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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS
ANDRÉIA GOMES LEITE
FATORES QUE PREDISPÕE À DEPRESSÃO NO SERVIÇO DE ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA
Dourados
2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA GRANDE DOURADOS
ANDRÉIA GOMES LEITE – RGM: 222.465
FATORES QUE PREDISPÕE À DEPRESSÃO NO SERVIÇO DE ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Enfermagem do Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN, como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.
Orientadora: Profª. Msc Carla Monteiro
Coorientador: Enf. Esp. Rodrigo Domingos de Souza
Dourados
2020
AGRADECIMENTO
Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, pois, em sua infinita bondade e misericórdia me sustentou e me guiou até aqui, pela sabedoria nas escolhas dos melhores caminhos, coragem para acreditar e força para não desistir.
Agradeço à minha orientadora Prof. Msc. Carla Monteiro por aceitar conduzir o meu trabalho de pesquisa.
Ao meu coorientador Enfermeiro Rodrigo Domingos de Souza que desde o primeiro momento me acolheu com muita atenção e profissionalismo, por sempre estar presente nas minhas dúvidas e dificuldades. Serei eternamente grata.
Aos meus pais Valdir Batista Leite, Hilda Gomes Leite e à minha irmã Herika Gomes Leite que sempre estiveram ao meu lado me apoiando ao longo de toda a minha trajetória.
RESUMO
Objetivo: descrever os fatores associados ao desenvolvimento da depressão no serviço de enfermagem. Método: revisão integrativa realizada em novembro de 2020 na base de dado, LILACS e bibliotecas eletrônicas SciELO e PubMed. Foram incluídos qualquer tipo de pesquisa que aborde a temática, publicado na íntegra, no período de 2015 a 2020, no idioma português e/ou inglês – que apresentassem os fatores que predispões à depressão nos serviços de enfermagem. Analisaram-se 1188 publicações, das quais 4 compuseram a amostra. Resultados: Foram encontradas diversos fatores distintos que predispõe à depressão em profissionais de enfermagem, sendo as principais: a desorganização do trabalho, o relacionamento prejudicial com a chefia, o comportamento inadequado do médico, as agressões por parte dos pacientes, familiares e residentes de medicina, a falta de insumos, infraestrutura e recursos humanos, a desvalorização profissional e a falta de protocolos, normas e rotinas. Conclusão: verificou-se que apesar da depressão não ser uma forma de adoecimento exclusiva de trabalhadores de enfermagem, faz-se necessário direcionar estudos para minimizar o problema.
Descritores: Depressão; Enfermagem; Trabalho.
ABSTRACT
Objective: to define the factors associated with the development of depression in the nursing service. Method: integrative review conducted in November 2020 on the database, LILACS and electronic bibliographies SciELO and PubMed. Any type of research that addresses the topic, published in full, from 2015 to 2020, in Portuguese and / or English - that presented the factors that predispose to depression in nursing services were included. 1188 publications were analyzed, of which 4 comprised the sample. Results: Several different factors were found that predispose to depression in nursing professionals, the main ones being: the disorganization of work, the harmful relationship with the boss, the inappropriate behavior of the doctor, such as aggressions by patients, family members and medical residents , the lack of inputs, infrastructure and human resources, the professional devaluation and the lack of protocols, rules and routines. Conclusion: it was found that although depression is not a form of illness exclusively for nursing workers, it is necessary to direct studies to minimize the problem. 
Descriptors: Depression; Nursing; Job.
FATORES QUE PREDISPÕE À DEPRESSÃO NO SERVIÇO DE ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA
Andreia Gomes Leite [footnoteRef:1] [1: Acadêmica de Enfermagem do Centro Universitário da Grande Dourados] 
Carla Monteiro [footnoteRef:2] [2: Mestre em Ensino e Saúde. Docente do curso de Enfermagem do Centro Universitário da Grande Dourados
³ Enfermeiro Esp. Enfermagem Obstétrica. Hospital CASSEMS/ Unidade Dourados.] 
