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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM KELLY AMANDA COÊLHO PEREIRA SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS QUE ATUAM NA EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO ESTADO DE RORAIMA BOA VISTA, RR 2020 1 KELLY AMANDA COÊLHO PEREIRA SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS DA EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO ESTADO DE RORAIMA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Roraima, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem. Orientador: Profª. Ma. Andréa dos Santos Cardoso. BOA VISTA, RR 2020 2 3 KELLY AMANDA COÊLHO PEREIRA SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS QUE ATUAM NA EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO ESTADO DE RORAIMA Prof.ª M.ª Andréa dos Santos Cardoso Orientador/Curso de Enfermagem-UFRR Prof. Dr. Paulo Sérgio da Silva Curso de Enfermagem-UFRR Enf.ª M.ª Fernanda Zambonin Instituto Federal de Roraima -IFRR Monografia apresentada como pré-requisito para conclusão do Curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade Federal de Roraima. Defendida em 09 de dezembro de 2020 e avaliada pela seguinte banca examinadora: 4 AGRADECIMENTOS Por me capacitar e colocar pessoas maravilhosas, que me ajudaram tanto neste processo dispendioso e desafiador, agradeço ao meu Deus em primeiro lugar. Além disso, gostaria de agradecer as pessoas que fizeram essa caminhada mais alegre e extrovertida, minha companheira de estágio, Kelyhorrara Fernandes e minhas queridas amigas: Jádila Tainá, Nayara Kalila e, principalmente, Sara Suerda, por todo apoio a mim concedido, meu muito obrigada. À coordenação e secretaria do curso, por todo seu empenho e dedicação ao cuidar dos aspectos burocráticos tão necessários para nosso prosseguimento. Aos dedicados professores que contribuíram com a formação do meu conhecimento, especialmente: Cíntia Casimiro, Paulo Sérgio e Jackeline Maciel. Como prometido, agradeço ao preceptor da Liga Acadêmica Roraimense de Enfermagem em Emergência, enfermeiro Orlane Rios Peres, por todo apoio e informação dadas a mim. À minha querida orientadora Andréa Cardoso pela sua dedicação e pelo esforço em me acompanhar nessa jornada acadêmica, não tenho palavras para expressar minha gratidão pelo seu empenho. 5 Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Mateus 6:33 6 RESUMO A síndrome de Burnout provoca alterações na saúde física e mental do trabalhador, é considerada um grave problema, sendo a enfermagem uma das profissões mais afetadas. Pensando nisso, o presente estudo foi realizado com os enfermeiros atuantes na emergência de um Hospital Pediátrico no estado de Roraima, com o objetivo de identificar a presença e o nível de Burnout entre esses profissionais e evidenciar possíveis fatores de risco associados ao desenvolvimento da síndrome. Trata-se de uma pesquisa de campo, descritiva com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada com 13 enfermeiros da emergência, no período de junho a julho de 2020. A coleta de dados precisou ser adaptada tendo em vista as medidas restritivas adotadas após a pandemia da COVID-19, sendo realizada por meio do aplicativo WhatsApp e Formulários Google. A análise de dados foi realizada através da ferramenta Planilhas Google e Microsoft Excell. Através da análise de dados foi evidenciado que a maioria dos enfermeiros consideram a emergência desgastante ou estressante e atribuem esse fato a: Quantidade elevada de atribuições; baixa remuneração; riscos biológicos; trabalho noturno; divergência entre teoria e prática profissional; desvalorização e riscos ergonômicos. Com relação às modificações ocorridas após sua atuação na emergência, as alterações no padrão de sono foram as mais expressivas. Além disso, observamos que 1 dos profissionais (7,7%) apresentou os três critérios para a síndrome, 10 (77%) apresentaram um ou dois critérios e apenas 2 (15,4%) não apresentaram desvios nas dimensões da síndrome de Burnout. Apesar de apenas 1 enfermeira apresentar a síndrome, a grande maioria dos profissionais apresentam risco de adoecimento, já que possuem índices alterados de exaustão emocional e/ou despersonalização e/ou baixa realização profissional, o que se torna preocupante em virtude de suas consequências para o adoecimento profissional e qualidade da assistência. Portanto, sugere-se a valorização dos profissionais, melhor remuneração, condições seguras de trabalho, minimizando os riscos biológicos e ergonômicos, melhor acesso aos serviços de saúde, para que sejam realizadas medidas de acompanhamento dos profissionais no sentido de identificar precocemente essas alterações. Palavras-chave: Transtorno mental. Síndrome de Burnout. Enfermeiros. Emergência pediátrica. 7 ABSTRACT Burnout syndrome causes changes in the worker's physical and mental health, it is considered a serious problem, and nursing is one of the most affected professions. With this in mind, the present study was conducted with nurses working in the emergency of a Pediatric Hospital in the state of Roraima, with the objective of identifying the presence and level of Burnout among these professionals and highlighting possible risk factors associated with the development of the syndrome. It is a descriptive field research with a quantitative approach. The survey was conducted with 13 emergency nurses, from June to July 2020. The data collection needed to be adapted in view of the restrictive measures adopted after the COVID-19 pandemic, being carried out through the WhatsApp application and Forms Google. Data analysis was performed using the Google Spreadsheet and Microsoft Excell tool. Through data analysis, it was evidenced that most nurses consider the emergency as exhausting or stressful and attribute this fact to: High number of assignments; low pay; biological risks; night work; divergence between theory and professional practice; devaluation and ergonomic risks. With regard to the changes that occurred after his performance in the emergency, changes in the sleep pattern were the most significant. In addition, we observed that 1 of the professionals (7.7%) had the three criteria for the syndrome, 10 (77%) had one or two criteria and only 2 (15.4%) had no deviations in the dimensions of the Burnout syndrome. Although only 1 nurse has the syndrome, the vast majority of professionals are at risk of becoming ill, as they have altered rates of emotional exhaustion and / or depersonalization and / or low professional performance, which is worrisome due to its consequences for the professional illness and quality of care. Therefore, it is suggested the valorization of professionals, better remuneration, safe working conditions, minimizing biological and ergonomic risks, better access to health services, so that professional monitoring measures are carried out in order to identify these changes early. Keywords: Mental disorder. Burnout syndrome. Nurses. Pediatric emergency. 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Pontos de corte do MBI............................................................................. 27 Quadro 2 - Distribuição da amostra quanto as dimensões da síndrome de Burnout segundo o MBI........................................................................................36 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Perfil sociodemográfico dos enfermeiros participantes do estudo........... 30 Tabela 2 - Perfil profissional dos enfermeiros da emergência pediátrica ................... 31 Tabela 3 - O setor de emergência pediátrica como estressante ou desgastante na opinião dos enfermeiros ........................................................................... 32 Tabela 4 - Fatores estressantes ou desgastantes apontados pelos enfermeiros da emergência pediátrica............................................................................. 32 Tabela 5 - Resultado da análise das respostas ao MBI entre os participantes.......... 35 Tabela 6 - Sinais e sintomas referidos pelos enfermeiros da emergência pediátrica que surgiram após o ingresso no setor............................................................. 37 10 LISTA DE SIGLAS CEP/UFRR Comitê de Ética em Pesquisa em seres humanos da Universidade Federal de Roraima DP Despersonalização EE Exaustão Emocional IRAS Infecção Relacionada à Assistência à Saúde LAREE Liga Acadêmica de Enfermagem em Emergência MBI Maslach Burn-out Inventory rRP reduzida Realização Profissional SMSA Secretaria Municipal de Saúde TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 11 SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 12 2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 14 2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 14 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 14 3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 15 4 REFERENCIAL TEMÁTICO ............................................................................ 