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1 O GENOMA HUMANO: ESTRUTURA GENÉTICA E FUNÇÃO NO PERÍODO EMBRIONÁRIO... − Os estágios iniciais do desenvolvimento embrionário são, de fato, controlados pelo genoma da mãe − Poucos genes do novo indivíduo são inicialmente transcritos − As influências genéticas nesse estágio inicial são chamadas de efeitos maternos. Tem-se a formação da mórula e blástula − Na blástula, os genes do embrião começam a se tornarem primeiramente ativos e assumem o controle do desenvolvimento PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO − Diferenciação celular: é a especialização celular. Cada célula começa a se tornar especializada em determinado processo. É determinada pelo arranjo específico entre genes ativos e inativos − Formação de padrão: é o estabelecimento da organização espacial das células diferenciadas. Há uma serie de sinalizações celulares que determinam o local que a célula deve ficar − Morfogênese: é o desenvolvimento de formas, características e estruturas de uma espécie determinada. Por exemplo: formação do fígado, cérebro, etc − Gene estrutural: aquele que codifica síntese de um polipeptideo − Operon: um tipo de organização de vários genes, que tem funções relacionadas e, por isso, sua expressão é coordenada, sendo todos expressos em apenas um RNAm. • Esse conjunto é constituído por uma região promotora, operadora e os genes associados • Ocorre em procariontes geralmente ATIVAÇÃO E INATIVAÇÃO DE GENES EM MODELOS BACTERIANOS − É um processo essencial para o desenvolvimento do organismo e envolve fatores de transcrição, que são proteínas regulatórias com pelo menos dois sítios ativos • Algumas proteínas são repressoras e inibem a transcrição ao se ligarem ao DNA • Outras moléculas são ativadoras e aumentam a taxa de transcrição − Quando um certo transcrito é necessário apenas em circunstancias especificas dentro da celula, seu gene fica ligado a uma molécula repressora, pois seria inviável, energeticamente, para a celula manter ativo a transcrição de um peptídeo que ela só vai usar raramente. Por isso, quando um gene deligado pode ser ligado por um sinal molecular, ele é dito gene induzível induzível − Ao contrario, há produtos gênicos que são amplamente utilizados pelas células, e por isso, ocorre continua transcrição dos seus genes. Contudo, quando seu produto peptídico já está em alta concentração dentro da celula, esse gene pode ser inativado temporariamente, ate que sua quantidade diminua e ele necessite ser reativado novamente. Quando um gene ativo pode ser desligado, ele é dito como gene repressível • Existe mecanismos de feedback celular. Quando há produto suficiente na célula, ocorre desligamento do gene por mecanismo de retroalimentação, até que seja necessário ligá- lo novamente CONTROLE GÊNICO EM EUCARIONTES − Em eucariotos, fatores de transcrição regulam a ligação do complexo de transcrição ao promotor e permitem o início da transcrição de determinado gene. − Esses fatores, como nos eucariontes, como ativar ou reprimir a transcrição de genes − Existem 3 classes de moléculas que ajudam na transcrição • A RNA-polimerase I transcreve rRNA na região do nucléolo no núcleo. • A RNA-polimerase II transcreve mRNA ao longo do genoma. • A RNA-polimerase III transcreve tRNA e alguns outros tipos de RNAs pequenos. − Os fatores de transcrição são importantes nos eucariotos porque ajudam a RNA-polimerase a se ligar ao DNA na região promotora e permitir a transcrição • Quando um fator de transcrição se liga ao DNA e aumenta sua taxa de transcrição, o processo é chamado de regulação positiva (up regulation) • Quando uma proteina repressora se liga a um gene e diminui sua taxa de transcrição, o processo se chama regulação negativa (down regulation) − Existem elementos, os quais são produzidos em tempos específicos em cada tipo celular, e se ligam a curtas sequencias de DNA chamadas elementos de resposta. Ao se ligarem, conseguem alterar o padrão de transcrição daquele gene, aumentando ou diminuindo ele → muitos fármacos, como as drogas hormonais, têm esse efeito como mecanismo de ação − Proteínas no geral tem vários domínios. Um deles pode ser de um fator de transcrição, que permite a proteína se ligar ao DNA. Outros domínios podem se ligar a moléculas efetoras ou outras proteínas 2 DIFERENCIAÇÃO CELULAR − Há diversas maneiras de influenciar