Rodrigo Domingos de Souza ³
INTRODUÇÃO
A depressão é uma perturbação de humor que embora seja bastante estudada e apresente alto índice de prevalência clínica, é uma das patologias subdiagnosticada, especialmente porque o indivíduo depressivo é resistente quanto às possibilidades de aceitação da doença, contribuindo dessa forma para a manutenção do alto grau de prevalência da patologia (BOING et al., 2012).
Vários estudos mostram que o adoecimento psíquico vem aumentando em vários tipos de profissões, mas nos mostram também que esse adoecimento está intimamente ligado com o tipo de profissão que é exercida. A área da saúde é uma categoria grandemente afetada, principalmente a Enfermagem, que por ser a linha de frente, acaba sendo exposta a situações de estresse e sobrecarga (ARAÚJO et al, 2014).
Gherardi-Donato et al. (2015) corroboram com o autor acima ao afirmarem que a relação da depressão com os trabalhadores está diretamente modulada pelos estressores no ambiente de trabalho. O estresse laboral, definido como resultado do desequilíbrio entre as demandas do exercício profissional e a capacidade de enfrentamento do trabalhador, associa-se ao desgaste do profissional, articulando-se negativamente à saúde mental dos trabalhadores. As taxas de prevalência de depressão ou sintomatologia depressiva entre profissionais da enfermagem são superiores a 20%, consideradas altas, quando comparadas com a população em geral.
Sabe-se que a depressão é uma das três doenças mais referidas pelos trabalhadores de enfermagem, para tanto, os responsáveis pelos serviços de saúde devem identificar este problema precocemente, promover a saúde no trabalho, evitar desfechos tristes e fatais, bem como a diminuição ou perda da qualidade da assistência prestada (SILVA et al, 2015).
Diante do exposto, o objetivo desse trabalho é descrever os fatores associados ao desenvolvimento da depressão no serviço de enfermagem.
REVISÃO DE LITERATURA
Del Porto (1999) define depressão como estado afetivo de tristeza, que se transforma em síndromes e em doenças. Vargas e Dias (2011) explicam que a depressão quando caracterizada como síndrome o indivíduo “apresenta alterações de humor (irritabilidade, falta de capacidade de sentir prazer, apatia), incluindo alterações cognitivas, psicomotoras e vegetativas (sono e apetite)”. 
A depressão se apresenta na pessoa como sentimento de tristeza, alteração de humor desvalorativo, baixa-autoestima, falta de vontade de experimentar prazer nas atividades diárias, fadiga emocional, pensamento conturbado, falta de concentração e de tomar decisões. Os sinais fisiológicos aparecem com “alteração do sono, alteração do apetite e menor interesse sexual” (VARGAS; DIAS, 2011).
O diagnóstico da depressão deve ser realizado por um profissional especialista em saúde mental, pois a depressão é um distúrbio do humor caracterizado por sintomas persistentes de sentimento de tristeza e perda de interesse pelas atividades da vida. O diagnóstico começa com uma consulta médica ou especialista em saúde mental. O médico durante a consulta pode fazer um exame físico para verificar causas físicas e condições coexistentes, a partir de então fazer uma anamnese com perguntas específicas sobre a vida e o cotidiano da pessoa para avaliar a gravidade da depressão. Existem alguns mecanismos que facilitam o diagnóstico como a Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton (HAM-D), a qual foi criada para ser utilizada exclusivamente em pacientes previamente diagnosticados com transtorno afetivo do tipo depressivo. Essa escala possui entre 21 e 24 perguntas, que conforme a resposta vai dando subsídios para o médico ou psicólogo a identificar e classificar o grau depressivo da pessoa. A escala de Hamilton é um dos instrumentos de avaliação mais amplamente utilizados no mundo para clínicos queclassificam depressão (FREIRE et al., 2014).
