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TCC- ENFERMAGEM UFRR (30)


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA 
 CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
KELLY AMANDA COÊLHO PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS QUE ATUAM NA EMERGÊNCIA 
DE UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO ESTADO DE RORAIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOA VISTA, RR 
2020 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
KELLY AMANDA COÊLHO PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS DA EMERGÊNCIA DE UM 
HOSPITAL PEDIÁTRICO NO ESTADO DE RORAIMA 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Enfermagem da Universidade Federal de 
Roraima, como requisito parcial para obtenção do 
grau de Bacharel em Enfermagem. 
 
Orientador: Profª. Ma. Andréa dos Santos Cardoso. 
 
 
 
 
 
 BOA VISTA, RR 
2020 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
KELLY AMANDA COÊLHO PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS QUE ATUAM NA EMERGÊNCIA 
DE UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO ESTADO DE RORAIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª M.ª Andréa dos Santos Cardoso 
Orientador/Curso de Enfermagem-UFRR 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Paulo Sérgio da Silva 
Curso de Enfermagem-UFRR 
 
 
 
Enf.ª M.ª Fernanda Zambonin 
Instituto Federal de Roraima -IFRR 
 
 
 
Monografia apresentada como pré-requisito 
para conclusão do Curso de Bacharelado em 
Enfermagem da Universidade Federal de 
Roraima. Defendida em 09 de dezembro de 
2020 e avaliada pela seguinte banca 
examinadora: 
 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Por me capacitar e colocar pessoas maravilhosas, que me ajudaram tanto 
neste processo dispendioso e desafiador, agradeço ao meu Deus em primeiro lugar. 
Além disso, gostaria de agradecer as pessoas que fizeram essa caminhada 
mais alegre e extrovertida, minha companheira de estágio, Kelyhorrara Fernandes e 
minhas queridas amigas: Jádila Tainá, Nayara Kalila e, principalmente, Sara Suerda, 
por todo apoio a mim concedido, meu muito obrigada. 
À coordenação e secretaria do curso, por todo seu empenho e dedicação ao 
cuidar dos aspectos burocráticos tão necessários para nosso prosseguimento. 
Aos dedicados professores que contribuíram com a formação do meu 
conhecimento, especialmente: Cíntia Casimiro, Paulo Sérgio e Jackeline Maciel. 
Como prometido, agradeço ao preceptor da Liga Acadêmica Roraimense de 
Enfermagem em Emergência, enfermeiro Orlane Rios Peres, por todo apoio e 
informação dadas a mim. 
À minha querida orientadora Andréa Cardoso pela sua dedicação e pelo 
esforço em me acompanhar nessa jornada acadêmica, não tenho palavras para 
expressar minha gratidão pelo seu empenho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu 
reino e a sua justiça, e todas estas coisas 
vos serão acrescentadas. 
Mateus 6:33 
6 
 
RESUMO 
 
 
A síndrome de Burnout provoca alterações na saúde física e mental do trabalhador, é 
considerada um grave problema, sendo a enfermagem uma das profissões mais 
afetadas. Pensando nisso, o presente estudo foi realizado com os enfermeiros 
atuantes na emergência de um Hospital Pediátrico no estado de Roraima, com o 
objetivo de identificar a presença e o nível de Burnout entre esses profissionais e 
evidenciar possíveis fatores de risco associados ao desenvolvimento da síndrome. 
Trata-se de uma pesquisa de campo, descritiva com abordagem quantitativa. A 
pesquisa foi realizada com 13 enfermeiros da emergência, no período de junho a julho 
de 2020. A coleta de dados precisou ser adaptada tendo em vista as medidas 
restritivas adotadas após a pandemia da COVID-19, sendo realizada por meio do 
aplicativo WhatsApp e Formulários Google. A análise de dados foi realizada através 
da ferramenta Planilhas Google e Microsoft Excell. Através da análise de dados foi 
evidenciado que a maioria dos enfermeiros consideram a emergência desgastante ou 
estressante e atribuem esse fato a: Quantidade elevada de atribuições; baixa 
remuneração; riscos biológicos; trabalho noturno; divergência entre teoria e prática 
profissional; desvalorização e riscos ergonômicos. Com relação às modificações 
ocorridas após sua atuação na emergência, as alterações no padrão de sono foram 
as mais expressivas. Além disso, observamos que 1 dos profissionais (7,7%) 
apresentou os três critérios para a síndrome, 10 (77%) apresentaram um ou dois 
critérios e apenas 2 (15,4%) não apresentaram desvios nas dimensões da síndrome 
de Burnout. Apesar de apenas 1 enfermeira apresentar a síndrome, a grande maioria 
dos profissionais apresentam risco de adoecimento, já que possuem índices alterados 
de exaustão emocional e/ou despersonalização e/ou baixa realização profissional, o 
que se torna preocupante em virtude de suas consequências para o adoecimento 
profissional e qualidade da assistência. Portanto, sugere-se a valorização dos 
profissionais, melhor remuneração, condições seguras de trabalho, minimizando os 
riscos biológicos e ergonômicos, melhor acesso aos serviços de saúde, para que 
sejam realizadas medidas de acompanhamento dos profissionais no sentido de 
identificar precocemente essas alterações. 
 
 
Palavras-chave: Transtorno mental. Síndrome de Burnout. Enfermeiros. Emergência 
pediátrica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
ABSTRACT 
 
 
Burnout syndrome causes changes in the worker's physical and mental health, it is 
considered a serious problem, and nursing is one of the most affected professions. 
With this in mind, the present study was conducted with nurses working in the 
emergency of a Pediatric Hospital in the state of Roraima, with the objective of 
identifying the presence and level of Burnout among these professionals and 
highlighting possible risk factors associated with the development of the syndrome. It 
is a descriptive field research with a quantitative approach. The survey was conducted 
with 13 emergency nurses, from June to July 2020. The data collection needed to be 
adapted in view of the restrictive measures adopted after the COVID-19 pandemic, 
being carried out through the WhatsApp application and Forms Google. Data analysis 
was performed using the Google Spreadsheet and Microsoft Excell tool. Through data 
analysis, it was evidenced that most nurses consider the emergency as exhausting or 
stressful and attribute this fact to: High number of assignments; low pay; biological 
risks; night work; divergence between theory and professional practice; devaluation 
and ergonomic risks. With regard to the changes that occurred after his performance 
in the emergency, changes in the sleep pattern were the most significant. In addition, 
we observed that 1 of the professionals (7.7%) had the three criteria for the syndrome, 
10 (77%) had one or two criteria and only 2 (15.4%) had no deviations in the 
dimensions of the Burnout syndrome. Although only 1 nurse has the syndrome, the 
vast majority of professionals are at risk of becoming ill, as they have altered rates of 
emotional exhaustion and / or depersonalization and / or low professional performance, 
which is worrisome due to its consequences for the professional illness and quality of 
care. Therefore, it is suggested the valorization of professionals, better remuneration, 
safe working conditions, minimizing biological and ergonomic risks, better access to 
health services, so that professional monitoring measures are carried out in order to 
identify these changes early. 
 
Keywords: Mental disorder. Burnout syndrome. Nurses. Pediatric emergency. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1 - Pontos de corte do MBI............................................................................. 27 
 
 
Quadro 2 - Distribuição da amostra quanto as dimensões da síndrome de Burnout 
segundo o MBI........................................................................................36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 - Perfil sociodemográfico dos enfermeiros participantes do estudo........... 30 
 
 
Tabela 2 - Perfil profissional dos enfermeiros da emergência pediátrica ................... 31 
 
 
Tabela 3 - O setor de emergência pediátrica como estressante ou desgastante na 
opinião dos enfermeiros ........................................................................... 32 
 
 
Tabela 4 - Fatores estressantes ou desgastantes apontados pelos enfermeiros da 
emergência pediátrica............................................................................. 32 
 
 
Tabela 5 - Resultado da análise das respostas ao MBI entre os participantes.......... 35 
 
 
Tabela 6 - Sinais e sintomas referidos pelos enfermeiros da emergência pediátrica que 
surgiram após o ingresso no setor............................................................. 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
CEP/UFRR Comitê de Ética em Pesquisa em seres humanos da Universidade 
Federal de Roraima 
DP Despersonalização 
EE Exaustão Emocional 
IRAS Infecção Relacionada à Assistência à Saúde 
LAREE Liga Acadêmica de Enfermagem em Emergência 
MBI Maslach Burn-out Inventory 
rRP reduzida Realização Profissional 
SMSA Secretaria Municipal de Saúde 
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
SUMÁRIO 
 
