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Criminologia e Política Criminal - Aula 07 (2ª Unidade)

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Marina Cabral Sampaio Castro 
CRIMINOLOGIA 
2ª UNIDADE 
 
Aula 7 – 19/10/2020 
Escola Sociológica de Chicago 
 A Escola de Chicago é uma quebra de qualquer paradigma do que víamos 
discutindo até agora, visto que a Escola Clássica, foca na questão do crime em quanto 
fenômeno jurídico; a Escola Positiva Italiana, foca na pessoa do criminoso e a Escola 
Alemã, por usa vez, tenta fazer uma ligação entre uma escola sociológica e uma escola 
que é a partir do fenômeno jurídico. 
 E a Escola de Chicago? É baseada, necessariamente num contexto industrial, parte 
do pressuposto, que o estudo da criminalidade em Chicago se deve a estruturação do local, 
ou seja, a cidade é por si só um fator necessário para a criminalidade. Como chegaram a 
essa conclusão? 
 A Escola de Chicago inaugurou uma nova fase no estudo criminológico. A escola 
surgiu com a criação da Universidade de Chicago 1982. Em primeiro plano, vamos 
conversar um pouco em como eles começaram esse estudo, temos que Chicago era a 
terceira maior cidade dos Estados Unidos em termos econômicos quando um sujeito 
chamado John Rockefeller, achou por bem financiar uma Universidade de em Chicago, 
que por sua vez, fez questão de trazer grandes pensadores a preço de ouro, pagando caro 
para trazer os melhores professores da época. O que se pretendia era que tais pensadores 
elaborassem uma reestruturação para a cidade, em Illinois. 
 Com seus estudos, descobriram que como o desenvolvimento das cidades afetou 
como a criminalidade se desenvolveu, mas especificamente em Chicago, visto que era 
seu objeto de estudo. E tudo começa quando se estuda a Revolução Industrial, sabemos 
que a R.I. tem duas características: 
1. VELOCIDADE, tanto de produção quanto de insolência das coisas, que é uma 
das principais logicas das sociedades de consumo, a constante inovação cientifica 
constante para que se tenha oferecimento de novas tecnologias e assim tornando 
obsoletas a anterior, e assim sendo abdicadas. Por exemplo, as fabricas de carro 
de Detroit, cada vez se aumentava a tecnologia liberava diversos funcionários em 
busca de novos profissionais que soubessem manejar, aumentando o índice de 
desemprego. 
2. Outra questão é que as cidades urbanizadas tiveram um aumento populacional 
gigantesco, visto que a população do interior, da zona rural migra para a cidade 
grande, o chamado ÊXODO RURAL, em busca de dinheiro. 
 Os estudiosos, analisando esse contexto, perceberam que a população rural, 
possuía uma grande adesão aos valores da comunidade, como religião, escola. O que 
ainda nos tempos atuais é verídico, percebemos o quanto são ligados a igreja, qualquer 
que seja a religião, ligados a comunidade, participa das festividades, auxilia o próximo, 
Marina Cabral Sampaio Castro 
porque há uma vivencia mais próxima das pessoas. Configurando uma forma de controle 
social, o controle primário, onde as instituições sociais funcionam perfeitamente. 
 Porém, com o crescimento urbano, temos uma mobilidade social devido a uma 
instabilidade. Ou seja, uma pessoa que mora em um bairro não vai ficar lá para o resto da 
vida, tendo uma melhoria salarial, vai se mudar, se tem uma quebra financeira, vai se 
mudar para um local pior, tal instabilidade social gera um conflito, tem gente com 
dinheiro e gente sem. 
 Logo, percebeu-se que próximo aos grandes centros urbanos temos, 
necessariamente, uma crescente de criminalidade, quanto mais próximos das áreas 
centrais, se tem a divergência e a possibilidade de criminalidade. Nesse ponto percebe-se 
a complicação que gera uma ocupação desordenada nos centros urbanos. 
 Essa é uma grande tese para a Escola Sociológica, envolve a ecologia criminal, 
isto é, a influência do local como um fator criminológico. Não se trata de um 
determinismo, mas sim uma influência, visto que quando se tem uma cidade com 
ocupação desordenada, as zonas de conflito se tornam aquelas onde o Estado não interviu, 
onde não ordenou a ocupação. 
 Isso é obvio, pois nas comunidades do interior, o chamado controle social 
informal, por meio da moral, dos valores sociais, é muito mais eficaz do que na cidade 
grande, onde se vive no anonimato, é terra de ninguém, tal controle informal é diluído e 
as pessoas começam a viver uma vida mais complicada, visto que não se tem ‘limites’. 
Muitos que vem do interior para a capital ‘surta’, pois começa a experimentar uma 
liberdade nunca vista. Na cidade grande, não há tanto o que se falar em controle informal, 
apenas no formal, a política de segurança pública. 
 Partindo dessas conclusões, a Escola de Chicago começou a mapear, até as 
questões de urbanização e ocupação do solo foi estudada em busca da compreensão da 
criminalidade. Do estilo da casa, ao seu tamanho chegando na quantidade de ocupantes 
foi analisado, em busca da compreensão das zonas. Eles elaboraram a Teoria das Zonas 
Concêntricas, que foi dividido em 5: 
 