As causas da depressão não são totalmente compreendidas e podem não estar relacionadas a uma única fonte. É provável que a depressão se deva a uma combinação complexa de fatores incluindo: genética se um parente de primeiro grau é depressivo aumenta o risco, biológicos devido as alterações nos níveis de neurotransmissores, meio ambiente, psicológico e social (psicossocial). Também são causas de depressão a própria personalidade do indivíduo, principalmente no enfrentamento de situação em que se saem malsucedidos (BRASIL, 2019). 
Algumas pessoas correm maior risco de depressão do que outras, entre os fatores de riscos estão inclusos eventos de vida, tais como: luto, divórcio, questões de trabalho, relacionamentos com amigos e familiares, problemas financeiros, preocupações médicas ou estresse agudo. Vargas e Dias (2011) destacam que a literatura correlaciona o desempenho da atividade de enfermagem com diferentes doenças mentais, principalmente a depressão. Em decorrência da exaustão que os profissionais de enfermagem passam no ambiente de trabalho assistindo e cuidando de pessoas com as mais diferentes doenças, resulta em estímulos estressante devido as vivências no ambiente de trabalho. 
De acordo com Silva (2009) os profissionais de saúde, principalmente os da área de enfermagem, são afetados diretamente por trabalharem com pessoas doentes, dessa forma é preciso muito preparo psicoemocional para que o sofrimento do outro não se transforme em um processo exaustivo e estressante, ter habilidades para defender-se conscientes e inconscientes do sofrimento que a pessoa doente e seus familiares estão enfrentando. No entanto os mecanismos de defesa do indivíduo nem sempre são eficazes para lidar com situações de dor e sofrimento, assim muitas vezes os trabalhadores da equipe de enfermagem podem apresentar sinais de depressão ou irritabilidade.
O trabalho realizado por Silva et al. (2015) onde verificaram nas publicações estudadas entre os anos de 2012 e 2014, evidencias significativas de risco de depressão entre profissionais de enfermagem, devido ao excesso de carga horária, estresse profissional e relações interpessoais. Também verificaram que as publicações apontam risco de suicídio entre os profissionais devido a transtornos mentais decorrentes do ambiente profissional. 
Aguiar (2017) identificou na literatura estudada que os principais riscos psicológicos desenvolvidos pelos profissionais de enfermagem estão relacionados ao ambiente de trabalho, pois o ambiente laboral desses profissionais é rodeada de estressores que provocam a depressão nesses profissionais, que na maioria dos casos quando não diagnosticado precocemente pode conduzir ao suicídio. Sendo que entre os estressores mais agravantes é a condição financeira, que obriga os trabalhadores a exceder nas horas trabalhadas, o que conduz ao estresse laboral e consequentemente a depressão.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, metodologia que integra achados advindos de pesquisas com diferentes desenhos, permitindo a compreensão de problemas relevantes e a definição de novos conceitos. A revisão integrativa engloba a revisão de teorias e metodologias, já que permite a inclusão simultânea de estudos empíricos e teóricos e é apropriada para a investigar áreas emergentes, como o caso do aumento da depressão nas equipes de enfermagem (YONEKURA et al, 2019).
Para a elaboração desta revisão seguiu-se seis etapas distintas e sequenciais preconizadas na literatura, sendo elas: 1) identificação do tema e questão de pesquisa; 2) estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão dos estudos e busca na literatura; 3) definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; 4) avaliação dos estudos inclusos; 5) interpretação dos resultados e; 6) apresentação da revisão (MENDES; SILVEIRA E GALVÃO, 2008). Como ponto de partida, formulou-se a seguinte questão norteadora: Quais os fatores que contribuem para o desenvolvimento da depressão entre profissionais de enfermagem no desempenho de suas funções?
Para responder esta questão, foi realizada pesquisa eletrônica nas bases de dados Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e as bibliotecas virtuais National Center for Biotechnology Information (NCBI/PubMed) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). A busca foi executada no mês de em novembro de 2020, cruzando os seguintes Descritores em Ciências da Saúde no formulário básico dos bancos de dados: ‘Risk factors x Depression x Nursing’; ‘Depression x Nursing’; ‘Depressão x Enfermagem x Trabalho. A Figura 1 ilustra o processo de seleção dos estudos desta revisão.