1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 12 
2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 14 
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 14 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 14 
3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 15 
4 REFERENCIAL TEMÁTICO ............................................................................ 17 
4.1 ADOECIMENTO MENTAL DOS ENFERMEIROS ........................................... 17 
4.2 PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA A SÍNDROME DE BURNOUT EM 
ENFERMEIROS ......................................................................................... .......21 
4.2.1 Barreiras no relacionamento interpessoal no trabalho .............................. 21 
4.2.2 Falta de recursos humanos e materiais ....................................................... 23 
4.2.3 A desvalorização do enfermeiro ................................................................... 24 
5 METODOLOGIA .............................................................................................. 25 
5.1 TIPO DE ESTUDO ........................................................................................... 25 
5.2 LOCAL DO ESTUDO ....................................................................................... 25 
5.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO ....................................................................... 26 
5.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................................. 26 
5.5 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................... 27 
5.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS ...................................................................... 29 
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 30 
6.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS ENFERMEIROS PARTICIPANTES DO 
ESTUDO ........................................................................................................... 30 
6.2 PERFIL PROFISSIONAL DOS ENFERMEIROS PARTICIPANTES DO 
ESTUDO ........................................................................................................... 31 
6.3 PROVÁVEIS FATORES DE RISCO PARA A SÍNDROME DE BURNOUT NA 
EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA ........................................................................... 33 
6.4 PRESENÇA DA SÍNDROME DE BURNOUT NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA
 .......................................................................................................................... 36 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................38 
 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 42 
 APÊNDICES .................................................................................................... 50 
 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – 
TCLE ................................................................................................................. 50 
 APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO E PROFISSIONAL
 .......................................................................................................................... 52 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
1 APRESENTAÇÃO 
 
Segundo dados do Ministério da Fazenda (2017), os transtornos mentais e 
comportamentais foram a terceira maior causa de incapacidade para o trabalho entre 
2012 e 2016. Complementarmente a estes dados, a pesquisa de Baptista e 
colaboradores (2018), analisou dados de 829 afastamentos e os classificou segundo 
os grandes grupos do Código Internacional de Doenças (CID-10), evidenciando que 
os transtornos mentais e comportamentais estiveram relacionados à 22,6% dos 
afastamentos da equipe de enfermagem durante um ano, sendo o terceiro motivo mais 
prevalente, perdendo apenas para o grupo dos fatores que influenciam o estado de 
saúde e o contato com serviços de saúde, e para o grupo das doenças do sistema 
osteomuscular e do tecido conjuntivo. 
Na pesquisa de Barros e Rodrigues (2016) o fator psicoemocional aparece 
em segunda posição entre os maiores causadores de adoecimento nos profissionais 
de enfermagem, sendo os principais agravos: depressão, ansiedade e síndrome de 
Burnout. A síndrome de Burnout é definida como uma disfunção emocional provocada 
por situações desgastantes no ambiente de trabalho, o que leva à exaustão, estresse 
e cansaço físico. O termo Burnout deriva do inglês “‘burn’ quer dizer queima e ‘out’ 
exterior” (BRASIL, 2017). 
Considera-se que o termo foi disseminado em 1974, no meio científico através 
do artigo Staff Burn-Out pelo psicólogo Herbert J. Freudenberger. Entretanto, foram 
as autoras Maslach e Jackson que se destacaram na realização de estudos na área 
e na elaboração de meios diagnósticos e avaliativos. Elas foram responsáveis pela 
validação do instrumento de mensuração Maslach Burn-out Inventory (MBI), o qual 
avalia três dimensões para a caracterização da síndrome de Burnout, sendo 
representada por: exaustão emocional (EE), despersonalização (DP) e reduzida 
realização profissional (rRP) (MENDANHA; BERNARDES; SHIOZAWA, 2018). 
A síndrome de Burnout provoca alterações na saúde física e mental do 
trabalhador e já é considerada um grave problema, sendo a enfermagem uma das 
profissões mais afetadas (OLIVEIRA, 2019). O estudo da Organização Pan Americana 
da Saúde (2012), realizado com médicos e enfermeiros de diversos países, como: 
Argentina, Costa Rica, Peru e Brasil, evidenciou que 54% dos enfermeiros brasileiros 
apresentaram níveis de Burnout. 
13 
 
Um dos fatores envolvidos nesse alto índice de acometimento dos 
enfermeiros é a sobrecarga de trabalho (FILHO et al., 2016). Além de suas diversas 
atribuições, podemos citar a carência de profissionais, os recursos materiais e 
estruturais inadequados, a carga horária excessiva, o trabalho noturno, a conciliação 
das atividades laborais com as do lar, o relacionamento com as pessoas e o embate 
entre teoria e prática profissional (BEZERRA;SILVA; RAMOS, 2012). Além disso, o 
maior contato e aproximação dos enfermeiros com familiares e usuários do serviço de 
saúde e a dinâmica organizacional do local de trabalho, são agravantes da sobrecarga 
física e emocional as quais esses trabalhadores estão expostos (JODAS; HADDAD, 
2009; MENEZES et al., 2017). 
Sendo assim, um dos locais de trabalho cuja dinâmica abrange elementos de 
sobrecarga é a unidade de emergência (ALVES, 2011). Considerando-se que o setor 
atende às vítimas com agravos à saúde que causam demasiado sofrimento ou 
impliquem em risco iminente de morte (BRASIL, 2014), podemos concluir que existe 
alta demanda de serviços, que exige agilidade e destreza, além da capacidade de 
lidar com o sofrimento alheio o que pode contribuir para o desgaste físico e mental do 
enfermeiro (GOMES, 2014). 
Portanto, o presente estudo foi realizado com os enfermeiros atuantes na 
emergência pediátrica de um hospital público no estado de Roraima, a fim de 
identificar a presença e o nível de Burnout entre esses profissionais e evidenciar 
possíveis fatores de risco associados ao desenvolvimento dessa síndrome. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 
Identificar a presença e o nível de Burnout em enfermeiros que atuam na 
emergência pediátrica de um hospital público no estado de Roraima. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
● Traçar o perfil dos enfermeiros atuantes na emergência pediátrica; 
● Identificar os possíveis fatores de risco para a síndrome de Burnout no setor da 
emergência pediátrica; 
● Avaliar os níveis de Burnout através do questionário Maslasch Burnout 
Inventory (1996). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.researchgate.net/publication/277816643_The_Maslach_Burnout_Inventory_Manual
https://www.researchgate.net/publication/277816643_The_Maslach_Burnout_Inventory_Manual
15 
 
3 JUSTIFICATIVA 
 
O interesse por esta temática deve-se ao conhecimento obtido através de 
grupos informais no WhatsApp sobre o aumento de casos de suicídio de enfermeiros, 
ocorridos até mesmo, no horário e local de trabalho, muitos deles relacionados aos 
transtornos depressivos e ansiedade. Esses acontecimentos remetem ao estado de 
esgotamento mental e adoecimento que acometem esses profissionais (SILVEIRA et 
al, 2016). 
A vivência obtida com a Liga Acadêmica Roraimense de Enfermagem em 
Emergência (LAREE), também motivou essa escolha. Os estágios da LAREE na 
emergência adulta e pediátrica, em ambos os lugares foi possível perceber a grande 
demanda pelo serviço, e consequentemente, carga excessiva de trabalho para os 
profissionais. 
Pensando na emergência pediátrica temos outro fator desafiador e 
preocupante, a interação do enfermeiro com a criança e seus 
familiares/acompanhantes. Nesse sentido, percebemos que alguns profissionais 
possuem dificuldades em oferecer atenção, apoio e as orientações que esses 
usuários precisam durante o momento delicado da internação. Muitas vezes, a 
comunicação se limita apenas a coleta de dados sobre o estado físico do usuário, 
entretanto, a interação com a criança e acompanhante pode amenizar o sofrimento 
vivenciado durante a internação hospitalar (AZEVEDO, LANÇONI JÚNIOR, 
CREPALDI, 2017). 
As experiências vivenciadas durante as atividades da Liga acadêmica 
impulsionaram o interesse em investigar o estado de saúde mental dos enfermeiros 
que atuam em emergências pediátricas. Além disso, é importante chamar atenção dos 
enfermeiros e gestores para o cuidado com a saúde mental daqueles que cuidam, de 
maneira a garantir melhora na qualidade da assistência direcionada às crianças e seus 
acompanhantes (GASPERI; RADÜNZ, 2006). 
Sendo assim, a evidência de questões relacionadas à síndrome de Burnout 
entre esses profissionais poderão servir futuramente de subsídios para amenização 
desta condição de saúde. Uma vez que o conhecimento e divulgação desse problema 
podem chamar a atenção dos gestores para as consequências do adoecimento 
profissional e para a necessidade de elaboração de estratégias eficazes na 
16 
 
identificação precoce, acompanhamento e medidas de controle dos transtornos 
mentais na equipe de enfermagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
4 REFERENCIAL TEMÁTICO 
 
