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2010 Sistemas de Informação em MARKETING Ovidio Felippe Pereira da Silva Júnior IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. © 2010 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: IESDE Brasil S.A. S586 Silva Júnior, Ovidio Felippe Pereira da. / Sistemas de Informação em Marketing. / Ovidio Felippe Pereira da Silva Júnior. — Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2010. 276 p. ISBN: 978-85-387-1088-2 1.Administração mercadológica. 2.Marketing. 3.Planejamento estratégico. 4. Comércio eletrônico. I. Título. CDD 658.802 Ovidio Felippe Pereira da Silva Júnior Doutor em Engenharia de Produção pela Univer- sidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Engenharia de Produção e Sistemas na área de Avaliação e Inovação Tecnológica pela UFSC. Especialista em Organização, Sistemas e Méto- dos pela UFSC. Especialista em Gestão de Hote- laria e Turismo pela Universidade Vale do Itajaí (Univali). Bacharel em Administração de Empre- sas com ênfase em Sistemas de Informação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professor universitário da Univali. Pesquisador do núcleo de estudos de Inovação e Gestão de Tecnologia da Informação (IGTI–UFSC). Coor- denador do Núcleo de Inovação Tecnológica e coordenador da Pós-Graduação em nível de especialização em Gerência de Projetos da Univali. Consultor, com mais de 30 anos de experiência na área de Gestão de Informática em empresas de significativa atuação nacional, tendo desen- volvido atividades nas áreas de: Sistemas de Informação, Gestão de Informática, Organiza- ção e Métodos, Consultoria em Informática, Sistemas de Informação para Executivos, e Sis- temas de Informação de Gestão de Marketing. Experiência de mais de 20 anos na carreira acadê- mica como professor e pesquisador em: Tecno- logia da Informação, Organização Empresarial, Sistemas de Informações Gerenciais, Gerência de Projetos, Empreendedorismo e Inovação. su m ár io su m ár io su m ár io su m ár io Fundamentos de sistemas de informação 15 15 | O papel da informação nas organizações 18 | Conceitos de dado, informação e conhecimento 20 | Características dos sistemas de informação 23 | Componentes dos sistemas de informações 26 | Tipos de sistemas de informação empresariais 28 | Gerenciamento estratégico da informação de marketing Processos e informações de marketing 37 37 | As necessidades de informações para os processos de marketing 41 | Conceito de processos 44 | Tipos de processos 48 | Processos tradicionais de marketing 50 | Processos como instrumento do Sistema de Informações de Marketing (SIM) Sistemas de Informação em Marketing 61 61 | A importância da informação no marketing contemporâneo 65 | Visão geral dos Sistemas de Informação de Marketing (SIM) 67 | Registros internos – inteligência de marketing 74 | SIM e seus subsistemas Marketing eletrônico 81 81 | Conceitos do marketing eletrônico 89 | Recursos do marketing eletrônico 93 | Aplicações do marketing eletrônico Banco de dados de marketing 101 101 | Conceito geral sobre a base de dados de marketing 106 | Conteúdo do database de marketing Sistemas de suporte às decisões de marketing 121 121 | Sistemas de Informação Gerencial 124 | Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) 128 | Estruturação do sistema de suporte à decisão 132 | Aplicações nas decisões de marketing Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência 141 | Processo da inteligência de marketing 144 | Os processos de aquisição de dados para o SIM 145 | Monitoração do ambiente de inteligência de marketing 152 | Estruturação do sistema de monitoramento da concorrência 154 | Resultados da Inteligência Competitiva de marketing 141 su m ár io su m ár io su m ár io su m ár io Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) 165 | Conceitos gerais sobre sistemas CRM 169 | Funções típicas de um CRM 174 | As necessidades de informações para implementação de um CRM 178 | O CRM como um fornecedor de informações para o SIM Aplicações das informações de marketing 185 185 | Avaliação do potencial de um mercado e clientes potenciais 189 | Monitoramento da distribuição, preço, promoção e produto 194 | Pesquisa de pontos de vendas 197 | Avaliação da imagem e posicionamento 199 | Métricas para avaliar a satisfação dos clientes e padrões de atendimento Tecnologias de consultas de informações do SIM 205 205 | Introdução 205 | As consultas típicas associadas ao SIM 209 | As ferramentas do processamento analítico – On-Line Analytical Processing (OLAP) 213 | Os sistemas de mineração de dados – data mining 216 | Os sistemas especialistas e de inteligência artificial Segurança, privacidade e ética nos Sistemas de Informações de Marketing 225 | As pessoas e as informações de marketing 230 | Questões de segurança de informações 235 | Questões de privacidade 237 | Questões éticas 165 225 Implantação de Sistemas de Informação de Marketing 245 245 | O processo de implementação de um SIM 249 | Os pré-requisitos para a implementação 250 | Levantamento das necessidades de informação 252 | O envolvimento das equipes de marketing e pesquisa 254 | A necessidade de gerenciamento das mudanças envolvidas Gabarito 263 Referências 267 Anotações 275 Apresentação Sistem as de Inform ação em M arketing Por que é importante estudar Sistemas de Informação em Marketing? É o mesmo que perguntar por que é im- portante estudar contabilidade, finanças, pro- dução, recursos humanos ou outra função da organização. Sistemas e tecnologias de infor- mação tornaram-se um componente vital ao sucesso de empresas e organizações. Assim, constituem um campo de estudo essencial em administração e gerenciamento de marketing. Como você busca um crescimento profissional e formação em nível de Pós-Graduação em Marketing é importante possuir uma compre- ensão básica de sistemas de informação para entender como essa área de conhecimento poderá apoiar as ações diretas de marketing nos negócios empresariais. Mas, além de procurar despertar a neces- sidade de uma visão sistêmica do profissio- nal de Marketing, é preciso também ter uma visão sistêmica. Houve uma época em que se acreditava que o marketing era apenas uma área que visava planejar possíveis lançamentos de produtos, levando em consideração as necessidades exis- tentes ou possíveis dos consumidores. Hoje, o marketing evoluiu e faz parte de uma gestão empresarial que tem como objetivo o encontro do equilíbrio entre potencial, necessidades e expectativas entre empresas e mercados. Para acompanhar a evolução, o profis- sional deve ter uma visão sistêmica, buscar colaboração em todos os setores de uma organização. A tendência é que os antigos departamentos de marketing gerenciem pro- dutos, realizem pesquisas, planejamento e in- termediação entre produção, compras, finanças e recursos humanos. As grandes organizações já apoiam esse tipo de gestão, com visão gerencial e estratégica, sem deixar de lado a criatividade e a comunicação. Como a abordagem do marketing é ampla, também é grande o campo de trabalho para os profissionais da área. Os profissionais terão de encontrar mecanismos alternativos e fazer uma divulgação diferenciada. Nesse sentido, o uso da informaçãopara alavancar as estratégias de marketing passa a ser um recurso essencial para o profissional que quiser obter sucesso nos seus constantes desafios da carreira. O objetivo geral deste livro é proporcio- nar, a partir de uma abordagem sociotécni- ca, o conhecimento de conceitos sobre os fundamentos de Sistemas de Informação em Marketing, para auxiliar nas áreas de inova- ção, planejamento e gerenciamento da infra- estrutura de informação e coordenação dos recursos de informação nas organizações e no desenvolvimento e evolução de sistemas de informação e infraestrutura de informação para uso em processos organizacionais ou in- dividualmente. Nossa proposta para essa dis- ciplina está distribuída em 12 aulas, a saber: Fundamentos de sistemas de informação, essa aula abordará a informação como recur- so estratégico no marketing e seu contexto como conceito de dado, informação e noções fundamentais a respeito dos atributos da informação. Ainda, apresentam-se os tipos de Sistem as de Inform ação em M arketing sistemas de informação e o gerenciamento estratégico da informação de marketing. Processos e informações de marketing trata das necessidades de informações para os processos de planejamento e administra- ção de marketing, os conceitos de processos de forma geral e os processos tradicionais de marketing. Inicia-se caracterizando a utiliza- ção dos processos como um instrumento do Sistema de Informações de Marketing (SIM). Sistemas de Informação em Marketing, abordam-se a importância da informação no marketing contemporâneo. É uma visão geral dos SIM, destacando: registros internos, inteli- gência de marketing, Sistemas de Apoio a Deci- sões de marketing e a pesquisa no marketing. Marketing eletrônico, inicia-se caracteri- zando o ambiente geral de funcionamento do marketing eletrônico. Ainda, conceitua-se internet como o principal recurso tecnoló- gico que viabiliza o marketing eletrônico, o comércio eletrônico mais especificamente e o próprio marketing na internet. Concluin- do, apresenta os recursos disponíveis para o marketing na internet e algumas aplicações do marketing eletrônico. Banco de dados de marketing, o conteú- do dessa aula, inicialmente, aborda conceitos gerais sobre a base de dados de marketing. Após é estudado o marketing baseado em banco de dados (conteúdos e aquisições de dados para um database de marketing). E, também caracteriza-se o database de marketing como parte integrante de um SIM. Sistem as de Inform ação em M arketing Sistemas de suporte às decisões de marketing, discute-se esse tema apresentando como pre- missa a estruturação do sistema de suporte à decisão. E na sequência outros tipos de siste- mas de suporte gerencial e também algumas aplicações nas decisões de marketing. Sistemas de inteligência de marketing e análise de concorrência, os principais temas demonstrados nessa aula são: o processo da inteligência de marketing; os processos de aquisição de dados para o SIM (alimentação do sistema e aquisição de informações com- petitivas); a monitoração do ambiente (in- teligência de marketing); a estruturação do sistema de monitoramento da concorrência; a captura de informações internas (sistemas transacionais, gerenciais, qualidade, controles, estatísticas internas), e ainda, para concluir, os resultados de pesquisas de marketing. Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM), quanto ao assunto sobre CRM, são os seguin- tes tópicos estudados nessa aula: conceitos gerais de CRM; as funções típicas de um CRM; as necessidades de informações para imple- mentação de um CRM e discute-se esse tipo de sistema como um fornecedor de informa- ções para o SIM. Aplicações das informações de marketing, relata-se as seguintes áreas de interesse sobre o tema: a avaliação do potencial de um mer- cado; os clientes potenciais; a avaliação de novas ideias; o monitoramento da distribui- ção, preço, promoção e produto; a pesquisa para novos pontos de venda. E ainda, a avalia- Sistem as de Inform ação em M arketing ção da imagem e posicionamento, bem como as métricas para avaliar a satisfação dos clien- tes e padrões de atendimento. Tecnologias de consultas de informações do SIM, explica-se o conteúdo sobre as con- sultas de informações através: das consultas típicas associadas ao SIM; das ferramentas OLAP (Online Analytical Processing – processa- mento analítico); dos sistemas de data mining (mineração de dados); as ferramentas de con- sultas ad hoc; e também, os sistemas especia- listas e de inteligência artificial. Segurança, privacidade e ética nos Siste- mas de Informações de Marketing, concluindo a disciplina, aborda-se alguns aspectos admi- nistrativos em relação a sistemas de informa- ções, especificamente no marketing, através: das pessoas e informações de marketing; das questões de segurança de informações; das questões de privacidade e questões éticas. Implantação de Sistemas de Informação de Marketing, finalmente, nessa aula, conclui-se a disciplina, caracterizando alguns tópicos sobre o processo de implantação de sistemas de informações, como: o processo de imple- mentação de um SIM; os pré-requisitos para a implementação; sobre o levantamento das necessidades de informação; sobre informa- ções históricas. E fechando, estuda-se o envol- vimento das equipes de marketing e pesqui- sa, além da necessidade de gerenciamento das mudanças envolvidas. Bem, desejo uma boa leitura, perseverança e paciência nos estudos! Sistem as de Inform ação em M arketing Fundamentos de sistemas de informação O papel da informação nas organizações O conceito de informação, assim como sua importância, pode ser expli- cado pela literatura de diversas maneiras, geralmente conceituado como um fato, um evento ou um comunicado. Contudo, é possível que determina- dos fatos ou eventos não sejam comunicados, circulando apenas os boatos. Assim, podemos dizer que um fato comunicado seria uma definição mais apropriada para informação. Dentre os diversos recursos intangíveis utilizados por uma organização, destaca-se a informação, que é vista como a principal entrada para processos analíticos e decisórios, conduzindo-os com eficiência, eficácia e efetividade. Em uma organização, podemos classificar as informações como: operacio- nais, necessárias à realização de determinadas operações e gerenciais, que são informações resumidas direcionadas à tomada de decisão da gerência. Geralmente, as organizações fazem uso da informação para: compreender as mudanças e o desenvolvimento no seu ambiente � externo; produzir conhecimento novo por intermédio da aprendizagem � organizacional; tomar decisões. � A importância da informação e a sua própria concepção foram se modifi- cando com o passar dos anos, conforme demonstra o quadro abaixo. Quadro 1 – Evolução do conceito de informação Período Conceito de informação Importância Anos 1950 Requisito burocrático necessário. Redução do custo de processa- mento de muitos papéis. Anos 1960 e 1970 Suporte aos propósitos gerais. Auxiliar no gerenciamento de di- versas tarefas da organização. Anos 1970 e 1980 Controle do gerenciamento da organização. Auxiliar e acelerar os processos de tomada de decisão. Anos 1990 Vantagem competitiva. Garantir a sobrevivência e prospe- ridade da organização. (L AU D O N ; L AU D O N , 1 99 6) 16 Fundamentos de sistemas de informação Atualmente, o objetivo da informação é garantir a sobrevivência e o cres- cimento da organização, diante das tendências de mudanças no âmbito tec- nológico, econômico e social. A informação precisa ser oportuna, disponibili- zada com qualidade e utilizada corretamente, atuandocomo fator essencial para o sucesso da organização num mercado ágil e instável. A capacidade de se adaptar às mudanças, de inovar constantemente e de tomar decisões que guiem a organização até seu objetivo passa a ser um elemento estratégico de sobrevivência e permanência no mercado atual. Assim, as organizações passam a ter seu valor relacionado às suas estratégias competitivas ligadas à informação, determinando sua trajetória de sucesso. A informação permite converter percepções em ações concretizadas na forma de tomada de decisão, promovendo uma significativa amplia- ção da capacidade de aprendizagem criativa e adaptativa das organiza- ções, permanecendo num processo contínuo e crescente. Desse modo, o ambiente empresarial sofre reflexo direto, pois a informação passa a ser um fator estratégico. Seu eficaz gerenciamento resulta em um diferencial competitivo constituindo-se em um dos recursos mais importantes no ambiente empresarial. A informação como recurso estratégico no marketing A informação tornou-se um recurso estratégico imprescindível para as organizações e o crescimento de sua importância pode ser explicado pela busca constante por melhores resultados, sustentado pelo crescente desen- volvimento tecnológico, o que possibilitou a transformação das organiza- ções, fundamentalmente no que diz respeito à sua estruturação, divisão do trabalho, acompanhamento de processos e novas formas de coordenação. As grandes organizações têm consciência de que para sair à frente do mercado é necessário reter o maior número de informações importan- tes. Essa necessidade de informação para o planejamento e controle de marketing é muito mais ampla e implica na busca de informações em várias fontes, inclusive na própria organização. Segundo Mattar (1998), os tipos de informações podem ser classificados em informações sobre análise da situação, informações sobre as variáveis de decisão de marketing e informações sobre medidas de desempenho. Fundamentos de sistemas de informação 17 Informações para a análise da situação Análise da demanda � : comportamento, necessidades, desejos e carac- terísticas do consumidor/cliente e características de mercado. Concorrência � : identificação dos concorrentes e de suas características. Microambiente � : empresa, fornecedores, clientes, concorrentes e pú- blicos de relacionamento. Macroambiente � : demográfico, sociocultural, físico, tecnológico, eco- nômico, político e legal. Informações sobre as variáveis de decisão de marketing Produto � : atributos, benefícios, diferenciação no mercado, serviços pós-venda, necessidade de alterações, avaliação de desempenho de vendas e percepção de mercado. Preço � : vendas, lucros, elevação/redução, estabelecer política de descon- to, preço por linha de produtos e reação aos preços da concorrência. Pontos de distribuição � : intermediários, novos pontos, motivações e margens de lucro apropriadas. Informações sobre medidas de desempenho Vendas atuais, participações no mercado, lucros por linha de produtos, imagem da empresa e dos produtos no mercado, pesquisas de opinião (quanto a propagandas, promoções etc.) e nível de participação na distribui- ção são exemplos de informações sobre medidas de desempenho. A gestão das informações apresenta-se como um dos campos do traba- lho gerencial mais dinâmico, especialmente em razão das grandes mudan- ças associadas à tecnologia da informação. Assim, a análise do sistema de informação de uma organização também pode ser ponto de partida para que se possa avaliar sua posição estratégica no mercado em que atua. As decisões de marketing são tomadas em ambientes turbulentos, que estão em contínua transformação, representando riscos que podem ser re- duzidos na medida em que os gerentes de marketing estejam munidos das informações adequadas no que se refere a quantidade e qualidade. Geral- 18 Fundamentos de sistemas de informação mente, o administrador de marketing não tem problemas com a quantidade de informações e sim com a qualidade. Nesse contexto, para que o planejamento de marketing seja eficiente, as informações devem facilitar o processo de tomada de decisão. Faz-se neces- sário, portanto, aprender como gerir a informação para organizar sistemas de informação que tenham como objetivo principal auxiliar os administradores de marketing a tomar as melhores decisões, reduzindo assim as incertezas. É clara a relevância da Tecnologia da Informação (TI), atualmente muito pre- sente nas diversas atividades da empresa, inclusive no marketing. Conceitos de dado, informação e conhecimento Para produzir valor e satisfação para os clientes, as organizações precisam de informações em quase todos os níveis. Sendo assim, é importante escla- recer alguns conceitos: Dados � – são simples observações sobre o estado do mundo, são facil- mente estruturados, obtidos por máquinas, frequentemente quantifi- cados e facilmente transferidos. Informação � – são dados dotados de relevância e propósito. Requer unidade de análise, exige consenso em relação ao significado e neces- sariamente exige a mediação humana. Conhecimento � – é a informação da mente humana, inclui reflexão, síntese e contexto, é de difícil estruturação, de difícil captura em má- quinas e de difícil transferência. Todo dado coletado dentro ou fora da organização é um potencial ge- rador de informação. Uma empresa nunca pode ignorar a importância de dados simples como potenciais vetores para o desenvolvimento de uma vantagem competitiva. Uma das formas mais importantes de reduzir o risco da administração de marketing é dispor do máximo de conhecimento e compreensão do comportamento das muitas variáveis internas e externas à organização. A informação passa a ser um recurso estratégico extremamente impor- tante para o sucesso em um mercado competitivo, ela é usada para conhe- cer concorrentes, produtos, fornecedores e outras fontes de informação para negócios. As informações podem ser acumuladas e obtidas de diversas formas, Fundamentos de sistemas de informação 19 tornando-se imprescindível saber interpretá-las para utilizar adequadamente e de forma crítica. No processo de gestão da informação, a maneira pela qual dado e infor- mações são gerenciados afeta todos os níveis hierárquicos (gerencial, ope- racional), bem como os diversos departamentos (financeiro, recursos huma- nos, marketing) já que cada uma dessas áreas tem necessidades específicas de informação. É importante lembrar que qualquer tomada de decisão só será bem su- cedida se os dados e as informações que a suportam tiverem validade e re- fletirem a realidade dos elementos que influenciam essa decisão. Portanto, a informação deve ter valor para que seja utilizada na tomada de decisão. Alguns autores, como Reis (2009) e Benedetti (2008), consideram a in- formação como uma classe especial de ativo da organização. Assim como outros ativos (equipamentos, imóveis etc.), a informação deve ser adminis- trada e, como tal, possui algumas leis que definem o seu comportamento: 1.ª Lei – A informação é compartilhável: diferentemente dos ativos comuns, a informação pode ser dividida e utilizada simultaneamente por inúmeras pessoas, sem que seja consumida nesse processo. Tal caracterís- tica pode ser explorada para atingir tanto integrantes do ambiente interno quanto externo, aumentando seu valor à medida que um número maior de usuários é atingido. 2.ª Lei – O valor da informação: aumenta conforme o uso, quanto mais utilizada, maior o valor associado a ela. Saber que ela existe, saber onde ela está armazenada, ter acesso a ela e saber com utilizá-la, constituem-se em pré-requisitos para o uso efetivo da informação. 3.ª Lei – A informação é perecível: com o decorrer do tempo, a infor- mação perde parte do seu valor potencial. Podemosexplicar essa situação citando como exemplo o acesso às informações sobre planos de marketing de um concorrente. Se for adquirido a tempo, esse tipo de informação pode servir para ajustar suas estratégias de marketing para fazer frente à competi- ção, diminuindo gradativamente o valor da informação para o concorrente e diminuindo o papel decisório que poderia desempenhar na organização. 4.ª Lei – O valor da informação aumenta com a precisão: quanto mais precisa for, mais valiosa e útil se torna a informação. Quando impróprias, podem causar prejuízos originando erros operacionais e decisões equivo- 20 Fundamentos de sistemas de informação cadas. Contudo, a precisão das informações é útil em determinadas situa- ções, como num controle de voos ou de contas. Em outras situações como na análise estatística de opiniões sobre produtos podem se apresentar com valores aproximados. 5.ª Lei – O valor da informação aumenta quando há combinação de informações: quanto mais integrada estiver, maior seu valor potencial dentro da organização. Para explorar essa característica surgiram os sistemas integrados de gestão, dando suporte a diversas áreas da organização de ma- neira independente. A integração da informação permite a obtenção de uma visão sistêmica dos processos, em substituição à visão estanque de funções, departamentos e produtos. 6.ª Lei – Ter mais informações não é necessariamente melhor: infor- mação em excesso pode fazer com que seu valor diminua. Com o crescente uso da tecnologia e facilidade para criar, processar e distribuir informações (internet, por exemplo), o principal problema nas organizações não é a falta e sim o excesso. Daí a necessidade dessas informações passarem por pro- cessos de filtragem antes de serem efetivamente utilizadas, fazendo uso de critérios relevantes, quantidade e qualidade. 7.ª Lei – A informação se multiplica: a informação se multiplica quando é submetida a processos de análise, síntese e combinação. Para alcançar seus objetivos, as organizações dependem das informa- ções oriundas de várias fontes, dispostas de forma organizada, atualizada e acessível a qualquer momento. Entram em cena os sistemas de informa- ção cujo objetivo é gerar subsídios para a tomada de decisão a partir da coleta, processamento e transformação dos dados em informação, pre- parando a organização para enfrentar as tendências da crescente com- petitividade do mercado. Características dos sistemas de informação Laudon e Laudon (2001) destacam que a revolução do conhecimento e da informação começou na virada do século XX e evolui gradativamente. Os autores observam que com o crescimento da economia da informação vem ocorrendo um declínio no número de trabalhadores rurais e de operários de fábricas; e, paralelamente, ocorre um aumento dos trabalhadores de escri- tório que produzem valor econômico usando conhecimento e informação. Fundamentos de sistemas de informação 21 Ou seja, conhecimento e informações estão se tornando a base para novos serviços e produtos. A tendência da mudança do perfil do trabalhador tem ampliado o escopo da área de sistemas de informação, conforme apresenta o quadro a seguir. Observa-se que com a evolução do tempo, os sistemas de informação pas- saram a ter um papel de maior apoio nas organizações, expandindo-se, de um papel mais técnico, inicialmente, para afetarem o controle e o compor- tamento administrativo, impactando mudanças sobre os usuários finais e gerentes de uma organização. Quadro 2 – Evolução do papel dos sistemas de informação nos negócios Período Características dos SI Papel dos SI nos negócios 1950 a 1960 Processamento de dados (ênfase Mudanças Técnicas) Sistemas de processamento ele- trônico de dados – processamen- to de transações, manutenção de registros e aplicações contábeis tradicionais. 1960 a 1970 Relatórios administrativos (ênfase Controle Gerencial) Sistemas de informação geren- cial – relatórios administrativos de informações pré-estipuladas para apoio à tomada de decisão. 1970 a 1980 Apoio à decisão (ênfase Controle Gerencial) Sistemas de apoio à decisão – apoio interativo e ad hoc ao pro- cesso de tomada de decisão ge- rencial. 1980 a 1990 Apoio estratégico ao usuário final (ênfase Atividades Institucionais Essenciais) Sistemas de computação do usuário final – apoio direto à computação para a produtividade do usuário final e colaboração de grupos de trabalho. Sistemas de informação execu- tiva (EIS) – informações críticas para a alta administração. Sistemas especialistas – conselho especializado baseado no conheci- mento para os usuários finais. Sistemas de informação estraté- gica – produtos e serviços estraté- gicos para vantagem competitiva. A partir de 1990 Empresa e conexão em rede global (ênfase Atividades Institucionais Essenciais) Sistemas de informação interco- nectados – para o usuário final, a empresa e a computação, comu- nicações e colaboração interorga- nizacional, incluindo operações e administração globais na internet, intranets, extranets e outras redes empresariais e mundiais. (L AU D O N ; L AU D O N , 2 00 1; O ’B RI EN ; M O RE IR A , 2 00 1. A da pt ad o. ) 22 Fundamentos de sistemas de informação Atualmente, os sistemas de informação ocupam um papel de intensa par- ticipação e influência nas atividades institucionais relativas a produtos, mer- cados, fornecedores e clientes. Isso respaldado, principalmente, pelo rápido crescimento das tecnologias de internet, como suporte na construção de redes globais interconectadas. A partir desse entendimento da evolução dos sistemas de informação, começamos a introduzir os conceitos básicos sobre o tema e justifica-se o porquê de entendê-los. De acordo com Rodrigues (1996), a partir de 1985 a informação passou a ser utilizada como recurso estratégico. Dessa forma, os sistemas de infor- mação começaram a ser vistos como essenciais, em função do sentido e do papel a eles atribuídos pelas organizações. Isso se tornou necessário, pois muitos executivos precisavam ter uma visão do que sua empresa estava re- presentando no mercado. Quanto ao conceito de sistema de informação, Davenport (2003, p. 11) destaca que: Nosso fascínio pela tecnologia nos fez esquecer o objetivo principal da informação: informar. Todos os computadores do mundo de nada servirão se os usuários não estiverem interessados na informação que esses computadores podem gerar. O aumento da largura de banda dos equipamentos de telecomunicações será inútil se os funcionários de uma empresa não compartilharem a informação que possuem. O autor fundamenta ainda que os sistemas de especialistas não irão pro- porcionar informações úteis se as mudanças nessa área de conhecimento forem rápidas – ou se os criadores desses sistemas não puderem encontrar especialistas para ensinar o que sabem. Informação e conhecimento são es- sencialmente criações humanas e nunca seremos capazes de administrá-los sem considerar o papel fundamental das pessoas. Essa abordagem enfatiza o ambiente da informação em sua totalidade, levando em conta os valores e as crenças empresariais sobre informação (cultura); como as pessoas realmente usam a informação e o que fazem com ela (comportamento e processo de trabalho); as armadilhas que podem in- terferir no intercâmbio de informações (política); e quais sistemas de infor- mação já estão instalados apropriadamente (a tecnologia). E, nesse ambien- te interagem as informações em nível corporativo, que de forma estruturada se caracterizam como sistemas de informação. Para ser efetivo, o SI precisa: atender às reais necessidades dos usuários; estar centrado no usuário (quem necessita da informação para tomada de decisão) e não no profissional que Fundamentosde sistemas de informação 23 o criou; atender ao usuário com presteza; apresentar custos compatíveis; adaptar-se às novas tecnologias de informação. Estar alinhado com as estra- tégias de negócios da empresa é requisito fundamental quando se estuda o tipo de sistema de suporte às decisões. Em resumo, pode-se sintetizar o conceito de sistema de informação como um conjunto de componentes inter-relacionados que coleta (ou recupera), processa, armazena e distribui informações para suportar o controle e a tomada de decisões nas organizações. Componentes dos sistemas de informações Um sistema de informação pode ser definido como um conjunto de com- ponentes inter-relacionados que coletam, processam, armazenam e distri- buem informações com o objetivo de apoiar a tomada de decisões, a coor- denação e o controle de uma organização. (LAUDON; LAUDON, 2007) E esse conjunto de subsistemas informacionais atuam coordenadamente no suporte do processo de gestão. O sistema de informação é composto por quatro elementos principais: informação, função, tecnologia e procedimentos. (C RU Z, 2 00 0) Figura 1 – Componentes de um sistema de informação. FunçãoInformação Sistema de informações Tecnologia Procedimentos A informação precisa ser relevante, inteligível, ter um significado uni- forme, correto e exato. Significa dizer que os dados serão apresentados de forma significativa e útil. Pode ser composta por atributos como: Tempo � – histórico, corrente, futuro. Origem � – interna (processos), externa (clientes, bancos, mercado). Destino � – interno, externo. Detalhes � – operacionais, gerenciais. Atualização � – alta (estoque), baixa (balanço), automática. 24 Fundamentos de sistemas de informação Estruturação � – alta (rotinas diárias), baixa (casos especiais). Precisão � – alta (contabilidade), baixa (planejamento). Ciclo de produção � – rotineiro (relativo vendas), especial (relativo aci- dentes). Referência � – autossuficientes (contabilidade), relacionadas (resultados). As funções definem o que fazer para produzir a informação que atenda os atributos especificados para o sistema. Dividem-se em três: Recolhimento de informações � – dados relevantes que ajudem na to- mada de decisão. Tratamento da informação � – correção dos dados e codificação no computador. Armazenamento da informação � – guardar a informação em meio magnético de forma que possa ser reencontrada facilmente para ser utilizada. Os procedimentos especificam como é executada cada função no sis- tema de informação; compostos por rotinas integradas com sequência e lógica. A tecnologia especifica a modalidade de processamento a ser utilizada pelo sistema de informação, os equipamentos, os meios de comunicação, o armazenamento, o controle, as integrações etc. Laudon e Laudon (2007) consideraram ainda quatro atividades em um SI para a produção de informações necessárias à tomada de decisão, para o controle de operações, análise de problemas ou para a criação de novos produtos ou serviços que são: Entrada � – coleta os dados brutos internos ou externos à organização. Processamento � – lapida os dados brutos, convertendo-os em formas mais simplificadas. Saída � – transfere as informações tratadas para as pessoas utilizarem nas atividades empregadas. Feedback � – é a saída que retorna a determinados membros da organi- zação para auxiliar a avaliar ou corrigir a entrada. Fundamentos de sistemas de informação 25 Os sistemas de informação convertem os dados em conhecimentos que podem ser aplicados pela organização para reger seus negócios. Quadro 3 – O que é a informação Dado Informação Conhecimento Simples observações sobre o estado do mundo. - Facilmente estruturado. - Facilmente obtido por máquinas. - Frequentemente quantifi- cado. - Facilmente transferível. Exemplos: - Data de aniversário de um cliente. - Quantidade de produção. - Custo de matéria-prima. - Número de empregados. Dado dotado de relevância e propósito. - Requer unidade de análise. - Exige consenso em relação ao significado. - Exige necessariamente a mediação humana. Exemplos: - Aniversariante do mês (fato). - Capacidade de produção. - Custo de venda de produto. - Produtividade do funcio- nário. Informação valiosa da mente humana. - Inclui reflexão, síntese, contexto. - De difícil estruturação. - De difícil captura em má- quinas. - Frequentemente tácito. - De difícil transferência. Exemplos: - Abono de aniversário. - Incremento da produção abaixo da capacidade. - Venda com rentabilidade, acima do padrão. - Bônus pela produtividade. (D AV EN PO RT , 2 00 3. A da pt ad o. ) Para executar as suas atividades de entrada, processamento e saída, um sistema de informação baseado em computador depende basicamente de recursos humanos e tecnologia (O’BRIEN; MOREIRA, 2004). O processo en- volve a utilização dos recursos da TI para que os dados sejam armazenados e processados e, além disso, outro recurso fundamental a se considerar é o homem, responsável por gerenciar os dados de entrada e as informações geradas na saída. Pessoas Software Rede Dados Recursos de sistemas de informação Hardware Figura 2 – Recursos de um sistema de informação. (O ’B RI EN ; M O RE IR A , 2 00 4. A da pt ad o. ) 26 Fundamentos de sistemas de informação Atualmente os mais variados tipos de sistemas de informação são essen- ciais para conduzir os negócios da organização, sendo utilizados para atingir os principais objetivos: operacional; novos produtos; serviços e modelos de negócios; relacionamento mais estreito com clientes e fornecedores; melhor tomada de decisão; vantagem competitiva e sobrevivência diária. Tipos de sistemas de informação empresariais Do ponto de vista empresarial, os sistemas de informação podem ser consi- derados como forma de utilização das informações e o tipo de retorno dado ao processo de tomada de decisões. Classificam-se em Sistemas de Apoio as Ope- rações e Sistemas de Apoio Gerencial (O’BRIEN, MOREIRA, 2004). Figura 3 – Classificação dos sistemas de informação. (O ’B RI EN ; M O RE IR A , 2 00 4. A da pt ad o. ) Sistemas de informação Sistemas de Apoio às Operações Sistemas de Apoio Gerencial Sistemas de Processamento de Transações Sistemas de Informação Gerencial Sistemas de Apoio à Decisão Sistemas de Informação Executiva Sistemas de Controle de Processos Sistemas Colaborativos Os sistemas de informação são classificados dessa forma para destacar as principais funções executadas nos níveis operacionais e administrativos da organização. São chamados Sistemas de Apoio às Operações aqueles que produzem in- formações para uso interno e externo da organização. São informações re- sultantes do monitoramento das atividades diárias de uma empresa como vendas, receitas, fluxos de materiais etc. Os Sistemas de Apoio às Operações podem ainda subdividir-se em Siste- mas de Processamento de Transações (SPT), Sistemas de Controle de Proces- sos (SCP) e Sistemas Colaborativos (SC). Fundamentos de sistemas de informação 27 Sistemas de Processamento de Transações � : efetuam os registros de transações rotineiras, necessárias ao andamento dos negócios. O pro- cessamento das transações deve ocorrer de forma eficiente, controlan- do os processos industriais, apoiando comunicações e colaborações e efetuando as atualizações na base de dados da organização. O objetivo desse tipo de sistema é reduzir custos através da automatização da ro- tina de forma integrada, esses sistemas também são conhecidos como Sistema de Gestão Integrado. Um dos primeiros sistemas empresariais a sercomputadorizado foi o sistema de folha de pagamento. Como esses sistemas tratavam e processavam transações, foram chamados de sistemas de processamento de transações. Sistemas de Controle de Processos � : mantêm um controle e moni- toramento de processos industriais ou físicos em andamento, como refinamento de petróleo, geração de energia e sistema de produção de aço. Para efetuar tais tipos de controles esse tipo de sistema utiliza sensores eletrônicos conectados aos computadores. Sistemas Colaborativos � : aumentam as comunicações e colaborações entre as empresas, bem como a produtividade das equipes e grupos de trabalho. São também conhecidos como sistemas de automação do escritório. Por exemplo, os membros das equipes podem utilizar ferramentas como e-mail, chat e sistemas de videoconferência para desenvolver e controlar suas atividades. São chamados Sistemas de Apoio Gerencial aqueles que se aplicam a gerar informações (relatórios e demonstrativos pré-elaborados) para apoiar os ge- rentes na tomada de decisão de forma eficaz. São subdivididos em três tipos: Sistemas de Informação Gerencial (SIG), Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) e Sistemas de Informação Executiva (SIE). Sistemas de Informação Gerencial � : integram os dados, transforman- do-os em informações gerenciáveis, ou seja, relatórios padronizados para gerentes. Exemplo: análise de vendas, realização de processos e relatórios das tendências de custos. As informações podem ser dispos- tas em relatórios ou exibições em vídeo. Sistemas de Apoio à Decisão � : fornecem apoio interativo para o pro- cesso de decisão dos gerentes. Exemplo: atribuição de preço aos pro- dutos, previsão de lucros e sistema de análise de riscos. 28 Fundamentos de sistemas de informação Sistemas de Informação Executiva � : fornecem informações críticas elaboradas especificamente para as necessidades de informação dos executivos, como planilhas para simulação de fácil visualização. Existem outras classificações de sistemas de informação que suportam aplicativos operacionais ou gerenciais. São elas: Sistemas especialistas � : (baseados no conhecimento) fornecem su- gestões, conselhos e funcionam como consultores especialistas. Sistemas de gerenciamento do conhecimento � : (baseados no co- nhecimento) apoiam a criação, organização e disseminação de conhe- cimento empresarial. Sistemas de informação estratégica � : aplicam a tecnologia da infor- mação aos produtos e serviços para obter vantagens estratégicas so- bre seus concorrentes, tornando-os mais competitivos. É importante perceber que os sistemas de informação são combinações de ferramentas integradas dos vários tipos apresentados, auxiliando o pro- cesso de gerência. Podem ser considerados como um fator de melhoria ou de limitação dos próprios padrões gerenciais da organização, dependendo do gerenciamento estratégico, o qual define de maneira clara e participativa, baseado em um diagnóstico atual e futuro dos ambientes internos e exter- nos dos negócios da empresa. Gerenciamento estratégico da informação de marketing Atualmente, o principal motivo pelo qual as organizações se valem da tecnologia da informação é para buscar vantagens competitivas para a em- presa. Desde o início, as empresas buscavam obter essa vantagem pela redu- ção de custos através da automação e aumento da eficiência de processos. Posteriormente, buscou-se a melhoria da qualidade das informações dispo- níveis para os gerentes médios de maneira que pudessem controlar melhor as operações. Podemos dizer que no cenário atual, onde há a globalização, o aumento da competitividade e a interligação de clientes e fornecedores, a utilização Fundamentos de sistemas de informação 29 de tecnologia da informação pode ser considerada praticamente como um fator de sobrevivência para as empresas. A informação é uma classe diferen- ciada de ativos da organização e precisa ser administrada da mesma forma que os demais ativos, o que representa um desafio para as organizações. O gerenciamento da informação é definido por Davenport (2003) como um processo que envolve um conjunto de atividades estruturadas e desen- volvidas por uma empresa com o objetivo de adquirir, distribuir e utilizar a informação e o conhecimento. É de fundamental importância administrar a informação sob a perspec- tiva de um processo que possa ser mensurado, avaliado e aperfeiçoado em cada etapa, sendo responsável pelo sucesso final. Alguns estilos de geren- ciamento da informação foram identificados nos estudos de McGee e Prusak (1994) em 25 empresas pesquisadas, como segue: Utopia tecnocrática � – uma abordagem altamente tecnológica do ge- renciamento da informação que enfatiza a classificação e a modela- gem do patrimônio de informações de uma organização, apoiando-se fortemente em novas tecnologias. Anarquia � – ausência completa de uma gerência da informação, que deixa a cargo dos indivíduos obter e gerenciar sua própria informação. Feudalismo � – gerenciamento da informação por unidades de negócios ou funcionais, que definem suas próprias necessidades de informação e repassam apenas uma informação limitada à empresa em geral. Monarquia � – a classificação da informação e a definição de seu fluxo através da organização são feitas pelos líderes da empresa, que podem ou não partilhar de boa vontade a informação após coletá-la. Federalismo � – uma abordagem de gerenciamento da informação baseada no consenso e na negociação de elementos de informação- chave e no fluxo da informação para a organização. Os autores argumentam ainda que os três primeiros estilos são menos eficazes que os dois últimos e que em qualquer organização poderão existir defensores de mais de um desses estilos. Contudo, a manutenção de estilos múltiplos pode gerar confusão para a organização, pois o ideal é selecionar (identificar) um estilo e administrá-lo frequentemente. 30 Fundamentos de sistemas de informação Para a tarefa de gerenciar a informação ser bem sucedida deve haver um consenso na organização no que tange à informação e à transformação da informação em conhecimento. Assim, algumas questões devem ser conside- radas, como: Comparação � – de que forma as informações relativas a essa situação se comparam a outras situações conhecidas? Consequências � – que implicações essas informações trazem para as ações e tomadas de decisão? Conexões � – quais as relações desse novo conhecimento com o conhe- cimento já acumulado? Conversação � – o que as outras pessoas pensam dessa informação? O gerenciamento estratégico da informação é uma atividade complexa que envolve as diversas funções de um administrador ou gestor, além da percepção interna e externa da organização. A complexidade dessa ativida- de é diminuída com uma postura proativa do gestor. Ser proativo significa antecipar-se às mudanças. Um programa de marketing começa com as informações sólidas sobre as necessidades e os desejos dos consumidores. As empresas também precisam de muitas informações sobre seus concorrentes, revendedores e outros par- ticipantes e forças de mercado para que possam elaborar suas estratégias. O processo de formulação de estratégias está fundamentado sobre três pilares: produto/serviço, mercado e negócio. Figura 4 – Visão geral do processo de formulação de estratégias de marketing. (S Aw yE R, 1 98 6) Missão Estratégia Estratégia primária Bloco de construção Critérios Gerenciamento estratégico Controle estratégico Visão estratégica Gerenciamento: Impactos sociais Oportunidades Correção do curso Pessoas Output Autorrenovação Estratégia da empresa Estratégia do negócio Estratégia para o produto/serviço Funcional Departamento De unidade Estratégia de suporte Metas e objetivosFundamentos Produto ou serviço Mercado/concorrência Negócio Estratégias Planejamento Ação Fundamentos de sistemas de informação 31 Na era da informação, a concorrência entre as organizações ocorre com base na capacidade de adquirir, tratar, interpretar e utilizar a informação de forma eficaz. Não é a tecnologia mas seu uso que cria valor, e isso depende da informação e do papel desempenhado por ela nas organizações. Desse modo, surge a possibilidade de criação de novos produtos e serviços, e também o aperfeiçoamento da qualidade do processo decisório. O ciclo contínuo de atividades que permitam o planejamento, a coleta, a análise e a disseminação de informações pode ser considerado como inteli- gência competitiva. As atividades sistêmicas e planejadas permitem o apren- dizado e o desenvolvimento de conhecimento em relação ao ambiente em que a organização está inserida. O conhecimento adquirido auxilia os gestores a tomarem as melhores de- cisões, buscando a competitividade da organização. A criação, captação, or- ganização, distribuição, interpretação e comercialização da informação são processos essenciais. A informação é dinâmica, capaz de criar grande valor, e é o elemento que mantém as organizações unificadas. Ampliando seus conhecimentos Conceituando Sistemas de Informação (SI) (LAUDON; LAUDON, 2001; REZENDE, 2003; ABREU, 2004) Além de suportar tomada de decisões, coordenação e controle, os siste- mas de informações podem também ajudar os administradores a analisar problemas, visualizar assuntos complexos e criar novos produtos (LAUDON; LAUDON, 2001). Um sistema define-se como um conjunto de partes interagentes e interde- pendentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e determinada função. Os elementos que compõem um sistema: as entradas (ou insumos), as saídas (ou produtos) e os processos (componentes internos que executam a transformação dos insumos em produtos). Os ele- mentos e as relações entre eles determinam como o sistema trabalha. Todo sistema pode ser dividido em subsistemas. Cada subsistema tem os mesmos elementos que um sistema e pode decompor-se até o nível desejado 32 Fundamentos de sistemas de informação de detalhamento. Pode compor-se, sucessivamente, de subsistemas que se relacionam entre si, compondo um sistema maior. Os sistemas de informação são combinações das formas de trabalho, infor- mações, tecnologia da informação e pessoas dispostas a alcançar metas em uma organização: Informação � – necessária para atingir e estabelecer metas dentro de uma organização. Tecnologia de informação � – utilizada para criar os resultados estabele- cidos e, com isso, gerar os objetivos desejados para uma organização. Pessoas � – fazem acontecer para que a empresa atinja as metas estabe- lecidas. Outro aspecto básico importante é conhecermos as categorias de sistemas de informação. Estes podem ser divididos em quatro categorias conforme Abreu (2004), de acordo com o nível em que atuam: Sistemas de informação em nível operacional � – são os SI que monito- ram as atividades elementares e transacionais da organização e têm, como propósito principal, responder a questões de rotina e fluxo de transações. Sistemas de informação em nível de conhecimento � – são os SI de su- porte aos funcionários especializados e de dados em uma organização. Sistemas de informação em nível administrativo � – são os SI que supor- tam monitoramentos, controles e tomadas de decisão em nível médio. Sistemas de informação em nível estratégico � – são os SI que suportam as atividades de planejamento de longo prazo dos administradores. Para Rezende (2003), à medida que aumentam a complexidade interna, os negócios e os objetivos organizacionais, o processo de tomada de decisão tende a ser mais complexo, requerendo dinamismo, utilidade, inteligência e precisão das ações, das informações e dos conhecimentos organizacionais. No modelo dinâmico aparecem três características: existência da separação formal dos SI operacional, gerencial e estratégico; criação de uma base de dados única (sem redundâncias); e a geração de informações oportunas (qualidade in- questionável), porém antecipadas em forma de cenários, alertas, dicas etc. Fundamentos de sistemas de informação 33 Figura 1 – Modelo dinâmico de sistemas de informação. (R EZ EN D E, 2 00 3. A da pt ad o. )Níveis hierárquicos ALTA ADMINISTRAÇÃO CORPO GESTOR MACRORRELACIONADAS EM GRUPOS SIE SIG SIO NO DETALHE Foco: NEGÓCIO Objetivo: aux. proc. TOMADA DE DECISÕES CORPO TÉCNICO Níveis de informação Informações oportunas Base de dados ÚNICA das funções empresariais Sinergia Para resumir, a concepção do SI é dependente do sistema de gestão ao qual vai servir de suporte. Desse modo, os esforços, na arquitetura e no de- senvolvimento do sistema de informações, devem ser concentrados na iden- tificação das informações necessárias ao processo de gestão empresarial e na determinação dos subsistemas que devem gerá-las. Portanto, se observa necessário o entendimento dos conceitos de sistema de informações, que destacam a informação como importante recurso estra- tégico para a gestão das organizações. Atividades de aplicação 1. A partir dos seguintes conceitos: I. qualquer elemento identificado em sua forma bruta, potencial- mente útil, mas que não tem valor imediato, por si só não conduz a uma compreensão de determinado fato ou situação. II. informação valiosa da mente humana inclui reflexão, síntese e contexto. III. conjunto de subsistemas informacionais que atuam coordenada- mente no suporte do processo de gestão. IV. dado dotado de relevância e propósito. 