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DIREITO DO CONSUMIDOR SANÇÕES ADMINISTRATIVAS NO CDC. DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO. AÇÕES COLETIVAS Livro Eletrônico FABRÍCIO MISSORINO É especialista em Defesa da Concorrência pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-EDESP), possui graduação em Ciências Sociais pela Universi- dade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e graduação em Direito pelo Centro Universitário de Araraquara (UNIARA). Atua na advocacia privada consultiva e contenciosa com foco nas relações de consumo. Atua como Consultor junto à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), prestando serviços à Câma- ra de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão responsável pela regulação do mercado de medicamentos. Atua como Consul- tor Associado junto à ATIVACIDADE - Diálogo e implementação de políticas públicas, coletivo de profissionais que tem por objetivo atuar na ges- tão de políticas, programas e projetos junto ao setor público. Tem experiência na área de edu- cação à distância, educação superior em Direito e capacitação de profissionais do Sistema Na- cional de Defesa do Consumidor, com atuação em iniciativas de formação de profissionais de atendimento que atuam em Procons, Ministé- rios Públicos, Defensorias Públicas e Entidades Civis de Defesa do Consumidor, no ensino à dis- tância de servidores públicos federais em par- ceria com a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), bem como no ensino universitário e projetos de extensão nas disci- plinas Direito do Consumidor, Direito Agrário e Urbano, Direito Constitucional, Direitos Huma- nos e Sociologia Jurídica. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 3 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino Das Sanções Administrativas no CDC, Defesa do Consumidor em Juízo, Ações Coletivas ...................................................................................................4 1. Sanções Administrativas no CDC ...............................................................4 1.1. Da Competência Normativa ...................................................................7 1.2. Da Competência Fiscalizatória ................................................................8 1.3. Do Rol de Sanções Administrativas Previstas no CDC ..............................10 1.4. Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), Decreto n. 2.181/1997, alterado pelo Decreto n. 7.738/2012 .........................................17 2. Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos ................................26 3. Defesa Coletiva dos Consumidores ..........................................................39 4. Os Agentes Legitimados para a Defesa Coletiva dos Consumidores ..............45 4.1. Da Legitimidade do Ministério Público ...................................................47 4.2. Da Legitimidade das Pessoas Jurídicas da Administração Pública ...............48 4.3. Da Legitimidade das Associações ..........................................................49 5. Ações de Responsabilidade do Fornecedor de Produtos e Serviços ...............51 6. Coisa Julgada e Limites Subjetivos e Territoriais das Decisões em Ações Coletivas .................................................................................................52 6.1. Da Limitação Territorial da Coisa Julgada ...............................................54 7. Custas Processuais, Honorários Advocatícios e Periciais ..............................55 8. Termos de Ajustamento de Conduta ........................................................57 Resumo ...................................................................................................66 Questões Comentadas em Aula ..................................................................73 Questões de Concurso ...............................................................................87 Gabarito ................................................................................................ 110 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 4 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS NO CDC, DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO, AÇÕES COLETIVAS Meu(minha) caro(a), as aulas anteriores foram dedicadas ao estudo sobre o campo de aplicação da lei, os princípios e direitos básicos dos consumidores, a pro- teção à saúde e segurança dos consumidores, a responsabilidade dos fornecedores nos acidentes de consumo, a responsabilidade dos fornecedores nos vícios de pro- dutos e serviços, as regras acerca da decadência e prescrição no CDC, a descon- sideração da personalidade jurídica no CDC, as regras de oferta e publicidade no CDC, as práticas comerciais abusivas, a cobrança de dívidas de consumo, os bancos de dados e cadastros de consumo, bem como a proteção contratual prevista no CDC. Agora partimos para o detalhamento das sanções administrativas passíveis de aplicação em virtude de lesões aos direitos dos consumidores, assim como para um estudo mais detalhado acerca da defesa do consumidor em juízo. 1. Sanções Administrativas no CDC O Código de Defesa do Consumidor, em sua formatação de microssistema ju- rídico específico para as relações de consumo, estabeleceu dispositivos que ora apresentam características predominantemente civis, ora penais (arts. 61 a 80) e, por fim, dispositivos destinados a estabelecer as sanções administrativas aplicáveis em virtude de infrações às normas que regulam as relações entre consumidores e fornecedores. Tais sanções são reprimendas impostas pela administração pública ao fornece- dor que desrespeitou o disposto na legislação que regulamenta as regras de consu- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 5 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino mo e a proteção do consumidor. São contramedidas adotadas diante de infrações cometidas no âmbito das relações de consumo, destinadas à preservação da vida, saúde, segurança, informação e bem-estar do consumidor. A princípio, as sanções administrativas têm duplo objetivo: compensar as con- sequências danosas da infração aos direitos do consumidor e desestimular sua re- petição por parte de todos os fornecedores. Sendo assim, as sanções administrativas aplicáveis aos agentes econômicos que praticam infrações às normas que regulam as relações de consumo, sem prejuízo de outras de natureza civil, penal e definidas em normas específicas, encontram-se elencadas nos incisos do art. 56 do CDC, vejamos: Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas específicas: I – multa; II – apreensão do produto; III – inutilização do produto; IV – cassaçãodo registro do produto junto ao órgão competente; V – proibição de fabricação do produto; VI – suspensão de fornecimento de produtos ou serviço; VII – suspensão temporária de atividade; VIII – revogação de concessão ou permissão de uso; IX – cassação de licença do estabelecimento ou de atividade; X – interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; XI – intervenção administrativa; XII – imposição de contrapropaganda. Tais sanções deverão ser aplicadas pela autoridade administrativa, em sua es- fera de atribuição, de forma isolada ou cumulativamente, mediante decisão fun- damentada, assegurando o direito à ampla defesa, ao contraditório e ao devido processo legal. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 6 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino Ao mesmo tempo, no caso de concurso de infratores, pode ser aplicada, em caráter subsidiário, a regra da responsabilidade objetiva e solidária prevista no Código de Defesa do Consumidor (CDC), exceto nos casos em que houver a com- provação da conduta individualizada. Nesses termos, o CDC estabelece uma série de critérios e parâmetros a serem necessariamente observados pelos agentes competentes na aplicação dessas san- ções, dentre os quais, os limites mínimo e máximo que deverão ser obedecidos quando da fixação dos valores para as penas de multa, consoante os termos do art. 57, parágrafo único, do CDC, vejamos: Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais ou municipais de prote- ção ao consumidor nos demais casos. (Redação dada pela Lei n. 8.656, de 21.5.1993) Parágrafo único. A multa será em montante não inferior a duzentas e não superior a três milhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice equivalente que venha a substituí-lo. (Parágrafo acrescentado pela Lei n. 8.703, de 6.9.1993) Assim, o resultado alcançado do cálculo da multa não poderá exceder tais limi- tes, adotando-se, como fator de correção monetária dos seus valores, em razão da extinção da Unidade Fiscal de Referência (UFIR), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-e). Ainda assim, vale observar que o CDC, ao dispor sobre a aplicação das sanções administrativas, o faz respeitando critérios apurados e quantificados caso a caso. No caso de aplicação de multas, por exemplo, a sua dosimetria, em linhas gerais, deverá considerar a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição eco- nômica do infrator, respeitando-se sempre a ampla defesa e o contraditório. Como se vê, o que o legislador do CDC buscou foi criar diretrizes gerais para ba- lizar a aplicação de sanções, com vistas a controlar eventuais impactos altamente O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 7 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino representativos na gradação das penas a serem aplicadas aos diversos fornecedo- res do mercado, cabendo à autoridade julgadora a delimitação acerca dos mecanis- mos balizadores. A exemplo disso, podemos citar a existência de critérios especí- ficos para definição do que se entende por condição econômica do fornecedor, que leva em consideração, como base de cálculo, o faturamento bruto ou o lucro líquido da empresa, podendo, ainda, considerar o valor de mercado da empresa. Nesse mesmo sentido, como se daria então o dimensionamento da vantagem auferida pelo fornecedor com a prática irregular a ser punida? Certamente levarí- amos em consideração as estimativas acerca dos ganhos por ele obtidos em cada transação individual efetivamente demonstrada ou, dependendo do caso, os ga- nhos advindos da prática infrativa no âmbito coletivo; ou, ainda, os ganhos por ele auferidos de forma indireta, por exemplo, vantagens que tenha obtido em prejuízo às normas de proteção da concorrência. Sendo assim, a aplicação de sanções administrativas deve ocorrer no âmbito dos processos administrativos sancionatórios, regulados por normativos que tra- gam dispositivos gerais que esclareçam a marcha processual, direitos e deveres do investigado, dentre outros, sempre em busca da preservação do contraditório e da ampla defesa; aplicando-se aspectos balizadores e elementos objetivos a partir de dados formais já existentes, sempre com vistas a dar mais clareza e precisão à motivação da decisão. 1.1. Da Competência Normativa O art. 55 do Código de Defesa do Consumidor dispõe que a produção, indus- trialização, distribuição e consumo de produtos e serviços serão reguladas por atos normativos cuja lavra competirá, concorrentemente, à União, aos estados e ao Dis- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 8 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino trito Federal. Significa dizer que tais esferas de governo exercerão o poder-dever de regulamentar simultaneamente as atividades referidas no caput do mencionado artigo. A competência concorrente tem como características a limitação da capacida- de normativa da União, que passa a ser exercida somente com relação às normas gerais, não excluindo a capacidade suplementar dos estados, que poderão esta- belecer normativos gerais com o objetivo de adequar a norma geral a eventuais peculiaridades regionais. Vale frisar, por fim, que inexistindo lei federal sobre normas gerais, os estados exercerão a competência legislativa plena, para atender às suas peculiaridades (§ 3º do art. 24 da CF/1988), assim como, que a superveniência de lei federal so- bre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário, nos termos do § 4º do art. 24 da CF/1988. 1.2. Da Competência Fiscalizatória Diferentemente da competência normativa, limitada à União, aos estados e ao Dis- trito Federal, as atividades de fiscalização e controle da produção, industrialização, dis- tribuição, publicidade de produtos e serviços e o mercado de consumo foram atribuídas também aos municípios, conforme previsto no § 1º do art. 55 do CDC, vejamos: Art. 55, § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios fiscalizarão e con- trolarão a produção, industrialização, distribuição, a publicidade de produtos e serviços e o mercado de consumo, no interesse da preservação da vida, da saúde, da seguran- ça, da informação e do bem-estar do consumidor, baixando as normas que se fizerem necessárias. Nesse caso, União, estados, Distrito Federal e municípios, no exercício do poder de polícia, atuam verificando o cumprimento das normas baixadas nos moldes do art. 55 do CDC, podendo, ainda, editar normas necessárias ao cumprimentodessa O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 9 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino atribuição. Importa considerar que as normas a que se refere o § 1º, diferentemen- te do que ocorre no art. 55, caput, correspondem, na verdade, a decretos e regu- lamentos editados pelo Poder Executivo da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, que tem por finalidade explicitar aspectos objetivos da norma, viabilizando a correta aplicação da lei. Registre-se que as normas destinadas a possibilitar o efetivo exercício do poder de polícia no âmbito das relações de consumo têm sua abrangência delimitada pelo conteúdo normativo de que trata o caput do art. 55 do CDC. Lembre-se: enquanto o caput do art. 55 do CDC fala de competência normativa, o § 1º do mesmo artigo fala de competência fiscalizatória, em que pese a eventual necessidade de edição de normas que possibilitem o efetivo exercício do poder de polícia pelos órgãos competentes em cada esfera da administração pública. O § 3º do mesmo art. 55 revela a preocupação do legislador com a necessidade de aproximação entre a administração pública, na qualidade de regulamentadora e fiscalizadora, e o administrado (consumidor e fornecedor), estabelecendo a obriga- toriedade de que comissões permanentes sejam criadas para a revisão e atualiza- ção dos atos regulamentares previstos no § 1º do art. 55 do CDC. Por fim, o direito à informação, elencado como direito básico do consumidor, ressurge com novo enfoque no § 4º do art. 55 do CDC, obrigando o fornecedor a prestar informações de interesse dos consumidores, podendo, o descumprimen- to, caracterizar crime de desobediência, além de sujeitar o fornecedor às san- ções administrativas aplicáveis, desde que o fornecedor tenha sido notificado por órgão oficial e que a informação solicitada não exponha segredo industrial. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 10 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino 1.3. Do Rol de Sanções Administrativas Previstas no CDC Como dito, o art. 56 do CDC apresenta rol de sanções administrativas a que se sujeitam os fornecedores infratores das normas de defesa do consumidor. Aqui cabe registrar que a reprimenda administrativa não tem como único alvo as infrações co- metidas contra as disposições do CDC. De fato, toda norma que promova a defesa do consumidor sujeita o seu infrator às sanções administrativas listadas no art. 56. Um exemplo claro dessa abrangência do campo de aplicação das sanções admi- nistrativas previstas no CDC pode ser verificada no âmbito da atuação regulatória por parte da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), criada pela Lei n. 10.742/2003, que fiscaliza o cometimento de infrações às regras que orientam o mercado de medicamentos, normativo que remete a aplicação de san- ções administrativas, dentre outras normas aplicáveis à espécie, aos termos da Lei n. 8.078/1990, vejamos: Art. 8º O descumprimento de atos emanados pela CMED, no exercício de suas com- petências de regulação e monitoramento do mercado de medicamentos, bem como o descumprimento de norma prevista nesta Lei, sujeitam-se às sanções administrativas previstas no art. 56 da Lei no 8.078, de 1990. Com o objetivo de verificarmos as hipóteses de aplicação das sanções previstas no CDC, vejamos um quadro das sanções e seus respectivos critérios de adoção pela autoridade administrativa: Atenção: as sanções previstas no art. 56 do CDC serão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento administrativo. SANÇÃO HIPÓTESE FUNDAMENTO LEGAL O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 11 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino Multa (inciso I): parâmetro definido pelo legislador (entre 200 e 3.000.000 Ufir) – adotando-se, como fator de correção monetária dos seus valores, em razão da extinção da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-e). Infração às normas de defesa do consumidor. Art. 57, CDC. Apreensão do produto (inciso II); inutilização do produto (inciso III); cassação do registro do produto junto ao órgão competente (inciso IV); proibição de fabricação do produto (inciso V); suspensão de fornecimento de produtos ou serviço (inciso VI); revogação de concessão ou permissão de uso (inciso VIII). Constatação de vícios de quanti- dade ou de qualidade por inade- quação ou insegurança do pro- duto ou serviço. Art. 58, CDC. Suspensão temporária de atividade (inciso VII), cassação de licença do estabelecimento ou de atividade (inciso IX); interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade (inciso X); intervenção administrativa (inciso XI). Reincidência na prática das infrações de maior gravidade previstas no CDC e na legislação de consumo. Art. 59, caput, CDC. Revogação de concessão ou permissão de uso (inciso VIII). Aplica-se, ainda, a revoga- ção (ou cassação) da conces- são à concessionária de serviço público quando da violação de obrigação legal ou contratual. Art. 59, § 1º, CDC. Intervenção administrativa (inciso XI). Aplica-se, ainda, a intervenção administrativa quando as cir- cunstâncias fáticas desaconse- lharem a cassação da licença, a interdição ou suspensão da atividade. Art. 59, § 2º, CDC. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 12 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino Imposição de contrapropaganda (inciso XII). Quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva. A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, frequência e dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da publici- dade enganosa ou abusiva. Art. 60, caput e § 1º, CDC. Vejamos como as bancas a seguir abordaram esse tema. Questão 1 (FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR/PROCON-MA/FCC/2017) São modelos de sanções administrativas previstas pelo Código de Defesa do Consumidor: a) Imposição de contrapropaganda e apreensão de livros-caixa. b) Suspensão do fornecimento do produto ou serviço e resolução do contrato de locação do imóvel onde o serviço é praticado. c) Intervenção administrativa e monitoramento de vendaspor órgão público fisca- lizador. d) Cassação do registro do produto junto ao órgão competente e proibição de fa- bricação do produto. Letra d. Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca do rol de sanções administrativas expresso no art. 56 do Código de Defesa do Consumidor. 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Trata-se de questão fácil, exigindo mais uma vez do(a) candidato(a) conhecimento acerca do rol de sanções administrativas expresso no art. 56 do Código de Defesa do Consumidor. Questão 3 (PROCURADOR JURÍDICO/CÂMARA DE MARÍLIA-SP/VUNESP/2016) Assi- nale a alternativa correta sobre as penas de cassação de alvará de licença, de interdição e de suspensão temporária da atividade, bem como a de intervenção administrativa. a) Serão aplicadas mediante procedimento administrativo de natureza inquisitiva, dispensando-se assim a ampla defesa. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 14 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino b) Serão aplicadas quando o fornecedor incorrer em qualquer prática de infrações de maior gravidade previstas no Código de Defesa do Consumidor. c) A pena de cassação da concessão à concessionária de serviço público será apli- cada apenas quando ocorrer violação de obrigação contratual. d) A pena de intervenção administrativa será aplicada sempre que as circunstâncias de fato desaconselharem a cassação de licença, a interdição ou suspensão da atividade. e) No que tange à caracterização da reincidência, esta não restará afastada, mes- mo que haja ação judicial na qual se discuta a imposição de penalidade administra- tiva, a não ser que tenha sido deferida tutela antecipada nesse sentido. Letra d. Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca da re- gra de aplicação da sanção de intervenção administrativa, expressa no § 2º do art. 59 do Código de Defesa do Consumidor. Questão 4 (JUIZ SUBSTITUTO/TJ-GO/FCC/2015) No tocante às sanções adminis- trativas previstas no Código de Defesa do Consumidor: a) Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposição de penalidade administra- tiva, não haverá reincidência até a prolação da sentença monocrática. b) A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva, sempre às expensas do infrator e será divulgada pelo responsável da mesma forma, frequência e dimensão e, prefe- rencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfa- zer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva. 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Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino c) A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento administrativo, revertendo-se metade para os consumidores lesados e a outra metade para o Fundo de que trata a Lei n. 7.347/1985, se os valores cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais ou municipais de proteção ao consumidor nos demais casos. d) As penas de apreensão, de inutilização de produtos, de proibição de fabricação de produtos, de suspensão do fornecimento de produto ou serviço, de cassação do registro do produto e revogação da concessão ou permissão de uso serão aplicadas mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando o forne- cedor reincidir na prática das infrações de maior gravidade previstas neste código e na legislação de consumo. e) As penas de cassação de alvará de licença, de interdição e de suspensão tempo- rária da atividade, bem como a de intervenção administrativa, serão aplicadas pela administração, mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando forem constatados vícios de quantidade ou de qualidade por inadequação ou insegurança do produto ou serviço. Letra b. Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca da re- gra de aplicação da sanção de contrapropaganda, expressa no art. 60 do Código de Defesa do Consumidor. A aplicação cautelar de medida elencada como sanção administrativa não deve ser confundida com sanção cautelar, posto que a medida cautelar e a sanção adminis- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 16 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino trativa têm finalidades distintas, e enquanto a sanção administrativa depende de procedimento administrativo que assegure ao fornecedor a ampla defesa, a medida cautelar pode ser aplicada de modo prévio ou incidental (durante o processo), sem- pre que se identificar a necessidade de proteção do consumidor. Vejamos como a banca a seguir abordou esse tema. Questão 5 (ASSISTENTE JURÍDICO E PROCURADOR JURÍDICO/PREFEITURA DE ANDRADINA-SP/VUNESP/2017) A empresa BokaLoka Ltda é fabricante de maquia- gens, devidamente regularizada nos termos das legislações federal, estadual e mu- nicipal. Numa fiscalização de um órgão público, verificou-se que na composição de um dos batons da marca era utilizado um produto proibido no Brasil. Diante dessa situação, no que diz respeito às sanções administrativas previstas no Código de Defesa do Consumidor, é correto afirmar que a) as sanções administrativas no caso em tela devem partir de um órgão federal, por serem esses os únicos legitimados a tutelar tais fatos. b) não se podem cumular sanções administrativas, como a apreensão do produto e a sua inutilização. c) as sanções administrativas poderão ser aplicadas por medida cautelar antece- dente ou incidente de procedimento administrativo. d) eventuais sanções de apreensão e de inutilização de produtos serão aplicadas pela administração, imediatamente, independentemente da concessão de medida cautelar ou defesa apresentada pela empresa,desde o início do processo adminis- trativo, dado o risco que tal produto pode causar ao mercado de consumo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 17 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino e) a competência para aplicar sanções como a descrita no caso sob análise é sub- sidiária entre União, Estados e Municípios. Letra c. Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para o regramen- to específico acerca da aplicação de medidas cautelares em virtude de infrações às normas que regulam as relações de consumo, nos termos do parágrafo único do art. 56 do CDC. 1.4. Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), Decreto n. 2.181/1997, alterado pelo Decreto n. 7.738/2012 O Código de Defesa do Consumidor, já em 1990, instituiu um Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC) com o objetivo de promover e viabilizar a arti- culação dos órgãos públicos e entidades civis com atribuições e deveres de tutela dos direitos do consumidor. Nascia, então, uma proposta de atuação coordenada, difusa e capilarizada, de todos os órgãos públicos e privados que atuassem em tor- no desse tema. Essa proposta de articulação em nível nacional seria, então, o instrumento de viabilização da Política Nacional das Relações de Consumo, com especial ênfase para o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua digni- dade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, nos termos do caput do art. 4º do CDC. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 18 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino Sendo assim, o art. 105 do CDC dispõe expressamente a organização do Siste- ma Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), composto pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça e Segurança Pública e os demais órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal, municipais, com destaque para a atuação do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos Procons, bem como das entidades civis de defesa do consumidor. Ainda no âmbito do CDC, o legislador previu expressamente como se daria a execução dessa Política Nacional das Relações de Consumo, vejamos: Art. 5º Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros: I – manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; II – instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Mi- nistério Público; III – criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo; IV – criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; V – concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor. A regulamentação do SNDC ficou a cargo do Decreto n. 2.181, de 20 de março de 1997, posteriormente alterado pelo Decreto n. 7.738, de 28 de maio de 2012, integrando órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municípios, incluindo ainda entidades civis de defesa do consumidor sem que haja, entre eles, hierarquia ou subordinação (art. 105, CDC). Todavia, como todo conjunto de estruturas inter- ligadas, cuidou o CDC de estabelecer um órgão responsável pela sua coordenação, o que se faz por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). Vale frisar que a coordenação do SNDC por parte da Senacon leva em conside- ração a atuação conjunta de todos os órgãos integrantes do sistema, sempre com base na cooperação, pela qual os órgãos integrados se somam na promoção da de- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 19 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino fesa do consumidor; na solidariedade, no sentido de que as atividades coletivas não sejam exercidas isoladamente; e, também, na sinergia, com vistas ao intercâmbio constante de informações e experiências. Vejamos como a banca a seguir aborda o SNDC e outros temas relativos à de- fesa do consumidor em juízo. Questão 6 (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-AM/FCC/2013) Em relação ao Código de Defesa do Consumidor – Lei n. 8.078/1990 analise as afirmações abaixo. I – A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo. II – Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ri- dículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. III – O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 30 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabe- lecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. IV – É facultado a qualquer consumidor o ajuizamento de ação civil pública para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto no Código de Defesa do Consumidor ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes. Está correto o que se afirma APENAS em a) III e IV. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 20 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino b) I e II. c) I e IV. d) II e III. e) II e IV. Letra b. Trata-se de questão fácil, exigindo do(a) candidato(a) conhecimento acerca das diretrizes gerais da Política Nacional das Relações de Consumo (art. 4º, CDC), bem como da proteção do consumidor no que se refere à cobrança de dívidas, nos ter- mos dos arts. 42 e 42-A do CDC. O SNDC, em sua composição, conta com a experiência de vários órgãos espe- cializados na proteção dos consumidores, dentre os quais se destacam os Procons, o Ministério Público, a Defensoria Pública e as entidades civis de defesa do consu- midor. Vejamos, a seguir, em apertada síntese, a contribuição de cada um deles para o bom funcionamento do sistema. Quanto aos Procons, órgãos integrantes do Poder Executivo nos estados, Dis- trito Federal e municípios, cumpre-lhe elaborar, coordenar e executar a política estadual, distrital ou municipal de defesado consumidor, além de realizar o aten- dimento aos consumidores e fiscalizar as relações de consumo no âmbito de sua competência, culminando ou não na instauração de processos administrativos e aplicação de sanções administrativas aos fornecedores que descumprem os direitos dos consumidores. As reclamações dos consumidores são processadas regularmen- te pelo Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec), que O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 21 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino reúne informações sistematizadas pelos Procons, consolidando um importantíssimo instrumento de compreensão e análise do que acontece no dia a dia das relações de consumo. No tocante à atuação do Ministério Público no âmbito do SNDC (art. 5º, II, CDC), vale destacar sua independência funcional na aplicação das normas de de- fesa do consumidor, com especial ênfase para a defesa de direitos e interesses da coletividade de consumidores, por meio do ajuizamento de ações coletivas (ações civis públicas), levando à apreciação do Poder Judiciário as lesões aos direitos dos consumidores no seu aspecto difuso e coletivo. Vale destacar, também, a atuação do Ministério Público na instauração de inquéritos civis para apuração de infrações à legislação de consumo, bem como na celebração de termos de ajustamento de conduta nas esferas judicial e extrajudicial. Já a Defensoria Pública, diferentemente do Ministério Público, possui atribuição para representar o consumidor em casos que tenham repercussão individual, pres- tando assistência e orientação jurídicas em todas as instâncias às pessoas que não reúnem recursos para as custas processuais e honorários de advogado particular. Vale frisar que o legislador do CDC previu expressamente a execução da Política Nacional das Relações de Consumo por meio da manutenção de assistência jurídi- ca, integral e gratuita para o consumidor carente, nos termos do inciso I do art. 5º, tendo a Defensoria Pública papel fundamental nesse aspecto da política nacional. No caso das entidades civis de defesa do consumidor, vale frisar sua atuação na educação para o consumo, na mobilização e orientação do cidadão para o consumo ético e sustentável. Tais organizações da sociedade civil têm papel fundamental na representação dos interesses do consumidor, demandando ao mercado a impor- tância da inserção no mercado de consumo de produtos e serviços mais seguros, O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 22 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino da divulgação de informações transparentes quanto à regulamentação e acesso a serviços públicos. Frisa-se, também, a importância desses atores na promoção do equilíbrio no mercado; na contraposição aos interesses empresariais na discussão e na formulação de políticas públicas e, ainda, na defesa do interesse público. Des- tacam-se, ainda, as prerrogativas de encaminhamento de denúncias aos órgãos públicos de proteção e defesa do consumidor, bem como a representação do con- sumidor em juízo, nos limites estabelecidos pelo inciso IV do art. 82 do CDC. Em relação ao Decreto n. 2.181, de 20 de março de 1997, vale frisar sua im- portante atuação como primeiro ato normativo que regulamentou as normas gerais de aplicação das sanções administrativas previstas no art. 56 do CDC, observan- do, ainda, que, por se tratar de competência concorrente, os estados e o Distrito Federal podem, conforme o caso, suplementar o decreto em questão naquilo que representar demanda normativa própria de determinada unidade federativa, nunca extrapolando, por observância do princípio da hierarquia normativa, os limites do decreto e do próprio CDC. Sobre a estrutura do decreto, ressalta-se também o regramento dos Termos de Ajustamento de Conduta (art. 6º), observada a competência do agente subscritor, a prevalência do ajustamento mais vantajoso para o consumidor (no caso de mais de um termo lavrado por integrante do SNDC), a possibilidade de revisão de ajus- tamento de conduta já firmado, bem como as cláusulas obrigatórias, com destaque para a obrigação de adequação de conduta no prazo estipulado, a pena pecuniária diária em caso de descumprimento, o ressarcimento das despesas de investigação e a instrução do processo administrativo. No tocante às práticas infrativas, o Decreto n. 2.181/1997 estabeleceu alguns exemplos de condutas contrárias ao ordenamento de proteção das relações de con- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 23 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino sumo (arts. 12, 13 e 22), consequentemente passíveis de aplicação das sanções previstas no CDC, classificando-as em leves (aquelas em que forem verificadas somente circunstâncias atenuantes) e graves (aquelas em que forem verificadas circunstâncias agravantes), nos termos do art. 17 do aludido decreto. Ao tratar das penalidades administrativas, o Decreto n. 2.181/1997 repete o rol de sanções previstas no art. 56 do CDC, incluindo uma especial observação quanto aos órgãos públicos, ou suas empresas concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, prevendo a aplicação de pena de multa nos casos em que deixarem de fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos, nos termos do art. 20 do mencionado decreto. O decreto também estabelece parâmetros gerais para a dosimetria das sanções, com destaque para a verificação da ocorrência de circunstâncias atenuantes e agra- vantes (arts. 25 e 26), bem como a verificação ou não de reincidência por parte do infrator, considerada como a repetição da prática infrativa, de qualquer natureza, às normas de defesa do consumidor, punida por decisão administrativa irrecorrível, nos termos do art. 27 do decreto. Notadamente quanto à aplicação da sanção de multa, o legislador estabeleceu como parâmetros a análise acerca da gravidade da prática infrativa, da extensão do dano causado aos consumidores, da vantagem auferida com o ato infrativo e da condição econômica do infrator, respeitados os limites estabelecidos no parágrafo único do art. 57 do CDC. Merece destaque, ainda, as disposições do Decreto n. 2.181/1997 acerca das regras gerais atinentes aos processos administrativos que apurem infrações às normas que regulam as relações de consumo (arts. 33 e seguintes), bem como a regulamentação dos cadastros de reclamações fundamentadas contra fornecedores O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.brhttp://www.grancursosonline.com.br 24 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino (arts. 57 e seguintes), constituindo-se como instrumentos essenciais de defesa e orientação dos consumidores. Cumpre registrar que a atuação dos Procons independe do trabalho de outros órgãos ou entidades, como as agências reguladoras, institutos, dentre outros, que detenham dentre suas atribuições e objetivos a proteção do consumidor. Tal inde- pendência, todavia, não deve impedir, mas, sim, incentivar a cooperação entre eles. Vale registrar, por fim, que a diversidade de atuações não deve implicar, via de regra, aplicação de duas penas pela mesma infração (bis in idem), uma vez que a atuação dos Procons e do DPDC possui fundamento jurídico diverso daquele que sustenta a atuação das agências reguladoras, por exemplo. Assim, atuação conjun- ta desses órgãos e entidades não ofende o ordenamento jurídico e a eventual con- figuração do bis in idem dependerá da verificação, no caso concreto, da identidade de parte, sanção e fundamento da sanção. Vejamos como a banca a seguir abordou esse tema. Questão 7 (JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF-5ª REGIÃO/CESPE/2015) Por ter vio- lado norma de proteção ao consumidor, a instituição financeira XYZ foi punida com penalidade de multa imposta pelo PROCON. Tal violação também configurou des- cumprimento a norma regulatória setorial, razão pela qual a empresa XYZ foi nova- mente punida com pena de multa, dessa vez pelo BCB. Em ambos os casos, foram observadas as normas processuais administrativas. A referida empresa ingressou com ação judicial em que questionou a legalidade das penalidades aplicadas. Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 25 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino a) A competência do BCB no campo regulatório do setor não impede a fiscaliza- ção concomitante pelo PROCON, com fundamento nas normas do CDC, porém a aplicação de multa pelo mesmo ato configura situação de bis in idem, vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro. b) A penalidade aplicada pelo BCB deve prevalecer sobre a multa aplicada pelo PROCON, que deve ser anulada, por ser a norma regulatória considerada especial em relação à norma consumerista. c) Não houve ilegalidade na aplicação das duas multas pelo mesmo ato, tendo em vista que se verificou violação concomitante de norma do CDC e de norma regula- tória do setor. d) As duas multas podem ser cumuladas, pois a multa aplicada pelo PROCON tem a finalidade de ressarcir o dano causado ao consumidor, enquanto a multa aplicada pelo BCB tem finalidade regulatória, de nítido caráter punitivo. e) A multa aplicada pelo PROCON é nula, pois o CDC não atribui a esse órgão competência para aplicação de penalidades, mas apenas para a prática de atos de fiscalização e conciliação entre fornecedor e consumidor. Letra c. Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para os requisitos necessários à identificação ou não da aplicação em duplicidade de sanções admi- nistrativas sem a configuração de bis in idem. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 26 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino 2. Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos O que nos acostumamos a chamar de tutela coletiva corresponde, de fato, à tu- tela jurisdicional de direitos materiais coletivos lato sensu. Isso porque se trata de provocação para que a atividade jurisdicional do Estado se faça presente, tutelando direitos materiais cuja titularidade transcende a individualidade, como adiante será esclarecido. Diferentemente dos direitos individuais heterogêneos, cuja tutela regulamenta- -se, quase na sua totalidade, pelas regras do Código de Processo Civil, os direitos coletivos lato sensu, de que são espécies os direitos difusos, os direitos coletivos em sentido estrito e os direitos individuais homogêneos, têm sua tutela regula- mentada em disposições normativas específicas que, agrupadas, formam o que se chama microssistema de tutela coletiva, com destaque para as seguintes normas: • Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985 – ação civil pública; • Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código de Defesa do Consumidor; • Lei n. 4.717, de 29 de junho de 1965 – ação popular; • Lei n. 12.016, de 7 de agosto de 2009 – mandado de segurança individual e coletivo; • Lei n. 8.429, de 2 de junho de 1992 – improbidade administrativa; • Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente; • Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003 – Estatuto do Idoso; • Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015 – Estatuto da Pessoa com Deficiência. Como se trata de um microssistema, vale ressaltar que os normativos acima elencados, bem como outras disposições que integram ou venham integrar esse microssistema, se complementam para regular de modo integral a tutela jurisdicio- nal de direitos materiais coletivos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 27 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino No âmbito do direito do consumidor, é no art. 81 do CDC que está prevista a possibilidade de que “a defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas” se faça também “a título coletivo”. Já o parágrafo único desse mesmo ar- tigo elenca as espécies de direitos tuteláveis por meio de defesa coletiva, a saber, direitos difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos. Vejamos como a banca a seguir aborda a temática da defesa dos direitos difusos e coletivos. Questão 8 (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-ES/FCC/2016) No que diz respeito aos Di- reitos Difusos e Coletivos, a doutrina especializada criou uma nova terminologia, chamada coisa julgada secundum eventum litis, erga omnes ou ultra partes. Neste sentido, a sentença fará coisa julgada a) e seus efeitos indeferem do direito tratado, seja ele difuso, coletivo ou individual homogêneo. b) ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improce- dência por insuficiência de provas quando se tratar de direitos difusos e coletivos. c) erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idên- tico fundamento valendo-se de nova prova, no caso dos direitos difusos. d) erga omnes, em todos os casos em que houver análise de mérito. e) somente se os titulares dos direitos difusos forem individualmente chamados a compor a lide. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a suareprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 28 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino Letra c. Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para as disposi- ções gerais do CDC acerca da defesa do consumidor em juízo, em especial aquelas atinentes aos efeitos da coisa julgada, nos termos do art. 103 do Código. É importante destacar o tratamento dado pelo legislador do CDC à defesa cole- tiva dos consumidores, destacando-se as definições estabelecidas pelo Código nos incisos do parágrafo único do art. 81, vejamos: Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decor- rentes de origem comum. Vejamos como a banca a seguir abordou essa questão. Questão 9 (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-PR/FCC/2017) Considere: I – Em termos de direitos individuais homogêneos, representa maior abrangên- cia da tutela o sistema de exclusão (opt-out), em que os interessados são automaticamente atrelados à decisão coletiva, se não houver manifestação. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 29 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino II – No Brasil, com a redemocratização e o fortalecimento dos órgãos judiciários, o legislador adotou medidas de cunho restritivo do direito de ação e previsão de mecanismos de autocomposição. Contudo, não se verificou a edição de nenhuma lei a tratar do processo coletivo, por se entender o processo indi- vidual mais célere. III – Atualmente, com o recrudescimento das relações de massa, multiplicando- -se as lesões sofridas pelas pessoas, as ações coletivas cumprem o papel de propiciar que a totalidade, ou, pelo menos, uma quantidade significativa da população, alcance seus direitos. IV – Ainda hoje, no ordenamento jurídico brasileiro, as ações coletivas permane- cem sendo tratadas apenas por leis extravagantes desprovidas de unidade orgânica. Acerca da tutela coletiva, está correto o que se afirma APENAS em a) III e IV. b) II e III. c) I e II. d) I e IV. e) I, III e IV. Letra e. Trata-se de questão relativamente fácil, cabendo ao(à) candidato(a) se atentar para o tratamento dado pelo CDC às ações coletivas para a defesa de interesses individuais homogêneos, nos termos dos arts. 91 e seguintes do Código. 