Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Caderno de parasitologia I Aula 26.1 - Introdução a parasitologia Objetivos Entender a importância, de forma global, da parasitologia humana na área médica, sua relação com o subdesenvolvimento e definir conceitos básicos. Importância da parasitologia humana na área médica · Doenças com elevados índices de morbidades; · Doenças negligenciadas; · Brasil = fracos padrões educacionais, nutricionais e de condições sanitárias. · Globalização = fácil deslocamento de pessoas pelo mundo. Objetivos do estudante/ médico · Reconhecer; · Diagnosticar clinicamente; · Solicitar exames adequados; · Tratar adequadamente; · Solicitar controle de cura; · Orientar. Conceitos básicos em parasitologia Parasita Ser que obtêm alimento e abrigo à custa de seu hospedeiro. · Palavra de origem grega: PARA = ao lado; SITO = alimento. Hospedeiro Ser vivo onde o parasita habita.. Hospedeiro intermediário: abriga o parasita ainda no momento de seu desenvolvimento. Hospedeiro definitivo: abriga o parasita desenvolvido, maduro. Reflexo da luta parasito- hospedeiro Força de ataque (FA) > Força de defesa (FD) doente parasitário. Força de ataque (FA) < Força de defesa (FD) morte do agente. Força de ataque (FA) = Força de defesa (FD) portador assintomático. Fontes de infecção para o ser humano · Contaminação de alimentos ou água; · Hospedeiros intermediários silvestres. Tipos de interação parasita- hospedeiro Harmônica com benefício mútuo; Desarmônica com prejuízo para algum dos participantes (parasitismo). Fatores inerentes ao parasita · Número: Giardia lamblia; · Tamanho: Taenia sp; · Localização: Ascaris lumbricoides; · Virulência: cepas de Trypanosoma cruzi Fatores inerentes ao hospedeiro · Idade; · Imunidade; · Nutrição; · Hábitos e costumes; · Medicamentos. Mecanismos de ação dos parasitas sobre o hospedeiro · Obstrutivo Bolo de Ascaris lumbricoides (15 x 0,5 cm), rompendo a alça intestinal. OU Wuchereria bancrofti (elefantíase), obstruindo os canais linfáticos inguinais com derrame linfático para membros inferiores; · Compressão. Quando o desenvolvimento do parasita comprime tecidos adjacentes, trazendo alterações morfológicas e funcionais, como ocorre com a forma larvária da Taenia solium, localizada no SNC. · Destrutivo. Comum nas parasitoses, exercendo ação celular ou tecidual, como ocorre com a Leishmania braziliensis, que destrói a mucosa buconasal, deformando o indivíduo. · Alergizante. Alguns parasitas sensibilizam o organismo humano, causando fenômenos alérgicos, como ocorre pela picada do Pediculus humanus (piolho), promovendo prurido (coceira). · Tóxico. Liberação de secreções parasitárias (enzimas). Ex: Entamoeba histolytica. · Espoliadora Quando o agente rouba nutrientes do hospedeiro para sua sobrevivência, é a ação mais ligada ao parasitismo e comum a TODO parasita.. Mecanismos principais de defesa do hospedeiro · Pele; · Sucos digestivos (HCl). Formas de disseminação dos agentes etiológicos Veículos comuns água; alimento; ar. Propagação de pessoa a pessoa. sexual; ftiríase (doença de pele produzida por piolho); vetores. Reservatório dos agentes · Antroponose o homem é o único reservatório; · Zoonose animais vertebrados são reservatórios; · Antropozoonose ocorre das duas formas. Período de incubação Intervalo entre a exposição ao agente (contato) e o aparecimento da enfermidade. Ex: amebíase (duas a quatro semanas). Desenvolvimento subclínico Sem sinais ou sintomas clínicos. Desenvolvimento clínico Com sinais e sintomas clínicos. Regras de nomenclatura zoológica A nomenclatura é em latim e binominal: · Gênero: primeira letra maiúscula; · espécie: primeira letra minúscula; · Sempre em destaque no texto, em itálico ou sublinhado. Aula 02.02 – generalidades sobre artrópodes Objetivos Abordar a definição e classificação de artrópodes e aspectos biológicos, fisiopatogênicos, clínicos e laboratoriais de algumas doenças. Além do tratamento e prevenção destas. Características do filo · Pluricelulares; · Apresentam simetria bilateral; · Possuem EXOESQUELETO de quitina para proteger, sustentar e evitar perda hídrica.; · Apresentam crescimento através de mudas da carapaça (ECDISE); · O esqueleto que não serve mais é liberado (EXÚVIA); · O corpo é composto por cabeça; tórax e abdômen; · Internamente apresentam uma cavidade geral = HEMOCELE, cheia de líquido = HEMOLINFA; · Às vezes apresentam alguns apêndices (cerdas, acúleos – ferrões), com função de proteção, secreção e excreção. Artrópodes de interesse médico 1) Artrópodes obrigatoriamente causadores de doença · Seres que não podem prescindir da vida parasitária. Ex: Sarcoptes scabiei (sarna ou escabiosa) Escabiose Doença contagiosa humana (inflamatória) = Dermatite. Transmissão por contato direto; contato em ambientes coletivos (ônibus); promiscuidade sexual ou até mesmo negligência (profissionais da saúde). Período de incubação de 5 dias. Patogenia – Artrópode adulto perfura galerias subcutâneas e libera produtos do metabolismo causando intenso prurido. Existe uma resposta imune (dermatite), e infecções bacterianas secundárias são possíveis. Lesões localizadas na palma das mãos; planta dos pés; axilas; região púbica.. = Crostas salientes. Diagnóstico clínico por meio de anamnese; observação do prurido; localização; aspecto de crostas. Diagnóstico parasitológico por meio de fita gomada sobre a pele (observada no microscópio), ou raspado das crostas. Tratamento com benzoato de benzila, deltametrina, ivermectina. ou permanganato de potássio (quando há co – infecção bacteriana). Medidas gerais Tratar todos da família parasitados; lavar e passar ferro quente em roupas de cama. 2) Artrópodes causadores de doenças facultativos Ex: Dermatobia hominis (Mosca berneira) = transmitida por moscas comuns. Larvas causam BERNE ou MIÍASES. Berne Transmissão – Mosca berneira quando em contato com moscas comuns, compartilha seus ovos. A mosca comum, por sua vez, deposita os ovos no hospedeiro, que fica contaminado pela larva da mosca berneira.. Sintomatologia – Processo inflamatório, prurido intenso e dor. Infecções secundárias – bactérias. Tratamento – Matar por asfixia (esparadrapo, bacon, fumo de rolo). Obs: raspar pelos da região. 