34 Fundamentos de sistemas de informação Qual a opção que melhor representa os conceitos acima respectiva- mente? a) Dado, conhecimento, sistema de informação, informação. b) Informação, conhecimento, sistema, dado. c) Dado, informação, conhecimento, sistema. d) Sistema, dado, sistema de informação, conhecimento. 2. Alguns autores consideram a informação como uma classe especial de ativo da organização. Assim como outros ativos (equipamentos, imóveis etc.), a informação deve ser administrada e, como tal, possui algumas leis que definem o seu comportamento. A 2.ª lei refere-se ao valor da informação, que diz respeito: a) à precisão da informação. b) à divisão e utilização simultânea da informação. c) ao aumento da informação, conforme o uso. d) à desvalorização do potencial da informação com o passar do tempo. 3. Todo sistema pode ser dividido em subsistemas. Cada subsistema tem os mesmos elementos que um sistema e pode decompor-se até o ní- vel desejado de detalhamento. Pode compor-se, sucessivamente, de subsistemas que se relacionam entre si, compondo um sistema maior. Sendo assim, podemos dizer que os sistemas de informação são com- binações de: a) tecnologia e pessoas. b) formas de trabalho, informações, pessoas e tecnologia da informa- ção. c) informações, dados da empresa e fornecedores e estratégias de mercado. d) tecnologia e informações. 36 Fundamentos de sistemas de informação Processos e informações de marketing As necessidades de informações para os processos de marketing As grandes organizações têm consciência de que para sair à frente no mer- cado é preciso ter o maior número de informações, vistas no contexto atual como importante recurso estratégico da empresa. Informações quando cor- retas, completas, relevantes, de fácil acesso e disponíveis no momento certo, podem afetar diretamente a competitividade das organizações, tornando a empresa mais eficiente com a redução de custos, mais produtividade com a melhoria da qualidade, busca por outros mercados e manutenção dos mer- cadosatuais. O planejamento de marketing deve ser executado sobre uma base sólida de informações obtidas no ambiente interno e externo da organização. Assim, torna-se imperativo que se coloque à disposição dos responsáveis pelo planejamento de marketing todas as informações possíveis sobre: os desejos e as necessidades dos consumidores; � as ações dos concorrentes; � a evolução do mercado; � as capacitações e recursos disponíveis da empresa; � a evolução das vendas e lucros da empresa; � o comportamento das variáveis ambientais etc. � Baseado em informações desse tipo, é possível avaliar corretamente os riscos e as consequências das várias linhas de ações alternativas, escolhendo aquela que melhor corresponder aos objetivos da empresa. O ambiente de marketing é caracterizado pelas contínuas e aceleradas mudanças que ocorrem no mundo globalizado, associadas às mudanças no 38 Processos e informações de marketing interior de sua própria organização. Essas mudanças internas são caracteri- zadas por acréscimos e perdas de capacitações, novas estruturações, altera- ções nas políticas e estratégias, aquisições e incorporações, disponibilidade ou não de recursos de vários tipos, dificuldades momentâneas etc. Todos esses fatores acabam por onerar a tarefa do administrador de marketing, tornando-a mais complexa e arriscada. Uma forma de amenizar essa situação seria dispor do máximo de conhecimento a respeito dessas variáveis, o que envolve dois importantes aspectos: Disponibilizar informações com qualidade (necessário, porém não � suficiente). Uso das informações (saber dar valor, buscar a informação certa, inter- � pretar de forma correta). Se as informações forem abundantes, porém de baixa qualidade, ou não forem devidamente valorizadas pelo centro de decisão de marketing, o pro- cesso de planejamento ficará comprometido. Isso também pode ocorrer caso as informações de boa qualidade não sejam utilizadas corretamente para fundamentar decisões quer seja por incapacidade dos responsáveis pela decisão ou por interpretação errônea. Assim, as atividades de planejamento e controle de marketing da infor- mação precisam ser totais. Em marketing, a necessidade de informação é particularmente aguda por ser a área funcional da empresa que mais intera- ge com as variáveis do ambiente externo que estão em constante mutação. Ambiente geral de informações Os modelos de processos de empresas e os modelos de informação estão interligados pela perspectiva de um sistema de informação. A meta é manter a maior proporção possível de informações da empresa em formatos que possam ser acessados pelo computador. Assim, bancos de dados automatizados devem ser criados, atualizados e acessados por meio de aplicativos. Esses aplicativos dão suporte às ativida- des dos processos de negócio, mediante o fornecimento de procedimentos automatizados e o gerenciamento do armazenamento e recuperação das in- formações que dão suporte às funções de serviços integrados da empresa e aos usuários associados a essas funções. Processos e informações de marketing 39 Alcançar a visão de futuro através da implementação da estratégia requer projetos de intervenção e processos alinhados e atualizados, disponibilizan- do para a organização os produtos e serviços demandados pela estratégia. Dessa forma, acreditar que isso ocorrerá naturalmente sem uma estru- turação e uma integração dos processos no modelo de gestão pode ser um risco que a organização não precisa correr. Integrá-los garante uma gestão estratégica mais robusta, além de explicitar claramente a contribuição das equipes que participam dos processos. A grande maioria das organizações que buscam implementar um modelo de gestão estratégica encontra lacunas entre as rotinas de trabalho e seus objetivos de longo prazo. A impressão é que o dia a dia representa a cor- renteza de um rio levando as pessoas em uma direção que nem sempre é aquela estabelecida pela estratégia. Se o mundo das operações não estiver alinhado à estratégia, o foco das equipes não se voltará para o longo prazo, e dificilmente a visão de futuro será implementada. Para cumprir a sua missão, a organização deve implementar suas estraté- gias apoiadas pelos processos de negócios. Implementar a estratégia signi- fica gerenciar constantemente a localização da organização e sua condição de seguir adiante. Um dos principais obstáculos desse caminho está exata- mente relacionado às mudanças ou aprimoramentos nas operações, ou seja, alterações nos processos. Análise administrativa A análise administrativa é um processo de trabalho, dinâmico e perma- nente, com o objetivo de efetuar diagnósticos situacionais das causas e es- tudar soluções integradas para os problemas administrativos. Envolvendo, nesse sentido, a responsabilidade de planejar as mudanças, aperfeiçoando o clima e a estrutura organizacional, os processos e os métodos de trabalho (CURy, 2005). De forma geral os aspectos fundamentais da análise administrativa, basi- camente, desdobram-se em dois momentos, segundo Cury (2005): diagnóstico situacional das causas � – busca a identificação do clima, da estrutura da organização e dos métodos e processos de trabalho, obtidos por meio das fases de levantamento de dados e críticas. 40 Processos e informações de marketing intervenção planejada � , que abrange: o estudo das soluções dos problemas que compreende, inicialmen- � te, as fases de planejamento da solução e uma crítica competente; o planejamento das mudanças, efetivado, em linhas gerais, nas fa- � ses de implantação e controle dos resultados. Assim, os pontos fundamentais de uma análise administrativa compreen- dem o processo da análise administrativa, fases da metodologia e os resul- tados esperados. O processo da análise administrativa compreende as condições favorá- veis criadas a partir do apoio da alta administração, a qual define os ob- jetivos da mudança, a perspectiva global da empresa e a integração das necessidades do indivíduo e da organização, por meio da visão sistêmica da empresa (sistema aberto). Envolve ainda as dificuldades clássicas que ocorrem devido ao envolvimento do público interno, pois o tempo de in- tervenção para se atingir a cultura da organização é pouco para introduzir as mudanças necessárias. As fases da metodologia são divididas em três: diagnóstico situacional das causas, estudo da solução dos problemas e planejamento e implementação das mudanças. Vejamos a seguir: a) Fase de diagnóstico situacional das causas Levantamento � – revisão da literatura, questionários, entrevistas e observação pessoal. Crítica do levantamento � – identificação dos problemas, enfoque no sistema aberto e elaboração dos instrumentos executivos (ma- peamentos, gráficos, documentos) da situação encontrada. b) Fase do estudo da solução dos problemas Planejamento da solução � – elaboração do plano ideal de funcio- namento, nova estrutura, novos métodos e processos de trabalho, organização mais adequada (conveniente), elaboração dos instru- mentos executivos retratando a proposta. Crítica do planejamento � – negociação com usuários, avaliação sis- têmica, avaliação por analistas não envolvidos (instrumentos exe- cutivos e outros documentos da proposta de solução). Processos e informações de marketing 41 c) Fase de planejamento e implementação das mudanças Implantação � – execução do plano projetado; riscos a considerar; fatores básicos de implantação; estratégia do plano de ação. Controle dos resultados � – fases de teste definitivo do plano; como programar a fase; indicadores de aprovação definitiva do projeto. Os resultados esperados dizem respeito ao aperfeiçoamento de processos e métodos de trabalho da estrutura e do clima organizacional, subsidiados pelas ferramentas de Organização,Sistemas e Métodos (OSM), como orga- nogramas, layouts, instrumentos executivos, fluxogramas, formulários, pro- gramas de treinamentos, quadro de pessoal, implantação de novas tecnolo- gias de gestão e organização, entre outros. Nesse contexto, a revisão de processos de negócios passa a ser um instru- mento de significativa importância na análise administrativa. Também se faz necessário o entendimento do conceito de processos. Conceito de processos A ideia de processo não é nova na administração de empresas, mas é novo o entendimento de que o negócio precisa focar naquilo que pode ser feito para agradar aos clientes e, também, equilibrar o que é rentável, visando não colocar em risco a sobrevivência da empresa. Assim, identificar os processos é importante para definir a organização das pessoas e dos demais recursos da empresa. Trata-se de um conceito fun- damental na projeção dos meios pelo qual uma empresa pretende produzir e entregar seus produtos e serviços aos clientes. A organização orientada por processos pressupõe que as pessoas traba- lhem de diferentes modos. Ao invés do trabalho individual e voltado para as tarefas, passam a ser valorizados o trabalho em equipe, a cooperação, a responsabilidade individual e a vontade de fazer o melhor. Essa forma de organização orientada por processos projeta e mede, cuidadosamente, seus processos e faz com que todos os funcionários entendam e se responsabili- zem por seus trabalhos, dessa forma, possibilita que desenvolva o sentimen- to de “propriedade do processo”1 (GONÇALVES, 2000). 1 Propriedade do proces- so: o envolvimento das pessoas resulta em um senso de propriedade sobre os seus processos e de responsabilidade com- partilhada pelos resulta- dos e pelo sucesso dentro do grupo, estabelecendo prioridades, padrões de medida, encorajamento da cooperação e da cria- tividade de cada um dos envolvidos para a realiza- ção dos objetivos. 42 Processos e informações de marketing Para Ching, Marques e Prado (2003), processo pode ser definido como um conjunto de atividades estruturadas e inter-relacionadas que produzem um resultado de valor para o cliente, seja interno ou externo. Caracterização dos processos De modo geral, podemos dizer que um processo é o resultado da articu- lação de pessoas, instalações, equipamentos e outros recursos materiais. Os processos provocam a transformação de entradas (materiais, pessoas ou in- formações) em saídas (materiais, pessoas, informações e/ou saídas) adequa- das. Trata-se de uma sequência coordenada de atividades com o objetivo de produzir um determinado dado. Cada processo deve contribuir para o alcance dos objetivos da empresa, os quais são oriundos da própria organização, dos clientes ou de informa- ções de benchmarking. Podemos destacar as seguintes razões para efetuar a análise de processos: Processos produzem os resultados da empresa. � Processos cruzam a estrutura organizacional. � Há necessidade de gerenciar os processos. � Estabelecimento de indicadores de desempenho. � Obtenção de resultados de desempenho. � Gerenciamento dos resultados. � Busca de melhorias em alguns resultados. � Nenhum departamento/setor tem responsabilidade total por um pro- � cesso completo de trabalho. Gerenciamento voltado à estrutura organizacional (recursos) e não aos � resultados. Insumos ResultadosPROCESSO (B AT IS TA , 2 00 6. A da pt ad o. ) Figura 1 – Modelo genérico de sistema empresarial. Processos e informações de marketing 43 O enfoque por processos é uma forma estruturada de visualização do tra- balho que envolve, entre outros elementos, clientes e fornecedores. Trata-se de uma ferramenta metodológica cujas variáveis são detalhadas a seguir: Insumos � – materiais, informações, clientes e serviços. Processos � – sequência coordenada de atividades com o objetivo de produzir um determinado dado. Resultado do processo � – é o que o processo produz (serviços, bens, equipamentos, materiais processados, informações). Clientes do processo � – quem recebe o resultado do processo. Fornecedores do processo � – de que e de quem esse processo depende. Atividades do processo � – o que é feito nessa etapa. Recursos do processo � – de que a atividade precisa para ser executada. O Gerenciamento de Processos (GP) viabiliza a melhoria dos processos empresariais, proporcionando uniformidade de produção, redução de des- perdícios em geral e custos mais baixos, ou seja, aumento da eficiência dos processos, e sempre buscando a agregação de valor e satisfação dos clientes (VARVAKIS, 1997). Trata-se de uma ferramenta que propicia a melhoria contí- nua nas organizações em todas as suas atividades. Os processos de negócio são definidos como um conjunto de atividades empresariais com uma ou mais entradas que cria uma ou mais saídas de valor para o cliente. Também pode ser conceituado como um conjunto de atividades mensuráveis e projetadas para produzir uma saída específica para um cliente ou mercado particular. Então, um processo é constituído por uma série de etapas criadas com a finalidade de produzir um serviço ou produto e representa a im- plementação da estratégia empresarial e a maneira como o trabalho é executa- do. A figura 2 mostra o processo “empresa” e os seus processos internos. Entradas Processos internos de uma empresa Saídas Fornecedor Clientes Figura 2 – Visão gráfica dos processos internos de uma empresa. (F IS CH ER , 2 00 1) 44 Processos e informações de marketing Os processos devem sempre considerar o cliente (interno ou externo) como primordial, pois tudo gira em torno dele. Os outros elementos relati- vos ao processo existem para satisfazer os clientes em suas necessidades. Os processos podem ser executados por uma ou mais unidades organiza- cionais, por estarem relacionados aos aspectos do negócio e não à estrutura organizacional da empresa. Por meio da modelagem de processos é possível explicitar a visão dos res- ponsáveis pelos processos, obter uma visão integrada/completa, explicar regras e suposições, simplificar e otimizar os processos, explorar novas con- cepções e planejar as informações, os sistemas e a infraestrutura necessária. Para Davenport (1996) um processo pode ser interfuncional conforme mostra a figura 3 abaixo. Análise dos competidores Protótipo do novo produto Pesquisa e desenvolvimento Marketing Produção Desenvolvimento de um novo produto Figura 3 – Processo interfuncional de uma empresa. (D AV EN PO RT , 1 99 6) A ideia de processo como fluxo de trabalho com entradas e saídas clara- mente definidas, e tarefas discretas que seguem uma sequência e que de- pendem umas das outras numa sucessão clara, vem da tradição da engenha- ria (que também deu origem à ideia de reengenharia). Tipos de processos Os processos correspondem à introdução de insumos em um ambiente formado por procedimentos, normas e regras, que ao processarem esses in- sumos transformam em resultados enviados aos clientes do processo. Os processos de negócios dividem-se em: processos gerenciais, proces- sos de suporte e processos de cliente. Os processos gerenciais (gestão) são estratégicos e dão suporte aos processos de produção e de suporte. A seguir alguns exemplos dos processos gerenciais: Planejamento estratégico. � Administração de orçamento. � Processos e informações de marketing 45 Administração de pessoal. � Controle da documentação. � Gestão do sistema da qualidade (auditoria, ação corretiva/preventiva, � controle de produto não conforme). Atendimento ao cliente. � Os processos de cliente (finalísticos) estão diretamente envolvidos no atendi- mento aos principais requisitos dos clientes externos. Seguem alguns exemplos: Planejamentoda produção. � Produção e entrega de produtos ou serviços. � Marketing e vendas. � Faturamento. � Atendimento ao cliente. � E os processos de suporte (apoio) que estão diretamente envolvidos no aten- dimento aos principais requisitos dos clientes internos, como por exemplo: Informática. � Serviços auxiliares. � Manutenção. � Calibração. � Aquisição de materiais. � Gestão de recursos humanos. � Processos gerenciais Processos de suporte Desenvolvimento de produtos e serviços Marketing e vendas Faturamento Atendimento ao cliente Produção InstalaçãoPlanejamento de produção Figura 4 – Visão geral dos processos de negócios. (A BR EU ; A BR EU ; S IL VA JR ., 20 06 ) 46 Processos e informações de marketing Todo o trabalho realizado em uma empresa faz parte de algum pro- cesso, pois não existe um produto ou serviço oferecido por uma empresa sem um processo empresarial ou, da mesma forma que não faz sentido existir um processo empresarial que não ofereça um produto ou um serviço. Segundo Annes (2009) os processos possuem características básicas que suportam a implantação de seu gerenciamento: fluxo de valor (modificação da entrada em saída), eficácia (fazer o que o cliente quer de acordo com suas expectativas), eficiência (fazer o que o cliente quer da melhor forma, a partir da otimização dos processos), tempo de ciclo (tempo de transformação da entrada em saída, que deve ser o menor possível) e custo (recursos utilizados nos processos). A identificação dos processos tem o objetivo de conhecer os pontos fortes e fracos da organização e buscar um diferencial competitivo. Sendo assim, é fundamental levantar dentro da estrutura da organização os principais pro- cessos e suas respectivas atividades. Essa identificação dá uma visão sistêmica e permite melhorias estruturais e processuais, trazendo mais competitividade para a empresa. Seguem as vantagens a partir de uma visão processual de Varvakis (1997): Habilitar a organização a ter seu foco direcionado aos clientes. � Melhorar a coordenação e integração do trabalho. � Proporcionar tempos de respostas mais rápidos. � Permitir antecipação e controle de mudanças. � Prover meios de efetivar, mais rapidamente. � Mudanças complexas. � Auxiliar o gerenciamento efetivo dos inter-relacionamentos. � Prover uma visão sistêmica das atividades. � Manter o foco no processo. � Prevenir a ocorrência de erros. � Auxiliar o melhor entendimento da cadeia de valor. � (V A RV A KI S, 1 99 7) Processos e informações de marketing 47 Desenvolver um sistema de avaliação complexo para as áreas de negócio. � Proporcionar aos funcionários maior satisfação com o trabalho. � Figura 5 – Identificação de processos (vantagens). Hierarquização dos processos O entendimento sobre como os processos podem ser organizados e es- truturados hierarquicamente facilitam a gestão da organização, focalizando os processos. Para um melhor entendimento da aplicação, os processos são dispostos de forma hierárquica, como mostra a figura a seguir: Figura 6 – Hierarquia de processos. Macroprocessos Subprocessos Tarefas Atividades (A BR EU ; A BR EU ; S IL VA JR ., 20 06 ) Macroprocesso � – é um processo que geralmente envolve mais que uma função na estrutura organizacional. Sua operação tem um impac- to significativo no modo como a organização funciona. Processo � – é um conjunto de atividades sequenciais (conectadas), re- lacionadas e lógicas, que tomam um input (fornecedor), acrescentam valor a este e produzem um output para um consumidor. Subprocesso � – é a parte que, inter-relacionada de forma lógica com outro subprocesso, realiza um objetivo específico em apoio ao macro- processo e contribui para a missão da organização. Atividades � – são o “cotidiano” que ocorre dentro do processo ou sub- processo. São geralmente desempenhadas por uma unidade (pessoa ou departamento) para produzir um resultado particular e consomem os recursos da empresa. 48 Processos e informações de marketing Tarefas � – é uma parte específica do trabalho, ou melhor, a menor uni- dade do processo, podendo ser o único elemento e/ou um subcon- junto de uma atividade. Geralmente estão relacionadas como um item que desempenha uma incumbência específica. É necessário observar que a característica básica do processo é a de unir os esforços de todas as áreas para realização do seu objetivo. Por exemplo, um processo para alcançar o seu objetivo pode cortar algumas áreas fun- cionais da organização, ou um processo de lançamento de novos produtos pode mesclar várias atividades desempenhadas pelas áreas funcionais como marketing, engenharia de produto, financeiro, contabilidade etc. Processos tradicionais de marketing Segundo Kotler (1986), marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da cria- ção, oferta e troca de produtos de valor com outros. Essa definição foi elabo- rada com base em conceitos centrais como: necessidades; � desejos e demandas; � produtos (bens, serviços e ideias); � valor, custo e satisfação para o cliente; � relacionamentos e redes. � A função do marketing é lidar, entender, criar, comunicar e proporcionar ao cliente valor e satisfação, o que se constitui na essência do pensamento e da prática. Os processos de gestão de marketing consistem em cinco passos: Estudo � – ponto de partida do marketing. É através do estudo que a empresa conhece os eventuais compradores existentes no mercado, as necessidades e preferências dos clientes, pois sem um estudo a em- presa entra no mercado às cegas. Segmentação, definição de objetivos e posicionamento � – a empre- sa posiciona-se no mercado de forma que os potenciais clientes saibam dos benefícios oferecidos. O posicionamento consiste em implantar na mente dos clientes os principais benefícios oferecidos pela empresa e Processos e informações de marketing 49 as diferenças existentes em relação à concorrência. É essencial que a empresa tenha em seus atributos o conceito de bem servir o cliente. Marketing � mix – marketing tático – serve para estabelecer e apoiar o posicionamento do produto no mercado, utilizando a técnica dos quatro Ps: produto, preço, praça ou ponto e promoção. Implementação � – depois de elaborar o planejamento estratégico e tático, a empresa começa a produzir o produto, estabelece o seu preço, promove-o e distribui-o. Nesse momento é solicitada a colaboração de todos os departamentos da empresa, como pesquisa e desenvol- vimento, compras, produção, marketing e vendas, recursos humanos, logística, finanças e contabilidade. Controle � – a empresa recebe informações sobre o mercado, controla e analisa os resultados e faz as devidas correções que lhe permite me- lhorar os resultados. O processo de marketing consiste em analisar as oportunidades, selecio- nar os consumidores-alvos, desenvolver o mix de marketing e administrar os esforços de marketing. Os consumidores-alvos são aqueles que a empresa realmente vai atender. Para encontrar o melhor mix de marketing e colocá-lo em ação, a empresa passa às atividades de análise, planejamento e imple- mentação, a fim de observar e adaptar-se ao ambiente. Figura 7 – Fatores que influenciam a estratégia de marketing da empresa. Ambiente demográfico/ econômico Intermediários de marketing Concorrentes PúblicosFornecedores Ambiente político/legal Ambiente sociocultural Ambiente tecnológico/natural Produto PreçoPraça Promoção Consumidores- -alvo Aná lise de ma rke ting Planejamento de marketing Imp lem ent açã o de ma rke tin g Controlede marketing (K O TL ER , 1 99 4) 50 Processos e informações de marketing O processo de marketing ajusta as necessidades do consumidor com ca- pacidades e objetivos da empresa. Os consumidores localizam-se no centro do processo de marketing e para melhor atendê-los a empresa irá dividir o mercado total em pequenos segmentos. Com essa etapa concluída desen- volve então um mix de marketing que serve para diferenciar sua oferta e posição de segmentos, com o alvo selecionado, o mix de marketing consiste em decisões direcionadas aos quatro Ps do marketing: Produto � – algo que pode ser oferecido a um mercado para apreciação, aquisição, uso ou consumo para satisfazer um desejo ou necessidade. Produtos são mais que bens tangíveis, pois incluem bens físicos, serviços, eventos, pessoas, lugares, organizações, ideias ou misto de todas essas en- tidades (variedade, qualidade, nome da marca, design e embalagem). Preço � – quantia em dinheiro que se cobra por um produto ou serviço. É a soma de todos os valores que os consumidores trocam pelos be- nefícios de obter ou utilizar um produto ou serviço (valor no mercado, descontos, prazo de pagamento e condições de crédito). Praça ou ponto � – locais onde se situam os empreendimentos e ainda sua área de cobertura ou abrangência, seus canais de distribuição e pela logística que é englobada pelo controle de estoque e o transporte (local, cobertura, canais, logística). Promoção � – toda e qualquer informação sobre o produto no merca- do repassado para o cliente com o objetivo de divulgar e comunicar suas qualidades ao público consumidor (vendas pessoais, promoção de vendas, relações públicas, propaganda). Seja qual for o objetivo da empresa, deve-se saber que para alcançá-lo será necessário prever uma perfeita combinação dos elementos descritos acima para a implementação de ações efetivas. Processos como instrumento do Sistema de Informações de Marketing (SIM) A gestão dos processos de marketing pode ser considerada como um conjunto de ações que envolvem os processos de análise, planejamento, implementação, controle das estratégias, programas e projetos elaborados para desenvolver e manter as vendas e relacionamentos com os clientes, permitindo que a organização alcance seus objetivos. Processos e informações de marketing 51 A figura a seguir ilustra o ciclo dos processos de gestão de marketing: Análise ambiental e identifi- cação de oportunidades Fidelização do cliente Definição da comunicação Gerenciamento da distribuição Formação do preço Desenvolvimento do produto/serviço Segmentação, seleção do mercado-alvo e posicionamento Pesquisa e estudo do comportamento do consumidor Figura 8 – Processos de gestão de marketing.2 Processo de gestão de marketing A gestão de marketing inicia-se com a análise do ambiente para identi- ficar oportunidades que podem ser exploradas pela empresa. As oportuni- dades identificadas precisam ser lapidadas, e isso pode ser feito a partir de estudos mais aprofundados sobre os possíveis consumidores para a oportu- nidade identificada. O estudo permitirá que a empresa segmente o mercado em diversos grupos e escolha o mais conveniente, assim é possível direcionar o foco de acordo com o perfil da empresa, permitindo um posicionamento junto a cada segmento. Inicia-se, então, o desenvolvimento do produto/serviço, a definição do preço, a estratégia de distribuição e a forma de comunicação com o público-alvo. Ao final, a empresa precisa criar estratégias para tornar o cliente fiel à sua marca e produto. O ciclo de gestão dos processos de marketing descrito anteriormente não possui início ou fim, as mudanças ocorrem o tempo todo e a empre- sa deve sempre procurar ajustar suas estratégias a partir de novas análises ambientais. Nesse contexto, observamos que a necessidade de informação para o planejamento e controle em marketing precisa ser muito mais ampla e extra- vasar outras fontes do ambiente externo como o macroambiente e o extra- -ambiente, além naturalmente do ambiente interno. 2 Disponível em: <http:// humblou.sites.uol.com.br/ ComportConsumidor.pdf>. Acesso em: 8 jul. 2009. 52 Processos e informações de marketing Atualmente, cristaliza-se a ideia de que somente através da utilização de um sistema de informações de marketing é que serão fornecidos os pré-re- quisitos para o desempenho das atividades de planejamento e controle de marketing. (MATTAR, 1986) Segundo Mattar (1986), o conceito de sistema de informações de marke- ting nasceu com as críticas feitas às deficiências da pesquisa de marketing que não atendiam às necessidades do planejamento. A administração tem ficado desapontada com a pesquisa de marketing cujas críticas mais frequentes são: 1. Produção de dados não relevantes. 2. Preocupação com a pesquisa de problemas não repetitivos. 3. Falhas ao prover informações de marketing suficientemente relevantes e compensadoras. A definição mais completa e consagrada do SIM é a de Cox e Good (1967, apud MATTAR, 1986): É um complexo estruturado e interagente de pessoas, máquinas e procedimentos destinados a gerar um fluxo ordenado e contínuo de dados, coletados de fontes internas e externas à empresa, para uso como base na tomada de decisões em áreas de responsabilidade específica da administração de marketing. Tal definição fica clara na figura a seguir: Figura 9 – Sistemas de Informação de Marketing (SIM). Gerentes de marketing Análise Planejamento Implementação Controle Ambiente de marketing Mercados-alvo Canais de marketing Concorrentes Públicos Forças macroambientais Sistemas de Informação de Marketing Desenvolvimento das informações Decisões e comunicações de marketing Avaliação das necessidades de informações Registros internos Inteligência de marketing Pesquisa de marketing Análise de apoio às decisões de marketing Distribuição das informações (K O TL ER , 1 99 4) Em resumo, um sistema de informação de marketing é composto por pes- soas, equipamentos e procedimentos para reunir, classificar, analisar, avaliar e distribuir as informações necessárias, oportunas e precisas para os toma- dores de decisões de marketing. Processos e informações de marketing 53 Exemplos de sistemas de informação básicos usados pelos gerentes de marketing são de consultas sobre pedidos, vendas, preços, níveis de esto- que, contas a receber, contas a pagar, entre outros. Um sistema de informação orientado para o usuário deve ser prepara- do para fornecer os dados necessários à tomada de decisões mais impor- tantes de marketing. Para isso, os administradores recorrem à inteligência de marketing, que é um conjunto de procedimentos e fontes usados para obter informações diárias sobre os desenvolvimentos pertinentes aos seus ambientes de marketing. A análise do ambiente de marketing é feita pelos administradores da seguinte forma: Visão direta � – exposição geral das informações, sem propósito espe- cífico em mente. Visão condicionada � – exposição direta, não envolvendo busca ativa, para uma área identificada ou tipo de informação. Busca informal � – esforço limitado e não estruturado para obter infor- mações específicas ou propósito específico. Busca formal � – esforço deliberado, acompanhado de um plano, pro- cedimento ou metodologia preestabelecida para assegurar informa- ções específicas. O SIM pode ser definido como a maneira pela qual os executivos da em- presa se mantêm atualizados e informados sobre modificações de condições no macroambiente e no ambiente-tarefa. Há uma preocupação constante em aprimorar e melhorar esse sistema que pode ser aperfeiçoado da seguinte maneira: Treinar e motivar a força de vendaspara destacar e relatar novos de- � senvolvimentos. Motivar distribuidores, varejistas e outros intermediários para transmi- � tirem informações importantes. Comprar informações de fornecedores externos. � Criar um centro interno de informações de marketing para coletar e � distribuir inteligência de marketing. 54 Processos e informações de marketing Diferenças entre ... Pesquisa de mercado? É a busca de informações que visa determinar as características de um mer- cado e medir sua extensão, possibilitando a análise do potencial de vendas, ou seja, a estimativa da capacidade de compra de um determinado produto pelos consumidores. Pesquisa de marketing? Busca influir no desenvolvimento de uma estratégia de marketing, seja na receptividade da marca, seja na comercialização de um produto ou serviço. A pesquisa de marketing se concretiza mediante processos de coleta de dados, registro e análise de dados quantitativos ou qualitativos e inclui dife- rentes tipos de pesquisa. A pesquisa de marketing deve ser orientada pelo planejamento, coleta, análi- se e apresentação sistemática dos dados, o que permite descobertas relevantes sobre uma situação específica de marketing enfrentada por uma empresa. A pesquisa de mercado é uma ferramenta importante para obter informa- ções sobre o mercado. Quanto maior o conhecimento sobre o mercado, clientes, fornecedores e concorrentes, melhor será o desempenho do negócio, e em vista disso, é importante combinar os elementos para a pesquisa como: fornecedores de pesquisa de marketing; � escopo da pesquisa de marketing; � processo da pesquisa de marketing, esquematizado na figura a seguir: � Figura 10 – Processo de pesquisa de marketing. (K O TL ER , 1 98 6. A da pt ad o. ) Apresentação dos resultados Coleta e informações Análise das informações Desenvol- vimento do plano de pesquisa Definição do problema e objetivos da pesquisa A pesquisa de marketing é um processo de definição de um problema e oportunidade, coletando e analisando de forma sistemática as informações para recomendar as estratégias de ações. Processos e informações de marketing 55 Ampliando seus conhecimentos Melhorias nos processos (SILVA JR., 2007) Com o objetivo de assimilar as mudanças promovidas pela concorrência mundial e pelos avanços tecnológicos, as organizações desenvolveram novos e importantes conceitos e técnicas de gestão. A reengenharia de processos é um desses conceitos que se tornou muito popular. Segundo Hammer e Champy (1994), a reengenharia de processos é o re- pensar fundamental e a reestruturação radical dos processos empresariais que visam alcançar drásticas melhorias em indicadores críticos e contemporâneos de desempenho, tais como custos, qualidade, atendimento e velocidade. Reengenharia é o trabalho organizado e levado a todos os níveis da orga- nização com a função de avaliar e reformular, radicalmente, os principais pro- cessos de trabalho com o objetivo de melhorar a produtividade, a qualidade dos produtos e serviços e a eficácia do atendimento ao cliente. O impacto que esse processo impõe é na verdade um “reinventar a empresa”. Inova os pro- cessos de maneira que integrem todas as funções departamentais tornando a organização mais competitiva e melhorando, consequentemente, seu valor para os acionistas, assim como sua contribuição à sociedade. Hammer e Champy (1994) descrevem da seguinte forma essa nova forma de organizar o trabalho nas organizações: as empresas, ao aplicarem a reen- genharia, na verdade estão reagrupando o trabalho decomposto por Adam Smith e Henry Ford tantos anos atrás. Uma vez reestruturado o trabalho, a forma lógica de organizar os seus executantes são as equipes de processo, trabalhando conjuntamente para executar um processo inteiro. Segundo Davenport (1996) a reengenharia de processos também pode auxiliar na redução de custos operacionais resultando em benefícios aos clientes. Se um processo é oneroso e está destinado à terceirização, sua re- formulação poderá trazer mais benefícios do que entregá-lo a uma empresa de fora. Na reformulação de um processo, sendo o mesmo composto por um conjunto de atividades organizadas e mensuráveis com o objetivo de gerar um produto específico para o cliente ou mercado, a ênfase deve ser dada em 56 Processos e informações de marketing como as coisas devem ser feitas e não, exatamente, no que está sendo feito. O processo também deve ter claro, suas entradas e saídas, o que será feito, o tempo em que será feito, o dono do processo e a estrutura necessária. A reengenharia é a técnica de gestão empresarial voltada para esta nova forma de realização do trabalho, onde princípios mecanicistas cedem lugar à volta da generalização, na qual o processo organizacional é operacionalizado através de unidades interfuncionais, as quais têm o início e a conclusão de um produto ou serviço (FISCHER, 2001). A necessidade da reengenharia de processos ocorre quando: os dados se apresentam redundantes, inconsistentes, pouco documentados, de difícil localização; e, os processos apresentam uma estrutura “spaghetti”, documen- tos desatualizados, redundância ou inconsistência nas atividades. A reengenharia de processos exige que as interfaces entre unidades fun- cionais ou de produto sejam melhoradas ou eliminadas, e que, sempre que possível, os fluxos sequenciais, através de funções, se façam paralelamente por meio de movimentos rápidos e amplos da informação (DAVENPORT, 1996). Segundo Hammer e Champy (1994), a TI desempenha um papel crucial na reengenharia das empresas, sendo um capacitador essencial. Porém, o seu uso inadequado pode surtir efeito contrário, bloqueando totalmente a reengenha- ria ao reforçar as velhas formas de pensar e os velhos padrões de conduta. Cruz (2000) sintetiza as ideias de Hammer, entendendo que antes de tentar organizar um processo empregando a TI pura e simplesmente, o uso de algum novo sistema ou dispositivo não impedirá a continuidade da desordem. O que literalmente deve ser feito é destruir, ou melhor, abandonar o modo de ope- racionalização do processo e recriá-lo totalmente. Só então, o uso da TI será bem mais proveitoso. Todo o trabalho importante realizado nas empresas faz parte de algum processo. Não existe um produto ou serviço oferecido por uma empresa sem um processo empresarial. Da mesma forma, não faz sentido existir um proces- so empresarial que não ofereça um produto ou um serviço. Processos e informações de marketing 57 Atividades de aplicação 1. O ambiente de marketing é caracterizado por contínuas e aceleradas mudanças que ocorrem no mundo globalizado, associadas às mudan- ças no interior de sua própria organização. Essas mudanças internas são caracterizadas: a) pela busca de visão de futuro através da implementação da estra- tégia, o que requer projetos de intervenção e processos alinhados e atualizados. b) por acréscimos e perdas de capacitações, novas estruturações, alterações nas políticas e estratégias, aquisições e incorporações, disponibilidade ou não de recursos de vários tipos, dificuldades momentâneas etc. c) por fatores que acabam por onerar a tarefa do administrador de marketing, tornando-a mais complexa e arriscada. d) por estratégias criadas para amenizar determinadas situações com o mínimo de conhecimento a respeito de variáveis que envolvem outros aspectos. 2. A organização que é orientada por processos pressupõe que as pesso- as trabalhem de forma diferente. De acordo com essa afirmativa, mar- que a alternativa que melhor explica essa nova forma de trabalho. a) Em lugar do trabalho individual e voltado para as tarefas, é valori- zado o trabalho em equipe, a cooperação, a responsabilidade indi- vidual e a vontade de fazer melhor.b) Há uma valorização do trabalho individual, independente e criativo. c) Abre-se espaço repensar os processos da organização de forma in- dividual e independente de outros departamentos. d) Ocorre uma análise cuidadosa dos processos fazendo com que os envolvidos sejam responsabilizados de forma individual. 58 Processos e informações de marketing 3. Qual das opções abaixo responde ao conceito de reengenharia de processos? a) É a ênfase no que deve ser feito. b) São os fluxos sequenciais de funções paralelas aos da informação. c) É a essência de repensar radicalmente os processos empresariais. d) É o repensar fundamental e a reestruturação radical dos processos empresariais que visam alcançar drásticas melhorias. 60 Processos e informações de marketing Sistemas de Informação em Marketing A importância da informação no marketing contemporâneo Procuramos destacar a importância crescente da informação para deci- sões e controles de marketing, caracterizando os Sistemas de Informação em Marketing (SIM) e sua ligação com as atividades de planejamento e controle. Segundo Mattar (1986) o marketing pode ser visto sob três dimensões que são: filosófica, funcional e operacional. Na dimensão filosófica, o conceito de marketing refere-se à orientação para o consumidor em todas as decisões do marketing, ou de forma amplia- da em todas as decisões da empresa, e que visam à satisfação das necessida- des e desejos dos consumidores. Na dimensão funcional, o conceito de marketing diz respeito à troca. Se- gundo essa dimensão, não basta que de um lado existam pessoas com ne- cessidades e desejos a serem satisfeitos e de outro empresas com produtos ou serviços destinados à satisfação dessas necessidades, se não ocorrer o processo de troca. Na dimensão operacional, o conceito de marketing diz respeito ao que precisa e deve ser feito para promover as trocas que visam satisfazer às ne- cessidades e desejos dos consumidores. Nessa dimensão, o conceito de marketing enfatiza a importância da integração e coordenação de marketing, de maneira a desenvolver um processo de tornar lucrativas as oportunida- des existentes no mercado. Nas três dimensões anteriormente descritas percebe-se claramente que a informação é o elemento comum a todas. Para um planejamento de marketing ser eficiente é preciso obter fatos e conhecimentos que facilitem o processo de tomada de decisão. 