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No tocante às teses defendidas em juízo para a proteção dos consumidores, certamente os avanços doutrinários e jurisprudenciais alcançam tanto a defesa individual quanto a coletiva, considerando serem admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar a adequada e efetiva tutela do CDC. Vejamos algumas questões em que a tese poderia ser defendida tanto no juízo individual quanto no coletivo. Questão 10 (JUIZ SUBSTITUTO/TJ-PR/CESPE/2017) Maria, aposentada, compa- receu a uma agência bancária para sacar seu benefício previdenciário. No entanto, ao consultar o extrato, verificou que o numerário fora sacado por terceiro. Incon- formada, procurou a defensoria pública, que ajuizou ação de indenização, reque- rendo, entre outras coisas, a inversão do ônus da prova em favor de Maria. Por sua vez, em sua resposta, a instituição financeira alegou fato exclusivo da vítima, por- quanto a operação fora realizada mediante a utilização de cartão e senha pessoal. Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta à luz da legislação apli- cável ao caso e da jurisprudência do STJ. a) O juiz deverá deferir o pleito de inversão do ônus da prova em favor da autora, pois cabe à instituição financeira demonstrar a regularidade do saque. b) Maria deverá demonstrar sua vulnerabilidade e a verossimilhança do alegado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 31 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino c) O momento processual adequado para a inversão do ônus da prova será quando a sentença for proferida. d) O fato exclusivo da vítima não afasta a responsabilidade, pois ele sucumbe ao princípio da reparação integral em favor do consumidor. Letra a. Trata-se de questão relativamente fácil, cabendo ao(à) candidato(a) relembrar o direito básico do consumidor atinente à inversão do ônus da prova, previsto no in- ciso VIII do art. 6º do CDC. Questão 11 (JUIZ SUBSTITUTO/TJ-SC/FCC/2017) No tocante à tutela específica nas obrigações de fazer ou não fazer concernentes às relações consumeristas, a) em caso de litigância de má-fé a associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão subsidiariamente condenados em honorários advo- catícios, nas custas e nas despesas processuais, estas e aquelas em dobro, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos. b) a conversão da tutela específica em perdas e danos poderá ser livremente de- terminada pelo juiz, independentemente da impossibilidade de obtenção daquela ou do resultado prático equivalente. c) uma vez formulado o pedido de tutela específica, é defeso convertê-lo em per- das e danos, pois o fato caracterizaria uma decisão extra petita. d) nas ações coletivas visando à obtenção da tutela específica só haverá adianta- mento de custas ou emolumentos, mas não de honorários periciais ou quaisquer outras despesas, salvo se caracterizada má-fé processual. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 32 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino e) para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade no- civa, além de requisição de força policial. Letra e. Trata-se de questão relativamente fácil, cabendo ao(à) candidato(a) se atentar para as disposições gerais acerca das ações judiciais que tenham por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, em especial a regra específica do § 5º do art. 84 do CDC, pela qual, para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial. Questão 12 (JUIZ SUBSTITUTO/TJ-SE/FCC/2015) No momento de pousar, avião da companhia aérea VOE BEM acaba ultrapassando a pista e cai sobre prédio de es- critório da companhia área BOM POUSO. No que se refere à responsabilidade civil, considere as seguintes assertivas: I – Os empregados da empresa Bom Pouso, ou seus herdeiros, podem ajuizar ação de indenização contra a empresa Bom Pouso com base no Código de Defesa do Consumidor. II – Os transeuntes que passavam em frente à empresa Bom Pouso, ou seus her- deiros, poderão ajuizar ação de indenização com base no Código de Defesa do Consumidor contra a empresa Voe Bem. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 33 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino III – Os empregados da empresa Bom Pouso, ou seus herdeiros, podem ajuizar ação de indenização com base no Código de Defesa do Consumidor contra a empresa Voe Bem. IV – Os empregados da empresa Bom Pouso, ou seus herdeiros, somente podem entrar com ação de indenização contra a empresa Bom Pouso, que, por sua vez, terá direito a ação de regresso contra a empresa Voe Bem. V – Sendo a responsabilidade solidária, as empresas Voe Bem e Bom Pouso res- pondem diante dos empregados da empresa Bom Pouso com base no Código de Defesa do Consumidor. Está correto o que se afirma APENAS em: a) I e IV. b) I e V. c) III e V. d) II e III. e) II e IV. Letra d. Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para as dispo- sições gerais do CDC acerca da defesa do consumidor em juízo, nos termos dos arts. 81 e seguintes do Código. Retomando nosso raciocínio, a veiculação de publicidade enganosa exemplifica a violação de direitos difusos, pois o alcance da peça publicitária é indeterminável e, assim, a violação do direito à informação por meio de publicidade enganosa atin- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 34 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino ge número indeterminado e indeterminável de pessoas. Nesse caso, a transindivi- dualidade resta evidente, uma vez que a titularidade não se limita a um indivíduo ou grupo determinado de indivíduos. No que se refere à indivisibilidade, diz o conceito que, além de transindividuais, os direitos difusos são indivisíveis. Tal característica está relacionada à inviabilida- de de fracionamento do direito entre os membros da coletividade. Assim, não se concebe, com relação aos bens e direitos indivisíveis, a possibilidade de gozo ou fruição de modo diferenciado. No mesmo exemplo citado (publicidade enganosa), o direito difuso violado é o direito à informação, o que pressupõe, obviamente, que a informação esteja cor- reta e seja acessível. Ora, percebe-se claramente que a utilização ou gozo de tal direito se dá de modo igual entre os membros de uma determinada coletividade. Vale frisar, ainda, que o conceito de direitos difusos adotado pelo CDC atribui sua titularidade a “pessoas indeterminadas”. Entretanto, a partir da análise dos dois elementos conceituais acima apresentados é possível perceber que, embora o conceito adotado pelo CDC atribua a “pessoas indeterminadas” a titularidade dos direitos difusos, em verdade tais direitos pertencem à coletividade, sujeito diverso daquele indicado pela expressão “pessoas indeterminadas”. Na identificação dos direitos difusos, é imperioso que as pessoas estejam inter- ligadas por uma circunstância de fato, ou seja, o que identifica os direitos difusos são os fatos e acontecimentos