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CONCRETO ARMADO 141 141 Capítulo 10 PROJETO E DETALHAMENTO DE VIGAS 10.1 - Introdução O projeto de uma viga de concreto armado engloba a determinação das solicitações, das dimensões da seção transversal, cálculo das armaduras de flexão, cisalhamento e torção (em alguns casos), e o detalhamento destas. O passo seguinte é a verificação dos estados limites de utilização, a fim de garantir um desempenho satisfatório sob cargas de serviço. Essa verificação envolve, nos casos mais comuns, o cálculo de flechas e da abertura das fissuras. Basicamente, o projeto se desenvolve em quatro estágios: 1) estimativa preliminar das dimensões da viga e cálculo das cargas atuantes e das solicitações (momento fletor, força cortante e momento torçor); 2) cálculo das armaduras de flexão e de cisalhamento; 3) detalhamento das armaduras na seção transversal; 4) verificação dos estados limites de serviço; 5) detalhamento das armaduras ao longo dos vãos; 6) elaboração do desenho de armação, lista de ferros e quadro resumo. O assunto abordado neste capítulo depende da teoria e procedimentos apresentados em capítulos anteriores, principalmente dos métodos de cálculo das armaduras de flexão (capítulo 6) e de cisalhamento (capítulo 7), comprimentos de ancoragem (capítulo 8) e métodos para a verificação de flechas e aberturas de fissuras (capítulo 9). 10.2 - Estimativa das dimensões da viga e cálculo das solicitações As dimensões da seção transversal da viga geralmente são determinadas em função de imposições arquitetônicas. Quanto à largura da viga, a NBR-6118/2014, item 13.2.2, dispõe que a seção transversal das vigas não deve ter largura inferior a 12 cm, valor que pode ser reduzido em casos excepcionais, a um mínimo absoluto de 10 cm, desde que respeitadas as condições: Alojamento das armaduras, e suas interferências com as armaduras de outros elementos estruturais, respeitando os espaçamentos e coberturas estabelecidos na norma; Lançamento e vibração do concreto de acordo com a NBR 14931. Sempre que possível, a largura da viga deve ser projetada de modo que a mesma fique embutida na alvenaria. Isto nem sempre é possível, e, não sendo possível, ficará um dente aparecendo no alto da alvenaria; ou pode-se rebaixar o teto, com gesso ou material similar. Na falta de previsão por parte da norma, há quem fixe uma estimativa inicial da altura de vigas, que seria (ℓo é o vão livre): Vãos externos e viga biapoiada: hest = ℓo / 10 Vãos internos: hest = ℓo / 12 Balanços: hest = ℓo / 5 CONCRETO ARMADO 142 142 A norma fixa, no item 14.6.2.4, qual deve ser o vão teórico das vigas, (vão efetivo – ℓef). ℓef = ℓo + a1 + a2 onde ℓo – vão livre a1 e a2 – o menor valor dentre os abaixo indicados h/3 (h – altura da viga) a1 e a2 ≤ t1/2 ou t2/2 (localização no eixo dos pilares) onde t1 e t2 são as dimensões dos pilares, como mostrado na figura a seguir. Figura 10.1 – Vão teórico de viga As cargas que normalmente atuam diretamente sobre as vigas de edificações são: Peso próprio. Reações de lajes contíguas. Alvenaria. Reação de outras vigas. Carga de pilares (nas vigas de transição). Como já citado, não se está levando em conta ações horizontais, como é o caso do vento. A norma que trata das cargas atuantes em edificações é a NBR 6120/80 – Cargas para o Cálculo de Estruturas de Edificações. O cálculo dos momentos fletores e forças cortantes numa viga pertencente a um pórtico, quando apenas as cargas verticais estão sendo consideradas, pode ser feito adotando-se uma subestrutura simplificada, que consiste da viga em questão e dos pilares dos pavimentos superior e inferior, com os pilares engastados nas extremidades, como ilustrado na Figura 10.2. CONCRETO ARMADO 143 143 Figura 10.2 – Subestrutura para o cálculo das solicitações numa viga pertencente a um pórtico A NBR 6118/2014, item 14.6.6.1, permite o cálculo de vigas com o modelo clássico de viga contínua, simplesmente apoiada nos pilares, para o estudo das cargas verticais. Figura 10.3 – Viga contínua Requer a norma, entretanto, que