62 Sistemas de Informação em Marketing A reorganização da informação empresarial passa pelo campo da tecno- logia da informação e do marketing. Segundo Bretzke (2000, p. 10) “a infor- mação tem se tornado um bem de capital, com valor similar a mão de obra, matéria-prima e recursos financeiros”. O desafio do marketing é transformar o modo de pensar, de compreender e de trabalhar com a realidade, ofere- cendo as informações necessárias à tomada de decisão. Nesse contexto, Laudon e Laudon (apud ROSINI; PALMISANO, 2003) des- crevem os conceitos básicos que dizem respeito às características da infor- mação que está sendo trabalhada, conforme o quadro abaixo: Quadro 1 – Conceitos relacionados à informação Conceito Definição Frequência Diz respeito a quantas vezes uma informação é oferecida dentro de um determinado perío- do de tempo. Intensidade Está relacionada ao número de caracteres que somos capazes de receber, compreender e re- transmitir dentro de um determinado período de tempo. Ela é calculada pelo tempo neces- sário para se compreender uma determinada situação. Redundância/ eficiência É o excesso de informação que se tem por uni- dade de elemento de dado. É uma segurança contra erros no processo de comunicação. Para se verificar uma redundância basta sus- pender drasticamente a informação e verificar o que acontece. Custo/ benefício A informação só deve ser produzida se propor- cionar um resultado, pelo menos, equivalente ao custo de sua produção. Essa relação entre o custo de produção, da informação e o bene- fício oferece ao tomador de decisões agregar valor a um determinado processo. Disponibilidade É o local e o momento em que a informação deve estar disponível. Transmissão Deve-se fazer com que os dados sejam trans- mitidos de forma eficiente passando por um mínimo de pontos de transmissão, para que a informação chegue a seu destino sem distor- ções, omissões ou excessos e no tempo opor- tuno. A entrada fundamental para a realização de qualquer atividade em uma organização é a informação. Para o funcionário, a informação deve atender (L AU D O N ; L AU D O N a pu d RO SI N I; PA LM IS A N O , 2 00 3) Sistemas de Informação em Marketing 63 suas necessidades para que possa realizar atividades específicas. Já para a organização, a informação deve atender a necessidades estratégicas para in- tegração das atividades finais e de apoio, criando um novo valor para seus produtos e serviços prestados aos clientes. Desse modo, a informação é vista como elemento básico nas organiza- ções, sendo utilizada desde o conhecimento do mercado à definição, produ- ção, estoque e venda do produto. Ou seja, é a promoção de conhecimento e orientação necessários a todas as fases dos processos da organização, nos momentos mais oportunos. As várias atividades de uma empresa devem ser sincronizadas para que haja o melhor aproveitamento dos recursos na transformação dos produtos. A cadeia de informação ao longo da empresa é que permite essa articulação entre as funções. Uma forma bastante adequada e simples de fazer essa in- terligação é usar o fluxo de informação dos processos. A necessidade de pos- suir a informação certa e na hora certa faz com que as empresas aprimorem seus métodos e sistemas de captação de dados internamente. Se considerarmos as atividades de vendas, compras e produção de uma organização qualquer, é comum a empresa vender o que não foi produzido, comprar em excesso ou menos do que o necessário ou comprar e vender produtos com especificações erradas. Se for definido um modo de interliga- ção dos processos e estabelecidos os dados para informação, esses proble- mas poderão ser amenizados. É necessário que para cada processo seja estabelecido o que, quanto, quando, quem, como, onde e por quê. No exemplo dado, o setor de compras identifica a quantidade e os prazos de entrega dos produtos vendidos (o que, quanto e quando). Essa mesma informação é desdobrada para o setor de compras que procede a aquisição da quantidade de matéria-prima com- patível com a produção prevista. A produção estabelece os procedimentos (como e por quê), o planejamento e controle da produção (PCP), desdobran- do as informações de prazos, quantidades e postos de serviços (onde). Contudo, essa cadeia de informação funciona se a empresa estiver de- vidamente organizada, de forma que os processos e funções possam ser estabelecidos e os canais de comunicação da informação necessária sejam conhecidos. Assim, é necessário estabelecer uma forma de organização que permita analisar todo o seu funcionamento. 64 Sistemas de Informação em Marketing Identificação das necessidades de informação Segundo Kotler (1998), existem algumas empresas que desenvolveram avançados sistemas de informação em marketing que fornecem detalhes essenciais de forma rápida e acessível, sobre desejos, preferências e compor- tamentos dos clientes. O autor cita como exemplo a Coca-Cola, que mantém informações como a quantidade média de cubos de gelo em um copo, quan- tos de seus comerciais são assistidos, em média, por ano, e qual a tempera- tura adequada para o produto de acordo com os clientes. Essas informações auxiliam o administrador1 na tomada de decisão de marketing. Pode-se dizer que para a informação ser útil depende da análise efetuada pelo administradorde acordo com sua necessidade e circunstância de apli- cabilidade. Dessa forma, é importante para ressaltar que o administrador, ao analisar todas as informações, deve considerar as mais diferentes necessida- des dos usuários em função do uso, da urgência e dos volumes envolvidos. Ao administrador caberá ainda definir de que forma a informação caminhará dentro da organização até a chegada ao usuário solicitante, que dependerá de vários elementos como o suporte escolhido, a política informacional da organi- zação, a segurança do trâmite da informação e o armazenamento dos dados. Chiavenato e Sapiro (apud CRISPIM, 2005) relacionam a informação es- tratégica às decisões estratégicas da organização, que são de responsabili- dade dos primeiros escalões que trabalham com informações cujo contexto dizem respeito aos negócios da própria empresa. De acordo com Crispim (2005) observa-se três níveis organizacionais em que as informações apa- recem dispostas em componentes (fontes e canais) no fluxo informacional, conforme demonstra a figura abaixo. Figura 1 – Nível organizacional. Nível estratégico Nível tático/gerencial Nível operacional (C H IA VE N AT O ; S A PI RO a pu d CR IS PI M , 2 00 5) 1 Administradores, geren- tes ou tomadores de de- cisão serão tratados neste trabalho como posições se- melhantes. (nota do autor) Sistemas de Informação em Marketing 65 As informações dispostas no nível estratégico exercem um papel de grande importância no diagnóstico do ambiente competitivo, identifican- do ameaças e tendências de mercado, definindo estratégias e elaborando planos de ação na empresa. No nível tático/gerencial as informações influen- ciam no planejamento estratégico associado a funções executivas clássicas como finanças, marketing, produção, recursos humanos e administração. Já a informação operacional, obtida no nível operacional, tem o propósito de controlar e corrigir os desvios na execução de atividades dentro de um plano de ação na empresa. Segundo Crispim (2005), alguns autores afirmam que, em determinado momento, não existe a separação entre os níveis organizacionais e, conse- quentemente, informacionais, apesar da diferenciação percebida na catego- rização das informações, descritas anteriormente. Visão geral dos Sistemas de Informação de Marketing (SIM) As empresas precisam organizar seus fluxos de informações de marketing para que sejam mais bem explorados por seus administradores. É gerada então a necessidade de desenvolvimento de um Sistema de Informação de Marketing, o chamado SIM, que, segundo Oliveira et al. (2004), é utilizado para aprimorar o processo de tomada de decisão em marketing. Stanton (apud MATTAR, 1986), descreve alguns passos para iniciar o siste- ma de informação: determinar que dados são necessários; � proporcionar a obtenção (reunião ou geração) desses dados; � processar os dados com o auxilio de estatísticas, modelos estruturados � ou outras técnicas; armazenar os dados em um dispositivo para consultas posteriores. � Um Sistema de Informação de Marketing deve ser desenvolvido para ser voltado ao futuro, pois os dados passados e presentes, e também os dados obtidos a partir de prognósticos, ajudam o administrador na tomada de de- cisões tanto em relação ao presente quanto ao futuro. 66 Sistemas de Informação em Marketing Quanto ao uso do computador para o SIM, o autor salienta que depende do volume de informações a serem processadas, o que, por sua vez, depende do tamanho (porte) da organização, assim como dos recursos disponíveis. As vantagens sucedidas do uso do SIM, segundo Mattar (1986), são: pode proporcionar mais informação em um espaço de tempo menor, � de acordo com as limitações de tempo exigidas pela empresa, obten- do um melhor desempenho para toda a organização; permite o uso da informação dispersa de forma integrada, adequan- � do-a à necessidade da organização; permite maior exploração do conceito de marketing; � pode proporcionar a recuperação seletiva de informação, enviando � apenas aquilo que os usuários necessitam e esperam; pode proporcionar reconhecimento mais rápido das tendências que � se desenvolvem no mercado atual; permite o melhor uso do material que comumente é reunido pelas � empresas no decorrer de suas atividades, como, por exemplo, vendas por produto, por cliente e por região; pode permitir melhor controle do plano de marketing da empresa, � por exemplo, pode dar sinais de alarme quando há alguma coisa errada no plano; pode evitar que informações importantes sejam facilmente suprimi- � das, por exemplo, indicações de que um produto deve ser retirado. O autor cita ainda outras vantagens como a redução do número de deci- sões tomadas de forma intuitiva e a diminuição do volume das informações que chegam ao executivo, transformando-o em adequado e “enxuto”. Em relação à necessidade e uso crescente do SIM podemos mencionar algumas tendências que hoje afetam o marketing, que são: o número crescente de multinacionais que, aparentemente, estão con- � tinuamente expandindo suas linhas de produto; os gastos crescentes em pesquisa e desenvolvimento e a quantidade � de produtos novos lançados no mercado; Sistemas de Informação em Marketing 67 aumento da competição e ciclos de vida dos produtos cada vez mais � curtos; a crescente utilização de planejamento estratégico por produtos e � mercados pelos departamentos de marketing; o uso crescente (apesar de lento) de técnicas analíticas mais sofistica- � das em marketing, incluindo modelos; a crescente disponibilidade e barateamento de equipamentos de pro- � cessamento eletrônico de dados com a consequente baixa nos custos de processamento. Os benefícios de um SIM são sempre perceptíveis, contudo, depende de quão bem tenha sido projetado para atender as necessidades da organiza- ção. O conhecimento atualizado sobre o ambiente externo torna-se essen- cial para qualquer empresa. Diante disso, o SIM torna-se uma ferramenta es- sencial para transformar os dados coletados em informações para a tomada de decisão. (OLIVEIRA et al., 2004) Registros internos – inteligência de marketing A informação é um elemento muito importante dentro das organizações, pois ajuda a minimizar a incerteza na tomada de decisão, porém, precisa passar por um processo de avaliação antes de ser, efetivamente, armazena- da e utilizada. A situação ideal seria dispor de um Sistema de Informação de Marketing alinhado às necessidades dos usuários (gerentes) e que permita a fluidez das informações por toda a organização. Nesse contexto, a figura a seguir ilustra um SIM estruturado de acordo com as informações que tramitam em uma organização. Figura 2 – Sistemas de Informação de Marketing. (B . F IL H O ; E ST IG O N I, 20 07 ) Gerentes de marketing Registros internos Informações de vendas Inteligência de marketing Pesquisa de mercado Ambientes de marketing 68 Sistemas de Informação em Marketing Podemos identificar três etapas no Sistema de Informação de Marketing ilustrado na figura anterior. A primeira etapa refere-se à identificação das necessidades de informação que deve ser verificada junto aos gerentes. A segunda etapa refere-se ao desenvolvimento das informações, obtidas a partir de registros internos da empresa, informações de vendas, serviços de inteligência de marketing e pesquisa de marketing. Registros � internos: é comum o gerente de marketing valer-se de in- formações obtidas dos registros internos da empresa. Segundo Kotler (1998), trata-se do um sistema de informação básico mais usado pelos administradores de marketing. Trata-se de relatórios sobre pedidos, vendas, preços, níveis de estoque, contas a receber, contasa pagar, entre outros. Com base nessas informações, os gerentes conseguem identificar oportunidades e problemas importantes. Informações de vendas � : estão dispostas em relatórios e são necessá- rias aos administradores de marketing. São informações sobre o moni- toramento de seus territórios, previsões de vendas a qualquer momen- to (desempenho por regiões, reação dos revendedores, atividades dos concorrentes etc.). Segundo Kotler (1998), a tecnologia de informação tem revolucionado as atividades dos vendedores, transformando a “arte” de vendas em um processo de negócios automatizados. Eles agora possuem computadores portáteis que lhes permitem acesso imediato a informações sobre seus clientes potenciais ou atuais, para fornecer às suas empresas feedback e relatórios de vendas imediatos. Inteligência de marketing � : segundo Kotler (1998), trata-se de um conjunto de procedimentos e fontes usados pelos administradores para obter informações cotidianas sobre os desenvolvimentos do am- biente externo de marketing. Tais informações são obtidas a partir de pesquisas em livros, jornais e revistas técnicas e também através de debates sobre o assunto. Essas informações mercadológicas permitem que a organização prepare ou ajuste seu planejamento de marketing. Pesquisa de marketing � : serve para projetar, coletar, relatar e siste- matizar os dados que sejam relevantes a uma situação especifica de marketing ou para outro tipo de problema vivenciado pela organiza- ção. A organização inicia ou encomenda um estudo sobre determina- do assunto em uma data estipulada. Sistemas de Informação em Marketing 69 A terceira etapa refere-se à distribuição das informações coletadas através da inteligência e da pesquisa de marketing, após serem efetuadas as devidas análises são distribuídas aos tomadores de decisão, que utilizam as informa- ções para avaliar o desempenho e detectar problemas e oportunidades. Sistemas de apoio às decisões de marketing O Sistema de Apoio à Decisão (SAD) é conceituado por Stair e Reynolds (2002) como uma organização de pessoas, procedimentos, ferramentas e dispositivos utilizados para dar suporte à tomada de decisões para resolução de determinados tipos de problemas. Se comparamos as informações geradas por um Sistema de Informação Gerencial (SIG) e um Sistema de Apoio à Decisão (SAD) teremos o quadro a seguir: Quadro 2 – Comparação entre SIGs e SADs Sistemas de Informação Gerencial (SIG) Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) Fornecimento do apoio à decisão Fornecem infor- mações sobre o desempenho da organização. Fornecem informações e técnicas de apoio à decisão para analisar problemas ou oportunidades específicas. Forma e fre- quência das informações Periódicas, de exceção, por demanda e rela- tórios e respostas em pilha. Consultas e respostas interativas. Formato das informações Formato pré-especificado e fixo. Formato ad hoc flexível e adaptável. Metodologia de processa- mento das informações Informações produzidas por extração e mani- pulação de dados dos negócios. Informações produzidas por modelagem analítica de dados dos negócios. O SAD consiste na escolha da melhor opção entre diversas alternativas auxiliada por recursos computacionais com a possibilidade da obtenção de dados com melhor qualidade e maior velocidade, resultando na resolução do problema de modo correto ou não, ou seja, podendo em alguns casos sugerir novos caminhos e contribuir de forma positiva. (O ’B RI EN ; M A RA KA S, 2 00 7) 70 Sistemas de Informação em Marketing Para que um SAD tenha sucesso é preciso utilizar a tecnologia adequada à aplicação. Nesse contexto, constata-se que um Sistema de Apoio à Deci- são de Marketing (SADM) deve ser composto por vários elementos. Segundo Kotler (1998, p. 127) pode ser conceituado como um conjunto coordenado de dados, sistemas, ferramentas e técnicas com software e hardware de apoio pelos quais uma organização reúne e interpreta informações relevantes da empresa e do ambiente, transformando-as em base para a ação de marketing. Cada vez mais as organizações rendem-se ao uso do Sistema de Apoio à Decisão para auxiliar seus gerentes de marketing a tomarem as melhores decisões. Um exemplo do funcionamento de um SADM é apresentado por Kotler (1998, p. 127): Suponhamos que um gerente de marketing precise analisar um problema e adotar uma ação. Ele introduz os dados em um modelo apropriado localizado no SADM. O modelo organiza os dados e são, depois, analisados estatisticamente. Depois, pode usar um programa para determinar o curso ótimo de ação. Ele adota essa ação que, junto com outras forças, afeta o ambiente e resulta em novos dados. No exemplo apresentado acima, é fundamental o uso de um computador e de ferramentas estatísticas, modelos e rotinas de otimização para compor um SADM, conforme ilustra a figura a seguir. Figura 3 – Sistema de Apoio às Decisões de Marketing. Dados de marketing Avaliações e decisões de marketing Sistema de Apoio às Decisões de Marketing Banco estatístico Banco de modelos Análise de regressão Análise de comparação Análise fatorial Análise discriminante Análise de conglomerados Análise paritária (ou conjunta) Escala multidimensional Modelo de projeto de produto Modelo de preço Modelo de seleção de local Modelo de composto de mídia Modelo de orçamento de propaganda (K O TL ER , 1 99 4) Sistemas de Informação em Marketing 71 Os SADMs são mais comuns em estações de trabalhos de marketing cria- das para os administradores conduzirem as decisões da organização. Para Kotler (1994), essas estações de trabalho assemelham-se a cabines de con- troles utilizadas por pilotos de aviões. Analogamente, é como se os adminis- tradores fossem equipados para “pilotar” o negócio na direção correta. A cada dia são lançados novos softwares de computadores que auxiliam os administradores de marketing a analisar, planejar e controlar suas opera- ções. Esse pensamento é reforçado por Kotler (1994, p. 138), quando argu- menta que existem diversos programas de computador para marketing e vendas que fornecem apoio para preparar estudos de pesquisa de marketing, segmentar mercados, fixar preços, determinar orçamentos de propaganda, analisar mídias, planejar a atividade da força de vendas e assim por diante. Assim, podemos afirmar que o SADM é um tipo de sistema de SAD que, de acordo com Rezende e Abreu (2000), ajuda o administrador na tomada de decisão, especialmente nas fases de desenvolvimento, comparação e classi- ficação de riscos, além de prover elementos para seleção de mais opções. Pesquisa de marketing A pesquisa de marketing define-se como um processo para trabalhar um problema ou uma oportunidade através da coleta e análise de informações de forma sistemática. De posse dos resultados da pesquisa, os administra- dores são capazes de recomendar estratégias de ações a serem aplicadas nos negócios da organização. Assim, é possível antecipar ou responder às necessidades dos clientes, identificar e avaliar oportunidades ou problemas, gerar e viabilizar ações, e melhorar o desempenho do marketing como um processo. Dessa forma, a pesquisa de marketing contribui para a redução de incertezas, melhorando a tomada de decisão. A pesquisa serve para projetar, coletar, relatar e sistematizar os dados que sejam relevantes a uma situação específica de marketing ou para outro tipo de problema vivenciado pela organização. Para isso, a empresa inicia ou en- comenda um estudo sobre determinado assunto em uma data estipulada. Para que seja eficaz, a pesquisa de marketing deve envolver cinco fases: definição do problema/objetivo da pesquisa, plano de pesquisa, coleta da informação,análise das informações e apresentação dos resultados, confor- me ilustra a figura a seguir. 72 Sistemas de Informação em Marketing Sugerir ações de marketing Apresentação dos resultados Coletar informações DADOS Primários? Secundários? Desenvolver descobertas Análise Desenvolver o plano/ Projeto de pesquisa Definir o problema Devemos lançar um novo produto? Figura 4 – Processo de pesquisa de marketing. (K O TL ER , 1 99 4. A da pt ad o. ) Na primeira fase define-se o problema e os objetivos da pesquisa os quais permitem ao processo tornar-se mais ágil e preciso. O pesquisador concen- tra-se na garantia das informações, preocupando-se com a exatidão dos dados necessários e a resolução do problema. Na segunda fase desenvolve-se o plano ou projeto de pesquisa para elaborar a coleta das informações necessárias de forma eficaz. É necessário que o gerente de marketing conheça o custo do plano de pesquisa antes de aprová-lo. Segundo Kotler (1994), a preparação de um plano de pesquisa demanda decisões sobre fontes de dados (levantamento de dados primários e/ou secundários2), abordagens e instrumentos de pesquisa, plano de amos- tragem e métodos de contato. Na terceira fase é feita a coleta das informações, considerada a mais cara e a mais sujeita a erros. No levantamento de dados o pesquisador poderá se deparar com respondentes que não queiram colaborar com a pesquisa ou que não estejam no local, tendo que ser substituídos por outros ou podem não ser honestos em suas respostas, ou ainda podemos nos deparar com en- trevistadores não confiáveis. Tudo isso pode contribuir para o encarecimen- to da pesquisa e a geração de dados não confiáveis. Felizmente, os métodos de coleta de dados estão melhorando graças aos modernos computadores e às telecomunicações. Na quarta fase ocorre a extração dos resultados a partir dos dados cole- tados. As informações são tabuladas e são elaboradas distribuições de fre- quências. Médias e medidas de dispersão são computadas para as principais variáveis, também são aplicadas algumas técnicas estatísticas avançadas e modelos de decisão para efetuar descobertas significativas. A análise das in- formações poderá ocorrer de forma simples ou de maneira profunda. Na quinta fase ocorre a apresentação dos resultados aos interessados. É preciso lembrar que a administração não deve ser sobrecarregada com uma 2 Dados secundários são aqueles coletados para outros propósitos e já se en- contram disponíveis. Dados primários são aqueles reuni- dos para um projeto ou pro- pósito específico (KOTLER, 1994). Sistemas de Informação em Marketing 73 grande quantidade de números e técnicas estatísticas extravagantes. Os re- sultados devem ser relevantes para serem utilizados na tomada de decisão de marketing. A pesquisa de marketing ajuda a responder questões sobre mercados compradores, demanda e canais de distribuição, composto de marketing (produtos), preço, distribuição e promoção, conforme ilustram os quadros seguintes. Quadro 3 – Questões que a pesquisa de marketing ajuda a responder Sobre mercados compradores Demanda Canais - Que tipo de pessoas com- pram nossos produtos? - Onde elas moram? - Quanto eles ganham? - Quantas elas são? - A demanda por nossos produtos está aumentando ou diminuindo? - Há novos mercados pro- missores que ainda não atingimos? - Os canais de distribuição de nossos produtos estão adequados? Precisam ser alterados? - É possível que surjam novos tipos de canais de marketing? Sobre desempenho e participação no mercado Satisfação dos clientes Reputação - Qual é nossa participação no mercado total? - Qual é nossa participação no mercado geográfico? - Qual é nossa participação por tipo de cliente? - Os clientes estão safisteitos com nossos produtos? - Como é nosso registro de serviços? - Há muitas devoluções de produtos? - Como o público percebe a nossa empresa? - Qual a nossa reputação com os membros do canal? Quadro 4 – Questões que a pesquisa de marketing ajuda a responder Sobre o composto de marketing - produto Preço Distribuição Promoção - Que projeto de produto tem maior probabilidade de obter sucesso? - Que tipo de embala- gem devemos usar? - Nível de aceitação do produto? - Que preço devemos cobrar por nossos produtos? - O preço dos produ- tos atuais deve ser alterado? - Onde e por quem nossos produtos de- vem ser vendidos? - Que tipos de incen- tivos devemos ofe- recer ao comércio para impulsionar os nossos produtos? - Quanto devemos investir em promo- ção? - Como nosso or- çamento deve ser distribuído entre produtos e áreas geográficas? - Que combinação de mídia – jornais, rádio, TV, revistas – devemos usar? (V ER N I, 20 09 ) (V ER N I, 20 09 ) 74 Sistemas de Informação em Marketing O objetivo da pesquisa de marketing é superar ou reduzir as dúvidas e incertezas bem como os possíveis riscos que podem atravessar o caminho do administrador. Em geral, as questões apresentadas nos quadros ante- riores servem para identificar a presença ou ausência das tendências de mercado. SIM e seus subsistemas A chave para o sucesso de um sistema de informação está na tradução dos benefícios obtidos da informação. O SIM é uma estrutura que possibilita a re- cuperação de informações de maneira rápida e eficaz. Faz parte do sistema de informação da empresa, devendo ser considerado como um subsistema. O SIM é considerado um subsistema, pois faz parte do sistema da infor- mação da organização, o qual divide-se em três subsistemas: de decisão, de ação e de informação (MATTAR, 1986). O subsistema de decisão ativa o subsistema de ação, que por sua vez alimenta o subsistema de informação, conforme mostra a figura a seguir. Subsistema de decisão Subsistema de informação Subsistema de ação Figura 5 – O sistema empresa e seus subsistemas. (M AT TA R, 1 98 6) Para possibilitar a tomada de decisão no nível de planejamento estra- tégico, planejamento e controle operacional e planejamento e controle administrativo, o subsistema de informação deverá ser concebido em dois níveis distintos. O primeiro nível incorpora as decisões operacionais de áreas como vendas, produção, finanças, administração e outras. Poderá ser desenvolvi- do de forma manual ou mecanizada, porém deverá atender as necessidades para a tomada de decisões de cada área funcional, considerando, na medida do possível, o impacto nas decisões de outras áreas. Sistemas de Informação em Marketing 75 O segundo nível incorpora as decisões estratégicas e administrativas de cada área funcional, possibilitando a quantificação (em termos financeiros) de todas as atividades desenvolvidas ou previstas. Também devem ser levadas em conta as informações sobre a organização e o meio ambiente em que atua. Apesar de considerarmos o SIM como um subsistema de informações da empresa, ele será mencionado como um sistema, pois é composto por pes- soas, equipamentos e procedimentos para agrupar, classificar, avaliar, anali- sar, e disseminar as informações indispensáveis, adequadas e precisas para os administradores de marketing. (KOTLER, 1994) O planejamento de um sistema de informação deve considerar o uso de tecnologias de informações, orientado às questões estratégicas da empresa, ao posicionamento estratégico e estrutura interna da organização, conside- rando os fluxos atuais de informações. Segundo Oliveira et al. (2004), as fontes de informações para o SIM podem ser obtidas através de documentos gerados na própria unidade de informa- ção, em estudos de usuários ou sobre o ambiente físico de unidades de infor-mações como jornais, periódicos de circulação geral, documentos gerados pelos mercados, manuais, programas, folhetos, boletins, projetos e bases de dados. No entanto, as informações contidas no SIM precisam ser coletadas e atualizadas de forma permanente e sistemática. Ampliando seus conhecimentos Pesquisa de marketing (SILVA, 2009) O quadro a seguir apresenta as principais ferramentas estatísticas, modelos e rotinas de otimização que compreendem um modelo de Sistema de Apoio a Decisões de Marketing (SADM): Ferramentas estatísticas 1 – Regressão múltipla Usada para estimar uma melhor “equação de ajuste”, apresentando a variação de valor de uma variável dependente em função da mudança dos valores de outras variáveis in- dependentes. 76 Sistemas de Informação em Marketing Ferramentas estatísticas 2 – Análise discriminante Usada para classificar objetos ou pessoas em duas ou mais categorias. 3 – Análise fatorial Usada para determinar as poucas dimensões básicas de um conjunto maior de variáveis não correlacionadas. 4 – Análise por conglomerados Usada para separar objetos em um número específico de grupos mutuamente exclusi- vos, de modo que os grupos tornem-se rela- tivamente homogêneos. 5 – Análise paritária Usada para determinar as preferências dos respondentes por diferentes ofertas, decom- postas para que seja determinada a função suposta para cada atributo e a importância relativa de cada um deles. 6 – Escala multidimensional Usada para a preparação de mapas de percep- ção de produtos ou marcas concorrentes. Modelos 1 – Modelo do processo Markov Mostra a probabilidade de movimentação de um estado atual para qualquer outro estado. 2 – Modelo de fila Mostra o tempo de espera e a extensão da fila que pode ser esperada em qualquer sistema, de acordo com o tempo de chegada e de ser- viços e o número de canais de atendimento. 3 – Modelo de pré-teste de novos produtos Estima as relações funcionais entre estados de consciência, julgamento e recompra do consumidor, com base em suas preferências e ações em uma situação de pré-teste da oferta e da campanha de marketing. 4 – Modelo de respostas de vendas Um conjunto de modelos que estimam as re- lações funcionais entre uma ou mais variáveis de marketing (força de venda, gastos em pro- pagandas ou em promoções de vendas etc.). 5 – Modelos de escolha discreta (logit e probit) Calculam a probabilidade de escolha de uma alternativa como uma função dos atributos de todas as alternativas disponíveis. Rotinas de otimização 1 – Cálculo diferencial Permite encontrar os valores máximos ou mínimos ao longo de uma função bem defi- nida. 2 – Programação matemática Possibilita determinar os valores que otimi- zariam alguma função-objetivo que está su- jeita a um conjunto de restrições. 3 – Teoria de decisão estatística Permite determinar o curso de ação que pro- duz o valor máximo esperado. Sistemas de Informação em Marketing 77 Rotinas de otimização 4 – Teoria dos jogos Permite determinar o curso de ação que mi- nimizará a perda máxima do tomador de de- cisão face à incerteza de comportamento de um ou mais concorrentes. 5 – Heurística Envolve o uso de um conjunto de regras sim- ples que reduz o tempo ou trabalho exigido para encontrar uma solução razoável para um sistema complexo. O Sistema de Apoio a Decisões de Marketing necessita de três tipos de programas: um SGBD ( � software gerenciador de banco de dados) para manutenção das informações armazenadas (classificação, recuperação, seleção, in- clusão etc.); um � software de gerenciamento de base de modelos para manipulação dos dados; um sistema de diálogo que permita a manipulação dos dados, explo- � rando o banco de dados e utilizando os modelos na geração dos rela- tórios necessários. A cada dia surgem mais softwares e modelos de decisão. Segundo Kotler (1994), as empresas que oferecerem a seus administradores o poder do acesso a informações obterão uma grande vantagem competitiva. Atividades de aplicação 1. O uso de Sistemas de Informação de Marketing (SIM) tem crescido muito ultimamente, dando maior importância à informação do que para as decisões e o controle de marketing. Nesse contexto, o marke- ting é visto sobre três dimensões: filosófica, funcional e operacional. Assinale a alternativa que corresponde à descrição de cada uma das dimensões citadas, respectivamente. a) A filosófica diz respeito ao processo de troca; a funcional é orien- tada ao consumidor em todas as decisões de marketing; e a ope- racional diz respeito ao que precisa ser feito para promover trocas que favoreçam as necessidades do consumidor. 78 Sistemas de Informação em Marketing b) A filosófica é orientada ao consumidor em todas as decisões de marketing; a funcional diz respeito ao processo de troca; e a ope- racional diz respeito ao que precisa ser feito para promover trocas que favoreçam as necessidades do consumidor. c) A filosófica diz respeito ao que precisa ser feito para promover tro- cas que favoreçam as necessidades do consumidor; a funcional diz respeito ao processo de troca; e a operacional é orientada ao con- sumidor em todas as decisões de marketing. d) A filosófica diz respeito ao processo de troca; a funcional é orienta- da ao consumidor em todas as decisões de marketing; e a opera- cional diz respeito aos procedimentos internos de marketing. 2. Nas atividades de vendas, compras e produção de uma organização qualquer, é possível observar a venda de produtos que ainda não foram produzidos, a compra de produtos em excesso ou em menor quantidade ou a compra e venda de produtos cujas especificações es- tão incorretas. Assinale a alternativa que descreve uma forma de ame- nizar os problemas descritos. a) Definição de um modo de interligação dos processos e estabeleci- mento de dados para informações. b) Apuração dos funcionários responsáveis pelas áreas onde os pro- blemas ocorrem, substituindo-os por funcionários mais compe- tentes. c) Tornar os processos o mais independentes possível entre as áreas, para evitar que os erros se propaguem. d) Demissão imediata dos funcionários que cometeram esses erros. 3. O Sistema de Informação de Marketing (SIM) é considerado um sub- sistema, pois faz parte do sistema da informação da organização. Pode ser divido em três subsistemas que são: a) de recebimento, de faturamento e de contabilidade. b) de decisão, de negociação e de estratégias. c) de ação, de reação e de tomada de decisão. d) de decisão, de informação e de ação. 80 Sistemas de Informação em Marketing Marketing eletrônico Conceitos do marketing eletrônico O marketing eletrônico trata da prática de satisfazer os desejos e necessi- dades do consumidor e das empresas por meio do comércio on-line. Nesse sentido, o comércio eletrônico é o processo do marketing eletrônico que tem sido bastante aprimorado pela tecnologia on-line. Nos últimos anos, o meio de comunicação eletrônica chamado de inter- net disseminou inovações de software e hardware, que foram desenvolvidos especificamente para aprimorar a conveniência das compras on-line. Junta- mente com a internet os recursos de marketing eletrônico (como pesquisa de consumidores, e-mail, sites na web, agentes inteligentes de compras, pes- quisas de autoidentificação on-line e serviço aos consumidores on-line, entre outras ferramentas) estão sendo integrados aos programas tradicionais de marketing que estão melhorando o alcance e a eficácia do contato com o público-alvo. Reedy et al. (2001) consideram o marketing on-line como uma extensão tática e estratégica da alta tecnologia para coleta de informações, marketing direto e feedback de clientes, que são atividades muito importantes para a chamada comunicação integrada de marketing. Nessecontexto abordamos neste estudo os processos de marketing ele- trônico nas áreas de comunicação, transação e decisão que preparam o ca- minho para um comércio eletrônico de sucesso. Ambiente geral do marketing eletrônico Os avanços tecnológicos estão possibilitando aos profissionais de marketing identificar clientes potenciais através de mercados focados, utilizando-se de meios seletivos de transmissão (em vez de transmissão em massa), men- sagens on-line, ferramentas eletrônicas como lista de servidores (listservs), grupos de discussão, propaganda dirigida, press releases1 on-line, ou confe- rências on-line para entregar produtos de consumo. (REEDy et al., 2001) 1 Um press release, ou seja, um comunicado de im- prensa, também conhecido como news release, é sim- plesmente uma declaração por escrito distribuída aos meios de comunicação social. Ele pode anunciar uma série de novidades: eventos agendados, pro- moções, prêmios recebidos, notícias sobre produtos e serviços, novas parcerias importantes etc. É uma ferramenta fundamental de trabalho para comuni- cações empresariais. 82 Marketing eletrônico Ainda, Reedy et al. (2001, p. 26) relatam que “o marketing eletrônico tem capacidade de personalização para atender às preferências dos clientes – sabor, perfume, textura, frequência, quantidades para presente ou uso pró- prio e método de entrega”. O marketing eletrônico auxilia o profissional de marketing a determinar estratégias de segmentação antes de levar os produtos ou serviços efeti- vamente ao mercado, por meio de pesquisa de marketing on-line, análise da satisfação pós-venda dos consumidores on-line e pesquisas pós-campo. Todas essas atividades são influenciadas pelo marketing eletrônico, incluin- do a entrega on-line de benefícios e satisfação aos clientes, que são viabili- zados por meio dos seguintes recursos de marketing eletrônico, segundo Reedy et al. (2001): Comércio eletrônico � (e-commerce) – é a realização da comunicação e transações de negócios por meio de redes de computadores, ou seja, é a compra e venda de produtos e serviços, e transferência de fundos pelas comunicações digitais. Esse tipo de comércio inclui todas as fun- ções que existem entre empresas e intraempresas viabilizando o co- mércio através do correio eletrônico, Intercâmbio Eletrônico de Dados (EDI), transferência de arquivos, fax, videoconferência, fluxo de traba- lho ou interação com um computador remoto, compra e venda pela web, transferência eletrônica de fundos, cartões inteligentes, dinheiro digital e todas as formas de fazer negócios usando as redes digitais. Marketing eletrônico � – são todas as atividades on-line ou eletrôni- cas que facilitam a produção e a comercialização de produtos e ser- viços para satisfazer os desejos e as necessidades dos consumidores. Incluem pesquisas de mercado, desenvolvimento de produtos, es- tratégias e táticas para persuadir consumidores, distribuição on-line, registros dos consumidores, serviços de atendimento e feedback dos clientes. Ou seja, viabiliza o comércio eletrônico. Recursos do marketing eletrônico � – são ferramentas tecnológicas ou eletrônicas utilizadas para implementar as diretrizes de marketing. Incluem world wide web (www), sites interativos, agentes de compras, shopping virtuais, informações por fax automáticos ou apresentações em CD-ROM, e muitos outros recursos de marketing eletrônico que contêm multimídia. Marketing eletrônico 83 No marketing, quanto mais se conhece os clientes, melhor se torna para servi-los e antecipar suas necessidades, antes que o concorrente o faça. Essa luta frente à concorrência é uma estratégia cara e perigosa, mas com os re- cursos do marketing eletrônico pode-se prevenir estratégias improdutivas e caras ao introduzir serviços com valor agregado. Sem dúvidas, os clientes es- peram que conheçam suas personalidades, o que gostam ou não, suas ideias, do mesmo modo que você conhece a personalidade de seus parentes. Enfim, existem muitas situações de relacionamentos com clientes que podem ser aperfeiçoadas pelo marketing eletrônico ou por sistemas de co- municações disponíveis. Reedy et al. (2001) nos trazem algumas situações para as quais os recursos de marketing on-line são bastante apropriados: Comunicações da empresa � – mensagens internas e externas, o cor- reio eletrônico (e-mail) é uma ferramenta de comunicações barata e de longo alcance. Pesquisa de marketing � – o pesquisador de marketing pode testar atitudes, manter diálogos e registrar opiniões que podem ser monito- radas por muito tempo. Por exemplo, pode-se mensurar um sistema web através do número de visitantes ou quanto tempo permanece no site ou página. Planejamento de marketing � – além de dar suporte às vendas exis- tem outras situações nas quais os recursos de marketing on-line são apropriados. Devido ao número cada vez maior de pessoas que ficam expostas à internet, mais pessoas vão procurar esse meio para obter informações de marketing. Inovações de produtividade � – os vendedores externos estão se be- neficiando dos recursos on-line porque, mais uma vez, as ferramentas eletrônicas aceleram as respostas dos vendedores às perguntas dos clientes quanto ao inventário, detalhes de produção e outras questões relacionadas. Negócios empresa a empresa � – o marketing e as vendas on-line estão sendo cada vez mais adotados nos negócios entre empresas, à medida que os setores comerciais pavimentam o caminho, os consumidores começam a participar das transações comerciais on-line com mais con- fiança e maiores expectativas. 84 Marketing eletrônico Tempo e acesso a sites comerciais � – tornam-se menos complicados e disponíveis 24 horas. Um benefício adicional é que os sistemas ele- trônicos de pedidos permitem uma melhor administração da progra- mação de mão de obra, visto que o atendimento dos pedidos pode ser mais bem planejado para eliminar os picos e os vales dos pedidos. Assim, maximizando a alocação de recursos de toda a organização. Lealdade dos clientes � – muitas empresas estão interessadas nos hábi- tos e preferências de compras de seus clientes e estão desenvolvendo banco de dados detalhados para rastrear as atividades de compra. Des- se modo, o conhecimento das necessidades ou exigências de clientes anteriores ajuda o profissional de marketing a planejar futuros serviços e programas que auxiliam no relacionamento com seus clientes. Alcance global � – a internet é uma conexão internacional de computa- dores em rede, com isso o marketing global pode ser efetuado apenas com o toque de uma tecla. Todas as empresas devem levar em conta as consequências do marketing internacional via internet porque exis- tem vantagens e desvantagens. No entanto, o objetivo do marketing é criar um bom relacionamento ou uma boa experiência com clientes em potencial e clientes atuais. Inteligência competitiva � – uma empresa precisa utilizar os recursos do marketing eletrônico para ter inteligência competitiva, usando a web para investigar as ofertas de produtos ou serviços dos concorrentes. Outras aplicações que as empresas podem empregar através dos recur- sos do marketing on-line são: a administração de custos (redução de custos), a parceria com a logística (colaboração e comunicação entre empresas) e o recrutamento de pessoal (localizar candidatos, procurar consultores, docu- mentos governamentais, fornecedores etc.). A internet O’Brien e Moreira (2004) consideram a revolução da internet como o fe- nômeno de comunicação viabilizada por uma tecnologia simples, barata e que vem viabilizando a evolução do marketing eletrônico. A internet explodiu nos anos 1990 penetrando na consciência do públi- co, ganhando manchetes e atraindo milhões de usuários em todo o mundo. Marketing eletrônico 85 Todasas indicações apontam para um crescimento ainda mais rápido cada ano que passa. Esse crescimento explosivo é um fenômeno revolucionário da com- putação e da telecomunicação, hoje a internet se converteu na maior e mais importante rede de informação e está evoluindo para a supervia de informações2 do amanhã. A internet está constantemente se expandindo, à medida que mais e mais empresas, computadores e redes aderem a essa rede mundial. Milhares de redes comerciais, educacionais e de pesquisa agora conectam entre si. A internet também se tornou uma plataforma fundamental para uma lista em rápida expansão de serviços de informa- ção, entretenimento e aplicações comerciais, incluindo sistemas colabora- tivos e comércio eletrônico. (O’BRIEN; MOREIRA, 2004) A internet evoluiu de uma rede de pesquisa e desenvolvimento (Arpa- net3) estabelecida em 1969 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para permitir que pesquisadores comerciais, acadêmicos e governa- mentais se comunicassem por correio eletrônico e compartilhassem dados e recursos de computação. A rede não dispõe de um mainframe4 ou de um centro de telecomunicações; em vez disso, cada mensagem enviada possui um código de endereçamento único para que qualquer servidor de internet na rede para que possa encaminhá-la até seu destino. Além disso, a internet não possui uma sede ou um organismo que a go- verne; a Internet Society, em Reston, é um dos diversos grupos de voluntá- rios constituídos de membros individuais e empresariais que promovem o uso da internet e o desenvolvimento de novos padrões de comunicações. Esses padrões comuns são a chave para o livre fluxo de mensagens entre os computadores e redes amplamente diferenciados no sistema. A internet está crescendo rapidamente e mudou muito nas últimas dé- cadas, ela foi criada na era da tecnologia do tempo compartilhado (time- -sharing) e sobreviveu na era do computador pessoal, da tecnologia cliente- -servidor, da conexão pessoa a pessoa e do computador em rede. Esse recurso foi projetado antes da existência das redes locais, mas adap- tou-se à nova tecnologia de redes. Ela foi idealizada para dar apoio a uma va- riedade de funções, de compartilhamento de arquivos, de recursos e acesso remoto. Ainda, disseminou o correio eletrônico e a web. 2 Em 1994, durante a pri- meira gestão de Clinton na presidência dos Estados Unidos, foi criado o pro- jeto Information Highway, ou Supervia de Informa- ção, que consistia em uma rede digital de alta velo- cidade, visando integrar computadores, telefones e televisores de todos os lares americanos, em uma rede construída e operada de forma privada. 3 Rede de uso militar original da internet, chamada então de Arpanet (Advanced Re- search Projects Agency Ne- twork) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América. 