Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A molécula de DNA é composta por pentose (desoxirribose), fosfato e bases nitrogenadas (adenina e guanina – purinas, citosina e timina – pirimidinas), e organizada em um modelo de dupla hélice. Este modelo se assemelha a uma escada em caracol, na qual os dois corrimãos são compostos por pentose e fosfato, mantidos juntos por ligação fosfodiéster, e os degraus são compostos por bases nitrogenadas unidas por fracas pontes de hidrogênio. • Período em que a célula pode ou não receber estímulos para a realização da divisão celular. Esses estímulos podem ser: crescimento (GH), antígenos, lesão. • Período de alta atividade metabólica, em que é preparada toda a maquinaria proteica para a replicação. • Período em que é verificado a integridade do material genético. Logo, se em G1 o material genético estiver íntegro, a célula vai para a fase S. Por outro lado, se em G1 o material genético tiver falhas, vai ocorrer o reparo do DNA. Após o reparo, a célula segue para a fase S. Contudo, se o erro não for reparado, ocorre a apoptose. • As enzimas envolvidas com a replicação são sintetizadas nessa fase. Quanto mais especializado é um tecido, mais difícil é a ativação das vias de mitose (tecido epitelial – alta capacidade mitótica, tecido nervoso – baixa capacidade mitótica). • É o principal check-point da interfase. • Ocorre a replicação celular. • A replicação do DNA é semiconservativa, ou seja, a dupla fita de DNA é aberta em duas e cada uma delas serve como molde, sobre o qual o filamento complementar é construído (conserva metade do DNA antigo). • É um processo acurado, possuindo média de apenas um erro por bilhões de nucleotídeos incorporados. A replicação tem início em muitos pontos diferentes ao longo do cromossomo, denominados origens de replicação. As consequentes múltiplas separações dos filamentos de DNA são denominadas bolhas de replicação, que permitem que a replicação ocorra mais rapidamente. − Cada origem controla a replicação de uma unidade de DNA chamada réplicon. 1. HELICASES e TOPOISOMERASE: Rompem a ligação entre os nucleotídeos na dupla fita de DNA, desenrolando e abrindo a dupla fita. a) Topoisomerase 1: Produz quebras ou cortes unifilamentares temporários no DNA (importante para fazer reparos quando há erro). b) Topoisomerase II (DNA – girase): Produz quebras bifilamentares transitórias no DNA (importante na replicação propriamente dita). − Gasta ATP e se liga a ambas as fitas da hélice. − Nas bactérias, é alvo de antibióticos, que inibem essa enzima, inibindo, assim, a proliferação da bactéria. 2. Proteínas estabilizadoras - ssb: Auxiliam na estabilização das fitas de DNA – mantém os filamentos separados (mantém a fita aberta). 3. RNA primase: Produz e insere os primers de RNA*, responsáveis por atrair a DNA polimerase III. A RNA Primase, na fita descontínua, insere esses fragmentos de forma descontínua também, por isso que se geram os fragmentos de Okazaki. 4. Primer: Sequência que RNA que atrai a DNA-Polimerase III. 5. DNA polimerase III: Insere nucleotídeos complementares de DNA no filamento molde. 6. DNA Polimerase I: Substitui os fragmentos de RNA (os primers produzidos pela RNA primase) por DNA. 7. LIGASE: Une os fragmentos que foram substituídos As DNA polimerases não conseguem replicar o segmento terminal do filamento. No final das fitas que serão replicadas de modo descontínuo (em ambos os telômeros haverá uma) não haverá fita molde de DNA para permitir a ligação com um novo primer depois que o último filamento de Okasaki tiver o primer de RNA removido. Essa região final (correspondente ao último primer) não terá como ser replicada a menos que uma enzima especial, denominada telomerase esteja presente. A telomerase possui no seu interior uma fita de RNA que serve de molde para a extensão dos telômeros. De certo modo, essa enzima faz uma espécie de “transcrição reversa”, pois a partir do molde de RNA constrói um novo segmento de DNA na extremidade do cromossomo. Sem a atividade dessa enzima, os cromossomos tornam-se menores, a cada ciclo de replicação, por perda de parte da região telomérica. Com o tempo os telômeros são totalmente perdidos e as deleções passam a ocorrer sobre regiões codificantes. Esse encurtamento progressivo dos cromossomos é considerado um dos fatores que limita ou impossibilita a divisão celular contínua e está associado provavelmente ao processo normal de envelhecimento (de células, tecidos e consequentemente do organismo como um todo). Diferente das células germinativas, a maioria das células somáticas não tem o gene da telomerase ativo, ou seja, não produzem a enzima telomerase. Esse é um dos fatores associados à impossibilidade de se manter eternamente em cultivo células somáticas normais. É o conjunto funcional de proteínas que formam uma complexa máquina molecular, a qual realiza a replicação do DNA. • Ocorre o reparo celular (o reparo serve para corrigir erros da replicação). * Diferença entre a inserção dos primers na fita contínua e na fita descontínua na replicação: Na fita contínua (líder), será inserido apenas um primer, que atrairá a DNA-polimerase III, dando início à inserção de nucleotídeos na fita, de forma contínua. No entanto, a fita descontínua (lagging) receberá vários primers, com isso vai atrair várias vezes a DNA-polimerase para produzir a fita. Esse mecanismo de "repartição" com vários primers é a origem dos fragmentos de Okazaki. • Ocorre a segunda verificação da integridade do DNA depois que ele foi replicado. • As enzimas envolvidas com a mitose propriamente dita serão sintetizadas nessa fase. • Defeito em genes da via de reparo causa: síndrome de cockayne, xeroderma pigmentoso, câncer. TIPO DE LESÃO TIPO DE REPARO Erros de replicação Reparo de malpareamentos Dímeros de pirimidinas (T-C) Fotorreativação Base danificada Reparo por excisão de base Dímero de pirimidinas (T-C) Reparo por excisão de nucleotídeos Quebras de dupla fita Reparo de quebras de fita dupla O presente resumo foi baseado na aula de genética médica do professor Edson Lopes da Ponte e no livro abaixo. JORDE, L.B.; CAREY, J.C.; BAMSHAD, M.J.; WHITE, R.L. Genética médica. 3. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Andressa Nogueira Cardoso – Meduece 2025.1 Sued Magalhães Moita – Meduece 2025.1 A citogenética é o estudo dos cromossomos e de suas anormalidades. Esse estudo pode ser feito através de análises cromossômicas a nível celular (citológico) e a nível genômico (evolução do cariótipo). São síndromes identificáveis causadas por alterações no número ou na estrutura dos cromossomos, sendo responsáveis por uma grande proporção de abortamentos, malformações congênitas e deficiência intelectual. Essas doenças podem ser diagnosticadas através de análises cromossômicas (citológico/genômico) e estão presentes em 6-10% dos natimortos, 50% dos abortos espontâneos no 1º trimestre e 2% das gestações em mulheres maiores de 35 anos. • Deficiência intelectual • Déficit pôndero-estatural (crescimento menor que o esperado durante os 3 primeiros anos de vida) • Dismorfismos faciais • Malformações congênitas (a suspeita aumenta de acordo com o número de malformações) • Centrômero localizado bem no meio. • Os dois braços são iguais. Cariótipo: Conjunto de cromossomos de uma espécie. • Centrômero localizado mais na extremidade. • Existe um braço curto (p) e um braço longo (q). • Centrômero na ponta de cromossomo. • Tem um braço curto muito pequeno com uma porção terminal chamada de satélite conectada ao braço por hastes finas denominadas constrições secundárias. • Não existem genes importantes para o fenótipo nos braços curtos dos acrocêntricos, só tem RNAr, ou seja, se houver perda desse braço, não há prejuízo no fenótipo. • Os acrocêntricos sãoos cromossomos: 13, 14, 15, 21, 22. Identificação de uma região cromossômica em que poderá haver uma cromossomopatia. a) Os cromossomos estão numerados de 1 a 23. b) São divididos em 7 grupos (A, B, C, D, E, F e G). c) São diferenciados entre si por tamanho e posição do centrômero. d) São organizados em ordem decrescente. e) Cromossomos grandes: Grupo A (1,2,3) e B (4,5) f) Cromossomos médios: Grupo C (6 ao 12 + X) e D (13,14,15) g) Cromossomos pequenos: Grupo E (16,17 e 18) h) Cromossomos muito pequenos: Grupos F (19 e 20) e G (21, 22 e Y) i) Cromossomos muito pequenos: Grupos F (19 e 20) e G (21, 22 e Y) GRUPO CARACTERÍSTICAS PARES A Grandes/ Metacêntricos ou submetacêntricos 1 a 3 B Grandes/Submetacêntricos 4, 5 C Médios/Submetacêntricos 6 a 12 + X D Médios/ Acrocêntricos 13 a 15 E Pequenos/Metacêntricos ou submetacêntricos 16 a 18 F Muito pequenos/Metacêntricos 19, 20 G Muito pequenos/Acrocêntricos 21, 22 + Y • Problemas precoces de crescimento e de desenvolvimento. • Natimortos ou morte neonatal. • Problemas de fertilidade. • História familiar. • Neoplasia. • Gestação em mulheres de idade avançada. O bandeamento cromossômico ajuda muito na detecção de deleções, duplicações e outras anomalias estruturais e facilita a identificação correta de cromossomos individuais. Para o bandeamento Giemsa, método mais comumente utilizado em laboratórios clínicos, os cromossomos são primeiramente tratados com tripsina para desnaturar as proteínas cromossômicas e, depois, são corados com Giemsa. Cada par de cromossomo cora-se em um padrão característico de bandas claras e escuras alternadas, de forma que se torna possível distingui-los individualmente. • Região com muita A e T possuem poucos genes ativos → absorve mais corante → banda escura. • Região com muita G e C possuem mais genes ativos → absorve menos corante → banda clara. Para análise, as células devem ser capazes de crescerem e se dividirem rapidamente em cultura. • Cultura de curto prazo (curta duração): Leucócitos (linfócitos T), obtidos através de uma amostra de sangue. São usados para rápida análise clínica. • Cultura de longa duração: Biópsia de pele, leucócitos (linfoblastóides), biópsia de medula, células fetais. São usados para estudos. 