Os critérios de inclusão estabelecidos para a seleção dos estudos foram os seguintes: qualquer tipo de pesquisa que aborde a temática, publicado na íntegra, no período de 2015 a 2020, no idioma português e/ou inglês – que apresentassem os fatores que predispões à depressão nos serviços de enfermagem. Foram excluídos registros repetidos e estudos que abordassem outras categorias profissionais.
 
Identificação
Estudos recuperados (n=1188):
PubMed (n = 904)
SCieLO (n = 166)
LILACS (n = 118)
	Duplicados (n = 822)
Estudos após a eliminação 
dos duplicados (n = 366)
Estudos excluídos pela leitura 
dos títulos e resumos (n = 354)
Triagem 
	
Estudos após a exclusão pela 
leitura dos títulos e 
resumos (n = 12)
Elegibilidade
Artigos excluídos pela leitura na íntegra (n = 8):
4 tratavam de outras categorias profissionais
4 tratavam de publicações de 2014
Inclusão
Artigos Selecionados
 (n = 4)
Figura 1: Diagrama de busca e seleção dos estudos disponíveis nas bases de dados. Dourados - MS, 2020.
A fim de tornar didática a análise dos dados, foi criado um quadro sinóptico contendo as variáveis. Os tópicos de interesse foram: título do artigo, ano, autor, delineamento do tipo de estudo, população e variáveis estudadas.
2
Quadro 1 – Síntese dos estudos e seus desfechos. Dourado – MS, Brasil, 2020.
	Autor/ ano
	Título do artigo
	Delineamento
	População em estudo
	 Fatores de Risco
	SILVA E MARCOLAN.
2020
	Condições de trabalho e depressão em enfermeiros
de serviço hospitalar de emergência
	Estudo descritivo exploratório
	Enfermeiros
	*Desorganização do trabalho
*Relacionamento prejudicial com a chefia
*Comportamento inadequado do médico
*Agressões por parte dos pacientes, familiares e residentes de medicina
*Falta de insumos, infraestrutura e recursos humanos
*Desvalorização profissional
*Falta de protocolos, normas e rotinas
	MAHARAJ, LEES & LAL.
2019
	Prevalência e fatores de risco de depressão, ansiedade,
e estresse em uma Coorte de enfermeiras australianas
	Estudo Transversal
	Enfermeiros
	*Estresse físico e emocional
*Sobrecarga de trabalho
*Problemas de saúde mental
*Escassez de profissionais associada à alta rotatividade
*Insatisfação com o trabalho
	GHERARDI-DONATO et al.
2015
	Associação entre depressão e estresse laboral em profissionais de
enfermagem de nível médio
	Estudo de abordagem
quantitativa, tipo transversal e descritivo exploratório
	Técnicos e auxiliares de enfermagem
	*Doença prévia
*Estresse precoce na infância
*Alto nível de estresse
*Baixa remuneração
	SILVA et al.
2015
	Depressão e risco de suicídio entre profissionais
de Enfermagem: revisão integrativa
	Revisão integrativa
	Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem
	*Relações conflituosas nas responsabilidades pessoais e familiares
*Dificuldade com sofrimento
*Dificuldade em lidar com a morte
*Falta de autonomia, lazer e reconhecimento
*Plantão noturno
*Relações interpessoais
*Insegurança
*Conflito de interesse e renda familiar
*Condições e organização do trabalho
*Síndrome de Burnout
*Baixa realização profissional
*Problemas de Saúde
*Maior nível educacional
*Múltiplos empregos
*Consumo de álcool e outras drogas
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De modo geral, todos os artigos selecionados e analisados evidenciaram que a profissão de enfermagem podeocasionar problemas sérios à saúde mental, por diversos fatores, dentre eles, à desorganização do trabalho; o relacionamento prejudicial com a chefia; o comportamento inadequado evidenciado por agressões por parte dos pacientes, familiares e pelos médicos; falta de insumos, infraestrutura e recursos humanos; desvalorização profissional; baixa remuneração; falta de protocolos, normas e rotinas; alto nível de estresse; sobrecarga de trabalho; insatisfação com o trabalho; falta de autonomia, lazer e reconhecimento; realização profissional; doença prévia; estresse precoce na infância; dificuldade de lidar com o sofrimento e a morte; plantões noturno; insegurança no serviço; Síndrome de Burnout; presença de múltiplos empregos e consumo de álcool e drogas. A presença de um ou mais fatores descritos anteriormente são capazes der ocasionar estresse e descontentamento, colaborando como gatilho para desencadear depressão nesta classe de profissionais.