4.1 ADOECIMENTO MENTAL DOS ENFERMEIROS 
 
Muitos são os fatores que desencadeiam o sofrimento psíquico nos 
enfermeiros. Dentre os mais frequentes podemos citar: mau relacionamento entre a 
equipe, problemas institucionais, falta de recursos humanos e materiais, que 
consequentemente levam à sobrecarga de trabalho, ineficiência do cuidado, 
comunicação não efetiva, desorganização do trabalho, insatisfação e redução na 
produtividade (FERREIRA; MEDEIROS; CARVALHO, 2017). 
Além disso, as pressões sofridas no ambiente institucional, as longas jornadas 
de trabalho e o modo de enfrentamento do trabalhador, bem como a baixa 
remuneração e a violência laboral, são fatores que influenciam no aumento de casos 
de adoecimento mental entre os enfermeiros, dentre os quais se destacam o estresse 
e a depressão. Esse adoecimento provoca prejuízo na assistência à saúde prestada 
por estes profissionais, tornando-os muitas vezes incapacitados de exercer suas 
atividades (FERNANDES; SOARES; SILVA, 2018). 
 Os sinais e sintomas atribuídos ao sofrimento psíquico, capazes de levar à 
incapacitação laboral, estão representados por: “enxaqueca, estresse, irritação, 
desgaste físico, depressão, dores nas pernas, varizes, hipertensão, problemas de 
coluna, insatisfação, desânimo e insônia” (FERREIRA; MEDEIROS; CARVALHO, 
2017, p. 257). Esses fatores corroboram para o aumento do absenteísmo entre 
enfermeiros (CARVALHO et al., 2017). 
A pesquisa de Falavigna e Carlotto (2013) em um hospital geral, apontou que 
a tendência de aumento dos absenteísmos na enfermagem, por transtornos mentais 
e comportamentais, é de 1% ao ano. Outra pesquisa, realizada em um hospital 
universitário do Rio de Janeiro, mostrou que aproximadamente 27% dos profissionais 
de enfermagem tiveram afastamento por um período superior a 15 dias, estando os 
transtornos mentais e do comportamento entre as três principais causas de 
absenteísmos nos participantes do estudo (BAPTISTA et al., 2018). 
O absenteísmo resulta na sobrecarga de atividades para os demais 
trabalhadores que, pela falta de substitutos, exercem suas próprias atividades e as 
atividades do colega que se encontra afastado do serviço (LUCCA; RODRIGUES, 
2015). Nota-se que os prejuízos relacionados à alta carga de trabalho afetam a saúde 
18 
 
do trabalhador, a instituição e a qualidade da assistência de enfermagem 
(CARVALHO et al., 2017; GASPARINO, 2014). 
Na revisão integrativa de Barros e Rodrigues (2016), o fator psicoemocional 
foi o segundo maior causador de adoecimento dos profissionais de enfermagem. Os 
resultados da pesquisa apontam que a pressão no trabalho, sobrecarga e o 
esgotamento profissional, dentre outros fatores, foram catalisadores desse 
adoecimento, sendo os transtornos mais prevalentes: depressão, ansiedade e 
síndrome de Burnout. 
A síndrome de Burnout ou síndrome do esgotamento profissional é um 
distúrbio emocional caracterizado por exaustão, estresse e esgotamento relacionado 
às situações ocupacionais que exigem grandes responsabilidades e/ou 
competitividade. Entre os profissionais mais atingidos estão: profissionais de saúde, 
professores e trabalhadores da área de segurança, visto que tais profissionais lidam 
com maiores pressões e responsabilidades no trabalho e situações extremamente 
estressantes. É importante ressaltar que tal condição pode levar o profissional a um 
estado de depressão profunda, fato que evidencia a gravidade deste distúrbio e a 
importância do seu diagnóstico e tratamento precoce (BRASIL, 2017). 
Os profissionais acometidos por essa síndrome apresentam manifestações 
físicas e mentais,as quais podemos citar: cansaço extremo, fadiga, hipertensão 
arterial, alterações na frequência cardíaca, mialgia, cefaleia frequente, alterações 
gastrointestinais, vertigem, nervosismo, problemas de concentração, insegurança, 
sentimento de fracasso e de sobrecarga, falta de empatia, labilidade emocional, 
isolamento, negatividade, desesperança e/ou incompetência (BRASIL, 2017; MOSS 
et al., 2016). 
Alguns destes sinais e sintomas podem ser explicados pelas alterações no 
padrão de sono dos acometidos por Burnout. Um estudo caso-controle identificou que 
pessoas com a síndrome apresentam problema de insônia e fragmentação do sono. 
Além disso, apresentam maiores níveis de ansiedade, depressão e insatisfação com 
o trabalho (METLAINE et al., 2018). 
Essas manifestações são inicialmente leves, o que retarda a busca por 
tratamento, entretanto, pioram com o passar do tempo, por isso é importante passar 
por avaliação profissional, o qual deverá concluir o diagnóstico, iniciar o tratamento e 
acompanhamento do caso (SILVEIRA et al., 2016). 
19 
 
Segundo a World Health Organization (1994), a síndrome de Burnout inclui 
três dimensões principais, que são: exaustão emocional, despersonalização e 
reduzida realização pessoal. A exaustão refere-se a fadiga e falta de recurso 
emocional para lidar com as atividades laborais estressantes. Já a despersonalização 
leva o indivíduo a uma atitude indiferente e distante relacionada ao trabalho, causa 
negatividade, insensibilidade e impessoalidade. Já na reduzida realização pessoal o 
trabalhador sente-se insuficiente, avalia negativamente seu trabalho e possui baixa 
autoestima profissional (MOSS et al., 2016). 
Conforme já mencionado anteriormente, profissionais de saúde estão entre os 
mais acometidos pela síndrome de Burnout, um dos fatores envolvidos é a alta 
complexidade e responsabilidades das atividades exercidas em setores como a 
emergência, por exemplo (MENEZES et al., 2017) e a enfermagem está entre as 
categorias profissionais mais afetadas (BRASIL, 2017; PORTELA et al., 2015). 
A pesquisa de Joddas e Haddad (2009), realizada em um setor de 
emergência, mostrou que 21,3% dos profissionais de enfermagem apresentaram alto 
índice de exaustão emocional, 32,8% alto nível de despersonalização e 37,7% 
apresentaram baixa realização profissional, alterações nessas três dimensões 
caracteriza a síndrome de Burnout. Essa pesquisa identificou ainda que 54,1% dos 
profissionais teriam alto risco para manifestação da síndrome. 
Um outro estudo realizado no interior de São Paulo mostrou que 15,3% dos 
profissionais de enfermagem de um hospital universitário apresentaram duas 
dimensões da síndrome de Burnout e 32,4% apresentaram pelo menos uma das 
dimensões. O que chama a atenção para o eminente adoecimento destes 
profissionais (SOBRAL et al., 2018). No trabalho de Soares (2018) 24,7% dos 
profissionais de enfermagem apresentaram alta exaustão emocional, 18,8% alta 
despersonalização e 8,2% baixa realização profissional. 
Sendo assim, alguns fatores relacionados ao desenvolvimento da síndrome 
de Burnout em enfermeiros consistem na diversidade de atribuições que o trabalhador 
possui, muitas vezes além do que pode suportar, desvalorização, falta de 
reconhecimento e de incentivo ao desenvolvimento profissional, maior aproximação 
física e psicológica do profissional com usuários e familiares e a dinâmica do trabalho 
em emergência, que demanda esforço físico, agilidade e gera tensão (JODAS; 
HADDAD, 2009). 
20 
 
Complementarmente, a pesquisa de Sobral e colaboradores (2018) apontou 
diversos fatores psicossociais de risco no trabalho da enfermagem, entre eles estão: 
burocratização excessiva, condições de trabalho inapropriadas, riscos ergonômicos, 
problema com equipamentos, falta de profissionais, jornadas de trabalho exaustivas e 
falta de plano de carreira. 
Do ponto de vista do suporte social são apontados a falta de apoio e poder de 
decisão, falta de uniformidade na gestão dos plantões (exemplo: alguns gestores 
permitem certas situações e outros não) e o excesso de absenteísmos, o que resulta 
na sobrecarrega de atividade. Quanto aos relacionamentos, os pesquisados 
destacaram as relações conflituosas entre a equipe e gestão, desvalorização do 
profissional de enfermagem, críticas e ausências de elogios, excesso de cobranças, 
falta de comunicação efetiva (SOBRAL et al., 2018). 
Dentre as queixas mais evidentes entre os profissionais, estavam o 
sentimento de que tem pouco tempo para si, de cansaço mental, dor muscular, 
dificuldades no sono e estado de aceleração contínuo (JODAS; HADDAD, 2009). 
Esses fatores refletem no desempenho profissional, segurança no cuidado ao 
paciente e qualidade da assistência, pois o trabalhador torna-se frio e se afasta da 
sua principal competência, o cuidar. Além disso, a exaustão pode ocasionar 
iatrogenias por negligência, imprudência e irritabilidade (PADILHA et al., 2017; 
RODRIGUES; SANTOS; SOUSA, 2017; SOARES, 2018). 
Sendo assim, é imprescindível que o enfermeiro reconheça precocemente os 
sinais e sintomas que apresenta e procure auxílio profissional. O tratamento para esse 
transtorno ocupacional pode ser duradouro e requerer o uso de antidepressivos e/ou 
ansiolíticos. Mas principalmente deve ser encorajado quanto as necessidades de 
mudanças no estilo de vida, proporcionar melhorias no ambiente de trabalho e até 
mesmo afastamento temporário. A atividade física, exercícios de relaxamento e lazer 
são fundamentais nesse processo, pois proporcionam alívio do estresse, assim como 
de outras manifestações clínicas (BRASIL, 2017). 
A síndrome de Burnout pode ser prevenida através de atividades que reduzam 
o estresse e a pressão no trabalho, bem como buscar o equilíbrio entre as atividades 
laborais, o lazer, a vida social e familiar e cuidados com a saúde física. Um estilo de 
vida saudável, ter objetivos pessoais e profissionais adequados, reservar tempo para 
atividades de lazer e que fujam à rotina, descansar, evitar pensamentos e pessoas 
21 
 
negativas e expressar os sentimentos com alguém de confiança, são formas de 
prevenir esse distúrbio (BRASIL, 2017). 
 