17 4.1 ADOECIMENTO MENTAL DOS ENFERMEIROS ........................................... 17 4.2 PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA A SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS ......................................................................................... .......21 4.2.1 Barreiras no relacionamento interpessoal no trabalho .............................. 21 4.2.2 Falta de recursos humanos e materiais ....................................................... 23 4.2.3 A desvalorização do enfermeiro ................................................................... 24 5 METODOLOGIA .............................................................................................. 25 5.1 TIPO DE ESTUDO ........................................................................................... 25 5.2 LOCAL DO ESTUDO ....................................................................................... 25 5.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO ....................................................................... 26 5.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................................. 26 5.5 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................... 27 5.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS ...................................................................... 29 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 30 6.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS ENFERMEIROS PARTICIPANTES DO ESTUDO ........................................................................................................... 30 6.2 PERFIL PROFISSIONAL DOS ENFERMEIROS PARTICIPANTES DO ESTUDO ........................................................................................................... 31 6.3 PROVÁVEIS FATORES DE RISCO PARA A SÍNDROME DE BURNOUT NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA ........................................................................... 33 6.4 PRESENÇA DA SÍNDROME DE BURNOUT NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA .......................................................................................................................... 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................38 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 42 APÊNDICES .................................................................................................... 50 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE ................................................................................................................. 50 APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO E PROFISSIONAL .......................................................................................................................... 52 12 1 APRESENTAÇÃO Segundo dados do Ministério da Fazenda (2017), os transtornos mentais e comportamentais foram a terceira maior causa de incapacidade para o trabalho entre 2012 e 2016. Complementarmente a estes dados, a pesquisa de Baptista e colaboradores (2018), analisou dados de 829 afastamentos e os classificou segundo os grandes grupos do Código Internacional de Doenças (CID-10), evidenciando que os transtornos mentais e comportamentais estiveram relacionados à 22,6% dos afastamentos da equipe de enfermagem durante um ano, sendo o terceiro motivo mais prevalente, perdendo apenas para o grupo dos fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com serviços de saúde, e para o grupo das doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo. Na pesquisa de Barros e Rodrigues (2016) o fator psicoemocional aparece em segunda posição entre os maiores causadores de adoecimento nos profissionais de enfermagem, sendo os principais agravos: depressão, ansiedade e síndrome de Burnout. A síndrome de Burnout é definida como uma disfunção emocional provocada por situações desgastantes no ambiente de trabalho, o que leva à exaustão, estresse e cansaço físico. O termo Burnout deriva do inglês “‘burn’ quer dizer queima e ‘out’ exterior” (BRASIL, 2017). Considera-se que o termo foi disseminado em 1974, no meio científico através do artigo Staff Burn-Out pelo psicólogo Herbert J. Freudenberger. Entretanto, foram as autoras Maslach e Jackson que se destacaram na realização de estudos na área e na elaboração de meios diagnósticos e avaliativos. Elas foram responsáveis pela validação do instrumento de mensuração Maslach Burn-out Inventory (MBI), o qual avalia três dimensões para a caracterização da síndrome de Burnout, sendo representada por: exaustão emocional (EE), despersonalização (DP) e reduzida realização profissional (rRP) (MENDANHA; BERNARDES; SHIOZAWA, 2018). A síndrome de Burnout provoca alterações na saúde física e mental do trabalhador e já é considerada um grave problema, sendo a enfermagem uma das profissões mais afetadas (OLIVEIRA, 2019). O estudo da Organização Pan Americana da Saúde (2012), realizado com médicos e enfermeiros de diversos países, como: Argentina, Costa Rica, Peru e Brasil, evidenciou que 54% dos enfermeiros brasileiros apresentaram níveis de Burnout. 13 Um dos fatores envolvidos nesse alto índice de acometimento dos enfermeiros é a sobrecarga de trabalho (FILHO et al., 2016). Além de suas diversas atribuições, podemos citar a carência de profissionais, os recursos materiais e estruturais inadequados, a carga horária excessiva, o trabalho noturno, a conciliação das atividades laborais com as do lar, o relacionamento com as pessoas e o embate entre teoria e prática profissional (BEZERRA;SILVA; RAMOS, 2012). Além disso, o maior contato e aproximação dos enfermeiros com familiares e usuários do serviço de saúde e a dinâmica organizacional do local de trabalho, são agravantes da sobrecarga física e emocional as quais esses trabalhadores estão expostos (JODAS; HADDAD, 2009; MENEZES et al., 2017). Sendo assim, um dos locais de trabalho cuja dinâmica abrange elementos de sobrecarga é a unidade de emergência (ALVES, 2011). Considerando-se que o setor atende às vítimas com agravos à saúde que causam demasiado sofrimento ou impliquem em risco iminente de morte (BRASIL, 2014), podemos concluir que existe alta demanda de serviços, que exige agilidade e destreza, além da capacidade de lidar com o sofrimento alheio o que pode contribuir para o desgaste físico e mental do enfermeiro (GOMES, 2014). Portanto, o presente estudo foi realizado com os enfermeiros atuantes na emergência pediátrica de um hospital público no estado de Roraima, a fim de identificar a presença e o nível de Burnout entre esses profissionais e evidenciar possíveis fatores de risco associados ao desenvolvimento dessa síndrome. 14 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Identificar a presença e o nível de Burnout em enfermeiros que atuam na emergência pediátrica de um hospital público no estado de Roraima. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ● Traçar o perfil dos enfermeiros atuantes na emergência pediátrica; ● Identificar os possíveis fatores de risco para a síndrome de Burnout no setor da emergência pediátrica; ● Avaliar os níveis de Burnout através do questionário Maslasch Burnout Inventory (1996). https://www.researchgate.net/publication/277816643_The_Maslach_Burnout_Inventory_Manual https://www.researchgate.net/publication/277816643_The_Maslach_Burnout_Inventory_Manual 15 3 JUSTIFICATIVA O interesse por esta temática deve-se ao conhecimento obtido através de grupos informais no WhatsApp sobre o aumento de casos de suicídio de enfermeiros, ocorridos até mesmo, no horário e local de trabalho, muitos deles relacionados aos transtornos depressivos e ansiedade. Esses acontecimentos remetem ao estado de esgotamento mental e adoecimento que acometem esses profissionais (SILVEIRA et al, 2016). A vivência obtida com a Liga Acadêmica Roraimense de Enfermagem em Emergência (LAREE), também motivou essa escolha. Os estágios da LAREE na emergência adulta e pediátrica, em ambos os lugares foi possível perceber a grande demanda pelo serviço, e consequentemente, carga excessiva de trabalho para os profissionais. Pensando na emergência pediátrica temos outro fator desafiador e preocupante, a interação do enfermeiro com a criança e seus familiares/acompanhantes. Nesse sentido, percebemos que alguns profissionais possuem dificuldades em oferecer atenção, apoio e as orientações que esses usuários precisam durante o momento delicado da internação. Muitas vezes, a comunicação se limita apenas a coleta de dados sobre o estado físico do usuário, entretanto, a interação com a criança e acompanhante pode amenizar o sofrimento vivenciado durante a internação hospitalar (AZEVEDO, LANÇONI JÚNIOR, CREPALDI, 2017). As experiências vivenciadas durante as atividades da Liga acadêmica impulsionaram o interesse em investigar o estado de saúde mental dos enfermeiros que atuam em emergências pediátricas. Além disso, é importante chamar atenção dos enfermeiros e gestores para o cuidado com a saúde mental daqueles que cuidam, de maneira a garantir melhora na qualidade da assistência direcionada às crianças e seus acompanhantes (GASPERI; RADÜNZ, 2006). Sendo assim, a evidência de questões relacionadas à síndrome de Burnout entre esses profissionais poderão servir futuramente de subsídios para amenização desta condição de saúde. Uma vez que o conhecimento e divulgação desse problema podem chamar a atenção dos gestores para as consequências do adoecimento profissional e para a necessidade de elaboração de estratégias eficazes na 16 identificação precoce, acompanhamento e medidas de controle dos transtornos mentais na equipe de enfermagem. 