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TCC Melancolia no Pós Parto

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 
Instituto de Ciências Humanas– ICH 
Curso de Psicologia 
 
CLEMILSON ADRIANO JERONIMO - R.A: A81AJI-4 
CLEVER SONJA BARRA - R.A: B07EGC-9 
SARA BONATES RAMOS - R.A: B03428-9 
 
 
 
 
A MELANCOLIA NO PÓS-PARTO: 
 Um estudo de caso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA 
2015 
ii 
 
 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 
Instituto de Ciências Humanas– ICH 
Curso de Psicologia 
 
CLEMILSON ADRIANO JERONIMO - R.A: A81AJI-4 
CLEVER SONJA BARRA - R.A: B07EGC-9 
SARA BONATES RAMOS - R.A: B03428-9 
 
 
 
A MELANCOLIA NO PÓS-PARTO: 
 Um estudo de caso 
 
Projeto do trabalho de conclusão de curso 
apresentado a Universidade Paulista – Campus 
de Brasília – como requisito parcial para 
conclusão do bacharelado em psicologia. 
Orientadora: Prof. Drª Marcela Abreu Rodrigues 
 
 
 
 
BRASÍLIA 
2015 
iii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No luto, vimos a inibição e a ausência de interesse explicadas totalmente pelo 
trabalho do luto que absorve o Eu. Na melancolia, a perda desconhecida terá por 
consequência um trabalho interior semelhante, e por isso será responsável pela 
inibição que é própria da melancolia. Mas a inibição melancólica nos parece algo 
enigmático, pois não conseguimos ver o que tanto absorve o doente. O 
melancólico ainda nos apresenta uma coisa que falta no luto: um extraordinário 
rebaixamento da autoestima, um enorme empobrecimento do Eu. No luto, é o 
mundo que se torna pobre e vazio; na melancolia, é o próprio Eu. (FREUD, 
1917/2010, p. 176/177). 
 
4 
 
SUMÁRIO 
 
RESUMO...............................................................................................................................................05 
ABSTRACT...........................................................................................................................................06 
1- APRESENTAÇÃO.............................................................................................................07 
1.1 –INTRODUÇÃO.....................................................................................................08 
1.2 - JUSTIFICATIVA..................................................................................................11 
1.3 - OBJETIVO............................................................................................................12 
1.3.1 - Objetivo Geral...........................................................................................12 
1.3.2 - Objetivo Específico...................................................................................12 
 
2 – METODOLOGIA.............................................................................................................13 
 2.1 - Sujeitos...................................................................................................................13 
 2.2 - Critério de Inclusão..............................................................................................13 
 2.3 - Critério de Exclusão .............................................................................................13 
2.4 - Instrumentos..........................................................................................................13 
2.5 - Ambiente................................................................................................................13 
2.6 - Procedimento.........................................................................................................14 
2.7 – Análise de dados....................................................................................................14 
 
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................16 
3.1 - Aspectos do Sujeito.............................................................................................16 
3.2 - O Luto..................................................................................................................17 
3.3 - A Melancolia........................................................................................................19 
 3.4 - O Tratamento......................................................................................................21 
4 - CONCLUSÃO....................................................................................................................23 
5 - REFERÊNCIAS.................................................................................................................25 
6 - ANEXO ..............................................................................................................................26 
 6.1 – Anexo A...............................................................................................................26 
 6.2 – Anexo B...............................................................................................................28 
5 
 
RESUMO 
 
 
Os distúrbios psíquicos na mulher no pós-parto alcança um número significativo de mulheres 
em todo mundo, com destaque para o Baby Blues e a Depressão pós-parto. Suas 
consequências atingem não só a mãe, mas também o bebê e outros do círculo familiar. O 
problema é muitas vezes depreciado por profissionais da saúde e por gestantes nos cuidados 
puerperais. A conscientização dessa realidade é o principal objetivo deste trabalho de forma 
que além dos envolvidos diretamente, também estudantes e pesquisadores da área vejam que 
os distúrbios psíquicos na maternidade são uma possibilidade real que gera sofrimento e 
desgaste que poderiam ser minimizados por uma ação preventiva ou de pronto ajuda quando 
reconhecido rapidamente. Neste contexto, ressalta-se a importância de se distinguir o Baby 
Blues da Depressão Pós-parto, cujos sintomas muitas vezes se confundem não obstante as 
diferenças de gravidade e do cuidado e tratamento de ambos. A relação feita desses distúrbios 
com o Luto e a Melancolia conforme descrito por Freud em 1917 nos auxilia na medida que 
contribui para entender as diferenças entre esses diagnósticos. 
PALAVRAS CHAVES: Luto; Melancolia; Depressão; Pós Parto. 
 
6 
 
ABSTRACT 
 
 
 Psychic disturbs reach a huge number of women around the world on post childbirth period, 
especially Baby blues and depression. Their side effects reach not only the mother, but the 
babies and their family members as well. The problem is, many times, deprecated by health 
professionals and pregnant women on puerperal care. The aim of this paper is to provide 
awareness of this reality, in a way that beyond the direct involved, students and researchers 
see that psychic disturbs during maternity are real possibilities that can lead to suffering that 
can be avoided and minimized preventive actions. In this context, the importance of 
distinguishing Baby blues from post childbirth depression, whose symptoms are many times 
the same, is highlighted, nevertheless, the differences in the and treatment cares. The 
relationship between the disturbs with mourning and melancholy, as described by Freud in 
1917, helped us in a way that contributes to understand the differences between these 
diagnostics. 
KEY WORDS: Mourning; Melancholy; Depression; Post childbirth. 
 