4 Computador de grande porte, dedicado normal- mente ao processamento de um volume grande de informações. Os mainframes são capazes de oferecer serviços de processamento a milhares de usuários atra- vés de milhares de terminais conectados diretamente ou através de uma rede. 86 Marketing eletrônico Para Reedy et al. (2001), a internet ainda não parou de sofrer mudanças, embora seja uma rede no nome e na geografia, é por natureza um compu- tador. E assim, continuará a mudar, evoluindo à velocidade da indústria da informática a fim de se manter no jogo. Agora está evoluindo para permitir novos serviços, como o transporte em tempo real de fluxos de áudio e vídeo. A disponibilidade da internet, juntamente com a comunicação e com- putação a preços competitivos nos formatos portáveis (notebooks, pagers, celulares) está tornando possível um novo paradigma de computação e co- municação móvel. Esse desenvolvimento trará novas aplicações – telefone na internet, televisão na internet, permitindo acesso por meio de formas mais sofisticadas e recuperação de custos. Novos métodos de acesso e novas formas de serviços vão gerar novas aplicações, que continuarão a impulsionar a revolução da internet. (REEDy et al., 2001, p. 98.) Comércio eletrônico A rede mundial de computadores e suas tecnologias, como intranets e extranets, fornecem links mundiais para clientes e fornecedores de uma em- presa. Por meio desses links possibilitam aplicações de comércio eletrônico (marketing, compra, venda e assistência a produtos e serviços). Ainda, como aplicações incluem o intercâmbio eletrônico de dados, como documentos de transação comercial e sistemas seguros de pagamento por transferência eletrônica de fundos financeiros. (O’BRIEN; MOREIRA, 2004) Para Albertin (2002) o comércio eletrônico é a realização de toda a cadeia de negócios em um ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa das tecnologias de comunicação e de informação, tornando a empresa mais competitiva. Os processos de negócios podem ser realizados de forma completa ou parcial, incluindo as transações negócio a negócio (B2B – business-to-busi- ness), negócio a consumidor (B2C – business-to-consumer) e intraorganiza- cional, em uma infraestrutura predominantemente pública de fácil e livre acesso e baixo custo. A figura 1 apresenta um modelo de comércio eletrônico, com uma pers- pectiva integrada, que demonstra que o comércio eletrônico pode ser utili- zado em todas as fases de uma transação comercial, por meio de uma pers- pectiva comprador-vendedor ou através de um modelo de ciclo de vida. Marketing eletrônico 87 Figura 1 – Modelo de comércio eletrônico (perspectiva integrada). Identificar necessidade Combinar e prover Localizar fonte Localizar clientes Localizar fonte Combinar termos Comprar Preencher pedido Utilizar, manter e dispor Suporte a cliente Informação Informação Informação Dinheiro e mercadorias Comprador: Troca: Vendedor: Fluxo do processo (A LB ER TI N , 2 00 2) Os sistemas de comércio eletrônico definidos por Albertin (2002) podem ter valor significativo como uma alavanca para novas estratégias de geren- ciamento de clientes, principalmente porque eles: conectam diretamente compradores e vendedores; � apoiam a troca de informações totalmente digitadas entre eles; � eliminam os limites de tempo e lugar; � apoiam a interatividade, podendo adaptar-se dinamicamente ao com- � portamento do cliente; podem ser atualizadas em tempo real, mantendo-se sempre atualizados. � Marketing na internet Conforme ilustra a figura 2, o uso comercial da internet está se expandindo da troca de informações eletrônicas para uma plataforma ampla e estratégicas. Observe como a colaboração entre parceiros empresariais, fornecimento de suporte a clientes e vendedores, compra e venda de produtos e serviços tornaram-se usos comerciais da internet. Estudos de importantes empresas mostram que elas estão utilizando tec- nologias da internet principalmente para aplicações de marketing, vendas e atendimento ao cliente. Entretanto, esses estudos também demonstram um forte crescimento nas aplicações empresariais funcionais e no surgimento de aplicações em engenharia, manufatura, recursos humanos e contabilida- de. (O’BRIEN; MOREIRA, 2004) 88 Marketing eletrônico Escritório central Sites na internet permitem marketing e comércio eletrônico interativo e colaboração com clientes atuais e potenciais e parceiros de negócios. Fornecedores Extranets para o comércio eletrô- nico permitem aos fornecedores fazerem inventário, reabastecer estoque e enviar documentos via EDI (intercâmbio eletrônico de dados) por links seguros da internet. Sistemas de administração de estoque. Parceiros comerciais Os parceiros comerciais po- dem utilizar a internet para e-mail, transferência de arquivos, fóruns de discussão e acesso extranet a recursosintranet. Clientes Os clientes podem visualizar catálogos em multimídia no site e comprar produtos e serviços com atendimento e suporte interativos. Escritórios remotos Links intranet com sites remotos de funcionários co- nectam equipes virtuais para comunicações, colaboração e computação interativas. A INTERNET Figura 2 – Como uma empresa pode utilizar a internet para negócios. (O ´B RI EN ; M O RE IR A , 2 00 4) A internet, intranets e extranets dão suporte para comunicações mun- diais e colaboração entre funcionários, clientes, fornecedores e outros par- ceiros comerciais. Sites interativos da rede, e-mail, grupos de discussão, áudio e videoconferências e outros dispositivos da internet que permitem a disseminação e o compartilhamento de informações comerciais internas e externas. Com isso, as pessoas e membros de diferentes organizações e locais podem trabalhar juntos como se estivessem participando de equipes virtuais, por exemplo, em projetos comerciais. Torres e Cozer (2000) ressaltam que o marketing na internet não age so- mente na divulgação, mas sim em todo o projeto e, principalmente, nos pe- quenos detalhes do dia a dia, como o exemplo do e-mail. O problema é que, em geral, as pessoas resumem marketing como di- vulgação ou outros termos, como e-commerce – ou, ainda, tentam aplicar fórmulas que funcionam somente no mundo real. Assim considerando esses problemas além do desprezo pelos métodos de marketing específicos da internet, podem levar o site da empresa ao fracasso. Marketing eletrônico 89 Enfim, Torres e Cozer (2000) consideram que para um negócio ter sucesso na internet, é necessário principalmente: ter um produto, apresentado como o principal foco do negócio na � internet; ter visitantes, através da divulgação de seu negócio; � manter esse público, através de técnicas de gerenciamento aliadas ao � projeto de seu negócio. Pode-se afirmar que atualização é a palavra-chave para a vitalidade de qualquer site, tanto em termos de conteúdo e design quanto em termos de tecnologias. Como também o marketing na internet e toda a estratégia de um negócio não podem fugir a essa regra, pois é exatamente isso que dá dinamismo e atrai cada vez mais visitantes. Assim, toda vez que se atualiza algo da essência do site, deve-se atuali- zar também todo o marketing em cima dele. Mudar as campanhas pode ser mais dispendioso do que ajustá-las, no entanto dá mais retorno em relação ao número de novos visitantes no site. Atualmente, entramos numa era de desenvolvimento tão veloz que surgem campanhas publicitárias na internet que não chegam a durar uma semana. Torres e Cozer (2000, p. 19) alertam: Cabe a você ter olhos de águia e enxergar mais longe que os demais. Atualize-se sempre quanto às novidades de recursos e sua utilização na rede, sempre se fazendo a pergunta: como isso pode ser usado a meu favor? Pode acreditar que você estará sempre à frente da maioria. Recursos do marketing eletrônico Reedy et al. (2001) afirmam que os programas de marketing são bons apenas quando ocorre o alinhamento entre as ações de marketing e o uso eficiente das ferramentas do marketing eletrônico. Embora os profissionais de marketing tenham em mãos os veículos mais poderosos e interativos meios de comunicações, o planejamento e a execução dos melhores recur- sos eletrônicos não compensarão um fraco planejamento de marketing. Dessa forma, o profissional de marketing precisa saber quais são os papéis apropriados para os vários tipos de sistemas de comunicação, por exemplo, a utilidade do e-mail, softwares de fluxos de trabalho, de banco de dados, tais como Oracle e Microsoft Access entre outros. 90 Marketing eletrônico O profissional de marketing necessita conhecer as funções da internet, pois a tecnologia muda rapidamente, assim como os sistemas operacionais da Microsoft, como o windows XP, windows Vista e logo vem o lançamento de uma nova versão. A corrida entre fornecedores de tecnologias da infor- mação assemelha-se à indústria automobilística, apresentando frequente- mente novos modelos ou versões. Assim, Reedy et al. (2001) consideram que o profissional de marketing ex- periente ficará por dentro do desenvolvimento das ferramentas do marke- ting eletrônico ao acompanhar as publicações do setor, visitando feiras de informática e visitando instalações onde as ferramentas estão funcionado com sucesso. Há o alerta, ainda, que quando um programa funciona bem, as empre- sas hesitam em compartilhar o seu sucesso. Portanto, necessita-se descobrir esses programas mágicos por meio de fornecedores e associados em empre- sas não concorrentes. Para funcionar a inteligência de marketing é necessá- rio investigar os concorrentes continuamente. Algum concorrente sempre tem melhor execução ou ferramenta. Então cabe ao profissional de marketing nivelar o campo de ação ao ser mais persistente e inovador. Vamos resumir algumas ferramentas que Reedy et al. (2001) descrevem como importantes para o marketing eletrônico: A eletrônica do � e-commerce – é impulsionada para fazer a migração de ações de mercado de massa para os mercados um a um, usando al- gumas ferramentas eletrônicas, como videografia, CD-ROM, quiosques interativos, pagers, scanners ópticos nas caixas registradoras, transmis- sores de radiofrequência para transmissão dentro da loja e cartões in- teligentes para a gravação de transações. Armazém de dados � – banco de dados que armazena grandes quanti- dades de informações acumuladas ao longo dos anos. Assim, tornan- do-se um banco de dados imenso, podendo ser identificadas tendên- cias atuais e históricas dos perfis de consumo dos clientes, entre outras consultas possíveis. E-mail � – é a ferramenta de comunicações preferencial no intercâmbio de mensagens em nível nacional e internacional. Possui baixo custo para envio de mensagens e é muito flexível para chegar a indivíduos, grupos ou funcionários em toda a empresa. As suas principais aplicações Marketing eletrônico 91 são: malas diretas, resposta rápida na confirmação de pedidos de ven- das ou responder informação, respostas predeterminadas (questões mais acessadas), entre outras aplicações. Interconexões da internet � – além do marketing, vários outros depar- tamentos estão usando a web para relações públicas, recrutamento, in- formações sobre investimentos e acionistas, registros de inventários de revendedores e fornecedores ou para pesquisa e desenvolvimento. World wide web � (www) – a web tornou-se conhecida como uma apli- cação vencedora, nos círculos de marketing, devido à capacidade visu- al, sonora e de interação. As suas principais aplicações são: programas de comunicação de marketing, apoio à propaganda e dos esforços de relações públicas, recuperação de informações e a integração com si- tes de pesquisas, banco de dados, relatórios de desempenho, nomes de clientes e hábitos de compras. Agentes de compras robotizados � – são sites especializados em pes- quisa de produtos aos consumidores da internet, onde você digita o produto procurado e ele responde com uma lista de opções de pro- dutos e preços. CD-ROMs � – nessa linha de recursos de multimídias (inclusive os DVDs) os benefícios para ações de marketing eletrônico suportam apresenta- ções divertidas e persuasivas para serem mostradas durante as visitas de vendedores. A qualidade gráfica e sonora é excelente. As aplicações de marketing para essas mídias se tornarão mais populares à medida que a tecnologia avançar para produzir discos que possam gravar, apa- gar, atualizar ou salvar inúmeras vezes. Bancos de dados e � softwares de marketing – aplicativos diferentes de banco de dados permitem às organizações não somente responder rapidamente às condições dos negócios em mutação, mas também paraexploração de oportunidades de negócios. As suas principais aplicações são: acesso a informações on-line por usuários a longas dis- tâncias e auxílio para tomar algumas decisões baseando-se na recupe- ração de dados de negócios. Aplicativos � front-end e back-end – são um conjunto de softwares, utilizados nos processos de negócios de uma empresa, que integram necessidades de informações da linha de frente e de retaguarda. 92 Marketing eletrônico Aplicação: informações de clientes na linha de frente pelo vendedor (vendas, cadastros, relacionamentos) e na retaguarda (informações administrativas/financeiras apoiando vendas e ações de marketing). Redes de comunicação � – as comunicações de marketing estão sen- do dirigidas para públicos diferenciados, e não mais para mercados de massa. É mais eficiente criar redes segmentadas para diferentes usuários como empregados, vendedores, clientes, imprensa ou outros grupos de interesses. As suas principais aplicações são: intranet da em- presa (internet de uso interno da empresa) e extranet (rede privada de comunicações que inclui clientes e fornecedores externos seleciona- dos), ambas possuem os mesmos conceitos da internet. Integração entre � softwares – as empresas muitas vezes se engajam no comércio internacional, de modo que comunicações rápidas são vitais para a reação e o sucesso da administração. As suas principais aplicações são: ferramentas de softwares funcionando em conjunto com outras, software de automação de escritório, com sistema de fax automático, integrado com sistema de gestão e assim por diante. Sistemas de relatórios e planejamento � – qualquer negócio requer tomadas de decisão claras e concisas, relatórios frequentes à diretoria sobre o status de projetos em andamento, entre outros. Como também a apresentação de marketing é feita com planos, tabelas e gráficos de demonstrativos que representam o desempenho dos programas de marketing em andamento. Ou seja, quanto melhor as informações pu- derem ser controladas e manipuladas, melhor será o desempenho dos processos de negócios. Scanners � ópticos – a leitora ótica de caracteres elimina a entrada ma- nual de dados. Essa ferramenta eletrônica economiza muitas horas de fixação de preço e contagem de estoque, cupons ou bilhetes de concursos. Ainda, ajuda os profissionais de marketing a melhorar o de- sempenho, a rastrear os resultados da promoção de vendas, a contar itens vendidos, verificar preços, e outras considerações de operações. Sistemas de fax automático � (fax-back) – se o profissional de marke- ting precisa apoiar uma série de vendedores, particularmente em ter- mos nacionais, um sistema de fax automático faz sentido. Marketing eletrônico 93 Portais da � web – o portal é um ponto de entrada que oferece ampla gama de recursos e serviços, tais como e-mail, fóruns, uma variedade de sites de pesquisa, notícias, páginas pessoais e shopping centers on-line. Aplicações do marketing eletrônico Para O’Brien e Moreira (2004), as mais conhecidas aplicações da internet são o e-mail, navegação dos sites na rede e a participação em grupos de no- tícias e salas de bate-papo. As mensagens de e-mail normalmente chegam em segundos ou em poucos minutos a qualquer ponto do mundo e podem tomar a forma de arquivos de dados, texto, fax e vídeo. Ainda, softwares de navegação na internet, como o Microsoft Explorer, permitem que milhões de usuários surfem na web, encaminhando-se por meio de cliques do mouse para os recursos de informação em multimídia armazenados nas páginas como hiperlinks de empresas, governo e outros sites da rede. Como ilustra o quadro 1, os sites oferecem informações e entretenimento e são os pontos de lançamento para transações de comércio eletrônico entre as empresas e seus fornecedores e clientes. Quadro 1 – Usos populares da internet Surfar – apontar e clicar para percorrer milhares de sites e recursos em hiperlinks na rede em busca de informações em multimídia, entretenimento ou comércio eletrônico. E-mail – trocar correspondência eletrônica com milhões de usuários da internet. Discutir – participar de fóruns de discussão ou anunciar mensagens em BBSs5 formadas por milhares de grupos de notícias de interesses específicos. Bate-papo (chat) – manter conversas textuais em tempo real em salas de bate-papo com usu- ários da internet no mundo inteiro. Download – transferir para o seu computador arquivos de dados, programas, relatórios, arti- gos, revistas, livros, imagens, sons e outros tipos de arquivos de milhares de procedências. Computar – conectar e utilizar milhares de sistemas de computadores na internet no mundo inteiro. Outros usos – fazer chamadas telefônicas gratuitas de longa distância, realizar videoconferências por computador, ouvir programas de rádio, assistir televisão, explorar mundos virtuais etc. Em se tratando de aplicações, a internet fornece fóruns de discussão, que são formados e gerenciados por milhares de grupos de notícias de interesse 5 Os BBS, sigla inglesa de Bulletin Boards Systems (BBS), também designados por Electronic Bulletin Boards (EBB), foram os sistemas pioneiros na comunicação on-line entre membros de um determinado grupo. Para o funcionamento desses sistemas era neces- sário, além do computador, um modem, uma linha tele- fônica e um programa BBS que permitiria um conjunto de facilidades, semelhantes às de um painel, onde era possível colocar e receber mensagens, enviar e re- ceber ficheiros, ter acesso a fóruns de discussão etc. Antes do aparecimento da world wide web (www), algumas empresas utiliza- vam as BBS como veículo de eleição para a distribui- ção de produtos e serviços, entre eles serviços de con- sultoria e software. Com a generalização da www, as BBS tornaram-se obsoletas tecnologicamente e foram sendo gradualmente subs- tituídas por serviços on-line e por webBBS. (O ’B RI EN ; M O RE IR A , 2 00 4) 94 Marketing eletrônico especial. Qualquer pessoa pode participar de discussões ou postar mensa- gens sobre milhares de tópicos para outros usuários com os mesmos interes- ses em lê-las e respondê-las. Outras aplicações populares incluem o download de arquivos, softwares, informações e o acesso a bancos de dados fornecidos por milhares de em- presas, governos e outras organizações. Pode-se fazer pesquisas on-line em busca de informações em sites da rede de diversas maneiras, utilizando o na- vegador e sites de procura como Google, yahoo, Excite e Infoseek. Conectar- -se a outros computadores e manter conversas em tempo real com outros usuários em salas de bate-papo também são usos populares da internet. Destacamos alguns exemplos no quadro 2. Quadro 2 – Alguns dos principais serviços comerciais on-line, sites de busca e provedores de serviços de internet - America Online www.aol.com.br É o principal serviço comercial on-line com mais de 12 milhões de assinantes, incluindo os adicionados por meio da aquisição do CompuServe pela AOL. A AOL fornece e-mail, notícias, compras eletrônicas, bate-papo e conteúdo original, bem como acesso à internet para seus assinantes. - Starmedia www.starmedia.com.br A Starmedia fornece acesso gratuito à internet. Na sua home page os usuários podem encon- trar links para todos os tipos de tópicos na rede, incluindo filmes, viagem e investimentos. Exis- tem também conexões para fornecedores de conteúdo como Guiasp e sites de busca, como o Cadê? - UOL www.uol.com.br A UOL combina o acesso rápido à internet com serviços de conteúdo e informação. Entre estes inclui-se uma área de compras que apresenta links para varejistas eletrônicos famosos, como Lojas Americanas e Eletro, e uma seção de revistas e jornais que permite a realização de uma ampla pesquisa pelos seus assinantes.- AltaVista www.altavista.com A AltaVista conecta o usuário diretamente à pagina do site em que a expressão ou palavra que ele procurava foi encontrada. Além disso, realiza essa busca rapidamente. Existem também muitas outras informações no site, desde páginas amarelas a sites pessoais. - Yahoo! www.yahoo.com.br Sendo o site mais conhecido para pesquisas on-line, o yahoo! é também um portal da internet que oferece notícias, informações financeiras, e-mail grátis e outros serviços. Seu formato cro- qui é perfeito para encontrar informações em categorias metódicas, de artes e humanidades a computadores e empresas. O yahoo! também administra sites especiais para vários países e também para algumas cidades, como Boston e Chicago. A internet permite que as empresas formem alianças estratégicas com clientes, fornecedores, consultores, subcontratados e até concorrentes. A li- gação global entre essas empresas por meio de internet e extranet compõe uma rede que chamamos de empresas virtuais. Em outras palavras, a internet (O ’B RI EN ; M O RE IR A , 2 00 4) Marketing eletrônico 95 permite a formação rápida de alianças globais com parceiros comerciais para tirar partido de oportunidades de mercado, por meio da interconexão de vantagens exclusivas de cada parceiro, em uma rede integrada de recursos e capacidades das empresas. E qual o valor comercial da internet? A internet fornece uma síntese de capacidades de computação e comunica- ção que adicionam valor a cada parte do ciclo empresarial. Que valor comercial as empresas derivam às suas aplicações comerciais na internet? A figura 3 resume como as 100 organizações com maior uso da internet responderam a essa pergunta. Reduções substanciais de custo podem ser obtidas porque as aplicações utilizando tecnologias ou baseadas na internet (como intranets e extranets) são normalmente menos dispen- diosas em termos de desenvolvimento, operação e manutenção do que os sistemas tradicionais. A American Airlines, por exemplo, poupa dinheiro cada vez que os clien- tes utilizam seu site na rede em lugar de utilizarem o sistema de suporte telefônico da companhia. Outro exemplo são as aplicações de intranet nas empresas, normalmente muito mais fáceis e baratas de serem desenvolvidas e mantidas do que a utilização de mainframe ou cliente/servidor (O’BRIEN; MOREIRA, 2004). Figura 3 – Como as principais organizações usu- árias da internet estão extraindo valores de suas aplicações da internet. 35% Economia de custos 13% Marketing 18% Geração de receita 2% Outros 32% Atendimento ao cliente (O ’B RI EN ; M O RE IR A , 2 00 4) Outros motivos básicos para o valor comercial incluem o uso da inter- net e da rede para o marketing interativo e o atendimento ao cliente, como 96 Marketing eletrônico ilustram os exemplos da tabela 1. A geração de receita da internet por meio de aplicações de comércio eletrônico é uma fonte crescente de valor comer- cial, muitas empresas estão montando sites comerciais na rede mundial de computadores para obter principalmente quatro objetivos comerciais: atrair novos clientes via marketing e propaganda na rede; � melhorar o atendimento a clientes existentes via funções de atendi- � mento e suporte ao cliente pela rede; desenvolver novos mercados e canais de distribuição para os produtos � existentes, com base na rede; desenvolver novos produtos baseados em informações acessíveis na � rede. A tabela 1 mostra exemplos de como as 10 maiores organizações usuárias da internet têm obtido economia de custo ou aumento da receita a partir de suas aplicações. Tabela 1 – Exemplos de como as maiores empresas usuárias obtiveram economias de custo ou aumento de receitas a partir de suas aplicações da internet Companhia e URL Aplicações da internet e sua relação custo-benefício Amp, Inc. www.connect.amp.com Informação e comércio eletrônico. Permite acesso a informa- ções correntes sobre mais de 75 mil produtos, incluindo espe- cificações de aplicação e produto. Economia anual de custo: $160.000,00 dólares. Custo de desenvolvimento: $1,5 milhões. Arthur D. Little, Inc. www.arthurdlittle.com Marketing de serviços da empresa. Aumenta o contato com o cliente e a acessibilidade global. Aumento da receita: $600.000,00. Custo de desenvolvimento: $30.000,00 Black & Veatch www.bv.com Sistema de gerenciamento de construção. Ajuda no acompa- nhamento de informações de construção em todos os Estados Unidos. Economia anual de custo: $1 milhão. CUC International www.cuc.com Shoppers Advantage, serviço de compras on-line. Reduz as chamadas de atendimento ao cliente e os custos telefônicos. Aumento da receita: $500.000,00. Custo de desenvolvimento: $300.000,00 Intellichoice, Inc. www.intellichoice.com Informações e vendas automotivas. Fornece rápido acesso e uso de informações, reduz custos de produção de relatórios. Aumento da receita: $90.000,00 a $100.000,00. Custo de desen- volvimento: $9.000,00 a $10.000,00. Johnson & Higgins www.jh.com Marketing e atendimento ao cliente. Inclui sumários de apóli- ces de seguro, solicitações de certificados, manuais e planos de atendimento interativo. Reduz custos e erros, agiliza o fluxo de trabalho. Economia anual: $1 milhão. (O ’B RI EN ; M O RE IR A , 2 00 4) Marketing eletrônico 97 Companhia e URL Aplicações da internet e sua relação custo-benefício Peapod www.peapod.com Compras de mercearia on-line e serviço de entrega. Poupa tem- po aos clientes e fornece informações sobre produtos. Aumento da receita: $30 milhões. Custo de desenvolvimento: $50.000,00. MovieFone, Inc. www.movielink.com Guia nacional de programação de cinemas e serviços de ven- das de ingressos a distancia. Marketing, vendas, atendimento ao cliente. Aumento da receita: $1 milhão. Custo de desenvolvimen- to: $1,5 milhões. Schnuck Markets www.schnucks.com Marketing e comércio eletrônico para flores, artigos para festas e ingressos para cinemas. Aumento da receita: $100.000,00. Custo de desenvolvimento: $100.000,00. The Sharper www.sharperimage.com Comércio eletrônico, ferramenta de marketing. O atendimento ao cliente melhorou em economia de tempo, acesso aos produ- tos e aumento nas vendas. Economia anual de custo: aproxima- damente $500.000,00. Aumento da receita: $1 milhão. Assim, percebemos alguns exemplos práticos de empresas que obtiveram vantagens financeiras por meio de aplicações da internet em seus processos de negócios, o que consolida o marketing eletrônico como um dos recursos essenciais nos programas de marketing das empresas atualmente. Ampliando seus conhecimentos Caso o dilema de anúncios silenciosos (REEDy et al., 2001) Como é que você lança uma campanha de propaganda que será notada, mas não em excesso? Essa era o dilema que empresa Estée Lauder enfrentou quando decidiu lançar a propaganda para o novo serviço de compras on-line. A famosa marca de ma- quiagem queria atrair compradores do ciberespaço, mas temia irritar varejistas tradicionais, que acham que vão perder consumidores com a venda on-line. O resultado é uma surpreendente campanha de baixa intensidade que usa a internet e uma loja virtual ao mesmo tempo em que introduz o endereço web da Clinique, de forma discreta, em revistas tradicionais e anúncios de tele- visão. Segundo a vice-presidente de mercados especiais e nova mídia, “somos muito sensíveis aos nossos parceiros de lojas de departamentos”. Você não vai ver grandes pôsteres que dizem “Compre Clinique on-line” no meio das lojas dos varejistas. Você também não verá descontos. O produto Dramatically 98 Marketing eletrônico Lotin, da Clinique, ainda custa R$40,00 na web, por exemplo. A Clinique diz que está convencida deque o esforço on-line ajudará a conquistar clientes que não fazem compras em lojas de departamentos, sem roubar os clientes que fazem. Checklist para desenvolver uma loja virtual (REEDy et al., 2001) 1. Foi completado o estudo dos segmentos de clientes em potencial on-line e do nicho proposto para os produtos? O estudo indicou um ne- gócio lucrativo e sustentável para o site? 2. A partir dessas informações, você desenvolveu um plano de marketing eletrônico que delineia os elementos do mix de marketing, principal- mente produtos, preço, distribuição alternativa, promoção alternativa e metas de desempenho? 3. Como será organizado o site web, que departamentos administrarão quais áreas das atividades? (Pense em marketing, finanças e operações.) 4. Como você pretende chamar o site, qual será seu endereço URL? Você entrou em contato com a InterNic para saber se o endereço está disponí- vel? O desenvolvimento dará seguimento aos detalhes de registro? 5. Que produtos ou serviços específicos você venderia, alugaria ou faria leasing na web? 6. Que imagem você pretende apresentar no site web: usando mensagem textual, gráficos, características interativas, profundidade de informação, linguagens múltiplas, e assim por diante? 7. Você decidiu sobre o site web, destacando características como nome de do- mínio ou nome de domínio canônico, por exemplo, http://reedy:wwz.com? 8. Que detalhes de administração você planeja para seu site web: contagem de tráfego, livro de presença, formulário de feedback, e assim por diante? 9. Que detalhes de loja você planeja para sua loja virtual: formulários de pedidos seguros, sistemas de seguros de cartão de crédito, produtos à venda etc.? 10. Você está considerando qualquer função de inteligência artificial para sua vitrine, tais como suporte técnico automático, sistemas de respos- tas, e assim por diante? Marketing eletrônico 99 Atividades de aplicação 1. Existem muitas situações de relacionamentos com clientes que po- dem ser aperfeiçoadas pelo marketing eletrônico ou por sistemas de comunicações disponíveis. Qual alternativa abaixo diz o uso correto de recursos de marketing on-line? a) No planejamento de marketing o pesquisador de marketing pode testar atitudes, opiniões e monitorar por muito tempo. b) O desenvolvimento da lealdade dos clientes, oportunizada pelo marketing eletrônico, apoia estratégias de marketing de massa. c) Uma empresa precisa utilizar os recursos do marketing eletrônico para ter inteligência competitiva, investigando produtos e concorrentes. d) Os negócios entre empresas, por vendas on-line, só foram viabili- zados com o advento do marketing eletrônico e a internet. 2. Quanto melhor as informações puderem ser controladas e manipula- das, melhor será o desempenho dos processos de negócios, incluindo o marketing. De acordo com essa afirmativa, marque a alternativa que explica a ferramenta de marketing eletrônico associada. a) Agentes de compras robotizados. b) Os recursos de intranet e extranet. c) Os portais da web. d) Sistemas de relatórios e planejamento. 3. Os sites oferecem informações e entretenimento e são os pontos de lançamento para transações de comércio eletrônico entre as empresas e seus fornecedores e clientes. Qual opção abaixo é correta quanto aos usos populares da internet? a) Surfar – busca de informações em multimídia, entretenimento e comércio eletrônico. b) E-mail – manter conversas textuais em tempo real em salas de ba- te-papo. c) Chat – trocar correspondências eletrônicas com milhões de usuá- rios da internet. d) Download – participar de fóruns de discussão ou anunciar men- sagens. 100 Marketing eletrônico Banco de dados de marketing Conceito geral sobre a base de dados de marketing Bases de dados Uma base de dados é uma coleção de informações representadas por um domínio específico. Como exemplo, podemos citar uma lista telefônica ou um conjunto de fichas do acervo de uma biblioteca. Uma definição mais completa é dada por Stair e Reynolds: Uma base de dados é uma coleção organizada de fatos e informações. A base de dados de uma organização pode conter fatos e informações de clientes, funcionários, estoque, vendas dos competidores, aquisições on-line e muito mais. A maioria dos gerentes e executivos acredita que uma base de dados é uma das partes mais valiosas e importantes de um sistema de informação computadorizado. (STAIR; REyNOLDS, 2006, p. 15.) Atualmente, os computadores podem ser encontrados em quase todos os lugares, acumulando uma grande quantidade de informações. Mesmo assim, segundo Stair e Reynolds (2006), parece ser cada vez mais difícil obter significados nesse mar de dados que ajudem a organização a atingir seus objetivos. Desse modo, alguns aspectos devem ser considerados relevantes para atingir a eficiência e a eficácia dos sistemas informatizados, como: automa- ção de escritório, sistemas de apoio a decisões, controle de produção, alo- cação e estoque de recursos, entre outros. Esses sistemas são desenvolvidos para atender usuários nos mais diversos domínios de aplicação. Uma base de dados pode colaborar no sucesso de uma empresa de várias formas, proporcionando informações exatas, precisas e relevantes aos ad- 102 Banco de dados de marketing ministradores para tomada de decisões. Essas informações também podem auxiliar em outros fatores como: redução de custos, aumento de lucro, rea- valiação de atividades antigas e abertura de novas oportunidades de merca- dos. (STAIR; REyNOLDS, 2006) Em vista disso, em um mercado altamente competitivo, a diferença entre perdedores e vencedores está na capacidade de coleta e interpretação das informações, bem como na utilização para tomada de decisões rápidas, e nas ações da organização. É extremamente importante que os recursos da base de dados estejam alinhados aos objetivos da empresa. Por causa da importância que os dados representam para o sucesso da organização, muitas companhias desenvolvem suas bases de dados com fa- cilidades de acesso para garantir a eficiência no uso da informação. Desse modo, entram em cena os softwares conhecidos como sistema de gerencia- mento de bases de dados (DBMS – database management system). Trata-se de uma coleção de programas que permitem aos usuários criarem e manipu- larem uma base de dados. Segundo Takai e Italiano (2005, p. 15), “uma base de dados tem alguma fonte de dados, algum grau de interação com eventos do mundo real e uma audiência que está ativamente interessada no seu conteúdo.” Trata-se de um software de propósito geral que facilita o processo de definição (especifi- cação de tipos de dados a serem armazenados), construção (armazenamento dos dados em algum meio que seja controlado pelo DBMS) e manipulação (consulta, recuperação e modificação da base de dados) da base de dados de diversas aplicações (TAKAI; ITALIANO, 2005). Stair e Reynolds (2006, p. 159) ressaltam que: Uma base de dados, um DBMS e os programas de aplicação que usam os dados na base de dados constituem o ambiente da base de dados. O entendimento dos conceitos básicos do sistema de base de dados pode melhorar sua capacidade de usar o poder de um sistema de bases de dados computadorizado para apoio aos objetivos de SI1 organizacionais. A abordagem de bases de dados proporciona meios mais eficazes e eficientes para a organização dos dados, o que, segundo Stair e Reynolds (2006), deu origem à abordagem de bases de dados para o gerenciamento de dados. Nesse tipo de abordagem, um conjunto de dados relacionados é com- partilhado por diversos programas de aplicação, conforme ilustra a figura a seguir: 1 Sistemas de informações. Banco de dados de marketing 103 Figura 1 – Abordagem de bases de dados para gerenciamento de dados. RelatóriosSistema de base de dados Aplicação A Aplicação B Aplicação C Aplicação D Aplicação E S G B D Base de dados (Q U EI RO Z, 2 00 7. A da pt ad o. ) A abordagem apresentada na figura anterior deve envolver hardwares e softwares em conjunto. O quadro abaixo mostra algumas vantagens e des- vantagens da abordagem de base de dados. Quadro 1 – Vantagens da abordagem de bases de dados Vantagens Explicação Uso estratégico melhora- do de dados corporativos. Dados precisos, completos, atualizados e disponíveis da maneira que os administradores precisam, a qualquer hora. Melhor acesso a dados e informações. Softwares que facilitam o acesso e a recuperação de dados da base de dados com a utilização de comandos simples para obter infor- mações importantes. Melhor proteção geral dos dados. Os dados estão centralizados, facilitando o acesso, o monitoramen- to e o controle. A segurança é garantida por códigos de acesso e palavras-chaves, permitindo a entrada no sistema somente de pes- soas autorizadas. Recursos de dados e infor- mações compartilhadas. Os custos de hardware, software e pessoal podem ser rateados en- tres mais usuários. Flexibilidade. Alterações na estrutura de uma base de dados podem ser neces- sárias devido a mudanças nos requisitos. Caso um novo grupo de usuários precise de informações adicionais ainda não disponíveis na base de dados, alguns DBMSs permitem que tais mudanças na estrutura da base de dados sejam realizadas sem afetar a maioria dos programas de aplicações existentes. Disponibilidade de infor- mações atualizadas. Assim que o usuário modificar uma base de dados, todos os outros usuários percebem imediatamente a alteração. Ter informações atuali- zadas em tempo real é de suma importância para aplicações como sis- temas de reservas de passagens aéreas ou bases de dados bancárias. Economia de escala. Permite a consolidação de dados e de aplicações reduzindo o desperdício em atividades redundantes de processamento em diferentes projetos ou departamentos. Assim, a organização pode investir em processadores mais poderosos, e periféricos de arma- zenamento e de comunicação mais eficientes. (S TA IR ; R Ey N O LD S, 2 00 6; TA KA I; IT A LI A N O , 2 00 5) 104 Banco de dados de marketing Quadro 2 – Desvantagens da abordagem de bases de dados Desvantagens Explicação Custo relativamente alto para adquirir e operar um DBMS em um ambiente de operação de grande porte. Alguns DBMS de grande porte podem custar muito caro. Custo aumentado de pes- soal especializado. Pode ser que seja necessário contratar pessoal especializado e operacional para implementar e coordenar o uso da base de da- dos. Contudo, algumas empresas têm conseguido implementar essa abordagem sem a contratação de novos recursos. Vulnerabilidade. Apesar das bases de dados serem mais seguras, há sempre o risco da segurança falhar e ocorrer a invasão, tornando os dados acessí- veis ao intruso. Uma falha no DBMS pode afetar o funcionamento de várias aplicações, prejudicando vários usuários ao mesmo tempo. Por causa das vantagens para o uso da abordagem de bases de dados, Stair e Reynolds (2006) afirmam que grande parte dos negócios utiliza uma base de dados para armazenar dados de clientes, pedidos, estoques, funcio- nários e fornecedores como entrada para os diversos sistemas de informa- ções da organização. Uma empresa baseada na informação precisa conhe- cer sua importância e saber que, para sobreviver, precisa equilibrar os dados internos e externos. É necessário conhecer com detalhes o desempenho da empresa a fim de obter os melhores resultados. Em algumas situações, uma solução de base de dados para uso estratégico relaciona-se com as questões de sobrevivência da empresa. O marketing baseado em database As organizações precisam de executivos com capacidade de aprender a aceitar a responsabilidade pela informação, saber o que cada empresa compra, quando e por que, entre outros indicadores, de forma conjunta para que possam tomar ações fundamentais para manutenção e expansão de qualquer negócio. Um database de marketing ou um banco de dados de marketing é um con- junto de dados que abarca dados atuais sobre clientes ativos, potenciais ou prováveis, que possam estar disponíveis e acessíveis para ações de marketing, como geração e qualificação de interessados, vendas de produtos, serviços ou manutenção de relacionamentos. (S TA IR ; R Ey N O LD S, 2 00 6) Banco de dados de marketing 105 Segundo Shaw e Stone (1993), não há definição de marketing com banco de dados que seja universalmente aceita. Porém, marketing com banco de dados é uma abordagem interativa, que usa canais e meios de comunicação endereçáveis individualmente, tais como correio, telefone e força de vendas. Pode ser utilizado para: ajudar na ampliação do público-alvo da empresa; � estimular sua demanda; � manter-se perto dos clientes, registrando e alimentando uma memó- � ria eletrônica de banco de dados de clientes, clientes potenciais, todos os contatos comerciais e de comunicação, para ajudar a melhorar to- dos os contatos futuros e assegurar um planejamento mais realista de todo o marketing. Shaw e Stone (1993, p. 20) ressaltam que “o marketing com banco de dados é uma abordagem nova e poderosa para o marketing de empresa de grande porte. Diversas empresas estão aplicando grandes orçamentos em seu uso”. A figura 2 ilustra as características do marketing com banco de dados, entretanto, as empresas o descobrem das mais variadas formas. Assim, nem todas as características são visíveis nas empresas que utilizam o marketing com banco de dados. Banco de dados de marketing Sistemas de marketing e vendas Planejamento de campanha, coordenação e gerenciamento Previsão de vendas Análise de mercado/concor- rência Apoio de vendas em campo Telemarketing Mala -direta Gerenciamento da força de vendas Planejamento da campanha Planejamento estratégico Pesquisa e desenvolvimento Planejamento do produto Sistemas financeiros e operacionais Entrada de pedido Controle de estoques Faturamento Cobrança/contas a receber Figura 2 – Marketing com banco de dados totalmente integrado. (S H Aw ; S TO N E, 1 99 3) 106 Banco de dados de marketing Relacionaremos, a seguir, as principais características do marketing com banco de dados, de acordo com Shaw e Stone (1993): Cada cliente, atual ou potencial, está identificado em um registro no � banco de dados de marketing. Cada cadastro de cliente contém não somente a informação de identi- � ficação (nome, endereço etc.), mas também um conjunto de informa- ções de marketing. A informação está disponível para a empresa durante o processo de � cada comunicação com cliente, para capacitá-la a decidir como res- ponder às necessidades daqueles clientes. O banco de dados é usado para arquivar respostas de clientes às iniciati- � vas da empresa (comunicações de marketing ou campanhas de vendas). A informação também está disponível aos elaboradores da política � de marketing. Em grandes corporações, que vendem diversos produtos para cada � cliente, o banco de dados é usado para assegurar que seja desenvolvi- da uma abordagem consistente e coordenada. O banco de dados eventualmente � substitui a pesquisa de mercado. Em conjunto com a automação de clientes, a partir do desenvolvimento � de um banco de dados com grande capacidade de armazenamento de informações e das ferramentas criadas para acesso e tratamento das tran- sações, desenvolve-se a automação do gerenciamento de marketing. A grande capacidade de processamento e de armazenamentode dados dos computadores atuais e as novas formas de uso da tecnologia de comuni- cação possibilitam a existência do marketing com banco de dados, transfor- mando os dados do cliente e do mercado disponíveis para a ampla variedade de pessoas envolvidas no marketing e na força de vendas da organização. Conteúdo do database de marketing Um banco de dados, basicamente, é uma coletânea de informações. Por exemplo, um arquivo manual com um cartão para cada consumidor, em que Banco de dados de marketing 107 cada cartão lista nomes, endereços, telefones e outros dados cadastrais, isso é um banco de dados. E quanto mais informações acumuladas, o arquivo torna-se maior e mais valioso. Com cada nova entrada de dados, o manuseio transforma- se numa tarefa trabalhosa que consome muito tempo, caso não seja utilizado um banco de dados. Se a informação estiver contida num banco de dados infor- matizado, poderá ser compilada e alcançada em questão de segundos. Um banco de dados de marketing deve conter informações sobre clientes e mercados. As informações devem ser provenientes de algum lugar, pois no marketing com banco de dados aprende-se fazendo. É de responsabilidade desses profissionais assegurar que a informação tenha valor. Dessa forma, Shaw e Stone (1993, p. 114) enfatizam que marketing com banco de dados forma uma reserva de informações sobre clientes individuais. Essa informação deve ser mantida da forma mais eficaz possível. A menos que possa ser transformada em lucro, ela não nos é útil. O sistema de computador é imprescindível para organizar a informação e torná-la disponível. Em vista disso, ao informatizar os dados é preciso ter objetivos claros. Po- demos enumerar dois motivos principais: Fornecer grandes quantidades de dados sobre compradores e clien- � tes potenciais por segmento, para auxiliar a gerar melhores fluxos de receita. Capacitar o gerente de marketing a analisar e segmentar o público- � -alvo a fim de determinar a estratégia. Os bancos de dados informatizados são, geralmente, compostos por mi- lhares, até milhões de arquivos individuais, cada um podendo conter até um milhão de peças de informações. Dependendo do propósito, alguns bancos de dados trabalham somente dados sobre consumidores usuais, outros in- cluem dados sobre consumidores usuais e potenciais. Os arquivos podem conter dados parciais, ou todos os fatos relevantes de uma empresa (história de vendas, passado financeiro etc.). Saber que determinados consumidores só compram mercadorias em promo- ção, por exemplo, requer um gerenciamento com foco nas energias de marketing da empresa para cortar despesas e evitar desperdício. A empresa que deseje mo- vimentar rapidamente largas quantidades de mercadorias poderá mandar ofer- tas especiais somente para consumidores de altos volumes. 108 Banco de dados de marketing Para aumentar a eficácia de vendas os usuários de banco de dados comple- mentam os dados através da compra de informações sobre dados demográficos e estilos de vida dos consumidores. Dados de consumidores potenciais como idade, renda, tipo de carro, podem ser extremamente valiosos para algumas empresas. Identificar um cliente sem grandes débitos, por exemplo, pode ser um critério suficiente para uma empresa de cartão de crédito conceder ou não ao proprietário a aprovação preliminar para o uso de cartão de pagamentos. Os vendedores bem treinados normalmente desenvolvem eficazes bancos de dados de clientes. Utilizando computadores portáteis, registram os fatos pertinentes de seus clientes, volume de compra, preços, necessi- dades, critério de compra, hobbies, preferências alimentares, nomes de fa- miliares, aniversários etc. Junto com registro de visita, o vendedor introduz informações sobre a próxima visita, interesses e dúvidas do cliente etc. Co- nhecendo muito sobre seu cliente, o vendedor obtém vantagem competiti- va sobre seus concorrentes. Assim, um banco de dados de marketing envolve investimento em um computador central e remoto, softwares básicos, programas especiais para manipulação de informações, dispositivos de informação, pessoal para intro- dução de dados, custos de treinamento de usuários etc. O sistema deve ser amigável e estar disponível para as várias áreas de marketing, como marcas e produtos, propaganda e promoção, mala direta, telemarketing, vendas, atendimento de pedidos e serviços aos clientes. A elaboração de um banco de dados leva tempo e envolve muitos custos, mas quando começa a ser operado adequadamente a tarefa de venda da empresa passa a ser muito mais produtiva. Um banco de dados rico permite que uma empresa antecipe as necessidades dos clientes, ou localize clientes potenciais e recompense aqueles leais. Aquisição de dados para o database de marketing Planejamento de dados Existem muitas formas de implantar um banco de dados: pode ser base- ado em fontes externas, ou na construção de um banco de dados próprio. Nesse caso, o fator principal que não deve ser ignorado é o planejamento de dados. Segundo Shaw e Stone (1993), a informação deve estar bem organi- zada para que o computador apresente um melhor desempenho. Banco de dados de marketing 109 Dessa forma, no marketing com banco de dados, a ênfase é dada à coleta estruturada de dados. Ao referir-se a tal assunto, Shaw e Stone (1993, p. 115) apresentam como exemplo os scripts de telemarketing, os quais devem ser bem “planejados para obter a maior quantidade de informação de alta qua- lidade possível sobre os clientes, de uma forma estruturada”. Assim, o com- putador poderá trabalhar a informação, acrescentando-a ao banco de dados sem intervenção posterior. Outro aspecto levantado por Shaw e Stone (1993) é que não há fórmula geral que determine exatamente quais dados devem ser armazenados no banco de dados. Isso vai depender das necessidades dos usuários, contudo, é preciso evitar planejá-lo com base em necessidades do passado. Em muitas organizações, os bancos de dados de clientes não são planeja- dos para marketing, podendo ser igualados aos bancos de dados operacio- nais utilizados no processamento de pedidos em funções como recebimen- to de pedidos, entregas, faturamento ou em serviços pós-venda. Servem apenas para registrar pagamentos de clientes, não sendo usados, por exem- plo, para prever novas necessidades dos consumidores. Uma vez identificada as informações que devem ser armazenadas no banco de dados, é preciso estabelecer quais dados serão necessários para facilitar a captação de futuros fluxos de receitas para os negócios da em- presa. Um exemplo disso seria a aplicação de questionários como parte dos procedimentos elaborados para contato. Segundo Shaw e Stone (1993), é preciso considerar dois critérios na cria- ção do banco de dados: Os dados devem ser coletados considerando uma relação custo-bene- � fício eficaz. Os dados precisam ser necessários para a geração de futuros fluxos � de receitas. Fontes de dados As informações dispostas no banco de dados de marketing podem ser oriundas de fontes internas ou externas. Esses dados são vistos como os ativos mais valiosos da empresa. 