Diagnóstico 
Úlcera por Acanthamoeba 
Diagnóstico 
Lesão cerebral por Acanthamoeba 
Diagnóstico 
Lesões por Naegleria fowleri 
Ceratite por Acanthamoeba 
Diagnóstico 
CLASSIFICAÇÃO 
Comitê de Sistemática da Sociedade Internacional de 
Protozoologia 
Sub-reino Protozoa 
 Philum Sarcomastigophora 
 Subphilum Sarcodina 
 Superclasse Rizhopoda 
 Classe Lobozia 
 Ordem Aemoebida 
 Família Entamoebidae 
 Entamoeba spp. 
 Iodamoeba spp. 
 Endolimax spp. 
Introdução 
Gênero Entamoeba 
Entamoeba com cistos contendo até 8 núcleos: E. coli 
Entamoeba de cistos com até 4 núcleos: E. histolytica 
 E. dispar 
 E. hartmanni 
Introdução 
Diferenciação morfológica das amebas 
(trofozoítas) 
Diferenciação morfológica das amebas (Cistos) 
Habitat: 
Luz do intestino grosso (trofozoítas não invasivos) 
Mucosa intestinal, fígado, pulmão, rim e cérebro (trofozoítas invasivos) 
 
• trofozoítas não invasivos(comensais): alimentam-se de 
bactérias 
• trofozoítas invasivos (patogênicos): alimentam-se de 
células e debris celulares (podem ser visualizadas 
hemácias no seu citoplasma) 
Biologia do parasita 
Introdução 
Entamoeba histolytica 
Agente etiológico da amebíase 
Grande número de casos assintomáticos 
100.000 óbitos/ano 
Início do século 
12% da população mundial 
portavam o parasita 
Apenas 10% da população apresentavam sintomas 
Introdução 
Apesar de E. dispar ser 
validada 
Amebíase continua sendo definida 
como a infecção sintomática 
causada por E. histolytica 
Entamoeba histolytica 
1925 - Brumpt 
Entamoeba dispar – casos assintomáticos 
Entamoeba dispar – colite não disentérica 
A morfologia dos cistos de Entamoeba dispar e Entamoeba histolytica é muito 
parecida, a diferenciação é possível por meio de técnicas de biologia molelular 
Espécies de 
Entamoeba 
E. coli Homem 8 núcelos 
E. muris Roedor 
E. gallinarum Aves domésticas 
E. histolytica Homem 4 núcleos 
E. dispar Homem 
E. hartmani Homem 
E. ranarum Sapos e rãs 
E. invadens Répteis 
E.moshkovskii Vida livre 
E. polecki Porco, macaco, homem 1 núcleo 
E. suis Porco 
E. gengivalis Homem e macaco sem núcleo 
 conhecido 
Hospedeiros Cistos 
AMEBAS PARASITAS DO HOMEM 
Entamoeba coli (Grassi, 1879) 
E. histolytica (Shaudin, 1903) 
E. dispar (Brumpt, 1925) 
E. hartmani (Van Prowazik, 1912) 
E. gengivalis (Gron, 1849) 
Endolimax nana (Wenyon & O’Cconnion, 1917) 
Iodamoeba butschlii (Van Prowazik, 1912) 
Dientamoeba fragilis (Jepps & Dobell, 1918) 
Introdução 
1 cavidade oral 
7 intestinais 
 
1 patogênica 
Entamoeba coli (Grassi, 1879) 
Entamoeba histolytica (Shaudin, 1903) 
E. hartmani (Van Prowazik, 1912) 
Endolimax nana (Wenyon & O’Cconnion, 1917) 
Iodamoeba butschlii (Van Prowazik, 1912) 
TROFOZOÍTA 
• Tamanho: 20 a 40 mm 
• 60 mm  lesões tissulares 
• 20 a 30 mm  disenteria 
• 1 núcleo 
• Ausência de: 
• Mitocôndria 
• Aparelho de Golgi 
• Retículo endoplasmático 
• Centríolos 
• Microtúbulos 
Entamoeba histolytica 
Entamoeba histolytica 
Trofozoíta 
 A fresco 
 Pleomórficos 
 Ativos 
 Alongados 
 Com emissão de pseudópodes 
 Citoplasma: 
 Ectoplasma – claro e hialino 
 Endoplasma – granuloso, com vacúolos, núcleos e restos de alimentos 
 
Aspecto de roda de carroça 
Entamoeba histolytica 
Trofozoíta 
 Fixado e corado 
 Ecto e endoplasma 
 Núcleo bem visível e destacado, geralmente esférico 
 Membrana nuclear bastante delgada 
 Cromatina justaposta, formada por pequenos grânulos, 
 uniformes no tamanho e distribuição 
 Parte central do núcleo, endossoma ou cariossoma, com 
 constituição semelhante a cromatina periférica 
 