Marina Cabral Sampaio Castro 
1. Centro da cidade, sempre próximo da região de produção, normalmente o centro 
econômico de banco, comercio, morar nesses locais se torna caro pois todos 
almejam morar perto do trabalho; núcleo chamado de LOOP 
2. Imóveis e Indústria, se pensarmos em recife, temos o centro de recife, que hoje 
voltou a ser uma área procurada, e temos Santo Antônio ou São José, que 
ninguém mais quer, com imóveis abandonados, começa a ser uma área de 
degradação social. Entra a teoria da janela quebrada, já discutida no primeiro 
semestre, com imóveis abandonados e depredados começam a atrair pessoas que 
vão praticar mais crimes, quer seja para ocupar o imóvel e cometer crime, quer 
seja que tal imóvel desocupado permite a criminalidade; área de transição. 
3. Bairros próximos ao centro, normalmente pertence a população de classe 
média, pessoas que precisam morar perto do trabalho, mas precisam enfrentar o 
dilema do tráfico, no sentido de transito e deslocamento. Em sua maioria é uma 
residencial, com casas pequenas para o trabalhador médio. 
4. Moradia de pessoas com renda maior, são os residenciais, condomínios 
privados, onde a ocupação foi feita de forma ordenada; 
5. Cidades satélites onde tem o pessoal de extrema riqueza, segundo o professor, 
o pensamento do pobre é pegar menos ônibus, quando o pensamento da camada 
mais abastada é qualidade de vida. 
 As duas primeiras zonas é o caos, com ocupação altamente desordenada, em 
virtude da proximidade com os pontos de venda, os trabalhadores do porto. Por lógica, o 
pescador mora perto da praia, a ideia é de que o trabalhador esteja morando próximo ao 
trabalho. Entretanto isso tem um preço, nem todos podem estar lá, gerando construções 
irregulares, causando conflito. 
 Partindo disso, se desenvolve a TEORIA DA DESORGANIZAÇÃO SOCIAL: 
Partindo da questão fisiológica da cidade, e de como a cidade se organiza pode determinar 
a criminalidade. Acreditava-se de forma cabal, que as questões morais tinham mais poder 
de garantir a sociedade coesa do que qualquer outra coisa. Logo, por meio da Igreja 
teríamos um controle maior do cidadão, como um papel regulador maior do que o controle 
formal poderia proporcionar, por isso as cidades do interior teriam mais controle sobre 
sua população. Vale lembrar que tal estudo foi desenvolvido anos 30, nos EUA, pais de 
alta concentração de população Protestante. Tal teoria pode explicar centros urbanos, 
como por exemplo a criminalidade nas favelas do Rio de Janeiro. 
 Trata-se de uma escola com moral protestante radical, e com um viés econômico, 
onde não conseguiram compreender a situação, do porque as comunidades pobres tinham 
a criminalidade alta, não compreendiam que era aquilo que podiam pagar. Como todas as 
outras escolas, essa também tem seus defeitos. 
 Mas, sua principal virtude é que seus pensadores pensaram e sugeriram soluções, 
sendo a primeira e principal a INTERVENÇÃO SOCIAL DO ESTADO, tal intervenção 
nas zonas de conflito ou em zonasem que há a dissociação social de valores, que se daria 
por meio da construção de Igrejas, escolas, grupos de bairro, grupos de jovens, esportes. 
Marina Cabral Sampaio Castro 
 Percebemos a influência dessa teoria, no próprio direito tributário, quando 
percebemos que a igreja tem uma isenção tributária, visto que ela exerce um papel 
fundamental no controle social, e se busca a proliferação. Perceba, que sai mais barato ao 
Estado, isentar impostos de igreja, pois se ela obtiver êxito no seu papel de controle 
informal, é menos gente delinquindo, e, portanto, lucro, visto que o gasto com 