17 4 REFERENCIAL TEMÁTICO 4.1 ADOECIMENTO MENTAL DOS ENFERMEIROS Muitos são os fatores que desencadeiam o sofrimento psíquico nos enfermeiros. Dentre os mais frequentes podemos citar: mau relacionamento entre a equipe, problemas institucionais, falta de recursos humanos e materiais, que consequentemente levam à sobrecarga de trabalho, ineficiência do cuidado, comunicação não efetiva, desorganização do trabalho, insatisfação e redução na produtividade (FERREIRA; MEDEIROS; CARVALHO, 2017). Além disso, as pressões sofridas no ambiente institucional, as longas jornadas de trabalho e o modo de enfrentamento do trabalhador, bem como a baixa remuneração e a violência laboral, são fatores que influenciam no aumento de casos de adoecimento mental entre os enfermeiros, dentre os quais se destacam o estresse e a depressão. Esse adoecimento provoca prejuízo na assistência à saúde prestada por estes profissionais, tornando-os muitas vezes incapacitados de exercer suas atividades (FERNANDES; SOARES; SILVA, 2018). Os sinais e sintomas atribuídos ao sofrimento psíquico, capazes de levar à incapacitação laboral, estão representados por: “enxaqueca, estresse, irritação, desgaste físico, depressão, dores nas pernas, varizes, hipertensão, problemas de coluna, insatisfação, desânimo e insônia” (FERREIRA; MEDEIROS; CARVALHO, 2017, p. 257). Esses fatores corroboram para o aumento do absenteísmo entre enfermeiros (CARVALHO et al., 2017). A pesquisa de Falavigna e Carlotto (2013) em um hospital geral, apontou que a tendência de aumento dos absenteísmos na enfermagem, por transtornos mentais e comportamentais, é de 1% ao ano. Outra pesquisa, realizada em um hospital universitário do Rio de Janeiro, mostrou que aproximadamente 27% dos profissionais de enfermagem tiveram afastamento por um período superior a 15 dias, estando os transtornos mentais e do comportamento entre as três principais causas de absenteísmos nos participantes do estudo (BAPTISTA et al., 2018). O absenteísmo resulta na sobrecarga de atividades para os demais trabalhadores que, pela falta de substitutos, exercem suas próprias atividades e as atividades do colega que se encontra afastado do serviço (LUCCA; RODRIGUES, 2015). Nota-se que os prejuízos relacionados à alta carga de trabalho afetam a saúde 18 do trabalhador, a instituição e a qualidade da assistência de enfermagem (CARVALHO et al., 2017; GASPARINO, 2014). Na revisão integrativa de Barros e Rodrigues (2016), o fator psicoemocional foi o segundo maior causador de adoecimento dos profissionais de enfermagem. Os resultados da pesquisa apontam que a pressão no trabalho, sobrecarga e o esgotamento profissional, dentre outros fatores, foram catalisadores desse adoecimento, sendo os transtornos mais prevalentes: depressão, ansiedade e síndrome de Burnout. A síndrome de Burnout ou síndrome do esgotamento profissional é um distúrbio emocional caracterizado por exaustão, estresse e esgotamento relacionado às situações ocupacionais que exigem grandes responsabilidades e/ou competitividade. Entre os profissionais mais atingidos estão: profissionais de saúde, professores e trabalhadores da área de segurança, visto que tais profissionais lidam com maiores pressões e responsabilidades no trabalho e situações extremamente estressantes. É importante ressaltar que tal condição pode levar o profissional a um estado de depressão profunda, fato que evidencia a gravidade deste distúrbio e a importância do seu diagnóstico e tratamento precoce (BRASIL, 2017). Os profissionais acometidos por essa síndrome apresentam manifestações físicas e mentais,as quais podemos citar: cansaço extremo, fadiga, hipertensão arterial, alterações na frequência cardíaca, mialgia, cefaleia frequente, alterações gastrointestinais, vertigem, nervosismo, problemas de concentração, insegurança, sentimento de fracasso e de sobrecarga, falta de empatia, labilidade emocional, isolamento, negatividade, desesperança e/ou incompetência (BRASIL, 2017; MOSS et al., 2016). Alguns destes sinais e sintomas podem ser explicados pelas alterações no padrão de sono dos acometidos por Burnout. Um estudo caso-controle identificou que pessoas com a síndrome apresentam problema de insônia e fragmentação do sono. Além disso, apresentam maiores níveis de ansiedade, depressão e insatisfação com o trabalho (METLAINE et al., 2018). Essas manifestações são inicialmente leves, o que retarda a busca por tratamento, entretanto, pioram com o passar do tempo, por isso é importante passar por avaliação profissional, o qual deverá concluir o diagnóstico, iniciar o tratamento e acompanhamento do caso (SILVEIRA et al., 2016). 19 Segundo a World Health Organization (1994), a síndrome de Burnout inclui três dimensões principais, que são: exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização pessoal. A exaustão refere-se a fadiga e falta de recurso emocional para lidar com as atividades laborais estressantes. Já a despersonalização leva o indivíduo a uma atitude indiferente e distante relacionada ao trabalho, causa negatividade, insensibilidade e impessoalidade. Já na reduzida realização pessoal o trabalhador sente-se insuficiente, avalia negativamente seu trabalho e possui baixa autoestima profissional (MOSS et al., 2016). Conforme já mencionado anteriormente, profissionais de saúde estão entre os mais acometidos pela síndrome de Burnout, um dos fatores envolvidos é a alta complexidade e responsabilidades das atividades exercidas em setores como a emergência, por exemplo (MENEZES et al., 2017) e a enfermagem está entre as categorias profissionais mais afetadas (BRASIL, 2017; PORTELA et al., 2015). A pesquisa de Joddas e Haddad (2009), realizada em um setor de emergência, mostrou que 21,3% dos profissionais de enfermagem apresentaram alto índice de exaustão emocional, 32,8% alto nível de despersonalização e 37,7% apresentaram baixa realização profissional, alterações nessas três dimensões caracteriza a síndrome de Burnout. Essa pesquisa identificou ainda que 54,1% dos profissionais teriam alto risco para manifestação da síndrome. Um outro estudo realizado no interior de São Paulo mostrou que 15,3% dos profissionais de enfermagem de um hospital universitário apresentaram duas dimensões da síndrome de Burnout e 32,4% apresentaram pelo menos uma das dimensões. O que chama a atenção para o eminente adoecimento destes profissionais (SOBRAL et al., 2018). No trabalho de Soares (2018) 24,7% dos profissionais de enfermagem apresentaram alta exaustão emocional, 18,8% alta despersonalização e 8,2% baixa realização profissional. Sendo assim, alguns fatores relacionados ao desenvolvimento da síndrome de Burnout em enfermeiros consistem na diversidade de atribuições que o trabalhador possui, muitas vezes além do que pode suportar, desvalorização, falta de reconhecimento e de incentivo ao desenvolvimento profissional, maior aproximação física e psicológica do profissional com usuários e familiares e a dinâmica do trabalho em emergência, que demanda esforço físico, agilidade e gera tensão (JODAS; HADDAD, 2009). 