110 Banco de dados de marketing Dados internos compreendem arquivos de clientes, cadastros de pedi- dos, relatórios de serviços, cadastros de devolução de mercadorias, cadas- tros de forças de vendas, formulários de aplicação (informações de crédito, seguro, benefícios promocionais), pesquisa de mercado, consultas, cartões de garantia, entre outros. Dados externos incluem listas codificadas e de respostas diretas, dados que permitem uma classificação, como os dados de recenseamento e suas variantes. Esses dados fornecem meios para melhorar outros dados adquiri- dos interna ou externamente. Na medida em que ocorrem mudanças nas organizações, podemos cons- tatar os esforços na mutaçãoda mídia de massa para a mídia individual. Al- gumas aplicações poderosas podem ser implementadas para coleta de in- formações consideradas ricas fontes de dados: Mala direta � – combina a propaganda por correio com a capacidade do computador de manipular grandes quantidades de dados. É possí- vel modelar mensagens bastante específicas e pessoais para indivídu- os ou grupos de indivíduos, obtendo o dado desejado. Listas � – um varejista de roupas de esportes pode começar a construir um banco de dados a partir de uma lista de residentes de uma área específica, considerando um intervalo de idades ou outra variável que seja relevante ao seu tipo de negócio. Pesquisas � – no lugar de milhões de dólares investidos na compra de mídia de massa, os profissionais de marketing podem pesquisar entre milhões de consumidores potenciais e bilhões de dados para qualificar os bons candidatos antes de enviarem a mensagem direta de vendas. Cabe mencionar o exemplo das editoras de revistas, que estão descobrin- do novos mercados lucrativos através do marketing com banco de dados. Depois da coleta de informação sobre assinantes, alguns editores analisam os dados e dividem os leitores em grupos com características distintas para trabalharem novos produtos a serem oferecidos. Seleção de dados Segundo Shaw e Stone (1993), a seleção de dados deve acontecer con- forme os critérios de fluxos de receita e viabilidade para coleta. Devem ser Banco de dados de marketing 111 selecionados apenas os dados que, de alguma forma, ajudem a responder questões como as que se seguem: Quem são (ou serão) meus clientes? � Quem adquire (ou comprará) meus produtos? � Quem compra de meus concorrentes? � Por que mantêm ou manterão um diálogo comigo? � Como fazer com que comprem mais? � Como fazer com que continuem a adquirir meus produtos? � Quando estão mais receptivos para comprar da minha empresa? � Caso algum item dos dados adquirido não possa responder essas per- guntas de maneira a conduzir com nitidez à manutenção ou ao desenvol- vimento da receita, não deve ser selecionado porque também temos que considerar os possíveis fluxos futuros da receita na organização. De maneira geral, nem todos os dados coletados sobre os clientes serão mantidos da mesma forma no banco de dados de marketing. É preciso que al- gumas informações possam ser acessadas de forma rápida como, por exemplo, dados de clientes que receberam promoções recentemente. Contudo, alguns dados podem ter uma demora maior para acesso, de acordo com a necessida- de de informação, outros ainda nem deveriam ter sido introduzidos no banco de dados porque provavelmente nunca serão utilizados. Em vista disso, Shaw e Stone (1993) reforçam a necessidade de se ter certo cuidado ao considerar os dados incluídos no banco de dados, bem como uma constante vigilância para saber qual informação é útil e quais dados são “bons para saber”, porém não são muito úteis para atender as necessidades de informações. Funções típicas do database de marketing Nessa era de transição, a administração da tecnologia e da inovação tor- narão-se o foco central de toda a estratégia competitiva das empresas, prin- cipalmente para aquelas em que existe íntima associação entre tecnologia e produtos/serviços. Toda empresa está inserida num ambiente composto por forças que determinam o seu nível de retorno ou rentabilidade, sendo que algumas dessas forças podem ser controláveis e outras não. 112 Banco de dados de marketing O marketing com banco de dados torna-se viável pelos progressos alcan- çados pela Tecnologia da Informação (TI). A grande compreensão da função estratégia da TI em geral provém do trabalho empreendido por Michael Porter, pesquisador das análises e estratégias competitivas. Segundo Shaw e Stone (1993), algumas oportunidades competitivas são identificadas por Porter e outros autores, como parte de sua análise, para a área de tecnologia da informação: alteração na base de competição (FC1); � reforço dos relacionamentos com os clientes (FC2); � eliminação dos problemas de fornecedores (FC3); � levantamento de barreiras contra concorrentes (FC4); � criação de novos produtos e redução de custos (FC5). � As abreviações entre parênteses referem-se às forças competitivas, classifica- das por Porter nas cinco áreas mencionadas, conforme ilustra a figura a seguir: Figura 3 – Forças competitivas. POSIÇÃO COMPETITIVA DE EMPRESAS EXISTENTES Poder de barganha de fornecedores Poder de barganha de clientes Semelhança de substitutos Ameaça de concorrentes novatos ou ingressantes Tecnologia e inovação (S H Aw ; S TO N E, 1 99 3) Se uma metodologia específica de tecnologia da informação conseguir atingir qualquer um dos cinco pontos anteriormente mencionados, ela deve ser considerada como uma estratégia para a organização atingir seus objeti- vos e não apenas como mais uma informação a ser armazenada, processada e comunicada. Banco de dados de marketing 113 O database de marketing como parte integrante de um SIM O banco de dados de marketing é visto como o gerenciamento de um sis- tema dinâmico de informações acessíveis e compreensíveis, atualizado com dados relevantes sobre os clientes atuais e potenciais. O marketing com o apoio do banco de dados deve repensar a forma de conduzir os negócios da organização. A implantação bem-sucedida de um banco de dados de marketing está amarrada à relação entre as gerências de marketing e os sistemas. Segundo Shaw e Stone (1993), existem quatro áreas que devem concen- trar os esforços e atenções na formulação de estratégias implantadas com sucesso: o estrategista deve “pensar grande”, de acordo com a estrutura de sis- � temas da empresa; a longo prazo, o foco deve voltar-se ao fluxo de receita, oriundos do � banco de dados de clientes e não sobre as vendas potenciais de pro- dutos individuais, processos comerciais, fluxos de informação ou ban- co de dados; o esforço deve ser dividido na proporção 80-20 � 2 entre gerenciamento de aplicações de dados e banco de dados e não ao contrário; aplicação do esforço naquilo que tem probabilidade de funcionar e � produzir resultados e não naquilo que seria agradável de possuir. Uma estrutura completa de sistemas de empresa provê harmonia nos trabalhos da gerência de marketing, da gerência de sistemas e de todas as outras áreas da organização. A informação deve fluir em seu mais amplo sen- tido, de acordo com os objetivos do arquiteto de sistemas. Shaw e Stone (1993) afirmam que o significado de “estrutura de sistemas” pode ser de- monstrado num simples quadro do papel ideal de marketing, integrando cliente e empresa. Podemos tomar como exemplo uma estrutura de siste- mas de marketing em instituições bancárias, conforme ilustra a figura 4. 2 Príncipio 80-20 ou Lei de Pareto: afirma que para muitos fenômenos, 80% das consequências advêm de 20% das causas. Esse princípio também conhe- cido como Lei 20/80 pode ser detalhado nas mais variadas formas. Exemplo: 20% do tempo distendido com itens importantes são responsáveis por 80% dos resultados; 20% das empresas detêm 80% do mercado (CAMPOS, 1999). 114 Banco de dados de marketing (S H Aw ; S TO N E, 1 99 3. A da pt ad o. ) Figura 4 – Estrutura de sistemas de marketing em instituições bancárias. BANCO DE DADOS Telemarketing Vendas por cartão de crédito Te rm ina is d e c lie nt es da em pr es a M al a di re ta Vendas de campo Vendas de filiais Sis tem a b an cá rio na cio na lCa ix as d e ba nc o au to m át ic os CLIENTE CLIENTE CLIENTE CL IEN TE CL IEN TE CLIENTE CLIENTE CL IE N TE Podemos observar a fluidez da informação em cada ciclo de funções de marketing, constituindo o planejamento, execução e monitoramento das es- tratégias a fim de gerar os relatórios necessários. A estrutura acima represen- ta a visão da empresa sobre o processo de marketing com banco de dados. As tecnologias de informação acompanham essa tendência, trazendo benefícios para as organizações na agilização das informações em tarefas sistemáticas, redução de custos, qualidades nas informações, apoio em in- formações gerenciais para tomada de decisões, banco de informações e uso na atividade-fim da empresa. Os sistemas de marketing com banco de dados não devem ser conside- rados como itens pequenos no que tange ao desenvolvimento de sistemas, tampouco serem tratados como um conjunto de subsistemas menores como um sistema de telemarketing, um sistema de propaganda massiva por mala direta, um sistema de atendimento ao cliente ou um sistema de pesquisa ao cliente. O que ocorre é que, mais tarde, esses subsistemas são incorporados Banco de dados de marketing 115 a um sistema maior, sem nenhuma orientação de uma estrutura de marke- ting da empresa. Se o projeto de banco de dados de marketing for abordado dessa forma, é possível que sejam provocados sérios problemas ao tentar fazer com que os subsistemas mencionados funcionem conjuntamente. Assim como outros sistemas, um sistema realista de marketing com banco de dados depende de feedback, de forma individual (a partir dos clientes du- rante o diálogo) ou de agregados (relacionados à eficácia de políticas e apli- cações específicas). Nas palavras de Shaw e Stone (1993, p. 67), “o marketing com banco de dados é um verdadeiro círculo virtuoso – quanto melhor você o faz, melhor você se torna”. Dessa forma, a visão de marketing deve contemplar a garantia do fornecimento da informação pela clientela, adquirida no diálogo com a mesma, bem como assegurar o retorno dessa informação ao sistema, de maneira adequada. Ampliando seus conhecimentos Integrando marketing e produção através de banco de dados (SILVA JR., 2008) A empresa Fitas Metálicas, indústria brasileira, traz um exemplo prático de exploração do banco de dados integrando produção, informações es- tratégicas e marketing, o que permite cruzar as informações com índices de mercado. Elas mostram como está a relação com o cliente, explorando o porquê de um cliente comprar um mês sim e outro não. Conclui que, em alguns casos, ele deixou de comprar por falta de material, devido a uma má previsão de vendas, o que demonstra que o Plano Mestre de Produção utili- zado não foi adequado. Também, espera-se permitir maior velocidade nas informações. A partir do histórico de informações é possível verificar quais produtos determinado clien- te compra, com que frequência e em que quantidade. Isso possibilita, a nível ge- rencial, uma maior concentração no processo decisório, e controlar o fluxo dos materiais, desde a emissão do pedido, até a entrega para o cliente bem como verificar se os estoques estão sendo supridos de acordo com as vendas. 116 Banco de dados de marketing O marketing se relaciona com outros departamentos e como suas estra- tégias devem ser implementadas para serem bem-sucedidas no mercado. O moderno departamento de marketing evolui através de vários estágios. Começa com o departamento de vendas e, posteriormente, incorpora fun- ções auxiliares como propaganda e pesquisa de marketing. À medida que as funções auxiliares vão crescendo em importância, muitas empresas criam um departamento de marketing para administrá-las. Geral- mente, o pessoal de vendas e de marketing trabalha bem em conjunto. Con- tudo, um moderno departamento de marketing não cria automaticamente uma moderna empresa de marketing, a menos que todos os outros departa- mentos e funcionários aceitem e pratiquem uma orientação para o mercado. O marketing deve trabalhar harmoniosamente com os outros departamentos da empresa. O que acontece é que na busca pelos interesses do mercado, o marke- ting frequentemente entra em conflito com os departamentos de pesquisa e desenvolvimento, engenharia, compras, produção, estoque, finanças, con- tabilidade, crédito e de outras funções. Esses conflitos podem ser reduzidos quando o presidente da empresa adota para a organização uma orientação para o mercado, e quando o vice-presidente de marketing aprende a traba- lhar eficazmente com os outros executivos. A adoção de uma moderna orientação de marketing exige apoio presi- dencial, uma força-tarefa de marketing, auxílio de consultoria externa de marketing, um departamento de marketing corporativo, seminários internos de marketing, contratação de profissional talentoso em marketing e um siste- ma de planejamento de marketing orientado para o mercado. As pessoas responsáveis pela função marketing devem desenvolver estra- tégias eficazes e também implementá-las com sucesso. A implementação de marketing é o processo de transformar planos em ações, descrevendo o que faz o que, quando e como. A questão é como os gerentes de marketing podem melhorar a eficácia dos planos de marketing. Um plano estratégico de marketing brilhante não diz muito se não for apropriadamente implementado. Com a infindável reestruturação do mercado e recessões econômicas tão frequentes e recorrentes como modas administrativas, vale a pena fazer uso Banco de dados de marketing 117 de diversas formas para crescer. Para entender as novas tendências trazidas pelos pensadores do futuro das funções de marketing. Alguns autores esta- belecem outros fatores, que são os quatro principais elementos necessários para fazer o marketing com banco de dados acontecer, e apoiar as estratégias do próximo século: Redirecionamento do foco da empresa (criando uma abordagem de re- � alizar negócios pelo cliente). Desenvolvimento de capacidade interna (dados, sistema, pessoal, par- � cerias comerciais e com fornecedores). Desenvolvimento de aplicações de marketing. � Desenvolvimento de políticas. � O marketing com banco de dados pode afetar todos os aspectos da es- tratégia e da implantação de marketing, embora sintamos que examinamos superficialmente o assunto. Porém, todo dia se resgata algum conhecimen- to junto ao mercado, seja ouvindo um novo desenvolvimento em tecnologia ou procedimentos. Apesar disso, as mensagens de marketing com banco de dados são antigas mensagens de marketing: Conheça seus clientes. � Mantenha-se em contato com eles. � Possibilitem que falem com você quando desejarem. � Dê-lhes boas razões (benefícios) para manter seu relacionamento com � a empresa. Faça tudo isso cuidadosamente (implantando de uma forma bem pla- � nejada e com constância). Faça-o com relação custo-benefício adequada. � O mundo dos negócios muda todos os dias. Novos desafios são lançados e antigos conceitos são quebrados. Como se adaptar num mercado que está em constante evolução? Não se adaptando. Mudar com ele, acompanhá-lo, incorporar avanços diários à rotina da empresa, é a única regra fixa. Só empre- sas que exercitam sua flexibilidade mantêm a força e os reflexos em dia. 118 Banco de dados de marketing Uma coisa é certa: a informação ainda é a mais concreta ferramenta para abrir novos caminhos e continuar na jornada. A informação e os muitos modos de aceitá-la. Hoje, com toda essa pressão para se fazer mais com menos, au- mentar a produtividade, agregar valor e servir melhor seu cliente, está cada vez mais difícil decidir pelo menor caminho. As tecnologias de informação acompanham essa tendência, trazendo be- nefícios para as organizações na agilização das informações em tarefas sis- temáticas, redução de custos, qualidades nas informações, apoio em infor- mações gerenciais para tomada de decisões, banco de informaçõese uso na atividade-fim da empresa. Atividades de aplicação 1. Uma base de dados é uma coleção de informações representadas por um domínio específico, como uma lista telefônica ou um conjunto de fichas do acervo de uma biblioteca. Diante disso, qual a opção abaixo define a colaboração de uma base de dado? a) A base de dados proporciona o armazenamento de grande quan- tidade de informações, porém não permite que a classificação dos dados seja feita de forma rápida. b) A base de dados proporciona informações exatas, precisas e rele- vantes aos administradores para tomada de decisões. c) A base de dados proporciona informações pontuais, porém tais in- formações não podem ser recuperadas de forma rápida. d) A base de dados proporciona a recuperação de informações ape- nas para o nível operacional. 2. A abordagem de bases de dados proporciona meios mais eficazes e eficientes para a organização desses dados. Podemos dizer que esse tipo de abordagem pode ser compreendido como: a) um conjunto de dados relacionados e compartilhado por diversos programas de aplicação. Banco de dados de marketing 119 b) um grupo de informações específicas, tratadas por uma única aplicação. c) um conjunto de dados trabalhados que dificultam o acesso e recu- peração dos dados. d) um conjunto de dados acessíveis por qualquer funcionário da em- presa, sem restrição do tipo de informação. 3. Um database de marketing ou um banco de dados de marketing pode ser definido como: a) um conjunto de dados que abarca apenas dados passados sobre clientes ativos, potenciais ou prováveis, que possam estar disponí- veis e acessíveis para ações de marketing. b) um conjunto de dados que abarca apenas dados sobre clientes novos, que possam estar disponíveis e acessíveis para ações de marketing. c) um conjunto de dados que abarca apenas dados atuais sobre a organização, que possam estar disponíveis e acessíveis para ações de marketing. d) um conjunto de dados que abarca dados atuais sobre clientes ati- vos, potenciais ou prováveis, que possam estar disponíveis e aces- síveis para ações de marketing. 120 Banco de dados de marketing Sistemas de suporte às decisões de marketing Sistemas de Informação Gerencial Um sistema de suporte gerencial pode ser definido como um sistema computacional que visa disponibilizar informações gerenciais e estratégicas das empresas para seus executivos de forma fácil e rápida. A figura abaixo resume as particularidades dos chamados sistemas de suporte gerencial. Figura 1 – Os três tipos de sistemas de suporte gerencial. Sistemas de suporte gerencial Sistemas de Suporte Executivo Planejamento estratégico Cronograma de longo prazo Informações externas Decisões não estruturadas Sistemas de Informações Gerenciais e Sistemas de Suporte à Decisão Planejamento diário/mensal/anual Cronograma de curto prazo Informações internas Decisões estruturadas ou semiestruturadas (L AU D O N ; L AU D O N , 2 00 4) O sistema de suporte gerencial classifica-se em Sistemas de Informação Gerencial (SIG), Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) e Sistemas de Informa- ção Executiva (SIE, ou EIS, sigla em inglês). Os indicadores de desempenho gerencial constituem-se em informações básicas para os sistemas de su- porte gerencial. Os Sistemas de Informações Gerenciais (SIGs) possuem as seguintes características: 122 Sistemas de suporte às decisões de marketing Utilizam recursos gráficos (cores, botões, gráficos, imagens, mapas etc.). � Facilitam o aprendizado e a utilização. � Acessam diversas bases de dados (ambientes, formatos etc.). � Multivisão. � Os SIGs designam uma categoria específica de sistemas de informação que dão suporte às funções do nível gerencial, munindo os gerentes de rela- tórios ou de acesso on-line aos registros do desempenho corrente e histórico da organização. A informação que será analisada pelo gerente normalmente é recupera- da por meio de sistemas específicos que apresentam resultados em forma de relatórios e gráficos para tornar mais fácil a compreensão e a leitura dos resultados. Por causa da competitividade as organizações tiveram que realizar mu- danças significativas em seus ambientes tanto externos quanto internos, e as respostas mais rápidas dos dirigentes também se tornaram essenciais para a organização. Os dirigentes, por sua vez, para poder disponibilizar res- postas mais rápidas, passaram a utilizar recursos de informática como fer- ramentas estratégicas para planejamento, coordenação e controle, além do acompanhamento do mercado em relação aos concorrentes, aos aspectos econômicos legais, políticos e culturais em nível global. A utilização da informação por essas organizações também se tornou uma peça-chave para que a gestão traga cada vez mais resultados positi- vos, sendo mais competitiva e garantindo a sua sobrevivência no mercado. Através de metodologias e técnicas de apoio à tomada de decisão com base em informações estratégicas, os SIGs fornecem os conceitos, metodologias, técnicas e ferramentas para os executivos das organizações tomarem deci- sões baseadas em informações estratégicas precisas e atualizadas em tempo hábil (FERNANDES, 1992). Segundo Laudon e Laudon (2004), os Sistemas de Informações Gerenciais devem subsidiar três funções básicas na organização, que são: 1. Resolução de problemas mediante o equacionamento e proposta de soluções para apoiar o dirigente da empresa a atuar como agente transformador da sua organização. Sistemas de suporte às decisões de marketing 123 2. Produção do conhecimento através da obtenção de informações arma- zenadas que seriam de difícil acesso por outros procedimentos. 3. Tomada de consciência, o que provoca uma sensibilização para um pro- blema da organização, bem como o desenvolvimento de uma consci- ência coletiva sobre a sua solução a curto e médio prazo. Nos Sistemas de Informações Gerenciais podem ser encontrados alguns benefícios como: redução de custos nas operações, melhoria no acesso às informações propiciando relatórios mais precisos e rápidos com menor es- forço, melhoria na produtividade, na tomada de decisões, fornecimento de melhores projeções e facilidade de adaptação das empresas para enfrentar acontecimentos não previstos (REZENDE; ABREU, 2000). O projeto do SIG deve ser muito bem desenvolvido incluindo todas as suas etapas para que se tenha um bom resultado final. Para a implementa- ção desse tipo de sistema é necessário que se façam análises em dois tipos de ambientes, o interno e o externo (ROSINI; PALMISANO, 2003). Um Sistema de Informação Gerencial é descrito por McLeod (1993) como um sistema baseado em computador que faz avaliações das informações para usuários com necessidades similares. As informações são utilizadas para tomadas de decisão e para resolver problemas na organização. Um SIG é um agrupamento organizado de pessoas, procedimentos, banco de dados e dispositivos utilizados para oferecer informações de rotina aos administradores e tomadores de decisões. (STAIR; REyNOLDS, 2002) Furlan, Ivo e Amaral (1994) identificam como principais características do SIG: Foco na informação direcionada a gerentes de nível médio. � Fluxo de informações estruturado. � Integração dos sistemas por área funcional. � Geração de relatórios e consultas, normalmente com uso de um banco � de dados. Para Stair e Reynolds (2002), como o foco é a saída das informações para o gerente, a geração dos relatórios em vez de mostrar as transações ocorri- das, passa a apontar, por meio de resumos e filtragens, indicadores-chaves 124 Sistemas de suporte às decisões de marketing para o monitoramento e análise das informações. Dessa forma, entende-se que o Sistema de Informações Gerenciais proporcionaao gestor condições de controlar as diversas rotinas administrativas e é fonte orientadora para o processo decisório. Por sua vez, o SIG, conforme Furlan, Ivo e Amaral (1994), tem como públi- co-alvo os níveis gerenciais da empresa e oferece informações sumarizadas, contemplando o comportamento dos negócios nos períodos passados atra- vés de totalizações e consolidando as operações realizadas. Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) O SAD é conceituado como um grupo organizado de pessoas, procedi- mentos, banco de dados e dispositivos usados para dar apoio à tomada de decisões referentes a problemas específicos. E também fornece informações e técnicas de apoio à decisão para analisar problemas ou oportunidades es- pecíficas, consultas e respostas interativas. Rosini e Palmisano (2003) afirmam que esse tipo de sistema, de acordo com sua estrutura, é o que mais trabalha com a análise, ao incorporar a cons- trução explícita de variedades de modelos de análise de dados. Trata-se de uma ferramenta para trabalho com resultados em tempo real, com a capaci- dade de incluir outros tipos de usuários, além da gerência. Os autores desta- cam ainda as características principais dos SADs: Focalizam a decisão, ajudam a alta gerência das empresas no processo � de tomada de decisão. Enfatizam a flexibilidade, adaptabilidade e respostas rápidas. � Permitem que os usuários inicializem e controlem os � inputs (entradas) e outputs (saídas). Oferecem suporte e ajuda para a solução de problemas cujas soluções � podem não estar especificadas em seu desenvolvimento. Dão suporte a estilos individuais de tomada de decisão dos gerentes � que com eles trabalhem. Usam sofisticados modelos de análise e modelagem de dados. � Sistemas de suporte às decisões de marketing 125 Para Sprague Jr. (1991), o SAD caracteriza-se como um sistema computa- cional interativo que ajuda os responsáveis na tomada de decisões utilizan- do-se de dados e modelos para resolver problemas não estruturados. Stair e Reynolds (1998) corroboram com essa ideia e acrescentam que o foco de um SAD está na eficácia da tomada de decisões em face de proble- mas comerciais não estruturados ou semiestruturados. Para O’Brien e Moreira (2001), os sistemas de apoio à decisão são proje- tados para serem sistemas ad hoc (consultas específicas) de resposta rápida, iniciados e controlados por usuários finais da administração. São capazes, portanto, de apoiar diretamente os tipos específicos de decisões e os estilos e necessidades pessoais de tomada de decisão de cada gerente. O SAD consiste na escolha da melhor opção entre as diversas al- ternativas auxiliadas por recursos computacionais com a possibilidade de obtenção de dados com melhor qualidade e maior velocidade, resultando na resolução do problema de modo correto ou não, ou seja, podendo em alguns casos sugerir novos caminhos e contribuir de forma positiva. Os SADs, conforme explicam Rezende e Abreu (2000), auxiliam o exe- cutivo em todas as fases de tomada de decisão, principalmente nas etapas de desenvolvimento, comparação e classificação de riscos, além de fornecer subsídios para a escolha de uma boa alternativa. Para que um SAD tenha sucesso é preciso utilizar a tecnologia ade- quada à aplicação. Rosini e Palmisano (2003) argumentam que os sistemas de apoio à decisão devem ser considerados no contexto dos sistemas de in- formações caracterizando-se pela extensão e pelos objetivos da organização. Deve ser utilizado para o crescimento do desempenho dos administradores na empresa através da aplicação da tecnologia da informação, em que: O aumento do desempenho é o principal objetivo dos sistemas de in- � formações, pois deve ser visto em termos da habilidade dos sistemas de informações em suportar o aumento do desempenho das pessoas na organização. Os administradores são clientes. Esse grupo inclui gerentes, profissio- � nais, analistas de suporte e até escriturários, cuja principal responsabi- lidade é a manipulação da informação de alguma maneira. 126 Sistemas de suporte às decisões de marketing As organizações são o contexto. O foco está na manipulação da infor- � mação para atingir o objetivo da organização. A aplicação da tecnologia da informação é, ao mesmo tempo, um de- � safio e uma oportunidade para os profissionais de sistemas de informa- ção, com propósitos voltados ao contexto descrito no item anterior. Algumas organizações utilizam duas abordagens de Sistema de Apoio à Decisão: uma dedicada à direção e alta gerência e outra dedicada à presi- dência da organização conhecida como Sistema de Apoio Executivo. Atual- mente, em função da diminuição das estruturas organizacionais, os Sistemas de Apoio Executivo estão se incorporando aos Sistemas de Apoio à Decisão, compartilhando tarefas e relatórios. (ROSINI; PALMISANO, 2003) Componentes do Sistema de Apoio à Decisão Em outra obra, os autores O’Brien e Marakas (2007, p. 320) afirmam que “os Sistemas de Apoio à Decisão são sistemas de informação baseados no computador que oferecem informações interativas a gerentes e profissionais de negócios durante o processo decisório.” Os autores mencionam ainda quatro componentes utilizados pelo Siste- ma de Apoio à Decisão: modelos analíticos; � banco de dados especializados; � opinião e percepção do próprio responsável pela decisão; � processo interativo de modelagem baseada no computador para � apoiar a tomada de decisão empresarial semiestruturada. Para esclarecer a ideia, os autores citados apresentam o seguinte exemplo: O gerente de vendas normalmente depende de Sistemas de Informações Gerenciais para produzir relatórios de análise de vendas. Esses relatórios contêm estatísticas de desempenho das vendas por linha de produtos, vendedor, região e assim por diante. Por sua vez, o Sistema de Apoio à Decisão também permite que o gerente de vendas visualize de forma interativa o efeito das mudanças em diversos fatores (como despesas de promoção e compensação de vendedor) no desempenho das vendas. O sistema utiliza, assim, diversos critérios (como estimativa de margem bruta e participação de mercado) para avaliar e classificar combinações alternativas de fatores de desempenho de vendas. (O’BRIEN; MARAKAS, 2007, p. 321.) Sistemas de suporte às decisões de marketing 127 Desse modo, podemos concluir que os Sistemas de Apoio à Decisão podem ser classificados como sistemas especializados e de respostas instantâneas, controlados pelos responsáveis em tomar decisões. São compostos por re- cursos que suportam diretamente determinados tipos de decisões, estilos e necessidades pessoais dos executivos, gerentes e profissionais de negócios. Diferentemente dos Sistemas de Informações Gerenciais, os Sistemas de Apoio à Decisão possuem recursos importantes como: base de modelos descrita como um componente de software composto por modelos utiliza- dos em rotinas analíticas e computacionais (como planilhas eletrônicas) e base de dados, composta por modelos e técnicas de análise de dados. Nesse contexto, os SADs ou (Decision Support System - DSS) são sistemas informati- zados que combinam componentes de modelos para criar módulos interati- vos, proporcionando ao usuário acesso a modelos decisórios que apoiam as atividades de tomada de decisões não estruturadas ou semiestruturadas1. Segundo O’Brien e Marakas (2007), existem diversos pacotes DSS dispo- níveis para computadores com recursos web. A figura a seguir demonstra os componentes de um Sistema de Apoio à Decisão de Marketing com re- cursos da web. Observe os recursos de hardware, software, modelos, dados e rede envolvidos: Figura 2 – Componentes de um Sistema de Apoio à Decisão de Marketing. (O ’B RI EN ; M A RA KA S, 2 00 7) Datamarts e outros bancos de dados Dados operacionais Dados de mercadoDados das vendas Dados da conta do cliente Software legado Navegador na web Outro software Funções de interface do usuário. Multimídia com hiperlink. Visualização 3D. Funções de gerenciamento de modelo. Modelagem analítica, análise estatística. Funções de gerenciamento dos dados. Extração, validação, limpeza, integração e duplicação dos dados. 1 Decisões não estru- turadas: são aquelas em que o responsável pela tomada de decisão deve usar seu bom senso, sua capacidade de avaliação e sua perspicácia na defi- nição do problema. Decisões estruturadas: são repetitivas e rotinei- ras, envolvendo procedi- mentos predefinidos para tomá-las. Decisões semiestrutura- das: são aquelas que pos- suem características dos dois tipos descritos anterior- mente. Nesse caso, apenas parte do problema tem uma resposta clara e precisa dada por um procedimento aceito. (LAUDON; LAUDON, 2007, p. 304.) 128 Sistemas de suporte às decisões de marketing O objetivo dos SAD é dar suporte ao gestor, auxiliando nas atividades de tomada de decisão, e não o de substituir os responsáveis pela tomada de decisões nas organizações. Um Sistema de Apoio às Decisões de Marketing pode ser visto como um conjunto coordenado de dados, sistemas, ferramentas e técnicas com software e hardware de apoio no qual uma organização reúne e interpreta informações relevantes da empresa e do ambiente que a cerca, transforman- do-as em base para ações de marketing. Podemos dizer que consistem ainda em técnicas estatísticas e modelos de decisões para auxiliar os administrado- res de marketing a tomarem as melhores decisões. Estruturação do sistema de suporte à decisão Considerando as palavras de Arquimedes2 “Dai-me um ponto de apoio e levantarei a Terra”, os executivos dependem cada vez mais de ferramentas de apoio estratégico para alavancar o crescimento dos negócios. Os Sistemas de Apoio à Decisão são voltados a decisões não estruturadas em meio ambiente computadorizado com grande capacidade de comunica- ção de dados, sem regras fixas de trabalho ou aplicações direcionadas. São estruturados para reunir dados externos (novas leis, novos concorrentes), resumindo-os para depois incorporá-los aos sistemas internos (transacionais ou gerenciais). Para Shimizu (2001), um DSS é entendido como um sistema informatiza- do composto por três elementos que se relacionam entre si. São eles: um sistema de linguagem que permite a comunicação entre os usuá- � rios e os subsistemas do DSS; um sistema de conhecimento para armazenar os dados, os procedi- � mentos e as informações inteligentes disponíveis; um sistema para processar problemas, estruturando e executando � modelos para resolver as dificuldades apresentadas. Outro aspecto levantado por Shimizu (2001) é que um DSS deve possuir as seguintes características: 2 Matemático e físico grego, nascido em Siracu- sa-Sicília, por volta do ano 287 a.C., o seu nome é ori- ginário do grego Arkhime- des. Disponível em: <www. p e n s a d o r. i n fo / a u t o r / Arquimedes/biografia/>. Sistemas de suporte às decisões de marketing 129 ser formado por programas semiestruturados; � atender a gerentes de diferentes níveis; � permitir decisão individual ou em grupo; � tomar decisões em sequência ou interdependentes; � proporcionar escolhas inteligentes; � proporcionar variedade de estilos de decisão; � ter adaptabilidade e flexibilidade; � ser amigável com o usuário; � procurar eficácia e não eficiências; � permitir o controle humano; � facilitar a formulação do problema pelo usuário final; � permitir o modelamento e a análise dos resultados. � O autor cita ainda os seguintes subsistemas que devem formar um DSS: Gerenciador de dados � – módulos – financeiro, marketing, produção, pessoal, dados da empresa, dados externos etc. Gerenciador de modelos � – módulos – operacional, táticos, estratégi- co, estatístico, financeiro, marketing, pesquisa operacional, contabili- dade, engenharia etc. Gerenciador de conhecimento � – módulos – programação orientada a objetos, regras de produção, heurística3, sistemas especialistas, rede neural, data mining. Interface com usuário � – módulo – gerenciador de interface, lingua- gens de entrada (linguagem natural) e de saída (relatórios, gráficos), interface gráfica ou visual. Um DSS é um sistema informatizado elaborado para apoiar a tomada de decisão em problemas administrativos voltado ao usuário, para processar dados através de subsistemas interligados. Ao analisar as características dos principais DSS existentes na literatura, Shimizu esboçou o seguinte quadro: 3 Conjunto de regras e métodos que conduzem à descoberta, à invenção e à resolução de problemas. (Novo dicionário básico da língua portuguesa – Folha / Aurélio). 130 Sistemas de suporte às decisões de marketing Quadro 1 – Características dos principais DSS Orientado a Categoria Operação Nível Uso Dados - Arquivo de dados. - Análise de sistema. - Acesso e recuperação de dados. - Análise de dados. - Operacional. - Operacional. - Informativo. - Manipular e exibir dados. Dados e modelos - Sistema de informação. - Contabilidade. - Análise de pla- nejamento. - Operação con- tábil. - Analista. - Analista e ge- rente. - Relatórios. - Planejamento e orçamento. Modelos - Representação de problemas. - Otimização. - De sugestão. - Prever e estimar. - Otimizar solu- ção. - Sugerir novas alternativas de decisão. - Gerente e dire- toria. - Gerente e dire- toria. - Diretoria. - Planejamento e orçamento. - Planejamento de recursos. - Expansão de atividades. Para Shimizu (2001), no momento não existe um DSS que considere todas as características mencionadas nas definições, somente de forma muito su- perficial. Pode-se dizer que a construção de um DSS potente é dificultada pela complexidade e diversidade dos problemas de decisão, dos quais po- demos citar baixo tempo de execução, problemas de custo e baixa eficácia. Contudo, caso a construção de um DSS seja designada a um domínio restrito de aplicação, sua construção será facilitada. Para demonstrar a aplicação de um DSS, tomemos o exemplo dado por Shimizu (2001), com o seguinte problema: investir em poupança, dólar ou fundos? A tabela seguinte apresenta os retornos (ganhos ou perdas médias para um valor fixo de investimento) associados às decisões: A1: Investir em conta poupança com ganho fixo de $300,00 por período. A2: Investir em dólar. A3: Investir em fundos de investimentos. Os retornos médios variam conforme a situação econômica, e os dados foram obtidos levando-se em conta o histórico passado, para os estados pos- síveis da economia (recessão, estabilidade ou expansão). A matriz de decisão desse problema é: (S H IM IZ U , 2 00 1) Sistemas de suporte às decisões de marketing 131 Tabela 1 – Retornos associados às decisões Decisão A1 Decisão A2 Decisão A3 Estados possíveis da Economia Probabilidades Investir em poupança Investir em dólar Investir em fundos S1: Recessão 0,40 $300,00 $400,00 – $100,00 S2: Estabilidade 0,40 $300,00 $300,00 $200,00 S3: Expansão 0,20 $300,00 $200,00 $700,00 Um DSS consegue obter uma melhor decisão utilizando qualquer um dos métodos disponíveis. Pode tomar como base, por exemplo: o maior valor médio dos ganhos; � o maior valor médio das utilidades para o decisor neutro ao risco, ou � com aversão ao risco, ou com preferência pelo risco. Além disso, o DSS faz uma análise de sensibilidade do resultado apurado, variando os valores dos parâmetros (probabilidade e ganhos), ou pode res- ponder diretamente ao decisor questões como: “ � What-if ?”: Qual seriaa decisão recomendada, se a chance de ocorrer recessão for maior que 0,50? “ � What-if ?”: Quais seriam as decisões recomendadas para um horizonte de cinco anos de previsão, considerando um crescimento do PIB de 1% ao ano? Numa análise do tipo What-if, o usuário final insere modificações nas va- riáveis ou nas relações entre variáveis, observando as mudanças resultantes nos valores de outras variáveis. O DSS é destinado a melhorar a eficácia do processo de decisão, entre- tanto, Shimizu (2001) afirma ser difícil prepará-lo para que seja eficiente e de baixo custo quando os problemas a serem tratados não são tradicionais ou não estruturados, devido à própria natureza, à diversidade e à complexidade do processo de decisão. (S H IM IZ U , 2 00 1) 132 Sistemas de suporte às decisões de marketing Aplicações nas decisões de marketing Rosini e Palmisano (2003) argumentam que a principal característica dos Sistemas de Informações Estratégicas é fornecer elementos para alterar os objetivos, operações, produtos, serviços e outras relações que a organização possui com o meio ambiente. Com esse auxílio, a empresa passa a adquirir vantagens competitivas superiores a seus concorrentes, possibilitando in- clusive a mudança e/ou direcionamento de seus próprios negócios. Em vista disso, é necessário que o executivo saiba como encontrar as oportunidades estratégicas para que os sistemas de informações possam ser bem empregados. Ao referir-se a tal assunto, Rosini e Palmisano (2003) afir- mam que, basicamente, existem duas formas: por meio da modelagem das forças competitivas e pela modelagem da cadeia de valor. A modelagem das forças competitivas é usada para delinear o processo de interação que ocorre entre as influências externas, em relação às ameaças e oportunidades que comprometam as estratégias da organização e suas ha- bilidades para competir. Podem ser concretizadas em ações como: Diferenciação do produto � – utilizada para criar lealdade à marca a partir do desenvolvimento de um novo produto ou serviço, difícil de ser reproduzido ou copiado pela concorrência. Foco na diferenciação � – utilizada para criar novos nichos de merca- do a partir da especialização do produto ou serviço a fim de competir numa única área melhor que seus concorrentes. Vínculo com fornecedores e consumidores � – a organização deve criar estreitos vínculos entre fornecedores e clientes. Custos de produção � – orientar os sistemas de informação para auxi- liarem significativamente a redução de custos internos, facilitando a entrega de produtos e serviços a menores preços sem abrir mão da qualidade. A modelagem da cadeia de valor enfatiza as atividades específicas nos ne- gócios em que as estratégias competitivas podem ser mais bem aplicadas e onde os sistemas de informação podem provocar maior impacto estratégico. A análise da cadeia de valor proporciona o modelo das forças competitivas a tornar-se completo, identificando de forma específica o ponto de alavan- cagem para ser utilizado pela empresa em conjunto com a tecnologia da informação de maneira mais efetiva. Sistemas de suporte às decisões de marketing 133 Os Sistemas de Informações Gerenciais, também conhecidos como Ma- nagement Information Systems (MIS), constituíram-se no tipo de sistema de informação original, criado para apoiar a tomada de decisão gerencial. [...] o Sistema de Informações Gerenciais produz informações que auxiliam em muitas das necessidades cotidianas de decisões dos gerentes e profissionais de negócios. Os relatórios, as apresentações e as respostas produzidas pelo Sistema de Informações Gerenciais oferecem informações previamente especificadas pelos responsáveis como adequadas para suas necessidades de informação. (O’BRIEN; MARAKAS, 2007, p. 322.) A obtenção de informações é feita a partir de suas estações de trabalho em rede, para apoiar suas atividades decisórias. Tais informações transfor- mam-se em relatórios periódicos, de exceção e de demanda, como respos- tas automáticas aos questionamentos apresentados. Ao mencionar o uso de redes de computadores, O’Brien e Marakas (2007) argumentam: Os navegadores na web, programas de aplicação e software de gerenciamento de dados proporcionam acesso às informações na intranet e em outros bancos de dados operacionais da organização. É importante lembrar que o banco de dados operacional é mantido pelo sistema de processamento de transação. Quando necessário, os dados relacionados com ambiente empresarial são obtidos de banco de dados da internet ou extranet. (O’BRIEN; MARAKAS, 2007, p. 322.) Como exemplo, podemos citar um sistema de inteligência em marketing que utiliza a internet e um sistema de intranet corporativa para disponibili- zar informações aos funcionários, conforme ilustra a figura 3. Figura 3 – Exemplo dos componentes de um sistema de inteligência em marketing. Projeção de vendas e notícias sobre os concorrentes ServidorClientes Projeções de vendas Notícias sobre os concorrentes Notícias sobre a companhia O servidor filtra as informações baseado nas necessidades personalizadas do cliente. Notícias sobre os concorrentes e sobre a companhia Projeções de vendas e notícias sobre a companhia Dados dos clientes Banco de dados interno Pela internet Firewall Fonte de notícias Dados das vendas Dados do estoque (O ’B RI EN ; M A RA KA S, 2 00 7. A da pt ad o. ) 134 Sistemas de suporte às decisões de marketing Os Sistemas de Informações Gerenciais proporcionam diversos tipos de informações aos gerentes. Dentre eles, O’Brien e Marakas (2007) destacam quatro principais alternativas de relatórios oferecidas por esses sistemas: Relatório periódico � – utiliza um formato pré-especificado destinado a fornecer aos gerentes informações em períodos regulares (diários, semanais etc.). Como, por exemplo, a análise de vendas e as demons- trações financeiras mensais. Relatórios de exceção � – criados quando ocorre algum fato fora da rotina ou produzidos periodicamente com informações sobre as ocor- rências excepcionais. Por exemplo, um gerente de crédito pode re- ceber um relatório que contém apenas informações de clientes que excederam o limite de crédito. A principal vantagem desse tipo de re- latório é a diminuição da sobrecarga de informação. Relatórios de demanda e resposta � – disponibilizam as informações necessárias ao gerente naquele momento, isto é, respostas imediatas nas estações de trabalho ou sistemas disponíveis que permitem pesqui- sar e obter relatórios personalizados de acordo com sua necessidade. Relatórios de divulgação � – as informações são divulgadas para os ge- rentes pela estação de trabalho conectada à rede. Desse modo, muitas companhias estão utilizando software de transmissão para divulgar de forma seletiva relatórios e outras informações nos computadores de rede dos gerentes e especialistas pela intranet corporativa. Atualmente, o ambiente empresarial global pressiona os tomadores de decisões em virtude da natureza competitiva e da dinâmica dos negócios. Eles precisam buscar informações capazes de oferecer respostas rápidas às questões corporativas mais complexas. Indicadores de desempenho gerencial Por meio dos Sistemas de Informações Gerenciais temos um melhor con- trole sobre os processos da organização, e uma melhor visualização dos re- sultados, mas ainda não temos uma técnica que forneça informações quan- titativas sobre esses resultados. Os relatórios gerados pelo sistema de informação ainda precisam ser ana- lisados para que se possa ter alguma posição sobre o resultado. Os indicado- Sistemas de suporte às decisões de marketing 135 res são responsáveis por conterem valores que são resultadosde medidas de desempenho institucional. Todo processo da organização que possa ser medido pode tornar-se um indicador, por exemplo, o percentual de inadimplência de uma empre- sa pode ser um indicador que auxiliará os administradores a tomarem uma decisão que diminua esse percentual. Os indicadores podem ser utilizados também para comparar metas com resultados reais, definir as metas de uma organização, acompanhar o desempenho de seus funcionários, a situação financeira da empresa e muitos outros valores que possam ser medidos. (GRAEML, 2000) Os indicadores são essenciais no processo de tomada de decisão, no en- tanto a medição é um processo que leva ao controle e que pode conduzir a uma melhoria. Se não há medição, não há controle, logo não há melhoria e aperfeiçoamento. Esses indicadores são instrumentos organizacionais que mostram qual atitude tomar em um curto espaço de tempo, o que implica em avaliações estratégicas de desempenho. Graeml (2000) define algumas características que os indicadores geren- ciais devem possuir: as medições devem ser objetivas, comparáveis, aces- síveis e válidas. Objetivas no que se refere aos resultados, pois devem ser obtidos os mesmos valores, caso duas pessoas distintas realizem a medição. Comparáveis, pois indica que as medições distintas devem apresentar as mesmas unidades e escalas, podendo ser colocadas lado a lado para uma avaliação comparativa de desempenho. Acessíveis, significa que os dados que serão utilizados para compor os indicadores devem ser de fácil obten- ção e que sejam informações condizentes com o que se propõe medir. A metodologia de implementação dos indicadores consiste, segundo Bio (1985), em: Caracterização dos indicadores � – não basta medir, deve-se saber o que medir. Essa etapa define quais os indicadores que deverão ser cria- dos, baseados nos processos que se procura acompanhar. Por exem- plo, no setor de telemarketing de uma empresa busca-se saber se os atendentes estão cumprindo as metas estabelecidas, como tempo de atendimento e satisfação do cliente. Medição � – depois de definidos os indicadores é preciso que se faça a medição deles, definindo os dados que irão compor esses indicadores e a origem desses dados. 