investigação criminal, todo o processamento em juízo e, por fim, a manutenção do 
criminoso em cárcere supera o que se ganharia de tributação. 
 Mesma lógica se aplica a escolas de tempo integral na rede pública, se temos um 
grave problema de jovens delinquindo na rua, a solução mais imediata seria a aplicação 
dessas escolas, não apenas pelas enormes oportunidades de ascensão social que o estudo 
formal traz ao cidadão, mas pelo simples fato de ocupar o dia do jovem, proporcionando 
uma estruturação onde ele possa se desenvolver da melhor forma. 
 É devido a tal teoria que nos EUA tem-se institutos como Escoteiros; 
Universidades Municipais, Grupos de Ex alunos de todas as instituições, que fornecem 
bolsas de estudos; nas escolas tem Clubes, de xadrez, química, literatura, música, teatro, 
entre tantos outros; Atividades de Bairros, como centros comunitários que arrumam 
emprego aos desempregados sem necessidade de se deslocar ao centro. Portanto, a ideia 
de comunidade e do apoio aos jovens é a base do sistema Estadunidense que recebeu forte 
influência da Teoria da Desorganização Social pensada pela Escola de Chicago. 
 Obviamente tal teoria deve ser relativizada, pois nem todas as cidades são 
estruturalmente iguais, mas percebemos que a ECONOMIA é um fator de forte 
interferência sobre a criminalidade, vamos fazer um exercício empático: imagine que 
você é mãe ou pai, chega em casa e vê seu filho com fome, e um traficante chega e lhe 
oferece 1.000,00 para levar um pacote na cidade ao lado, uma passagem de ônibus de 
5,00 e 00:20 minutos do seu tempo. Você não levaria? Isso não quer dizer que todo pobre 
é criminoso? Não, é claro que não, mas os mais necessitados são mais propensos a 
criminalidades, pois não possuem escolha. 
 Para finalizar, frisamos a importância da Escola Sociologica de Chicago no estudo 
de ocupação urbana, atualmente a França está atuando fortemente nessa área, estudando 
a ocupação de Paris. Portugal está dando incentivos para que seus moradores se afastem 
do centro, e adquiram imóveis no interior, já outros países da Europa paga para que sua 
população ocupe locais mais afastados. 
ESCOLA DE CHICAGO 
INSTITUTO CONTEÚDO 
Conceito 
A principal tese para explicação do crime reside na ideia de 
zonas de delinquência, espaços geográficos que explicam o 
crime e também sua distribuição pela área. Em termos gerais, 
explica o crime através da ecologia da cidade. 
Objeto e Método 
O objeto de investigações são as condições sociais, e o 
método utilizado foi o empírico, com recurso a dados 
estatísticos. O cerne das investigações da Escola foi constituir 
Marina Cabral Sampaio Castro 
uma ecologia social da cidade, atentando-se para fatores 
como: as zonas de trabalho e residência, distribuição de 
serviços, profusão de doenças, entre outras. 
Representantes 
Robert Park, Ernst Burgess, Clifford R. Shaw, Henry D. 
Mckay. 
Críticas 
As principais críticas feitas dizem respeito à investigação. 
Shaw, por exemplo, preocupou-se muito mais em investigar 
os locais de residência dos criminosos do que onde 
efetivamente ocorriam os crimes. Outra crítica diz respeito à 
teoria das zonas concêntricas, que não representava a 
realidade das cidades americanas. Finalmente, a utilização de 
dados oficiais é altamente questionável, pois os sistemas de 
controle e vigilância são discriminatórios. 
Conclusões 
Apesar das críticas, a escola teve o mérito principal de utilizar 
o método qualitativo de investigação com a análise de mapas, 
dados estatísticos, análise de documentos, que continuam 
aceitos até os dias atuais. 
 