7 
 
1 – APRESENTAÇÃO 
 
 Ao longo da história da humanidade, sempre existiam registros sobre o luto, já que 
a morte é um elemento que acompanha o homem desde sempre. Entretanto, a elaboração da 
perda ocorre de maneira distinta conforme a época, a cultura e os demais elementos que 
constituem a identidade de povos e comunidades. Freud (1917/2010) introduz o conceito de 
luto na sua obra quando discute o conceito de melancolia em sua reflexão sobre as sociedades 
primitivas ligadas aos tabus dos quais se organizavam. 
A maternidade é tratada quase sempre com um olhar poético, como uma ocasião de 
nascimento, evolução e alegria.Entretanto, nesse momento a vida de um novo ser vem 
paradoxalmente acompanhada por uma morte, com todas as implicações advindas desse fato. 
Segundo Stern (1997) a morte seria da imagem mental do bebê construída no psiquismo da 
mãe durante a gravidez. De acordo com Ferrari e Piccinini e Lopes (2007) nasce um bebê, 
mas também para a mãe morre alguém que ela estava acostumada a ser, desaparecem sonhos 
e fantasias dos quais gostava e nos quais projetava seu futuro. Shmidt e Cols (2005) informa 
que faz-se necessário considerar com atenção o luto produzido por esta realidade, para 
descobrir a melhor forma de acolhê-lo, de criar condições para que seu ciclo seja processado, 
diminuindo seus efeitos colaterais na mãe e, sobretudo a suas implicações no 
desenvolvimento do bebê. 
O objetivo do trabalho foi analisar a experiência de uma mãe com diagnóstico de 
depressão pós parto e relaciona-la com os conceitos de Luto e Melancolia, na perspectiva de 
Freud. Buscará na experiência a gênese dos três principais distúrbios mentais da mãe no pós 
parto: baby blues, a depressão pós parto e a psicose puerperal, identificando os elementos que 
estruturam os conceitos e a visão de Freud sobre o luto e a melancolia, conforme delineados 
em sua de 1917 “Luto e Melancolia”. 
8 
 
1.1– INTRODUÇÃO 
 
De acordo com Cantilino (2010) após o parto, a mulher necessita realizar o luto de 
situações presentes, como a expectativa de um filho imaginário e o luto por antigas 
experiências. Segundo o autor, essa mãe precisará lidar com mudanças fisiológicas que 
ocorrem em seu corpo e com alterações psicológicas e sociais. Nesse contexto, Alt & Benetti 
(2008) afirmam que é alta a probabilidade das mulheres apresentarem na fase puerperal um 
quadro clínico caracterizado por um difuso sentimento de vazio, profunda tristeza, fadiga, 
irritabilidade, alterações de concentração e do pensamento, podendo chegar até sentimentos e 
ideação suicida, resultando enormes prejuízos na relação mãe-bebê e para o convívio familiar. 
Segundo Freud (1917/2010), a função do trabalho do luto é a elaboração e assimilação 
psíquica da perda, liberando a relação com objeto perdido e abrindo a possibilidade de um 
substituto para algo que não mais existe. Nesse contexto pondera que no luto acontece uma 
inibição da atividade do eu, ocorrendo uma perda temporária da capacidade de adotar um 
novo objeto de amor. Assim, o individuo após um período curto de tempo consegue investir 
no mundo superando o luto daquele objeto. 
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V – 
APA, 2014) existe a distinção entre um Episódio Depressivo Maior e Luto, no qual (p.155) “o 
luto pode induzir grande sofrimento, mas não costuma provocar um episódio de transtorno 
depressivo maior”. Nesse último caso, há uma concordância com a definição descrito por 
Freud (1917) de que no processo chamado de luto, a variável foco é a perda real física de um 
ente querido ou de um objeto desejado. Entretanto, Freud (1917/2010) avança na sua 
definição apontando que o indivíduo entra em um estado de profunda tristeza pela perda do 
objeto imbuído da libido ou do desejo da pessoa, onde as suas expectativas, medos e 
possibilidades que haviam sido postas no outro são abruptamente interrompidos pela morte, o 
que obriga a pessoa enlutada a transferir essa carga emocional para diferentes aspectos de sua 
vida até que o processo de luto esteja concluído. 
A melancolia, por sua vez, de acordo com o DSM V (2014) tem como característica o 
Transtorno Depressivo Não Especificado onde como (p.185) critério A – “perda de prazer em 
todas ou quase todas as atividades”. De acordo Freud (1917/2010), o processo da melancolia 
ocorre de maneira diversa do luto. Nela o objeto perdido é o próprio pretexto da espécie de 
angústia vivida pelo sujeito que, ambivalente nos seus sentimentos, vive uma relação de 
violência e dubiedade com o objeto antes apenas desejado e amado. Tal ambivalência, como 
uma reação a perda, ocasiona um empobrecimento subjetivo do indivíduo. Identificado o 
9 
 
objeto perdido, o melancólico, diferentemente do enlutado mostra uma redução da autoestima. 
Como pontua Freud (1917/2010) “no luto, é o mundo do indivíduo que se torna pobre e vazio; 
na melancolia, é o próprio eu. O doente nos descreve seu Eu como indigno, incapaz e 
desprezível; recrimina e insulta a si mesmo”(p. 175/176). Assim sendo, de acordo com a 
psicanálise Freudiana, a melancolia se caracteriza pelo fato de que para sua ocorrência não se 
faz necessário a existência de uma perda física ou de uma morte real, mas sim de um objeto 
idealizado não necessariamente consciente. Como exemplo, tem-se a sensação de "perda" que 
a mulher sente quando dá a luz ao seu bebê e a necessidade de abandonar diversos aspectos da 
vida. Muitas vezes são quebrados com o nascimento do bebê os sonhos e fantasias, que 
existiam durante a gravidez ou mesmo antes, quando idealizava sobre ser mãe. Nesse cenário, 
Alt e Benetti (2008), afirmam que existem vários transtornos emocionais da mãe no pós parto, 
os quais apresentam características diversas quanto ao comportamento e ao estado emocional, 
com destaque para o baby blues, a depressão pós parto e a psicose puerperal. 
Muitas vezes depreciado e/ou sub diagnosticado, o baby blues, também chamado de 
disforia puerperal e/ou pré depressão pós parto, segundo Cantilino (2010), ocorre logo após o 
parto, quando muitas mulheres apresentam choro sem relação com sentimento de tristeza, 
ficando muito sensíveis principalmente à rejeição. De acordo com Alt e Benetti (2008), o 
baby blues corresponde ao período, nos primeiros dias após o parto, no qual ocorre o 
reconhecimento mútuo entre a mãe e o bebê. A mãe incorpora o fato de que o bebê é um ser 
separado, definindo o fim da gravidez psíquica. 
Para Cantilino (2010) a depressão pós parto aparece entre duas semanas e três meses 
após o parto, podendo ocorrer um quadro de humor deprimido, perda de prazer, de apetite, 
problemas com o sono, agitação, fadiga, sentimento de culpa e falta de concentração. Segundo 
Alt e Benetti (2008), a depressão pós parto ocorre após o baby blues quando os sentimentos 
depressivos continuam duas semanas após o parto. Segundo as autoras (2008) é uma 
manifestação psicopatológica importante por sua incidência, sendo que 10 a 15% das 
mulheres apresentam quadro depressivos dentro dos três primeiros meses após o nascimento 
do bebê, acompanhado por forte sentimento de incapacidade de cuidar do filho e dificuldades 
para se adequar à nova configuração familiar. 
Já a psicose no pós parto, de acordo com Cantilino (2010), é o transtorno mental mais 
grave que pode ocorrer no puerpério. Seu início pode ser rápido, ocorrendo já nos primeiros 
dias e até duas semanas do pós parto. Os primeiros sintomas são euforia, humor irritável, 
logórreia, agitação e insônia, os quais depois evoluem par delírios persecutórios, alucinações, 
desorientação, confusão mental, perplexidade e despersonalização. Alt e Benetti (2008) 
10 
 