a transcrição genica • Moléculas efetoras, como hormônios, ou ainda interações proteina-proteina e fosforilações podem ativar ou desativar uma sequência genica − A diferenciação celular é o processo em que as células se tornam diferentes, e isso depende da ativação e inativação de certos genes, assim, a celula passa a produzir proteínas de acordo com a função que vai ter • Ex: proteínas neuronais são produzidas em células que vão se tornar neurônios; proteínas hepáticas são produzidas em células que se tornaram hepatócitos, entre outros − A comunicação célula-célula é um componente crítico do processo de diferenciação celular, já que muitos dos sinais que determinam as respostas transcricionais adequadas vêm de fora da célula • Na maioria dos casos, o sinal extracelular é uma molécula que não consegue passar através da membrana celular. Em vez disso, ela se liga a um receptor na membrana e inicia uma série de eventos através de uma cascata de segundos mensageiros • Quando um receptor de membrana ativado inicia uma via de resposta dentro da célula, esse processo é chamado de transdução de sinal ✓ Uma proteína quinase é uma enzima que afeta a atividade pela adição de um grupo fosfato a um aminoácido de outra proteína. Proteínas G têm a habilidade de se ligar a nucleotídeos guanina. A forma inativa é um trímero ligado a uma guanina difosfato (GDP). O receptor ativo substitui essa por uma guanina trifosfato (GTP), a qual então provoca a dissociação da proteína G em um monômero carregando GTP ou um dímero. Um deles atua sobre uma proteína-alvo que causa a produção de um mensageiro secundário PLURIPOTÊNCIA E PLASTICIDADE DO DESENVOLVIMENTO − A habilidade de uma célula para se diferenciar em vários tipos celulares é ilimitada no óvulo fertilizado e nas células iniciais, tais como a mórula do embrião humano → são TOTIPOTENTES − A plasticidade do desenvolvimento é gradualmente perdida a medida que as células se tornam diferenciadas − No estágio do desenvolvimento humano de blastocisto, quando o genoma do próprio indivíduo começa a controlar a diferenciação celular, as células-tronco embrionárias se tomaram PLURIPOTENTES • Cada uma delas é capaz de se diferenciar em vários tipos celulares diferentes, mas não em todos eles. − As células removidas de um embrião neste período são células-tronco totipotentes ou pluripotentes que podem se dividir em culturas celulares e potencialmente se diferenciar em uma gama de tipos celulares → tem aplicações terapêuticas − No adulto, há ainda algumas células-tronco: • Ex: células da medula óssea são MULTIPOTENTES, podem se diferenciar em tipos celulares hematopoiéticos − As células-tronco UNIPOTENTES são capazes apenas de substituir células do mesmo tipo • Ex: espermatogônias FORMAÇÃO DE PADRÃO − Determinam o ‘endereço’ espacial que cada célula deve ocupar • Ex: células que formaram o fígado se direcionam para regiões especificas do embrião que futuramente estarão no hipocôndrio direito − A informação posicional pode ser determinada por interação celula-celula ou celula-MEC 3 MORFOGÊNESE − A sinalização celular indica não apenas o posicionamento da célula, mas também o padrão de morte celular, para ajudar a definir o organismo • Ex: morte celular das células das membranas interdigitais do embrião − O evento morfogênico inicial do embrião é a gastrulação, na qual há formação da ectoderme, mesoderme e endoderme − O próximo evento morfogênico crítico em mamíferos é a neurulaçãona qual um dobramento ocorre no ectoderma para formar o tubo neural A ORGANIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO − Existem genes homeóticos que codificam proteínas que atuam como fatores de transcrição do DNA − Os genes homeóticos podem ativar ou aumentar a transcrição gênica de certos genes, desencadeando eventos intracelulares que fazem com que cada segmento do organismo assuma suas características morfológicas. Assim, tem-se a formação de um indivíduo. • Em alguns organismos, esses genes homeóticos são chamados de complexos Hox − Há uma hipótese de que, quanto maior o número de genes Hox, maior a complexidade dos tipos celulares e do organismo FATORES-CHAVE NA MORFOGÊNESE NORMAL − A maior parte das anomalias congênitas pode ser compreendida como uma perturbação de processos normais específicos do desenvolvimento − Alguns processos chave, para que o desenvolvimento dos