20 Complementarmente, a pesquisa de Sobral e colaboradores (2018) apontou diversos fatores psicossociais de risco no trabalho da enfermagem, entre eles estão: burocratização excessiva, condições de trabalho inapropriadas, riscos ergonômicos, problema com equipamentos, falta de profissionais, jornadas de trabalho exaustivas e falta de plano de carreira. Do ponto de vista do suporte social são apontados a falta de apoio e poder de decisão, falta de uniformidade na gestão dos plantões (exemplo: alguns gestores permitem certas situações e outros não) e o excesso de absenteísmos, o que resulta na sobrecarrega de atividade. Quanto aos relacionamentos, os pesquisados destacaram as relações conflituosas entre a equipe e gestão, desvalorização do profissional de enfermagem, críticas e ausências de elogios, excesso de cobranças, falta de comunicação efetiva (SOBRAL et al., 2018). Dentre as queixas mais evidentes entre os profissionais, estavam o sentimento de que tem pouco tempo para si, de cansaço mental, dor muscular, dificuldades no sono e estado de aceleração contínuo (JODAS; HADDAD, 2009). Esses fatores refletem no desempenho profissional, segurança no cuidado ao paciente e qualidade da assistência, pois o trabalhador torna-se frio e se afasta da sua principal competência, o cuidar. Além disso, a exaustão pode ocasionar iatrogenias por negligência, imprudência e irritabilidade (PADILHA et al., 2017; RODRIGUES; SANTOS; SOUSA, 2017; SOARES, 2018). Sendo assim, é imprescindível que o enfermeiro reconheça precocemente os sinais e sintomas que apresenta e procure auxílio profissional. O tratamento para esse transtorno ocupacional pode ser duradouro e requerer o uso de antidepressivos e/ou ansiolíticos. Mas principalmente deve ser encorajado quanto as necessidades de mudanças no estilo de vida, proporcionar melhorias no ambiente de trabalho e até mesmo afastamento temporário. A atividade física, exercícios de relaxamento e lazer são fundamentais nesse processo, pois proporcionam alívio do estresse, assim como de outras manifestações clínicas (BRASIL, 2017). A síndrome de Burnout pode ser prevenida através de atividades que reduzam o estresse e a pressão no trabalho, bem como buscar o equilíbrio entre as atividades laborais, o lazer, a vida social e familiar e cuidados com a saúde física. Um estilo de vida saudável, ter objetivos pessoais e profissionais adequados, reservar tempo para atividades de lazer e que fujam à rotina, descansar, evitar pensamentos e pessoas 21 negativas e expressar os sentimentos com alguém de confiança, são formas de prevenir esse distúrbio (BRASIL, 2017). 4.2 PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA A SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS Conforme levantamento realizado durante o estudo sobre a síndrome de Burnout em enfermeiros, notou-se que os principais fatores de risco relacionados ao seu desenvolvimento foram: os problemas de relacionamento interpessoal; a falta de recursos humanos e materiais e a desvalorização do profissional de enfermagem (BEZERRA; SILVA; RAMOS, 2012; FERNANDES; SOARES; SILVA, 2018; FERREIRA; MEDEIROS; CARVALHO, 2017; JODDAS, HADDAD, 2009; MENEZES et al., 2017; SOBRAL, 2018). Sendo descritos a seguir, cada um deles separadamente. 4.2.1 Barreiras no relacionamento interpessoal no trabalho O trabalho do enfermeiro envolve interações entre a equipe, a finalidade dessa equipe e de sua interação é cuidar dos usuários do serviço de saúde, pois o cuidado depende da ação conjunta dos profissionais. Portanto, o trabalho em equipe e o bom relacionamento com os colegas de trabalho são elementos importantes para que o cuidado de enfermagem ocorra de maneira eficaz. Porém, a proximidade, as diferenças no modo de agir e pensar, as falhas na comunicação e a falta de confiança ocasionam conflitos na equipe de enfermagem (SALIMENA, 2019; SANTOS, 2016). Esses conflitos são fontes de estresse para o trabalhador, conforme descreve a pesquisa de Ueno e colaboradores (2017), quando o relacionamento interpessoal com o grupo de trabalho foi mencionado como um dos principais fatores para o estresse ocupacional. E, dentro da categoria de relações interpessoais, os pesquisados apontaram a falta de comprometimento dos colegas de profissão como fonte de conflitos. Por exemplo, o colega não ajuda o outro em algum procedimento por não estar escaladopara cuidar do cliente beneficiado, esse tipo de comportamento estimula a desunião da equipe (ARAÚJO; MEDEIROS; QUENTAL, 2016). Para Salimena (2019) uma das principais causas de conflitos é a falha de comunicação, o que prejudica o trabalho da enfermagem. As consequências geradas 22 por tais conflitos na equipe pode ser o aumento do absenteísmo, como observado na pesquisa de Kurcgant e colaboradores (2015) que apontou o adoecimento dos profissionais, a insatisfação com as condições institucionais e o relacionamento interpessoal inadequado como principais causas do absenteísmo em unidades de internação em três hospitais na cidade de São Paulo. Além disso, as relações de poder foram citadas como barreiras para o bom relacionamento interpessoal, uma vez que a gestão e/ou gerência de enfermagem, ou até mesmo o enfermeiro supervisor, podem falhar na comunicação com os demais profissionais de enfermagem, impondo suas posições de maneira autoritária e causando conflitos na equipe (TRAJANO et al., 2017). Por exemplo, no trabalho de Martins e colaboradores (2014) os estressores que afetaram as relações interpessoais foram os relacionados a escala de turnos, falta de interação entre a equipe, a falta de resolutividade de problemas do setor, cobranças desnecessárias e falhas na comunicação. Além das dificuldades relacionais entre o enfermeiro e sua equipe de enfermagem, e destes com a gerência do serviço, ainda existem os conflitos com os demais profissionais de saúde. Na pesquisa de Trajano e colaboradores (2017) os profissionais participantes do estudo apontaram que os médicos, em certas ocasiões, consideravam-se superiores aos demais profissionais da equipe de saúde, gerando mais conflitos e tensão ao ambiente laboral. Outro desafio é o relacionamento com os clientes e seus familiares, os participantes da pesquisa de Araújo, Medeiros e Quental (2016) citaram que alguns acompanhantes desacatam os enfermeiros e demais membros da equipe de enfermagem. Como esses profissionais estão em maior contato com os familiares, acabam sendo alvo de reclamações que, muitas vezes, não deveriam ser direcionadas para a enfermagem, mas para outros profissionais ou mesmo para setores administrativos (PERES, 2016). Em outras situações, os enfermeiros acabam bloqueando o apego afetivo com clientes gravemente enfermos como mecanismo de sua própria proteção. Dessa forma, esses profissionais tornam-se frios e limitam o contato com o cliente apenas à realização de procedimentos, evitando estabelecer um relacionamento mais próximo com o usuário a fim de prevenir o sentimento de perda (SANTOS, 2016). 23 4.2.2 Falta de recursos humanos e materiais O estudo de Scherer e colaboradores (2016) mostrou que dentre os principais fatores que sobrecarregam profissionais de enfermagem encontram-se a falta de recursos materiais e a falta de recursos humanos. Nessa pesquisa, os problemas com os recursos materiais foram a segunda maior reclamação dos profissionais, refletindo na desmotivação pelo trabalho. Ainda conforme o estudo citado acima, a falta de materiais adequados dificulta ou mesmo impede que alguns procedimentos sejam realizados de forma segura e eficaz, como a realização de um curativo de forma adequada na ausência de material estéril, por exemplo. Tais situações preocupam e frustram os enfermeiros que acabam tendo que lidar com as consequências desses problemas ocorridos pela falta de recursos materiais. Além disso, a insuficiência desses recursos foi identificada como fator de risco psicossocial, por potencialmente causar desgaste físico e mental aos trabalhadores (ARAÚJO; PENAFORTE, 2016). A pesquisa de Tacsi e Vendruscolo (2004), realizada com enfermeiras da emergência pediátrica de um hospital de São Paulo, também ressalta sobre a importância de recursos materiais adequados à assistência. Pois não é suficiente que haja profissionais para assistir aos clientes e faltem os materiais que aqueles necessitam para realizar os procedimentos cabíveis de forma segura e adequada. Com relação à falta de recursos humanos, podemos associá-lo ao aumento da sobrecarga do profissional, já que a ausência de um trabalhador representa o aumento das atividades do outro, e quando o ambiente de trabalho exige maior agilidade, a sobrecarga é ainda maior. Os enfermeiros possuem diversas atribuições específicas e essas atribuições tornam-se ainda mais exaustivas quando não há o quantitativo de profissionais apropriado (SCHERER et al., 2016). Portanto, os trabalhadores experimentam cansaço, angústia, impotência e até revolta, devido ao excesso de demanda aliado à escassez de recursos humanos e materiais (FELICIANO; KOVACS; SARINHO, 2005). Esse fato é ressaltado na pesquisa de Silva, Silva e Leite (2016) realizada em uma unidade de internação pediátrica, os autores discutem o fato de que a deficiência de recursos humanos, somada à alta demanda de atendimentos, têm provocado aumento da sobrecarga de trabalho. Como consequência disso o enfermeiro diminui 24 o contato com a criança, fica mais cansado e estressado, o que influencia negativamente no cuidado. 