caracterizam a psicose pós parto indicando que a mãe apresenta, além de depressão e delírios, 
pensamentos sobre ferir o bebê ou a si mesma, chegando, em alguns casos, a fantasias 
homicidas em relação ao bebê. Destacaram ainda que existe a probabilidade das mulheres que 
tiveram psicose puerperal apresentarem outras doenças psiquiátricas ao longo da vida. 
 Ressalta-se que, de acordo com Cantilino (2010), o total de mulheres que apresentam 
o baby blues fica entre 50 e 85%, entretanto como o quadro é leve e transitório não requer 
tratamento. A incidência da depressão pós parto é menor, gira em torno de 13%, mas as 
consequências na interação mãe-bebê que podem ocorrer como dificuldade na afetividade e 
nos cuidados direcionados a criança com prejuízo no desenvolvimento do bebê dentre outros 
aspectos implicam em necessidade de tratamento com profissionaiscapacitados. Do mesmo 
modo, a psicose pós parto, apesar de aparecerem em apenas 0,2% das puérperas, pela 
presença de sintomas psicóticos e de risco de suicido e infanticídio, requer cuidados especiais 
como a separação da mãe do bebê, podendo ser necessário, inclusive internação hospitalar. 
 
 
11 
 
1.2– JUSTIFICATIVA 
 
 Conforme Alt e Benetti (2008), as consequências da depressão no pós parto atingem 
tanto a mãe como a criança, impactando em diversas áreas do desenvolvimento e interferindo 
na relação entre a mãe-bebê; prejudicando o desenvolvimento neurológico, cognitivo, 
psicológico e socioemocional da criança. Dessa forma, se faz necessário o desenvolvimento 
de estratégias de prevenção dirigidas a gestantes bem como o acompanhamento das próprias 
mães em sua trajetória durante e depois da gestação, mobilizando assim, uma equipe de 
profissionais para que possam ter o cuidado e o conhecimento dessas fazes. 
 Diante deste cenário, faz-se necessário entender melhor o sofrimento psíquico na etapa 
puerperal, como uma questão atual e comum a vários contornos familiares, para 
instrumentalizar os estudantes, pesquisadores, familiares e profissionais da saúde que lidam 
com problema, a discussão aqui elencada visa minimizar as implicações da dor psíquica na 
vida de todos que diretamente ou indiretamente são afetados pelo quadro. 
 Por esses motivos, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise de 
um relato de caso amparada nos conceitos de luto e melancolia de Freud, considerando 
pesquisas mais recentes e obras cientificas disponíveis que tratem dos transtornos mentais no 
pós parto na perspectiva psicanalítica contribuindo dessa forma para reflexões e futuros 
estudos sobre o tema. 
 
12 
 
1.3 – OBJETIVOS 
1.3.1 – Objetivos Gerais 
Analisar a experiência de uma mãe com diagnóstico de depressão pós parto e 
relaciona-la com os conceitos de Luto e Melancolia, na perspectiva de Freud. 
1.3.2 – Objetivos Específicos 
 Verificar no relato da experiência elementos relacionados com a teoria sobre 
Luto e Melancolia descritos por Freud. 
 
 Relacionar os padrões de comportamentos da mãe com os padrões descritos no 
DSM V no que se refere à depressão pós parto. 
 
 A partir dos relatos da mãe, descrever diferenças entre baby blues, a depressão 
pó parto e a psicose puerperal. 
 
13 
 
2 – METODOLOGIA 
2.1 – Sujeito 
Uma mulher com diagnostico de depressão pós parto. 
2.2 – Critérios de Inclusão 
Mulher, com idade entre superior a 18 anos, alfabetizada (terceira série do ensino 
fundamental) com diagnóstico de depressão Poá parto (feito por um profissional da medicina) 
há mais de seis meses, que esteja em acompanhamento psicológico há mais de 06 meses e que 
assine o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE – (Anexo A) 
2.3 – Critérios de exclusão 
Mulheres sem o diagnóstico de depressão pós parto, que resida fora do Distrito Federal 
e que não assinem o TCLE. 
2.4 – Instrumentos 
A técnica de entrevista utilizada foi aberta e compõe o principal instrumento para 
coleta de dados. O objetivo dessa entrevista foi verificar a experiência da participante com o 
diagnóstico de depressão pós parto com a seguinte pergunta: Você recebeu o diagnóstico de 
depressão pós parto: você pode nos contar como você chegou a esses diagnóstico? Segundo 
Boni e Quaresma (2005) na entrevista aberta, o entrevistador introduz o tema e a entrevistada 
tem a liberdade para falar sobre o assunto, suas experiências emocionais, físicas e sociais 
relacionadas ao tema. Cabe aos entrevistadores pontuar questões específicas se necessário, 
para esclarecer trechos que colabore no entendimento e nos objetivos do trabalho. 
A entrevista aberta tem como característica apreender o discurso fornecido na pesquisa 
permitindo ao pesquisador e ao entrevistado levantar novas questões acerca do tema proposto. 
Dessa forma, cumprir com o objetivo da entrevista original e ao mesmo tempo esclarecer 
pontos de vistas e perspectivas não consideradas anteriormente pelo pesquisador. 
5.3 – Ambiente 
A entrevista foi realizada em local reservado, com condições adequadas de ventilação, 
iluminação e sigilo, que permitiu a entrevistada discorrer de forma espontânea e natural. 
14 
 