1. Coleta de amostra do sangue periférico (punção venosa – 5mL). 2. Sangue obtido é misturado à heparinas para evitar coagulação. 3. Leucócitos (linfócitos T) são coletados e colocados em cultura. Nessa etapa, é adicionado fitohemaglutinina (PHA) para estimular as mitoses. 4. As células em divisão são paradas na metáfase por meio da adição de colchicina. 5. Adiciona-se, em seguida, solução hipotônica, que tem o papel de provocar a lise celular com o intuito de liberar os cromossomos. 6. Os cromossomos são, então, fixados, estendidos em lâminas e corados. 7. Os cromossomos podem ser cortados, a partir de fotomicrografias, e arranjados em pares em uma classificação padronizada. O quadro completo é chamado de cariótipo. • Numéricas: envolvem alteração no número de cromossomos • Estruturais: envolvem alteração na estrutura dos cromossomos A célula que contém um número de cromossomos múltiplo de 23 em seu núcleo é dita euplóide. Assim, gametas haploides e células somáticas diploides são euplóides. É a presença de um grupo completo extra de cromossomos em uma célula. Ela é mais frequente em plantas, mas condições poliploides foram observadas em humanos: triploidia (3n) e tetraploidia (4n). Ambas as condições Por que as células são paradas na metáfase? Porque é mais fácil de visualizar os cromossomos devido a sua máxima condensação e organização no plano equatorial da célula. são raras e, na grande maioria das vezes, ocorre aborto espontâneo e incompatibilidade com a sobrevivência a longo prazo. É o tipo mais comum de anomalia cromossômica e consiste em qualquer alteração numérica que não seja múltipla de n. → Trissomias: 21, 18, 13 – A trissomia consiste na presença de três cópias de um cromossomo. Nesse caso, há a maior chance de nascerem nativivos, pois os cromossomos 21, 18 e 13 não possuem muitos genes, o que diminui o risco de letalidade. → Triplo X; 47, XXY; 47, XYY – Nos cromossomos sexuais, os nativivos se explicam pelo fato de o cromossomo Y possuir uma pequena quantidade de genes e os cromossomos X, ainda que possuam muitos genes, quando há mais de um X, apenas um deles se expressa, os demais formam corpúsculo de Barr. → Monossomia: 45X – A monossomia consiste na presença de apenas uma cópia de um cromossomo em uma célula que, do contrário, seria diploide. Essa condição, em um cromossomo inteiro, quase sempre é letal; uma exceção é a monossomia do cromossomo X (síndrome de Turner). A causa mais comum de aneuploidia é a não disjunção meiótica, que consiste na falha na separação correta de um determinado par cromossômico durante uma das duas divisões meióticas, geralmente durante a meiose I. → Se o erro ocorrer durante a meiose I, o gameta com 24 cromossomos conterá ambos os membros cromossômicos, paterno e materno, do par. → Se ele ocorrer durante a meiose II, o gameta com o cromossomo extra conterá ambas as cópias tanto do cromossomo materno quanto paterno. → Se ela ocorrer durante a mitose pode gerar mosaicismo. Por que uma paciente com Turner (45, X) possui baixa estatura e um Klinefelter (47, XXY) possui alta estatura? Existe um gene contido nos cromossomos em regiões pseudoautossômicas (homólogas em X e Y), gene SHOX, que escapa à inativação no segundo cromossomo e possui relação com o crescimento. Assim, uma paciente com Turner, não possui o gene SHOX do segundo X, causando a baixa estatura. Por outro lado, o paciente com Klinefelter possui gene SHOX no gene X e um no gene Y, causando elevada estatura. O fato de as trissomias produzirem consequências menos severas do que as monossomias ilustra um importante princípio: o corpo pode tolerar material genético em excesso mais facilmente do que uma falta de material genético. A síndrome de Down é a condição aneuplóide mais comum compatível com a sobrevivência a termo. Ela é causada pela presença de uma cópia extra do cromossomo 21. Os indivíduos com trissomia do 21 apresentam: ponte nasal baixa, fissuras palpebrais oblíquas para cima, orelhas pequenas e algumas vezes com aspecto dobrado peculiar, uma região malar e maxilar achatada, dando à face uma aparência característica; presença de prega simiesca nas mãos (prega transversal profunda nas palmas em flexão), hipotonia, defeitos estruturais no coração, etc. Os homens com síndrome de Down são quase sempre estéreis e muitas mulheres com essa condição podem ter filhos, embora aproximadamente 40% não ovulem. O risco de uma mulher com síndrome de Down produzir uma prole nativiva afetada é menor do que 50%. Aproximadamente 95% dos casos são por trissomia livre, 1-2% é por mosaicismo e 4% é por translocação. Os indivíduos mosaicos possuem algumas células somáticas normais e algumas células com trissomia do 21. Há limitações para o cariótipo? Sim, pois se as alterações acometerem menos que 5 milhões de pares de bases, o cariótipo dará normal. Logo, se o indivíduo tiver alterações de 3 milhões de pares de bases, por exemplo, o cariótipo dará normal, ou seja, o cariótipo possui limitações na resolução. Por isso, utiliza-se outras técnicas: • Alteração não-balanceada (há ganho ou perda de genes): MLPA, CGH array, FISH. • Alteração balanceada (não ganhou e nem perdeu genes – foi apenas uma troca de segmentos): FISH Por que pedir o cariótipo de uma pessoa com down? Para fazer o ACONSELHAMENTO GENÉTICO e para saber o risco de recorrência de um novo filho com Down para os pais. A síndrome de Turner acomete mulheres e é a anomalia mais comum em casos de abortos espontâneos. Nessa anomalia 50% dosafetados apresentam cariótipo 45, X, 15% apresentam mosaico [45, X/46, XX ou 45, X/46, XY] e 10%-20% apresentam anormalidades no X. Além disso, 60%-80% tem ausência de um cromossomo sexual derivado do pai. Essa doença não possui influência da idade materna e apresenta como características fenotípicas a presença de linfedema de mãos e pés ao nascimento, pescoço largo (alado), doença cardiogênica (valva aórtica bicúspide e coarctação da aorta), defeitos renais estruturais, baixa estatura proporcional (boa parte responde bem a administração do hormônio do crescimento), implantação baixa do cabelo na nuca, face triangular, tórax largo, infantilismo sexual e disgenesia gonadal (distúrbios no desenvolvimento das gônadas) e infertilidade (se beneficiam da administração de estrogênios para desenvolver características sexuais secundárias). Algumas pacientes têm deleção de parte do cromossomo X e, dependendo de qual parte esteja faltando, elas têm um fenótipo diferente: − del Xp = falta do braço curto / depende do tamanho / baixa estatura até síndrome completa. − del Xq = falta do braço longo / não é fenótipo de Turner / causa principalmente disfunção gonadal. A síndrome de Klinefelter (47, XXY), muitas vezes não é diagnosticada por causa de suas características sutis. O diagnóstico é comumente feito na vida adulta, quando o indivíduo com Klinefelter não consegue gerar filhos. Essa anomalia é a causa mais comum de hipogonadismo em homens e apresenta como características fenotípicas a alta estatura, braços e pernas longos, infertilidade (atrofia dos túbulos seminíferos) com ou sem ginecomastia, pelos esparsos e massa muscular reduzida (falta de testosterona), inteligência rebaixada, dificuldade de aprendizado, QI verbal reduzido. A terapia de reposição hormonal melhora vários aspectos. Nessa síndrome, em cerca de 50% das vezes, o cromossomo extra é derivado da mãe, aumentando a incidência com o aumento da idade materna. Cerca de 15% dos casos de Klinefelter é com mosaico, o que aumenta a chance de ter esperma viável. As aberrações estruturais resultam da quebra, recombinação ou troca cromossômica, seguida de reconstituição em uma combinação anormal. • Alteração que não causou ganho e nem perda de genes, foi só uma troca de segmentos menor que 5Mb. • Exames: FISH • Geralmente não apresentam um efeito fenotípico, porque todo o material cromossômico está presente. 48, XXYY / 48, XXXY • Como apresentam Y, é fenótipo masculino. • Quanto maior o número de cromossomo X, maior o grau de dimorfismo, deficiência intelectual e desenvolvimento sexual deficiente. Uma translocação é o intercâmbio de material genético entre cromossomos não-homólogos, existindo dois tipos básicos: recíproca e robertsoniana. • Translocação reciproca Esse tipo de rearranjo resulta da ruptura de cromossomos não-homólogos, com a permuta recíproca dos segmentos partidos. Como ela é reciproca, o número total de cromossomos permanece inalterado. − Um dos cromossomos pode até ser acrocêntrico, mas o outro não. − Portador normal (o problema é para a prole). − Se balanceada, não apresenta efeito fenotípico. − Segregação alternada: A quantidade total de material genético é preservada. − Segregação adjacente: Ocorre prejuízo da quantidade de material genético. • Translocação robertsoniana − Envolve 2 cromossomos acrocêntricos (13,14,15,21 e 22), que se fundem próximo a região do centrômero com a perda dos braços curtos. − Cariótipo resultante com apenas 45 cromossomos (os dois que se fundiram contam como um só). − O indivíduo com essa translocação é normal, isso porque a informação importante estava contida nos braços longos (o problema é para a prole). Ocorre quando um único cromossomo sofre duas quebras e é reconstituído com o segmento entre os pontos de ruptura invertido. Caso ocorra somente a inversão, não há perda e nem ganho de informação genética, ou seja, o fenótipo do portador é normal (o problema é para a prole). Além disso, possui consequências diferentes conforme o tipo de