organismo ocorra de maneira correta, são: • Taxa de crescimento celular • Migração celular: muitas células precisam migrar do seu lugar de origem para a posição que vai ocupar futuramente no organismo • Interação célula-célula: as interações podem ser de indução, adesão, destruição, entre outros • Morte celular seletiva: algumas células são programadas para morrer em determinada fase do desenvolvimento – apoptose • Fatores de crescimento/hormônios: o crescimento e migração celular são diretamente influenciados por eles ANOMALIAS CONGÊNITAS − Anomalia = “algo não correto ao nascer” − Qualquer anormalidade presente no nascimento e seu fenótipo resultante podem ser classificados como um “defeito de nascença” TIPOS DE ANOMALIAS CONGÊNITAS − Podem ser classificadas de acordo com o mecanismo patogênico responsável − Quatro mecanismos distintos foram propostos: MALFORMAÇÕES − Ocorre quando o tecido é malformado desde o início − A maior parte delas ocorre no primeiro trimestre de gestação • GRANDES MALFORMAÇÕES são aquelas que possuem implicações clínicas significativas e não são encontradas na população em geral • PEQUENAS MALFORMAÇÕES não produzem problemas clínicos significantes e podem ocorrer em pequeno número na população em geral ✓ A investigação de pequenas malformações pode ser importante para pesquisar possíveis anomalias mais sérias ✓ É recomendável que qualquer indivíduo com três ou mais malformações menores faça um exame formal em busca de malformações maiores − As malformações podem resultar de: • AGENESIA: falta de desenvolvimento • HIPOGENESIA: subdesenvolvimento de uma estrutura • HETEROTOPIA: migração anormal de células • ECTOPIA: migração anormal de órgãos inteiros • Pode haver fechamento ou separação incompletos. 4 Dois exemplos de grandes malformações, (a) Fenda palatina e lábio leporino bilaterais, (b) Agenesia (ausência) do rádio Dois exemplos de pequenas malformações: a) prega palmar única e b) mamilos distantes DEFORMAÇÕES − São o resultado de forças mecânicas aplicadas a estruturas que, de outra forma, se desenvolveriam normalmente − As forças mecânicas que levam a deformações podem surgir a partir de uma variedade de fontes • São fatores que de alguma forma pressionam ou aplicam uma força ao feto • Podem ser de origem fetal ou materna • Origem materna: ✓ Mãe pequena, um útero pequeno, malformações uterinas (útero bicorno, útero septado e assim por diante), mãe primigesta ou oligoidrâmnio • Origem fetal: ✓ Gestação múltipla, um feto grande, outras anomalias fetais, hipomobilidade fetal ou oligoidrâmnio DISRUPÇÃO − Tecidos em desenvolvimento típico podem estar sujeitos a danos que resultam em perda efetiva de células e/ou tecido − Quando há danos devido à ausência de células, há o fenômeno da disrrupção − O mecanismo mais comum é algum tipo de acidente vascular (hemorragia, oclusão, isquemia ou constrição). Pode ocorrer por radiação ou infecção também exemplos de disrupção. (a) Redução terminal dos dígitos devido à constrição por bandas amnióticas 5 (b e c) Microssomia hemifacial. Foto e tomografia demonstrando o subdesenvolvimento da lateral esquerda da mandíbula. Esta anomalia é mais comumente devida à oclusão da artéria estapediana no feto em desenvolvimento DISPLASIA − Displasia = “má forma” − Uma displasia representa formação aberrante especificamente em nível de organização das células em tecidos (disistogênese) − Elas tendem a ocorrer mais tarde no desenvolvimento e, de certa forma, independentemente da morfogênese. − A morfogênese é exclusivamente pré-natal em origem, enquanto a histogênese continua depois do nascimento em todos os tecidos que não sofreram diferenciação final − Um aspecto único das anomalias congênitas que são displásicas por natureza é que elas podem predispor ao câncer mais tarde na vida PADRÕES DE ANOMALIAS CONGÊNITAS − Anomalias congênitas podem ocorrer como anomalias isoladas, mas frequentemente ocorrem múltiplas anomalias no mesmo indivíduo • Se uma anomalia estrutural congênita estiver presente em um paciente, há uma chance de 50% de que a pessoa apresente uma ou mais anomalias adicionais − Se múltiplas anomalias estiverem presentes, então o próximo passo no processo de avaliação é tentar identificar um padrão específico que una os múltiplos achados − Foram definidas três categorias principais de padrões de múltiplas anomalias SÍNDROMES − São