 
2.5 – Procedimentos 
Inicialmente, o projeto foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Psicologia 
(CEPPE – UNIP) sob o protocolo: BRASNMARCELA14 003b. Posteriormente foi feito o 
contato com profissionais que atuam na área de psicologia, psiquiatria e/ou ginecologia a fim 
de localizar uma participante que se adeque aos critérios da pesquisa. 
Após a indicação do profissional e a aceitação da participante, foi marcado o dia e 
horário para a entrevista. Inicialmente, apresentou-se à participante da pesquisa o Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Esse termo está de acordo com a resolução Nº 
016/2000, do Conselho Federal de Psicologia e a Resolução 466/2012, do Conselho Nacional 
de Saúde, que regulamentam as pesquisas com seres humanos no âmbito da Psicologia, 
conforme (Anexo A). Após a assinatura do mesmo, a entrevista foi iniciada. O relato teve 
duração de 60 minutos. A entrevista foi gravada e transcrita para análise e interpretação de 
dados. 
 
2.6 – Análise de Dados 
 
Roberto K. Yin (2005) faz uma reflexão sobre o estudo de caso como método de 
pesquisa, utilizando exemplos diversos e fazendo comparações com outros tipos de pesquisa. 
Um erro que se comente ao realizar estudos de caso é conceber a generalização 
estatística como método de generalizar os resultados do estudo. Isso ocorre porque 
os casos que você utiliza não são ‘unidades de amostragem’ e não devem ser 
escolhidos por essa razão. De preferência, os estudos de caso individual devem ser 
selecionados da mesma forma que um pesquisador de laboratório seleciona o 
assunto de um novo experimento. (YIN, 2005, p. 54). 
Dessa forma, é importante ter clareza que um caso de ser tratado em sua dimensão 
correta, estabelecendo limites, critérios e fundamentos lógicos. De acordo com Yin (2005, p. 
55) “Sob tais circunstâncias, o método de generalização analítica, no qual se utiliza uma teoria 
previamente desenvolvida como modelo com o qual se devem comparar os resultados 
empíricos do estudo de caso”. 
Uma característica básica do estudo deste caso é que trata de uma pesquisa empregada 
para estudo de um acontecimento que ocorreu em seu ambiente natural, onde o fenômeno 
15 
 
sucedeu sem a interferência de variáveis artificiais possibilitando a análise a partir de fatos 
reais o que dá confiabilidade no confronte entre os dados obtidos e a teoria de referência. 
O estudo do presente caso é por sua natureza uma estrutura pesquisa qualitativa, de 
acordo com Gibbs (2009) “esse tipo de pesquisa visa abordar o mundo ‘lá fora’ (e não em 
contextos especializados de pesquisa, como laboratórios) e entender, descrever e, as vezes, 
explicar os fenômenos sociais ‘de dentro’ de diversas maneiras diferentes” (p. 8). Neste 
sentido, esta pesquisa qualitativa é a que mais se adéqua a este trabalho. 
Sabe-se que existem limitações quanto a pesquisa qualitativa, podendo citar a omissão 
de informações, Gibbis destaca que (p. 9)“A pesquisa qualitativa leva a sério o contexto e os 
casos para entender a questão uma questão em estudo. Uma grande quantidade de pesquisa 
qualitativa se baseia em estudos de caso ou em series desses estudos, e, para entender o que 
está sendo estudado”. Ainda segundo o autor sobre os dados na pesquisa qualitativa (p. 16) 
“os dados proporcionam boas evidencias de sustentação – é grande desafio e requer boa 
organização e uma abordagem estruturada dos dados”. 
Por fim, Gibbis ressalta que nos dados qualitativos (p.17) “não incluem contagens e 
medidas, mas sim praticamente qualquer forma de comunicação humana – escrita, auditiva ou 
visual; por comportamento, simbolismos ou artefatos culturais”,sendo assim, os dados 
coletados neste trabalho foram sistematicamente colocados em tópicos e trabalhados sobre a 
perspectiva do texto de Freud luto e melancolia (1917) bem como na relação que estes 
conceitos tem com a depressão pós parto. 
 
 
16 
 
3 – RESULTADO E DISCUSSÃO 
3.1 - Aspectos do Sujeito 
Helena
1
 é uma mulher de 33 anos, nascida em Brasília, filha mais nova de um casal de 
classe média que tem mais um filho. Graduada em psicologia, casada, com três gestações e 
dois filhos, sendo que recebeu o diagnóstico de depressão pós-parto no nascimento do terceiro 
filho. Os pais são de nível superior. Helena sempre foi uma menina muito ativa, estudou em 
bons colégios, teve a infância e adolescência marcadas pelo intenso cuidado da mãe e também 
pelas expectativas impostas pela mesma. 
A mãe é uma pessoa de “personalidade forte” que gosta de manter o controle nas 
situações, adotando sempre a postura de “super mãe”. O seu relacionamento com a filha foi 
sempre forte, dominador e extremamente atento. Segundo Helena, seu pai tem uma 
“personalidade tranquila”, e seu relacionamento com a filha foi sempre amoroso. Ainda na 
adolescência, com 16 anos, Helena ficou grávida do primeiro filho. A mãe de Helena tomou 
para si parte das responsabilidades e obrigações da maternidade da filha, de modo que Helena 
não teve a necessidade de “pular etapas” de forma brusca no seu processo de maturação; 
continuou sendo a jovem que gostava de festas, amigos e teve o suporte da mãe em grande 
parte dos encargos com o filho. 
O relacionamento com o pai de seu filho lhe era uma preocupação com respeito às 
expectativas adolescentes pós-maternidade, o que o mesmo sentiria a seu respeito após G
2
 
nascer? Hoje relata que este relacionamento não perdurou, porém a relação com o pai de G é 
“muito boa” e o enaltece como figura paterna. Durante os períodos iniciais G apresentou um 
problema cardíaco o que segundo Helena gerou “muita tensão”. 
Já na vida adulta, casou-se com 27 anos com o atual marido e depois de 04 anos de 
casada, planejaram uma nova gestação. De acordo com Helena: “E, detalhe, no meu primeiro 
filho ele teve um...um problema cardíaco, né, o G teve um problema cardíaco muito sério. E 
isso gerou muita tensão, muito nervosismo, então, assim, a palavra gravidez, a palavra filho, 
pra mim é uma coisa que é motivo de tensão”. No sexto mês de gravidez Helena “perdeu este 
bebê”, o que causou um grande impacto na vida do casal e da família como um todo. Na 
palavras de Helena: “Mas aí a segunda gravidez eu tive, foi uma gravidez complexa, eu perdi 
com 6 meses de gravidez, foi um sofrimento muito grande pra mim, e pra minha família...é, 
 
1
 Objeto de estudo. Identidade dos sujeitos preservada de acordo com código de ética. 
2
 Primeiro filho de Helena. Identidade dos sujeitos preservada de acordo com código de ética. 
 