Trofozoíta 
(minuta/não invasivo) 
Trofozoíta 
(magna/invasivo) 
CISTO 
• Formato: esféricos ou ovais 
• Tamanho: 8 a 20 mm 
A fresco 
• corpúsculos hialinos, claros ou de coloração palha, com 
paredes refringentes 
• núcleo pouco visíveis 
Fixados e corados 
• núcleos bem visíveis 
• corpos cromatóides em forma de bastonetes ou charutos, 
com pontas arredondadas, em número de 1 a 4 
• presença de vacúolos de glicogênio 
Entamoeba histolytica 
Entamoeba histolytica 
Entamoeba histolytica 
Entamoeba histolytica 
HABITAT 
• Vive na luz do intestino grosso 
• Pode penetrar na mucosa 
• ulcerações intestinais 
• outros órgãos 
Fígado 
Pulmão 
Rim 
Cérebro (raro) 
TRANSMISSÃO 
Entamoeba histolytica 
Ingestão de cistos maduros com os alimentos, sólidos ou 
líquidos 
Uso de água sem tratamento, contaminada por dejetos 
humanos 
Ingestão de alimentos contaminados 
Falta de higiene – disseminação da doença entre os 
membros da família 
• Grande variabilidade no potencial patogênico 
 
 
• Início da invasão quebra do equilíbrio H-P 
 
• Fatores ligados ao hospedeiro 
• localização geográfica 
• raça 
• sexo 
• idade 
• resposta imune 
relacionado aos fatores de virulência do 
parasito 
Entamoeba histolytica 
Patogenia e Patologia 
Entamoeba histolytica 
Patogenia e Patologia 
•Fatores ligados ao meio: 
 Flora bacteriana associada 
 Passagens sucessivas em diversos hospedeiros 
 Reinfecções sucessivas 
•Período de incubação : 
 7 dias a 4 meses 
 Difícil de ser determinado 
Fígado 
Pele 
Região perineal 
Pulmão 
Cérebro 
Entamoeba histolytica 
Patogenia e Patologia 
Forte adesão entre a 
ameba e a célula 
epitelial 
Efeito letal sobre 
a célula epitelial Movimentação 
amebóide e liberação 
de enzimas 
proteolíticas 
Progressão e destruição 
dos tecidos 
Submucosa: progressão 
em todos os sentidos 
Amebomas 
Vasos 
Ulcerações “botão de camisa” 
CLASSIFICAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS (OMS, 1969) 
Entamoeba histolytica 
Formas assintomáticas 
 
Formas sintomáticas 
Amebíase intestinal 
Disentérica 
Colites não desintéricas 
Amebomas 
Apendicite amebiano 
Amebíase extra-intestinal 
Hepática 
Cutânea 
Pulmonar 
Cerebral 
Esplênica 
Renal 
Localizações de E. histolytica 
 
Localização primária 
1. Intestino 
 
Localizaçõe secundárias 
2. Úlcera perineal 
3. Abcesso esplênico (hematogênico) 
4. Abcesso pulmonar (hematogênico) 
5. Abcesso cerebral (hematogênico) 
6. Abcesso pulmonar (contigüidade) 
7. Abcesso hepático (hematogênico) 
8. Úlcera cutânea (contigüidade) 
9. Abcesso hepático (contigüidade) 
 
• CLÍNICO 
 
• Difícil 
• Superposição de sintomas com outras doenças 
• LABORATORIAL 
Parasitológico 
 
• Pesquisa de cistos e trofozoítas nas fezes 
• Exame a fresco 
• Coleta de material 
• Evitar contaminação e contato com o solo 
• Conservantes 
• Fezes diarréicas  Schaudinn, SAF, álcool polivinílico 
• Fezes formadas  formol 10%, MIF e SAF 
Entamoeba histolytica 
DIAGNÓSTICO 
• LABORATORIAL 
 
• Métodos 
• Exame direto com lugol 
• Faust  flutuação em sulfato de zinco a 33% 
• MIF e Formol-éter  centrifugação em éter 
• Lutz, Hoffman e Pons & Janer  sedimentação 
espontânea em água 
 
• Coloração 
• Lugol 
• Hematoxilina férrica 
• Tricrômio 
Entamoeba histolytica 
DIAGNÓSTICO 
Entamoeba histolytica 
EPIDEMIOLOGIA 
480 milhões de infectados no mundo 
10% com formas invasivas 
100.000 óbitos/ano 
Incidência variável em cada país 
Maior prevalência nas regiões tropical e subtropical 
Entamoeba histolytica 
EPIDEMIOLOGIA 
Brasil 
Prevalências 
Região Sul e Sudeste – 2,5 a 11% 
Região Amazônica – até 19% 
Demais regiões – 10% 
Incidência da doença 
Condições sanitárias 
Condições sócio-econômicas 
Entamoeba histolytica 
EPIDEMIOLOGIA 
Brasil 
Sintomatologia 
Predomínio 
Região Amazônica 
Formas não disentéricas 
Casos assintomáticos 
Formas disentéricas 
Abcessos hepáticos 
ASPECTOS COMUNS NA EPIDEMIOLOGIA DA AMEBÍASE 
Entamoeba histolytica 
Transmissão oral através da ingestão de cistos nos alimentos e água 
E. histolytica – é endêmica, não causa epidemias 
É mais frequente em adultos 
Algumas profissões são mais atingidas 
Papel dos portadores assintomáticos na manutenção da doença 
Grande resistência dos cistos no ambiente 
Entamoeba histolytica 
PROFILAXIA 
Medidas específicas 
Educação sanitária 
Construção de fossas sépticas 
Lavar as mãos 
Proteção e cuidados com os alimentos 
Tratamento da população – portadores assintomáticos 
Associação com medidas contra as 
baixas condições sanitárias e 
econômicas da população

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