se observe a necessidade das seguintes correções adicionais (item 14.6.6.1): Não consideração, num vão, de momento positivo máximo inferior ao que se obteria com engastamento perfeito nos apoios internos (carregamento uniforme distribuído: Meng = qℓ2/14,22 ou qℓ2/24). Sendo a viga solidária com o pilar intermediário, e a largura do apoio, medida na direção do eixo da viga, for superior a h/4 (h é a altura do pilar), não se pode considerar na viga momento negativo inferior ao de engastamento perfeito neste apoio (carregamento uniforme distribuído: Meng = qℓ2/8 ou qℓ2/12). Sendo a viga solidária aos pilares de extremidade, não se procedendo ao cálculo exato, devem ser considerados os seguintes momentos na viga e pilares: Na viga: Mvig = Meng x 𝑟𝑠𝑢𝑝+ 𝑟𝑖𝑛𝑓 𝑟𝑣𝑖𝑔+ 𝑟𝑠𝑢𝑝+ 𝑟𝑖𝑛𝑓 No tramo superior do pilar: Msup = Meng x 𝑟𝑠𝑢𝑝 𝑟𝑣𝑖𝑔+ 𝑟𝑠𝑢𝑝+ 𝑟𝑖𝑛𝑓 No tramo inferior do pilar: Minf = Meng x 𝑟𝑖𝑛𝑓 𝑟𝑣𝑖𝑔+ 𝑟𝑠𝑢𝑝+ 𝑟𝑖𝑛𝑓 Engaste Pilar Viga CONCRETO ARMADO 144 144 Onde “r” é a rigidez dos elementos, calculado como: 𝑟𝑖 = 𝐼𝑖 ℓ𝑖 Tais expressões representam a distribuição de momentos, entre as barras do nó do pórtico, como se faz numa 1ª iteração do método de Cross. Figura 10.4 – Engastamento elástico no pilar de extremidade (P. B. Fusco, Estruturas de Concreto – Solicitações Normais) Observar que, no caso de edificação com vários andares, os momentos nos pilares de determinado andar recebem momentos provenientes dos dois andares (superior e inferior), pois há a transmissão do momento equilibrado no nó através do pilar (coeficiente de transmissão igual a -0,5). Tal fenômeno deve ser levado em conta no dimensionamento do pilar – vide detalhe mais à direita na figura 3: M = M(i-1,sup) + 0,5 M(i,inf) 10.3 - Cálculo das armaduras A armadura de flexão (longitudinal) é determinada de acordo com os métodos descritos no capítulo 6. Ela é calculada nas seções críticas, ou seja, nas seções dos apoios (armadura negativa) e nas seções de momentos máximos nos vãos (armadura positiva). Uma vez obtida a área da seção, escolhe-se um diâmetro e obtém-se o número de barras necessárias. O comprimento dessas barras será determinado de forma a cobrir o diagrama de momentos fletores, de acordo com o procedimento descrito no item seguinte. A armadura transversal, de combate à força cortante, é determinada conforme o estabelecido no capítulo 7. Essa armadura pode ser constituída de estribos apenas, ou de estribos e barras dobradas. Para o cálculo da armadura, o diagrama de força cortante é dividido em trechos, como mostrado no Capítulo 7, item 7.5.1.5. Em vigas de edifícios em geral, cada vão é dividido em três trechos: um trecho central com armadura mínima e os demais com armadura calculada com a força cortante máxima em cada trecho. CONCRETO ARMADO 145 145 10.4 – Armadura de pele A norma trata da armadura de pele nos itens 17.3.5.2.3 e 18.3.5: As.pele = 0,10% Ac, alma por face ≤ 5 𝑐𝑚 2 𝑚⁄ 𝑝𝑜𝑟 𝑓𝑎𝑐𝑒 - barras de alta aderência (CA-50 ou CA-60) d/3 S ≤ 20 cm 15 ∅ (controle da abertura de fissuras – item 17.3.3.2) Nas vigas com altura igual ou inferior a 60 cm pode ser dispensada a utilização da armadura de pele. 10.5 – Detalhamento das armaduras na seção transversal da viga Detalhe importante no dimensionamento de concreto armado é o posicionamento das barras de armadura na seção transversal, de modo que a peça cumpra sua função estrutural, mas que também garanta condições adequadas de execução, particularmentecom relação lançamento e adensamento do concreto fresco. Os espações entre barras devem prever a introdução do vibrador, impedir a segregação dos agregados e a ocorrência de vazios no interior do elemento estrutural (NBR 6118/2014, item 18.2.1). Para que estas condições sejam atendidas, a norma fixa distâncias mínimas entre as barras de armadura na seção transversal (item 18.3.2.2). São fixadas as seguintes distâncias mínimas: Na direção horizontal (ah): 20 mm ah ≥ (da barra ou do feixe ou da luva) Br1 (19 mm), ah ≥ 23 mm 1,2 dmax (agregado) Br2 (25 mm), ah ≥ 30 mm Figura 10.5 – Espaçamento mínimo entre barras na seção CONCRETO ARMADO 