17 
 
foi...nossa, acho que foi a pior coisa que aconteceu...na minha vida. Sabe ? Senti que foi uma 
das piores coisas que aconteceu na minha vida. E...assim, superei isso, não queria mais 
filhos, mas meu marido não é pai, não era pai na época e queria muito ter um filho, e aí 
passamos por...né, nos unimos, buscamos a religião, e decidimos engravidar de novo.” 
A terceira gestação de Helena, dois anos depois, começou com o “fantasma” da 
gestação anterior. O golpe da perda da criança criou aflições e medos que não estiveram 
presentes nos períodos anteriores. Com o auxílio de uma médica de sua estrita confiança 
passou o processo de gestação, com todos os cuidados necessários, uma combinação de 
idealizações somadas ao medo de uma nova interrupção da gravidez e de um “sonho”. De 
fato, a gravidez de M
3
 foi conturbada, pois Helena necessitou de cuidados especiais para 
prevenir complicações, como o uso de medicamentos e acompanhamento médico mais 
recorrente, o que naturalmente acarretou em um maior nível de ansiedade acerca de todo o 
processo gestacional. 
Helena relata que durante este processo tinha intenso medo da morte no parto. M então 
nasceu: saudável e sem complicações no parto. Segundo a entrevistada: “nada saiu fora do 
planejamento, o, o que aconteceu, é, como eu tive a perda anterior, né... com 6 meses de 
gravidez, que a gravidez do L
4
, segundo filho, foi uma gravidez muito desejada (ênfase), né... 
foi aquela coisa... a gente foi pros Estados Unidos, fizemos enxoval, e tudo, e eu perdi. E aí o 
medo de perder... o medo de, de, de... não ter, de não acontecer de novo, de sofrer, entendeu? 
Então foi uma gravidez estressante, foi uma gravidez, não foi uma gravidez boa, não... assim, 
foi tudo dentro dos conformes, não, foi horrível, foi horrível, eu não curti, a gravidez, porque 
era o tempo todo com medo, eu tinha um aparelhinho, que botava na barriga pra escutar o 
batimento cardíaco do neném, eu botava esse aparelhinho na barriga umas oito vezes ao 
dia.” (Helena). 
 
3.2 - O Luto 
 
Apesar do sucesso do processo de gestação e do parto, elementos imprevistos no 
comportamento de Helena não refletiam o estado de espírito de alguém que deveria estar 
aliviada por ter alcançado um objetivo tão aguardado depois de meses de tensão durante a 
gestação. De Acordo com Helena: “(...) mas eu comecei a me perceber um pouco irritada, 
mas não, tentava não... transparecer... tentava não me impor, e tudo, com medo de secar o 
 
3
 Filho da terceira gestação. Identidade dos sujeitos preservada de acordo com código de ética. 
4
 Segunda gestação. Identidade dos sujeitos preservada de acordo com código de ética. 
18 
 
leite, né... eu então eu tentava sempre ficar... numa boa, mas eu tava irritada, comecei a 
perceber uma certa irritabilidade. Comecei a não dormir, uma preocupação excessiva com o 
neném, e eu ficava botando - o dedo no nariz - dele para ver se ele estava respirando” 
O desconforto de Helena, comum às mães nos primeiros dias após o parto, poderia à 
primeira vista ser classificada com o “Baby Blues” que, segundo de Alt e Benetti (2008), “o 
Baby Blues corresponde ao período, nos primeiros dias após o parto, no qual ocorre o 
reconhecimento mútuo entre a mãe e o bebê. A mãe incorpora o fato de que o bebê é um ser 
separado, definindo o fim da gravidez psíquica”. 
O quadro se aproxima do luto tal como é visto pela psicanálise onde existe a perda de 
um objeto facilmente identificado e o mecanismo de superação ocorre de forma natural sendo 
preferível que não se interfira nesse processo. De acordo com Freud (1917/2010), pode-se 
imaginar que esse rompimento ocorra de modo tão lento e gradual que ao fim do trabalho, 
também o dispêndio que ele requeria foi dissipado. 
"Na superação do luto a cada uma das lembranças e expectativas que mostram a 
libido acoplada ao objeto perdido na realidade traz o veredicto de que o objeto não 
mais existe, e o eu, como que posto diante da questão de compartilhar ou não esse 
destino, e convencido, pela soma das satisfações do Eu em estar vivo, a romper seu 
vínculo com objeto eliminado". (Freud, 1917/2010, p. 171/172) 
 Ainda segundo Freud (1917/2010, p. 172) “confiamos em que será superado após 
certo tempo, e achamos que perturbá-lo é inapropriado, até mesmo prejudicial”, 
contraindicando tratamento específico para o problema. Contudo, Helena continuou a se 
irritar com tudo e com todos em volta. O cachorro de estimação virou um bicho inaceitável, a 
voz da sogra tornará se desagradável, o marido ficara inconveniente e as visitas tornaram-se 
inoportunas. A irritação veio acompanhada por desanimo, insônia e angustia profunda sem 
uma causa definida, neste contexto Helena afirma: “comecei a dar patada nos outros, 
comecei a ficar muito grossa, eu tenho um cachorro, e eu comecei a querer que esse cachorro 
fosse lá pra longe, que eu ia dar chute nesse cachorro, porque ele tava muito nervoso, muitoansioso...e aí eu comecei a cortar as pessoas, assim...aí eu comecei a ver aquela melancolia, 
né...um choro muito fácil, isso foi o que? (...) MI* tinha uma semana.” Desta forma, a 
continuação dos sintomas passaram a indicar a descaracterização dos distúrbios como Baby 
Blues. 
19 
 