4.2.3 A desvalorização do enfermeiro A enfermagem é uma profissão predominantemente feminina e pela desvalorização cultural da mulher em opinar e participar de decisões, as necessidades dos profissionais são, muitas vezes, deixadas à parte. Outro fator para que essa desvalorização ocorra é a invisibilidade social da profissão e do seu papel. Entretanto, a enfermagem é numerosa e com muito potencial, porém é desunida e, muitos profissionais, não estão engajados em lutas sociais e trabalhistas, sendo a sobrecarga profissional a grande responsável por esse motivo (DIAS et al., 2019). Como consequência, os salários, geralmente, são desproporcionais ao trabalho que realizam. Esse fato, aliado à falta de reconhecimento, gera sofrimento nesses profissionais. Citando técnicos de enfermagem como exemplo, apesar das diversas atividades que lhes são atribuídas, recebem baixos salários que não compensam as exigências de seu trabalho e, desta maneira, salários e benefícios desproporcionais somam para a insatisfação profissional (PERES, 2016). Essa desvalorização pode levar muitos enfermeiros a possuírem mais de um vínculo empregatício para complementar sua renda. Entretanto, o duplo vínculo e longas jornadas de trabalho exigem que o trabalhador renuncie ao tempo livre, o que o sobrecarrega ainda mais e, consequentemente acaba favorecendo o sofrimento físico e psicossocial (MAURO et al., 2010). Como resultado desse duplo vínculo e jornadas exaustivas de trabalho surgem o estresse, o esgotamento físico e mental dos profissionais, provocando prejuízos à assistência de enfermagem (FELICIANO; KOVACS; SARINHO, 2005). 25 5 METODOLOGIA 5.1 TIPO DE ESTUDO Trata-se de uma pesquisa de campo, descritiva com abordagem quantitativa. A pesquisa quantitativa preocupa-se em descrever fatos ou fenômenos através de uma linguagem matemática, centrando-se na objetividade e quantificando os resultados (FONSECA, 2002). Portanto, é apropriada para quantificar os dados sociodemográficos e profissionais, de forma a conhecer a população estudada. Além disso, possibilita a interpretação dos resultados obtidos através do Inventário de Burnout de Maslach (MBI). Prosseguindo, para Gressler (2004) a pesquisa de cunho descritivo busca a descrição de eventos ou situações, identificação de problemas e explicação de condições. Além disso, propõe-se a investigação e análise das condutas de terceiros diante de determinada situação, visando guiar a tomada de futuras decisões. Sendo assim, essa pesquisa é considerada descritiva, pois se propõe a descrever a população, quanto aos aspectos sociodemográficos e profissionais, além de identificar a presença e tendências para odesenvolvimento da síndrome de Burnout na população abordada. 5.2 LOCAL DO ESTUDO O cenário da pesquisa foi o setor de emergência de um Hospital pediátrico, localizado na cidade Boa Vista, Roraima. O hospital foi construído em agosto de 2000 e de janeiro a julho deste ano (2020) já atendeu quase 34 mil pacientes, incluindo, além da população local, indígenas e estrangeiros, graças à proximidade com outros países, como Venezuela e Guiana Inglesa. Além disso, é referência estadual nos procedimentos de média e alta complexidade (CARVALHO, 2020). Esse hospital infantil faz parte da administração da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA),é classificado quanto ao número de leitos como médio porte, responsável pela realização de atendimentos em regime de pronto socorro, internação hospitalar e atendimento ambulatorial nas diversas especialidades médicas pediátricas, atendimento de urgência e emergência, diagnose e terapia, cirurgias eletivas, em regime de internação e ambulatorial, tratamento clínico geral e especializado (PREFEITURA MUNICIPAL DE BOA VISTA, 2015). 26 Nessa unidade hospitalar, é feito o atendimento às urgências e emergências pediátricas e, o qual por definição, é a unidade de saúde ininterrupta responsável pelo atendimento a usuários cuja condição física exige assistência imediata, havendo ou não risco de morte (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1987). 5.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO A população do estudo foi composta por 18 enfermeiros atuantes no setor da emergência pediátrica. Foram incluídos todos os enfermeiros do setor e excluídos apenas os que não aceitaram participar do estudo, visto ser pequena população e considerando a importância da participação de todos para o enriquecimento dos dados da pesquisa. Dos 18 enfermeiros que trabalham na emergência, 13 responderam ao questionário online. Foram realizadas várias tentativas através de grupos do WhatsApp e contato por telefone, visando alcançar um maior número de participantes. Porém, apesar dessas tentativas cinco enfermeiros continuaram sem responder à pesquisa, justificando-se a participação de 13 enfermeiros no estudo, representando um total de 72,2% da população total. 5.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Após a liberação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa e direção do hospital, demos início a coleta de dados, que precisou ser adaptada tendo em vista as medidas restritivas adotadas após a pandemia da COVID-19. Sendo assim, o primeiro contato com os participantes da pesquisa foi realizado por meio do aplicativo WhatsApp, após o consentimento da coordenação de enfermagem da emergência pediátrica. A mensagem divulgada para os enfermeiros da emergência através do WhatsApp continha uma breve apresentação da pesquisadora, da pesquisa e seus objetivos, bem como o convite para participar, juntamente com o link (https://forms.gle/xkhWG6Zt3fk9KUVj9) para o acesso ao questionário online. Para isso, o questionário foi adaptado, a fim de facilitar o preenchimento pelos participantes, sendo utilizada a ferramenta Formulários Google pela facilidade de acesso e familiaridade da pesquisadora com esse recurso. 27 O formulário foi dividido em três seções, sendo a primeira a apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (apêndice A), cujo conteúdo aborda os objetivos da pesquisa, os direitos dos participantes, riscos e benefícios, entre outros. Ao final dessa seção o participante declara concordar com os termos e aceita participar da pesquisa, só então ele prossegue para as próximas etapas. A segunda seção contém o questionário sociodemográfico e profissional (apêndice B), que objetiva a coleta de dados permitindo conhecer a população estudada, tais como: idade, sexo, situação conjugal, religião, escolaridade e condição de saúde do profissional. Além disso, procurou-se obter dados profissionais, como turno de trabalho, tempo de atuação em emergência, quantidade de vínculos profissionais, dados sobre o ambiente laboral e fatores considerados estressantes. Em seguida, na última seção o participante respondeu ao Inventário de Burnout de Maslach-MBI (anexo A). O qual consiste na escala apropriada para avaliação do nível de Burnout entre profissionais de saúde, sendo já validada por Gil- Monte (2005). Esse instrumento permite avaliar três categorias representadas por: exaustão emocional, despersonalização e a realização pessoal através de 22 afirmações contidas no instrumento sobre sentimentos relacionados ao trabalho. O participante da pesquisa deveria escolher a opção que corresponde à frequência com que ele vivencia cada sentimento, podendo ser: nunca (0 ponto), algumas vezes por ano ou menos (1 ponto), uma vez por mês ou menos (2 pontos), algumas vezes por mês (3 pontos), uma vez por semana (4 pontos), algumas vezes por semana (5 pontos) ou todo dia (6 pontos) (MASLACH; JACKSON, 1981). Por fim, o participante recebeu os agradecimentos por colaborar com a pesquisa e a informação do contato da pesquisadora para quaisquer esclarecimentos foi novamente reforçado. Cada resposta enviada foi automaticamente registrada em forma de gráficos e em uma planilha no Google Drive da pesquisadora. 5.5 ANÁLISE DOS DADOS A tabulação dos dados foi realizada através da ferramenta Planilha Google, onde também foram obtidos dados estatísticos descritivos. As variáveis pertencentes ao questionário sociodemográfico e profissional foram analisadas por meio da frequência absoluta e relativa. Sendo que apenas as variáveis idade e tempo de 28 atuação na emergência foram analisadas também através de mínimo e máximo, além de média e desvio padrão da variável idade. Os possíveis fatores de risco para o adoecimento foram levantados a partir da décima questão. Essa variável foi analisada através da frequência com que os participantes apontaram as opções de fatores associados ao desgaste/estresse na emergência pediátrica. Essas opções de fatores de risco foram definidas a partir do levantamento bibliográfico em pesquisas relacionadas à síndrome de Burnout, sendo que, além delas, o profissional poderia apontar outros fatores que considerasse relevante. Em seguida foi realizada a análise das respostas do Inventário de Burnout de Maslach. A pontuação em exaustão emocional, despersonalização e realização pessoal são avaliadas separadamente, o que resulta em três pontuações ao final da pesquisa. Nove perguntas (9) são relacionadas à exaustão emocional, cinco (5) à despersonalização e oito (8) à realização profissional. O resultado em cada subescala é avaliado, conforme os cortes definidos, em alta, moderada e baixa, conforme mostrado no quadro abaixo (SHAWFELI; ENZMANN, 1998 apud TRIGO, 2010). Quadro 1 – Pontos de corte do MBI Dimensões Alta Moderada Baixa Exaustão Emocional 26 - 54 16 – 25 0 – 15 Despersonalização 09 - 30 03 – 08 0 – 02 Realização Profissional 43 - 48 34 – 42 0 – 33 Fonte: Reunião Anual de Psicologia (2001). Entretanto, esses valores não estão bem definidos, por isso os critérios para a síndrome de Burnout variam entre os estudos (MOSS et al., 2016). Porém, na maioria dos trabalhos encontrados, a síndrome é caracterizada por baixa realização profissional, alta despersonalização e alta exaustão emocional, portanto este foi o critério utilizado nesta pesquisa (FERREIRA; LUCCA, 2015; GASPARINO, 2014; PORTELA et al., 2015). Sendo assim, os valores das subescalas do MBI foram avaliados individualmente, para a partir daí determinar os pontos de corte (quadro 1) em que cada profissional se encontra em relação a exaustão emocional, despersonalização e realização profissional. Em seguida, identificamos a frequência de desvios em 29 quaisquer das três dimensões, e a presença da síndrome de Burnout entre os enfermeiros participantes. Além disso, foi utilizada a ferramenta FormuláriosGoogle, para a geração de gráficos e melhor acompanhamento das informações referentes à caracterização dos enfermeiros, nível de Burnout e principais fatores apontados como desgastantes pelo profissional, ou seja, possíveis fatores de risco para o seu adoecimento. 