136 Sistemas de suporte às decisões de marketing Tratamento estatístico � – a análise dos resultados dos indicadores com os valores que se tinha como metas e outras comparações. Monitoramento e análise � – constantemente esses indicadores são atualizados e monitorados, a fim de verificar qual o andamento do processo. Gestão do processo � – tomada de decisão baseada nos valores dos indicadores. Os indicadores são responsáveis por conter valores que são resultados de medidas de desempenho institucional. Ampliando seus conhecimentos Cisco System: Sistema de Informações Gerenciais com painel de controle (O’BRIEN; MARAKAS, 2007) Os executivos da Cisco (www.cisco.com) afirmam que o ideal seria todas as pessoas de uma empresa terem acesso em tempo real às informações. “A companhia inteira se movimenta em tempo real”, diz Mike Zill, diretor de TI de vendas e finanças da Cisco. “É difícil manter as aplicações no modo de processamento em lote quando a arquitetura da empresa é baseada em mensagens.” Os gerentes de contas de canais do departamento de vendas utilizam um painel de controle baseado na web, ou baseado na interface gráfica do usuário, da OneChannel Inc., que oferece vizualização em tempo real das ati- vidades das suas contas. Quando a situação comercial atinge um limiar pre- determinado, o software aciona um alerta, enviando uma mensagem ou um aviso para o painel do usuário. Por exemplo, se o departamento de vendas da Cisco possuir uma lista de 10 novos produtos principais que a empresa deseja vender totalmente, digamos, o Ingram Micro, a aplicação alertará o gerente de canais da Cisco quando o nível de vendas do distribuidor ficar abaixo do alvo estabelecido. Para isso, a Cisco teve de criar ligações profundas com sua cadeia de su- primentos, o que não foi fácil. A empresa estabeleceu acordo com parceiros para receber dados dos pontos de venda pela internet ou, em alguns casos, por intercâmbio eletrônico de dados. No entanto, a maioria dos dados era Sistemas de suporte às decisões de marketing 137 recebida em lotes. Poucos parceiros forneciam os dados em tempo real para a empresa, diz Zill. Depois de recebidos os dados, a Cisco junta-os com as informações de inventários, baseadas na web, e processa-os utilizando o software analítico Hyperion Solution Corp. O gerente de canais faz, então, uma consulta deta- lhada no painel OneChannel com o software da Hyperion para encontrar as causas básicas de qualquer problema de distribuição. “O tempo de resposta é tão rápido que você não fica esperando”, explica Zill. E essa é a essência do tempo real para qualquer usuário. DSS com recurso de acesso pela web na PepsiCo (O’BRIEN; MARAKAS, 2007) A PepsiCo e a Sedgwick James Inc., segunda maior corretora de seguros do mundo, desenvolvem um Sistema de Apoio à Decisão de controle dos riscos para minimizar os prejuízos da PepsiCo decorrentes de acidentes, roubos e outras causas. Toda semana a Sedgwick carrega os dados das indenizações de seguros por morte ou acidente das principais seguradoras do país em um banco de dados DSS armazenado em servidores IBM RS/6000 na intranet da PepsiCo. O banco de dados é, assim, acessado por gerentes e analistas utili- zando PCs e laptops remotos equipados com o sistema de controle de riscos Inform. Tanto os servidores RS/6000 como os PCs locais usam middleware da Information Builders para fornecer aos gerentes e analistas empresariais da PepsiCo acesso transparente aos dados de variadas configurações de hardware/software. O sistema Inform combina a capacidade analítica do sistema de modela- gem de apoio à decisão Focus com os recursos de análise gráfica do Focus/EIS para windows. Desse modo, os gerentes e analistas empresariais de qualquer nível da PepsiCo conseguem apontar as tendências críticas, aprofundar-se em informações detalhadas, identificar os problemas e planejar formas de mini- mizar os riscos e maximizar os lucros. Uma empresa deve atender às necessidades analíticas de informações e dados dos vários participantes interessados, oferecendo apoio à decisão mais personalizado e proativo baseado na web. Diversas tecnologias fundamentais estão sendo criadas sob medida e com recursos da web para oferecer ferra- mentas úteis de informações. 138 Sistemas de suporte às decisões de marketing Atividades de aplicação 1. O Sistema de Apoio à Decisão (SAD) fornece informações e técnicas de apoio à decisão para analisar problemas ou oportunidades especí- ficas, consultas e respostas interativas. Assim, podemos conceituar um SAD como: a) um conjunto de relatórios sobre pedidos, vendas, preços, níveis de estoque, contas a receber, contas a pagar, entre outros, distribuído a várias pessoas, para que juntas tomem as decisões referentes a problemas específicos. b) uma ferramenta para trabalho que processa as informações inseri- das num dia de trabalho e disponibiliza os resultados após 48 ho- ras (no mínimo) para tomada de decisão. c) um grupo organizado de pessoas, procedimentos, banco de dados e dispositivos usados para dar apoio à tomada de decisões referen- tes a problemas específicos. d) uma ferramenta para dar suporte e ajuda para a solução de todos os problemas da organização que não dependam de decisões rá- pidas. 2. O Sistema de Apoio à Decisão (SAD) consiste na escolha da melhor op- ção, entre diversas alternativas, auxiliada por recursos computacionais que oferecem: a) a possibilidade de obtenção de dados com melhor qualidade e maior velocidade. b) a certeza de obtenção de resultados e de pronta solução paratodo e qualquer tipo de problema da organização. c) a possibilidade de armazenamento de um grande volume de in- formações e, como consequência, menor velocidade de processa- mento. d) a possibilidade de redução do número de funcionários, pois as informações serão disponibilizadas de forma mais rápida apenas para o gerente. Sistemas de suporte às decisões de marketing 139 3. Os Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) são sistemas de informação baseados nos computadores que oferecem informações interativas a gerentes e profissionais de negócios durante o processo decisório. São compostos por quatro componentes: a) modelos analíticos; softwares de planilhas eletrônicas para tabula- ção dos dados; opinião e percepção dos usuários dos demais siste- mas computacionais. b) modelos matemáticos; computadores; usuários treinados; softwares de planilhas eletrônicas para tabulação dos dados. c) modelos sintéticos; banco de dados; computadores com configu- ração mínima para processamento; modelagem baseada na per- cepção do usuário. d) modelos analíticos; banco de dados especializados; opinião e per- cepção do próprio responsável pela decisão e processo interativo de modelagem baseada no computador. 140 Sistemas de suporte às decisões de marketing Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência Processo da inteligência de marketing Enquanto o sistema de registros internos (sistema de gestão integrada) fornece dados resultantes dos fluxos operacionais da empresa (tipo o fluxo de um pedido de venda), o sistema de inteligência de marketing fornece dados que estão acontecendo, ou seja, possibilita extrair informações que não estão nos registros internos (vendas efetivadas), buscando por meio de informa- ções externas (do tipo: por que perdemos vendas?). Kotler (1998) define um sistema de inteligência de marketing como um conjunto de procedimentos e fontes utilizados por administradores para obter informações diárias sobre os desenvolvimentos pertinentes aos seus ambientes de marketing. A necessidade das organizações em obter informações estratégicas de marketing, quer seja por questões ligadas à lucratividade, expansão de mer- cado e até mesmo para sobrevivência no ambiente em que atuam, levam a uma busca por “ferramentas” que possibilitem a obtenção dessas informa- ções. Mas, o simples fato de se ter acesso a essas informações não permitirá um valor agregado à organização, ou seja, só irão tornar-se um diferencial se forem utilizadas de forma inteligente. Essas informações precisam ser tratadas através de um processo de inteligência para poder gerar conhecimento, forne- cendo, assim, suporte aos tomadores de decisões. (TRZECIAK et al., 2007) Nessa perspectiva, destaca-se a importância da Inteligência Competitiva (IC), aparecendo como uma forma de antever as tendências do mercado, os sinais de mudança, as oportunidades e as ameaças. (ABREU et al., 2008) Segundo Tyson (1998), a IC é um processo sistemático que transforma bits1 e partes de informações competitivas em conhecimento estratégico para tomada de decisão. Dessa forma, possibilitando identificar conhecimentos sobre: a posição competitiva atual da empresa, desempenho, pontos fortes e fracos e intenções específicas para o futuro. 1 Os computadores “enten- dem” impulsos elétricos, positivos ou negativos, que são representados por 1 e 0, respectivamente. A cada impulso elétrico é cha- mado de bit (BInary digiT). Um conjunto de oito bits reunidos como uma única unidade forma um byte. 142 Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência Não existe nada de novo em monitorar os movimentos da concorrência e do mercado, mas, para obtenção de sucesso, é imprescindível sistemati- zar essa atividade, transformando-a em um processo contínuo. É importante frisar que essas informações devem ser incorporadas ao processo decisório das organizações, caso contrário, o conhecimento não é gerado e nem disse- minado, ou seja, não constituindo assim a Inteligência Competitiva. (ABREU et al., 2008) As organizações que implantaram um processo de IC reconhecem que o seu papel é essencial em todo processo de planejamento estratégico, pois perceberam que esse conhecimento profundo do mercado torna-se sistemá- tico. Isso sugere que a gestão estratégica das organizações exige, de forma mais detalhada, um processo de IC contínuo, com entrada para o processo de gerenciamento em todos os níveis da empresa. (ABREU et al., 2008) Aqui são alguns exemplos de empresas brasileiras que utilizam os sis- temas de Inteligência Competitiva como: Natura, Shell do Brasil, Banco do Brasil, Renault do Brasil, Sebrae/RJ e Petrobras. E no exterior temos Motorolla, IBM, Xerox, Shell, Johnson & Johnson e white Martins. A Inteligência Competitiva, segundo ABREU et al. (2008), pode auxiliar na identificação de ameaças e oportunidades que existem no mercado, e ajuda as empresas a ganharem vantagem competitiva pela redução do tempo de reação (tomada de decisão em tempo hábil considerando a dinâmica do mercado), pela antecipação: a) dos movimentos do macroambiente que impactam positiva ou negativamente a empresa; b) dos movimentos dos concorrentes, dos fornecedores ou dos clientes; c) do surgimento de novas tecnologias, de produtos substitutos ou de novos entrantes; d) de questões e anseios dos tomadores de decisão; e) do risco da tomada de decisão, entre outras possibilidades. Dessa forma, o processo de inteligência segue os níveis hierárquicos, con- forme mostra a figura 1. É nesse cenário de dados e de novas informações, trabalhadas interna e externamente na empresa através de redes corporati- vas, que o processo de decisão se fundamenta, ou seja, voltado para inteli- gência apoiando a vantagem competitiva. Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência 143 Figura 1 – Diagrama dos níveis hierárquicos da informação. Vantagem competitiva Inteligência SíNTESE Experiência ANáLISE Aprendizagem Elaboração PROCESSAMENTO Conhecimento Informação Dados (w A N D ER LE y, 1 99 9. A da pt ad o. ) A inteligência é o resultado de um processo que começa com a coleta de dados, sendo organizados e transformados em informação, que, depois de analisada e contextualizada, transforma-se em inteligência. A Inteligência de Negócios é o conhecimento e a previsão dos ambientes interno e externo para ações gerenciais visando às vantagens competitivas. Ou seja, é o processo organizacional em que a informação é sistematicamen- te coletada, analisada e disseminada como inteligência aos usuários que possam tomar ações a partir dela. (wANDERLEy, 1999) Para wanderley (1999), um processo de inteligência de negócios pode pro- piciar à empresa: antecipar mudanças no mercado; antecipar ações dos com- petidores; descobrir novos ou potenciais competidores; aprender com os su- cessos e as falhas; conhecer as empresas concorrentes; conhecer sobre novas tecnologias, produtos ou processos que tenham impacto no negócio; conhe- cer as políticas, as legislações ou mudança dos regulamentos, que possam afetar o negócio; entrar em novos negócios; rever suas próprias práticas de negócio; e auxiliar na implementação de novas ferramentas gerenciais. 144 Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência Os processos de aquisição de dados para o SIM De forma geral define-se o processo de Inteligência de Negócios como a transformação da informação bruta em inteligência. A figura 2 mostra as etapas do ciclo de Inteligência de Negócios. (w A N D ER LE y, 1 99 9) Figura 2 – Ciclo de Inteligência de Negócios. Fatores críticos de sucesso Outros usuários Conhecimento e experiência Filtro Decisores e usuários da informaçãoPlanejamento e coordenação 1 Coleta, processamento e armazenamento 2 Análise e validação 3 Disseminação e utilização 4 Avaliação do processo Informação transformada em conhecimento e experiência Base do conhecimento e redes de especialistas Redes informacionais Macroambiente e ambiente Ambiente O ciclo de Inteligência de Negócios, demonstrado na figura 2, possui as seguintes etapas, resumidamente descritas: Planejamento e coordenação � – são definidas as bases para o sistema, sendo importante a participação da alta gerência. Assim, são utilizadas metodologias para definição das necessidades de informações da alta gerência através de: Pesquisas com executivos � – entrevistas/pesquisas estruturadas, buscando as necessidades de informações, e focalizando para as fases de coletas e análises. Fatores Críticos de Sucesso (FCS) � – permite a focalização nas questões estratégicas (elementos de postura estratégica essenciais para assegurar ou melhorar a posição competitiva da empresa). Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência 145 Coleta, processamento e armazenamento � – envolve a busca de fon- tes de informações da fase anterior e as ferramentas que foram uti- lizadas. Alguns critérios devem ser observados para a organização e disseminação de dados, como: A entrada de dados no sistema deve ser fácil. � Precisa estar apto para receber as informações coletadas. � Deve ser centralizado, embora cada setor tenha a possibilidade de � obter essas informações para sua base local. Análise e validação da informação � – as informações coletadas na fase anterior, muitas delas sem uma aparente conexão entre si, são analisadas nessa etapa pelas redes de especialistas da área, com o ob- jetivo de verificar a consistência das informações, para estabelecer re- lações e avaliar o impacto delas para a organização. Devem responder algumas questões básicas, que são: Quais são as técnicas disponíveis e como elas se relacionam entre si? � Qual o foco e o escopo do cenário competitivo em questão? � Que restrições de tempo e outros recursos limitam a extensão da � análise pretendida? Disseminação e utilização da inteligência � – essa fase encerra o ciclo, quando disponibiliza o resultado do processo para os usuários da in- teligência. O produto final do processo pode ser um boletim, relatório ou outra interface de melhor assimilação dos decisores, enfatizando os impactos dessas informações na empresa. Que poderá ser o ponto de partida para uma base de conhecimento da organização, porém o real valor agregado acontece quando os gestores tomam conhecimento dos fatos, avaliam e desenvolvem estratégias apropriadas. Monitoração do ambiente de inteligência de marketing A empresa como um sistema social e aberto pressiona o administrador a passar de uma postura reativa e conservadora para uma postura proativa, transformando-se assim em um agente de mudança. 146 Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência O ambiente externo está em constante mutação e, segundo Bio (1985), a mudança passa a ser vista não como uma questão de gosto, mas até mesmo como uma necessidade de sobrevivência. As ameaças externas precisam ser superadas e as oportunidades estratégicas devem ser aproveitadas. Portan- to, deve haver um correspondente realinhamento entre os processos inter- nos de produção, da estrutura organizacional, dos recursos humanos e dos sistemas de informação com as medidas tomadas externamente. Assim, as empresas têm que tomar um cuidado especial no sentido de criar condições para o aperfeiçoamento do tratamento da informação e inter- pretação do ambiente empresarial, tanto interno quanto externo. Embora o tratamento e a disponibilização de informações úteis seja uma preocupação constante dos profissionais que têm a responsabilidade de gerenciá-las nas organizações, resta saber se a variedade, a diversidade e a forma de tratamen- to das informações geradas são suficientes para a gerência avaliar e definir a estratégia que viabilize atingir os objetivos organizacionais. (ARAÚJO, 2002) Para Tyson (1998), a Inteligência Competitiva é um processo que captura pedaços de informação e os transforma em conhecimento estratégico, como mostra o quadro 1 – conhecimento sobre performances, forças e fraquezas, intenções específicas dos concorrentes e movimentos do mercado. Se com- parado a um quebra-cabeça, apenas uma peça não tem significado, mas o agrupamento delas ilustra uma imagem do todo que passa a ter uma com- preensão das pessoas. Entretanto, quando se agrupam, podemos ter uma visão de um sistema de Inteligência Competitiva bem estruturado que irá possibilitar à empresa conhecer de forma global o mercado em que atua. Quadro 1 – Transformando informação em conhecimento estratégico Informações Conhecimento estratégico Competidores Quem são os competidores? Mercados O que eles têm de recursos? Ambiente Quem são seus clientes? Produtos Por que eles fazem sucesso? Clientes Quais são seus pontos fortes e fracos? Tecnologia Quais são seus planos futuros? Fornecedores Como eles responderiam a mudanças competitivas? O sistema começa com o reconhecimento de uma necessidade da em- presa, principalmente por parte da alta administração. Em seguida, deve-se Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência 147 priorizar as informações necessárias, para transformá-las em inteligência. Para se obter essas informações, surge a necessidade de estruturar redes para a coleta e busca das informações que serão necessárias para as definições gerenciais e estratégicas. Com o sistema funcionando, a empresa conhecerá suas oportunidades e ameaças, podendo assim analisá-las. O principal valor de um sistema de Inteligência Competitiva é possibilitar as tomadas de decisões baseadas no real conhecimento e no movimento dos concorrentes e do mercado. As informações coletadas apresentam-se em vários formatos heterogê- neos (textos, vídeos, imagens, fotografias etc.), existem várias formas de se classificar as informações que servem de insumos às atividades de inteligên- cia. Alguns autores classificam-nas da seguinte forma: Quanto à fonte � – podem ser primárias ou secundárias. Quanto à origem � – podem ser do tipo publicadas, não publicadas, internas ou externas. Quanto ao formato � – podem ser do tipo formais ou informais. Quanto ao conteúdo � – podem ser antecipativas, qualitativas, incertas ou fragmentadas. Segundo Kahaner (1996), as informações também podem ser categori- zadas em hard information, que são informações quantitativas (fatos, esta- tísticas, dados brutos, informações financeiras), que retratam o passado, e soft information, que são as qualitativas (opiniões, boatos, realimentação dos clientes), que exigem uma melhor análise do seu conteúdo. Essas informações podem ser encontradas em bases de dados on-line (serviços de informação), periódicos e revistas do tipo “review” (serviços de informação), recursos informacionais internos (coleção de informações sobre competidores, staff2, programas de trabalho etc.) As informações para os novos empreendimentos vêm de uma variedade de fontes, contatos e experiências. Além de experiências de trabalho, as in- formações podem surgir de hobbies, encontros sociais, trabalho autônomo, e também de uma procura deliberada e organizada. Abreu (2004), para auxiliar nessa busca, indica um sumário das princi- pais fontes e serviços de informações. Essa lista não pretende ser exaustiva, 2 Assessores da empresa que dão suporte às toma- das de decisões. 148 Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência mas um guia sobre áreas em geral onde informações de marketing podem ser encontradas: a) Serviços de informaçõespara produtos licenciáveis – um bom modo de ter alguma exposição de um grande número de informações sobre esses produtos é através de universidades, corporações e investidores independentes. Fazendo a assinatura de um desses serviços ficarão disponíveis as publicações de dados sobre produtos licenciáveis. b) Bibliotecas – bibliotecas públicas, especialmente de referências, são uma “mina” de informações de todos os tipos. c) Departamento de estatística – departamentos de estatísticas gover- namentais ou não, como o IBGE e DIEESE, por exemplo, coletam uma imensa massa de dados e podem constituir-se em uma boa fonte de pesquisa de novas oportunidades de negócios. d) Jornais e associações comerciais ou industriais – quase toda indús- tria tem uma associação e um jornal especializado. Eles podem ser considerados uma das melhores opções para se obter informações sobre uma empresa através de pesquisas de mercado e previsões, e os próprios anúncios publicados são uma boa fonte de informação a respeito dos competidores e de seus produtos. e) Agenciadores de patentes – agenciadores de patentes se especiali- zam em comercializar patentes possuídas por inventores individuais, corporações, universidades, ou outras organizações que pesquisam empresas ou empreendedores, buscando novos produtos comercial- mente viáveis. Alguns são especializados em licenciamento internacio- nal dos produtos. f) Contratos comerciais ou industriais – existe uma série de contatos que se pode fazer através de fontes de informações como novos em- preendimentos ou área de mercado, obtidas a partir de: consumido- res/clientes, distribuidores ou atacadistas, competidores e exposições comerciais. g) Ex-empregados – um número considerável de empresas de base tec- nológica iniciaram com produtos e serviços baseados em informações e tecnologias desenvolvidas pelos empreendedores em empregos anteriores. Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência 149 h) Corporações – quase todas as corporações envolvidas em pesquisa e desenvolvimento desenvolvem ou já desenvolveram invenções ou ser- viços que não exploraram comercialmente. i) Institutos de pesquisa sem fins lucrativos – existem organizações sem fins lucrativos que fazem pesquisa e desenvolvimento por contrato, por exem- plo, com o governo ou a indústria. Essas organizações também têm alguns programas internos de pesquisa e desenvolvimento para desenvolver novos produtos e processos que podem ser licenciados para organizações privadas para contínuo desenvolvimento, produção e comercialização. j) Universidades – várias universidades que são ativas em pesquisa procu- ram licenciar suas invenções resultantes da pesquisa. Pode ser feito direta- mente pela universidade ou por uma fundação que administra seu progra- ma de patentes. Contudo, um número considerável de boas informações desenvolvidas nas universidades nunca chega aos escritórios de patentes. k) Contatos profissionais – as informações podem também ser encontra- das contatando profissionais ou pessoas de negócios em sua vizinhan- ça que tenham contato com inventores que buscam licenciamento para suas patentes ou começar um negócio com essas pessoas. l) Trabalhando como consultor – um método de obter informações, que tem sucesso entre empreendedores com treinamento técnico, é pres- tar consultoria e realizar projetos de design específico para as empresas contratantes em uma área de interesse do empreendedor. m) Redes – o conceito de redes (networking) tem recebido muita atenção nos últimos anos. Desenvolver uma rede de contatos é uma parte im- portante do processo de empreendedorismo. Tais redes podem ser um estímulo e uma fonte de novas informações para negócios, bem como promover contatos valiosos entre pessoas e recursos. n) Negócios existentes – o negócio pode não ser novo, mas representa algo novo para o empreendedor. Em adição às fontes listadas até agora, as informações de negócios existentes podem surgir da compra de um negócio em andamento ou de uma franchising. De certa forma, muito do processo de geração de informações e do trabalho de converter uma ideia em uma oportunidade já foi realizado, ou seja, já se tem informa- ções se o negócio está operando lucrativamente ou tem perspectivas futuras de operar lucrativamente. 150 Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência Existem muitos tipos de informações disponíveis para atender as diversas demandas. O quadro 2 sintetiza as principais informações que podem estar sendo utilizadas no processo de inteligência competitiva. Quadro 2 – Tipos de informação Tipo Descrição Informações gerais Informações de caráter diversificado, porém superficiais, encontradas em jor- nais, revistas, TV e internet. Informações mercadoló- gicas Posicionamento do concorrente, novos produtos, pontos fortes e fracos dos pro- dutos e serviços dos concorrentes, mercado consumidor, tendências, cenários tecnológicos, políticos, econômicos e sociais, comportamento dos clientes. Informações estatísticas Dados quantitativos, numéricos, resultantes de compilações e análises. Des- tacam-se anuários estatísticos, recenseamentos, censos, boletins estatísticos, estatística econômica, estatística industrial, estatísticas macroeconômicas, re- latórios anuais. Informações empresariais Históricos de empresas, vendas, marketing, logística, finanças, linhas de produ- tos, formação de preços e estratégias de negócios, fusões e aquisições. Informações técnicas Patentes, catálogos, relatórios técnico-descritivos, anais de congresso, atas de reuniões, normas. Informações setoriais Informações sobre um determinado setor de atividade industrial, disponibili- zadas por meio de publicações especializadas (jornais dedicados a negócios) e publicações técnicas de um ramo industrial específico ou relatórios elaborados por analistas de mercado ou empresas de consultoria. Informações de produtos e serviços Informações específicas sobre produtos e serviços existentes no mercado. Enfo- que no nome comercial de produtos, marcas e patentes, produtores, distribui- dores e mercado consumidor. Informações jurídicas Informações específicas de legislação empresarial e direito comercial. Desta- cam-se decisões judiciais, revisões, boletins, jurisprudências e leis. Informações financeiras Informações sobre o mercado de capitais, taxas de câmbio, indicadores econô- micos, cotações de ações em bolsas de valores e em fundos de investimentos e análises financeiras de especialistas. Segundo Abreu et al., (2008) a escolha de uma informação está inter-rela- cionada ao tipo de fonte de informação selecionada. Gomes e Braga (2004) relatam que as fontes de informação são classifica- das quanto ao conteúdo, à estrutura, à origem e ao nível de confiabilidade, conforme mostra o quadro 3. (A BR EU , 2 00 4) Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência 151 Quadro 3 – Classificação das fontes de informação Classificação Tipo Descrição Conteúdo Fontes primárias Disponibilizam dados inalterados vindos diretamente da fonte infor- mativa (discursos, entrevistas ao vivo no rádio ou TV, observações pessoais (visitas), internet, entrevis- tas com fornecedores, clientes, fei- ras e congressos, (networking). Fontes secundárias Disponibilizam fatos já alterados, gerados a partir de ideias obtidas das fontes primárias (livros, revistas, jornais, internet, pesquisas prontas, clippings, balanços e relatórios anu- ais, relatórios de analistas). Estrutura Fontes formais ou textuais Possuem informações estruturadas e organizadas. Fontes informais Possuem informações não estrutu- radas e não organizadas. Origem Fontes internas Da própria organização. Fontes externas Externas à organização.Informação publicada Informações de domínio público. Informação não publicada Informações que não são de domí- nio público e podem ser de fontes internas ou externas. Nível de confiabilidade Alto risco Fontes não confiáveis, mas que de- vem ser monitoradas. Confiança subjetiva Fontes que tanto podem ter infor- mações confiáveis como não, mas também devem ser monitoradas. Altamente confiável Disponibilizam informações confi- áveis e devem ser constantemente monitoradas. Outro ponto que deve ser levado em consideração é a necessidade de priorização do que será monitorado. Pois, como o volume de informações a ser monitorado é muito grande, é fundamental associar esse processo aos objetivos estratégicos da organização. (G O M ES ; B RA G A , 2 00 4) 152 Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência Por meio desses processos, são fornecidos meios para que se possam buscar conhecimentos passados e aplicá-los em atividades presentes, auxi- liando na tomada de decisões de marketing. Estruturação do sistema de monitoramento da concorrência Segundo Abreu (2004), o grande desafio que uma empresa enfrenta é transformar as informações coletadas sobre o meio ambiente em conhe- cimento estratégico. Essa transformação ocorre a partir do uso de técni- cas de análise dessas informações. As análises realizadas, então, poderão ser qualitativas (mais ligadas ao futuro) ou quantitativas (mais ligadas ao passado) e as técnicas mais utilizadas são: brainstorming, Delphi3, cená- rios prospectivos, benchmarking, análise competitiva de Porter, cadeia de valores, quebra-cabeça JIGSAw4, sinais fracos, matriz SwOT, diagrama de causa e efeito, análise automática da informação, utilização de modelos e testes estatísticos. Durante a análise os dados e informações devem ser reunidos, filtrados, checados e contextualizados. É a fase de montagem do quebra-cabeça em que é verificada a qualidade da informação e sua pertinência ao estudo que será desenvolvido. A partir desse momento, o analista já possui a visão do todo e parte para o seu entendimento. Serão examinadas a natureza, a função e suas relações. As hipóteses a respeito do assunto são formuladas e testadas. A última parte do processo de análise constitui-se da conclusão. Com base no entendimento do comportamento do assunto analisado e de seus relacionamentos, são elaborados relatórios com as respectivas aná- lises dos impactos, ameaças e oportunidades para a empresa. Com base nas conclusões do estudo, são elaboradas sugestões de ações ou redefi- nições de estratégias. 3 É uma técnica não in- terativa, em que o grupo não se reúne, funcionan- do da seguinte forma: 1.º) são enviados questioná- rios a cada especialista es- colhido, sobre um cenário (um assunto de pesquisa); 2.º) depois de respondi- dos são analisados e são resumidas as principais conclusões por parte da equipa que lidera a téc- nica; 3.º) os questionários voltam aos especialistas, que têm oportunidade de rever as respostas e alterá-las, se necessário. Se uma resposta varia muito em relação às do resto do grupo, o seu autor terá que justificar a sua diferença de opinião; 4.º) o processo de resumo e revisão repete-se até se atingir o consenso entre os especialistas. 4 Uma estratégia educa- cional de aprendizagem em grupo. Foca no tra- balho coletivo, mas sem perder responsabilização individual. No JIGSAw (quebra-cabeça) ocorre a divisão de um texto em partes, que serão comen- tadas por grupos. Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência 153 Análise Seleção e contextualização Visão sistêmica e holística Reúne, filtra, checa e contextualiza Montagem do quebra-cabeça. Análise da qualidade e pertinência da informação. Relações e interações. Hipóteses formuladas e testadas. Previsões, análise de cenários, propostas de ações e redirecionamento estratégico. Conclusão Relatórios de inteligência Figura 3 – Processo da Inteligência – fase da análise. (A BR EU , 2 00 4) A figura 3 resume os passos da fase de análise e a montagem do que- bra-cabeça para a elaboração dos relatórios de Inteligência Competitiva de marketing. A implantação de um sistema de Inteligência Competitiva de marketing não necessariamente envolve tecnologia de informação, principalmente quando falamos sobre pequenas empresas. Na pequena empresa esse processo está altamente relacionado com o perfil do empresário. Contudo, o uso da tecnologia permite nas empresas maiores a sistematização do processo, além da agilidade e qualidade reque- ridas para fazer face aos desafios de um mercado globalizado e turbulento. Definir mapa estratégico de informação Formação da rede de informação Revisão do mapa de informação Monitoramento e coleta Análise Disseminação Processo de IC Figura 4 – O ciclo de operacionalização do processo de IC. (A BR EU e t a l., 2 00 8) 154 Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência Conforme mostra a figura 4, o processo de inteligência de marketing inicia- se tratando da constituição do serviço de inteligência, em que são definidos e implantados a rede de inteligência e o mapa estratégico de informação. Tendo iniciado essas atividades, inicia-se a operacionalização do processo de Inteli- gência Competitiva, por meio da execução das etapas de monitoramento e coleta, análise estratégica da informação e disseminação da informação. A partir do primeiro ano em que o processo de IC na organização estiver sendo executado, recomenda-se que seja feita uma revisão do mapa e da efetividade da rede de inteligência constituída. (ABREU et al., 2008) Na etapa de definição do mapa estratégico da informação definem-se as necessidades de informação, as fontes de informação e quais serão as estra- tégias de coleta. É na implantação da rede de inteligência que identificam- -se os papéis e responsabilidades de cada participante da rede, mapeando o responsável pelo processo, os coletores de informação e os analistas de informação. Na fase de monitoramento e coleta determinam-se as atividades que serão realizadas em busca das informações. Quanto à análise, é a parte do processo em que a filtragem dos dados coletados, a realização de cruzamen- tos e a integração dos mesmos é efetuada, além do desenvolvimento dos relatórios de inteligência. A disseminação é a etapa em que os relatórios são divulgados e disseminados aos tomadores de decisão. Finalizando com os tomadores de decisão gera-se um feedback para atu- alizar as necessidades de informação, com isso sugerem-se novas fontes e estratégias de coleta, informando sua avaliação sobre a qualidade e impac- to da análise das informações fornecidas, como foram os resultados obti- dos com esse processo de IC, e se as informações serviram para a tomada de decisão. Resultados da Inteligência Competitiva de marketing Conforme aborda Rother (2009), em um ambiente de decisão, definir um bom processo de Inteligência Competitiva significa conseguir mensurar seus resultados, tornar as informações monitoradas, coletadas e analisadas em reais produtos de inteligência, levando os tomadores de decisões a agir em prol da organização com os produtos em suas mãos. Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência 155 Dessa forma, Herring (1999) define que um tópico-chave de inteligência (KIT – Key Intelligence Topics) é utilizado quando se pretende aplicar um pro- cesso de Inteligência Competitiva. Nesse sentido, é fundamental a identifi- cação e a classificação das principais necessidades de inteligência de uma organização, junto aos seus tomadores de decisões. Para definição e identificação dos KITs, reuniões de sensibilização e en-trevistas com os tomadores de decisões, responsáveis pelas áreas de IC, são fatores fundamentais para entender e atender realmente as necessidades da empresa e de seus decisores. Afinal, são os tomadores de decisões que irão definir quais as categorias e os tópicos que deverão ser monitorados (HERRING, 1999). Segundo Herring (1999) as entrevistas para o levantamento dos KITs podem ser conduzidas de forma que sejam aplicados em três grupos funcio- nais, sendo eles: Decisões e ações estratégicas � – identificar e atender as necessidades específicas. Tópicos de alerta antecipado � – destacam as atividades e temas nos quais os tomadores de decisão não gostariam de ser surpreendidos. Descrição dos principais atores � – localizados em determinados mer- cados, concorrentes, clientes, fornecedores e parceiros potenciais. De acordo com Herring (1999), os grupos funcionais definidos dessa forma podem tornar-se muito úteis para o responsável pela área de IC, porque dife- rentes tipos de KITs exigem diferentes tipos de pesquisa. Sendo assim, pode ocorrer que para as tomadas de decisões seja preci- so desenvolver produtos de inteligência, como análise de negócios e análises de inteligência, por exemplo, e as pesquisas exijam não somente coleta em fontes secundárias, mas também em fontes primárias. Já para os alertas antecipados, um monitoramento da coleta e análise, elaborado de forma sistemática, funciona como um mecanismo de detec- ção de possíveis novos nichos de mercado, com isso antecipa-se ações dos concorrentes, deixando dessa forma a organização mais preparada, evitan- do surpresas. Quanto aos atores, os perfis analíticos podem ser gerados e podem auxiliar na busca específica de soluções para determinadas ações. (HERRING, 1999) 156 Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência É importante salientar que os KITs identificados e bem definidos mudam a cultura de uma organização no momento em que esse processo passa a gerar uma forma mais consistente de ações que possam a agregar valor às decisões, como prospecções de novos produtos, cenários, antecipações no mercado de atuação, ou seja, aplicação de inteligência e resultados nas decisões tomadas. Na sequência serão explicados os três grupos funcionais dos KITs (HERRING, 1999): Definição de KITs para decisões e ações estratégicas � – para obten- ção de resultados e sucesso de um processo de Inteligência Competi- tiva é muito importante identificar e atender de uma forma correta as necessidades específicas dos tomadores de decisão, assim o valor dos produtos de inteligência tornam-se mais tangíveis. Os KITs que forem levantados nesse momento devem variar em forma de perguntas e de afirmações pertinentes relacionadas aos temas gerais, onde posterior- mente reuniões com os usuários dos produtos serão necessárias para refinar o que foi levantado. Uma próxima etapa seria a validação pelos tomadores de decisão dos KITs, com isso inicia-se o processo. Esses KITs buscam uma gama bem diver- sificada de questões sobre produtos, estratégias, planos de ações, informa- ções sobre a concorrência, conforme exemplo do quadro 4. Quadro 4 – Questões para levantamento de decisões e ações estra- tégicas 1. Levantar informações junto ao planejamento estratégico da empresa a fim de criar um am- biente competitivo. 2. Desenvolver uma estratégia competitiva, de forma a avaliar qual é o papel da concorrência no mercado de atuação. 3. O que estão fazendo os concorrentes da empresa? 4. Como se encontra o desenvolvimento do mercado nacional e internacional avaliando a situ- ação competitiva atual? 5. Investigar e relatar quais mudanças vêm acontecendo no mercado relacionado aos investi- mentos que estão sendo aplicados em pesquisa e desenvolvimento de soluções. 6. Quais os planos e ações que deve-se buscar para manter a competitividade tecnológica em relação aos principais concorrentes? 7. Como o desenvolvimento e lançamento de novos produtos afetarão as ações estratégicas da empresa? 8. Que esforços estão sendo feitos para manter a proteção das informações de forma que os concorrentes não tenham acesso? 9. Quais políticas de recursos humanos existem para retenção e contratação de colaboradores? 10. De que forma as estratégias adotadas de distribuição, vendas e marketing serão percebidas pelo setor? (H ER RI N G , 1 99 9) Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência 157 Definição de KITs para alertas antecipados � – os alertas antecipados são necessários para que os tomadores de decisão não venham a ser surpreendidos com alguma ameaça, mas isso não impede que com um processo bem definido sejam detectadas e apontadas oportunida- des e novos nichos de mercado. As questões que permeiam esses KITs são variadas conforme quadro 5. Quadro 5 – Questões para o levantamento de alertas antecipados Monitorar áreas tecnológicas que possam afetar de forma impactante a organização. As principais iniciativas financeiras dos concorrentes. Mudanças nos ambientes regulatórios, sociais, políticos e econômicos que possam afetar a competitivi- dade da empresa tanto no ambiente nacional quanto internacional. Novos entrantes que estão buscando o mesmo mercado. Interesse de terceiros na aquisição da empresa. Alianças estratégicas no mercado de atuação. Situação financeira dos principais fornecedores. Definição de KITs para atores principais � – essa categoria é a menos acionada em comparação com as citadas anteriormente, mas não me- nos importante, pois pode detalhar de forma elaborada quem são os atores existentes no mercado. Geralmente, o perfil de um ator é solici- tado no início uma ação de Inteligência Competitiva. A consolidação desses KITs resulta em questões específicas relativas aos atores, sendo essa sua grande contribuição, pois se tem, a partir disso, um mapea- mento completo da rede de atores, conforme mostra o quadro 6. Quadro 6 – Questões para o levantamento dos atores principais 1. Qual é o perfil dos principais concorrentes da empresa? 2. Quais são as ações dos concorrentes com relação a pesquisa e desenvolvimento, vendas e marketing? 3. Identificar e monitorar os possíveis novos concorrentes, além de verificar de qual ramo eles são oriundos. 4. Levantar, junto ao mercado, as percepções dos concorrentes e clientes com relação ao valor da marca da empresa, produtos e serviços. 5. Como os concorrentes estão atendendo os clientes em comum? 6. De que forma os fornecedores e concorrentes coletam informações e quais interesses com relação à empresa? 7. Como estão as estratégias financeiras, tecnológicas e marketing? Dentro de um processo de Inteligência Competitiva o que agrega valor é o resultado focando nas necessidades de informações solicitadas, na busca (H ER RI N G , 1 99 9) (H ER RI N G , 1 99 9) 158 Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência das informações estratégicas, no conhecimento gerado, enfim nos produtos de inteligência. Segundo Tyson (1998) e Abreu et al. (2008), alguns produtos de inteligên- cia podem ser gerados por meio de: Newsletter � 5 – é definida tanto como informação estratégica quanto tática, originária de fontes externas e internas. Tem como função prin- cipal alertar acerca do que vem ocorrendo no ambiente, sendo que não necessariamente precise envolver análise. O público-alvo desse produto pode ser pessoas envolvidas com vendas, gerência de marke- ting e outras gerências e assessoria, recebendo a informação em uma periodicidade mensal ou semanal. Minuta de impacto estratégico � – de certa forma semelhante à newsletter, mas acrescentando eventos que possam trazer impacto estratégico e ou tático para a organização. O produto em questão ne- cessita de análise,tendo como seus principais consumidores as gerências comerciais. A frequência de recebimento é sugerida como sendo mensal. Análises de situação � – é a consolidação dos outros dois produtos de inteligência citados anteriormente. É um resumo dos principais assun- tos estratégicos definidos, aplicando-se uma análise mais detalhada, sendo o foco do produto na gerência superior. Sugere-se que a perio- dicidade desse produto seja bimestral. Evolução do concorrente � – tem como finalidade buscar a evolução do concorrente em termos de variáveis quantitativas de inovação, ve- rificando mudanças significativas e estratégicas além das principais implicações no mercado de atuação. Rother (2009) destaca sete produtos de inteligência geralmente utilizados para auxiliar no suporte à tomada de decisão. Segue uma descrição de quais são esses produtos e sua finalidade: Alertas � – são produtos simples, mas com uma velocidade de resposta muito efetiva, pois são informações derivadas de notícias da mídia, mu- danças na legislação, novos entrantes no mercado etc. No momento em que um alerta chega às mãos dos tomadores de decisão, esses produ- tos de inteligência precisam ser claros e objetivos o suficiente para que sejam identificados rapidamente como uma oportunidade ou ameaça. Podem ser enviados por meio de SMS, telefone, e-mail ou impresso. 5 Pode ser chamada de boletim informativo, ou seja, é um tipo de mensa- gem eletrônica na qual o usuário pode receber via internet após efetuar um cadastramento em algum site, geralmente sobre um determinado assunto. Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência 159 Planos de ação � – são produtos mais elaborados e formais, que podem direcionar estratégias de médio e longo prazo, baseados pela defini- ção e identificação dos KITs. Precisam abordar tópicos-chave, análise de eventos, oportunidades e ameaças e alternativas estratégicas. Sumários executivos � – com a finalidade de responder de forma bem objetiva os KITs e KIQs, são produtos com certa complexidade, devido ao grau de análise que tem que ser aplicado neles. Informações rele- vantes que devem conter nesses produtos são tópicos-chave, análise de cenários e ou eventos. Análise de situação � – é produzida com foco específico, não prima pelo lado estratégico, pois o mesmo pode ser direcionado para outras áreas de uma empresa. Buscando pela relação entre diversas informa- ções precisa ser a mais sintetizada possível, além de conter várias ilus- trações, gráficos e tabelas. Necessita apresentar tópicos-chave, cenário atual e análise da situação propriamente dita. Relatórios analíticos � – produtos desenvolvidos especificamente para os tomadores de decisão. O grau de análise é elevado, buscando a li- gação direta com os KITs e KIQs, além de se ter a possibilidade de gerar relatórios analíticos sob demanda, ou seja, questões mais individuali- zadas tanto por empresa quanto por setor. Projeções estratégicas � – o alto grau de análise aplicado a esse pro- duto de inteligência mostra o quão importante ele é para a tomada de decisão. É baseado em tendências, servindo de insumo para novas projeções futuras e estratégicas da empresa. Relatórios � ad hoc6 – é um produto com uma peculiaridade interessan- te, em que o cliente é quem solicita o produto desejado, podendo ser qualquer um dos citados e definidos anteriormente. Espera-se que um processo de Inteligência Competitiva, sistematiza- do e contínuo, tenha capacidade de gerar produtos de inteligência de marketing, procurando sempre agregar valor às decisões da empresa, assim proporcionando que as mesmas busquem vantagens competitivas com esse melhor entendimento de seu ambiente. Esse posicionamento é uma mudança de cultura quanto à implantação de um processo de Inteligên- cia Competitiva, direciona as empresas para que possam estar à frente de seus competidores. 