3) Artrópodes transmissores de doenças a) Transmissão mecânica Ex: moscas domésticas e baratas. b) Transmissão biológica i. Transmissão por contaminação. Ex: barbeiros – Triatoma infestans infectado com T. cruzi; ii. Transmissão por esmagamento. Ex: Borrelia recurrentis no trato digestório do Pediculus sp = Febre recorrente. iii. Transmissão por ingestão de artrópodes. Ex: A pulga de cão ingere ovos de Dypylidium caninum (Tênia canina). Assim, há uma possibilidade do homem se contaminar com Tênia cananina ao ingerir a pulga do cão. iv. Transmissão por inoculação EVOLUTIVA. Ex: Wuchereria bancrofti transmitida pelo mosquito Culex quinquefasciatus MULTIPLICATIVA. Ex: Yersina pestis se multiplica na Xenopsylla cheopis (pulga), causando peste bubônica em humanos.. MULTIPLICATIVA + EVOLUTIVA. Ex: formas assexuadas do Plasmodium sp. Classificação das classes de artrópodes A) Aracnida · 4 pares de patas; · Cabeça e tórax fundidos. Ex. Microscópicos – Sarcoptis scabiei Ex. Macroscópicos – Carrapatos apresentam CAPÍTULO (falsa cabeça) = GNATOSSOMA. i. Família Argasidae CAPÍTULO situado ventralmente. Ex: Argas persicus (carrapato de galinha). ii. Família Ixodidae CAPÍTULO saliente (para fora) Ex: Amblyoma cajenense. O mais importante na transmissão de doenças. LARVAS: “carrapatinho” ou “micuim” ADULTOS: “Carrapato – estrela”. Transmissor da bactéria Rikettsia richetts (Febre maculosa). Febre maculosa · Febre alta, cefaléia e calafrios; · Após 4 dias aparecem exantemas róseos nas extremidades, irradiando para o tronco, face, pescoço, palmas e solas. · Petéquias e hemorragias são frequentes; · Letalidade de 20%. B) INSECTA ou HEXAPODA · 3 pares de patas; · Podem ou não ter asas; · Corpo segmentado (cabeça, tronco,abdômen). Cabeça (olhos; antenas; peças bucais). Tórax (patas ou asas). Abdômen (anéis). i. Insetos com asas Dípteos (um par de asas). Ex: moscas e mosquitos. Hemípteos (dois pares de asas). · Um par de asas membranosas; um par de asas em HEMIÉLITRO (metade sólida, metade membranosa). · Não voam bem. ii. Insetos sem asas. Ex: Pediculus humanus · Ovos são conhecidos como LÊNDEAS Ex: Phtyrus púbis (piolho = chato) Apresenta 3 pares de espiráculos no primeiro segmento. · Tratamento por benzoato de benzila; deltametrina; permetrina ou ivermectina.. Pulgas e bichos de pé · Achatados lateralmente; · 3 pares de patas; · Hematófagos obrigatórios. Ex: Xenopsyla cheopis (pulga de rato) e Tunga penetrans (bicho de pé). Como parasitas = Agentes espoliadores sanguíneos; Irritação da pele (picada); Lesões cutâneas. Como transmissores ou vetores = Doenças bacterianas. Ex: Pasteurella pestis. Como hospedeiros intermediários = pulga de cão. Combate em 3 níveis: 1 – Sobre os animais domésticos; 2 – Interior das habitações; 3 – Ambientes peridomiciliares. Métodos químicos Organofosforados; Talcos; xampus; sabonetes; Inseticidas usados em coleiras agindo por via sistêmica. Aula 09.02 – Generalidades sobre protozoários Objetivo Abordar a definição e classificações dos protozoários e seus aspectos biológicos. Características Organismos microscópios, unicelulares (membrana, citoplasma e núcleo) e com acessórios para facilitar a locomoção e apreensão de alimentos. Membrana A membrana plasmática da célula de um protozoário pode ser simples ou recoberta por uma carapaça calcária rígida. Através dela são realizadas as trocas gasosas e a absorção e excreção de substâncias. Citoplasma O citoplasma tem duas camadas: o ectoplasma, mais externo e gelatinoso, e o endoplasma, interno e mais fluido. Tipos de núcleo Núcleo vesiculado Apresenta um anel de grânulo de cromatina central. Ex: Entamoeba histolytica. Núcleo compacto Núcleo com cromatina difusa e abundante. Ex: Balantidium coli. · Em algumas espécies, como o paramécio, encontram-se dois núcleos de tamanhos diferentes: o macronúcleo e o micronúcleo. O macronúcleo controla todas as atividades celulares e o micronúcleo é responsável pela reprodução sexuada (troca de genes). Acessórios São partes das células que sofrem diferenciação para facilitar a locomoção e apreensão de alimentos. Ex: pseusópodes, flagelos, cílios e mionemas. Pseudópodes – Expansão do ectoplasma para movimentação e apreensão de alimentos. Ex: Entamoeba histolytica. Flagelos – Filamentos longos e em pequeno número que, semelhantes a chicotes, são capazes de determinar movimento ondulatório. Ex: Trypanosoma cruzi. Cílios – Filamentos curtos e numerosos para locomoção e capitação de alimentos. Ex: Balantidium coli. Mionemas – conjuntos de pequenos filamentos contrácteis de aproximadamente 2-3 nm de diâmetro, muito compactadas. Trofozoíto Representa a forma ativa do protozoário. Cisto Equivale a forma inativa ou também denominada forma de resistência do protozoário. Funções biológicas Respiração Aeróbicos – Obtenção de energia pela quebra da glicose em meio rico em oxigênio. Ex: Plasmodium sp. Anaeróbicos – Obtenção de energia utilizando outros elementos diferentes de oxigênio (nitratos e nitritos em meios pobres em O2). Ex: G. lamblia Nutrição Holofítica (autótrofos): utiliza energia solar para elaborar hidratos de carbono, sintetizando em seguida o material nutritivo; Holozoica: ingerem e digerem substâncias nutritivas de diversas naturezas e posteriormente expulsam os metabólitos; Saprozoica: semelhante à decomposição, pois o organismo libera enzimas externamente no alimento, para depois absorvê – lo. Excreção Substâncias, solúveis ou insolúveis, restantes do metabolismo são excretadas para o meio. - Difusão através do ectoplasma com passagem pela membrana. Ex: Giardia. - Durante o período de reprodução. Ex: Plasmodium sp. Reprodução assexuada Esquizogonia: uma célula divide- se em ao menos 3 células filhas. O núcleo divide- se em várias partes e o citoplasma permanece integro (sem divisão) inicialmente. Ex: Plasmodium sp. Reprodução sexuada Conjugação: pareamento de duas células, com fusão das membranas e em seguida troca de material genético dos micronúcleos. Depois as células se separam e se reproduzem assexuadamente por divisão binária. Ex: Balantidium coli. Singamia ou fecundação: união de gameta masculino (microgameta) e gameta feminino (macrogameta) formando a célula ovo ou zigoto. As duas células perdem a sua identidade, juntando, quer o citoplasma (plasmogamia), quer os núcleos (cariogamia). Ex: Plasmodium sp e Toxoplasma gondili. Aula 16.02 – Giardíase Pacientes na parasitologia “O Jeca não é assim, esta assim” Monteiro Lobato O escritor Monteiro Lobato, já nos anos 1930, nos privilegia com a sua compreensão da problemática de nossas endemias rurais, descrevendo nosso homem do campo não como um indivíduo preguiçoso por natureza, e sim um parasitado crônico (ancilostomose). Atualmente, apesar dos grandes avanços que conseguimos, ainda somos uma sociedade com enorme desequilíbrio social, sanitário, ambiental e cultural, mantida pela dominação de uns e submissão e alienação de outros. Introdução a giardíase A giardíase, também denominada lamblíase, é uma infecção do aparelho digestivo (duodeno) causada pelo protozoário flagelado Giardia intestinalis (Giardia lamblia, Giardia duodenalis). Esse parasita habita o intestino de seres humanos e de outros mamíferos (também de répteis e aves); · Predomina mais em crianças do que em adultos e é de notável importância em pessoas com desnutrição, fibrose cística e algumas imunodeficiências. É uma parasitose comum em várias partes do mundo, sendo causa de doença intestinal e diarreia endêmica e epidêmica associada à água de consumo. Além de ser causada pelo principal parasita encontrado na população em países em desenvolvimento. · Pode interferir no desenvolvimento físico satisfatório em crianças e guarda estreita relação com a pobreza, com a falta de saneamento básico e com a qualidade da água de consumo. A Giardia lamblia · Foi o primeiro protozoário intestinal humano a ser descrito