Manual Esquemático de Criminologia – Nestor Sampaio Penteado Filho 
5.4 Escola de Chicago 
 A Revolução Industrial proporcionou uma forte expansão do mercado 
americano, com a consolidação da burguesia comercial. 
 Os estudos sociológicos americanos foram a priori marcados por uma 
influência significante da religião. Com a secularização, ocorreu a aproximação entre 
as elites e a classe baixa, sobretudo por uma matriz de pensamento, formada na 
 Universidade de Chicago, que se denominou “teoria da ecologia criminal” ou 
“desorganização social” (Clifford Shaw e Henry Mckay ). 
 Em função do crescimento desordenado da cidade de Chicago, que se expandiu 
do centro para a periferia (movimento circular centrífugo), inúmeros e graves 
problemas sociais, econômicos, culturais etc. criaram ambiente favorável à instalação 
da criminalidade, ainda mais pela ausência de mecanismos de controle social. 
 A Escola de Chicago, atenta aos fenômenos criminais observáveis, passou a 
usar os inquéritos sociais (social surveys) na investigação daqueles. 
 Tais investigações sociais demandavam a realização de interrogatórios diretos, 
feitos por uma equipe especial junto a dado número de pessoas (amostragem). 
 Ao lado desses inquéritos sociais, utilizaram-se análises biográficas de 
individual cases. Os casos individuais permitiram a verificação de um perfil de 
carreira delitiva. 
 Estabeleceu-se a metodologia de colocação dos resultados da criminalidade 
sobre o mapa da cidade, pois é a cidade o ponto de partida daquela (estrutura 
ecológica). 
Marina Cabral Sampaio Castro 
 Os meios diferentes de adaptação das pessoas às cidades acabam por propiciar 
a mesma consequência: implicação moral e social num processo de interação na 
cidade. 
 Assim, com o crescimento das cidades começa a surgir uma relação de 
aproximação entre as pessoas, com a vizinhança se conhecendo. Passa a existir, por 
conseguinte, uma verdadeira identidade dos quarteirões. Esse mecanismo solidário de 
mútuas relações proporciona uma espécie de controle informal (polícia natural), na 
medida em que uns tomam conta dos outros (ex.: família que viaja e pede ao vizinho 
que recolha o jornal, que mostre ao leiturista da água o local do hidrômetro etc.). 
 Os avanços do progresso cultural aceleram a mobilidade social, fazendo 
aumentar a alteração, com as mudanças de emprego, residência, bairro etc., 
incorrendo em ascensão ou queda social. A mobilidade difere da fluidez, que é o 
movimento sem mudança da postura ecológica, proporcionado pelo avanço da 
tecnologia dos transportes (automóvel, trens, metrô). 
 Portanto, a mobilização e a fluidez impedem o efetivo controle social informal 
nas maiores cidades. 
5.4.1 A teoria ecológica e suas propostas 
 Há dois conceitos básicos para que se possa entender a ecologia criminal e seu 
efeito criminógeno: a ideia de “desorganização social” e a identifi cação de “áreas 
de criminalidade” (que seguem uma gradient tendency). 
 O crescimento desordenado das cidades faz desaparecer o controle social 
informal; as pessoas vão se tornando anônimas, de modo que a família, a igreja, o 
trabalho, os clubes de serviço social etc. não dão mais conta de impedir os atos 
antissociais. 
 Destarte, a ruptura no grupo primário enfraquece o sistema, causando aumento 
da criminalidade nas grandes cidades. 
 No mesmo sentido, a ausência completa do Estado (não há delegacias, escolas, 
hospitais, creches etc.) cria uma sensação de anomia e insegurança, potencializando o 
surgimento de bandos armados, matadores de aluguel que se intitulam mantenedores 
da ordem. 
 O segundo dado característico é a existência de áreas de criminalidade segundo 
uma gradient tendency. Para Shecaira(2008, p. 167), “Uma cidade desenvolve-se, de 
acordo com a ideia central dos principais autores da teoria ecológica, segundo 
círculos concêntricos, por meio de um conjunto de zonas ou anéis a partir de uma área 
central. No mais central desses anéis estava o Loop, zona comercial com os seus 
grandes bancos, armazéns, lojas de departamento, a administração da cidade, 
fábricas, estações ferroviárias, etc. A segunda zona, chamada de zona de transição, 
situa-se exatamente entre zonas residenciais (3ª zona) e a anterior (1ª zona), que 
concentra o comércio e a indústria. Como zona intersticial, está sujeita à invasão do 
crescimento da zona anterior e, por isso, é objeto de degradação constante”. 
 Assim, a 2ª zona favorece a criação de guetos, a 3ª zona mostra-se como lugar 
de moradia de trabalhadores pobres e imigrantes, a 4ª zona destina-se aos conjuntos 
habitacionais da classe média e a 5ª zona compõe-se da mais alta camada social. 
Marina Cabral Sampaio Castro 
 