5.6 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS Após a obtenção da carta de anuência e do consentimento por parte do Núcleo de Ensino e Pesquisa da instituição, este projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em seres humanos da Universidade Federal de Roraima – CEP/UFRR, como preconizado na resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, sendo aprovada segundo o parecer n° 3.920.361. Os objetivos da pesquisa, riscos e benefícios, bem como outros esclarecimentos, foram enviados juntamente com o link do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e os instrumentos de coleta de dados, ficando o participante à vontade para responder os instrumentos, caso estivesse de acordo com o termo. Por existir a possibilidade de constrangimento, vergonha ou desconforto ao responder o questionário, pelo receio em expor sua conduta profissional ou outras situações, por medo de julgamento, a pesquisadora garantiu a confidencialidade dos dados e o anonimato dos participantes, pois os mesmos não serão identificados e os dados obtidos foram utilizados exclusivamente para fins acadêmicos. 30 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO Com a intenção de facilitar a leitura e compreensão, os resultados foram divididos em quatro subitens, seguindo os objetivos propostos pela pesquisa, sendo eles: perfil sociodemográfico dos enfermeiros; perfil profissional; possíveis fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome de Burnout; e avaliação da síndrome de Burnout nos enfermeiros. 6.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS ENFERMEIROS PARTICIPANTES DO ESTUDO Os enfermeiros participantes da pesquisa apresentaram em média 37 anos, a maioria do sexo feminino (69,2%), quanto ao estado civil os resultados foram: casada (38,5%), solteira (38,5%) e em relação a religião houve maior predomínio da católica (53,9%). Com relação à idade, os resultados encontrados foram: 5 (38,5%) enfermeiros na faixa etária de 30 a 35 anos de idade, seguido de 4 (30,8%) enfermeiros com idade entre 36 e 41 anos, a mínima encontrada foi de 24 anos e a máxima de 49 anos, sendo a média de 37 anos e desvio padrão de 7,1. De maneira semelhante, no estudo de Borges e colaboradores (2019), realizado com enfermeiros de um serviço de urgência e emergência, a média da idade encontrada foi de 37, com desvio padrão de 6,3, sendo a idade mínima 25 e máxima de 52 anos. Em relação ao sexo, houve maior representatividade do sexo feminino com 9 (69,2%) e 4 (30,8%) pertencem ao sexo masculino. Cerca de 86% dos enfermeiros brasileiros pertencem ao sexo feminino, porém observamos uma crescente tendência dos profissionais de sexo masculino na enfermagem, crescimento esse que se iniciou em 1990 e vem se intensificando com o tempo (MACHADO, 2017). Sobre a situação conjugal dos enfermeiros da emergência pediátrica, 5 (38,5%) encontram-se casados, 5 (38,5%) solteiros, seguido de 2 (15,4%) em união estável e apenas 1 (7,7%) divorciado. Em outro estudo realizado por Machado e colaboradores (2018), envolvendo enfermeiros de Unidade Hospitalar de Pronto Atendimento, também predominaram enfermeiros casados (42,85%) e solteiros (42,85%). Em relação a religião foi constatado que a maioria, 7 (53,9%) enfermeiros, eram católicos. Resultados semelhantes também foram evidenciados no estudo citado 31 acima, sendo religião católica representada por (57,15%) dos participantes. O resumo das informações sociodemográficas será apresentado na tabela 1. Tabela 1 – Perfil sociodemográfico dos enfermeiros participantes do estudo Variáveis Categorias N % Idade Menor que 30 anos 1 7,7 30 a 35 anos 5 38,5 36 a 41 anos 4 30,8 Maior que 41 anos 3 23 Total 13 100 Sexo Feminino 9 69,2 Masculino 4 30,8 Total 13 100 Situação conjugal Solteiro 5 38,5 Casado 5 38,5 União estável 2 15,4 Divorciado 1 7,7 Total 13 100 Religião Cristã 1 7,7 Evangélica 2 15,4 Católica 7 53,9 Não possui/pratica 3 23 Total 13 100 Fonte: Elaboração própria (2020). 6.2 PERFIL PROFISSIONAL DOS ENFERMEIROS PARTICIPANTES DO ESTUDO Quanto às informações profissionais, 12 (92,3%) dos participantes apresentaram especialização/residência, 8 (61,5%) trabalham na emergência pediátrica no turno da noite, a menos de um ano 5 (38,5%), possuindo dois vínculos empregatícios 10 (76,9%). Sendo que o fato do turno da noite ter a maior representatividade se justifica pelo maior número de profissionais contratados para esse turno, uma vez que, três enfermeiros são escalados para o período matutino, três para o vespertino e que quatro equipe atuam no plantão noturno, finais de semana e feriados, de forma alternada, com três enfermeiros em cada equipe, portanto, o turno da noite é constituído por 12 enfermeiros. Tais informações foram fornecidas pela coordenação de enfermagem da emergência pediátrica. Com relação a qualificação profissional, todos os enfermeiros participantes da pesquisa possuem pós-graduação, sendo 12 (92,3%) especialização/residência e 1 32 (7,7%) mestrado. Semelhantemente, na pesquisa de Dantas e colaboradores (2015), todos os enfermeiros da emergência entrevistados declararam possuir alguma pós- graduação. A respeito do tempo de atuação na emergência houve variação de um mês até o total de 8 anos. Porém, a maioria, 5 (38,5%) dos enfermeiros trabalham na emergência a menos de um ano, seguido de 3 (23,1%) enfermeiros que atuam de 1 a 3 anos no setor e 3 (23,1%) que atuam há mais de 5 anos. O fato da maioria ter menos de um ano de serviço no setor pode ser justificado pelo grande número de novas contratações pela prefeitura de Boa Vista decorrentes, principalmente, da pandemia da COVID-19 (PREFEITURA MUNICIPAL DE BOA VISTA, 2020). Com relação ao número de vínculos empregatícios, 10 (76,9%) dos enfermeiros afirmaram ter dois empregos, 2 (15,4%) afirmaram possuir três e apenas 1 (7,7%) trabalha somente nesse hospital. Corroborando com os resultados a pesquisa de Dantas (2011), realizada em serviços de urgência e emergência, aponta que 54,5% dos enfermeiros apresentam mais de um vínculo e 45,5% possuem apenas uma atividade profissional. O resumo das informações profissionais mencionados acima está descrito na tabela 2. Tabela 2 – Perfil profissional dos enfermeiros da emergência pediátrica. n Frequência (%) Escolaridade Especialização/residência 12 92,3 Mestrado 1 7,7 Turno de trabalho no HCSA Manhã 3 23,1 Tarde 2 15,4 Noite 8 61,5 Tempo de atuação na emergência Menos de 1 ano 5 38,5 1 a 3 anos 3 23,1 3 a 5 anos 1 7,7 Mais de 5 anos 3 23,1 Não respondeu 1 7,7 Número de vínculos de trabalho 1 emprego 1 7,7 2 empregos 10 76,9 3 empregos 2 15,4 Fonte: Elaboração própria (2020). 