6 É uma expressão cujo significado é “para isto” ou “para esta finalidade”. É usualmente emprega- da sobretudo quando se quer determinar que o tema é “para um fim espe- cífico”. Exemplo: um advo- gado “ad hoc” (nomeado apenas para um determi- nado ato jurídico). 160 Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência Ampliando seus conhecimentos Montando um Sistema de Inteligência de marketing (KOTLER, 1998) A maioria dos administradores de marketing busca inteligência de marke- ting por esforço próprio, lendo livros, jornais e publicações empresariais, con- versando com consumidores, fornecedores, distribuidores e outros e trocan- do ideias com outros administradores e funcionários da própria empresa. Todavia, esse sistema é casual e as informações valiosas podem extraviar ou chegar muito tarde. Os administradores podem saber muito tarde de uma ação do concorrente, uma nova necessidade do consumidor ou um problema com o revendedor, para tomar as decisões adequadas. Empresas bem dirigidas tomam medidas adicionais para melhorar a quali- dade e a quantidade de inteligência de marketing, a saber: 1. Treinam e motivam a força de vendas para destacar e relatar os novos desenvolvimentos. Os vendedores são os “olhos e ouvidos” da empre- sa. Estão em posição excelente para captar informações não detectadas por outros meios. Porém, são muito ocupados e, às vezes, não passam informação significativa. A empresa deve “vender” à força de vendas sua importância como fornecedores de inteligência de marketing. Para isso, os relatórios devem ser de fácil preenchimento. 2. A empresa motiva distribuidores, varejistas e outros intermediários para transmitirem informações importantes. Um importante fabricante de produtos de energia providenciou que cada distribuidor encami- nhasse à sua divisão de pesquisa de marketing uma cópia de todas as faturas contendo as vendas de seus produtos. A empresa analisa essas faturas para identificar as características de seus usuários finais e para ajudar os distribuidores a melhorar seus programas de marketing. Al- gumas empresas contratam especialistas para reunir inteligência de marketing. Eles enviam “compradores fantasmas” para monitorar o tra- balho de seus revendedores ou filiais. Aprendem sobre os concorren- tes adquirindo seus produtos; frequentando exposições e feiras; lendo Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência 161 relatórios publicados pelos concorrentes; participando de reuniões de acionistas; conversando com ex-funcionários e funcionários atuais, re- vendedores, distribuidores, fornecedores e empresas transportadoras; colecionando anúncios de concorrentes e lendo jornais de circulação nacional, jornais de negócios e boletins de associações de classe. 3. A empresa compra informações de fornecedores externos (ex.: Nielsen Company). Essas empresas de pesquisa podem reunir dados e painéis de consumidores a um custo menor do que se cada empresa conduzisse suas próprias operações de painel. 4. Algumas empresas criam um centro interno de informações de marketing para coletar e distribuir inteligência de marketing. Os fun- cionários examinam atentamente as principais publicações, recortam notícias relevantes e disseminam um boletim de notícias aos adminis- tradores de marketing. Esses serviços melhoram bastante a qualidade das informações disponíveis a esses administradores. Atividades de aplicação 1. O processo de Inteligência Competitiva apoia a vantagem competitiva de marketing. Esse processo possui uma sequência de níveis hierár- quicos, caracterizando uma transformação efetiva em vantagem com- petitiva. Qual é a sequência correta? a) Dados – informação – conhecimento – inteligência. b) Dados – informação – inteligência – vantagem competitiva. c) Estratégia – dados – informação – vantagem competitiva. d) Estratégia – dados – conhecimento – inteligência.2. Quando se agrupam todas as peças de informação, podemos ter uma visão de como um sistema de Inteligência Competitiva bem estrutura- do irá possibilitar à empresa conhecer de forma global o mercado em que atua. Esse conceito é a base da transformação da informação em conhecimento estratégico. Marque a alternativa correta, que relaciona informação e conhecimento estratégico. 162 Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência a) Mercado – Quais seus planos futuros? b) Fornecedores – Quais são os competidores? c) Clientes – Quais são seus pontos fortes e fracos? d) Ambiente – Por que eles fazem sucesso? 3. É um resumo dos principais assuntos estratégicos definidos, aplican- do-se uma análise mais detalhada, o foco do produto é na gerência su- perior, e sugere-se que a periodicidade desse produto seja bimestral. Esse conceito aplica-se a qual produto de inteligência? a) Evolução do concorrente. b) Sumário executivo. c) Minuta de impacto estratégico. d) Análises de situação. 164 Sistemas de inteligência de marketing e análise da concorrência Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) Conceitos gerais sobre sistemas CRM Customer Relationship Management, ou gerenciamento do relacionamento, é a combinação entre o marketing e a tecnologia de informação em bene- fício do cliente. Trata-se de gerenciar os relacionamentos com os diferentes tipos de clientes de forma personalizada, antecipando as oportunidades e visando a maior lucratividade, ou seja, o marketing de relacionamento. O marketing de relacionamento é uma das sistemáticas mais antigas de marketing, contudo, apresenta-se como um termo pouco entendido. De acordo com Gordon (2001, p. 31), “o marketing de relacionamento é o pro- cesso contínuo de identificação e criação de novos valores com clientes in- dividuais e o compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria.” Stone e woodcock (1998) argumentam que marketing de relacionamen- to é o uso de uma gama de técnicas e processos de marketing para comu- nicar e identificar o cliente de forma individualizada, ou seja, criando um re- lacionamento entre a empresa e seus clientes, bem como administrar esse relacionamento para o benefício de ambos. Contudo, essa definição indica uma falta de sentimento: Em marketing, uma das melhores maneiras de definir um conceito ou técnica é fazê-lo em termos daquilo que você quer que os seus clientes pensem ou sintam como resultado do seu uso do conceito, algo que você até mesmo poderia explicar para os seus clientes. (STONE; wOODCOCK, 1998, p. 3.) Sendo assim, o marketing de relacionamento poderia ser descrito como a relação que ocorre entre cliente e empresa e poderia ser narrada assim: Achamos você.1. Passamos a conhecê-lo.2. Mantemos contato com você.3. 166 Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) Tentamos assegurar que você obtenha de nós aquilo que quer – não 4. apenas em termos de produto, mas também em todos os aspectos do nosso relacionamento com você. Verificamos se você está obtendo aquilo que lhe prometemos. Desde 5. que, naturalmente, isso também seja vantajoso para nós. Desse modo, podemos dizer que o marketing de relacionamento desen- volve-se a partir de diversos processos de identificação e satisfação das ne- cessidades dos clientes. Tais processos são desenvolvidos de forma competi- tiva para atingir os objetivos da organização. O marketing de relacionamento apresenta seis dimensões que, segun- do Gordon (2001), diferenciam-se das definições históricas de marketing. Tais diferenças apresentam um potencial para transformar a visão sobre o marketing praticado por toda a organização. As dimensões do marketing de relacionamento compreendem: Procurar criar novo valor para os clientes e compartilhar esse valor en-1. tre o produtor e o consumidor. Reconhecer o papel fundamental que os clientes individuais têm 2. não apenas como compradores, mas também na definição do valor que desejam. Exigir que a empresa planeje e alinhe seus processos de negócios, de 3. acordo com sua estratégia de marketing focada no cliente. Ter um esforço contínuo e colaborativo entre o comprador e o vende-4. dor. Desse modo, funciona em tempo real. Reconhecer o valor do cliente pelo tempo que ele consome o produ-5. to. Tal informação se consegue abordando o cliente a cada ocasião de compra. Procurar construir uma cadeia de relacionamento dentro da organi-6. zação para criar o valor desejado pelos clientes, assim como entre a organização e seus principais participantes como fornecedores, canais de distribuição intermediários e acionistas. A maioria dos gerentes concorda que, a longo prazo, um relacionamen- to estreito com o cliente deve ser considerado importante para o sucesso, porém, a curto prazo, as estruturas organizacionais acabam gerando con- Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) 167 flitos entre a empresa e seus clientes. O marketing de relacionamento deve funcionar tanto para objetivos de curto prazo como para objetivos de longo prazo. Para isso, é necessário ser realizada uma reconfiguração em todos os aspectos políticos da empresa. Assim, há que se ter um planejamento para o marketing de relaciona- mento, que contemple a habilidade para atender as necessidades de rela- cionamento dos clientes, o que depende de diversos fatores, detalhados na figura 1: Figura 1 – Planejamento para o marketing de relacionamento. (S TO N E; w O O D CO CK , 1 99 8) Capacidade de monitoração Objetivos de marketing, vendas e serviços Estratégias de marketing de relacionamento com o cliente Sistemas de dados e informações Políticas Procedimentos Recursos Pessoas Planos Para Stone e woodcock (1998), o efeito de cada um desses fatores sobre o relacionamento depende do foco que será mantido ou não com as neces- sidades do cliente, assim como o modo de informação que será utilizado sobre o consumidor. Objetivos do marketing � : é o que se busca atingir. Perceber se tais ob- jetivos necessitam ou não de gerenciamento do relacionamento com os clientes. Estratégias � : traduz os objetivos em linhas principais de políticas. Políticas e planos de ação � : traduz as estratégias em trabalhos práticos. Procedimentos � : as normas e regras dentro das quais sua equipe trabalha. Recursos � : alocados para ajudar na implementação das diferentes políticas. Pessoas � : as pessoas contribuem de forma significativa para o marke- ting de relacionamento. Caso seja designado, gerenciado ou treinado de forma errônea, pode acarretar consequências desastrosas no rela- cionamento com o cliente. 168 Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) Planos � : direcionam os recursos aos objetivos, para controlar os recur- sos por meio de políticas específicas, trabalhando para procedimentos específicos. Sistemas � : os dados certos e disponíveis para as pessoas certas, no mo- mento certo, possibilitarão a ocorrência do seu processo de gerencia- mento. Capacidade de monitoração � : monitorar os indicadores-chave de de- sempenho. O efeito de cada um dos fatores descritos anteriormente sobre o relacio- namento dependerá de manter ou não o foco nas necessidades do cliente. Isso, por sua vez, dependerá do uso que se faz da informação acerca de seus clientes, o que significa dizer que “as informações acerca dos seus clientes e respectivas necessidades devem ser levadas em conta durante o processo de planejamento e devem estar disponíveis em um formato utilizável em pontos de contato específicos com o cliente.” (STONE; wOODCOCK, 1998, p. 36.) Tais pontos de contato podem serpercebidos no momento em que o cliente entra em contato com a empresa (voltados para dentro) ou quando a empresa entra em contato com o cliente (voltados para fora). Nesse caso, po- demos enumerar uma série de situações que permitem tais contatos como: emissão de pedidos, reclamações, consultas genéricas, consultas de vendas, consultas sobre cobranças, consultas técnicas etc. Dessa forma, a utilização dos dados tanto para o planejamento como para fins de comunicação torna-se importante para a “implementação da estratégia” e para fazer com que os planos tornem-se visíveis aos clientes da organização. Para Bretzke (2000), por meio da interatividade (canais de comunicação de via dupla), da conectividade (sistemas interligados on-line) e da criati- vidade utilizadas para obter e usar as informações para gerar resultados, é possível: Gerenciar o relacionamento com o cliente, estabelecendo um diálogo � contínuo que resulta em um relacionamento duradouro. Estabelecer novas formas de comunicação com seus clientes, conhecen- � do seu perfil psicográfico, estilo de vida e comportamento de compra. Monitorar a concorrência com recursos sem precedentes. � Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) 169 Integrar o cliente à organização para a elaboração de produtos. � Atrair e manter os clientes atuando em tempo real sobre qualquer � ameaça que venha do ambiente competitivo. Compilar e processar dados sobre o mercado em quantidade e possi- � bilidade de análises nunca antes imaginadas. Para que esses resultados aconteçam, é preciso que a estratégia de marketing esteja apoiada em um conjunto relevante e significativo de informações, contando com um fluxo constante de dados do mercado e dos clientes obtidos em tempo real. Funções típicas de um CRM O marketing de relacionamento pode ser uma abordagem muito prática para os profissionais de marketing recuperarem a posição como condutores estratégicos da empresa. O aperfeiçoamento da forma de entender, atender e reconhecer o cliente estão conduzindo a uma total readaptação da estrutu- ra organizacional para cumprir a promessa de valor agregado que diferencia e melhora o posicionamento da empresa perante o mercado em que atua. Foco em produtos Ontem Hoje Foco em clientes Figura 2 – A migração para o CRM. (S IL VA JR ., 20 02 ) A coragem e a agilidade em promover as mudanças necessárias na em- presa determinarão o ganho real de redução de custos, o aumento da com- petitividade e a prontidão da empresa para o ambiente dos próximos anos. O marketing de relacionamento é aplicado a processos e no que for necessá- rio para aperfeiçoar o relacionamento com o cliente. O marketing de relacio- namento é utilizado para customizar processos tradicionais como os quatro Ps do marketing – produto, promoção, preço e praça/distribuição, conforme ilustra o quadro a seguir. 170 Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) Quadro 1 – Marketing tradicional X marketing de relacionamento Marketing tradicional Marketing de relacionamento Produto Cooperativamente projeta- dos, desenvolvidos, testados, orientados, fornecidos, insta- lados e aprimorados na orga- nização. Desenvolvidos a partir de uma interação em tempo real entre a empresa e seus clien- tes prioritários. Preço Estabelece um preço para um produto e oferece um conjun- to de produto/serviço no mer- cado (por exemplo, desconto no preço se o da concorrência for maior). O produto varia conforme as preferências e os preceitos dos clientes, e o preço também muda proporcionalmente. Promoção Sinaliza para que todos den- tro de um segmento especí- fico de mercado percebam a mensagem “compre-me”, diz os sinais para que todos pos- sam ver. Oferece ao cliente individual uma oportunidade para de- cidir como ele deseja se co- municar com a empresa, por meio de sinais ou outra mídia, com que frequência e com quem. Praça/distribuição Concentra-se na praça como um mecanismo pra transfe- rir um produto ou o título do produtor para o consumidor. Considera a distribuição a partir da perspectiva do clien- te que decide onde, como e quando comprar a combina- ção de produtos e serviços que compõe a oferta total do vendedor. O marketing de relacionamento é basicamente diferente das abordagens da administração já existentes, porque convida o cliente a fazer parte da em- presa através da cadeia de valor, ou seja: Ele apaga a linha que limita onde começa o cliente e onde termina a empresa. Organiza a empresa diferentemente, muda o sistema de incentivo e busca transformar virtualmente todos os demais aspectos existentes da empresa para capacitá-la a tornar-se mais intensamente ligada a seus clientes. (GORDON, 2001, p. 41.) Desse modo, o marketing de relacionamento procura modificar a empre- sa, tornando-a mais hábil na administração, como se fosse uma empresa di- gital1. As modificações provocadas pelo marketing de relacionamento criam um novo cardápio de variáveis a serem administradas pelos profissionais da área e marketing. Tais variáveis são conhecidas como os 11 Cs do marketing de relacionamento, em substituição aos quatro Ps, segundo Gordon (2001). São eles: (G O RD O N , 2 00 1) 1 Num mundo digital, os clientes são importantes individualmente, sendo atendidos com produtos personalizados e customi- zados em massa, processos de serviços e de comunica- ções (GORDON, 2001). Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) 171 1. Cliente – definir quais clientes serão atendidos, o vínculo e outros objeti- vos a serem alcançados, bem como as estratégias a serem aplicadas no tra- balho com os clientes escolhidos para obter benefícios mútuos. 2. Categorias – definir o alcance das ofertas de produto e de serviço que serão fornecidas ao cliente. Uma decisão secundária é saber se a empresa de- veria, ela própria, produzir os produtos e serviços ou encontrar outros meios para entregá-los ao cliente (buscar marcas particulares ou terceirização). 3. Capacidades – estabelecer quais as capacidades exigidas pela empresa de modo a oferecer aos seus clientes o valor que eles desejam e, em seguida, trabalhar com outras pessoas dentro da empresa para garantir que essas ca- pacidades estejam disponíveis em escala, enfoque e qualidade suficientes. 4. Custo, lucratividade e valor – construir a lucratividade do cliente, ba- sicamente por meio da criação de novos valores com os clientes e depois com a partilha dos mesmos. Ao criar valor para os clientes, a empresa pode torná-lo mais competitivo em relação ao custo ou criar novas oportunidades de negócios. 5. Controle do contato com os processos monetários – administrar e controlar os processos associados aos contatos da conta através da garan- tia do recolhimento de dinheiro, ou seja, a equipe deve ser comandada de modo que o foco seja o cliente, assegurando que os processos sejam desem- penhados efetivamente no interesse mútuo de cliente e empresa. 6. Colaboração e integração – adotar um papel ativo na garantia de acesso à informação aos principais tomadores de decisão, apoiar o aprendi- zado conjunto, a divisão estratégica e outras formas de colaboração estraté- gica e operacional. 7. Customização – a criação de novo valor para o cliente provavelmente significa que a empresa precisará customizar aspectos do desenvolvimento do produto, assumindo um papel mais abrangente na administração duran- te todo o tempo de vida desse cliente. 8. Comunicação, interação e posicionamento – o cliente é envolvido por comunicações interativas e em tempo real, diferentemente das promo- ções enviadas de forma indiscriminada a ele, como mensagens televisivas ou catálogos de mala direta produzidosem massa. 172 Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) 9. Cálculo sobre o cliente – rastreamento do desempenho da empresa a partir da opinião do cliente (o que está em sua mente). Isso quer dizer que cada membro é responsável por tomar e influenciar na tomada de decisão de compra, fornecendo um retorno independente para a empresa, com a avaliação do desempenho do fornecedor. 10. Cuidado com o cliente – administrar os processos para fornecimento de informação em tempo real, assim como o treinamento, retorno e distri- buição, ou qualquer outro serviço que seja relevante para aumentar o valor do produto ou serviço vigente. 11. Cadeias de relacionamento – compreende as ligações formais dentro da empresa com os participantes externos, principalmente os fornecedores e os canais intermediários de distribuição, os quais permitem que a empresa crie o valor que os clientes finais desejam. O cliente no centro dos processos de negócios De modo geral, a aplicação dos 11 Cs mostra que tudo gira em torno do cliente, por isso o marketing de relacionamento defende a organização da empresa ao redor dele. Todas as tecnologias e processos devem auxiliar a empresa a aperfeiçoar o relacionamento com o cliente e com todos que per- tencem à cadeia de relacionamentos, conforme ilustra a figura abaixo. Figura 3 – O cliente no centro dos processos de negócios. Identi ficaçã o, reso lução e arbitra gem d a ques tão Monitoração e prognóstico Encomenda, despacho, conta e pagamento Atendimento e suporte TreinamentoProdução PreçoTe ste De sen vo lvi me nto Co nce pçã o/p lan eja me nto Estabe lecime nto de expec tativa s mút uas Cliente, capacidade e planejamento de produto/serviço Comando e administração da lucratividade e do valor do cliente (G O RD O N , 20 01 ) Como o cliente deve ser o foco e estar sempre no centro dos processos de negócios, Gordon (2001, p. 90) enfatiza que Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) 173 [...] o próprio relacionamento deve ser considerado como um processo, com subprocessos estabelecidos para compreender as expectativas do cliente e a avaliação do desempenho da empresa em relação a essas expectativas. As empresas já fazem isso com os segmentos de mercado. Agora precisam fazê-lo com clientes específicos e clientes individuais dentro de suas melhores contas. Assim, se faz necessário constituir os processos para que o relacionamen- to possa ser estruturado em conjunto com as expectativas, as quais devem ser evidenciadas claramente. Os compromissos devem estar em sintonia com o relacionamento e detalhadamente explicados. Os objetivos desse re- lacionamento devem ser claros, assim como as estratégias para atingi-los. É interessante verificar que quando o cliente é colocado no centro dos processos de negócios da empresa, como defende o marketing de relacio- namento, uma série de impactos processuais podem ser desencadeados a partir disso, incluindo os seguintes: 1. Deixar os dados e orientações associadas prontos para serem utilizados pelos funcionários de primeira linha. 2. Mudar a tomada de decisão de “acertar todos os pontos” para “acertar pontos individualmente”, deixar de tomar decisões estratégicas ocasionais de alto nível para tomar decisões táticas mais frequentes que ajudem. 3. Reunir dados sobre o cliente individual em vez de buscar sobre mer- cado ou o segmento de mercado. Aumentar a quantidade de dados reuni- dos sobre todos os aspectos da interação, preferências, comportamentos do cliente em relação à empresa. Transformar a criação do conhecimento sobre o cliente e o desenvolvimento da percepção sobre um processo essencial e contínuo. 4. Operar em tempo real, com decisões tomadas rapidamente, apoiado pela tecnologia. 5. Descentralizar a tomada de decisão para o ponto de contato de rela- cionamento, em que o contexto é mais evidente para os funcionários. Com o apoio da tecnologia, eles serão capazes de ações imediatas, oferecendo conselhos valiosos e oportunos aos clientes. 6. Integrar dados sobre todos os aspectos do cliente, em vez de permitir que os dados se espalhem por múltiplos locais. 7. Passar de um enfoque sobre o esforço individual para processos apoia- dos em equipes, com um gerenciamento do relacionamento com o cliente. 174 Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) 8. Desenvolver processos de escuta, inclusive métodos de comunicação com os clientes que sejam bilaterais e em tempo real. 9. Integrar processos que se relacionem ou acrescentem valor ao cliente como os associados ao planejamento (planejamento de capacidade, inova- ção, aquisição de clientes). 10. Estender as tecnologias para auxiliar nos processos que originalmente não foram projetados para tal. As necessidades de informações para implementação de um CRM A implantação de um CRM sugere a aplicação (em toda a empresa) do processo de revisar a forma de pensar o negócio. As estratégias são pensadas em conjunto com a utilização de técnicas e de tecnologias. As informações sobre os clientes e sobre o relacionamento cliente/ empresa podem ser obtidas a partir de técnicas como telemarketing (re- ceptivo e ativo), informatização da força de venda, terminais de ponto de venda, canais virtuais e outros. A implantação pode acontecer passo a passo, porém deve obedecer a um ritmo que não interrompa a revisão dos processos operacionais. É necessário um comprometimento da empresa para que seja garantido que cada uma das atividades relacionadas ao contato com o cliente seja pa- rametrizada e distribuída nas diversas pontas do atendimento, permitindo uma retroalimentação do banco de dados de marketing. Também é muito importante o acompanhamento do ciclo de relacionamento até o seu térmi- no. Um exemplo disso é descrito por Bretzke (2000) na tabela a seguir: Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) 175 Quadro 2 – Exemplo de uma estratégia para um processo de marketing de relacionamento O operador O técnico O vendedor e o call center - O cliente pode agendar uma visita técnica por meio do te- lemarketing. - A agenda deve estar disponí- vel para os operadores. - O técnico deve assumir que a data da visita agendada não poderá ser alterada sem um forte motivo. - Quando o técnico proceder a visita deverá atualizar o sis- tema com os resultados do contato pessoal. - Caso o técnico perceba que o cliente precisa de literatu- ra para manusear melhor o produto, poderá fazer a so- licitação na tela do cliente (cadastro feito inicialmente pelo operador). - A solicitação de literatura será encaminhada automati- camente ao banco de dados de marketing que sinalizará para o departamento de ma- rketing a existência do even- to (solicitação do técnico), providenciando o envio da literatura. - Tomam conhecimento do atendimento técnico, do problema e da solução en- caminhada e do envio da literatura. - Num próximo contato com o cliente, o vendedor ou o call center poderão proceder a pesquisa de satisfação do atendimento anterior, verifi- cando se a literatura enviada foi útil. - Tais procedimentos precisam estar definidos e apoiados por softwares para receber as informações que serão trata- das pelo banco de dados de marketing, fechando o ciclo do relacionamento. Para atuar com CRM a empresa sofre um processo de transformação, enfrentando três tipos de obstáculos: resistência organizada, aprendizagem lenta e esquecimento rápido. Para Bretzke (2000), esses obstáculos são su- perados de forma mais rápida se a organização possuir um grupo de ideias bem direcionadase articuladas por funcionários que se enquadrem no perfil para assumir tal responsabilidade. Também se faz necessário possuir uma infraestrutura de Tecnologia da Informação (TI) apoiada em estratégias de CRM desenvolvidas e implantadas. Estabelecer uma liderança que permita mudanças de valores, crenças, opiniões, habilidades e capacidades significa investir num processo consis- tente e maduro. Assim, caso a reação às mudanças seja muito forte, talvez seja necessário substituir empregados por outros mais reativos, pois a apren- dizagem deve ser priorizada. (B RE TZ KE , 2 00 0) 176 Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) Deve-se considerar o risco de perder o investimento efetuado se for conta- minado por ideias contrárias ou por empregados acomodados que não dese- jam melhorar suas habilidades, recusando-se a participar dos treinamentos. Outro aspecto levantado por Bretzke (2000) é que a organização deve con- siderar dois paradigmas para que o aprendizado produza o efeito desejado: 1.º Administrar os conflitos 2.º Promover a competição entre os funcionários Segundo Bretzke (2000, p. 144), é preciso considerar tais paradigmas, compreendo que: São valores e crenças que pertencem a uma administração que está sendo questionada pela nova organização voltada para o cliente, cuja ênfase está calcada em valores como cooperação, comprometimento, saber trabalhar em equipe, e cuja atitude dos empregados é norteada pela identificação com os valores da empresa. Ao analisar as mudanças proporcionadas pela adoção do CRM, percebe- mos que a empresa passa a aprender sobre o cliente a cada relacionamento, transformando-se em uma organização que aprende. Desse modo, a inte- gração do marketing com as outras áreas ocorre de maneira mais rápida e sistemática a partir do aprendizado profundo, o qual só é possível a partir do momento em que o modelo de gestão é integrado ao gerenciador de relacionamento. (BRETZKE, 2000) O desafio da mudança Quadro 3 – A passagem O presente ... - As empresas brasileiras em geral ainda não dão muita importância ao CRM. - A maioria das companhias instala software de CRM, mas não muda a filosofia da empresa para melhorar o seu relacionamento com os clientes. - A maneira como os melhores sites de comércio eletrônico tratam seus clientes tem inspirado as empresas a investir em CRM. O futuro ... - As empresas ficarão tão próximas de seus clientes que qualquer pedido ou reclamação poderá afetar todos os setores da companhia. - Todas as áreas de uma empresa serão interligadas. Qualquer colaborador terá acesso às infor- mações pertinentes ao seu trabalho. A nova filosofia prega que a transformação cultural é o principal desafio a ser enfrentado por todas as empresas que adotaram o CRM. (SILVA JR., 2001) (S IL VA JR ., 20 02 ) Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) 177 Ao referir-se a tal assunto, Bretzke (2000) afirma que para adotar o CRM as empresas devem enfrentar o desafio da reestruturação, já que a maioria de seus sistemas não está relacionada ao cliente (customer related) e sim ao seu produto. Em outras palavras, significa dizer que os dados dos clientes encontram-se perdidos entre as informações dos produtos, não sendo pos- sível juntá-los porque não dispõem de uma interface para esse fim. Dificilmente a organização poderá sucatear uma infraestrutura de infor- mática já existente. Em vista disso, as empresas devem encontrar formas de readaptar as estruturas atuais integrando novas tecnologias de relaciona- mento com o cliente. Para que isso seja possível, Bretzke (2000) considera que existem alguns fatores-chaves a serem considerados como: avaliação, foco nas necessida- des dos clientes, aumento do conhecimento sobre o cliente, conhecimento transformado em oportunidade de enriquecimento do relacionamento e au- mento das vendas e flexibilidade. Avaliação � : avaliar quais são as informações relevantes e disponíveis ao modelo de relacionamento, verificando como essas informações podem ser extraídas para determinar as interfaces que devem ser uti- lizadas com os sistemas existentes. Identificar as informações faltantes para determinar os fornecedores dessas informações e em que parte do processo elas devem ser coletadas. Foco nas necessidades dos clientes � : oferecer um ponto de contato para todos os produtos (vendas ou serviços ao cliente); qualquer pro- blema deve ser atendido e resolvido no primeiro contato. Quando o cliente ligar uma segunda vez, os dados da ocorrência anterior devem estar disponíveis para que ele não precise fornecer as mesmas infor- mações. Aumento do conhecimento sobre o cliente � : cada contato com o cliente deve ser lembrado. A empresa deve dispor de um conjunto de informações relevantes sobre os clientes, conhecer o modelo de rela- cionamento e aceitar sua responsabilidade em relação à promessa de reconhecimento e atendimento que esse modelo propõe. Conhecimento transformado em oportunidade de enriquecimen- � to do relacionamento e do aumento das vendas: todos na empresa precisam e devem usar de forma oportuna e inteligente o conheci- mento sobre o cliente em cada contato ou interação, o que deve ser 178 Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) visto como uma oportunidade de venda para oferecer o produto cer- to, ao preço mais apropriado. Flexibilidade � : a infraestrutura deve permitir frequentes adaptações para incluir novas funções e novos processos no gerenciamento do re- lacionamento com os clientes. Ressalta-se ainda a relevante importância do sistema que suportará a estratégia de CRM, o qual precisa estar devidamente customizado segun- do diretrizes e políticas de relacionamento com o cliente, fruto do consenso entre a orientação de cima para baixo e da experiência daqueles que lidam diretamente com o cliente, ou seja, validação de baixo para cima. O CRM como um fornecedor de informações para o SIM Os softwares estão crescendo em tamanho e complexidade para atender às necessidades das empresas em reduzir a incerteza da tomada de decisão, para conhecer melhor seus clientes e para poder competir em tempo real. A evolução da tecnologia para oferecer a possibilidade de as empresas e instituições obterem e oferecerem respostas cada vez mais rápidas e integradas não desafia apenas os usuários e especificadores, mas também os engenheiros de software. (BRETZKE, 2000, p. 148.) Nesse contexto surgem várias soluções, cada vez mais customizáveis, que exigem a combinação de ferramentas, técnicas e metodologias para extra- ção das informações sobre os clientes. A tecnologia vem ao encontro das necessidades da empresa, apoiando-as nessa tarefa. A figura abaixo mostra elementos que tornam possível a obtenção de informações a partir de estra- tégias bem elaboradas, com o apoio da tecnologia e de processos organiza- cionais bem- definidos. Figura 4 – Os quatro pilares do CRM. Conhecer Dados – Data Warehouse, Business Inteligence etc. Cliente: - Identidades - Contatos - Transações - Permita o acesso das pessoas cer- tas, quando elas necessitarem Valor: - Real (lucro real) - Estratégico (valor potencial) Necessidades: - Segmento - Individual Aprenda mais: - Necessidades - Valor - Preferências - Autosserviço Necessidades do cliente: - Produto - Pacote de produ- tos ou serviços - Outras necessida- des Qualificar Interagir Personalizar CMV ou CMP (S IL VA J R. , 2 00 2) Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) 179 À medida que surgem as necessidades de aumento de produtividade, combinada com um tratamento orientado ao cliente,as organizações têm se voltado para a informatização e para o tratamento de seus processos. Anteriormente, os sistemas de informação dispunham apenas de informa- ções sobre capacidade, preço e cobrança de clientes. Atualmente, são elabo- rados para reter também o histórico e os requisitos de cada cliente. (STONE; wOODCOCK, 1998) O grande desenvolvimento de sistemas de informação para o marketing de relacionamento é representado pelos sistemas de banco de dados dos clientes. A tecnologia está à frente da capacidade de comercializar, pois en- volve a competência de adaptar, programar e customizar. Em seguida vem o marketing que faz essas qualidades chegarem aos clientes. Segundo Machado, Menêzes e Costa (2007), a tecnologia CRM possui três abordagens, as quais podem ser observadas na figura a seguir. (S IL VA J R. , 2 00 2) Data mart de atividade de clientes Data mart de clientes Data mart de produtos Sistemas legados Ba ck O ffi ce Fr on t O ffi ce M ob ile O ffi ce In te ra çã o co m o cl ie nt e Automação de atendi- mento Automação de marketing Sistema móvel de vendas Atendimento em campo Automação de vendas (SFA) Voz URA, ACD ERP/ERM Gerência de pedidos Gerência de Supply Chain Produção Conferência Conferência via web E-mail Gerência de respostas Aplicações verticais Gerência de categorias Automação de marketing Gerência de campanhas Fax Cartas Interação direta Pr oc es sa m en to e m “l oo p fe ch ad o” Data warehouse CRM Colaborativo CRM Operacional CRM Analítico Figura 5 – Tecnologias CRM. 180 Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) A evolução dos modelos para gestão de empresas estão associadas à tecnologia que dividiu os aplicativos da gestão do relacionamento em três: o CRM operacional, que contempla a integração do back office, front office e mobile office; o CRM colaborativo, que engloba todos os pontos de conta- to com o cliente, onde ocorrem as interações entre ele e a empresa; o CRM analítico, que tem como meta a identificação das necessidades dos clientes através do acompanhamento de seus hábitos. CRM operacional � : é o conjunto de aplicações para apoiar as relações entre cliente e empresa, através de sistemas como automatização da força de vendas, centro de atendimento a clientes (call centers), sites de comércio eletrônico e sistemas de pedidos automatizados. CRM analítico � : analisa as informações obtidas nas soluções CRM, bus- cando prospectar, segmentar e identificar clientes, produtos etc. É a fonte de toda a inteligência do processo, sem essa estratégia todos os outros esforços são nulos, pois é através das ferramentas analíticas que descobrimos os clientes de menor valor para a empresa ou de maior valor. Com isso, pode-se conseguir uma redução significativa dos cus- tos de atendimento aos clientes de menor potencial e também um au- mento dos custos no atendimento de clientes de maior potencial. CRM colaborativo � : é um conjunto de aplicações para integrar o CRM ope- racional com o CRM analítico e as soluções aplicadas nas mesmas. Pode ser entendido como o conjunto de informações sobre o cliente, captadas a partir de qualquer tipo ou forma de interação deste com a empresa, armazenadas em forma de histórico, que compõe uma base de conheci- mentos sobre esse cliente e seu relacionamento com a empresa. Observa-se que o marketing de relacionamento depende do fluxo de informações entre o cliente e a empresa, nos dois sentidos. O registro das informações do cliente é facilitado pelo avanço constante da tecnologia de informação, utilizando informações já disponíveis. Desse modo, aperfeiço- ar o marketing de relacionamento motivado pela informação já apresenta bons resultados para empresas inovadoras. Assim, sejamos otimistas como Stone e woodcock (1998, p. 175): No futuro, esperamos que o marketing de relacionamento se torne um item constante na agenda da gerência de TI, impelido por estratégias empresariais embasadas na premissa de que o marketing de relacionamento é impelido pela informação. Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) 181 Ampliando seus conhecimentos SHELL: melhor relacionamento com seu público (BRETZKE, 2000) Com uma média de 5 600 ligações, a Central de Serviço ao Cliente – CSC da Shell implantou uma solução de CRM para gerenciar todo o processo de relacionamento com seus diversos públicos-alvos: clientes (pessoa física e ju- rídica), canais de distribuição e consumidor final. Embora já operasse centrais de atendimento ao cliente, a Shell detectou a necessidade de integrar os diversos pontos de atendimento, disponibilizan- do um único número de telefone que permitisse ao cliente ser atendido em todas as suas manifestações, a partir de uma só ligação. Assim, foi disponibilizada uma linha telefônica 0800 para a CSC – Central de Serviço ao Cliente, para atender a todos os públicos de interesse da Shell. O objetivo era tornar o atendente uma extensão da equipe de vendas, exe- cutando todo o serviço burocrático e liberando o vendedor para dedicar-se à consultoria de vendas. A Shell procurou uma solução que viabilizasse uma central de atendimen- to ágil e eficiente, que melhor atendesse às necessidades de seu usuário, por meio de busca rápida de cliente com base em um código ou outra variável qualquer, e permitisse visualizar na tela do computador, além das informa- ções básicas do cliente, o histórico de seu relacionamento com a empresa, sua posição financeira, seu perfil etc. Com a tecnologia de CRM, foi obtido o aumento da produtividade decor- rente da agilidade no tempo de resposta. Esses fatores impactaram no tempo de espera do usuário – atualmente de 5 segundos, contra um índice de 30 segundos, que é considerado bom – e no número de ligações perdidas, atual- mente de 5%. Entre os benefícios aos clientes, destacam-se dois: o tratamento personalizado, pelo reconhecimento do sistema de número � de origem da chamada; e a resolução em uma única chamada � , por meio de rápida transferência, quando há necessidade de suporte mais detalhado e específico. 182 Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) Os atendentes tornaram-se mais produtivos e eficientes, já que as informa- ções necessárias são atualizadas constantemente e podem ser acessadas de modo fácil, rápido e integrado. A Central de Serviços ao Cliente – CSC – atende a todas as áreas de negócio da empresa, e a integração com os sistemas de back-office permite a disponibilização de quaisquer informações a respeito de um cliente à equipe de vendas, tornando-a mais ágil e capacitada a tomar decisões em tempo real. A melhoria dos níveis de informação possibilitou a diminuição das camadas hierárquicas, agregando maior número de empregados por supervisor e pos- sibilitando à Shell a utilização de uma estrutura horizontal plana e enxuta. A solução de CRM utilizada pela Shell é para 70 usuários e roda em plata- forma HP/Unix, com rede TCP/IP (servidor de rede Novell), sistema operacio- nal windows e banco de dados Oracle. Atividades de aplicação 1. O marketing de relacionamento é uma das sistemáticas mais antigas do marketing. Qual a definição de marketing de relacionamento? a) Um processo continuado de criação de promoções para todos os clientes consumidores de uma determinada linha de produtos. b) A criação e o lançamento de uma nova linha de produtos. c) Um processo contínuo de identificação e criação de novos valores com clientes individuais e o compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria.d) A compilação de dados sobre os produtos para a melhoria dos pro- cessos da organização. 2. Podemos dizer que o marketing de relacionamento desenvolve-se a partir de diversos processos de identificação e satisfação das necessida- des dos clientes. O desenvolvimento desses processos ocorre de forma: a) lenta e gradual, pois requer um longo período de treinamento dos funcionários. Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) 183 b) competitiva para atingir os objetivos da organização. c) rápida, pois trata-se de uma mudança relativamente simples. d) nem lenta, nem rápida. Ocorrerá a seu tempo, pois os funcionários devem acostumar-se à ideia. 3. O marketing de relacionamento deve funcionar tanto para objetivos de curto prazo como para objetivos de longo prazo. Em vista disso, a empre- sa deve sofrer uma reconfiguração, o que significa dizer que ela deve: a) ter um planejamento para o marketing de relacionamento, que contemple a habilidade para atender as necessidades de relacio- namento dos clientes. b) procurar melhorar o sistema de informações no mercado, que per- mita o rápido processamento das informações sobre produtos. c) reestruturar os processos da organização mantendo o foco na produção. d) passar por uma reforma no departamento de TI, adquirindo me- lhores máquinas para processar as informações. 184 Sistemas de relacionamento com clientes – Customer Relationship Management (CRM) Aplicações das informações de marketing Avaliação do potencial de um mercado e clientes potenciais Nenhuma empresa consegue sobressair em um ambiente sem ter uma real orientação do seu mercado. Para obter sucesso deve-se utilizar correta- mente as ferramentas de marketing para desenvolver novas estratégias de negócios. Em um mundo globalizado que muda continuamente, as infor- mações referentes ao mercado devem ser obtidas em tempo real para que sejam mais bem aproveitadas. Desse modo, a pesquisa de mercado apresenta-se como uma ferramen- ta muito importante para extração de informações sobre o mercado, pois quanto maior for o leque de informações sobre os clientes, fornecedores e concorrentes, melhor será a performance do negócio. Dornelas (2009) afirma que a análise de mercado reflete o mercado da empresa, seus clientes, seus concorrentes, bem como o conhecimento da própria empresa. Essa análise proporciona uma interação com o ambiente em que a empresa atua. Diante da concorrência acentuada, mudanças tecnológicas profundas e clientes mais exigentes, o marketing baseado no produto não é apenas inadequado, mas potencialmente prejudicial aos negócios. Não basta que a empresa esteja conectada com os seus clientes, ela precisa atendê-los em tempo real, agregando valor aos seus produtos incessantemente. Já não é mais possível focar as relações entre empresa e cliente apenas como suporte de produto, preço, canal de distribuição ou promoção, nessa nova ótica é preciso conhecer profundamente os clientes com quem buscará manter relacionamentos sólidos e duradouros. O desenvolvimento de relacionamentos bem-sucedidos exige prática cons- tante e o emprego de diferentes ferramentas de acordo com o nível de relacio- namento a ser estabelecido com cada cliente. Para clientes novos a empresa 186 Aplicações das informações de marketing adotará estratégias de relacionamento ligadas à conquista, na fase de manuten- ção dos clientes, em que ocorre a denominada “compra repetida”, as estratégias de relacionamento serão outras. Finalmente, buscando a retenção dos clientes através da fidelização, criação de vínculos de parceria e relações sólidas e dura- douras, a empresa utilizará estratégias de relacionamento ligadas a essa fase. Na realidade, as estratégias de aquisição e manutenção do cliente estão ligadas aos esforços para a satisfação, que pode ser definida como um estado no qual as suas necessidades, seus desejos e suas expectativas são atendidas, resultando na compra repetida e num cliente frequente. As estratégias adotadas pela empresa para satisfazer os clientes são diver- sas, desde a rápida entrega do produto ou serviço, embalagem, comunicações oportunas, disponibilidade nos pontos de distribuição, flexibilidade, preço acessível, cobrança facilitada, até escolhas relacionadas às características dos produtos ofertados pela empresa. Com a nova visão do marketing, as empresas necessitam não apenas observar os quatro Ps do marketing tradicional (pro- duto, preço, promoção e ponto de distribuição), mas revertê-los nos quatro Cs do relacionamento (cliente, custo, comunicação e conveniência). Como mostra a figura 1, pode-se considerar os seguintes estágios na aquisição e manutenção de clientes: Categorização e seleção de clientes � – a empresa identifica os clien- tes com os quais desejará fazer negócios, pois na nova abordagem do marketing os segmentos de mercado tendem a se reduzir para o nível de clientes individuais. Na fase de aquisição e manutenção a empresa busca a satisfação total do cliente, visando à sua retenção posteriormente. Construção de uma proposta de valor para o cliente � – é necessário construir uma proposta de valor focalizando o negócio como um todo e não apenas no produto. A construção de proposta de valor para o cliente começa na área do projeto, em que a empresa agrega valor ao produto baseada em seus processos, apresentando um diferencial em relação à concorrência. Atendimento � – todo cliente merece um bom tratamento, porém o atendimento é exclusivo àqueles clientes com os quais a empresa fará negócios. O atendimento a clientes constitui o grande diferencial es- tratégico, visando a uma percepção positiva do cliente em relação à qualidade do pacote oferecido pela empresa. Aplicações das informações de marketing 187 Qualidade percebida pelo cliente � – nesse estágio do relacionamento o cliente confronta suas expectativas com suas percepções. Quando a qualidade percebida é coerente com a qualidade esperada, o clien- te fica satisfeito e tende a tornar-se um cliente frequente, repetindo a compra. Porém, quando a qualidade percebida está abaixo das expec- tativas, a empresa tende a perder o cliente. Categorização e seleção de clientes Proposta de valor Atendimento Qualidade percebida pelo cliente Cliente frequente Cliente perdido Cliente novo + – Figura 1 – Estágios na aquisição e manutenção de clientes. (A LV ES e t a l. 20 01 ) A partir do entendimento desse fluxo como realidade da dinâmica das relações de negócios em geral, o desafio passa a ser o desenvolvimento de ações para direcionados esforços, conforme as características e necessidades de cada cliente ou grupos de clientes. Dessa forma, busca-se transformar os clientes frequentes em clientes fiéis, retê-los através da fidelização e identifi- car o valor dos clientes atuais para a empresa. Stone e woodcock (1998) definem certas classes de compra, que se cor- relacionam com o estágio de relacionamento que o cliente estabelece com a empresa: Compra nova � – o cliente não tem qualquer experiência com o tipo de produto ou serviço, trata-se da fase de conquista, na qual o for- necedor está tentando estabelecer uma transação e posteriormente um relacionamento. 