A desorganização do trabalho, pode estar atrelada à falta de protocolos, normas e rotinas que padronizariam a assistência. A ausência dessas normas, fluxos e rotinas ou inadequação das mesmas é fator para o desenvolvimento de distúrbios mentais devido à falta de padronização de condutas, a fragilizar a equipe de enfermagem no desenvolvimento de suas funções como falta de clareza nas funções e tarefas a serem desempenhadas pelos enfermeiros, o que diminui sua autonomia (LU et al. 2014).
O estudo de Rocha et al (2020) evidenciou a existência de conflitos no ambiente de trabalho como um fator de risco para o desencadeamento de transtornos mentais, seja com os próprios colegas de trabalho quanto com os pacientes e seus familiares. Sobre os colegas de trabalho, há vários outros fatores que contribuem a isso, como conflito de interesses, falta de diálogos e imperícia. Em relação aos pacientes, por mais que eles saibam que é a equipe de enfermagem que faz o cuidado, eles na maioria das vezes reclamam do atendimento, seja ele real pela falta de contato do profissional com o paciente, ou pelo estresse que o mesmo vive naquele momento.
No que diz respeito ao relacionamento prejudicial com a chefia, o estudo de Silva de Paula et al. (2010) apontou o autoritarismo da chefia como um problema nas relações interpessoais no hospital. Tal resultado é importante, pois uma relação autoritária influencia diretamente na saúde do trabalhador de enfermagem e consequentemente no cuidado.
Ferreira & Ferreira (2015) corroboram com os autores acima e acrescentam que os problemas de relacionamento com supervisores e médicos vivenciados pela equipe de enfermagem acarretam em maior sofrimento relacionado ao trabalho, menor satisfação no trabalho, menor intenção de permanecer no emprego, e humor deprimido. Em longo prazo, esses problemas podem estabelecer fator de risco para o desenvolvimento de depressão e problemas físicos.
A exposição cotidiana dos profissionais de enfermagem a estímulos externos de natureza física e mental relacionada à complexidade do trabalho, a inexistência de condições ideais para realização do cuidado ao lidar com pessoas com doenças graves e risco de morte leva-os com maior facilidade a desenvolverem depressão (SILVA et al. 2015). A organização dos serviços de saúde deve incluir condições sociopolíticas, humanas e materiais que viabilizem um trabalho de qualidade, tanto para quem o executa quanto para quem recebe a assistência (PEDROSA; CORRÊA; MANDÚ, 2011).
Com relação ao fator de risco “múltiplos empregos”, Santos et al. (2010) acrescentam que muitos trabalhadores, por possuírem duplo vínculo empregatício, estão mais sujeitos ao estresse por terem que sair de uma instituição para a outra, muitas vezes sem a pausa necessária. Essa situação gera o desgaste físico, bem como prejuízo social para o trabalhador, pelo tempo escasso que tem para o convívio familiar.
Já o fator de risco “plantão noturno” está atrelado também ao fator anterior, já que os profissionais que atuam em dois ou mais empregos necessitam muitas vezes do período noturno para conseguir conciliar os dois vínculos. Sobre isso, Reis & Braga (2015) afirmam que as alterações emocionais podem estar relacionadas ao desgaste da atividade prestada na assistência, onde o trabalho noturno desequilibra o organismo, mudando os hábitos, tornando a equipe mais vulnerável às mudanças de humor, propícios à irritações e a diminuição da capacidade de concentração e reflexos.