inversão. • Paracêntricas − Inversão que NÃO envolve o centrômero. Ambas as quebras ocorrem num único braço. − Possibilidade de cromossomos: cromossomo normal, cromossomo com a translocação, cromossomo sem centrômero (acêntrico) e cromossomo com dois centrômeros (dicêntrico). • Pericêntricas − Inversão que envolve o centrômero. Há uma quebra em cada braço. − Formação do looping durante o crossing-over para haver o emparelhamento das partes homólogas. − A chance de um portador de inversão pericêntrica produzir uma criança com cariótipo não- balanceado chega a 10%. • Alteração em que ocorreu uma perda ou ganho de genes. • Exames: MLPA, CGH array, FISH. • O fenótipo provavelmente será anormal devido à deleção e/ou duplicação. − Envolve a perda de material cromossômico. − Pode ser terminal (deleção na extremidade do cromossomo) ou intersticial (ao longo do braço do cromossomo). − Pode ocorrer por crossing-over desigual entre cromossomos homólogos desalinhados e por segregação anormal de uma translocação ou inversão equilibrada. − A deleção de parte de um cromossomo leva a uma monossomia parcial. − As consequências clínicas refletem haploinsuficiência (incapacidade de uma única cópia do material genético realizar a função normal desempenhada por duas cópias). − Assim como as deleções, pode ocorrer por crossing-over desigual entre cromossomos homólogos desalinhados e por segregação anormal de uma translocação ou inversão equilibrada. − Ocorre o ganho de material cromossômico. − Em geral, parece ser menos prejudicial do que a deleção. − Acontece quando um cromossomo sofre 2 quebras, e as extremidades rompidas se reúnem em uma estrutura circular. − As extremidades ficam instáveis, porque perdem seus telômeros, e se juntam formando o anel. − Se possuir centrômero, pode evoluir através da divisão celular, mas com dificuldade. − Um dos braços do cromossomo se perde (braço curto) e o outro é duplicado em forma de imagem espelhada (braço longo). Síndrome de cri-du-chat (5p-) • Exemplo de deleção completa. Como engloba mais de 5Mb (porque é um braço todinho), pode ser vista por cariótipo. • Cariótipo: 46 XY, del (5p) - Deleção do braço curto todo do cromossomo 5. • Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) / deficiência intelectual. • Déficit pôndero-estatural. • Microcefalia. • Face característica. • “Choro miado de gato”. − Tem 46 cromossomos: Uma pessoa com 46 cromossomos, portadora de um isocromossomo, possui uma única cópia do material genético de um braço (monossomia parcial) e 3 cópias do material genético do outro braço que duplicou (trissomia parcial) • Quando uma pessoa possui uma anomalia cromossômica, esta anomalia está, geralmente, presente em todas as suas células. Algumas vezes, no entanto, dois ou mais complementos cromossômicos estão presentes em um indivíduo; esta situação é denominada mosaicismo. • O mosaicismo pode ser numérico ou estrutural e pode ser detectado pelo cariótipo, FISH e CGH. • Causado pela não disjunção nas divisões mitóticas pós-zigóticas iniciais. O presente resumo foi baseado na aula de genética médica da professora Ellaine Carvalho e nos livros abaixo. NUSSBAUM, Robert; MCINNES, Roderick; WILLARD, Huntington.R. Thompsom e Thompson, genética médica. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. JORDE, L.B.; CAREY, J.C.; BAMSHAD, M.J.; WHITE, R.L. Genética médica. 3. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Andressa Nogueira Cardoso – Meduece 2025.1 Sued Magalhães Moita – Meduece 2025.1 Tanto a pesquisa quanto a citogenética clínica foram revolucionadas pelo desenvolvimento da FISH, que serve para examinar a presença ou a ausência de uma sequência particular de DNA ou para avaliar o número ou a organização de um cromossomo ou de uma região cromossômica. Uma vantagem em relação ao cariótipoé que a FISH não necessita de células em cultivo, porém é preciso preparar as sondas, que consistem em bases nitrogenadas complementares a uma determinada região em que se suspeita alguma alteração. Nesse sentido, a sonda a ser utilizada depende da hipótese diagnóstica, ou seja, é preciso suspeitar previamente da alteração que o paciente possa ter, para aplicar uma sonda específica e, assim, confirmar a hipótese de alteração das bases. Dito isso, a sonda sofre o pareamento de bases complementares (hibridização) com a sequência de DNA que corresponde a sua localização em um cromossomo específico. Como a sonda é marcada por um corante fluorescente, o local em que ela se hibridiza com o cromossomo do paciente pode ser visualizado ao microscópio de fluorescência. • Sondas específicas de DNA: Identificam rearranjos cromossômicos particulares ou diagnosticam a existência de um número anormal de cromossomos. • Sondas gene-específicas ou locus específicos: São sondas muito pequenas, que detectam a presença, ausência ou localização de um gene particular. • Sondas para cromossomos inteiros ou braços de cromossomos. Essas sondas “pintam” o cromossomo-alvo A técnica de FISH é muito utilizada na Onco-Hematologia: o câncer pode produzir, nos tecidos em que ele afeta, várias alterações cromossômicas que podem guiar um tratamento específico ou que podem mudar o prognóstico do paciente. Então é pedido um FISH para aquela alteração específica, com o intuito de saber como a doença pode se comportar no paciente. Além disso, a técnica de FISH também é utilizada para detectar aberrações cromossômicas constitucionais ou numéricas como translocações e inversões, microdeleções de difícil detecção por citogenética convencional (Síndrome de Williams, Síndrome de DiGeorge). 1º) Ocorre desnaturação do DNA da sonda e do DNA cromossômico (do paciente). Essa desnaturação ocorre devido à elevação de temperatura associada ou não a substâncias alcalinas. 2º) A 37oC, caso haja complementaridade entre as sequências, ocorre a hibridização entre a sonda e o DNA alvo. 3º) Quando ocorre a complementaridade, o híbrido formado pode ser observado sob microscopia de fluorescência. SÍNDROME VELOCARDIOFACIAL/DIGEORGE A síndrome de DiGeorge se dá por microdeleção na região 22q11.2 – cerca de 3Mb (não é detectada por cariótipo). Ela tem como características fenotípicas a deficiência intelectual leve, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (ADNPM), cardiopatia congênita, anormalidades palatinas (fenda palatina), face característica, timo pouco desenvolvido. Sempre que for pedir o FISH, você tem que pensar “FISH para quê? FISH para qual região?” e, assim, definir a HIPÓTESE DIAGNÓSTICA! SÍNDROME DE WILLIAMS A síndrome de Williams se dá por microdeleção na região 7q11.2 - cerca de 1,5Mb (não é detectada por cariótipo). Ela é uma síndrome de genes contíguos, ou seja, são deletados vários genes que estão na região 7q11.2, e tem como características fenotípicas a deficiência intelectual leve, o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor (ADNPM), a estenose aórtica supravalvular (SVAS), características faciais típicas (“face de gnomo ou fadinha”), anomalias dentárias (ex: dentes pequenos) e hipercalcemia. EXEMPLO DE FISH O médico que pediu o exame tinha dúvida se o paciente tinha Down (21) ou Patau (13), então o FISH para as duas hipóteses diagnósticas mostrou que o paciente tem trissomia do 21. O FISH consegue detectar tanto alterações não balanceadas (duplicações, deleções) como alterações balanceadas (é possível ver pedaços de cromossomos translocados). A cariotipagem espectral é um tipo de FISH em que se faz uma sonda para todos os nossos cromossomos. Nesse sentido, por conta da complexidade, essa técnica tem um custo mais alto, sendo mais realizada em pesquisas. Para a sua realização são utilizados diferentes fluorocromos e múltiplas sondas simultaneamente, produzindo 24 cores diferentes, de acordo com os nossos cromossomos. A MLPA é uma técnica de citogenética molecular desenvolvida após a criação do FISH. Ela também analisa alterações menores que 5Mb. Dito isso, ela detecta alterações no número de cópias no nível molecular, mas diferentemente da FISH, essas cópias são analisadas por programas de software e não por microscópios. Além disso, ela possui uma fase de hibridização, com a utilização de sondas específicas para a região de interesse do DNA, no entanto são sondas menores que as usadas na FISH. Nesse sentido, para a realização dessa técnica é necessária uma hipótese diagnóstica. Na técnica de MLPA são utilizados primers e, quando ocorre a complementaridade da sonda com o DNA do paciente, a sonda se torna fluorescente e o computador consegue analisar se existem deleções ou duplicações, comparando o padrão de pico obtido com o de amostras de referência. Assim, é possível observar se a amostra do paciente tem regiões a mais ou regiões a menos e assim dizer exatamente onde se localiza essa região no cromossomo. No entrando, não é possível visualizar o cromossomo. O MLPA possui menor custo que o FISH e que o CGH array e serve para diagnosticar aneuploidias, deleções, duplicações gênicas e rearranjos subteloméricos (rearranjo com perda de segmentos cromossômicos). Para isso, existem muitos ensaios disponíveis comercialmente, ou seja, existem sondas para qualquer região do genoma. Além disso, assim como o FISH, é possível analisar várias regiões cromossômicas ao mesmo tempo, mas ainda se faz necessária a hipótese diagnóstica. Em relação ao FISH, o MLPA tem a desvantagem de observar somente se o paciente tem regiões a mais ou regiões a menos. Dessa forma, no caso de alterações balanceadas (inversão, translocação), o MPLA dará normal. Consiste num exame de citogenética molecular, responsável por avaliar o número relativo de cópias de sequências genômicas de DNA com completa representação do genoma (em um único exame, sem a necessidade de sonda, é possível