 
 As principais propostas da ecologia criminal visando o combate à 
criminalidade são: alteração efetiva da situação socioeconômica das crianças; amplos 
programas comunitários para tratamento e prevenção; planejamento estratégico por 
áreas definidas; programas comunitários de recreação e lazer, como ruas de esportes, 
escotismo, artesanato, excursões etc.; reurbanização dos bairros pobres, com melhoria 
da estética e do padrão das casas. 
 Registre-se que a principal contribuição da Escola de Chicago deu-se no campo 
da metodologia (estudos empíricos) e da política criminal, lembrando que a 
consequência direta foi o destaque à prevenção, reduzindo a repressão. 
 Todavia, não há prevenção criminal ou repressão que resolvam a questão 
criminal se não existirem ações afirmativas que incluam o indivíduo na sociedade. 
 
4.7 – ESCOLA DE CHIGACO 
 
Apostila de Criminologia – Estratégia Concursos 
 
4.7 Escola de Chicago 
 A Escola de Chicago inaugurou uma nova fase no estudo criminológico. A 
escola surgiu com a criação da Universidade de Chicago 1982. 
 Na medida em que esta ciência passou a dar espaço à microcriminalidade, 
passou-se a desenvolver teorias macrossociais do crime. Logo, aquele viés 
individualista outrora característico da Criminologia mudou com o advento dos estudos 
macrossociais. 
 
4.7.1 – Momento histórico 
 No período em que surgiu a Escola de Chicago, a cidade de Chigaco enfrentava 
uma superlotação da população, o que contribuiu, e muito, para o nascimento da Escola. 
Vale dizer que, naquele período, a cidade dobrava a população a cada cinco anos e isso 
implicava num crescimento desorganizado, ensejando, como consequência, para os 
estudiosos da época, certa influência na prática do crime. 
 