4.2 PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA A SÍNDROME DE BURNOUT EM 
ENFERMEIROS 
 
Conforme levantamento realizado durante o estudo sobre a síndrome de 
Burnout em enfermeiros, notou-se que os principais fatores de risco relacionados ao 
seu desenvolvimento foram: os problemas de relacionamento interpessoal; a falta de 
recursos humanos e materiais e a desvalorização do profissional de enfermagem 
(BEZERRA; SILVA; RAMOS, 2012; FERNANDES; SOARES; SILVA, 2018; 
FERREIRA; MEDEIROS; CARVALHO, 2017; JODDAS, HADDAD, 2009; MENEZES 
et al., 2017; SOBRAL, 2018). Sendo descritos a seguir, cada um deles 
separadamente. 
 
4.2.1 Barreiras no relacionamento interpessoal no trabalho 
 
O trabalho do enfermeiro envolve interações entre a equipe, a finalidade dessa 
equipe e de sua interação é cuidar dos usuários do serviço de saúde, pois o cuidado 
depende da ação conjunta dos profissionais. Portanto, o trabalho em equipe e o bom 
relacionamento com os colegas de trabalho são elementos importantes para que o 
cuidado de enfermagem ocorra de maneira eficaz. Porém, a proximidade, as 
diferenças no modo de agir e pensar, as falhas na comunicação e a falta de confiança 
ocasionam conflitos na equipe de enfermagem (SALIMENA, 2019; SANTOS, 2016). 
Esses conflitos são fontes de estresse para o trabalhador, conforme descreve 
a pesquisa de Ueno e colaboradores (2017), quando o relacionamento interpessoal 
com o grupo de trabalho foi mencionado como um dos principais fatores para o 
estresse ocupacional. E, dentro da categoria de relações interpessoais, os 
pesquisados apontaram a falta de comprometimento dos colegas de profissão como 
fonte de conflitos. Por exemplo, o colega não ajuda o outro em algum procedimento 
por não estar escaladopara cuidar do cliente beneficiado, esse tipo de comportamento 
estimula a desunião da equipe (ARAÚJO; MEDEIROS; QUENTAL, 2016). 
Para Salimena (2019) uma das principais causas de conflitos é a falha de 
comunicação, o que prejudica o trabalho da enfermagem. As consequências geradas 
22 
 
por tais conflitos na equipe pode ser o aumento do absenteísmo, como observado na 
pesquisa de Kurcgant e colaboradores (2015) que apontou o adoecimento dos 
profissionais, a insatisfação com as condições institucionais e o relacionamento 
interpessoal inadequado como principais causas do absenteísmo em unidades de 
internação em três hospitais na cidade de São Paulo. 
Além disso, as relações de poder foram citadas como barreiras para o bom 
relacionamento interpessoal, uma vez que a gestão e/ou gerência de enfermagem, ou 
até mesmo o enfermeiro supervisor, podem falhar na comunicação com os demais 
profissionais de enfermagem, impondo suas posições de maneira autoritária e 
causando conflitos na equipe (TRAJANO et al., 2017). Por exemplo, no trabalho de 
Martins e colaboradores (2014) os estressores que afetaram as relações interpessoais 
foram os relacionados a escala de turnos, falta de interação entre a equipe, a falta de 
resolutividade de problemas do setor, cobranças desnecessárias e falhas na 
comunicação. 
Além das dificuldades relacionais entre o enfermeiro e sua equipe de 
enfermagem, e destes com a gerência do serviço, ainda existem os conflitos com os 
demais profissionais de saúde. Na pesquisa de Trajano e colaboradores (2017) os 
profissionais participantes do estudo apontaram que os médicos, em certas ocasiões, 
consideravam-se superiores aos demais profissionais da equipe de saúde, gerando 
mais conflitos e tensão ao ambiente laboral. 
Outro desafio é o relacionamento com os clientes e seus familiares, os 
participantes da pesquisa de Araújo, Medeiros e Quental (2016) citaram que alguns 
acompanhantes desacatam os enfermeiros e demais membros da equipe de 
enfermagem. Como esses profissionais estão em maior contato com os familiares, 
acabam sendo alvo de reclamações que, muitas vezes, não deveriam ser 
direcionadas para a enfermagem, mas para outros profissionais ou mesmo para 
setores administrativos (PERES, 2016). 
Em outras situações, os enfermeiros acabam bloqueando o apego afetivo com 
clientes gravemente enfermos como mecanismo de sua própria proteção. Dessa 
forma, esses profissionais tornam-se frios e limitam o contato com o cliente apenas à 
realização de procedimentos, evitando estabelecer um relacionamento mais próximo 
com o usuário a fim de prevenir o sentimento de perda (SANTOS, 2016). 
 
23 
 
4.2.2 Falta de recursos humanos e materiais 
 
O estudo de Scherer e colaboradores (2016) mostrou que dentre os principais 
fatores que sobrecarregam profissionais de enfermagem encontram-se a falta de 
recursos materiais e a falta de recursos humanos. Nessa pesquisa, os problemas com 
os recursos materiais foram a segunda maior reclamação dos profissionais, refletindo 
na desmotivação pelo trabalho. 
Ainda conforme o estudo citado acima, a falta de materiais adequados dificulta 
ou mesmo impede que alguns procedimentos sejam realizados de forma segura e 
eficaz, como a realização de um curativo de forma adequada na ausência de material 
estéril, por exemplo. Tais situações preocupam e frustram os enfermeiros que acabam 
tendo que lidar com as consequências desses problemas ocorridos pela falta de 
recursos materiais. Além disso, a insuficiência desses recursos foi identificada como 
fator de risco psicossocial, por potencialmente causar desgaste físico e mental aos 
trabalhadores (ARAÚJO; PENAFORTE, 2016). 
A pesquisa de Tacsi e Vendruscolo (2004), realizada com enfermeiras da 
emergência pediátrica de um hospital de São Paulo, também ressalta sobre a 
importância de recursos materiais adequados à assistência. Pois não é suficiente que 
haja profissionais para assistir aos clientes e faltem os materiais que aqueles 
necessitam para realizar os procedimentos cabíveis de forma segura e adequada. 
Com relação à falta de recursos humanos, podemos associá-lo ao aumento 
da sobrecarga do profissional, já que a ausência de um trabalhador representa o 
aumento das atividades do outro, e quando o ambiente de trabalho exige maior 
agilidade, a sobrecarga é ainda maior. Os enfermeiros possuem diversas atribuições 
específicas e essas atribuições tornam-se ainda mais exaustivas quando não há o 
quantitativo de profissionais apropriado (SCHERER et al., 2016). Portanto, os 
trabalhadores experimentam cansaço, angústia, impotência e até revolta, devido ao 
excesso de demanda aliado à escassez de recursos humanos e materiais 
(FELICIANO; KOVACS; SARINHO, 2005). 
Esse fato é ressaltado na pesquisa de Silva, Silva e Leite (2016) realizada em 
uma unidade de internação pediátrica, os autores discutem o fato de que a deficiência 
de recursos humanos, somada à alta demanda de atendimentos, têm provocado 
aumento da sobrecarga de trabalho. Como consequência disso o enfermeiro diminui 
24 
 
o contato com a criança, fica mais cansado e estressado, o que influencia 
negativamente no cuidado. 
 
4.2.3 A desvalorização do enfermeiro 
 
A enfermagem é uma profissão predominantemente feminina e pela 
desvalorização cultural da mulher em opinar e participar de decisões, as necessidades 
dos profissionais são, muitas vezes, deixadas à parte. Outro fator para que essa 
desvalorização ocorra é a invisibilidade social da profissão e do seu papel. Entretanto, 
a enfermagem é numerosa e com muito potencial, porém é desunida e, muitos 
profissionais, não estão engajados em lutas sociais e trabalhistas, sendo a sobrecarga 
profissional a grande responsável por esse motivo (DIAS et al., 2019). 
Como consequência, os salários, geralmente, são desproporcionais ao 
trabalho que realizam. Esse fato, aliado à falta de reconhecimento, gera sofrimento 
nesses profissionais. Citando técnicos de enfermagem como exemplo, apesar das 
diversas atividades que lhes são atribuídas, recebem baixos salários que não 
compensam as exigências de seu trabalho e, desta maneira, salários e benefícios 
desproporcionais somam para a insatisfação profissional (PERES, 2016). 
Essa desvalorização pode levar muitos enfermeiros a possuírem mais de um 
vínculo empregatício para complementar sua renda. Entretanto, o duplo vínculo e 
longas jornadas de trabalho exigem que o trabalhador renuncie ao tempo livre, o que 
o sobrecarrega ainda mais e, consequentemente acaba favorecendo o sofrimento 
físico e psicossocial (MAURO et al., 2010). Como resultado desse duplo vínculo e 
jornadas exaustivas de trabalho surgem o estresse, o esgotamento físico e mental dos 
profissionais, provocando prejuízos à assistência de enfermagem (FELICIANO; 
KOVACS; SARINHO, 2005). 
 