observar todos os cromossomos e se há deleções ou duplicações - alterações no número relativo de cópias). Dito isso, o CGH array é um processo automatizado, mais sensível e com alta resolução do genoma, rápido, não há necessidade de divisão celular e com uma quantidade mínima de DNA é possível fazer o CGH. Além disso, não precisa de hipótese diagnóstica, no mesmo exame são analisados todos os cromossomos. Por fim, o CHG array apresenta como limitação, assim como o MLPA, a incapacidade de detectar translocações ou rearranjos equilibrados. No CGH array, ocorre a hibridização do DNA teste e do DNA controle (marcados com diferentes fluoróforos) com uma lâmina ou chip de DNA, contendo milhares de sequências genômicas. Para isso, é necessário o auxílio de um software de processamento de imagens, tornando possível observar regiões com perdas e ganhos pela diferença na hibridização entre os DNAs, observada pela emissão de cores dos fluoróforos – em qual proporção, quantidade de cópias, o DNA teste e o controle desviam-se do esperado. − Como não precisa de hipótese diagnóstica, é usado quando se suspeita de alguma alteração cromossômica. − Usado para os pacientes que não foram diagnosticados pelo cariótipo e que não se sabe a síndrome cromossômica específica que ele tem. − Dismorfismos faciais ou malformações múltiplas associados ou não com atraso no neurodesenvolvimento neuropsicomotor (quando o cariótipo dá normal). − Deficiência intelectual isolada ou atraso no desenvolvimento psicomotor. − Transtorno do espectro autista (TEA). − Esquizofrenia. − Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). − Epilepsia idiopática. TÉCNICA VANTAGEM DESVANTAGEM FISH Qualquer rearranjo equilibrado (translocações, inversões) e desequilibrado é detectado. É mais caro que o MLPA / É preciso fabricar sondas, já que é preciso de hipótese diagnóstica.MLPA É mais barato / É mais fácil fabricar sondas menores com o MLPA. Não detecta rearranjos equilibrados / É preciso ter hipótese diagnóstica. CGH Não precisa fabricar sondas, ele vai analisar todos os cromossomos / Não é preciso de hipótese diagnóstica. Não detecta rearranjos equilibrados / É mais caro. − Quando formar os pocinhos amarelos, não houve nem deleções nem duplicações cromossômicas; tanto o DNA do paciente como o controle (que é normal) se ligaram da mesma forma, com a mesma quantidade de bases nitrogenadas. − Quando formar os pocinhos vermelhos, teve DNA do paciente que se sobressaiu sobre o DNA controle, isso quer dizer o paciente tem uma duplicação. − Quando formar os pocinhos verdes, sobressaiu a cor do controle, então é porque o paciente tem uma deleção no DNA. Verde: DNA controle Vermelho: DNA do paciente Azul: Bases nitrogenadas A partir disso, são feitos gráficos através de softwares, que mostram a região cromossômica afetada. No entanto, só é possível ver se a alteração for deleção ou duplicação. O presente resumo foi baseado na aula de genética médica da professora Ellaine Carvalho e nos livros abaixo. NUSSBAUM, Robert; MCINNES, Roderick; WILLARD, Huntington.R. Thompsom e Thompson, genética médica. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. JORDE, L.B.; CAREY, J.C.; BAMSHAD, M.J.; WHITE, R.L. Genética médica. 3. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Andressa Nogueira Cardoso – Meduece 2025.1 Sued Magalhães Moita – Meduece 2025.1 Fiz o CGH de um paciente e vi que o resultado indica uma duplicação (ou deleção) numa região específica cromossômica. Já posso dizer, com certeza, que essa duplicação (ou deleção) é a causa do quadro clínico do paciente? NÃO. É preciso analisar a alteração. Sendo assim, tem que observar se essa alteração justifica o quadro do paciente; é preciso interpretar o resultado. Isso ocorre porque existem regiões no nosso DNA onde são comuns ocorrerem duplicações e deleções, mas essas alterações não causam quadro clínico associado, chamamos isso de POLIMORFISMOS. Quando o resultado do CGH array indica uma área de alteração que se tem pouco conhecimento, é indicado fazer o CGH array dos pais, para observar a influências dos progenitores na possível alteração do filho. Os distúrbios genéticos podem ser classificados em monogênicos (raros), cromossômicos ou multifatoriais (doenças complexas). As características monogênicas, também são chamadas de mendelianas, pois, assim como as características das ervilhas estudadas por Gregor Mendel, elas ocorrem em média em proporções fixas entre a prole de tipos específicos de reprodução. Doenças monogênicas são determinadas por um alelo específico em um único lócus em um ou ambos os membros de um par cromossômico e são decorrentes de alterações, mutações em genes (segmentos de DNA que codificam um produto e que se localizam ao longo do cromossomo), podendo ser de origem autossômica (dominante ou recessiva) ou ligada ao sexo (dominante ou recessiva). Os distúrbios de gene único são principalmente, mas de modo algum exclusivamente, distúrbios da faixa de idade pediátrica. Menos de 10% manifestam-se após a puberdade e apenas 1% ocorre após o período reprodutivo. Embora individualmente raros, são responsáveis por uma proporção significativa de doenças e mortes na infância. Loci são os locais dos genes no cromossomo. Alelos são variantes alternativas de um gene, que surgiram por mutação em algum momento. ● Homozigotos: quando há um par de alelos idênticos para um determinado gene (ex: fibrose cística). ● Heterozigotos: quando há um par de alelos diferentes para determinado gene e um deles é do tipo selvagem [normal], ou seja, possui um gene normal e o outro alterado (ex: albinismo) ● Heterozigoto composto: referente a um genótipo no qual estão presentes dois alelos mutantes de um gene, em vez de um alelo selvagem e um mutante (ex: diferentes genes mutados para fibrose cística) ● Hemizigoto: situação peculiar na qual um homem apresenta um alelo anormal para um gene localizado no cromossomo X e não há outra cópia do gene, ele não é nem homozigoto nem heterozigoto, sendo hemizigoto. O genótipo se refere a todos os pares de alelos que compõem de forma coletiva a constituição genética de um indivíduo ao longo de todo o genoma. Ele não deve ser confundido com haplótipo, que corresponde a um grupo de alelos de loci adjacentes, que fazem parte do mesmo cromossomo, geralmente herdados como uma unidade. Um haplótipo pode ser formado por um ou vários tipos alelos, ou até o cromossomo inteiro. Já o fenótipo é a manifestação visível do genótipo. Na esquerda da imagem anterior, é possível notar o genótipo, que se refere à informação codificada no genoma. Ele está representado por um diagrama de um par de cromossomos homólogos e dois loci, Locus 1 e Locus 2, em um indivíduo que é heterozigoto para ambos os loci. Ele tem os alelos A e a no locus 1 e os alelos B e b no locus 2. O genótipo do locus 1 é Aa, enquanto o genótipo do locus 2 é Bb. Os dois haplótipos nesses cromossomos homólogos são A-B e a-b. Por outro lado, na direita da imagem anterior, é possível observar a representação do fenótipo, que consiste na manifestação física, clínica, celular e bioquímica do genótipo, como ilustrado pelos aspectos morfométricos da face de um indivíduo. Penetrância é a probabilidade de um ou mais alelos mutantes apresentarem qualquer expressão fenotípica. Quando a frequência da expressão do fenótipo é menor do que 100% - isto é, quando alguns dos que têm um genótipo relevante falham completamente em expressá‑lo - o distúrbio é dito como tendo penetrância incompleta ou reduzida, como ocorre na neurofibromatose. A penetrância é um conceito “tudo ou nada”. É o percentual de pessoas em uma determinada idade, com um genótipo de predisposição, que se mostram afetadas, independentemente da gravidade. Já o conceito de expressividade se refere à gravidade da expressão do fenótipo entre os indivíduos que têm o mesmo genótipo deletério. Quando a gravidade da doença difere em pessoas que possuem exatamente o mesmo genótipo, o fenótipo é dito como tendo expressividade variável. Ainda que dentro da mesma família, dois indivíduos portadores dos mesmos genes mutantes podem ter alguns sinais e sintomas em comum, enquanto outras manifestações da doença podem ser bem diferentes, dependendo do tecido ou do órgão afetado. Um único gene ou par de genes frequentemente produz múltiplos efeitos fenotípicos diferentes em vários sistemas, com uma diversidade de sinais e sintomas. Nesses casos, a doença é dita como tendo pleiotropia (“muitas mudanças”), e a expressão do defeito gênico é dita pleiotrópica. Exemplos de doenças que se manifestam dessa forma são a síndrome de Marfan, a síndrome de von Hippel - Lindau e a fenilcetonúria. Para definir o tipo de transmissão dos distúrbios monogênicos, o primeiro passo é obter informações sobre a história familiar do paciente e resumir os detalhes na forma de um heredograma, que é uma representação gráfica da árvore familiar, usando símbolos padronizados. Um indivíduo afetado a partir do qual uma família com uma doença genética é inicialmente encaminhada para um geneticista é o probando, propósito ou caso índice. Se o probando é o único afetado em uma família, é chamado de caso isolado. Se o caso isolado é resultado de uma mutação nova no probando, isso é conhecido como caso esporádico. Uma família pode ter mais de um probando, se eles forem avaliados a partir de mais de uma fonte. A pessoa que traz as informações familiares ao consultar um geneticista é o consulente, o qual pode ser um indivíduo afetado ou um parente não afetado de um probando. Os parentes são classificados em: ● primeiro grau: pais, irmãos e prole de um probando; ● segundo grau: avós e netos, tios e tias, sobrinhos e sobrinhas, meios-irmãos;● terceiro grau: primos em primeiro grau. A