4.7.2 – Discurso / ideais / fundamentos da Escola de Chicago 
Marina Cabral Sampaio Castro 
 Bem, certo é que tomando por base o aspecto social da Escola Interacionista, a 
Escola de Chicago encara o fenômeno do crime com base na ecologia, ou seja, analisa 
a arquitetura da cidade como formadora do comportamento delinquente. 
 Delinquency areas 
 Considerada a obra fundamental para a compreensão da distribuição ecológica 
do crime da cidade de Chicago é Delinquency areas, de Clifford Shaw(1929). 
 É que, foi nessa obra que Shaw sistematizou dados oficiais concernentes à 
delinquência juvenil em Chicago por décadas. 
Seu objetivo inicial era observar os locais urbanos onde nascia a criminalidade ao 
longo dos anos, de modo a verificar se existiriam as chamadas áreas criminais 
(guetos). O primeiro passo foi a coleta de dados, agrupados de acordo com 
determinados períodos históricos ou conforme o estatuto jurídico daqueles que 
compunham as amostras coletadas, variando de pequenos delinquentes a criminosos 
adultos (Christiano Gonzaga, 2018. p55). 
 Foi com subsídio nesse contexto e aliado ao crescimento desordenado da cidade 
de Chicago que o estudo das áreas criminais se expandiu do centro para a periferia, 
numa espécie de movimento circular centrífugo. 
 Nesse sentido, observou-se que inúmeros e graves problemas sociais, 
econômicos e culturais criaram ambiente favorável à instalação da criminalidade, ainda 
mais pela ausência de mecanismos de controle social. 
Note que a base da teoria são 03 (três) círculos concêntricos, esse fenômeno também 
pode ser chamado de teoria das zonas concêntricas: 
 
Christiano Gonzaga39 nos explica que: 
 Primeiro círculo deles representa o centro cívico: Prefeitura, Polícia, Poder 
Judiciário, etc., com toda a proteção estatal tradicional, sendo zero a estatística 
de crimes. 
 O segundo círculo representa os subúrbios que, na visão norte-americana, seria 
o local em que as pessoas que trabalham no centro cívico residem. Nesse local, 
Marina Cabral Sampaio Castro 
o índice de criminalidade é diferente de zero, mas nada tão expressivo quanto 
o próximo círculo a ser analisado. Alguns pequenos delitos lá são praticados, 
como furtos, danos e outros de natureza patrimonial. 
 O último círculo existente constitui, na visão da Escola de Chicago, o grande 
problema social da criminalidade, consubstanciado nos famosos guetos 
(periferia ou favelas, na nomenclatura brasileira), em que a presença estatal é 
inexistente e, por esse motivo, os crimes são praticados de forma livre e sem 
repressão policial. Nos filmes de Hollywood são famosos os bairros conhecidos 
como guetos, como Bronx e Harlem (bairros pobres de NovaIorque), em que os 
crimes mais violentos são retratados por meio de homicídios, roubos, estupros, 
entre outros. Tudo isso por falta de preocupação social do Estado em tais 
regiões. 
 
 Inquéritos sociais – Social Surveys 
 A Escola de Chicago teve a criação dos chamados inquéritos sociais (social 
surveys), em que se pesquisou o fenômeno da criminalidade com base em enquetes 
sociais feitas de forma minuciosa nos grandes centros urbanos, de forma que os 
aplicadores de tais inquéritos conseguiram fazer o mapeamento da criminalidade, 
facilitando a compreensão do fenômeno e até mesmo intensificando a forma mais ágil 
de combater o crime e o criminoso. 
 Conforme ensina Jorge de Figueiredo Dias e Manuel da Costa Andrade, essa 
técnica pode ser conceituada no seguinte trecho de sua obra, in verbis: 
“Trata-se de inquéritos que utilizam um interrogatório direto feito, normalmente por 
uma equipe, a um número considerado suficiente de pessoas, sobre determinados itens 
considerados criminologicamente relevantes, sendo os resultados finais apresentados 
em forma de diagrama.” 
 Obviamente, não se pode combater qualquer tipo de crime sem um mapeamento 
de criminalidade. Por esta razão, o ideal é que, sempre que haja a necessidade de se 
estabelecer uma estratégia, esta deve ser feita segundo parâmetros determinados nesses 
tipos de inquéritos de larga abrangência, conhecidos como social surveys.

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