em 1681; · Em 1859 este parasita foi denominado como Cercomonas intestinalis; · Após outras denominações, em 1915, Stiles denominou o parasita de Giardia lamblia; · Com o avanço das pesquisas, especialmente com as técnicas moleculares, pode-se observar que existem diversas espécies de Giardia, as quais comporiam um “complexo”; · Na prática: Giardia lamblia = Giardia duodenalis = Giardia intestinalis. Classificação Filo – Sarcomastigophora; Ordem – Diplomonadida; Família – Hexamitidae; Gênero – Giardia; Espécie – Giardia lamblia Morfologia Trofozoíto · Apresenta simetria bilateral e um achatamento dorso- ventral que lhe confere um aspecto piriforme; · Contém dois núcleos ovais anteriormente, um disco ventral grande, um corpo mediano curvado posteriormente e quatro pares de flagelos. Cistos · Apresenta um formato oval que contém quatro núcleos; · Cada cisto ingerido produz dois trofozoítos no duodeno; · É a forma infectante encontrada no ambiente. Portanto: Agente etiológico – Giardia lamblia, protozoário flagelado que existe sob as formas de cisto e trofozoíto. O cisto é a forma infectante encontrada no ambiente. Reservatório – O homem e alguns animais domésticos ou selvagens, como cães, gatos e castores. Epidemiologia da doença · Doença de distribuição mundial, mais prevalente em países subdesenvolvidos (áreas com saneamento básico pobre) – Regiões tropicais e subtropicais. · Podem ocorrer epidemias em instituições fechadas (creches; pré–escola); · Grupo etário mais acometido: entre 8 meses e 10 a 12 anos; · “Diarreia do viajante em zonas endêmicas”; · Ingestão de água contaminada; · Atividade sexual resultante do contato oro-anal; · É significativo em pessoas com desnutrição, certas imunodeficiências e fibrose cística. · Estima- se que a incidência mundial seja da ordem de 500.000casos por ano. No Brasil, sua incidência varia de 12,4% a 50% dependendo do estudo, da região e da faixa etária pesquisada, vindo a predominar nas crianças entre zero e seis anos. Em muitas regiões há um pico sazonal simultâneo à estação do verão, relacionado ao maior uso de piscinas comunitárias por crianças de pouca idade, eliminação prolongada de cistos e pela pouca quantidade infectante. Foram também observados parasitos em fezes de cães , em estudo realizado em praças públicas, demonstrando o risco de contaminação humana, sobretudo de crianças que têm o hábito de brincar no solo e distúrbios de perversão do apetite, como a geofagia. · É também importante a atuação de vetores mecânicos, já que o cisto permanece viável no meio ambiente por até 60 dias, sendo destruído por temperaturas superiores a 64°C, porém sobrevivendo por até 24 horas no trato digestivo de moscas e por vários dias no de baratas. Pacientes com imunodeficiências humorais como hipogamaglobulinemia comum variável e gamaglobulinemia ligada ao X – são predispostos a infecção sintomática crônica por G. intestinalis, disto se depreende a grande importância da imunidade humoral na resposta à giardíase. · Notável importância também assumem pacientes com fibrose cística, que possuem elevada incidência de giardíase devido à maior quantidade de muco no duodeno, que protege o parasita contra eventuais defesas do hospedeiro. Os bebês alimentados ao seio materno podem adquirir proteção através de gliconjugados e anticorpos IgA secretória, fornecidos pelo leite materno. Ciclo biológico do parasita MONOXÊNICO – Só possui hospedeiro definitivo 1) Os cistos são resistentes; 2) A infecção ocorre pela ingestão de cistos; 3) O desencistamento é iniciado no meio ácido do estômago e completado no duodeno e jejuno; 4) No intestino delgado, 1 cisto = 2 trofozoítos; 5) Trofozoítos se multiplicam por divisão binária longitudinal (no lúmen do intestino delgado proximal); 6) Encistamento ocorre com o trânsito dos parasita em direção ao cólon. Cisto = Fezes não diarréicas; Trofozoítos = Fezes diarréicas. · Os cistos são eliminados pelas fezes em grande quantidade (300 milhões a 14 bilhões por dia), ocorrendo períodos de interrupção de sua eliminação por sete a dez dias Os trofozoítos também podem estar presentes nas fezes, mas são os cistos os responsáveis pela transmissão. Os cistos resistem fora do hospedeiro, sobrevivendo em água doce e fria, tolerando, entretanto, o aquecimento, a desidratação e a exposição prolongada às fezes. Patogênese · A patogenia está ligada ao número de parasitas que colonizam o intestino delgado, à cepa do protozoário, ao sinergismo entre bactérias e fungos, além de a fatores inerentes ao hospedeiro, como hipocloridria e deficiência de IgA e IgE na mucosa digestiva; · Os parasitos, quando presentes em grande número, possuem ação irritativa sobre a mucosa intestinal, levando à produção excessiva de muco e a alterações na produção de enzimas digestivas (principalmente dissacaridases, ocasionando intolerância ao leite e derivados). O que forma uma barreira mecânica dificultando a absorção (vitaminas lipossolúveis, ácidos graxos, vitamina B12, ácido fólico e ferro); · Ocorrem também lesões produzidas pelos trofozoítas, fortemente aderidos ao epitélio intestinal em nível das microvilosidades intestinais e até invasão da lâmina própria; · Normalmente a morfologia do intestino permanece sem alterações, mas em alguns casos crônicos podem-se evidenciar achados histopatológicos, com achatamento das microvilosidades. Quadro clínico · Assintomático (maioria); · Diarréia aguda Fezes líquidas, explosivas e fétidas, com curso auto-limitado; · Diarréia crônica A diarréia se torna persistente ou intermitente; Diarreia, cólica, distenção abdominal, sensação de plenitude gástrica, mal- estar, flatulência, náuseas, anorexia e perda de peso; · Síndrome da má absorção Complicação; Pode ou não estar associada; Má absorção de açúcares, gorduras e vitaminas lipossolúveis; Deficiência de ferro; Perda de peso e anemia. · As manifestações podem surgir de forma súbita ou gradual Na giardíase aguda os sintomas surgem após um período de incubação de, geralmente, uma a três semanas (podendo variar de 1 a 45 dias); Na giardíase crônica os sintomas podem ser contínuos ou episódicos, persistindo por anos e não necessariamente o paciente desenvolve um episódio sintomático agudo prévio; Pode ocorrer, com menos frequência, a disseminação extraintestinal, na qual os trofozoítas migram para os ductos biliares e pancreáticos. Diagnóstico laboratorial · PLP (Exame parasitológico) nos pacientes para a identificação de cistos ou trofozoítos Fezes formadas – Predomínio de cistos; Métodos – Preparações a fresco pelo método direto; Concentração – Método de flutuação – Método de Faust; Coloração – Lugol, Tricômio ou com Hematoxilina férrica; Fezes diarréicas – Predomínio de trofozoíto Métodos – Preparações a fresco pelo método direto – Examiná – lo imediatamente ou diluir as fezes em conservador próprio (MIE SAF, formo 1 10%) – trofozoítos. Coloração – Hematoxilina Férrica.. · São necessárias, pelo menos, 3 amostras de fezes para obter uma boa sensibilidade. Tratamento Prevenção As medidas mais importantes