prole de primos em primeiro grau são primos em terceiro grau entre si, enquanto o filho de um primo de primeiro grau em relação a este é um primo em segundo grau. Casais que têm um ou mais antepassados em comum são consanguíneos. O padrão de herança visto em distúrbios monogênicos depende principalmente de dois fatores: ● Se a localização cromossômica do locus gênico está em um autossomo (cromossomos 1 a 22), em um cromossomo sexual (cromossomos X e Y) ou no genoma mitocondrial; ● Se o fenótipo é dominante (expresso quando apenas um dos cromossomos do par porta o alelo mutado) ou recessivo (expresso apenas quando ambos os cromossomos de um par portam os alelos mutados em determinado locus). Um fenótipo é recessivo se expresso apenas em homozigotos, hemizigotos ou heterozigotos compostos, na falta do alelo selvagem em todas essas situações, e nunca em heterozigotos que apresentem um alelo selvagem. Já um padrão de herança dominante ocorre quando o fenótipo é expresso em heterozigotos, bem como em homozigotos (ou heterozigotos compostos). Para a maioria dos distúrbios herdados de forma dominante, os homozigotos e os heterozigotos compostos por alelos mutantes em loci autossômicos são acometidos de forma mais grave que os heterozigotos, em um padrão de herança conhecido como dominante incompleto (ou semidominante). Os casos em que os homozigotos (ou heterozigotos compostos) apresentam o mesmo fenótipo que os heterozigotos caracterizam um distúrbio dominante puro, como é o exemplo da doença de Huntington. Caso ocorra a expressão fenotípica de ambos os alelos de um locus em um heterozigoto, a herança é denominada codominante. Para os distúrbios ligados ao X, uma condição expressa apenas em hemizigotos e nunca em heterozigotos é tradicionalmente mencionada como recessiva ligada ao X, enquanto um fenótipo sempre expresso em heterozigotos e em hemizigotos é chamado de dominante ligado ao X. É válido lembrar que os termos dominante e recessivo se referem mais ao fenótipo de um padrão de herança do que aos alelos responsáveis por tais fenótipos. Um gene não é dominante ou recessivo, é o fenótipo produzido por um determinado alelo mutado naquele gene que mostra herança dominante ou recessiva. A doença autossômica recessiva ocorre apenas em indivíduos com dois alelos mutados e nenhum alelo selvagem. Tais homozigotos devem herdar um alelo mutado de cada um dos genitores, sendo cada um deles heterozigoto para aquele alelo. Nesses casos, o alelo mutante geralmente diminui ou abole a função do produto gênico, na chamada mutação de perda de função. Por exemplo, muitas doenças recessivas são causadas por mutações que comprometem ou abolem a função de uma enzima. Algumas doenças autossômicas recessivas apresentam fenótipo influenciado pelo sexo, ou seja, o distúrbio se expressa em ambos os gêneros, porém com frequência ou gravidade diferentes. Por exemplo, a hemocromatose hereditária é um fenótipo autossômico recessivo cinco a 10 vezes mais comum em homens do que em mulheres. Indivíduos afetados apresentam aumento da absorção do ferro proveniente da alimentação, o que pode causar sobrecarga e danos sérios no coração, no fígado e no pâncreas. Acredita‑se que a menor incidência de doença clínica nas mulheres homozigotas se deva à menor ingestão de ferro na dieta, menos uso de álcool e maior perda desse íon pela menstruação. Mais da metade de todos os distúrbios mendelianos conhecidos são herdados de forma autossômica dominante. O fardo desse tipo de distúrbio se torna maior devido à sua natureza hereditária; quando acontecem dentro das famílias, incorrem em problemas médicos e sociais não apenas para os indivíduos, mas também para as genealogias inteiras, muitas vezes ao longo de diversas gerações. O risco e a gravidade de doenças transmitidas de forma dominante para a prole dependem de se um ou ambos os genitores são afetados e se esse caráter é dominante puro (o fenótipo é igual ao do homozigoto dominante) ou dominante incompleto (o fenótipo é completamente distinto dos homozigotos). Um padrão de herança autossômico dominante também pode ser mascarado pela expressividade variável. A neurofibromatose tipo 1 (NF1) é uma doença comum do sistema nervoso e apresenta tanto penetrância dependente de idade quanto expressividade variável dentro da mesma família. Alguns adultos podem ter apenas “manchas café com leite”, e pequenos tumores benignos de íris chamados nódulos de Lisch. Outros membros da família podem apresentar esses sinais, além de tumores cutâneos benignos múltiplos (neurofibromas). Mais ainda, outros afetados podem apresentar deficiência intelectual, neurofibromas plexiformes difusos ou tumores malignos dos músculos ou do sistema nervoso, além das manchas café com leite, nódulos de Lisch e neurofibromas. Ao contrário dos genes localizados nos autossomos, os genes nos cromossomos X e Y apresentam uma distribuição desigual entre homens e mulheres dentro das famílias. A herança patrilinear do cromossomo Y é evidente. Há poucos genes puramente ligados ao Y, a maioria deles envolvida na determinação das características sexuais primárias ou no desenvolvimento das características masculinas secundárias. Pelo fato de os homens terem um cromossomo X e as mulheres terem dois, existem apenas dois genótipos possíveis para os homens e quatro para as mulheres no que se refere aos alelos mutantes em um locus ligado ao X. Por exemplo, se XH é o alelo selvagem para o gene de uma doença ligada ao X e o alelo mutado Xh é o alelo da doença, os genótipos esperados em homens e mulheres se comportam da seguinte maneira: Uma mutação recessiva ligada ao X se expressa fenotipicamente em todos os homens que a recebem e, consequentemente, distúrbios recessivos ligados ao X são mais incidentes em homens. Características da herança recessiva ligada ao X: ● As mulheres heterozigotas geralmente não são afetadas, mas algumas manifestam a condição em níveis variados de gravidade determinada pelo padrão de inativação do X. ● O gene responsável pela condição é transmitido de um homem afetado a todas as suas filhas. Os filhos homens de qualquer uma dessas filhas têm um risco de 50% de herdá‑lo. ● O alelo mutante nunca é transmitido diretamente de pai para filho, mas é transmitido de um homem afetado a todas as suas filhas. ● O alelo mutante pode ser transmitido ao longo de uma série de mulheres portadoras, de modo que os homens afetados em uma genealogia serão aparentados entre si através das mulheres. ● Uma proporção significativa dos casos isolados se deve a mutações novas. Um fenótipo ligado ao X pode ser descrito como dominante se tiver expressão regular em heterozigotas. A herança dominante ligada ao X pode ser prontamente diferenciada da herança autossômica dominante pela ausência de transmissão homem a homem, que é impossível de ocorrer na herança ligada ao X porque os homens transmitem o cromossomo Y, e não o X, aos seus filhos homens. Uma característica inconfundível em um heredograma dominante ligado ao X com penetrância completa é que todas as filhas e nenhum dos filhos de homens afetados são afetados; se alguma das filhas for não afetada ou algum dos filhos for afetado, a herança deve ser autossômica, e não ligada ao X. O padrão de herança a partir das mulheres não é diferente daquele no padrão autossômico dominante; como as mulheres têm um par de cromossomos X do mesmo modo que têm um par de autossomos, cada criança de uma mulher afetada tem 50% de chance de herdar a característica, seja qual for o gênero. Características da herança dominante ligada ao x: ● Homens afetados casados com mulheres normais têm todos os filhos homens afetados e nenhuma filha normal; ● A prole de ambos os gêneros de uma mulher portadora tem risco de 50% de herdar o fenótipo. O padrão visto no heredograma é semelhante ao da herança autossômica dominante;● Mulheres afetadas ocorrem em uma frequência aproximadamente duas vezes maior do que os homens afetados. Genótipos Fenótipos Homens Hemizigoto XH Não afetado Hemizigoto Xh Afetado Mulheres Homozigota XH/XH Não afetada Heterozigota XH/Xh Portadora Homozigota ou (heterozigota composta) Xh/Xh Afetada A inativação do X é um processo normal que inativa, nas células somáticas, a maioria dos genes de um dos dois cromossomos X nas mulheres normais, mas não os genes do único cromossomo X nos homens, de modo a igualar a expressão da maioria dos genes ligados ao X em ambos os gêneros. Essa inativação faz com que as mulheres tenham duas populações celulares que expressam os genes de um ou de outro cromossomo X. Essas duas populações celulares são geneticamente idênticas, mas divergem no funcionamento, e ambas as populações celulares podem ser rapidamente identificadas para algumas doenças nas mulheres. Dependendo do padrão de inativação aleatória do X nos dois cromossomos X, duas mulheres heterozigotas para uma doença ligada ao X podem ter apresentações clínicas bastante distintas, devido à diferença da proporção de células que têm o alelo mutante no X ativo em um tecido relevante. O mosaicismo é a presença em um indivíduo ou em um tecido de ao menos duas linhagens celulares geneticamente diferentes, porém derivadas de um único zigoto. As mutações que acontecem em uma única célula após a concepção podem originar clones celulares geneticamente diferentes do zigoto original porque, devido à natureza da replicação do DNA, a mutação irá permanecer em todos os descendentes clonais dessa célula. Pode ser difícil determinar o quanto o mosaicismo para mutações está presente apenas em células germinativas ou apenas em células somáticas, pois a ausência de mutações em uma amostra de células obtidas de um tecido de fácil acesso não é garantia de que a mutação não esteja presente em outras partes