 
 
 
 
25 
 
5 METODOLOGIA 
 
5.1 TIPO DE ESTUDO 
 
Trata-se de uma pesquisa de campo, descritiva com abordagem quantitativa. 
A pesquisa quantitativa preocupa-se em descrever fatos ou fenômenos 
através de uma linguagem matemática, centrando-se na objetividade e quantificando 
os resultados (FONSECA, 2002). Portanto, é apropriada para quantificar os dados 
sociodemográficos e profissionais, de forma a conhecer a população estudada. Além 
disso, possibilita a interpretação dos resultados obtidos através do Inventário de 
Burnout de Maslach (MBI). 
Prosseguindo, para Gressler (2004) a pesquisa de cunho descritivo busca a 
descrição de eventos ou situações, identificação de problemas e explicação de 
condições. Além disso, propõe-se a investigação e análise das condutas de terceiros 
diante de determinada situação, visando guiar a tomada de futuras decisões. 
Sendo assim, essa pesquisa é considerada descritiva, pois se propõe a 
descrever a população, quanto aos aspectos sociodemográficos e profissionais, além 
de identificar a presença e tendências para odesenvolvimento da síndrome de 
Burnout na população abordada. 
 
5.2 LOCAL DO ESTUDO 
 
O cenário da pesquisa foi o setor de emergência de um Hospital pediátrico, 
localizado na cidade Boa Vista, Roraima. O hospital foi construído em agosto de 2000 
e de janeiro a julho deste ano (2020) já atendeu quase 34 mil pacientes, incluindo, 
além da população local, indígenas e estrangeiros, graças à proximidade com outros 
países, como Venezuela e Guiana Inglesa. Além disso, é referência estadual nos 
procedimentos de média e alta complexidade (CARVALHO, 2020). 
Esse hospital infantil faz parte da administração da Secretaria Municipal de 
Saúde (SMSA),é classificado quanto ao número de leitos como médio porte, 
responsável pela realização de atendimentos em regime de pronto socorro, internação 
hospitalar e atendimento ambulatorial nas diversas especialidades médicas 
pediátricas, atendimento de urgência e emergência, diagnose e terapia, cirurgias 
eletivas, em regime de internação e ambulatorial, tratamento clínico geral e 
especializado (PREFEITURA MUNICIPAL DE BOA VISTA, 2015). 
26 
 
Nessa unidade hospitalar, é feito o atendimento às urgências e emergências 
pediátricas e, o qual por definição, é a unidade de saúde ininterrupta responsável pelo 
atendimento a usuários cuja condição física exige assistência imediata, havendo ou 
não risco de morte (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1987). 
 
5.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO 
 
A população do estudo foi composta por 18 enfermeiros atuantes no setor da 
emergência pediátrica. Foram incluídos todos os enfermeiros do setor e excluídos 
apenas os que não aceitaram participar do estudo, visto ser pequena população e 
considerando a importância da participação de todos para o enriquecimento dos 
dados da pesquisa. 
Dos 18 enfermeiros que trabalham na emergência, 13 responderam ao 
questionário online. Foram realizadas várias tentativas através de grupos do 
WhatsApp e contato por telefone, visando alcançar um maior número de participantes. 
Porém, apesar dessas tentativas cinco enfermeiros continuaram sem responder à 
pesquisa, justificando-se a participação de 13 enfermeiros no estudo, representando 
um total de 72,2% da população total. 
 
5.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS 
 
Após a liberação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa e direção do 
hospital, demos início a coleta de dados, que precisou ser adaptada tendo em vista 
as medidas restritivas adotadas após a pandemia da COVID-19. Sendo assim, o 
primeiro contato com os participantes da pesquisa foi realizado por meio do aplicativo 
WhatsApp, após o consentimento da coordenação de enfermagem da emergência 
pediátrica. 
A mensagem divulgada para os enfermeiros da emergência através do 
WhatsApp continha uma breve apresentação da pesquisadora, da pesquisa e seus 
objetivos, bem como o convite para participar, juntamente com o link 
(https://forms.gle/xkhWG6Zt3fk9KUVj9) para o acesso ao questionário online. Para 
isso, o questionário foi adaptado, a fim de facilitar o preenchimento pelos participantes, 
sendo utilizada a ferramenta Formulários Google pela facilidade de acesso e 
familiaridade da pesquisadora com esse recurso. 
27 
 
O formulário foi dividido em três seções, sendo a primeira a apresentação do 
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (apêndice A), cujo conteúdo 
aborda os objetivos da pesquisa, os direitos dos participantes, riscos e benefícios, 
entre outros. Ao final dessa seção o participante declara concordar com os termos e 
aceita participar da pesquisa, só então ele prossegue para as próximas etapas. 
A segunda seção contém o questionário sociodemográfico e profissional 
(apêndice B), que objetiva a coleta de dados permitindo conhecer a população 
estudada, tais como: idade, sexo, situação conjugal, religião, escolaridade e condição 
de saúde do profissional. Além disso, procurou-se obter dados profissionais, como 
turno de trabalho, tempo de atuação em emergência, quantidade de vínculos 
profissionais, dados sobre o ambiente laboral e fatores considerados estressantes. 
Em seguida, na última seção o participante respondeu ao Inventário de 
Burnout de Maslach-MBI (anexo A). O qual consiste na escala apropriada para 
avaliação do nível de Burnout entre profissionais de saúde, sendo já validada por Gil-
Monte (2005). Esse instrumento permite avaliar três categorias representadas por: 
exaustão emocional, despersonalização e a realização pessoal através de 22 
afirmações contidas no instrumento sobre sentimentos relacionados ao trabalho. 
O participante da pesquisa deveria escolher a opção que corresponde à 
frequência com que ele vivencia cada sentimento, podendo ser: nunca (0 ponto), 
algumas vezes por ano ou menos (1 ponto), uma vez por mês ou menos (2 pontos), 
algumas vezes por mês (3 pontos), uma vez por semana (4 pontos), algumas vezes 
por semana (5 pontos) ou todo dia (6 pontos) (MASLACH; JACKSON, 1981). 
Por fim, o participante recebeu os agradecimentos por colaborar com a 
pesquisa e a informação do contato da pesquisadora para quaisquer esclarecimentos 
foi novamente reforçado. Cada resposta enviada foi automaticamente registrada em 
forma de gráficos e em uma planilha no Google Drive da pesquisadora. 
 
5.5 ANÁLISE DOS DADOS 
 
A tabulação dos dados foi realizada através da ferramenta Planilha Google, 
onde também foram obtidos dados estatísticos descritivos. As variáveis pertencentes 
ao questionário sociodemográfico e profissional foram analisadas por meio da 
frequência absoluta e relativa. Sendo que apenas as variáveis idade e tempo de 
28 
 
atuação na emergência foram analisadas também através de mínimo e máximo, além 
de média e desvio padrão da variável idade. 
Os possíveis fatores de risco para o adoecimento foram levantados a partir da 
décima questão. Essa variável foi analisada através da frequência com que os 
participantes apontaram as opções de fatores associados ao desgaste/estresse na 
emergência pediátrica. Essas opções de fatores de risco foram definidas a partir do 
levantamento bibliográfico em pesquisas relacionadas à síndrome de Burnout, sendo 
que, além delas, o profissional poderia apontar outros fatores que considerasse 
relevante. 
Em seguida foi realizada a análise das respostas do Inventário de Burnout de 
Maslach. A pontuação em exaustão emocional, despersonalização e realização 
pessoal são avaliadas separadamente, o que resulta em três pontuações ao final da 
pesquisa. Nove perguntas (9) são relacionadas à exaustão emocional, cinco (5) à 
despersonalização e oito (8) à realização profissional. O resultado em cada subescala 
é avaliado, conforme os cortes definidos, em alta, moderada e baixa, conforme 
mostrado no quadro abaixo (SHAWFELI; ENZMANN, 1998 apud TRIGO, 2010). 
Quadro 1 – Pontos de corte do MBI 
Dimensões Alta Moderada Baixa 
Exaustão Emocional 26 - 54 16 – 25 0 – 15 
Despersonalização 09 - 30 03 – 08 0 – 02 
Realização Profissional 43 - 48 34 – 42 0 – 33 
Fonte: Reunião Anual de Psicologia (2001). 
Entretanto, esses valores não estão bem definidos, por isso os critérios para 
a síndrome de Burnout variam entre os estudos (MOSS et al., 2016). Porém, na 
maioria dos trabalhos encontrados, a síndrome é caracterizada por baixa realização 
profissional, alta despersonalização e alta exaustão emocional, portanto este foi o 
critério utilizado nesta pesquisa (FERREIRA; LUCCA, 2015; GASPARINO, 2014; 
PORTELA et al., 2015). 
Sendo assim, os valores das subescalas do MBI foram avaliados 
individualmente, para a partir daí determinar os pontos de corte (quadro 1) em que 
cada profissional se encontra em relação a exaustão emocional, despersonalização e 
realização profissional. Em seguida, identificamos a frequência de desvios em 
29 
 
quaisquer das três dimensões, e a presença da síndrome de Burnout entre os 
enfermeiros participantes. 
Além disso, foi utilizada a ferramenta FormuláriosGoogle, para a geração de 
gráficos e melhor acompanhamento das informações referentes à caracterização dos 
enfermeiros, nível de Burnout e principais fatores apontados como desgastantes pelo 
profissional, ou seja, possíveis fatores de risco para o seu adoecimento. 
 