3.3 A Melancolia 
 
O desconforto de Helena não diminuíram com o passar dos dias como deveria ser 
natural para alguém que encerrou um processo de gestação com final feliz, mas se estenderam 
por um período demasiadamente longo, como bem a entrevistada relata: "no dia em que o 
MI* completou 21 dias. Foi no dia que ele completou 21 dias porque eu lembro que na minha 
agenda tava escrito pra ele tomar vacina uma semana depois, e eu tinha ido no posto de 
saúde naquela manhã, pra ver que horário que... que era melhor pra eu levar o neném, e o 
posto de saúde é na minha quadra, entendeu? Então eu lembro que era 21 dias... (...) eu sab... 
eu não queria tomar banho, ta? Então tinha essa questão de eu não querer tomar banho, a 
minha mãe fa... tipo assim, eu, eu me sentia obrigada em ta feliz, com o neném, mas eu não 
tava (...) tipo assim... (respiração profunda) eu tava ‘ eu tenho que ta feliz, era tudo o que eu 
queria na minha vida, era esse bebê. Né... tipo eu, tudo o que eu desejei na minha vida, era 
esse neném, e eu não tô feliz ? (...) Eu não tava. E eu falava isso pro R
5
, que eu não...’R,- eu 
não tô feliz". 
À medida que se analisa os elementos colhidos no relato de Helena, podemos 
identificar o seu caso mais próximo da Melancolia na mesma medida que se distância do Luto 
como descrito por Freud; 
A melancolia se caracteriza, em termos psíquicos, por um abatimento doloroso, uma 
cessação do interesse pelo mundo exterior, perda da capacidade de amar, inibição de 
toda atividade e diminuição da autoestima, que se expressa em recriminações e 
ofensas à própria pessoa e pode chegar a uma delirante expectativa de punição. 
(Freud, 1917/2010, p. 171/172) 
No contato com a médica ao ser recebido o diagnóstico de Depressão Pós-parto e 
indicação para terapia a entrevistada relata “Aí eu... fiquei meio resistente, tudo... eu falei ‘-
não, me passa um remedinho aí...e tal...’ ela falou assim –‘não, não vou passar remédio’, 
mas eu... ‘-você tá com diagnóstico, você tem depressão. Você está entrando em depressão." 
A ida a um psicólogo foi a providência tomada para se entender o que estava ocorrendo. A 
médica não demonstrou nenhuma dúvida quando a precisão do seu diagnóstico. 
Helena, estava vivendo um problema que acontece com 13% das parturientes no 
mundo todo segundo Cantilino (2010). A depressão está descrita no Manual Diagnóstico e 
Estatístico de Transtornos Mentais e relacionado aos termos luto e melancolia. No DSM V 
discute-se sobre depressão e faz ressalvas quanto ao luto e melancolia os quais estão citados 
 
5
 Marido de Helena. Identidade dos sujeitos preservada de acordo com código de ética. 
20 
 
como características nos diagnósticos de Episodio de Depressão Maior e Transtorno 
Depressivo não Especificado. Segundo DSM V (2014, p. 161) “ao diferenciar luto de um 
episódio depressivo maior (EDM), é útil considerar que, no luto, o afeto predominante inclui 
sentimento de vazio e perda, enquanto no EDM há humor deprimido persistente e 
incapacidade de antecipar felicidade ou prazer”. A depressão com características 
melancólicas segundo DSM V (2014, p. 185) “existe uma ausência quase total da capacidade 
para o prazer, não meramente uma diminuição” o que seria um dos critérios para o 
diagnóstico de Transtorno Depressivo não especificado. 
De acordo com Freud (1917, p. 175) “achamos que é preciso manter a hipótese de tal 
perda, mas não podemos discernir claramente o que se perdeu, e é licito supor que tampouco 
o doente pode ver conscientemente o que se perdeu. Como o exemplo no relato de Helena: 
“Minha família materna tem casos de depressão” (...) “Depressão pós parto, assim, 
diagnosticada, não” a entrevistada relata sobre a mãe “ela teve esse diagnóstico por conta 
dos padrões de comportamento que eu tava apresentando, que eram... é, irritabilidade, 
insônia, é... é, é.... choro fácil, né? não queria... tomar banho, né? Então, falta de 
autocuidado... que mais... apatia em determinadas situações...”. 
A depressão com características melancólicas segundo DSM V (2014, p. 185) “existe 
uma ausência quase total da capacidade para o prazer, não meramente uma diminuição” o que 
seria um dos critérios para o diagnóstico de Transtorno Depressivo não especificado (311 
[F32.9]). 
 
21 
 
3.4 - O Tratamento 
Na melancolia segundo Freud (1917/2010) existe uma predisposição patológica, o que 
diferencia do luto, um processo caracterizado por um processo ‘normal’, o qual segundo o 
mesmo no luto “confiamos em que será superado após certo tempo, e achamos que perturbá-
lo é inapropriado, até mesmo prejudicial”. (p. 172) 
A ajuda do psicólogo tornou-se necessária e passou a ser o principal instrumento para 
Helena superar o problema que embora estivesse sido diagnosticado com precisão, a sua 
causa ainda eram um enigma. De acordo com Freud (1917/2010) na melancolia não 
descobrirmos exatamente o que se perdeu como no luto. No luto, nada é inconsciente na 
perda. Já na melancolia pode até ser identificado o objeto da perda, porém não se sabe o que 
do objeto se perdeu. 
Se os sintomas de Depressão não deixavam dúvidas quanto ao diagnóstico do 
problema, a identificação das causas, no entanto é bem mais complexa, mas no relato de 
Helena podemos encontrar algumas variáveis: de acordo com Helena: “...teve essa questão de 
não ter o controle da situação, que muita gente na minha casa, todo mundo pegando no 
neném, todo mundo fala uma coisa, dá pitaco, issoé um saco! Todo mundo fala uma coisa 
diferente, aí você acaba... não fazendo o que você quer, mas eu acho que o principal no meu 
caso, foi o fato, de que outra coisa, um serzinho ali controlou meu comportamento, ta 
controlando tudo na minha vida.” 
Na história de Helena, podemos observar que o elemento “controle” esteve presente na 
fala por várias vezes, como na sua relação com a mãe: “Que minha mãe sempre muito 
controladora... saber onde tava, igual eu sou com o G... (risos), ela era comigo, né... mas, ao 
mesmo tempo foi a pessoa que sempre me ajudou, sempre teve ali do meu lado... mesmo me 
criticando, ou mesmo sabendo... né... que, que, não foi legal, mas ela sempre teve do meu 
lado, então assim, isso... minha mãe sempre foi uma pessoa muito exigente. Cobrou demais 
da gente, demai.”. E também no pós-parto quando a entrevistada resume o trabalho da 
psicóloga “ela não trabalhou focado nisso com diagnóstico, ela trabalhou muito com a 
questão de controle” e na análise de Helena sobre o tratamento, “Controle de tudo... eu tenho 
visto isso na terapia, né? Eu não sabia disso antes não (risos), agora que eu tô vendo isso. 
Sabe? cara, cê ta igual a sua mãe..., tudo que eu criticava nela! Né...que é ter controle de 
tudo, a gente tem que se ver pelo menos 2 vezes na semana...e quer saber como ta, se ta 
precisando de dinheiro, se não ta precisando de dinheiro, se pagou isso, se pag...quer ter 
controle de tudo. Ela melhorou bastante.” . 
22 
 