do corpo, incluindo a linhagem germinativa. Os distúrbios causados por mutações no DNA mitocondrial (DNAmt) apresentam vários aspectos incomuns que resultam das características únicas da biologia e da função mitocondrial. Nem todo RNA ou proteína sintetizados em uma célula são codificados pelo DNA nuclear; uma quantidade pequena é codificada por genes no DNAmt. Pelo fato de a mitocôndria ser essencial para o funcionamento de quase todas as células, a perturbação da produção de energia devido a mutações no DNAmt resulta em distúrbios graves, afetando diversos tecidos diferentes. A primeira característica que define os aspectos genéticos do DNAmt é a herança materna. As mitocôndrias do espermatozoide normalmente não estão presentes no zigoto, de modo que apenas o mtDNA materno é transmitido para a geração futura. Assim as crianças de uma mulher que tenha uma mutação no mtDNA herdarão a mutação, enquanto nenhum dos descendentes de um homem portador da mesma mutação irá receber o DNA defeituoso. Uma característica distintiva da genética do mtDNA é vista quando a segregação replicativa ocorre nas mitocôndrias contendo os dois tipos de genomas, mutante e selvagem. Quando uma mutação acontece pela primeira vez no mtDNA, ela se faz presente apenas em uma molécula de mtDNA em uma única mitocôndria. Durante a divisão celular, todo o mtDNA se replica, a mitocôndria entra em fissão e os dois tipos de DNA, mutante e selvagem, são distribuídos de forma aleatória entre as organelas‑filhas, as quais podem conter diferentes proporções de genomas do tipo selvagem ou mutante. A célula, que agora contém mitocôndrias abrangendo uma mistura de mtDNA normal e mutante, por sua vez distribui essas mitocôndrias de forma aleatória para as suas células‑filhas; estas podem, então, receber uma mistura de mitocôndrias, algumas com e outras sem a mutação (heteroplasmia). Ocasionalmente, a célula filha pode receber, novamente por acaso, mitocôndrias que contêm uma população puramente normal de mtDNA ou uma população puramente mutante do mtDNA (homoplasmia). Como a expressão fenotípica da mutação no mtDNA depende da proporção relativa de mtDNA normal ou mutante nas células que constituem diferentes tecidos, a penetrância reduzida e a expressão variável são características típicas dos distúrbios mitocondriais. É importante não assumir uma visão simplista de que cada fenótipo anormal seja causado unicamente por uma mutação em particular em um gene específico ou que mutações em um gene em particular sempre causarão o mesmo fenótipo. De fato, geralmente ocorre heterogeneidade significativa nas relações complexas entre fenótipos anormais, nos genes mutados nessas doenças e na natureza das mutações encontradas nesses genes. Podem‑se distinguir três tipos principais de heterogeneidade: ● Heterogeneidade alélica: mutações diferentes em um gene podem resultar em um mesmo fenótipo; ● Heterogeneidade de locus: mutações em genes diferentes podem causar o mesmo fenótipo; ● Heterogeneidade clínica ou fenotípica: diferentes mutações em um gene podem resultar em fenótipos distintos. O presente resumo foi baseado na aula de genética médica da professora Maria Denise Fernandes Carvalho e nas referências abaixo. JORDE, L.B.; CAREY, J.C.; BAMSHAD, M.J.; WHITE, R.L. Genética médica. 3. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. NUSSBAUM, Robert; MCINNES, Roderick; WILLARD, Huntington.R. Thompson e Thompson, genética médica. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. Padrões de herança monogênica, Notas de estudo de Nutrição. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Disponível em: https://www.docsity.com/pt/padroes-de-heranca-monogenica/4791645/. Acesso em: 04 mar 2021. Andressa Nogueira Cardoso – Meduece 2025.1 Sued Magalhães Moita – Meduece 2025.1 https://www.docsity.com/pt/universidade/br/universidade-federal-do-rec-ncavo-da-bahia-ufrb/ https://www.docsity.com/pt/universidade/br/universidade-federal-do-rec-ncavo-da-bahia-ufrb/ https://www.docsity.com/pt/padroes-de-heranca-monogenica/4791645/ É o processo educacional que procura auxiliar os indivíduos afetados e/ou sob risco a compreender a natureza de uma doença genética, sua transmissão e as opções disponíveis no tratamento e planejamento familiar. • Filho anterior com múltiplas anomalias genéticas, retardo mental ou defeito congênito isolado, como defeito do tubo neural ou fendas labial e palatina. • História familiar de condição hereditária, como fibrose cística, síndrome do X frágil ou diabetes. • Diagnóstico pré-natal por idade materna avançada ou outra indicação. • Consanguinidade. • Exposição a teratógenos. • Abortos espontâneos repetidos ou infertilidade. • Anomalia recém-diagnosticada ou doença genética. • Médico geneticista • Médico da família • Enfermeiros geneticistas • Especialistas em aconselhamento: médicos, biólogos, consultores em genética. 1. Estabelecimento do diagnóstico Para a determinação do tipo de herança, é preciso que seja feito o diagnóstico seguro da afecção (anamnese, exame físico, exames complementares). Para isso, no aconselhamento genético, é essencial o heredograma, o estudo clínico de outras pessoas afetadas na família do probando e não somente ele, o estudo do tipo de transmissão [quando possível] e o balanço das causas genéticas e ambientais (epigenética). 2. Determinação do risco Nessa etapa, é feito a estimativa do risco para determinar a recorrência da afecção. Essa determinação é realizada a partir de princípios mendelianos básicos ou aplicando a probabilidade condicional ao heredograma. Contudo a aplicação da genética molecular, através da análise de DNA, vem sendo mais utilizada para a determinação do risco. 3. Entrevista de aconselhamento Envolve a discussão de opções reprodutivas e a facilitação da tomada de decisão. O médico é responsável por orientar a família, mas deve adotar a abordagem da informação não-direcionada*, o que difere de uma consultaconvencional, na qual as recomendações para o tratamento e intervenção são frequentemente realizadas. Entretanto, o objetivo do aconselhamento genético é ajudar as famílias a lidarem com a doença genética, não a reduzir a incidência da doença genética. 4. Tratamento e encaminhamento 5. Grupos de apoio Os grupos de apoio fornecem à família conforto, pois o sentimento de isolamento que, frequentemente, acompanha as doenças genéticas é, comumente, aliviado pelo conhecimento de uma outra pessoa na mesma situação. 6. Acompanhamento 1. Opinar sobre possíveis diagnósticos. 2. Entender a etiologia. 3. Explicar aspectos genéticos e clínicos. 4. Indicar teste genético para o probando e familiares. 5. Informar diagnóstico e prognóstico. 6. Sugerir opções terapêuticas e preventivas. 7. Discutir risco de recorrência para o probando e a família. 8. Discutir disponibilidade de diagnóstico pré-natal / pré-implantacional / pré-concepcional. 9. Indicar suporte social, psicológico, educacional. 10. Aconselhamento genético. • Quando tem malformações congênitas múltiplas (síndromes já conhecidas ou não). • Duas ou mais malformações associadas ao atraso de desenvolvimento ou deficiência intelectual. * Em geral, não se diz aos pacientes que decisões tomar com relação aos diferentes exames e opções de conduta; ao contrário, a eles são dados informações e apoio até chegarem a uma decisão que pareça mais apropriada para os pacientes, os consulentes e seus familiares. Essa é a abordagem de consulta referida como informação não- direcionada. • Sinais: antecedentes pré ou perinatais, mãe de idade elevada, artéria umbilical única, placenta pequena, anomalias físicas menores (feto com retardo do crescimento IU). • Testículos pequenos, amenorreia primária, hipogonadismo, fertilidade diminuída ou nula, genitália externa ambígua. • Alterações dermatoglíficas (padrão das digitais fora do comum). • Pessoa normal que teve uma criança portadora de aberração cromossômica (alteração equilibrada que não teve alteração na mãe/pai, mas vai ter na prole). • Hipotonia: diminuição do tônus muscular e da força, o que causa fraqueza e flacidez. O sintoma é comumente relacionado à paralisia infantil ou outras desordens neuromusculares. • Aracnodactilia: dedos anormalmente longos (comum em pessoas com síndrome de Marfan). • Enurese: incontinência urinária noturna. • Dolicocefalia: má-formação do crânio do bebê devido ao fecho prematuro de uma ou mais suturas do crânio. • Plagiocefalia: deformação do crânio do bebê devido à pressão feita quando está deitado; geralmente é na região posterior da cabeça. A semiologia genética requer uma boa anamnese, que consiste em: 1. Explicar porquê do encaminhamento da criança ao geneticista. 2. Perguntar se os indivíduos que acompanham a criança são os pais e quais as principais preocupações e expectativas com a consulta genética. 3. Observar a criança (interação linguagem). 4. História familiar: consanguinidade, heredograma ( 3 gerações), procedência, fotos. 5. História gestacional: duração da gravidez, se houve sangramentos, febre, medicações usadas durante da gestação, drogas, movimentos fetais, exames pré-natais, diabetes. 6. História perineonatal: parto, peso, comprimento, PC, APGAR, reanimação, ventilação, sucção, malformações, cirurgias, convulsões e outras intercorrências. 7. Comportamento da criança. 8. Visão, audição, internações. 9. Fotografias (face, perfil, mãos, pés, pais). O presente resumo foi baseado na aula de genética médica do professor Edson Lopes da Ponte e no livro abaixo. NUSSBAUM, Robert; MCINNES, Roderick; WILLARD, Huntington.R. Thompsom e Thompson, genética médica. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. JORDE, L.B.; CAREY, J.C.; BAMSHAD, M.J.; WHITE, R.L. Genética médica. 3. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Andressa Nogueira Cardoso – Meduece 2025.1 Sued Magalhães Moita – Meduece 2025.1 Displasias esqueléticas ou osteocondrodisplasias são distúrbios genéticos e clinicamente heterogêneos do desenvolvimento e do crescimento do esqueleto, que vão desde afecções letais (tanatofóricas) até distúrbios comuns, sendo importante observar a localização/natureza e fenótipo da alteração, além de história familiar. Esses distúrbios têm prevalência de 1/4.000 nascimentos Para o diagnóstico de uma displasia esquelética, é preciso a realização de uma boa anamnese [é importante checar o histórico familiar], a análise da evolução do paciente [ex: “já nasceu com muita restrição torácica ou não?”], um bom exame físico [descrevendo altura, peso...], além de achados radiológicos [pedir Raio- x do corpo todo]. PROBLEMA / PERFIL EXEMPLO DETALHE Letalidade Displasia Tanatofórica Muito associada à morte Luxações na coluna cervical Síndrome de Larsen - Polegar do caroneiro Displasia diastrófica Tem um polegar desviado para fora Hidrocefalia Acondroplasia Bossa frontal proeminente Na maioria desses distúrbios, as proteínas deficientes são as do colágeno (3 proteínas do colágeno) e também tem distúrbios de proteínas não-colágeno (COMP-Proteína da Matriz Oligemérica Cartilaginosa). A acondrogênese tipo II possui mutação localizada no locus gênico COL2A1 – Cadeia alfa 1 de colágeno tipo II (cromossomo 12) e consiste numa displasia espondiloepifisária letal cuja herança é autossômica dominante. Esse distúrbio é parecido com a displasia tanatofórica, mas a região cromossômica afetada é diferente. Além disso, nessa doença, a criança normalmente morre ao nascer. São anormalidades funcionais de proteínas da matriz cartilaginosa. • Características clinicas: → O paciente possui encurtamento acentuado do pescoço, tronco e membros. → Cabeça macia e grande com hidropsia fetal (condição em que ocorre o acúmulo de líquidos em diversas partes do corpo do bebê durante a sua gestação, como nos pulmões, no coração e no abdome) e prematuridade. → Corpos vertebrais precariamente ossificados. A displasia tanatofórica possui mutação localizada no locus gênico FGFR3 e é a mais comum e letal condição de encurtamento desproporcional dos membros, fazendo parte das acondroplasias. A sua origem genética é autossômica dominante, em que os genes vêm de mutações novas de pais normais [é intuitivo, já que pessoas com essa displasia não chegam à idade fértil]. • Características clinicas: → Pelo US, observa-se cabeça grande e membros curtos. → Ao nascimento, observa-se membros curtos, tórax longo e estreito, macrocefalia. → Testa proeminente, ponte nasal deprimida, fêmur em “telefone”. A acondroplasia é a causa mais comum de nanismo humano e é a displasia não letal mais fácil de ser diagnosticada [o diagnóstico pode ser dado ao nascimento ou nos primeiros meses de vida], ocorrendo de maneira esporádica em cerca de 80% das vezes e em 20% das vezes é transmitida dos pais para os filhos. Ela consiste num distúrbio autossômico dominante causado por mutações em FGFR3 – cromossomo 4, que é um receptor de tirosina quinase transmembrana, que se liga a fatores de crescimento dos fibroblastos. Além disso, é considerada uma displasia das epífises devido à redução na proliferação da cartilagem na placa do crescimento [são anomalias dos genes que codificam os componentes da matriz extracelular das cartilagens]. São distúrbios causados pela mutação heterozigótica dos genes que codificam os receptores FGFR3 (gene do receptor 3 do fator de crescimento do fibroblasto) e PTHrPR, provocando regulação negativa do crescimento ósseo. • Características clinicas: → Membros curtos, nariz achatado, cabeça grande, acentuação da lordose lombar, joelhos curvados, ponte nasal deprimida. → Lactentes com atrasos dos marcos motores [“criança mais molinha”]; inteligência normal. → Pode existir encurtamento rizomélico (na raizdos membros), mesomélico (no meio) ou acromélico (nas pontas). • Características radiológicas: → Crânio longo, proeminência frontal, forame magno pequeno, fíbula desproporcionalmente longa, canal vertebral estenótico (mais fechado). • Tratamentos: cirurgia e GH (hormônio do crescimento). Consiste num distúrbio autossômico recessivo [os pais são portadores obrigatórios e é muito provável que haja consanguinidade]. • Características clínicas: → Orelha edemaciada, quente, dolorosa e com o tempo vai ocorrendo necrose (“orelha de couve-flor”). → Membros muito curtos, pé torto e mãos curtas com deslocamento proximal do polegar (aparência de carona). → Restrição dos movimentos articulares. → Inteligência completamente preservada. → Escoliose. • Características radiológicas: anormalidades vertebrais, ossos tabulares curtos e largos. Resultam da perda funcional do transportador de íons sulfato [o transportador de sulfato da displasia diastrófica é o DTDST]. Distúrbios desse tipo causam uma sulfatação defeituosa das proteoglicanas cartilaginosas. • Doença autossômica dominante envolvendo principalmente ossos faciais, crânio e clavícula. • Características clínicas: → Alargamento do crânio. → Retardo na ossificação das fontanelas. → Distúrbios na dentição (podem ter dentinogênese imperfeita). → Hipoplasia/aplasia das clavículas. → Mobilidade excessiva dos ombros. → Escoliose. → Hipertelorismo (aumento da distância ocular). → Prognatismo mandibular (desordem genética desfigurativa, que se caracteriza pela existência de uma mandíbula inferior extremamente pronunciada). → Palato altamente arqueado. → Mãos curtas / dedos afilados. → Clinodactilia (desvio do último dedo para dentro). → Tórax estreito. • Características radiológicas: → Hipoplasia da crista ilíaca. → Atraso/ausência de calcificação da sínfise púbica → Diminuição das falanges médias • Tratamento: Cirurgia, mas depende do quanto a clavícula tenha sido atingida. Tipo de defeito da reabsorção óssea que envolve a enzima catepsina K, que é relacionada ao remodelamento ósseo. A ausência dessa enzima causa o aumento generalizado da densidade óssea, Resultam de genes mutantes que codificam 3 fatores de transcrição (SOX9, CBFA1 e LMX1B), causando haploinsuficiência dos respectivos produtos gênicos (eles proporcionam caracteres dominantes → uma dominância na falta da proteína). fazendo com que exista fraturas recorrentes. Possui traço autossômico recessivo e é localizada no locus CTSK - cromossomo 1. • Características clínicas: → Baixa estatura. → Suturas cranianas afastadas. → Fontanela anterior aberta. → Hipoplasia de mandíbula. → Deformidade do tronco. → Persistência dos dentes decíduos. → Palato arqueado e alto. → Escleróticas azuis [quando a parte branca dos olhos fica com a coloração azulada]. → Nariz pontiagudo. → Mãos/pés curtos e largos. → Facies atípica. → Crânio grande: bossas. • Características radiológicas: → Aumento generalizado da idade óssea. → Mandíbula pequena. → Hipoplasia das falanges distais. • Caráter autossômico recessivo. • Gene no cromossomo 4p. • Características clínicas: → Membros curtos, polidactilia. → Displasia ungueal (tem dedos com e sem unhas) e anomalias dentárias. → Cardiopatias congênitas [pedir ECO, ECG e análise cardiológica]. • Sintomático. • Artroplasias cirúrgicas. • Acompanhamento oftalmológico. • Acompanhamento psicológico. • Acompanhamento odontológico. O presente resumo foi baseado na aula de genética médica da professora Maria Denise Fernandes Carvalho de Andrade e no livro abaixo. NUSSBAUM, Robert; MCINNES, Roderick; WILLARD, Huntington.R. Thompsom e Thompson, genética médica. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. Andressa Nogueira Cardoso – Meduece 2025.1 Sued Magalhães Moita – Meduece 2025. A teratologia é o estudo de causas ambientais das anomalias congênitas. Essa teratogenicidade depende do período crítico, da dosagem, da genética do feto e da genética da mãe e possui como consequências a morte, malformações, alteração do crescimento e déficit funcional. • Radiação • Infecção • Doenças maternas • Drogas As infecções congênitas (ou perinatais) acontecem quando a infecção é transmitida da mãe para o bebê durante a gravidez via intrauterina ou via transplacentária e pode causar consequências para a criança após o nascimento. • Infecção por citomegalovírus (CMV): quanto mais cedo o bebê tiver contato com o vírus, mais reper- cussões clínicas vão acontecer, podendo ocorrer até mesmo o aborto. As manifestações precoces do CMV nos RN são: surdez, pequeno tamanho, malformação, anemia, perda de visão, microcefalia, convulsões, fraqueza, etc. • Infecção por rubéola: acarreta inúmeras complicações para a mãe, como aborto e natimorto (feto ex- pulso morto) e para os recém-nascidos, como malformações congênitas (surdez, malformações cardíacas, lesões oculares e outras). • Infecção por toxoplasmose: as manifestações, quando presentes, são prematuridade, retardo de cres- cimento intrauterino, icterícia, hepatoesplenomegalia, miocardite, pneumonite, exantema, coriorretinite, hidrocefalia, calcificações intracranianas, microcefalia e convulsões. • Agentes que causam malformação do SNC. • Fármacos psicoativos. • Substâncias neurotóxicas. • Agentes com ação hormonal. • Peptídeos e aminoácidos. Definir se uma substância é terato- gênica em humanos é difícil! Na ausência de quadro dismórfico pode haver alteração neurológica. Teratologia neurocomportalmental: estudo do desenvolvimento anormal do SNC e consequências dessa alte- ração. O efeito sobre o crescimento e SNC pode ocorrer em doses menores. Logo, mesmo que a dose do teratógeno seja mínima, podem ser desenvolvidas malformações. • Álcool, cocaína, hidantoína, heroína, derivados do ácido retinóico, ácido valpróico, rubéola, CMV, Rx, chumbo, mercúrio. O consumo de álcool durante a gestação aumenta