33 6.3 PROVÁVEIS FATORES DE RISCO PARA A SÍNDROME DE BURNOUT NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA Grande parte dos profissionais que atuam em emergência encontram-se com algum nível de estresse (SANTANA et al., 2019). Portanto, cientes de que o estresse está intimamente ligado à síndrome de Burnout, contribuindo com o seu desenvolvimento (BEZERRA et al., 2019), questionamos se os enfermeiros participantes da pesquisa consideravam o setor da emergência pediátrica como desgastante ou estressante, e 8 (61,5%) enfermeiros responderam que sim, conforme apresentado na Tabela 3. Esse dado foi mais expressivo na pesquisa de Borges e colaboradores (2019), onde 96,6% dos enfermeiros de urgência e emergência consideraram seu trabalho estressante. Tabela 3 – O setor de emergência pediátrica como estressante ou desgastante na opinião dos enfermeiros. Considera a emergênciaestressante ou desgastante n % Sim 8 61,5 Não 5 38,5 Fonte: Elaboração própria (2020). A fim de investigar os fatores de risco para o desenvolvimento da síndrome, elencamos os fatores levantados por outros estudos relacionados ao tema, conforme apresentado na questão 11 do questionário, permitindo assim, que os participantes apontassem quais estariam relacionados ao estresse ou desgaste na emergência. As razões mais apontadas, pelos 8 enfermeiros (tabela 4), como desencadeadoras desse estresse ou desgaste foram: Quantidade elevada de atribuições; baixa remuneração; riscos biológicos; trabalho noturno; divergência entre teoria e prática profissional; desvalorização e riscos ergonômicos. Tabela 4 – Fatores estressantes ou desgastantes apontados pelos enfermeiros da emergência pediátrica (continua). Fatores estressantes ou desgastantes Enfermeiros que associaram à emergência % Quantidade elevada de atribuições 5 62,5 Baixa remuneração 4 50 Riscos biológicos 4 50 Trabalho noturno 3 37,5 Divergências entre teoria e prática profissional 3 37,5 34 Tabela 4 – Fatores estressantes ou desgastantes apontados pelos enfermeiros da emergência pediátrica (conclusão). Desvalorização 3 37,5 Riscos ergonômicos 3 37,5 Dinâmica/funcionamento do setor 2 25 Sobrecarga de trabalho por falta de recursos humanos 2 25 Recursos materiais e estruturais inadequados 2 25 Conciliação das atividades do lar com as do trabalho 2 25 Cobrança dos familiares/acompanhantes 2 25 Carga horária excessiva 1 12,5 Relacionamento com a equipe de saúde 1 12,5 Burocratização excessiva 1 12,5 Tomada de decisões em curto tempo 1 12,5 Fonte: Elaboração própria (2020). Dos enfermeiros oito (n=8) que consideram a emergência desgastante ou estressante, 5 (62,5%) apontaram a quantidade elevada de atribuições como o principal motivo relacionado ao estresse ou desgaste de enfermeiros que atuam na emergência pediátrica. Em uma pesquisa realizada por Dantas (2011), a sobrecarga apareceu em segunda posição entre os elementos relacionados à síndrome de Burnout, em enfermeiros que atuam no setor de urgência e emergência. Ainda reforçando esse aspecto, em um estudo realizado por Sobral e colaboradores (2018) a alta demanda de trabalho foi considerada um fator psicossocial de risco no trabalho, portanto notamos a relevância do impacto da sobrecarga profissional na saúde do trabalhador. Esse fato é preocupante, já que a sobrecarga de trabalho repercute em prejuízo à assistência de enfermagem (FERREIRA; MEDEIROS; CARVALHO, 2017). Isso ocorre, principalmente, porque a sobrecarga leva ao desgaste emocional e ao esgotamento psicológico dos enfermeiros da emergência, o que afeta de forma negativa a saúde física e mental desses profissionais (PORTELA et al., 2015). O segundo fator associado ao estresse ou desgaste pelos participantes foi a baixa remuneração, sendo apontada por 4 (50%) enfermeiros. Esse problema está entre as principais causas de transtornos mentais entre profissionais de enfermagem e, portanto, ao desenvolvimento da síndrome de Burnout (FERNANDES; SOARES; SILVA, 2018; PORTELA et al., 2015). A desvalorização salarial leva os profissionais a buscarem outros empregos a fim de melhorarem sua renda mensal, o que causa desgaste e prejudica a assistência ao usuário do serviço de saúde (MOURA, 2015). 35 Outro fator mencionado por 4 (50%) dos enfermeiros foram os riscos biológicos aos quais os trabalhadores de saúde estão expostos. Esse risco ocupacional também foi atribuído como fator de desgaste pela pesquisa de Rosado, Russo e Maia (2015). Os riscos biológicos ganham ainda mais força como estressor diante do contexto provocado pela pandemia da COVID-19, devido ao aumento das pressões no trabalho, além do alto risco de enfrentamento da doença, fatores que geram desgaste físico e psíquico (DAL’BOSCO et al., 2020). Além desses fatores, o trabalho noturno também recebeu destaque como estressor entre os participantes da pesquisa, sendo apontado por 3 (37,5%) dos que consideraram o ambiente estressante ou desgastante. O que preocupa, pois a elevada quantidade de plantões noturno foi apontada como uma condição propícia ao desenvolvimento de síndrome de Burnout (BEZERRA; SILVA; RAMOS, 2012; MENEZES et al., 2017). A pesquisa de Rosado, Russo e Maia (2015), também evidenciou o trabalho noturno como fator de desgaste da saúde, pelo seu potencial de alterar o padrão de sono, causar irritabilidade, cefaleia, fadiga, entre outros. Outro destaque foi a divergência entre teoria e prática profissional, também apontado por 3 (37,5%) enfermeiros. Resultado semelhante ao encontrado por Bezerra, Silva e Ramos (2012), trabalho que evidenciou as discrepâncias entre teoria e prática como um dos principais estressores ocupacionais dos trabalhadores de enfermagem que atuam em urgência e emergência. A desvalorização também apareceu como um dos principais fatores estressores ou desgastantes para os participantes desta pesquisa, sendo apontada por 3 (37,5%) enfermeiros. No estudo de Joddas e Haddad (2009), esse fator também foi apontado como um dos fatores predisponentes para o desenvolvimento da síndrome de Burnout. Os profissionais valorizados, reconhecidos e incentivados pela instituição foram relacionados ao grupo de baixo risco para a manifestação da síndrome. Enquanto na pesquisa de Portela e colaboradores (2015), a desvalorização foi considerada como potencial geradora de exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional, o que caracteriza a presença da síndrome de Burnout. Os riscos ergonômicos tiveram destaque dentre os fatores citados pelos enfermeiros participantes, apontados por 3 (37,5%). Conforme Sobral e colaboradores (2018), as situações ergonômicas inadequadas estão entre os fatores psicossociais de risco no trabalho. Portanto, podem estar relacionadas ao aumento do estresse e desgaste dos enfermeiros da emergência pediátrica. 36 6.4 PRESENÇA DA SÍNDROME DE BURNOUT NA EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA Como já mencionado, a maioria dos estudos considera a presença da síndrome de Burnout quando há alta exaustão emocional, alta despersonalização e baixa realização profissional. Portanto, ao avaliar as respostas dos enfermeiros ao Inventário de Burnout de Maslach (MBI), identificamos que um dos participantes (7,7%) apresenta os três critérios de alteração, o que sugere a síndrome de Burnout. Entretanto, 2 (15,4%) enfermeiros apresentaram baixa exaustão emocional, baixa despersonalização e alta realização profissional, não apresentando, portanto, desvios em nenhuma das três dimensões e 10 (77%) apresentaram alterações em pelo menos uma das dimensões definidoras da síndrome, conforme a tabela abaixo: Tabela 5 – Resultado da análise das respostas ao MBI entre os participantes. n % Alteração nas 3 dimensões (SB) 1 7,7 Alteração em uma ou duas dimensões 10 77 Não apresentaram desvios nas dimensões 2 15,4 Fonte: Elaboração própria (2020). A pesquisa de Faria e colaboradores (2019), realizada no distrito do Porto, apresentou taxa semelhante de Burnout em enfermeiros, onde 9,3% apresentaram a síndrome cuja presença foi relacionada a enfermeiros jovens e com poucos anos de experiência profissional. De acordo com Rocha e colaboradores (2019), os profissionais com idade mais avançada apresentam uma diminuição na dimensão relacionada a despersonalização. Na pesquisa de Oliveira e colaboradores (2017), índices elevados de exaustão emocional e despersonalização estiveram presentes em enfermeiros com mais de um vínculo profissional. Em outra pesquisa a maior parte dos profissionais que apresentaram desvios indicativos de Burnout eram do sexo feminino, entre 20 e 30 anos de idade, sem companheiro, sendo mais presente entre os profissionais que atuam em urgência e emergência há 5 anos ou menos. Vale mencionarque a presença dos critérios para a síndrome de Burnout nesta pesquisa, foi evidenciada em uma profissional na faixa etária entre 30 e 35 anos, sexo feminino e que apresenta três vínculos empregatícios. Além disso, é importante mencionar que 10 (77%) enfermeiros, apresentaram alteração em pelo menos uma das características definidoras da síndrome, tendo, portanto, risco de desenvolvê-la. Esse resultado é superior ao encontrado por Dantas 37 (2011), onde 59,1% dos enfermeiros de urgência e emergência apresentaram níveis médios de Burnout, o que para a autora alterações em qualquer das dimensões representa um sinal de alerta, diante da iminência do adoecimento mental. A fim de ampliar essa discussão, realizamos a análise dos resultados segundo as três dimensões da síndrome de Burnout. Dessa forma, podemos perceber que houve predomínio de moderada exaustão emocional, representada por 7 (53,8%) enfermeiros, moderada despersonalização, em 5 (38,5%) enfermeiros e alta realização profissional, também em 5 (38,5%) enfermeiros. O quadro 2 apresenta os resultados do MBI segundo as dimensões da síndrome: Quadro 2 – Distribuição da amostra quanto as dimensões da síndrome de Burnout segundo