E por fim o “controle” voltou na fala sobre a solução do distúrbio: “Fui começando a 
ficar melhor. E também a própria terapia foi me ajudando né... a ver que, que, é... eu comecei 
a deixar mais o neném com, com...a minha sogra, com a minha mãe...com, comecei a deixar 
com outras pessoas, não, não querer ter tanto controle, entendeu?” 
 
5.6.6 - Pós Depressão 
A entrevistada reconhece que o problema podia ter sido evitado e que a ajuda do 
psicólogo durante a gestação possivelmente teria uma ação preventiva. “Eu tinha que ter feito 
terapia, durante a gravidez, ou antes, ou no dia em que eu planejei ter esse menino eu tinha 
que ter começadoa fazer”. 
Helena, mesmo após ter equacionado o problema da Depressão Pós Parto, continua 
com a terapia e reconhece que nos cuidados durante a gestação faltou a o preparo psicológico, 
como se vê na fala: “a terapia em si tem me ajudado a ver que eu não sou super mulher, e 
que eu tenho que deixar os outros cuidarem dele, eu não deixava ninguém cuidar dele, tinha 
isso, só minha mãe”. Helena apresenta seu balanço da experiência ressaltando “(risos), mas 
eu tô começando a, mas eu admito que isso é uma coisa errada, que eu tenho que começar a 
aprender a lidar com frustrações, que eu não tenho controle de tudo, então eu tô... eu tô 
trabalhando isso muito bem. Sabe? Eu acho que eu melhorei bastante nisso. E aprendi a 
dizer não também (risos).” 
 
23 
 
4. CONCLUSÃO 
Helena é uma mulher instruída, bem informada e cuidou de todos os detalhes corporais 
da sua gestação, entretanto as questões psicológicas foram negligenciadas. Não obstante, a 
avó e a mãe do bebe serem profissionais com auto grau de instrução, e que o histórico de duas 
gestações com problemas, principalmente pela segunda gestação ter passado por um processo 
de perda e luta o que seria um indicativo de que a questão psíquica era um ponto sensível e 
merecia uma atenção especial. Tem-se como um fato destacado em estudos referenciados 
neste trabalho a elevada proporção de mães que passam pelo Baby Blues, pela Depressão Pós-
parto e com menor incidência a Psicose Puerperal não deixando dúvidas que este é um 
problema a ser considerado como um cuidado básico e necessário durante a gestação e 
também no pós parto. No relato de Helena há o reconhecimento que se a ida ao psicológico 
tivesse ocorrido antes do parto, o desgaste e o sofrimento com a Depressão pós-parto 
poderiam ter sido minimizados ou mesmo evitados. 
É objetivo deste trabalho a conscientização dos profissionais da saúde, pesquisadores e 
estudantes que a depressão pós-parto é uma possibilidade real que leve sofrimento e desgaste 
para a mãe e em consequência para o bebê, demais pessoas próximas e que pode ser evitado 
e/ou minimizado por uma ação preventiva ou de pronto ajuda quando reconhecido 
rapidamente. Em caso de não tratamento ou de um diagnóstico tardio pode deixar sequelas 
graves que vão desde a saúde dos envolvidos como nas relações afetivas e sociais dos 
envolvidos. 
Destaca-se ainda, a importância de se distinguir o Baby Blues da Depressão Pós-parto, 
cujos sintomas muitas vezes se confundem não obstante a diferença de gravidade e a 
diferença entre o cuidado e o tratamento de ambos. A correlação feita com o Luto e a 
Melancolia conforme descrito por Freud em 1917 nos ajuda na medida que contribui para 
entender as diferenças entre esses diagnósticos, pois apontam as diferenças na gênese do 
problema, bem como apontam as diferenças no cuidado e tratamento. No luto do mesmo 
modo que no Baby Blues, o sujeito tem um mecanismo "natural" para preencher o "vazio" 
deixado por uma perda "objetiva" de fácil identificação. Na Melancolia do mesmo modo que 
na Depressão Pós-Parto o sujeito precisa de ajuda porque "naturalmente" não tem como 
preencher uma perda "desconhecida" causada por "algo" que não se sabe exatamente o que é. 
Sempre há o risco de num estudo de caso ceder à tentação de generalização para toda 
população, Conclusões que poderiam ser específicas do sujeito analisado sendo com certeza, 
uma limitação deste trabalho, bem como as dificuldades naturais do sujeito de se colocar 
24 
 
pleno diante do entrevistador sem nenhum filtro nas suas informações muitas vezes de 
natureza intima e pessoal. Desta forma sugerimos mais pesquisas sobre o tema, com mais 
mães que passaram pelo problema ou que conseguiram evitar o sofrimento seja pela 
prevenção, seja pelo diagnóstico precoce que resultaram num tratamento rápido e eficaz. Faz-
se interessante acrescentar a sugestão de pesquisas longitudinais que trariam detalhes da 
evolução do distúrbio ao longo do tempo e ainda com mães com histórias e culturas diferentes 
que acrescentariam e enriqueceriam com dados e informações de grande auxilio para os 
profissionais de saúde na prevenção, no diagnóstico e no tratamento de questões que afeta 
tantos e esteve, está e estará presente na realidade de muitas famílias que vivem o sonho da 
natividade. 
 