o risco de ocor- rência da síndrome do álcool fetal. Essa condição possui como consequên- cias para a criança a deficiência de crescimento pré-natal e pós-natal, microcefalia, alterações faciais, defeitos cardíacos congênitos, de- feitos do tubo neural, leve grau de retardo do desenvolvimento. A Dismorfologia consiste no estudo do desenvolvimento físico anormal. Ao avaliar uma criança com malformações congênitas, a questão mais importante é se a malformação representa uma anomalia única e isolada, ou se, ao contrário, é um dos componentes de um padrão de malformações mais amplo e organizado (síndrome). São anomalias que representam estágios incompletos do desenvolvimento de uma estrutura. Entre elas estão as seguintes categorias com seus respectivos exemplos: • Ausência de desenvolvimento: agenesia renal. • Hipoplasia: micrognatia (mandíbula inferior menor que o normal). • Separação incompleta: sindactilia (união entre dois dedos). • Fechamento incompleto: fenda palatina. • Septação incompleta: defeito do septo ventricular. • Migração mesodérmica incompleta: extrofia da bexiga. • Rotação incompleta: má rotação intestinal. • Resolução incompleta da forma primitiva: divertículo de Meckel. • Persistência da localização primária: criptorquidia (“testículo escondido”). As anomalias congênitas podem ser classificadas em maiores ou menores: as malformações maiores seriam graves alterações anatômicas, estéticas e funcionais podendo levar à morte, enquanto as me- nores levam a fenótipos que se sobrepõem aos normais. O fumo pode causar distúrbio de atenção, principalmente, quando a quantidade de cigarro consumida pela mãe é alta. • Malformação: defeito morfológico primário em um órgão ou parte do corpo resultado de um processo de desenvolvimento intrinsecamente anormal (ex: lábio leporino, polidactilia).• Displasia: defeito primário envolvendo organização anormal das células em um tecido (ex: malformação vascular). • Sequência: defeito primário com suas mudanças estruturais secundárias. • Síndrome: padrão de malformações primárias múltiplas com etiologia única (ex: trissomia do 13). • Deformação: alteração por forças mecânicas da forma, do contorno do corpo ou da posição de uma parte do corpo formada normalmente. • Disrupção: defeito morfológico de um órgão, parte de um órgão, ou uma região maior do corpo resultado de uma quebra extrínseca do processo de desenvolvimento normal original ou de sua interferência. O presente resumo foi baseado na aula de genética médica da professora Maria Denise Fernandes Carvalho e nas referências abaixo. JORDE, L.B.; CAREY, J.C.; BAMSHAD, M.J.; WHITE, R.L. Genética médica. 3. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. CMV: INFECÇÃO CONGÊNITA E CUIDADOS COM O BEBÊ. Bioemfoco, 2018. Disponível em: < http://bioemfoco.com.br/no- ticia/infeccao-congenita-cmv-prejudicar-bebe/#:~:text=Para%20pessoas%20com%20o%20sistema,nos%20pri- meiros%20meses%20de%20vida.>. Acesso em: 23 fev. 2020. TESINI, Brenda. Toxoplasmose congênita. Manual MSD, 2018. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt- br/profissional/pediatria/infec%C3%A7%C3%B5es-em-rec%C3%A9m-nascidos/toxoplasmose-cong%C3%AA- nita>. Acesso em: 23 fev. 2020. RUBÉOLA E SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA. Secretaria de Saúde. Disponível em: <https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Rubeola-e-sindrome-da-rubeola-congenita.>. Acesso em: 23 fev. 2020. IKEDA, Kenneth; JONES, Marcos. Padrões Reconhecíveis de Malformações Congênitas. Elsevier, 6º edição. Rio de Ja- neiro, 2007. MENDES, Isadora et al. Anomalias congênitas e suas principais causas evitáveis: uma revisão. Revista Médica de Minas Gerais, Goiânia, volume 28, junho, 2018. Disponível em: <http://www.rmmg.org/artigo/deta- lhes/2329#:~:text=Elas%20podem%20ser%20classificadas%20em,que%20se%20sobrepoem%20aos%20nor- mais>. Acesso em: 23 fev. 2020. Andressa Nogueira Cardoso – Meduece 2025.1 Sued Magalhães Moita – Meduece 2025. http://bioemfoco.com.br/noticia/infeccao-congenita-cmv-prejudicar-bebe/#:~:text=Para%20pessoas%20com%20o%20sistema,nos%20primeiros%20meses%20de%20vida http://bioemfoco.com.br/noticia/infeccao-congenita-cmv-prejudicar-bebe/#:~:text=Para%20pessoas%20com%20o%20sistema,nos%20primeiros%20meses%20de%20vida http://bioemfoco.com.br/noticia/infeccao-congenita-cmv-prejudicar-bebe/#:~:text=Para%20pessoas%20com%20o%20sistema,nos%20primeiros%20meses%20de%20vida https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/infec%C3%A7%C3%B5es-em-rec%C3%A9m-nascidos/toxoplasmose-cong%C3%AAnita https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/infec%C3%A7%C3%B5es-em-rec%C3%A9m-nascidos/toxoplasmose-cong%C3%AAnita https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/infec%C3%A7%C3%B5es-em-rec%C3%A9m-nascidos/toxoplasmose-cong%C3%AAnita https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Rubeola-e-sindrome-da-rubeola-congenita Conjunto de técnicas destinadas a investigar a saúde fetal no período de vida intrauterina . • Informar os casais sobre o risco de um defeito congênito ou de um distúrbio genético em sua gestação. • Fornecer segurança e reduzir a ansiedade. • Permitir aos médicos o planejamento do tratamento pré-natal de um feto, ou, se esse tratamento não for pos- sível, providenciar a conduta adequada para o nascimento eminente de uma criança afetada. • Permitir aos casais em risco a possibilidade de confirmação de normalidade ou anormalidade. • Idade materna avançada [pelo menos metade das mulheres gestantes acima dos 35 anos de idade elege o uso da punção de vilosidades coriônicas (CVS) ou da amniocentese para cariotipagem fetal]. • Anormalidade cromossômica ou malformação fetal na gravidez em curso ou em anterior. • Histórico familiar de doenças genéticas. • Presença de anomalias cromossômicas ou congênitas em um dos pais. • Screening sérico maternos alterado. • Perdas gestacionais repetidas. • Consanguinidade. • Exposição materna a agentes teratogênicos. • Infecções congênitas. • Ansiedade. Os testes invasivos devem ser realizados caso o risco da anomalia fetal seja, no mínimo, tão grande quanto o risco de aborto ou outra complicação do procedimento em si. São eles: − Amniocentese − Punção de vilosidades coriônicas − Cordocentese − Diagnóstico genético pré-implantação. Os testes não-invasivos são indicados, para mulheres abaixo dos 35 anos, para todas as gestações, in- dependente do risco. São eles: − Ultrassonografia. − Ecocardiografia fetal − RM fetal − Amostra de sangue da gestante Consiste num procedimento realizado entre a 15º e a 16º semana após o primeiro dia do último período menstrual ou mais precocemente, entre a 10º e 14º se- mana, mas com risco de complicações. Nesse procedi- mento, insere-se uma agulha por via transabdominal no saco amniótico e se extrai uma amostra do líquido am- niótico com seringa (20-25mL). Este líquido contém cé- lulas de origem fetal que podem ser cultivadas para testes diagnósticos. Antes da realização desse procedimento, é feito rotineiramente uma ultrassonografia para avaliar a viabilidade fetal, a idade gestacional, o volume do líquido amniótico, anormalidades fetais e, principalmente, para saber a posição ideal para a inserção da agulha. Além da análise cromossômica do feto, é possível, através da amniocentese, medir a concentração de alfa-fetoproteína (AFP) para detectar, principalmente, NDTs (Neural Tube Defects) abertos. Essa proteína é uma glicoproteína fetal produzida no fígado, secretada para a circulação fetal e excretada no líquido amniótico pela urina fetal. Ela pode ser medida tanto no líquido amniótico (AFAFP) quanto no soro materno (MSAFP). Apesar de ser o método mais seguro de diagnóstico pré-natal, haja vista que o líquido fica longe do feto, existem complicações na realização desse procedimento (risco: 0,5%). A principal complicação é induzir o aborto, mas existem complicações mais raras, como a perda de líquido amniótico, sangramentos e lesão do feto pela agulha de punção. Procedimento realizado entre a 10º e a 12º semana que consiste na biópsia de tecido fetal da área vilosa do córion, por via transcervical ou transabdominal guiada por US, o que permite, a partir do material colhido, a obtenção do cariótipo fetal. Essa análise de DNA é mais fácil que na amniocentese devido a maior quantidade de material coletado. Sua principal vantagem é permitir que os resultados estejam disponíveis em um estágio mais inicial da gestação, reduzindo assim o período de incerteza. Por outro lado, as suas principais complicações envolvem sangramento, perda de líquido amniótico, infecção e perda fetal, apesar do baixo risco de complicações (1 a 1,5%) • 10-12 semanas • 16-20 semanas • Perda gestacional: 1:100 • Perda gestacional: 1:200 • Diagnóstico de NTD: não • Diagnóstico de NTD: sim • Análise de DNA: fácil • Análise de DNA: difícil • Resultados: 2sem/48h • Resultados: 2sem/48h • Mosaicismo: 1 a 2% • Mosaicismo: raro Procedimento realizado a partir de 16 semanas de gestação até o termo que consiste na obtenção do sangue fetal diretamente do cordão umbilical guiada por US, com risco de complicação de 1%. Este risco é baixo, mas é ligeiramente maior que as da amniocentese e da CVS. A US é a técnica mais utilizada para visualização fetal, sendo útil na detecção de várias malformações fetais. Para a sua realização, são necessários equipamentos caros e treinamento especializado. Além disso, ela não apresenta nenhum risco para o feto e pode ser realizada em qualquer estágio da gravidez. Um dos exames feitos durante o ultrassom é a transluscência nucal, que serve para medir a quanti- dade de líquido na região da nuca do feto e que deve ser realizado entre a 11º e a 13º semana de gestação. Esse exame é importante
Compartilhar