para a prevenção da giardíase são: · O acesso a adequadas condições de saneamento; · Ingestão de água tratada ou fervida; · Cuidados com a higiene pessoal; · Adequada preparação e conservação dos alimentos; · Além dessas ações, são importantes o controle de insetos e o adequado diagnóstico e tratamento dos doentes e portadores, a fim de interromper a cadeia de transmissão. Aula 23.02 – Tricomoníase Definição/ Importância · É uma doença infectocontagiosa, parasitária, do sistema geniturinário do homem e da mulher; · Causada pelo Trichomonas vaginalis; · É uma doença sexualmente transmissível (DST) – a DST não viral mais comum do mundo. Na mulher, a infecção tem sido associada a sérias sequelas, como: · Doença inflamatória pélvica; · Câncer cervical; · Parto prematuro e baixo peso de bebês nascidos de mães infectadas. · A infecção pelo Trichomonas vaginalis aumenta a transmissão e aquisição do HIV. Estimativa de incidência global de doenças sexualmente transmissíveis em 2005 e 2008 (milhões de casos). Agente etiológico Tricomoníase é uma doença causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Taxonomia Reino – Protista; Sub-reino – Protozoa; Filo – Sarcomastigophora; Sub-filos – Mastigophora; Classe – Trichomonadae (Zoomastigophorea); Família – Trichomonadidae; Gênero – Trichomonas. Morfologia O T. vaginalis é uma célula polimórfica (mais de uma forma). · Tanto no hospedeiro natural quanto em meios de cultura. Os espécimes vivos são elipsoides ou ovais e algumas vezes esféricos. Com relação a forma de vida, só apresentam a forma de trofozoíto, não existindo, portanto, a forma cística. Ciclo de vida · Trofozoítos; · Reproduz-se por divisão binária longitudinal; · Não forma cistos. · É anaeróbio facultativo utilizando glicose, maltose e galactose como fontes de energia; · Necessita que o hospedeiro sintetize moléculas essenciais (nucleotídeos, ácidos graxos, aminoácidos); · Crescem bem na ausência de O2 e em pH entre 5 e 7,5; · Não possui mitocôndrias; · Contém hidrogenossomos (envolvidos no metabolismo de carboidratos). Hidrogenases transformam piruvato em acetato e liberam ATP e H2. Epidemiologia · É uma doença sexualmente transmitida e de distribuição mundial; · IST não-viral mais prevalente; · Atinge principalmente mulheres (idades entre 16 35 anos) e homens sexualmente ativos; · 4,3 milhões de casos por ano no Brasil. Epidemiologia · Fatores de risco – status socioeconômico; · Sobrevive em água tratada e em piscinas; · Cerca de 25 a 50% das mulheres positivas são assintomáticas; · Não é uma zoonose; · Amplificação da transmissão do HIV. Mecanismos de transmissão 1. Relação sexual (+ frequente); 2. Durante o parto; 3. Outras formas de transmissão · Roupa íntima ou de cama · Instalaçõessanitárias · Período de incubação: 4 a 28 dias. Patogênese Mecanismos moleculares: · Infecta o epitélio do trato genital · A capacidade de adesão tem papel muito importante na patogênese · Adesão dá-se através de proteínas (adesinas); · Tratamento com tripsina (que abole a adesão). · Cisteíno-proteases extracelulares · Que digerem mucinas e imunoglobulinas locais; · A adesão é dependente de temperatura, pH e tempo. Relação Parasito – Hospedeiro · Resposta imune protetora- IgA secretora · Reinfecções · Ausência de imunidade adquirida; · Grande variabilidade de isolados. Manifestações clínicas Na mulher · Assintomático – 25 a 50% dos casos; · Vaginite aguda; · Corrimento vaginal fluido, bolhoso e abundante de cor amarelo-esverdeada e de odor fétido; · Prurido ou irritação vulvovaginal; · Dor durante as relações sexuais; · Dor ao urinar (disúria); · Dor pélvica. · Vaginite crônica – sintomas leves; · Aumenta a transmissão e aquisição do HIV. No homem · Assintomático – a maioria; · Uretrite aguda – corrimento abundante; · Sintomatologia leve – escasso corrimento, disúria, prurido; · Complicações (raras) – epididimite, infertilidade e prostatite; · Aumenta a transmissão e aquisição do HIV. Resultado de · .Inflamação local produzida pela doença; · Rompimento dos tecidos produzido pela doença; · Alta prevalência desta doença em indivíduos infectados pelo HIV; · Susceptibilidade à doença pode ser resultado da imunossupressão associada ao HIV. Diagnóstico Coleta da amostra · Homem · Materiais – secreção uretral, urina primeiro jato, esperma, secreção prostática e material sub – prepucial. · Mulher • Material – secreção vaginal. Exame • Exame microscópico de preparações a fresco ou coradas; • Imunofluorescência direta (sensível + cara); • Cultura do parasito (resultados em 3 a 7 dias). Tratamento Prevenção · Sexo seguro, incluindo o uso de preservativo; · O cuidado com os fômites (instrumentos ginecológicos, toalhas, roupas íntimas); · O tratamento do doente e de todos os seus parceiros. · Só o tratamento medicamentoso adequado não garante a eliminação da doença, visto que mesmo após ter obtido a cura o paciente deve tomar os mesmos cuidados de quem nunca foi infectado, porque os medicamentos não impedem a reinfecção. Aula 02. 03 – Leishmanioses Definição: Doença infecciosa, mas não contagiosa · É um conjunto de doenças causadas pelos protozoários flagelados da família Trypanosomatidae, do gênero Leishmania, de transmissão vetorial. Agente etiológico: Leishmania sp Reino: Protista Ordem: Kinetoplastida Família: Trypanosomatidae Gênero: Leishmania. Vetores · Flebotomíneos – Mosquito palha ou birigui · Fêmeas colocam seus ovos sobre um substrato úmido no solo e com alto teor de matéria orgânica – A atividade dos flebotomíneos é noturna. Tipos Formas infectantes · Promastigota (flagelada) · Alongada (14 a 20 micrometros) · Extracelular · Flagelo livre com movimento · Se desenvolve no tubo digestivo do inseto vetor · Forma infectante. · Amastigota · Corpo ovóide (2,1 a 3,2 micrometros) · Flagelo interno, sem movimento; · Intracelular obrigatória · Encontrada nas células do sistema fagócito mononuclear. Leishmaniose Tegumentar Americana DESCRIÇÃO: Doença infecciosa, não contagiosa, causada por protozoário, de transmissão vetorial, que acomete pele e mucosas. SINONÍMIA: Ulcera de Bauru, nariz de tapir, botão do Oriente. AGENTE ETIOLÓGICO: Protozoário do gênero Leishmania No Brasil, foram identificadas 7 espécies, sendo: · 6 do subgênero Viannia e · 1 do subgênero Leishmania. As 3 principais espécies são: • Leishmania (Leishmania) amazonensis; • Leishmania (Viannia) guyanensi; • Leishmania (Viannia) braziliensis. RESERVATÓRIO: Infecções por leishmanias que causam a leishmaniose tegumentar americana (LTA) foram descritas em varias espécies de animais: · Silvestres (roedores, masurpiais, edentados e canídeos silvestres), · Sinantrópicos (roedores) e · Domésticos (canídeos, felídeos e equídeos). Com relação a esses últimos, seu papel na manutenção do parasito no meio ambiente ainda não foi esclarecido. · Obs – Animais sinantrópicos são aqueles que se adaptaram a viver junto ao homem, a despeito da vontade deste. Diferem dos animais domésticos, os quais o homem cria e cuida com as finalidades de companhia (cães, gatos, pássaros, entre