146 146 Na direção vertical (av): 20 mm av ≥ (da barra ou do feixe ou da luva) Br1 (19 mm), ah ≥ 9,5 mm 0,5 dmax (agregado) Br2 (25 mm), ah ≥ 12,5 mm Para feixes de barras, deve se considerar: n = √𝑛 Estes valores devem ser respeitados inclusive na região das emendas por traspasse das barras. Deve ser previsto espaço suficiente para introdução do vibrador, de modo a impedir a segregação dos agregados e a ocorrência de vazios no interior do elemento estrutural (item 18.2.1). Tal espaço deve ser previsto a partir da 2ª camada de armadura, quando a viga tenha três ou mais camadas de armadura (Fusco, P;B., Técnica de Armar as Estruturas de Concreto, PINI, 2013). Os diâmetros mínimos da agulha de vibradores situam-se em 2,5 a 3,5 cm. O cobrimento nominal das armaduras em vigas em concreto armado, assim como dos outros elementos estruturais, depende da classe de agressividade ambiental, e deve ser o indicado na tabela a seguir (item 7.4.7 da norma – valores da tabela a seguir são para elementos que não estejam em contato com o solo). Tabela 10.1 – Valores de cobrimento nominal (vigas e pilares em concreto armado) Classe de Agressividade Ambiental CAA Cobrimento nominal Cnom (mm)* I (fraca) 25 II (moderada) 30 III (forte) 40 IV (muito forte) 50 * - elementos que não estejam em contato com o solo. Os valores tabelados acima são os de cobrimento nominal (cnom). Cobrimento nominal é a soma do cobrimento mínimo (cmin) a ser garantido com a tolerância de execução (∆c). A tolerância de execução é de 10 mm nas obras correntes, podendo ser reduzido para 5 mm caso haja controle rigoroso de tolerância da variabilidade das medidas durante a execução, explicitado nos desenhos de projeto estrutural. Além dos limites da tabela, devem ser atendidos os limites a seguir: (da barra ou da luva) cnom ≥ n = √𝑛feixe de barras Br1 (19 mm), cnom ≥ 16 mm 0,83 dmax (ou dmax ≤ 1,2 . cnom) Br2 (25 mm), cnom ≥ 21 mm CONCRETO ARMADO 147 147 10.6 - Verificação dos estados limites de serviço Essa verificação consiste no cálculo das flechas e das aberturas das fissuras a fim de compará-las com os valores admissíveis estabelecidos nas normas, de acordo com o apresentado no capítulo 9. 10.7 - Detalhamento da armadura longitudinal ao longo do vão Determinadas as áreas de armadura longitudinal nas seções críticas da viga, e o número de barras necessárias (e sua distribuição na seção transversal), a próxima etapa será definir o comprimento de cada barra, ou conjunto de barras, ao longo do vão da viga. À medida que os momentos fletores vão diminuindo de intensidade, parte da armadura longitudinal poderá ser dispensada, por medida de economia. O método utilizado é o de cobertura do diagrama de momentos fletores da viga. Para isto, se desenha uma elevação da viga, em escala adequada, juntamente com o diagrama de momentos fletores, também traçado em escala. Figura 10.6 – Diagrama de momentos fletores (Chust & Figueirdo Fº, Cálculo e Detalhamento de Estruturas Usuais de Concreto Armado) Assim, se, no momento negativo sobre um apoio, determinamos sete barras de armadura, devemos dividir o diagrama de momentos em sete partes iguais, cada parte correspondendo à parcela do momento resistido por uma barra de armadura. Figura 10.7 – Divisão do diagrama pelo nº de barras de armadura (Chust & Figueirdo Fº, Cálculo e Detalhamento de Estruturas Usuais de Concreto Armado) Procedimento análogo deve ser adotado para os demais momentos fletores nas seções críticas da viga (momentos negativos nos apoios e máximos positivos em cada vão). Em princípio, a partir desta divisão do diagrama de momentos fletores, pode-se determinar o comprimento de cada barra, ao qual deve ser acrescido o comprimento de ancoragem, capaz de transferir CONCRETO ARMADO 148 148 ao concreto a força que atuava na barra de armadura que está sendo retirada de serviço. Mas antes é necessário estudar o fenômeno da decalagem do diagrama de momentos para definir corretamente os comprimentos das barras longitudinais. 