25 
 
5 - REFERÊNCIAS 
ALT, Melissa dos Santos; BENETTI, Silvia Pereira da Cruz. Maternidade e depressão: 
impacto na trajetória de desenvolvimento. Psicologia em Estudo, v. 13, n. 2, p. 389-394, 
2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
73722008000200022 
BONI, V; QUARESMA, J. Aprendendo a Entrevistar: Como Fazer Entrevistas em 
Ciências Sociais. Revistados Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC Vol. 2 n° 1 
(3), p. 68-80, Janeiro/2005. Disponível em: 
https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/viewFile/18027/16976 
CANTILINO, Amaury et al. Transtornos psiquiátricos no pós-parto. Rev psiquiatr clín, v. 
37, n. 6, p. 288-94, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rpc/v37n6/a06v37n6.pdf 
FERRARI, A. G.; PICCININI, C. A.; LOPES, R. S. O bebê imaginado na gestação: 
aspectos teóricos e empíricos. Psicologia em estudo, v. 12, n. 2, p. 305-313, 2007. Disponível 
em: http://www.scielo.br/pdf/pe/v12n2/v12n2a11 
FREUD, S. (1856-1939) Observações Luto e Melancolia (1917 [1915]). In_____ Introdução 
ao Narcisismo, Ensaios de Metapsicologia e Outros Textos (1914-1916). Obras Completas, 
Vol. 12. Tradução e notas Paulo Cesar de Souza. 1ª ed. São Paulo. Companhia de Letras, 
2010. 
GIBBIS, G. Análise de Dados Qualitativos. In_____ Coleção de Pesquisa Qualitativa 
coordenada por Uwe Flick. Editora: Artmed. Porto Alegre, 2009. 
Manual diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais : DSM-5 / [American 
Psychiatric Association ; Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento ... et al.]. – 5.ed. – Porto 
Alegre: Artmed, 2014. 
SCHMIDT, E. B.; PICCOLOTO, N. M.; MÜLLER, M. Depressão pós-parto: fatores de 
risco e repercussões no desenvolvimento infantil. Psico USF, v. 10, n. 1, p. 61-8, 2005. 
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pusf/v10n1/v10n1a08.pdf 
STERN, Daniel N.; VERONESE, Maria Adriana Veríssimo. A constelação da maternidade: 
o panorama da psicoterapia pais/bebê. Artes Médicas, 1997. 
YIN, Robert K. Estudo de Caso-: Planejamento e Métodos. Bookman editora, 2015. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722008000200022
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http://www.scielo.br/pdf/rpc/v37n6/a06v37n6.pdf
http://www.scielo.br/pdf/pe/v12n2/v12n2a11
http://www.scielo.br/pdf/pusf/v10n1/v10n1a08.pdf
26 
 
6 - ANEXOS 
6.1 - Anexo – A 
 
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) 
Caro Participante: 
 Gostaríamos de convidá-lo a participar como voluntário da pesquisa intitulada “AS 
VIVÊNCIAS DO LUTO NO PÓS-PARTO”, que se refere a um projeto de pesquisa para 
trabalho de conclusão de curso dos participantes Clemilson Adriano Jerônimo, Clever Sonja 
Barra e Sara Bonates Ramos, os quais pertencem ao Curso de Psicologia – Formação de 
Psicólogoda Universidade Paulista - UNIP - Campus Brasília. 
 O objetivo deste estudo é analisar a experiência de uma mãe com diagnostico de 
depressão no pós-parto e relacionar com os conceitos de Luto e Melancolia, na perspectiva de 
Freud. Os resultados contribuirão para pesquisa de graduandos e psicólogos interessados na 
área de saúde. 
 Sua forma de participação consiste em responder a uma entrevista, que será gravada e 
transcrita para posterior análise. A entrevista será aberta e envolverá os temas relacionados a 
vivência do luto no pós-parto. 
Seu nome não será utilizado em qualquer fase da pesquisa, o que garante seu 
anonimato, e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários. 
 Não será cobrado nada, não haverá gastos e não estão previstos ressarcimentos ouindenizações. 
 Considerando que toda pesquisa oferece algum tipo de risco, nesta pesquisa o risco 
pode ser avaliado como ínfimo. 
 Gostaríamos de deixar claro que sua participação é voluntária e que poderá recusar-se 
a participar ou retirar o seu consentimento, ou ainda descontinuar sua participação se assim o 
preferir, sem penalização alguma ou sem prejuízo ao seu cuidado. 
 Desde já, agradecemos sua atenção e participação e colocamo-nos à disposição para 
maiores informações. 
 Você ficará com uma cópia deste Termo e em caso de dúvida(s) e outros 
esclarecimentos sobre esta pesquisa você poderá entrar em contato com o pesquisador 
principal: Marcela Abreu Rodrigues (marcelabreu81@gmail.com) 
 
Eu ____________________________________________________________ (nome do 
participante e número de documento de identidade) confirmo que Clemilson Adriano 
Jerônimo, Clever Sonja Barra e Sara Bonates Ramos explicaram-me os objetivos desta 
pesquisa, bem como, a forma de participação. As alternativas para minha participação 
mailto:marcelabreu81@gmail.com
27 
 
também foram discutidas. Eu li e compreendi este Termo de Consentimento, portanto, eu 
concordo em dar meu consentimento para participar como voluntário desta pesquisa. 
 
 Local e data: Brasília DF, de de 2015. 
 
 
_____________________________ 
(Assinatura do sujeito da pesquisa ou representante legal) 
 
______________________________ 
(Assinatura da testemunha para casos de sujeitos analfabetos, semianalfabetos ou portadores 
de deficiências auditiva, visual ou motora). 
 
Eu,______________________________________________________________ 
 (nome do membro da equipe que apresentar o TCLE) 
 
obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido do sujeito da 
pesquisa ou representante legal para a participação na pesquisa. 
 
______________________________________________ 
(Assinatura do membro da equipe que apresentar o TCLE) 
 
____________________________________________ 
(Identificação e assinatura do pesquisador responsável) 
28 
 
6.2 – Anexo B 
 
 
 
29 
 
 
 
30

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