outros), produção de alimentos ou transporte (galinha, boi, cavalo, porcos, entre outros). Reservatórios urbanos e silvestres VETORES: Os vetores da LTA são insetos denominados flebotomíneos Pertencentes a: · ordem Díptera, · família Psychodidae, · subfamília Phlebotominae, · gênero Lutzomyia Conhecidos popularmente como mosquito palha, tatuquira, birigui, entre outros, dependendo da localização geográfica. · No Brasil, as principais espécies de Lutzomyia envolvidas na transmissão da LTA são: L. whitmani, L. intermedia, L. umbratilis, L. wellcomei, L. flaviscutellata e L. migonei. Modo de transmissão Picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas – Não há transmissão de pessoa a pessoa. Período de incubação No homem, em media de 2 meses, podendo apresentar períodos mais curtos (duas semanas) e mais longos (2 anos). Suscetibilidade e imunidade · A suscetibilidade é universal; · A infecção e a doença não conferem imunidade ao paciente. · Amplamente distribuída em todos os Estados, especialmente no Norte do Brasil. Manifestações clínicas Classicamente, a doença se manifesta sob duas formas: · Leishmaniose cutânea e · Leishmaniose mucosa (ou mucocutânea). Que podem apresentar diferentes manifestações clínicas: · A forma cutânea caracteriza-se por apresentar lesões indolores, com formato arredondado ou ovalado, apresentando base eritematosa, infiltrada e de consistência firme, bordas bem delimitadas e elevadas, fundo avermelhado e com granulações grosseiras. · Já a forma mucosa caracteriza-se pela presença de lesões destrutivas localizadas na mucosa, em geral nas vias aéreas superiores. Complicações Complicações por intercorrências – na evolução da doença, podem surgir intercorrências que exijam cuidados. · Infecção secundária das úlceras – Lesão em mucosa nasal, que pode levar a rinite purulenta e a complicações, como sinusite até broncopneumonia causada pela secreção aspirada da faringe. – Lesão extensa no centro da face, que pode levar a trombose de seio cavernoso. · A complicação com broncopneumonia é a principal responsável por óbitos, nos casos de forma mucosa. · Lesões na boca e faringe – Podem causar sialorréia (produção excessiva de saliva) e dificuldade na deglutição, levando à desnutrição. · Em lesões avançadas da laringe – Pode haver perda da voz e obstrução da passagem do ar, causada pelo edema ou pela cicatriz retrátil, obrigando a realização de traqueostomia de urgência. · Lesões conjuntivais – Podem levar a distorções da fenda ocular e, raramente, à perda do olho. · Miíase (Infestação dos tecidos ou cavidades do corpo por larvas de insetos) – Pode surgir como complicação de úlceras. · Meningite – Pode ser uma complicação da disseminação da infecção de uma úlcera da face para a base do crânio. Diagnóstico Diagnóstico laboratorial O diagnostico laboratorial constitui-se fundamentalmente pelos exames: · Parasitológico – pesquisa de amastigotas em esfregaço da lesão ou imprint de fragmentos de tecido do paciente; · Imunológicos – intradermorreação de Montenegro (IDRM) ou sorologia por Imunofluorescência (IFI) ou ensaio imunoenzimatico (ELISA); · Molecular – reação em cadeia da polimerase (PCR). Diagnóstico diferencial · Leishmaniose cutânea · Leishmaniose mucosa Coinfecção LTA-HIV A LTA pode modificar a progressão da doença pelo HIV e a imunodepressão causada por esse vírus facilita a progressão da LTA. Não ha um perfil clinico definido associado à coinfecção em pacientes portadores de HIV Achados não usuais podem ser observados nos pacientes coinfectados, como, por exemplo: · O encontro de Leishmania spp em pele integra; sobrepondo lesão de sarcoma de Kaposi ou em lesões de Herpes simplex e Herpes-zoste. Pode, ainda,haver acometimento do trato gastrointestinal e do trato respiratório para a coinfecção Leishmania-HIV. · Recomenda-se oferecer a sorologia para HIV para todos os pacientes com LTA, independentemente da idade, ressaltando a importância de obter o resultado da sorologia para HIV o mais rapidamente possível, para orientar a conduta clinica especifica. Condições em que portadores de HIV/aids devem ser investigados para LTA: · Qualquer tipo de lesão cutânea ou mucosa com mais de duas semanas de evolução, em pacientes expostos a área de transmissão de LTA, em qualquer época da vida. Tratamento A droga de primeira escolha é o antimonial pentavalente · Com exceção dos pacientes coinfectados com HIV e gestantes. · Não havendo resposta satisfatória com o tratamento pelo antimonial pentavalente, as drogas de segunda escolha são a anfotericina B e o isotionato de pentamidina. Conforme descrito nos: – Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar Americana (2007). – Manual de recomendações para diagnostico, tratamento e acompanhamento de pacientes com a coinfecção Leishmania-HIV (2011). Leishmaniose visceral DESCRIÇÃO: Doença crônica e sistêmica, que, quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% dos casos SINONÍMIA: Calazar, esplenomegalia tropical, febre dundun. Agente etiológico Protozoários tripanosomatídeos do gênero Leishmania Nas Américas: Leishmania (Leishmania) chagasi · Espécie comumente envolvida na transmissão da leishmaniose visceral (LV). Reservatórios Na área urbana, o cão (Canis familiaris) é a principal fonte de infecção · A enzootia canina tem precedido a ocorrência de casos humanos e a infecção em cães tem sido mais prevalente que no homem. · No ambiente silvestre, os reservatórios são as raposas e os marsupiais. Vetores No Brasil, duas espécies estão relacionadas com a transmissão da doença: · Lutzomyia longipalpis, a principal; · Lutzomyia cruzi, também incriminada como vetora em áreas especificas dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. · Ainda, é possível que uma terceira espécie, Lutzomyia migonei, também participe da transmissão de LV, devido a sua alta densidade em áreas com ausência de L. longipalpis e/ou L. cruzi e registro de casos autoctones da doenca, mas isto precisa ser mais estudado. A L. longipalpis adapta-se facilmente ao peridomicílio e a variadas temperaturas. · Pode ser encontrada no interior dos domicílios e em abrigos de animais domésticos. – A atividade dos flebotomíneos é crepuscular e noturna – No intra e peridomicílio, a L. longipalpis é encontrada, principalmente, próxima a uma fonte de alimento. – Durante o dia, esses insetos ficam em repouso, em lugares sombreados e úmidos, protegidos do vento e de predadores naturais. Modo de transmissão A transmissão ocorre pela picada dos vetores infectados pela Leishmania (L.) chagasi. · Não ocorre transmissão de pessoa a pessoa Período de incubação No homem, é de 10 dias a 24 meses, com média entre 2 e 6 meses, e, no cão, varia de 3 meses a vários anos, com média de 3 a 7 meses. Suscetibilidade e imunidade · Crianças e idosos são mais suscetíveis. · Existe resposta humoral detectada através de anticorpos circulantes, que parecem ter pouca importância como defesa. · Só uma pequena parcela de indivíduos infectados desenvolve sinais e sintomas da doença. · Após a