objetivos, sendo desnecessária a existência de qual- quer tipo de relação jurídica entre os membros da coletividade que, eventualmen- te, tenham tido o direito difuso violado. Ainda usando como exemplo a publicidade enganosa, observa-se que a ligação de fato decorre da exposição, concreta ou potencial, ao conteúdo da peça publi- citária que tenha ocultado informação relevante ou apresentado informação falsa acerca de determinado objeto ou elemento que integre a relação de consumo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 35 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino Entretanto, o que difere os direitos coletivos em sentido estrito dos direitos difusos é o fato de que, embora indeterminados, no caso dos direitos coletivos em sentido estrito, os membros do grupo identificado como titular do direito são determináveis. Isto é, embora não haja a necessidade de individualizar cada membro da coletivi- dade, indiretamente afetado, é possível determinar individualmente cada membro, a partir da verificação das relações jurídicas que compõem a situação em litígio. A relação jurídica base a que se refere o conceito adotado pelo CDC para os direitos coletivos em sentido estrito liga o sujeito ativo e o sujeito passivo de dois modos: • os titulares do direito coletivo (sujeito ativo) são vinculados por uma relação jurídica preexistente. Por exemplo, os membros que integram um determina- do órgão de classe; uma associação composta por usuários de um determi- nado tipo de serviço etc.; • os titulares do direito coletivo (sujeito ativo) mantêm relação jurídica com o sujeito passivo. É o caso dos sócios de um clube, os alunos de uma mesma escola, os clientes de uma mesma empresa etc. Vejamos como a banca a seguir abordou esse tema. Questão 13 (DEFENSOR PÚBLICO/DPE-MT/UFMT/2016) O reconhecimento pro- gressivo dos direitos difusos e coletivos fez com que estes passassem a ter defini- ção expressa pela legislação com a aprovação da Lei n. 8.078/1990, que instituiu o Código de Defesa do Consumidor e fez inclusões relacionadas na Lei n. 7.347/1985, que disciplina a Ação Civil Pública. Sobre a definição desses direitos, assinale a afir-mativa correta. 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Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino a) Direitos difusos são equiparados aos direitos coletivos, por ocasião de sua na- tureza coletiva, diferenciando-se no que se refere a sua indivisibilidade, que se manifesta apenas nos primeiros. b) Direitos difusos não são em hipótese alguma considerados direitos coletivos, tendo por semelhança a transindividualidade e a titularidade de pessoas determi- nadas por uma relação jurídica base. c) Direitos individuais homogêneos são considerados espécie de direitos coletivos, diferenciados essencialmente pela possibilidade de os primeiros serem divisíveis na liquidação de sentença que trate de seu reconhecimento e a respectiva violação. d) Direitos coletivos são transindividuais, tal qual os direitos difusos, de natureza divisível, tendo por titulares pessoas determinadas ou indeterminadas, ligadas en- tre si por uma circunstância de fato. e) Direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos se confundem no que tange à sua titularidade, que é determinada e é definida por uma circunstância de fato. Letra c. Na resolução dessa questão, o(a) candidato(a) deverá se atentar para as definições existentes acerca dos direitos difusos e coletivos, em consonância com o regramen- to previsto no CDC. Não podemos confundir a circunstância fática ou jurídica que tenha violado o direito coletivo com a relação jurídica base. Esta é vínculo preexistente à lesão ou ame- aça e não se confunde com o evento danoso ou mesmo com circunstância fática O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para GABRIEL SANTANA DE ALMEIDA - 06902500533, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 37 de 113www.grancursosonline.com.br DIREITO DO CONSUMIDOR Sanções Administrativas no CDC. Defesa do Consumidor em Juízo. Ações Coletivas Prof. Fabrício Missorino comum. A título de exemplo, podemos considerar vários consumidores que adqui- rem um mesmo veículo (relação jurídica base), que tais veículos apresentam o mesmo defeito (evento danoso, violação) e que o direito à reparação do dano pertence ao grupo de pessoas unidos pela mesma relação jurídica, e não pelo fato gerador da violação (defeito). Ressalta-se, ainda, que o bem jurídico tutelado no caso de direitos coletivos em sentido estrito é indivisível. A qualidade na prestação de serviço oferecido a um grupo específico, por exemplo, não admite fracionamento, assim como o serviço de tratamento de água, que envolve toda uma coletividade, e cuja violação deve ser tutelada coletivamente. Quanto aos direitos individuais homogêneos, a diferença principal em relação ao direito coletivo em sentido estrito é que, enquanto este decorre de uma relação jurídica base (preexistente à violação do direito), o direito individual homogêneo depende de uma origem comum. Imagine, por exemplo, que algumas pessoas, membros de uma dada coletivida- de, sejam vítimas de um dano à saúde por conta de uma falha no sistema de tra- tamento de água de uma determinada localidade. Nesse caso, o direito à adequada prestação de serviços públicos essenciais e a proteção à saúde, que são direitos coletivos indivisíveis foram violados, o que gerou para cada indivíduo vítima da vio- lação um direito individual, homogêneo por conta da origem comum. Por outro lado, não se verifica, a partir da violação de direito individual homogê- neo, a criação de direito coletivo em sentido estrito. O objeto de proteção do direito individual homogêneo continua dividido, embora a violação tenha ocorrido a partir de um fato comum entre vários titulares. 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A doutrina elenca algumas características dos direitos individuais homogêneos, com destaque para o fato de que decorrem de uma origem comum, de que a sua transindividualidade é instrumental ou artificial, de que a titularidade do direito é determinada, de que o objeto é divisível, bem como de que é possível a sua repa- ração do ponto de vista direto e individual. Depreende-se do conceito e dos elementos característicos dos direitos individu- ais homogêneos que é possível o ajuizamento de ação individual visando a tutela de tais direitos. Por outro lado, o litisconsórcio ativo na ação individual não deverá ser confundido com o exercício da tutela coletiva. Observe que, no litisconsórcio ativo o que se tem é a reunião efetiva de indivíduos que tiveram seus direitos (in- dividuais e divisíveis), violados. No caso da tutela jurisdicional coletiva de direitos individuais homogêneos, o polo passivo terá um só ocupante: um dos legitimados elencados no art. 82 do CDC. Vejamos: Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: (Redação dada pela Lei n. 9.008, de 21.3.1995) (Vide Lei n. 13.105, de 2015) I – o Ministério Público, II – a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal; III – as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código; IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear. 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Em que pese a origem ser comum, e atingir de modo uniforme todos os titulares determinados dos direitos individuais, o resultado real da violação poderá variar em cada um dos casos, donde se conclui que se trata
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