Seabra et al. (2020) corroboram com os autores acima e afirmam que associado a um contexto de exaustão física em decorrência da falta de sono, muitas vezes combatidas com o uso de substâncias como cafeína, remédios para dormir e analgésicos, estudos demonstram que há um nível de exaustão emocional relacionado ao plantão, com uma elevada incidência e prevalência de distúrbios psiquiátricos como a depressão, distúrbios de humor e de disfunção social.
Outro fator decisivo é, segundo Fernandes, Soares & Silva (2018), é a carga de trabalho que está ligada diretamente aos riscos ocupacionais, interagindo com corpo e mente do trabalhador de tal forma que se o corpo sofre, a mente também sofre. Assim, para esses autores, o desgaste mental é defendido como principal causa da saúde mental associada ao trabalho. Os trabalhadores submetidos a altas demandas psicológicas apresentam índices de baixo suporte de trabalho, com fator de risco para adoecimento e ausência de fator protetor.
O estudo de Silva et al. (2015) corrobora e acrescenta que a sobrecarga do trabalho decorre da falta de profissionais, especialmente em feriados; colegas de trabalho que não cumprem todas as tarefas e provocam carga excessiva ao plantão seguinte; conflitos de escala, que resultam na insatisfação e intenção no abandono do emprego; e maiores quantidades de pacientes internados.
Em relação à Síndrome de Burnout, acredita-se que o burnout prevê a sintomatologia depressiva e não o contrário, uma vez que esta última pode surgir em decorrência da síndrome. Essa é uma questão que gera muita dúvida nos pesquisadores inexperientes e vem sendo discutida há muitos anos (VASCONCELOS et al 2018)
Ainda no mesmo estudo, os colaboradores acima identificaram que os profissionais com aumento do burnout tendem a ter um aumento da sintomatologia depressiva. A exaustão emocional, considerada o núcleo do burnout, apresentou correlação mais forte com a sintomatologia depressiva do que a despersonalização, esta que é considerada a segunda dimensão do burnout, enquanto a correlação da dimensão de realização profissional foi negativa com a sintomatologia depressiva, dados que corroboram os resultados encontrados neste estudo.
CONCLUSÃO
O estudo possibilitou identificar, em forma de síntese das informações disponíveis na última década, a depressão como um problema de saúde que tem acometido, com frequência, os trabalhadores de enfermagem. Apesar do pequeno número de artigos divulgados nas principais bases de dados nacionais e internacionais, ou seja, 4 artigos, os resultados obtidos nas pesquisas realizadas contribuem, sobremaneira, para com o avanço do conhecimento científico e como incentivo para a realização de novas pesquisas.
Apesar da depressão não ser uma forma de adoecimento exclusiva de trabalhadores de enfermagem (ela atinge grande parte da população trabalhadora ou não e tem sido considerada como a doença do século), faz-se necessário direcionar estudos para minimizar o problema.
As estratégias e propostas para a prevenção da depressão enfatizam a melhora do suporte administrativo e do relacionamento interpessoal, entre a equipe de enfermagem e demais profissionais, a melhor divisão do trabalho entre um número adequado de profissionais, apoiados no gerenciamento da depressão e a redução do estresse relacionado ao trabalho, a valorização profissional com carga horária e remuneração adequadas e a implantação de programas de atenção à saúde do trabalhador.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, G.S et al. Perfil de trabalhadores de Enfermagem acompanhados por equipe multiprofissionalde saúde mental. Revista Rene, v.15, n.2, p. 257-63. 2014.
BOING, A.F.; MELO, G.R.; BOING, A.C. MORETTI-PIRES, R.O.; PERES, K.G.; PERES, M.A. Associação entre depressão e doenças crônicas: um estudo populacional. Rev. Saúde Pública., v.46, n.4, p. 617-623, 2012.
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