5.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS 
 
Após a obtenção da carta de anuência e do consentimento por parte do 
Núcleo de Ensino e Pesquisa da instituição, este projeto foi submetido ao Comitê de 
Ética em Pesquisa em seres humanos da Universidade Federal de Roraima – 
CEP/UFRR, como preconizado na resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de 
Saúde, sendo aprovada segundo o parecer n° 3.920.361. 
Os objetivos da pesquisa, riscos e benefícios, bem como outros 
esclarecimentos, foram enviados juntamente com o link do Termo de Consentimento 
Livre e Esclarecido (TCLE) e os instrumentos de coleta de dados, ficando o 
participante à vontade para responder os instrumentos, caso estivesse de acordo com 
o termo. 
Por existir a possibilidade de constrangimento, vergonha ou desconforto ao 
responder o questionário, pelo receio em expor sua conduta profissional ou outras 
situações, por medo de julgamento, a pesquisadora garantiu a confidencialidade dos 
dados e o anonimato dos participantes, pois os mesmos não serão identificados e os 
dados obtidos foram utilizados exclusivamente para fins acadêmicos. 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Com a intenção de facilitar a leitura e compreensão, os resultados foram 
divididos em quatro subitens, seguindo os objetivos propostos pela pesquisa, sendo 
eles: perfil sociodemográfico dos enfermeiros; perfil profissional; possíveis fatores de 
risco para o desenvolvimento da síndrome de Burnout; e avaliação da síndrome de 
Burnout nos enfermeiros. 
 
6.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS ENFERMEIROS PARTICIPANTES DO 
ESTUDO 
 
 Os enfermeiros participantes da pesquisa apresentaram em média 37 anos, 
a maioria do sexo feminino (69,2%), quanto ao estado civil os resultados foram: 
casada (38,5%), solteira (38,5%) e em relação a religião houve maior predomínio da 
católica (53,9%). 
Com relação à idade, os resultados encontrados foram: 5 (38,5%) enfermeiros 
na faixa etária de 30 a 35 anos de idade, seguido de 4 (30,8%) enfermeiros com idade 
entre 36 e 41 anos, a mínima encontrada foi de 24 anos e a máxima de 49 anos, sendo 
a média de 37 anos e desvio padrão de 7,1. De maneira semelhante, no estudo de 
Borges e colaboradores (2019), realizado com enfermeiros de um serviço de urgência 
e emergência, a média da idade encontrada foi de 37, com desvio padrão de 6,3, 
sendo a idade mínima 25 e máxima de 52 anos. 
Em relação ao sexo, houve maior representatividade do sexo feminino com 9 
(69,2%) e 4 (30,8%) pertencem ao sexo masculino. Cerca de 86% dos enfermeiros 
brasileiros pertencem ao sexo feminino, porém observamos uma crescente tendência 
dos profissionais de sexo masculino na enfermagem, crescimento esse que se iniciou 
em 1990 e vem se intensificando com o tempo (MACHADO, 2017). 
Sobre a situação conjugal dos enfermeiros da emergência pediátrica, 5 
(38,5%) encontram-se casados, 5 (38,5%) solteiros, seguido de 2 (15,4%) em união 
estável e apenas 1 (7,7%) divorciado. Em outro estudo realizado por Machado e 
colaboradores (2018), envolvendo enfermeiros de Unidade Hospitalar de Pronto 
Atendimento, também predominaram enfermeiros casados (42,85%) e solteiros 
(42,85%). Em relação a religião foi constatado que a maioria, 7 (53,9%) enfermeiros, 
eram católicos. Resultados semelhantes também foram evidenciados no estudo citado 
31 
 
acima, sendo religião católica representada por (57,15%) dos participantes. O resumo 
das informações sociodemográficas será apresentado na tabela 1. 
 Tabela 1 – Perfil sociodemográfico dos enfermeiros participantes do estudo 
Variáveis Categorias N % 
Idade Menor que 30 anos 1 7,7 
 30 a 35 anos 5 38,5 
 36 a 41 anos 4 30,8 
 Maior que 41 anos 3 23 
 Total 13 100 
Sexo Feminino 9 69,2 
 Masculino 4 30,8 
 Total 13 100 
Situação conjugal Solteiro 5 38,5 
 Casado 5 38,5 
 União estável 2 15,4 
 Divorciado 1 7,7 
 Total 13 100 
Religião Cristã 1 7,7 
 Evangélica 2 15,4 
 Católica 7 53,9 
 Não possui/pratica 3 23 
 Total 13 100 
Fonte: Elaboração própria (2020). 
 
6.2 PERFIL PROFISSIONAL DOS ENFERMEIROS PARTICIPANTES DO ESTUDO 
 
Quanto às informações profissionais, 12 (92,3%) dos participantes 
apresentaram especialização/residência, 8 (61,5%) trabalham na emergência 
pediátrica no turno da noite, a menos de um ano 5 (38,5%), possuindo dois vínculos 
empregatícios 10 (76,9%). 
Sendo que o fato do turno da noite ter a maior representatividade se justifica 
pelo maior número de profissionais contratados para esse turno, uma vez que, três 
enfermeiros são escalados para o período matutino, três para o vespertino e que 
quatro equipe atuam no plantão noturno, finais de semana e feriados, de forma 
alternada, com três enfermeiros em cada equipe, portanto, o turno da noite é 
constituído por 12 enfermeiros. Tais informações foram fornecidas pela coordenação 
de enfermagem da emergência pediátrica. 
Com relação a qualificação profissional, todos os enfermeiros participantes da 
pesquisa possuem pós-graduação, sendo 12 (92,3%) especialização/residência e 1 
32 
 
(7,7%) mestrado. Semelhantemente, na pesquisa de Dantas e colaboradores (2015), 
todos os enfermeiros da emergência entrevistados declararam possuir alguma pós-
graduação. 
A respeito do tempo de atuação na emergência houve variação de um mês 
até o total de 8 anos. Porém, a maioria, 5 (38,5%) dos enfermeiros trabalham na 
emergência a menos de um ano, seguido de 3 (23,1%) enfermeiros que atuam de 1 a 
3 anos no setor e 3 (23,1%) que atuam há mais de 5 anos. O fato da maioria ter menos 
de um ano de serviço no setor pode ser justificado pelo grande número de novas 
contratações pela prefeitura de Boa Vista decorrentes, principalmente, da pandemia 
da COVID-19 (PREFEITURA MUNICIPAL DE BOA VISTA, 2020). 
Com relação ao número de vínculos empregatícios, 10 (76,9%) dos 
enfermeiros afirmaram ter dois empregos, 2 (15,4%) afirmaram possuir três e apenas 
1 (7,7%) trabalha somente nesse hospital. Corroborando com os resultados a 
pesquisa de Dantas (2011), realizada em serviços de urgência e emergência, aponta 
que 54,5% dos enfermeiros apresentam mais de um vínculo e 45,5% possuem apenas 
uma atividade profissional. O resumo das informações profissionais mencionados 
acima está descrito na tabela 2. 
Tabela 2 – Perfil profissional dos enfermeiros da emergência pediátrica. 
 n Frequência (%) 
Escolaridade 
Especialização/residência 12 92,3 
Mestrado 1 7,7 
Turno de trabalho no HCSA 
Manhã 3 23,1 
Tarde 2 15,4 
Noite 8 61,5 
Tempo de atuação na emergência 
Menos de 1 ano 5 38,5 
1 a 3 anos 3 23,1 
3 a 5 anos 1 7,7 
Mais de 5 anos 3 23,1 
Não respondeu 1 7,7 
Número de vínculos de trabalho 
1 emprego 1 7,7 
2 empregos 10 76,9 
3 empregos 2 15,4 
Fonte: Elaboração própria (2020). 
 