10.7.1 Decalagem do diagrama de momentos fletores Nos trechos onde há momentos fletores e esforço cortante, se usa o modelo da treliça de Mörsch, desenvolvido no início do século XX, como representativo do comportamento da viga. Tal modelo é, ainda hoje, o que melhores resultados apresenta, para exprimir o comportamento de uma viga de concreto armado solicitada a flexão e esforço cortante (com algumas pequenas adaptações). Pelo diagrama de momentos fletores da viga, Figura 10.6, o esforço na armadura longitudinal positiva no apoio A seria igual a zero, já que o momento no apoio extremo é nulo. Entretanto, pelo equilíbrio no nó de apoio da viga, pelo modelo da treliça de Mörsch, há necessidade de uma força na armadura igual a: Rsd = Vd (= Pd – esforço cortante no apoio extremo) Isto nos leva à conclusão de que os esforços na armadura longitudinal não seguem precisamente o diagrama de momentos fletores. Para levar em conta tal efeito, se deve deslocar horizontalmente o diagrama de momentos fletores, de um valor (𝑎ℓ), como mostrado na Figura 10.8. Figura 10.8 – Diagrama de momentos com decalagem (Süssekind, Curso de Concreto – Vol. I) Ensaios mais recentes mostraram que, embora a treliça de Mörsch ainda seja o modelo que melhor representa o comportamento de uma viga solicitada por momentos fletores e esforços cortantes, tal modelo leva a uma armadura de cisalhamento em excesso, havendo a necessidade de correção de alguns parâmetros, para ajustá-lo aos resultados obtidos nos ensaios de vigas de concreto armado. Os valores de decalagem também estão sujeitos a tais ajustes. Assim, o item 17.4.2.2 da norma fixa o seguinte valor para a decalagem do diagrama de momentos fletores (modelo de cálculo I para esforço cortante): 𝑎ℓ = ( 𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 2 .(𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥− 𝑉𝑐) . (1 + 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝛼)- cotg ) . d ≤ d Adotando-se os valores mínimos de decalagem fixados na norma: d/2, no caso geral; 𝑎ℓ ≥ d/5, para estribos inclinados a 45º d, quando |𝑉𝑆𝑑,𝑚á𝑥| ≤ 𝑉𝑐 CONCRETO ARMADO 149 149 10.7.2 Distribuição longitudinal da armadura tracionada Assim, numa viga como a mostrada a seguir, ter-se-ia um diagrama de momentos decalado, a partir do qual se deve determinar os pontos onde as barras das armaduras de flexão podem ser dispensadas. Logo, é a partir do diagrama de momentos decalado, da figura 10.9, que se deve determinar o comprimento das barras de armadura longitudinais, e não daquele diagrama de momentos mostrado na figura 10.7. Figura 10.9 – Diagrama de momentos decalado (Chust & Figueirdo Fº, Cálculo e Detalhamento de Estruturas Usuais de Concreto Armado) Determinado o valor da decalagem a ser adotada, pode-se passar agora para a definição do comprimento das barras de armadura longitudinal (item 18.3.2.3 da norma). Seja, por exemplo, uma viga com momento negativo, como mostrado na figura a seguir. Foram determinadas quatro barras de armadura para resistir ao momento negativo.Traça-se o diagrama de momentos em escala, com a decalagem, e divide-se o diagrama de momentos pelo número de barras de armadura, como já mostrado na figura 10.7. O diagrama decalado é cortado pelas linhas horizontais, nos pontos A e A´, B e B´, C e C´, D e D´, E e E´. Para resistir ao momento na linha 1, bastaria uma barra de armadura. Para resistir ao momento na linha 4, são necessárias 4 barras. A 4ª barra começa a ser necessária acima da linha 3 (BB´). Na linha 4 (AA´) esta 4ª barra é solicitada em sua totalidade. Onde é possível dispensar a 4ª barra ? A partir da linha AA´, deve-se ter no mínimo o comprimento de ancoragem (ℓ𝑏) da barra, para ambos os lados, de modo a permitir toda a transferência da força de tração da barra para o concreto adjacente. Por outro lado, em tese, a 4ª barra deixa de ser necessária se tiver um comprimento BB´, pois, para aquele valor de momento, são necessárias somente 3 barras. Como medida de segurança, a norma exige que se ultrapasse B e B´ com um comprimento adicional de 10 (para cada lado), onde é o diâmetro da barra. Este comprimento deve ser o