infecção, caso o indivíduo não desenvolva a doença, observa-se que os exames que pesquisam imunidade celular ou humoral permanecem reativos por longo período. Isso requer a presença de antígenos, podendo-se concluir que a Leishmania ou alguns de seus antígenos estão presentes no organismo infectado durante longo tempo, depois da infecção inicial. · Essa hipótese esta apoiada no fato de que indivíduos que desenvolvem alguma imunossupressão podem apresentar quadro de LV muito alem do período habitual de incubação. Manifestações clínicas É uma doença crônica, sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, perda de peso, astenia (perda ou diminuição da força física), adinamia (grande fraqueza muscular), hepatoesplenomegalia (grande fraqueza muscular) e anemia, dentre outras. · Quando não tratada, pode evoluir para o óbito em mais de 90% dos casos Infecção inaparente ou assintomática Não há manifestação clínica, sinais e/ou sintomas detectados = Não são notificados e não devem ser tratados. A suspeita clinica da LV deve ser levantada quando o paciente apresentar febre e esplenomegalia associada ou não a hepatomegalia. Complicações Destacam-se: · Quadros infecciosos · Otite média aguda, piodermites, infecções do trato urinário e respiratório. · Sem tratamento pode evoluir para sepse (reação exagerada do organismo a uma infecção) com evolução. · Hemorragias · As hemorragias são geralmente secundárias a plaquetopenia, sendo a epistaxe e a gengivorragia as mais encontradas. · A hemorragia digestiva e a icterícia, quando presentes, indicam gravidade do caso. DIAGNÓSTICO · Diagnóstico laboratorial Baseia-se em exames imunológicos e parasitológicos Diagnóstico imunológico Pesquisa de anticorpos contra Leishmania. · Imunofluorescência indireta (RIFI) – Consideram-se como positivas as amostras reagentes a partir da diluição de 1:80. Nos títulos iguais a 140, com clínica sugestiva de LV, recomenda-se a solicitação de nova amostra em 30 dias. · Testes rápidos imunocromatográficos – São considerados positivos quando a linha controle e a linha teste aparecem na fita ou plataforma (conforme Nota Tecnica no 45/UVR/CGDT/DEVEP/ SVS/MS). · Ensaio imunoenzimatico (ELISA) – Este teste não está disponível na rede pública de saúde, no entanto, algumas unidades de saúde da rede privada utilizam kits de ELISA registrados e comercializados no Brasil. Títulos variáveis dos exames sorológicos podem persistir positivos por longo período, mesmo após o tratamento. Assim, o resultado de um teste positivo, na ausência de manifestações clínicas, não autoriza a instituição de terapêutica Diagnóstico parasitológico É o diagnostico de certeza feito pelo encontro de formas amastigotas do parasita, em material biológico obtido preferencialmente da medula óssea – por ser um procedimento mais seguro, do linfonodo ou do baço. · Este último deve ser realizado em ambiente hospitalar e em condições cirúrgicas. Examinar o material aspirado de acordo com esta sequência Exame direto; Isolamento em meio de cultura (in vitro); Isolamento em animais suscetíveis (in vivo), bem como novos métodos de diagnósticos. Diagnóstico diferencial Realizar diagnóstico diferencial com: · Enterobacteriose de curso prolongado (associação de esquistossomose com salmonela ou outra enterobactéria); · Malária; · Brucelose; · Febre tifóide; · Esquistossomose hepatoesplênica; · Forma aguda da doença de Chagas; · Linfoma; · Mieloma múltiplo; · Anemia falciforme, entre outras. Coinfecção LV-HIV Não ha um perfil clinico definido associado à coinfecção em pacientes portadores de HIV Existem, no entanto, casos de indivíduos coinfectados cuja leishmaniose evolui sem nenhum impacto aparente da infecção pelo HIV · Condições em que portadores de HIV/aids devem ser investigados (LV): · Febre associada à hepatomegalia, esplenomegalia ou citopenias em pacientes expostos à área de transmissão, em qualquer período. · Área de transmissão – Qualquer município do país que tenha notificado pelo menos um caso de leishmaniose durante o período em que o paciente esteve exposto. Tratamento O tratamento engloba terapêutica específica e medidas adicionais, como hidratação, antitérmicos, antibióticos, hemoterapia e suporte nutricional · Antimonial pentavalente (N-metil glucamina como fármaco de primeira escolha) – Tem a vantagem de poder ser administrado no nível ambulatorial. · A anfotericina B – É a única opção no tratamento de gestantes e de pacientes que tenham contraindicações ou que manifestem toxicidade ou refratariedade relacionada ao uso dos antimoniais pentavalentes Exames laboratoriais e eletrocardiográficos deverão ser realizados durante o tratamento para acompanhar a evolução e identificarpossível toxicidade medicamentosa. · Nas situações em que o paciente apresente hipersensibilidade ou falha terapêutica ao antimonial pentavalente e não se enquadre em nenhum dos critérios de indicação para utilização da anfotericina B lisossomal poderá ser adotado como alternativa terapêutica o desoxicolato da anfotericina B. Prevenção – Leishmanioses · Evitar construir casas e acampamentos em áreas muito próximas à mata; · Fazer dedetização, quando indicada pelas autoridades de saúde; · Evitar banhos de rio localizados perto da mata; · Utilizar repelentes na pele quando estiver em matas de áreas onde há a doença; · Usar mosquiteiros para dormir; · Usar telas protetoras em janelas e portas; · Manter a casa e quintal livres de criadores de insetos. Aula 09.03 – Doença de chagas · Antropozoonose estudada por Carlos Chagas (1909) ao longo de campanha Antimalárica ao norte de MG. Objetivo Abordar aspectos biológicos, fisiopatogênicos, clínicos, laboratoriais, tratamento e prevenção da Doença de Chagas. Quadro clínico hipotético RN, natural e procedente de Montes Claros – MG, sexo feminino, cor branca, internada na Seção de Recém- Nascidos Externos do Instituto da Criança. A mãe tinha 28 anos, era segundigesta e teve um aborto espontâneo há 3 anos. A criança nasceu de parto operatório e foi classificada como RN de termo pequeno para a idade gestacional. O exame físico inicial mostrou criança em mau estado geral, com palidez, fraqueza, apatia, alterações de ritmo cardíaco (miocardite difusa), icterícia, hepatomegalia, esplenomegalia e disquezia (dificuldade de defecar e deglutir). Exames laboratoriais mostraram anemia, alterações de enzimas hepáticas e hiperbilirrubinemia. Agente etiológico: Trypanosoma cruzi Morfologia: Forma Amastigota (tecidual) ou tripomastigota (observada na circulação periférica na fase aguda da doença, ou na ampola retal do barbeiro. Amastigota Tripomastigota. · Epimastigota (fase intermediária) – reprodução do parasita no barbeiro. Tipos de vetores Triatoma infestans. Panstrongylus megistus. Triatoma sórdida Reservatório Natural Ser vivo que pode abrigar um agente etiológico, sem ficar doente. · Gambás, tatus, tamanduás, macacos e morcegos. Epidemiologia: Américas (Norte, Central e do Sul). · 18 milhões de infectados na América Latina. · Dentre esses, 5 milhões no Brasil. · 300 mil só