padrões de anomalias congênitas de mais de um sistema com uma etiologia comum SÍNDROME DE SOTOS − É uma doença genética com herança autossômica dominante − Mais de 90% dos pacientes com síndrome de Sotos possuem uma mutação em um gene chamado NSD1. − A síndrome de Sotos é caracterizada por crescimento excessivo, macrocefalia, idade óssea avançada, uma aparência facial característica e alterações neurocomportamentais e de desenvolvimento neurológico − Os pacientes afetados têm excessivo crescimento pré-natal e pós-natal, macrocefalia e atraso no DNPM ASSOCIAÇÕES − Se referem à incidência conhecida de certas anomalias que ocorrem com uma frequência maior do que aquela esperada ao acaso, mas sem uma etiologia definida − As associações são geralmente designadas por siglas que detalham suas características mais comuns − A associação VACTERL define uma associação de Anomalias Vertebrais, Atresia Anal (ânus imperfurado), Malformações Cardíacas; Fístula Traqueoesofágica, Anomalias Renais e Anomalias dos Membros (Limbs, em inglês). (Relatos iniciais definiam a condição como associação VATER.) − Nem todos os pacientes apresentam as anomalias listadas − Os critérios de diagnóstico para essa condição requerem que pelo menos três das características destacadas estejam presentes. − A distinção-chave das síndromes é a falta de uma etiologia comum identificada 6 Criança com associação VACTERL (VATER). (a) Corpo inteiro da criança, (b) Observe as anomalias nos antebraços devidas à hipogenesia radial, (c) Múltiplas anomalias das vértebras cervicais. SEQUÊNCIA − O desenvolvimento como um todo é muito interconectado, por isso, uma alteração pode causar um efeito “bola de neve” e levar ao aparecimento de várias outras mutações. Esse fenômeno é chamado de ‘sequência’ − A sequência de Robin (às vezes chamada de sequência de Pierre Robin) é um exemplo de tal padrão − Com frequência, ela é erroneamente denominada síndrome de Robin − Nesta condição, há apenas uma pequena anomalia primária, a micrognatia (mandíbula pequena). Uma mandíbula menor tende a deslocar posteriormente a língua. Se isso ocorrer antes da nona semana de gestação (antes do fechamento das cristas palatinas laterais), a língua deslocada interferirá fisicamente no fechamento do palato − Isso resulta em uma fenda palatina que é, de certa forma, diferente em sua configuração da fenda palatina típica • Enquanto afenda típica é um defeito linear, a fenda palatina observada na sequência de Robin terá uma configuração em ‘U ’ ou em cunha − Alterações secundárias são geralmente vistas em decorrência de desnutrição, já que a combinação de fenda palatina e mandíbula pequena dificultam a alimentação − O resultado final é uma criança com o que aparenta ser uma síndrome, mas na verdade ela apresenta uma série de problemas derivados em cascata de uma única anomalia inicial Criança com sequência de Robin. Queixo pequeno retraído (retromicrognatia). e Fenda palatina em forma de “U”. ETIOLOGIA DAS ANOMALIAS CONGÊNITAS − Identificar uma etiologia ajuda a definir os riscos de recorrência, prognóstico, comorbidades associadas e até mesmo potenciais terapias − A disciplina de dismorfologia é a arte e a ciência de distinguir padrões reconhecíveis de anomalias congênitas − Dependendo da anomalia, a etiologia pode ser cromossômica, de gene único, teratogênica ou multifatorial 7 TERATÓGENOS − A síndrome do álcool fetal (FAS) é identificada por alterações das características faciais, anormalidades de crescimento da cabeça e do corpo e déficits neurológicos − OBS: Nem todas as crianças expostas ao álcool no útero terão FAS − Como essa síndrome pode ter diversos espectros e manifestações diferentes, ela é mais bem referenciada como distúrbios do espectro do álcool fetal (Fetal Alcohol Spectrum Disorders, FASD) − Os FASDs representam a causa prevenível mais comum de deficiência intelectual. Como grupo, eles devem responder por até 30% de todas as deficiências de desenvolvimento neurológico. AVALIAÇÃO DO PACIENTE COM ANOMALIAS CONGÊNITAS − A avaliação gira em tomo da abordagem “histórica e física” típica − Presta-se mais atenção às histórias familiar e pré- natal − O exame vai além de um exame físico padrão, incluindo a quantificação de alterações morfológicas. Padrões de crescimento - ambos pré- e pós-natais - são enfatizados
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