33 
 
6.3 PROVÁVEIS FATORES DE RISCO PARA A SÍNDROME DE BURNOUT NA 
EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA 
 
Grande parte dos profissionais que atuam em emergência encontram-se com 
algum nível de estresse (SANTANA et al., 2019). Portanto, cientes de que o estresse 
está intimamente ligado à síndrome de Burnout, contribuindo com o seu 
desenvolvimento (BEZERRA et al., 2019), questionamos se os enfermeiros 
participantes da pesquisa consideravam o setor da emergência pediátrica como 
desgastante ou estressante, e 8 (61,5%) enfermeiros responderam que sim, conforme 
apresentado na Tabela 3. Esse dado foi mais expressivo na pesquisa de Borges e 
colaboradores (2019), onde 96,6% dos enfermeiros de urgência e emergência 
consideraram seu trabalho estressante. 
Tabela 3 – O setor de emergência pediátrica como estressante ou desgastante na 
opinião dos enfermeiros. 
Considera a emergênciaestressante ou desgastante 
 n % 
Sim 8 61,5 
Não 5 38,5 
Fonte: Elaboração própria (2020). 
A fim de investigar os fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome, 
elencamos os fatores levantados por outros estudos relacionados ao tema, conforme 
apresentado na questão 11 do questionário, permitindo assim, que os participantes 
apontassem quais estariam relacionados ao estresse ou desgaste na emergência. As 
razões mais apontadas, pelos 8 enfermeiros (tabela 4), como desencadeadoras desse 
estresse ou desgaste foram: Quantidade elevada de atribuições; baixa remuneração; 
riscos biológicos; trabalho noturno; divergência entre teoria e prática profissional; 
desvalorização e riscos ergonômicos. 
Tabela 4 – Fatores estressantes ou desgastantes apontados pelos enfermeiros da 
emergência pediátrica (continua). 
Fatores estressantes ou desgastantes 
Enfermeiros que 
associaram à 
emergência 
% 
Quantidade elevada de atribuições 5 62,5 
Baixa remuneração 4 50 
Riscos biológicos 4 50 
Trabalho noturno 3 37,5 
Divergências entre teoria e prática profissional 3 37,5 
34 
 
Tabela 4 – Fatores estressantes ou desgastantes apontados pelos enfermeiros da 
emergência pediátrica (conclusão). 
Desvalorização 3 37,5 
Riscos ergonômicos 3 37,5 
Dinâmica/funcionamento do setor 2 25 
Sobrecarga de trabalho por falta de recursos humanos 2 25 
Recursos materiais e estruturais inadequados 2 25 
Conciliação das atividades do lar com as do trabalho 2 25 
Cobrança dos familiares/acompanhantes 2 25 
Carga horária excessiva 1 12,5 
Relacionamento com a equipe de saúde 1 12,5 
Burocratização excessiva 1 12,5 
Tomada de decisões em curto tempo 1 12,5 
Fonte: Elaboração própria (2020). 
Dos enfermeiros oito (n=8) que consideram a emergência desgastante ou 
estressante, 5 (62,5%) apontaram a quantidade elevada de atribuições como o 
principal motivo relacionado ao estresse ou desgaste de enfermeiros que atuam na 
emergência pediátrica. Em uma pesquisa realizada por Dantas (2011), a sobrecarga 
apareceu em segunda posição entre os elementos relacionados à síndrome de 
Burnout, em enfermeiros que atuam no setor de urgência e emergência. Ainda 
reforçando esse aspecto, em um estudo realizado por Sobral e colaboradores (2018) 
a alta demanda de trabalho foi considerada um fator psicossocial de risco no trabalho, 
portanto notamos a relevância do impacto da sobrecarga profissional na saúde do 
trabalhador. 
Esse fato é preocupante, já que a sobrecarga de trabalho repercute em 
prejuízo à assistência de enfermagem (FERREIRA; MEDEIROS; CARVALHO, 2017). 
Isso ocorre, principalmente, porque a sobrecarga leva ao desgaste emocional e ao 
esgotamento psicológico dos enfermeiros da emergência, o que afeta de forma 
negativa a saúde física e mental desses profissionais (PORTELA et al., 2015). 
O segundo fator associado ao estresse ou desgaste pelos participantes foi a 
baixa remuneração, sendo apontada por 4 (50%) enfermeiros. Esse problema está 
entre as principais causas de transtornos mentais entre profissionais de enfermagem 
e, portanto, ao desenvolvimento da síndrome de Burnout (FERNANDES; SOARES; 
SILVA, 2018; PORTELA et al., 2015). A desvalorização salarial leva os profissionais 
a buscarem outros empregos a fim de melhorarem sua renda mensal, o que causa 
desgaste e prejudica a assistência ao usuário do serviço de saúde (MOURA, 2015). 
35 
 
Outro fator mencionado por 4 (50%) dos enfermeiros foram os riscos 
biológicos aos quais os trabalhadores de saúde estão expostos. Esse risco 
ocupacional também foi atribuído como fator de desgaste pela pesquisa de Rosado, 
Russo e Maia (2015). Os riscos biológicos ganham ainda mais força como estressor 
diante do contexto provocado pela pandemia da COVID-19, devido ao aumento das 
pressões no trabalho, além do alto risco de enfrentamento da doença, fatores que 
geram desgaste físico e psíquico (DAL’BOSCO et al., 2020). 
Além desses fatores, o trabalho noturno também recebeu destaque como 
estressor entre os participantes da pesquisa, sendo apontado por 3 (37,5%) dos que 
consideraram o ambiente estressante ou desgastante. O que preocupa, pois a 
elevada quantidade de plantões noturno foi apontada como uma condição propícia ao 
desenvolvimento de síndrome de Burnout (BEZERRA; SILVA; RAMOS, 2012; 
MENEZES et al., 2017). A pesquisa de Rosado, Russo e Maia (2015), também 
evidenciou o trabalho noturno como fator de desgaste da saúde, pelo seu potencial 
de alterar o padrão de sono, causar irritabilidade, cefaleia, fadiga, entre outros. 
Outro destaque foi a divergência entre teoria e prática profissional, 
também apontado por 3 (37,5%) enfermeiros. Resultado semelhante ao encontrado 
por Bezerra, Silva e Ramos (2012), trabalho que evidenciou as discrepâncias entre 
teoria e prática como um dos principais estressores ocupacionais dos trabalhadores 
de enfermagem que atuam em urgência e emergência. 
A desvalorização também apareceu como um dos principais fatores 
estressores ou desgastantes para os participantes desta pesquisa, sendo apontada 
por 3 (37,5%) enfermeiros. No estudo de Joddas e Haddad (2009), esse fator também 
foi apontado como um dos fatores predisponentes para o desenvolvimento da 
síndrome de Burnout. Os profissionais valorizados, reconhecidos e incentivados pela 
instituição foram relacionados ao grupo de baixo risco para a manifestação da 
síndrome. Enquanto na pesquisa de Portela e colaboradores (2015), a desvalorização 
foi considerada como potencial geradora de exaustão emocional, despersonalização 
e baixa realização profissional, o que caracteriza a presença da síndrome de Burnout. 
Os riscos ergonômicos tiveram destaque dentre os fatores citados pelos 
enfermeiros participantes, apontados por 3 (37,5%). Conforme Sobral e colaboradores 
(2018), as situações ergonômicas inadequadas estão entre os fatores psicossociais 
de risco no trabalho. Portanto, podem estar relacionadas ao aumento do estresse e 
desgaste dos enfermeiros da emergência pediátrica. 
36 
 
6.4 PRESENÇA DA SÍNDROME DE BURNOUT NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA 
 
Como já mencionado, a maioria dos estudos considera a presença da 
síndrome de Burnout quando há alta exaustão emocional, alta despersonalização e 
baixa realização profissional. Portanto, ao avaliar as respostas dos enfermeiros ao 
Inventário de Burnout de Maslach (MBI), identificamos que um dos participantes 
(7,7%) apresenta os três critérios de alteração, o que sugere a síndrome de Burnout. 
Entretanto, 2 (15,4%) enfermeiros apresentaram baixa exaustão emocional, 
baixa despersonalização e alta realização profissional, não apresentando, portanto, 
desvios em nenhuma das três dimensões e 10 (77%) apresentaram alterações em 
pelo menos uma das dimensões definidoras da síndrome, conforme a tabela abaixo: 
Tabela 5 – Resultado da análise das respostas ao MBI entre os participantes. 
 n % 
Alteração nas 3 dimensões (SB) 1 7,7 
Alteração em uma ou duas dimensões 10 77 
Não apresentaram desvios nas dimensões 2 15,4 
Fonte: Elaboração própria (2020). 
A pesquisa de Faria e colaboradores (2019), realizada no distrito do Porto, 
apresentou taxa semelhante de Burnout em enfermeiros, onde 9,3% apresentaram a 
síndrome cuja presença foi relacionada a enfermeiros jovens e com poucos anos de 
experiência profissional. De acordo com Rocha e colaboradores (2019), os 
profissionais com idade mais avançada apresentam uma diminuição na dimensão 
relacionada a despersonalização. 
Na pesquisa de Oliveira e colaboradores (2017), índices elevados de 
exaustão emocional e despersonalização estiveram presentes em enfermeiros com 
mais de um vínculo profissional. Em outra pesquisa a maior parte dos profissionais 
que apresentaram desvios indicativos de Burnout eram do sexo feminino, entre 20 e 
30 anos de idade, sem companheiro, sendo mais presente entre os profissionais que 
atuam em urgência e emergência há 5 anos ou menos. Vale mencionarque a 
presença dos critérios para a síndrome de Burnout nesta pesquisa, foi evidenciada 
em uma profissional na faixa etária entre 30 e 35 anos, sexo feminino e que apresenta 
três vínculos empregatícios. 
Além disso, é importante mencionar que 10 (77%) enfermeiros, apresentaram 
alteração em pelo menos uma das características definidoras da síndrome, tendo, 
portanto, risco de desenvolvê-la. Esse resultado é superior ao encontrado por Dantas 
37 
 