188 Aplicações das informações de marketing Compra repetida simples � – simples compra de rotina, sem qual- quer modificação, que frequentemente ocorre na fase de manuten- ção do cliente. Compra repetida modificada � – na qual o cliente está considerando se deve ou não mudar de produtos ou serviços, e pode também mudar de fornecedor, caso este não desenvolva estratégias de relacionamen- to direcionadas à fidelização dos clientes. Para manter os clientes próximos, a empresa deverá conhecê-los profun- damenteatravés do levantamento de todas as necessidades e expectativas de forma individual. Como eles são o maior patrimônio para uma empresa, é necessário coletar, analisar e rastrear todo e qualquer tipo de informações acerca dos clientes. Na opinião de Stone e woodcock (1998) as informações de alta qualidade, acerca dos clientes, podem ser coletadas em vários bancos de dados: entrada de pedidos de venda, atendimento ao cliente, arquivos de vendedores, rea- ções em campanha de marketing etc. Os autores ressaltaram ainda que quanto maior o uso do banco de dados de clientes, com informações de diálogo sendo vinculadas no retorno e no sistema, mais precisos os dados se tornam. Avaliação de novas ideias A maioria das empresas é vista como não inovadora ou seguidora de uma estratégia que tem como base a imitação ou a diferenciação. Por isso, a cria- tividade geralmente é quase extinta. A criação e a avaliação de novas ideias é algo que deveria fazer parte de projetos viáveis de novos negócios. As ideias podem surgir das mais variadas fontes, como clientes, funcionários, concor- rentes, distribuidores, e outros. Clientes � : os desejos e as necessidades dos clientes podem ser o ponto de partida para o desenvolvimento de novos produtos. Funcionários � : o pessoal de marketing, publicidade, pesquisa e ven- dedores são capazes de apresentar novas ideias sobre produtos por- que estão envolvidos diretamente com os mercados. Desse modo, a empresa precisa encorajar seus funcionários a exporem suas ideias e recompensá-los por isso, caso as ideias sejam implementadas. Aplicações das informações de marketing 189 Distribuidores � : o contato da equipe de venda com os distribuidores pode gerar indagações sobre suas necessidades. Concorrentes � : grande parte do sistema de inteligência de marketing das organizações deve preocupar-se em monitorar o desempenho dos produtos da concorrência. Desse modo, é possível determinar qual pro- duto da concorrência, se for o caso, deve ser copiado. Também é possí- vel controlar os produtos vendidos pelos próprios clientes da empresa. Novos produtos/serviços são essenciais para manter a organização em seu negócio, bem como para intensificar seu crescimento e lucratividade. Desse modo, a criatividade, por meio da inovação, apresenta-se como uma vantagem competitiva da organização. Para Kotler (1998), atratividade e probabilidade de sucesso são dois ele- mentos que classificam os novos negócios como oportunidades, contudo, isso não é suficiente para que a empresa seja bem-sucedida. É preciso ter competência para superar os concorrentes, bem como apresentar um melhor desempenho na geração de valores para os clientes. O autor destaca ainda que a atratividade da oportunidade de mercado depende de vários fatores como número de compradores potenciais, poder aquisitivo, intensidade da disposição para compras e outros. Também é ne- cessário que o profissional de marketing identifique necessidades que não estão sendo atendidas, como no exemplo a seguir: A genialidade de Ray Kroc ao criar o McDonald’s está em ter notado que as pessoas desejavam um serviço de alimentação rápido, de baixo custo, com bom sabor e consistente no atendimento de suas expectativas. Ninguém oferecia isso antes de o McDonald’s entrar em cena. (KOTLER, 1998, p. 55.) Assim, tomando como base o exemplo anterior, podemos dizer que as principais fontes de oportunidades no mercado podem ser percebidas em três situações: fornecer algo escasso, fornecer um produto/serviço existen- te de maneira nova e melhorada e fornecer um novo produto ou serviço (KOTLER, 1998). Monitoramento da distribuição, preço, promoção e produto A prática da administração de marketing contempla a tomada de decisão que envolve as quatro funções da administração: planejamento, organiza- ção, direção e controle. No planejamento estratégico os produtos (especifi- 190 Aplicações das informações de marketing cações e características) devem ser pensados de acordo com as necessida- des identificadas a partir de análises do ambiente externo. Após a escolha do canal, os intermediários devem ser selecionados, moti- vados e avaliados. Podem ocorrer alguns conflitos entre os canais e isso pode ser resolvido com a definição de metas, troca de pessoal entre dois ou mais níveis de canal, a escolha de líderes de partes diferentes do canal e encoraja- mento da participação conjunta em associações comerciais. (KOTLER, 1998) Para elaborar as estratégias a serem seguidas pelas áreas funcionais é preciso levantar informações sobre ameaças e oportunidades no ambiente externo (clientes, fornecedores e concorrentes) à organização. Quadro 1 – Análise SWOT FORÇAS Força 1 Força 2 ... Força n FRAQUEZAS Fraqueza 1 Fraqueza 2 ... Fraqueza n OPORTUNIDADES Oportunidade 1 Oportunidade 2 ... Oportunidade n AMEAÇAS Ameaça 1 Ameaça 2 ... Ameaça n Uma forma de identificar tanto as oportunidades quanto as ameaças é utilizando a análise SwOT, cuja sigla indica a primeira letra das palavras Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats (pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças). Trata-se de uma planilha dividida entre os quatro pontos citados. Assim, as áreas funcionais do marketing podem determinar estraté- gias para atender diferentes tipos de clientes e mercados, lançar produ- tos, especificar preços, preparar promoções e determinar que canal de dis- tribuição (praça) deve ser utilizado. A seguir abordaremos cada um dos itens, separadamente. A análise SwOT permite uma avaliação dos pontos fortes e fracos dos seus principais concorrentes em relação ao seu produto. Desse modo, é possível transformar os pontos fracos da concorrência em oportunidades, melhorando seu produto de modo a minimizar ou eliminar ameaças e riscos detectados. (S IL VA JR . 2 00 9) Aplicações das informações de marketing 191 Produto “Enquanto os grandes dispositivos são inventados em laboratórios, gran- des produtos são inventados no departamento de marketing”. (KOTLER, 1998, p. 275.) Para que novos produtos sejam desenvolvidos, é preciso avaliar novas ideias que podem surgir a partir das necessidades e desejos dos consumido- res, identificados através de levantamentos, testes projetivos, discussão de grupo-foco e de cartas contendo reclamações e sugestões. Em relação aos produtos, a administração deve verificar se os consumido- res potenciais conhecem, experimentam, adotam ou rejeitam seus produtos. Desse modo, ao entender o processo de adoção (quando alguém se torna usu- ário regular de um produto) por parte do consumidor, é possível desenvolver estratégias de penetração de mercado que surtam os efeitos desejados. Uma vez identificada a necessidade de novos produtos, Kotler (1998, p. 303) afirma que para um desenvolvimento bem-sucedido é preciso que a empresa estabeleça uma organização eficaz para administrar o processo. As empresas podem optar por utilizar gerentes de produto, gerentes de novos produtos, comitês de novos produtos, departamentos de novos produtos ou equipes de novos produtos. Os produtos que apresentarem melhor qualidade e desempenho nas vendas certamente são os preferidos dos consumidores. Em vista disso, os gerentes das empresas orientadas ao produto direcionam sua energia no de- senvolvimento de produtos superiores, melhorando-os ao longo do tempo. Deve-se ter em mente que quando utilizamos a palavra produto, nos refe- rimos tanto a bens tangíveis (aqueles que podem ser tocados, concretos), como a bens intangíveis (serviços). Preço Historicamente, o preço tem sido fixado por vendedor e comprador. O pri- meiro fixa os preços acima do que espera receber enquanto que o segundo ofe- rece um valor menor do que espera pagar. Assim, permanecem em uma cons- tante negociação que, ao final, resultaem um preço mutuamente aceitável. O preço tem se tornado um fator de escolha do comprador, sendo o único elemento do marketing que gera receita e que pode ser alterado rapida- mente. Também deve ser definido levando-se em consideração o nível de 192 Aplicações das informações de marketing renda dos consumidores e se estão dispostos a pagar o preço praticado pelo produto/serviço. Geralmente, a demanda dita um teto para que a empresa estabeleça um preço para seu produto e os custos estabelecem um piso. O preço cobrado cobre os custos de produção, distribuição e venda do produto proporcio- nando um retorno justo por seu esforço e risco. (KOTLER, 1998) A mudança de preço pode afetar consumidores, concorrentes, distribui- dores e fornecedores, entre outros. Os consumidores geralmente questionam o motivo da mudança quando os preços aumentam ou diminuem. Se o preço aumentar, pode ser porque o item é difícil de ser encontrado, representando algo positivo. Se o preço di- minuir, pode significar que vai sair do mercado em breve, sendo substituído por outra marca. As reações de concorrentes e consumidores devem ser consideradas caso a empresa decida adotar uma mudança de preço. A empresa deve procurar entender sua intenção e a provável duração da mudança. Segundo Kotler (1998, p. 461), “as empresas líderes de mercado que são atacadas por con- correntes que oferecem preços baixos podem manter o preço, aumentar a qualidade percebida do produto, reduzir o preço ou lançar uma linha de ‘combate a’ preços baixos.” Um preço competitivo pode ser definido a partir de um equilíbrio entre o valor almejado pelo cliente (percebido em uma pesquisa) e o preço que a empresa deseja praticar, considerando os custos de produção somados a uma margem de lucro. O preço deve ser elaborado considerando também o ponto de vista do consumidor. Esse aspecto também é comentado por Dornelas (2009), que se refere ao preço como uma ferramenta efetiva de marketing, e como tal, não deve ser calculado baseado na produção. O valor a ser cobrado deve considerar também o ponto de vista do cliente. Praça (distribuição) Ao referir-se a canais de distribuição, também definidos como canais de marketing, Kotler (1998) enfatiza que a maioria dos fabricantes trabalha Aplicações das informações de marketing 193 com intermediários de marketing para colocação dos produtos no mercado. Trata-se de um conjunto de organizações independentes envolvidas direta- mente no processo para tornar disponível um produto/serviço para ser uti- lizado ou consumido. Em outras palavras, é o caminho percorrido pelo pro- duto desde sua produção até o consumidor. Entre a produção e o consumo, de maneira simplificada, podemos dizer que os canais podem ser represen- tados por agentes, atacadistas, representantes, distribuidores e varejistas, entre outros. Para planejar um sistema de canal de distribuição é necessário conhecer os serviços desejados pelos clientes-alvo. Dependendo da escolha, pode sig- nificar maiores custos para o canal e maiores preços para o consumidor ou, em alguns casos, quando o consumidor aceita níveis mais baixos de servi- ços, o custo do produto cai e ocorre a promoção do sucesso do negócio, por exemplo, lojas de descontos. Promoção Segundo Kotler (1998, p. 577), a promoção de vendas “consiste em um conjunto diversificado de ferramentas de incentivo, em sua maioria a curto prazo, que visa estimular a compra mais rápida e/ou em maior volume de produtos/serviços específicos por consumidores ou comerciantes.” Ao decidir valer-se da promoção de vendas, a empresa deve estabelecer objetivos, selecionar ferramentas, desenvolver programas, fazer pré-teste, implementá-lo, controlá-lo e avaliar os resultados. A propaganda oferece uma razão para a compra, a promoção de vendas oferece um incentivo à compra. Para aplicar a promoção de vendas, é pos- sível valer-se de ferramentas como a amostra grátis, que estimula a experi- mentação do cliente, ou o oferecimento de serviço gratuito que pode favo- recer, por exemplo, um relacionamento de longo prazo com um varejista. A avaliação dos resultados de uma promoção de vendas é muito im- portante. Sua eficácia pode ser medida através da análise dos dados de vendas, da pesquisa feita junto aos consumidores e da condução de ex- perimentos. Além de avaliar os resultados, o administrador poderá ainda identificar outros custos e problemas potenciais ao analisar relatórios de promoções específicas. 194 Aplicações das informações de marketing Pesquisa de pontos de vendas Em geral, realiza-se a pesquisa de marketing quando a organização deseja saber mais sobre o ambiente externo. Para abrir novos pontos de vendas, por exemplo, podemos pensar nos seguintes questionamentos: quais as principais tendências dos clientes no mercado atuante? Que hábitos estão mudando? Como os clientes buscam soluções para suas necessidades? Que fatores externos, econômicos, políticos e demográficos podem influenciar ou afetar o seu negócio no próximo ano? Quais os pontos fortes e fracos de seus principais concorrentes? Para Mattar (2005, p. 4) [...] pesquisa de marketing faz parte do sistema de informação de marketing da empresa e visa coletar dados pertinentes e transformá-los em informações que venham a ajudar os executivos de marketing na solução de problemas específicos e esporádicos que surgem durante o processo de administração de marketing e que não estão no SIM. Para Kotler (1998, p. 114), “pesquisa de marketing é o planejamento, coleta, análise e apresentação sistemática de dados e descobertas relevantes sobre uma situação específica de marketing enfrentada por uma empresa.” O sistema de pesquisa de marketing visa oferecer informações sobre pro- blemas e oportunidades em áreas relacionadas a levantamento de mercado, teste de preferência de produto, previsão de vendas por região, eficácia da propaganda, instalação de novos pontos de vendas etc. Tais estudos exigem muita especialização dos executores, principalmente em estatística, elabora- ção de questionários, definição de amostras etc. Usualmente, o sistema de pesquisa de marketing é aplicado no levan- tamento de dados sobre características de mercado; potenciais de merca- do; análises de vendas; estudos de produtos da concorrência; potencial de aceitação de novos produtos; previsão a curto prazo; previsão a longo prazo; tendências de negócios. Uma pesquisa de marketing, para ser significativa e útil, deve conter as seguintes características: Incorporar método científico na sua elaboração. � Ser criativa, apresentando inovações quanto aos meios de se resolver � um problema. Aplicações das informações de marketing 195 Utilizar métodos múltiplos, adaptados ao problema, objetivando ob- � ter maior confiança nos dados coletados. Apresentar interdependência de modelos e dados. � Ser feita uma boa análise do valor e custo da informação. � Mattar (2005) cita três tipos de pesquisa: pesquisa científica, pesquisa básica e pesquisa aplicada. Pesquisa cientifica � : apresenta procedimentos bastante rigorosos, que se não forem seguidos, podem prejudicar os resultados a ponto de não serem aceitos pela comunidade científica. Pesquisa de marketing básica � : geralmente são elaboradas em am- bientes acadêmicos envolvendo professores, pesquisadores, estudio- sos e alunos. Tais pesquisas buscam ampliar, desenvolver ou aprofun- dar os conhecimentos de marketing para a área de administração. Pesquisa de marketing aplicada � : é desenvolvida em um ambiente empresarial, por agências de pesquisa ou pela própria organização. É realizada por profissionais de pesquisa com diferentes formações, po- rém, em sua maioria, são administradores de empresas, economistas, sociólogos, estatísticos e psicólogos. Tais pesquisas buscam conheci- mentospara ajudar na solução de problemas práticos específicos de marketing da organização. O quadro a seguir mostra alguns exemplos de questionamentos que podem ser efetuados na pesquisa básica e na pesquisa aplicada: Quadro 2 – Exemplo de questões de pesquisa de marketing A – Pesquisa básica de marketing Quais as razões dos sucessos, relacionados a marketing, na indústria � paulista de alimentos processados? Qual o estágio em que se encontra o marketing bancário no Brasil? � Qual é o perfil e o padrão de atuação dos gerentes de produto na indús- � tria de bens de consumo de massa no Brasil? (M AT TA R, 2 00 5) 196 Aplicações das informações de marketing Quais são as práticas de marketing no lançamento de novos produtos � na indústria brasileira de computadores? Qual o estágio em que se encontram empresas brasileiras de bens de � consumo de massa na prática do marketing social? B – Pesquisa aplicada de marketing Por quais razões estamos perdendo participação de mercado no Rio � Grande do Sul na linha de refrigerantes dietéticos? Por que o produto do nosso principal concorrente está tendo maior � preferência dos consumidores das classes A/B do que o nosso? Por que as vendas da linha de sopas enlatadas estão caindo? � Qual deverá ser a tendência do consumidor de cigarros para os próxi- � mos dois anos? O que deverá acontecer com as vendas de combustível e com o lucro, � em nossa rede de postos de abastecimento, se reduzíssemos o preço em 2%? Quais são os atuais índices de recordação de marca para a nossa linha � de aparelhos de som? O que acontecerá com esse índice se elevarmos em 20% a verba de propaganda? Qual das três versões de um novo pro- duto (ou nova marca, nova propaganda, nova embalagem etc.) agrada mais ao consumidor? Quais são as importâncias relativas atribuídas aos vários atributos de � automóveis no processo de decisão de compra do consumidor? Para reduzir os riscos nos processos administrativos é necessário que haja disponibilidade de informações em quantidade e qualidade sobre o mer- cado, o ambiente, o macroambiente de marketing e também sobre a pró- pria empresa. As questões de marketing apresentadas no quadro anterior (e muitas outras) poderiam ser utilizadas para levantar informações sobre novos pontos de vendas a serem instalados pela empresa, minimizando os riscos e aumentando as chances de sucesso. Aplicações das informações de marketing 197 Avaliação da imagem e posicionamento Uma empresa deve buscar maneiras de destacar seus produtos de forma a diferenciá-los de outros para obter vantagem competitiva. Ao referir-se a tal assunto, Kotler (1998) define diferenciação como um ato para desenvol- ver um grupo de diferenças marcantes para destacar a oferta da empresa das ofertas concorrentes. Grande parte dos produtos pode ser apresentada com diferentes aspectos que complementam sua função básica. Quando o produto não puder ser facilmente diferenciado, a chave está em encontrar uma forma de ampliar os serviços para agregar valor e melho- rar a qualidade. Kotler (1998) aponta como exemplo cinco diferenciadores de serviços: facilidade de pedido, entrega, instalação, treinamento do consu- midor e consultoria ao consumidor. Facilidade de pedido � : vantagens oferecidas pela empresa para rece- ber pedidos de seus clientes. Por exemplo, muitos bancos oferecem softwares que facilitam o acesso às informações, possibilitando a efeti- vação de transações sem que o cliente precise sair de sua casa. Entrega � : vantagens oferecidas na entrega do produto como rapidez, precisão e outros cuidados no processo de entrega. Instalação � : oferecer bons serviços na execução do trabalho que deve ser feito para colocar um produto em condições de funcionamento no local previsto. Treinamento do consumidor � : oferecer treinamento aos funcionários do cliente em algum tipo de equipamento (produto) fornecido pela empresa, de forma adequada e eficiente. Consultoria ao consumidor � : refere-se aos dados, sistemas de infor- mação e de orientações oferecidos gratuitamente ou por um preço pela empresa vendedora aos compradores. Existem outras formas para agregar valor através de serviços diferencia- dos, cabe à empresa encontrá-los, por exemplo, oferecer melhores garantias ou melhores contratos de manutenção do que seus concorrentes. A diferenciação também pode ocorrer através de pessoas, canal ou imagem. Contudo, nem todas as diferenças são, de fato, diferenciadoras, pois dependerá do potencial dessa diferenciação para gerar custos para a empre- sa, bem como benefícios para o consumidor. 198 Aplicações das informações de marketing Segundo Kotler (1998), a empresa deve ser criteriosa ao selecionar as ma- neiras pelas quais se diferenciará de seus concorrentes, promovendo aque- las poucas diferenças que apelarão mais fortemente o seu mercado-alvo, ou seja, precisará desenvolver uma estratégia de posicionamento focada. Po- sicionamento “é o ato de desenvolver a oferta e a imagem da empresa, de maneira que ocupem uma posição competitiva distinta e significativa nas mentes dos consumidores-alvos.” (KOTLER, 1998, p. 265.) Para adotar estratégias de posicionamento focadas ou direcionadas a um objetivo, a empresa deve decidir quantas e quais diferenças promover para seus consumidores-alvos. Imaginemos que uma empresa tenha identificado quatro plataformas alternativas de posicionamento: tecnologia, custo, quali- dade e serviço. Nesse caso, um método para seleção de vantagem competi- tiva poderia ser utilizado pontuando os itens numa escala de 1 a 10, conside- rando a concorrência, como mostra o quadro a seguir. Quadro 3 – Método para seleção de vantagem competitiva 1) V an ta ge m co m pe tit iv a 2) P os iç ão d a em pr es a 3) P os iç ão d o co nc or re nt e 4) Im po rt ân ci a pa ra m el ho ra d a po si çã o (A -M -B ) 5) D is po ni bi lid ad e e ra pi de z (A -M -B ) 6) H ab ili da de d o co nc or re nt e pa ra m el ho ra da p os iç ão (A -M -B ) 7) A çã o re co m en da da Tecnologia Custo Qualidade Serviço 8 6 8 4 6 8 6 3 B A B A B M B A M M A B Manter Monitorar Monitorar Investir * A = alta, M = média, B = baixa (K O TL ER , 1 99 8. A da pt ad o. ) Com base nesse quadro, o administrador pode concluir, por exemplo, que a empresa deve concentrar esforços em custos ou serviços para melhorar seu apelo de mercado em relação ao concorrente. Contudo, outros fatores devem ser considerados, como a importância atribuída pelos consumidores. A coluna 4 indica que a empresa deve melhorar os custos e serviços para seus clientes. Aplicações das informações de marketing 199 Enfim, a ação que parece estar mais clara é que a empresa deve melho- rar seus serviços e promover melhorias como benefício secundário. Serviço também é importante para os consumidores, uma vez desenvolvida uma es- tratégia de posicionamento clara, a empresa deve comunicá-la efetivamente. Métricas para avaliar a satisfação dos clientes e padrões de atendimento Há 35 anos, Peter Drucker observou que a primeira tarefa de uma empresa é “criar consumidores”. Mas, no dias de hoje, os consumidores enfrentam vasta variedade de produtos, marcas, preços e fornecedores. Como eles fazem as suas escolhas? Acreditamos que os consumidores estimam qual oferta entregará o maior valor. São maximizadores de valor, limitados pelos custos, conhecimentos, mobilidade e renda. Formam uma expectativa de valor e agem sobre ela. Sua satisfação e probabilidade de recompra dependemdessa expectativa de valor ser ou não superada. (KOTLER, 1998, p. 51.) Então, como podemos mensurar o valor do produto para o consumidor? Partimos do princípio de que o consumidor adquirirá os produtos ou servi- ços que apresentarem maior valor que lhe será entregue, conforme ilustra a figura a seguir. Figura 2 – Determinantes do valor entregue ao consumidor. Valor do produto Valor dos serviços Valor dos funcionários Valor total para o consumidor Custo total do consumidor Valor entregue ao consumidor Valor da imagem Custo monetário (preço) Custo de tempo Custo de energia física Custo de energia psíquica (K O TL ER , 1 99 8) 200 Aplicações das informações de marketing Valor entregue ao consumidor � : refere-se à diferença entre o valor total esperado pelo consumidor, adicionado ao custo total do consu- midor. Valor total para o consumidor � : refere-se ao grupo de benefícios que o consumidor espera de um determinado produto ou serviço. Custo total do consumidor � : refere-se ao grupo de custos esperados na avaliação, aquisição e utilização dos produtos ou serviço. Depois que o consumidor adquire o produto ou serviço, sua satisfação de- pende do desempenho da oferta em relação às suas expectativas. Desse modo, a satisfação do consumidor pode ser entendida como um sentimento de prazer, obtido pelo desempenho esperado e pelo produto adquirido, em relação às suas expectativas. Para Kotler (1998, p. 53) [...] a satisfação é função do desempenho percebido e das expectativas. Se o desempenho ficar longe das expectativas, o consumidor estará insatisfeito. Se o desempenho atender às expectativas, o consumidor estará satisfeito, e se excedê-las, estará altamente satisfeito ou encantado. As expectativas dos consumidores são criadas e influenciadas por experiên- cias vivenciadas anteriormente, através de compras efetuadas, recomendações de amigos e informações ou promessas fornecidas pela empresa e por concorrentes. Retenção de clientes O valor do cliente pode ser determinado de várias maneiras, uma delas é calculando quanto esse cliente representa para a empresa, de acordo com o seu período de vida como consumidor (valor vitalício do cliente). Cria-se uma projeção das suas despesas com compras, subtraindo desta os custos relati- vos à produção dos produtos e ao atendimento e manutenção desse cliente. Cabe salientar que, à medida que o tempo passa, o cliente fiel tende a comprar mais e necessitar menos de apoio. Ele passa a conhecer os proce- dimentos da empresa e agilizar os contatos. E quanto mais fiel for o cliente, mais ele defenderá e divulgará a empresa, gerando novos clientes. O cálculo do valor vitalício do cliente ajuda a compreender que reter um cliente é importante, pois um cliente perdido representa mais que uma única venda perdida. As empresas estão percebendo que perder um clien- te representa perder todas as compras que ele faria ao longo de uma vida. Aplicações das informações de marketing 201 Tendo em vista o seu desapontamento, reconquistá-lo será ainda mais caro que conquistá-lo ou retê-lo, se isso for possível. Ainda nessa mesma linha de considerações, a insatisfação do cliente re- presenta um ponto negativo em relação à empresa e seus produtos (bens ou serviços). Se já foi feito um esforço para conquistar um cliente, o passo seguinte para a maior lucratividade é, sem dúvida, retê-lo, até porque con- quistar um novo cliente custaria mais, considerando as campanhas de co- municação, promoções, descontos e todos os demais esforços para atingir e ganhar um cliente sobre o qual geralmente não se sabe ainda nem ao certo quem seja. No máximo o que se conhece é o segmento do mercado ao qual ele pertence. O desenvolvimento de relacionamentos bem-sucedidos exige prática cons- tante e o emprego de diferentes ferramentas de acordo com o nível de relacio- namento a ser estabelecido com cada cliente, buscando a retenção através da fidelização, criação de vínculos de parceria e relações sólidas e duradouras. A falta de orientação para o cliente ainda hoje é comum, mas, para as empresas que visam à sobrevivência, é preciso que entendam a necessidade de relacionamentos eficazes com os clientes. Segundo Stone e woodcock (1998, p. 13) “o cliente não compra apenas um produto físico ou um serviço especificado de forma detalhada. Os clientes adquirem um produto associa- do ao serviço e, na verdade, ao relacionamento todo com o fornecedor”. Para manter os clientes próximos, a empresa deverá conhecê-los profun- damente através do levantamento de todas as necessidades e expectativas de forma individual. Como os clientes são o maior patrimônio para uma em- presa é necessário coletar, analisar e rastrear todo e qualquer tipo de infor- mações acerca dos clientes. Ampliando seus conhecimentos Como medir a satisfação do consumidor? (KOTLER, 1998) Segundo Kotler (1998), para as empresas centradas nos consumidores a satisfação é tanto uma meta quanto como uma ferramenta de marketing. A tabela a seguir descreve vários métodos utilizados pelas empresas pra rastrear a satisfação do cliente. 202 Aplicações das informações de marketing Quadro 1 – Ferramentas para rastrear e mensurar a satisfação do consumidor Sistema de recla- mações e sugestões Uma organização centrada no consumidor está interessada em facilitar o processo de recebimento de sugestões e reclamações. Muitos restaurantes e hotéis fornecem formulários aos consumidores e hóspedes para que anotem suas satisfações e reclamações. Um hospital pode colocar caixas de sugestões nos corredores, fornecer formulários para comentários de pacientes e contra- tar um ombudsman para cuidar das queixas e reclamações. Algumas empresas centradas no consumidor – Procter & Gamble, General Eletric, whirlpool – dis- ponibilizam “linhas quentes” com código 0800 para facilitar o contato com os consumidores, seja para tirar dúvidas sobre produtos, apresentar sugestões ou fazer reclamações. Esses fluxos de informações proporcionam às empresas mui- tas ideias e as capacitam a agir com maior rapidez na solução de problemas. Levanta- mentos dos níveis de satis- fação dos consumi- dores Estudos mostram que enquanto os consumidores ficam insatisfeitos com uma em quatro compras, menos de 5% deles reclamarão. A maioria dos consumido- res comprará menos ou mudará de fornecedor em vez de reclamar. Contudo, as empresas não podem usar os níveis de reclamação como uma medida de satisfação do consumidor. As empresas responsivas obtêm mensuração di- reta de satisfação do consumidor ao conduzir levantamentos periódicos. En- viam questionários ou fazem ligações telefônicas a uma amostra randômica de consumidores recentes e perguntam se estavam muito satisfeitos, satisfeitos, indiferentes, insatisfeitos ou muito insatisfeitos em relação a vários aspectos de desempenho da empresa. Também solicitam a visão dos componentes a respeito do desempenho dos concorrentes. Na fase de coleta de dados sobre a satisfação dos consumidores é também útil fazer perguntas adicionais para mensurar a intenção de recompra. Normal- mente, ela será alta se a satisfação dos consumidores também for alta. É útil também mensurar a probabilidade ou disposição do consumidor recomendar a empresa e a marca para outras pessoas. Um score de comunicação boca a boca alto indica que a empresa está proporcionando alta satisfação para os consumidores. Compra fantasia As empresas podem contratar pessoas para apresentarem-se como compra- dores potenciais nas lojas e, depois, relatarem os pontos fortes e fracos que constataram nas compras de seus produtos e dos concorrentes. Esses com- pradores fantasmas podem ainda apresentar certos problemas para testar se os vendedores da empresa lidam bem com situaçõesimprevistas. Assim, um comprador fantasma pode reclamar sobre a qualidade da comida de um restaurante para testar como os funcionários enfrentam o problema. Além de contratar compradores fantasmas, os gerentes devem sair do escritório de vez em quando para vivenciar situações de venda, tanto de sua empresa como de seus concorrentes, em locais onde não possam ser identificados, para expe- rimentar em primeira mão o tratamento que recebem como “consumidores”. Uma variante dessa técnica é os gerentes telefonarem às suas próprias empre- sas para fazer reclamações ou dar sugestões para saber como os telefonemas são atendidos. Análise de consu- midores perdidos As empresas devem contatar os compradores que pararam de comprar ou que mudaram de fornecedor para saber por que isso ocorreu. Quando a IBM perde um consumidor, dedica grande esforço para descobrir em que falhou. Não apenas é importante a condução de entrevistas de saída quando os con- sumidores deixam de comprar, mas também monitorar o índice de perda de consumidores que, se estiver crescente, indica claramente que a empresa está falhando em satisfazer seus consumidores. (K O TL ER , 1 99 8) Aplicações das informações de marketing 203 As empresas que conseguem atingir altas taxas de satisfação dos consumido- res estão sempre seguras de que são conhecidas de seus mercados-alvos. Atividades de aplicação 1. Em um mundo globalizado, que muda continuamente, as informações referentes ao mercado devem ser obtidas em tempo real para que sejam mais bem aproveitadas. Assim, podemos dizer que a pesquisa de merca- do apresenta-se como uma importante ferramenta de marketing que: a) encarece e inviabiliza os processos ligados à área de marketing. b) possibilita a obtenção de um maior conhecimento sobre os clien- tes, fornecedores e concorrentes. c) permite apenas uma avaliação superficial do produto em relação à concorrência. d) ajuda a manter o cliente preso a uma única linha de produto. 2. Novos produtos/serviços são necessário para manter a empresa no ne- gócio. Assim, a criatividade por meio da inovação apresenta-se como: a) uma perspectiva de sucesso que deve ser ignorada antes. b) uma certeza de sucesso. c) uma possibilidade de investimentos com retorno garantido. d) uma vantagem competitiva sobre a concorrência. 3. A análise SwOT permite que se avalie: a) os pontos fortes e fracos dos seus principais concorrentes em rela- ção ao produto da empresa. b) os tipos de serviços que a empresa oferece. c) somente os pontos fortes dos seus principais concorrentes em re- lação ao produto da empresa. d) os produtos que a empresa não precisa fabricar. 204 Aplicações das informações de marketing Tecnologias de consultas de informações do SIM Introdução Os sistemas de informação prestam uma grande contribuição, segundo Oliveira (2002), pois proporcionam lucros quando permitem que uma maior quantidade de bens seja produzida, mais clientes sejam atendidos, a satisfa- ção e a fidelização dos mesmos sejam conquistadas, e finalmente, permite uma melhor alocação dos recursos disponíveis gerando economia. Obtendo informações rapidamente e de forma estruturada, a empresa sairá à frente, descobrindo os problemas com seus produtos, corrigindo-os de forma mais rápida, saberá sobre a satisfação dos clientes para definir es- tratégias para expansão do mercado. As informações assumem um papel fundamental para as empresas no mundo dos negócios. Numa esfera altamente competitiva podem significar a obtenção de lucros bem como o retorno do capital investido no menor tempo possível. Assim, face à grande quantidade de informações armazena- das, é necessário critérios para seleção e organização dos dados. As consultas típicas associadas ao SIM A evolução da tecnologia de informação impulsionou o crescimento do uso de computadores. Praticamente todas as organizações de médio e grande porte adotaram o uso de sistemas informatizados para efetuar seus processos mais importantes. Contudo, com o passar do tempo, uma enorme quantidade de dados foram sendo armazenados sem terem muita relação entre si. Normalmente, os dados são armazenados em um ou mais sistemas ope- racionais1 com pouco ou nenhum recurso estratégico para disponibilizar as informações de modo aproveitável para os administradores. Os sistemas con- vencionais de informática não são projetados para gerar e armazenar as in- formações estratégicas, o que torna as informações vagas e sem valor para o apoio ao processo de tomada de decisões organizacionais. (OLIVEIRA, 2002) 1 Sistemas que ajudam a executar operações da em- presa no dia a dia: pedidos, estoque, produção, paga- mento, contabilidade. Atra- vés dos anos, esses sistemas operacionais foram estendi- dos e reescritos até o ponto em que estão, completa- mente integrados à organi- zação. (OLIVEIRA, 1998) 206 Tecnologias de consultas de informações do SIM Supostamente, os dados armazenados deveriam ajudar os administrado- res a decidirem de forma mais embasada, porém não é isso que acontece. Os bancos de dados que armazenam as transações diárias da organização foram elaborados para responder a consultas simples, como totalizações, somatórios, apresentando muitas dificuldades para responder a questiona- mentos que necessitam relacionar dados de diversas tabelas. Isso acontece porque o banco de dados, primeiramente, foi direcionado ao armazenamento de dados referentes às atividades operacionais da empre- sa (compras, vendas, contabilidade etc.). A análise dos dados para tomada de decisão é feita com base em sumários e relatórios que apresentam os dados totalizados e derivados do sistema. Segundo Oliveira (1998), os sistemas não estavam preparados para cruzar informações, eles eram apenas capazes de responder questões como quan- tidades de clientes da organização, quantidade de vendas no ano anterior ou quantidade em estoque de certo produto na forma de relatórios totaliza- dores. As atividades operacionais resumem-se a: 1 – Coleta de dados. 2 – Processamento dos dados das transações. 3 – Armazenamento dos dados. Apesar de as empresas estarem munidas de tecnologia, elas não con- seguiam fazer com que as informações críticas, já existentes no sistema, chegassem às mãos dos executivos tomadores de decisão. “Como os dados são processados em vários estágios e possivelmente em lugares diferentes, poderiam estar sujeitos a certos problemas e dificuldades.” (TURBAN et al., 2005, p. 76.) Data warehouse Várias empresas de grande e até mesmo de médio porte estão usando o data warehouse para facilitar e tornar rápido o processamento, a análise e a consulta de dados. Para Turban et al. (2005), um data warehouse pode ser definido como um arquivo de dados históricos orientados por assuntos e organizados para serem acessíveis de uma forma prontamente aceitável para atividades de Tecnologias de consultas de informações do SIM 207 processamento analítico. Em outras palavras, é um banco de dados que arma- zena dados sobre operações da empresa (vendas, compras etc.) extraídas de uma ou mais fontes, convertendo-os em informações úteis e oferecendo uma visão histórica para permitir suporte efetivo à decisão. Vejamos a figura 1. Banco de dados de data warehouse Análise e correlações Banco de dados de clientes Banco de dados de vendas Figura 1 – Correlações de informações. (O LI VE IR A , 1 99 8) Assim, o data warehouse é um grande banco que armazena informações integradas a partir de outros bancos de dados operacionais de uma organi- zação. A palavra-chave que pode definir o data warehouse é a palavra inte- gração, que propõe a integração dos dados e a eliminação das redundâncias das informações. Os arquitetos de um data warehouse devem transformare integrar dados operacionais dentro e fora da empresa e, então, colocá-los em um data warehouse, o qual será usado como ferramenta estratégica pelos clientes e/ ou usuários que tomam decisões-chaves sobre negócios baseados em infor- mações disponíveis. O volume de dados disponíveis cresce e desafia a nossa capacidade de armazenamento. Uma nova de geração de ferramentas para “mineração de dados” está surgindo, com a capacidade de revelar o verda- deiro valor da informação em meio a um mar de dados. Segundo Turban et al. (2005), as características de um data warehouse in- cluem organização, consistência e variante de tempo. Organização � : os dados são organizados por assunto, por exemplo, por cliente, fornecedor, produto, nível de preço e região, e contêm in- formações relevantes apenas para o apoio à decisão. 208 Tecnologias de consultas de informações do SIM Consistência � : os dados nos diferentes bancos de dados operacionais podem ser codificados de forma diferente. Por exemplo, os dados de sexo podem ser codificados com 0 e 1 em um sistema operacional e “m” e “f” em outro. No data warehouse, porém, eles serão codificados de maneira consistente. Variante de tempo (histórico) � : os dados são mantidos por muitos anos, de modo que possam ser usados para tendências, previsão e comparações com o tempo. Podemos citar ainda as seguintes características: Não volátil � – os dados não são atualizados depois de inseridos no warehouse. Processamento analítico � on-line – envolve a análise dos dados acu- mulados pelos usuários finais. Multidimensional � – os dados no data warehouse são organizados por dimensões empresariais, que são as laterais do cubo de dados e con- sistem em assuntos, como mostra a figura 2. jan. leite lucro custos vendas pão queijo fev. Mês Pr od ut o Va riá ve is mar. Figura 2 – Cubo: produtos X variáveis X mês. (O LI VE IR A , 2 00 2. A da pt ad o. ) A imagem de um cubo é frequentemente utilizada para demonstrar as três dimensões físicas: comprimento, largura e altura. Ao adaptarmos esse cubo a uma estrutura de dados, teremos uma metáfora visual para a Tecnologias de consultas de informações do SIM 209 combinação, por exemplo, de produtos X variáveis X mês, ou seja, uma repre- sentação intuitiva de um evento em três dimensões coexistentes para cada ponto e independentes umas das outras. A habilidade de facilmente mudar a disposição do mesmo conjunto de dados através da reconfiguração de como as dimensões estão dispostas é uma das vantagens da multidimensionalidade. O data warehouse não se traduz apenas pelo uso de uma ferramenta ou tecnologia, mas sim como um conjunto delas, de alto valor para a organiza- ção. Tem como principal objetivo disponibilizar informações para gerar novos conhecimentos para serem utilizados estrategicamente pela organização. As ferramentas do processamento analítico – On-Line Analytical Processing (OLAP) A evolução dos sistemas de informação na década de 1990 provocou o surgimento de uma nova classe de ferramentas no mercado denominadas de On-Line Analytical Processing (OLAP). Tais ferramentas permitem um acesso rápido aos dados em conjunto com as funcionalidades proporcionadas pela análise multidimensional elaborada pelos usuários. As condições de análise de dados on-line são necessárias para responder as inúmeras questões dos analistas, gerentes e administradores. A ferramenta OLAP é um software que possibilita aos usuários explorar dados corporativos sob diversas perspectivas diferentes. O acesso aos dados em bases de dados multidimensionais pode ser muito rápido, porque elas ar- mazenam os dados em estruturas otimizadas para velocidade. Desse modo, os usuários conseguem extrair dados de suas bases e confeccionar relatórios capazes de responder a questões gerenciais. Os sistemas de data warehouse armazenam dados em forma estática, e são configurados e otimizados para suportar complexas decisões. A ferra- menta OLAP foi projetada para ser utilizada juntamente como os Sistemas de Apoio à Decisão, para efetuar a consulta e análise dos dados armazena- dos no data warehouse. Para ilustrar o uso da ferramenta, o quadro abaixo apresenta dois exemplos: 210 Tecnologias de consultas de informações do SIM Quadro 1 – Exemplos de aplicações em um data warehouse com a ferramenta OLAP (O LI VE IR A , 1 99 8. A da pt ad o. ) Exemplo 1: venda de fraldas X cerveja X compradores Uma das maiores redes de varejo dos Estados Unidos descobriu, em seu data warehouse, que a venda de fraldas descartáveis es- tava associada à cerveja. A maioria dos compradores era de ho- mens, que saíam à noite para levar algumas latinhas para casa. Os produtos foram postos lado a lado. Resultado: a venda de fraldas e cervejas disparou. Exemplo 2: clientes X movimentações financeiras X respostas a promoções Um banco brasileiro costumava enviar mais de 1 milhão de malas diretas para todos os correntistas. No máximo 2% deles respondiam às promoções. Hoje, o banco tem armazenado em um armazém de dados toda a movimentação financeira de seus 3 milhões de clientes nos últimos 18 meses. A análise desses dados permite que cartas sejam enviadas apenas a quem tem maior chance de responder. A taxa de retorno subiu para 30 %. A conta do correio foi reduzida a um quinto. O processamento analítico on-line (OLAP) envolve a consulta interativa de dados, seguindo uma linha de análise de múltiplos passos, em níveis sucessivamente mais baixos de detalhes. A informação é multidimensional, significando que os dados podem ser visualizados sob a forma de cubo que possui várias faces, cada uma delas com um significado, ou seja, uma dimensão a qual se deseja analisar. O OLAP possibilita a analistas, gerentes e executivos obter uma visão sobre os dados de forma rápida, consistente e interativa. Os servidores OLAP permitem uma exploração analítica dos dados, de diversos pontos de vista. (ROSINI; PALMISANO, 2003, p. 47.) Por ser uma ferramenta de uso gerencial, o OLAP possui uma interface “ami- gável” com o usuário, ou seja, é fácil de aprender e de manipular. A tecnologia associada, em termos de banco de dados, é transparente ao usuário final. De acordo com Rosini e Palmisano (2003) outras características importan- tes dos sistemas OLAP são: Análise de tendências � – é possível a criação de cenários futuros pela aplicação de suposição e fórmulas aos dados históricos. Isso implica em dizer que a ferramenta permite realizar estudos de previsibilidade que irão auxiliar no processo de tomada de decisão. Busca automática de dados detalhados � – apesar de apresentar vi- sões sumariadas, é possível se obter vários níveis de detalhes sobre os dados armazenados. Capacidade de operação transdimensional � – possibilidade de reali- zar cálculos e manipulação de dados através de diferentes dimensões. Outro aspecto levantado por Gordon e Gordon (2006) é que os produtos OLAP diferem em seu público-alvo e em sua estrutura. Inicialmente, foram elaborados para usuários de produtos de aplicação específicos. Tecnologias de consultas de informações do SIM 211 Em particular, os fornecedores de aplicações financeiras e de marketing ofereciam o OLAP como um recurso opcional para os usuários que queriam executar análises nos dados coletados pela aplicação, em vez de simples- mente basear-se nos relatórios fixos que o software gerava. Os fornecedores de aplicações financeiras perceberam que para algumas empresas os produtos OLAP permaneceram populares, mas para outras, que perceberam seu potencial, seu uso foi direcionado para um tipo de público que gostaria de analisar dados provenientes de qualquer fonte ou banco de dados, e utilizar tais informações