adotado, caso seja maior que o anterior. No exemplo mostrado na figura a seguir, para a barra Pos. 4 foi determinante para definição de seu comprimento o comprimento de ancoragem (medido a partir de AA´). Já para a barra da Pos. 1, foi determinante para a definição do comprimento o valor 10. (medido a partir de EE´). CONCRETO ARMADO 150 150 Figura 10.10 – Determinação do comprimento das barras da armadura longitudinal para momento negativo Há situações em que o valor da ancoragem (ℓ𝑏) é determinante numa das extremidades da barra e o valor (10) é o determinante na outra extremidade. Caso se deseje que a barra da posição 4 seja dobrada, para fins de resistir ao esforço cortante, a mesma poderia ser dobrada na posição B (e B´), sem necessidade do acréscimo de (10). Às vezes, para facilitar desenho e execução, as barras podem ser alternadas, como mostrado na figura a seguir. Figura 10.11 – Barras alternadas Para os momentos positivos, o procedimento é idêntico, com a diferença de que determinada quantidade das barras da armadura positiva devem ser obrigatoriamente levada até o apoio, e aí devidamente ancorada. Tais requisitos serão abordados em seguida. CONCRETO ARMADO 151 151 10.7.3 Regras quanto à armadura positiva junto aos apoios A NBR 6118/2014 dispõe sobre as armaduras positivas que devem ser previstas junto aos apoios no item 18.3.2.4. Quantidade de armadura positiva levada até o apoio: Caso haja momento positivo no apoio, usa-se a armadura exigida no dimensionamento à flexão. Se o apoio for intermediário, as barras devem ser contínuas, ou emendadas no apoio. Em apoios extremos, prever armadura suficiente para ancorar a diagonal comprimida de concreto, como já observado quanto à figura 11 (em quantidade devidamente corrigida em relação à prevista pelo modelo de Mörsch). Fsd = (𝑎ℓ / d )Vd Caso, além da reação vertical (Vd) haja ainda uma reação horizontal de tração (Nd), a armadura necessária passa a ser calculada para uma força igual a: Fsd = (𝑎ℓ / d )Vd + Nd Apoios extremos ou intermediários em que o momento no apoio (Mapoio) for nulo ou inferior à metade do momento máximo positivo no vão (|Mapoio | ≤ 0,5 Mvão) As,apoio ≥ 1/3 (As,vão) Apoios extremos ou intermediários em que o momento no apoio (Mapoio) for negativo e de valor absoluto superior à metade do momento máximo positivo no vão (|Mapoio | > 0,5 Mvão). As,apoio ≥ 1/4 (As,vão) Devem chegar no apoio pelo menos duas barras de armadura positiva (limitação construtiva de ordem prática). Comprimento de ancoragem da armadura positiva levada até o apoio: Em apoios extremos, as barras da armadura devem ser ancoradas a partir da face do apoio, com comprimentos iguais ou superiores aos seguintes valores (item 18.3.2.4.1): Comprimento de ancoragem, ℓ𝑏,𝑛𝑒𝑐 (vide Nota a seguir); (r + 5,5 ); 60 mm. Em apoios intermediários, não havendo possibilidade de ocorrência de momento positivo, nem mesmo em situações imprevistas (particularmente por efeitos do vento ou de eventuais recalques diferenciais), o comprimento de ancoragem pode ser igual a 10. Quando esta possibilidade existir, as barras devem ser contínuas ou emendadas sobre os apoios. CONCRETO ARMADO 152 152 Nota: ℓ𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 𝐴𝑠,𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡 . ℓ𝑏 10 . ∅ ℓ𝑏,𝑛𝑒𝑐 ≥ 0,3 . ℓ𝑏 10 𝑐𝑚 EXEMPLO 10.1 Calcular as amaduras de flexão e de cisalhamento e fazer o detalhamento completo. Adotar estribos verticais. fck = 25 MPa Aço CA-50 Seção transversal: 20 50 cm Adotar d = h – 5 cm 30 kN/m 17 kN/m 25 kN 35 101 124 170 182 162 7,0 m 2,5 m V (kN)d M (kN.m)d 1 6 2 1 8 2 Ecala horizontal 1 :50 10 lb10 lb lb lb lblb 2 N11 6,3 c=270 2 N5 16 c=415 (2a cam.) 2 N6 16 c=590 2 N7 16 c=775 730 lb lb lb lb lb lb lb lb lb lb lb lb 2 N1 6,3 c=530 2 N2 16 c=500 2 N3 16 c=330 1 N4 16 c=220 (2a cam.) 4 5 V1 20/50 M d i M d i 455 M (kN.m)d a l 2 a l 2 a l 105 70 4 5 41 N9 6,3 c=136 4 6 16 13 N10 5 c=136 80 a l 250155545 27 N9 6,3 c/20 14 N9 6,3 c/11 13 N10 5 c/19 2 3 1 1 3 2 5 4 5 6 4
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