o MBI. Baixa Moderada Alta n % n % n % Exaustão emocional 3 23,1 7 53,8 3 23,1 Despersonalização 4 30,8 5 38,5 4 30,8 Realização profissional 4 30,8 4 30,8 5 38,5 Fonte: Elaboração própria (2020). Em relação a dimensão da exaustão emocional dos enfermeiros participantes da pesquisa, esta encontra-se predominantemente no nível moderado, encontrado em 7 (53,8%) enfermeiros, apenas 3 (23,1%) com baixa exaustão e 3 (23,1%) com alto nível de exaustão emocional. Porém, mesmo níveis moderados, são considerados um sinal de alerta para o adoecimento profissional, pois a exaustão emocional é considerada como um dos primeiros e principais sintomas da síndrome de Burnout, tendo influência direta na conduta profissional (SILVA et al., 2020). Tratando-se da dimensão da despersonalização, 5 (38,5%) enfermeiros, apresentaram nível moderado de despersonalização, 4 (30,8%) apresentaram nível baixo e os outros 4 (30,8%), apresentaram nível alto de despersonalização, o que é preocupante. Segundo Silva e colaboradores (2015), o próprio esgotamento pode levar ao distanciamento psicológico (despersonalização) entre o profissional e o cliente, além de ser um meio de evitar laços afetivos, amenizando o sofrimento de perda, seja por alta ou óbito do usuário. Já com relação à realização profissional, 5 (38,5%) enfermeiros, encontram- se com alto nível de realização profissional, 4 (30,8%) com nível moderado e outros 4 (30,8%) com nível baixo de realização. O que demonstra que a maioria apresenta 38 satisfação com sua atividade profissional e reconhecem a importância do seu trabalho (DANTAS, 2011). Diante das alterações evidenciadas através das dimensões analisadas no presente estudo podemos notar o alto risco de adoecimento dos enfermeiros. Como consequência desse adoecimento, o profissional apresenta sinais e sintomas que podem resultar em falhas, redução na qualidade da assistência e segurança do paciente (PADILHA et al., 2017; RODRIGUES; SANTOS; SOUSA, 2017; SOARES, 2018). Na tabela abaixo podemos observar os sinais e sintomas referidos pelos enfermeiros, que surgiram após o ingresso na emergência: Tabela 6 – Sinais e sintomas referidos pelos enfermeiros da emergência pediátrica que surgiram após o ingresso no setor Enfermeiros % Alterações no padrão de sono 8 61,5 Dores nas pernas 5 38,5 Irritação/nervosismo 3 23 Estresse 2 15,4 Hipertensão 2 15,4 Problema de coluna 2 15,4 Alterações gastrointestinais 2 15,4 Enxaqueca/cefaleia 1 7,7 Depressão 1 7,7 Varizes 1 7,7 Labilidade emocional 1 7,7 Mialgia 1 7,7 Problemas de concentração 1 7,7 Fonte: Elaboração própria (2020). Como mencionado, esses sinais e sintomas podem provocar falhas na assistência. A fim de investigar a ocorrência de possíveis falhas, os enfermeiros foram questionados se já haviam cometido erros, durante a assistência, por motivo de cansaço ou distração. A maioria, 9 (69,2%) enfermeiros negaram ter acontecido, mas 4 (30,8%) afirmaram terem falhado durante a assistência. Essas falhas podem ser associadas aos desvios nas dimensões de Burnout, visto que, na pesquisa de Batalha, Melleiro e Borges (2019), esses desvios tiveram relação com a incidência de erros que resultaram em queda, Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) e erros de medicação. Ainda segundo Batalha, Melleiro e Borges (2019), a síndrome de Burnout está associada à redução da segurança do paciente. Complementarmente, a pesquisa de 39 Silveira e colaboradores (2016) também apontou falhas, procedimentos incorretos, negligência e imprudência, como consequências da síndrome de Burnout. Outros pesquisadores também chamam a atenção para o fato de que o Burnout reduz a qualidade da assistência de enfermagem (FARIA et al., 2019). Portanto, os gestores, bem como os próprios profissionais, devem dar atenção para a saúde mental, realizando avaliações de saúde periódicas a fim de ter diagnósticos precoces e promover a prevenção do adoecimento, aumentando assim a satisfação do profissional, promovendo a qualidade da assistência e reduzindo a incidência de síndrome de Burnout (ROCHA et al., 2019). E, no cenário da emergência deste estudo, 8 enfermeiros (61,5%), afirmaram existir medidas institucionais que visam à prevenção do adoecimento profissional. Conforme mencionado no questionário são elas: dimensionamento adequado de funcionários; aumento da remuneração; assistência à saúde do trabalhador; prevenção de doenças; descentralização da assistência; diminuição da carga horária; controle das horas trabalhadas e valorização profissional. 40 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos concluir que a emergência pediátrica é caracterizada como um local propício ao estresse. Além disso, a pandemia provocada pela disseminação do novo coronavírus, pode ter contribuído para o aumento do estresse entre os profissionais de saúde, graças ao medo de adquirir e transmitir a doença para amigos e familiares, sem contar o isolamento social exigido nesse período. Com relação ao perfil dos profissionais, constatamos que os enfermeiros da emergência são, em sua maioria, mulheres, na mesma proporção entre solteiras e casadas, pertencentes a religião católica e possuem, em média, 37 anos. Quanto ao perfil profissional, a maioria possui especialização/residência, trabalha na emergência no turno da noite, a menos de um ano e possui dois vínculos empregatícios. O fato da maioria possuir mais de um vínculo empregatício tem como consequência o aumento da carga de trabalho, além da exaustão física e emocional. Além disso, podemos concluir que a maioria dos enfermeiros considera a emergência desgastante ou estressante e atribuem isso, principalmente, a: Quantidade elevada de atribuições; baixa remuneração; riscos biológicos; trabalho noturno; divergência entre teoria e prática profissional; desvalorização e riscos ergonômicos. A principal alteração em relação aos sinais e sintomas manifestados pelos enfermeiros consistiu nas alterações do padrão de sono. Essas alterações se devem principalmente ao fato da maioria trabalhar no turno da noite, o que modifica o ritmo circadiano e pode provocar estresse, fadiga e alterações de humor. Com relação à síndrome de Burnout, apesar de apenas uma enfermeira apresentar os três critérios para a síndrome, a grande maioria dos profissionais apresentam risco de adoecimento, já que possuem alterações em pelo menos uma das três dimensões. A dimensão que no geral teve alteração mais expressiva foi a exaustão emocional que, conforme alguns autores defendem, é a primeiradas três dimensões a demonstrar alteração. Esses dados chamam a atenção para o iminente adoecimento dos profissionais, devendo-se, portanto, adotar medidas preventivas e de acompanhamento para identificação precoce dessas alterações. Uma vez que, mesmo manifestações iniciais da síndrome, além de outros desvios de saúde, são potenciais geradores de situações de risco para a assistência segura aos pacientes, 41 é importante que os gestores dos serviços de saúde se atentem para os fatores potencializadores do adoecimento e tomem as providências cabíveis. Pensando nos fatores levantados neste trabalho podemos sugerir a valorização dos profissionais, melhor remuneração, condições seguras de trabalho, minimizando os riscos biológicos e ergonômicos, melhor acesso aos serviços de saúde para os profissionais, além do estabelecimento de um núcleo de saúde do trabalhador no hospital, a fim de que sejam desenvolvidas ações relacionadas a prevenção do adoecimento. Tais medidas ainda podem ser vistas como desnecessárias ou insignificantes, mas é importante pensarmos que algumas medidas simples podem fazer toda a diferença e refletir não somente na melhora da saúde do trabalhador, mas em uma assistência à saúde segura e de qualidade. Os enfermeiros, são muitas vezes criticados em sua conduta, mas poucas vezes são vistos com empatia pelas suas necessidades e pelo seu próprio estado de saúde física ou mental. Por fim, queremos destacar que as medidas de restrição social impostas pela pandemia de COVID-19, dificultaram o processo de coleta de dados, o que justifica a participação reduzida pelos enfermeiros da emergência pediátrica na presente pesquisa. Portanto, ressaltamos que, dadas as limitações, para ampliar o conhecimento sobre o tema em questão, sugerimos a continuidade do estudo para melhor aprofundamento. 42 REFERÊNCIAS ALVES, 2011. Estresse e o trabalho do enfermeiro: uma revisão bibliográfica. 2011. 25 f. Monografia (Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde) – Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2011. ARAÚJO, M. P. S.; MEDEIROS, S. M.; QUENTAL, L. L. C. Relacionamento interpessoal da equipe de enfermagem: fragilidades e fortalezas. Rev enferm UERJ, v. 24, n. 5, Rio de Janeiro, 2016. ARAÚJO, S. T.; PENAFORTE, K. L. Riscos psicossociais relacionados ao trabalho: percepção dos profissionais de enfermagem. 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