no Sudeste. Transmissão · Fezes liberadas pelo barbeiro durante a hematofagia. · Transfusão sanguínea. · Congênita – Fetos prematuros, com parasitemia elevada e sintomatologia franca. · Transplantes. · Leite materno. · Esperma, fluído vaginal, menstruação. · Transmissão “acidental” – pasta de açaí in natura. Ciclo biológico · Barbeiro ingere a forma tripomastigota presente na corrente sanguínea de um humano doente. · Forma intermediária (epimastigota – se divide no intestino do barbeiro). · Barbeiro infecta um humano saudável por meio da defecação no momento da hematofagia. · Dentro das células fagocitárias, as formas tripomastigotas se transformam na forma amastigota. · Formas amastigotas transformam – se em tripomastigota, que por fim, deixam as células e entram na corrente sanguínea. Sinais clínicos da fase aguda - Aparecem no sítio primário de contaminação. · Sinal de romaña Quando as fezes do barbeiro com o parasita contaminam a mucosa. · Chagoma de inoculação Resultante da ruptura de células locais. Patogenia Linhas gerais dos fenômenos patogênicos observados nos tecidos infectados · Lesão celular – Rompimento das células com liberação de formas parasitárias na circulação. · Reação inflamatória – Degeneração e necrose do tecido afetado. · Formação de granuloma. · Fibrose – Neoformação tecidual em substituição do tecido necrosado. Fase aguda – Duração de até 8 semanas. · Chagoma de inoculação (edema). · Sinal de Romaña (edema bipalpebral unilateral). Fase crônica – Média de 20 anos. Forma mais comum na evolução da doença. · Assintomático. · Sorologia IgG (+). · Geralmente o diagnóstico é acidental, após exame laboratorial (IgG+) na tentativa de doar sangue. · Ação do sistema imunológico diminuindo a parasitemia · Migração de parte dos parasitas migrando para vísceras. · Paciente sem evolução clínica por até 20 anos. OBS: Há parasitismo tecidual, entretanto com lesões subclínicas. Fase crônica ou Cardiopatia Crônica Chagásica (CCC) · Comprometimento da função de bomba cardíaca, evolutiva para ICC (insuficiência cardíaca crônica), com palpitações, arritmias, vertigem, tonturas. · Hepatoesplenomegalia, edemas, ascite e derrame pleural (estase sanguínea). · Formação de trombos que embolizam para rins, pulmões e cérebro (diminuição da velocidade de circulação = estase sanguínea). Detecção: uso de ECG, ecocardiograma e demais imagens. Fase crônica digestiva – Acometimento do esôfago e cólon · Perda de enervação parassimpática por ação destrutiva inflamatória. · Dificuldade de peristaltismo – megacólon, megaesôfago. Esofagopatia · Disfagia (dificuldade de deglutir). · Odinofagia (dor ao deglutir) e soluço. · Pneumonia por regurgitação do alimento. · Esofagite. Detecção: Exames de imagem com contraste. Colopatia · Constipação severa (dias- meses), distenção e dores abdominais, meteorismo (gases). · Disquezia (dificuldade de expulsar massa fecal) e formação de fecaloma (fezes empedrificadas). Fase nervosa crônica Inflamação do espaço meníngeo – meningoencefalite. Diagnóstico laboratorial FASE AGUDA: Elevada parasitemia Método Parasitológico Direto – Tripomastigotas. Gota espessa – Lâmina corada por Leishman ou Giemsa · Material coletado por punção digital, seguida de esfregaço. Método Parasitológico Indireto – Tripomastigotas · Hemocultura. · Xenodiagnóstico. Métodos imunológicos · IgM – Detectáveis após 10 dias da infecção – Fase Aguda da Doença (até 8 semanas). · IgG – Detectáveis após 4 semanas da infecção – Metade da fase aguda, Fase Indeterminada/ Crônica. · Na doença congênita · RN apresente IgG materno até 5 meses de vida. Portanto, é indicado Xenodiagnóstico e/ou Hemocultura. · IgM + após primeiros meses de vida da criança (relatos em 1 mês). FASE CRÔNICA – Baixa parasitemia: IgG (+)/ IgM (-) · IF – IgG (+) > 1:80. · ELISA – IgG (+) > 1:1,2. · Aglutinação (+) > 1:32. · Fixação do Complemento – Reação de Machado Guerreiro. · Biópsia – Esôfago, cólon e reto corados por H/E (pesquisa de amastigotas). Tratamento (cura não descrita na literatura) · Uso conjunto de Nifurtimox e Benznidazol (ativos contra formas sanguíneas e tissulares do agente etiológico). Nifurtimox Adultos – 10mg/Kg – VO – 2x ao dia – 30-60 dias. Crianças – 15mg/ Kg – VO – 2x ao dia – 30-60 dias. Benznidazol Adultos – 5mg/Kg – VO – 2 x ao dia. Crianças – 10 mg/Kg – VO – 2x ao dia. · Além de · Corticoides (diminuir a reação inflamatória nos tecidos durante – miocardite). · Marcapasso e/ou Amiodarona (controle de arritmias). · Aspirina (fenômenos tromboembolísticos). · Dinitrato de isossorbitol ou nifedipina (para relaxar o esfíncter esofágico). · Demais tratamentos para fenômenos digestivos são cirúrgicos. Profilaxia · Substituição de casas de pau-a-pique, cafuas (onde vivem barbeiros). · Controle de transfusão (IgG). · Xenodiagnóstico em RN de mãe chagásica para tratamento imediato. · Luta direta contra triatomíneos. · Evitar reservatórios naturais (Gambá, tatu, tamanduá, macacos e morcegos). Aula 16.03 – Amebíase Definição É uma doença infecciosa que atinge o trato gastrointestinal humano, causada pelo patógeno Entamoeba histolytica. · Importante problema de saúde pública = segunda ou terceira causa de mortes por parasitoses. Classificação A classificação das amebas que vivem no intestino humano é a seguinte: · Reino: Protozoa; · Filo: Sarcomastigophora; · Superclasse: Sardocina; · Classe: Lobosea; · Ordem: Amoebida; · Família: Entamoebidae; · Gêneros: Entamoeba; Iodamoeba; Endolimax. . GÊNERO Entamoeba As espécies foram reunidas em grupos de acordo com o número de núcleos do cisto maduro (ou pelo desconhecimento dessa forma): ·8 núcleos: Entamoeba coli · 4 núcleos: Entamoeba histolytica e Entamoeba dispar · 1 núcleo: Entamoeba polecki · Cistos não conhecidos ou não possuem cistos: Entamoeba gingivalis Complexo: E. histolytica/ E. dispar · Aproximadamente durante um século, E.. histolytica foi considerada como uma única espécie. · Até que estudos baseados em: · Evidências bioquímicas – Diferenças no perfil isoenzimático; · Métodos imunológicos – Através de anticorpos monoclonais (proteínas da superfície da ameba); · Técnicas genéticas – Através de diferenças no DNA genômico ou ribossomal dessas amebas; · Diferenças nas formas clínicas da doença. Conclui – se a existência de duas espécies do gênero Entamoeba que formam um complexo. Entamoeba histolytica (Schaudinn, 1903) · Apresenta diversos graus de virulência, invasiva; · Apresenta diversas formas clínicas. Entamoeba dispar (Brumpt, 1925) · Pode causar erosões na mucosa intestinal, sem invasão; · Maior parte dos casos assintomáticos e colite não disentérica. · O complexo E. histolytica/ E. dispar foi acatada pela OMS em 1997, numa reunião, no México, para tratar do assunto. Epidemiologia Cosmopolita – Varia de acordo com a região, de 5 a 50% das pessoas infectadas. · 500 milhões de infectados, 10% com formas invasivas. Óbito anual de 100.000 pessoas · Regiões tropicais/ subtropicais; · Condições precárias de higiene; · Estado nutricional deficiente. Américas – México, América