(2011), onde 59,1% dos enfermeiros de urgência e emergência apresentaram níveis 
médios de Burnout, o que para a autora alterações em qualquer das dimensões 
representa um sinal de alerta, diante da iminência do adoecimento mental. 
A fim de ampliar essa discussão, realizamos a análise dos resultados segundo 
as três dimensões da síndrome de Burnout. Dessa forma, podemos perceber que 
houve predomínio de moderada exaustão emocional, representada por 7 (53,8%) 
enfermeiros, moderada despersonalização, em 5 (38,5%) enfermeiros e alta 
realização profissional, também em 5 (38,5%) enfermeiros. O quadro 2 apresenta os 
resultados do MBI segundo as dimensões da síndrome: 
Quadro 2 – Distribuição da amostra quanto as dimensões da síndrome de Burnout 
segundo o MBI. 
 Baixa Moderada Alta 
 n % n % n % 
Exaustão emocional 3 23,1 7 53,8 3 23,1 
Despersonalização 4 30,8 5 38,5 4 30,8 
Realização profissional 4 30,8 4 30,8 5 38,5 
Fonte: Elaboração própria (2020). 
Em relação a dimensão da exaustão emocional dos enfermeiros participantes 
da pesquisa, esta encontra-se predominantemente no nível moderado, encontrado em 
7 (53,8%) enfermeiros, apenas 3 (23,1%) com baixa exaustão e 3 (23,1%) com alto 
nível de exaustão emocional. Porém, mesmo níveis moderados, são considerados um 
sinal de alerta para o adoecimento profissional, pois a exaustão emocional é 
considerada como um dos primeiros e principais sintomas da síndrome de Burnout, 
tendo influência direta na conduta profissional (SILVA et al., 2020). 
Tratando-se da dimensão da despersonalização, 5 (38,5%) enfermeiros, 
apresentaram nível moderado de despersonalização, 4 (30,8%) apresentaram nível 
baixo e os outros 4 (30,8%), apresentaram nível alto de despersonalização, o que é 
preocupante. Segundo Silva e colaboradores (2015), o próprio esgotamento pode 
levar ao distanciamento psicológico (despersonalização) entre o profissional e o 
cliente, além de ser um meio de evitar laços afetivos, amenizando o sofrimento de 
perda, seja por alta ou óbito do usuário. 
Já com relação à realização profissional, 5 (38,5%) enfermeiros, encontram-
se com alto nível de realização profissional, 4 (30,8%) com nível moderado e outros 4 
(30,8%) com nível baixo de realização. O que demonstra que a maioria apresenta 
38 
 
satisfação com sua atividade profissional e reconhecem a importância do seu trabalho 
(DANTAS, 2011). 
Diante das alterações evidenciadas através das dimensões analisadas no 
presente estudo podemos notar o alto risco de adoecimento dos enfermeiros. Como 
consequência desse adoecimento, o profissional apresenta sinais e sintomas que 
podem resultar em falhas, redução na qualidade da assistência e segurança do 
paciente (PADILHA et al., 2017; RODRIGUES; SANTOS; SOUSA, 2017; SOARES, 
2018). Na tabela abaixo podemos observar os sinais e sintomas referidos pelos 
enfermeiros, que surgiram após o ingresso na emergência: 
 Tabela 6 – Sinais e sintomas referidos pelos enfermeiros da emergência 
pediátrica que surgiram após o ingresso no setor 
 Enfermeiros % 
Alterações no padrão de sono 8 61,5 
Dores nas pernas 5 38,5 
Irritação/nervosismo 3 23 
Estresse 2 15,4 
Hipertensão 2 15,4 
Problema de coluna 2 15,4 
Alterações gastrointestinais 2 15,4 
Enxaqueca/cefaleia 1 7,7 
Depressão 1 7,7 
Varizes 1 7,7 
Labilidade emocional 1 7,7 
Mialgia 1 7,7 
Problemas de concentração 1 7,7 
 Fonte: Elaboração própria (2020). 
Como mencionado, esses sinais e sintomas podem provocar falhas na 
assistência. A fim de investigar a ocorrência de possíveis falhas, os enfermeiros foram 
questionados se já haviam cometido erros, durante a assistência, por motivo de 
cansaço ou distração. A maioria, 9 (69,2%) enfermeiros negaram ter acontecido, mas 
4 (30,8%) afirmaram terem falhado durante a assistência. Essas falhas podem ser 
associadas aos desvios nas dimensões de Burnout, visto que, na pesquisa de Batalha, 
Melleiro e Borges (2019), esses desvios tiveram relação com a incidência de erros 
que resultaram em queda, Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) e erros 
de medicação. 
Ainda segundo Batalha, Melleiro e Borges (2019), a síndrome de Burnout está 
associada à redução da segurança do paciente. Complementarmente, a pesquisa de 
39 
 
Silveira e colaboradores (2016) também apontou falhas, procedimentos incorretos, 
negligência e imprudência, como consequências da síndrome de Burnout. 
Outros pesquisadores também chamam a atenção para o fato de que o 
Burnout reduz a qualidade da assistência de enfermagem (FARIA et al., 2019). 
Portanto, os gestores, bem como os próprios profissionais, devem dar atenção para a 
saúde mental, realizando avaliações de saúde periódicas a fim de ter diagnósticos 
precoces e promover a prevenção do adoecimento, aumentando assim a satisfação 
do profissional, promovendo a qualidade da assistência e reduzindo a incidência de 
síndrome de Burnout (ROCHA et al., 2019). 
E, no cenário da emergência deste estudo, 8 enfermeiros (61,5%), afirmaram 
existir medidas institucionais que visam à prevenção do adoecimento profissional. 
Conforme mencionado no questionário são elas: dimensionamento adequado de 
funcionários; aumento da remuneração; assistência à saúde do trabalhador; 
prevenção de doenças; descentralização da assistência; diminuição da carga horária; 
controle das horas trabalhadas e valorização profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Podemos concluir que a emergência pediátrica é caracterizada como um local 
propício ao estresse. Além disso, a pandemia provocada pela disseminação do novo 
coronavírus, pode ter contribuído para o aumento do estresse entre os profissionais 
de saúde, graças ao medo de adquirir e transmitir a doença para amigos e familiares, 
sem contar o isolamento social exigido nesse período. 
Com relação ao perfil dos profissionais, constatamos que os enfermeiros da 
emergência são, em sua maioria, mulheres, na mesma proporção entre solteiras e 
casadas, pertencentes a religião católica e possuem, em média, 37 anos. Quanto ao 
perfil profissional, a maioria possui especialização/residência, trabalha na emergência 
no turno da noite, a menos de um ano e possui dois vínculos empregatícios. O fato da 
maioria possuir mais de um vínculo empregatício tem como consequência o aumento 
da carga de trabalho, além da exaustão física e emocional. 
 Além disso, podemos concluir que a maioria dos enfermeiros considera a 
emergência desgastante ou estressante e atribuem isso, principalmente, a: 
Quantidade elevada de atribuições; baixa remuneração; riscos biológicos; trabalho 
noturno; divergência entre teoria e prática profissional; desvalorização e riscos 
ergonômicos. 
A principal alteração em relação aos sinais e sintomas manifestados pelos 
enfermeiros consistiu nas alterações do padrão de sono. Essas alterações se devem 
principalmente ao fato da maioria trabalhar no turno da noite, o que modifica o ritmo 
circadiano e pode provocar estresse, fadiga e alterações de humor. 
Com relação à síndrome de Burnout, apesar de apenas uma enfermeira 
apresentar os três critérios para a síndrome, a grande maioria dos profissionais 
apresentam risco de adoecimento, já que possuem alterações em pelo menos uma 
das três dimensões. A dimensão que no geral teve alteração mais expressiva foi a 
exaustão emocional que, conforme alguns autores defendem, é a primeiradas três 
dimensões a demonstrar alteração. 
Esses dados chamam a atenção para o iminente adoecimento dos 
profissionais, devendo-se, portanto, adotar medidas preventivas e de 
acompanhamento para identificação precoce dessas alterações. Uma vez que, 
mesmo manifestações iniciais da síndrome, além de outros desvios de saúde, são 
potenciais geradores de situações de risco para a assistência segura aos pacientes, 
41 
 
é importante que os gestores dos serviços de saúde se atentem para os fatores 
potencializadores do adoecimento e tomem as providências cabíveis. 
Pensando nos fatores levantados neste trabalho podemos sugerir a 
valorização dos profissionais, melhor remuneração, condições seguras de trabalho, 
minimizando os riscos biológicos e ergonômicos, melhor acesso aos serviços de 
saúde para os profissionais, além do estabelecimento de um núcleo de saúde do 
trabalhador no hospital, a fim de que sejam desenvolvidas ações relacionadas a 
prevenção do adoecimento. 
Tais medidas ainda podem ser vistas como desnecessárias ou insignificantes, 
mas é importante pensarmos que algumas medidas simples podem fazer toda a 
diferença e refletir não somente na melhora da saúde do trabalhador, mas em uma 
assistência à saúde segura e de qualidade. Os enfermeiros, são muitas vezes 
criticados em sua conduta, mas poucas vezes são vistos com empatia pelas suas 
necessidades e pelo seu próprio estado de saúde física ou mental. 
Por fim, queremos destacar que as medidas de restrição social impostas pela 
pandemia de COVID-19, dificultaram o processo de coleta de dados, o que justifica a 
participação reduzida pelos enfermeiros da emergência pediátrica na presente 
pesquisa. Portanto, ressaltamos que, dadas as limitações, para ampliar o 
conhecimento sobre o tema em questão, sugerimos a continuidade do estudo para 
melhor aprofundamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
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