central, Peru, Colômbia, Equador. Brasil – Até 30% das parasitoses intestinais (AM, PA, BA, PB, RS). Transmissão Fecal- oral – Pela ingestão de alimentos ou água contaminados por fezes contendo cistos amebianos maduros. Transmissão sexual (contato oral-anal) – Mais raramente. · Este parasita pode atuar como comensal ou provocar invasão de tecidos, originando as formas intestinal ou extra-intestinal da doença. Morfologia do parasita Cisto · É a forma infectante; · Esférico ou oval; · Contorno definido (membrana cística), 8 – 20 micrometros; · 1 a 4 núcleos; · Corpos cromatóides em formato de charuto (extremidades arredondadas). · É resistente a condições ambientais hostis, incluindo o cloro utilizado para a purificação da água, acidez gástrica, enzimas digestivas; · Podem ser mortos por aquecimento a 55°C. · Forma infectante; · Não se locomove; · Não alimenta; · Resistente. Trofozoíto · Forma irregular, 20 – 40 micrometros; · Uninucleado e móvel (se locomovem pela emissão de pseudópodes); · Núcleo vesiculado – com cromatina organizada lembrando “roda de carroça”; · Ectoplasma hialino e endoplasma rico em inclusões. · Colonizam o lúmen do intestino grosso; · Podem invadir o revestimento mucoso e acometer fígado, pulmão, pele e até cérebro. · Forma vegetativa; · Ativa; · Alimentação; · Reprodução; · Movimentação. Reprodução Assexuada: Divisão binária ou cissiparidade Locomoção Pseudópodos. Fisiologia da Entamoeba histolytica · As amebas ingerem alimentos quer por fagocitose, quer por pinocitose. · Acumulam grandes reservas de polissacarídeos dos quais ao menos uma parte é glicogênio. · Microaerófila. – Ela deriva sua energia da transformação da glicose em ácido pirúvico. · Necessidade de ferro em quantidade acima da média normal – A avidez que os trofozoítas demonstram pelas hemácias talvez esteja relacionada com isso e se reflete na patogenicidade. Ciclo de vida – monoxênico Ciclo não invasivo – Não patogênico · Ingestão de cistos; · Trofozoítos liberados no final do íleo; · Colonização do Intestino grosso; · Multiplicação dos trofozoítos na superfície da mucosa do Intestino grosso; · Formação e eliminação dos cistos. · Assintomático. Ciclo invasivo – Patogênico · Ingestão de cistos; · Trofozoítos liberados no final do íleo; · Colonização do Intestino grosso; · Multiplicação dos trofozoítos e invasão da mucosa e submucosa do Intestino grosso; · Úlceras em botão de camisa; · Localizações extra intestinais (fígado, coração, pulmão e cérebro); · Disenteria amebiana aguda; · Não há formação de cistos. · Doença. Colite amebiana – Indução da inflamação e lesões teciduais Manifestações clínicas 1. Assintomático Entamoeba dispar – Não invasiva; Entamoeba histolytica – 90% das infecções. · Autolimitada; · Recorrente; · Presença de cistos nas fezes; · Disseminadores da infecção. 2. Sintomático · Manifestações intestinais · Agudas Disenteria amebiana aguda ou colite disentérica; Colite fulminante. · Crônicas Colite não disentérica; Ameboma. · Manifestações extra intestinais Abscesso hepático Pulmão – coração – cérebro – pele. Quadro clínico A infecção por Entamoeba histolytica é assintomática em 90% dos pacientes, mas exibe potencial de se tornar invasiva devendo, portanto, ser tratada. O quadro clínico pode variar de eliminação assintomática dos cistos a colite ou disenteria amebianas, ameboma e doenças extra intestinais. · A doença grave é mais comum entre crianças pequenas, gestantes, desnutridos e pessoas em uso de corticosteróides = Colite fulminante. · A forma intestinal da infecção pode manifestar-se de maneira clássica, com períodos de diarreia com muco e, às vezes, raias de sangue nas fezes e períodos de acalmia (funcionamento intestinal normal ou mesmo um grau leve de constipação); febre raramente. · A disenteria amebiana aguda apresenta acometimento do estado geral, cólica, tenesmo, náuseas e vômitos, febre e calafrios eventualmente, distensão abdominal e, às vezes, desidratação = frequência alta de evacuações (10 ou mais vezes ao dia) e fezes disentéricas, isto é, mucopiossanguinolentas. Complicações da amebíase aguda · Hemorragia; · Peritonite; · Apendicite; · Perfurações; · Associações bacterianas. Manifestações intestinais crônicas 1. Colite não disentérica · Manifestações clínica mais frequente; · Quadros diarréicos de curta duração intercalados com períodos de fezes normais ou de constipação intestinal sem sintomas; · Inflamação dos cólons sem invasão de tecidos e situações invasivas com ulcerações leves superficiais; · Dor leve. 2. Ameboma · Massa tumoral na mucosa intestinal; · Tecido granulomatoso, crescimento contínuo; · Reação de hipersensibilidade do hospedeiro; · Diferenciar de tumores benignos, esquistossomose e etc; · Poucas amebas dificultam diagnóstico em biópsias. Amebíase extra intestinal Disseminação hematogênica (veias do sistema porta). Trofozoítos resistentes à lise mediada por complemento. Fígado, pulmão, coração, cérebro. As formas extra-intestinais são raras no Brasil. · A doença extra-intestinal em geral acomete apenas o fígado (abscesso hepático). No entanto, outras manifestações raras incluem abscessos amebianos cerebrais, doença pleuropulmonar e lesões ulcerativas na pele e trato geniturinário. Período de incubação Varia de sete dias até quatro meses e é bastante difícil de ser determinado. = Situa-se comumente entre 2 a 4 semanas. Diagnóstico laboratorial Amostras Diagnóstico histopatológico em: Peças cirúrgicas e/ou biopsias. Pesquisa do agente em: Aspirados de abscessos/ coleções; Raspados de lesões de pele. Fezes Exame parasitológico das fezes (EPF) · Tem como objetivo identificar trofozoítos ou cistos. Fase aguda (eliminação de trofozoítos) Método direto – Fezes coradas pela técnica de lugol e hematoxilina férrica. Fase crônica (eliminação de cistos) Método de Faust Método de sedimentação espontânea (Hoffmann). · Fezes líquidas – Schaudinn, SAF e exame direto ou em 30 minutos. · Fezes formadas – Formol a 10%, MIF, SAF e técnicas de concentração (Faust, Rictchie e hematoxilina férrica). Pesquisa de antígenos nas fezes · Coproantígeno ou ELISA de captura. PCR nas fezes · DNA de cistos/ trofozoítos. Tratamento METRONIDAZOL · Formas intestinais: 500 mg 3x ao dia por 10 dias · Crianças: 35 mg/kg por dia, dividido em 3 tomadas · Formas graves intestinais ou extraintestinal: 750 mg 3x ao dia por 10 dias · Crianças: 50 mg/kg por dia, dividido em 3 tomadas · Nas formas graves, pode ser utilizado a via IV: 500 mg a cada 8 horas. TINIDAZOL · 2 g (dose única) para adultos.· Crianças: 50 mg/kg por dia, durante 2 dias. SECNIDAZOL · 2 g/dia (dose única · Cç 30 mg/kg por dia. ETOFAMINA · 200 mg 3x ao dia por 5 dias · TECLOZAM · 100 mg 3x ao dia por 5 dias · OUTROS: · Iodoquinol · Furoato de Diloxanida · Paromomicina. · Se necessário Intervenção cirúrgica; Associação com outros antimicrobianos – Para bactérias. Prevenção · Melhoria de condições sanitárias; · Destino adequado das fezes; · Higiene dos alimentos e das mãos; · Consumo de água fervida ou filtrada; · Tratamento dos portadores.
Compartilhar