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BBuullllyyiinngg Módulo I Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas Sumário Introdução......................................................................................................................... 3 Unidade 1 – Abordagem Inicial........................................................................................ 5 1.1. O que é Bullying.................................................................................................... 6 1.2. Causas e origens do Bullying ................................................................................ 7 1.3. Consequências Psicológicas e Comportamentais .................................................. 8 1.4. Como identificar o Bullying................................................................................ 13 1.5. Os personagens do Bullying................................................................................ 15 1.6. Tipos de Agressão (física ou moral).................................................................... 23 1.7. Diferença entre o bullying praticado por meninos e meninas ............................. 25 Unidade 2 – Os dilemas e rumos da juventude contemporânea..................................... 27 2.1. A influência da educação na juventude contemporânea...................................... 28 2.2. Educação Antiga x Educação Atual .................................................................... 29 2.3. A influência da tecnologia................................................................................... 34 2.4. A influência das amizades ................................................................................... 37 2.5. Os perigos na juventude ...................................................................................... 39 2.6. A educação e o jovem do futuro.......................................................................... 42 Conclusão do Módulo I .................................................................................................. 50 3 ´ Introdução Provavelmente em sua fase escolar, você já tenha presenciado ou sido alvo de brincadeiras repletas de segundas intenções e de perversidade. Estas brincadeiras que podem ser consideradas verdadeiros atos de violência e ultrapassam os limites suportáveis de qualquer indivíduo são classificadas como Bullying. O bullying é um assunto que vem despertando cada vez mais interesse em profissionais da área da saúde e da educação. Este termo é de origem inglesa e foi utilizado para caracterizar comportamentos agressivos e antissociais, em estudos relacionados ao problema da violência escolar. No Brasil, o termo é definido como um conjunto de atividades repetitivas, adotadas por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Além de estar presente em todas as escolas mundiais, o bullying também pode ser encontrado dentro do contexto familiar e no ambiente de trabalho onde é caracterizado como mobbing. Muitas pessoas ainda encaram o bullying como brincadeira de criança, porém vale ressaltar que tal comportamento não deve ser considerado desta forma, uma vez que brincadeiras sadias são prazerosas para ambas as partes, fator não presente em comportamentos de bullying, pois apenas um lado se diverte enquanto o outro sofre. As pessoas precisam ser conscientizadas de que o bullying é um mal que deve ser combatido, pois traz consequências desastrosas, desde repetência e evasão escolar, até isolamento, depressão e em casos extremos suicídio e homicídio. 4 Por esta razão, nosso objetivo é trazer informações necessárias para que você saiba identificar este problema e seus efeitos, assim como os procedimentos que devem ser adotados para que este mal não seja mais tolerado pela sociedade. Bom estudo! 5 Unidade 1 – Abordagem Inicial Nesta unidade, você receberá informações sobre o Bullying – um termo ainda pouco conhecido pela maior parte da população, utilizado para caracterizar comportamentos agressivos no contexto escolar, praticados por meninos e meninas. Verá também as causas e origens deste comportamento, as consequências psicológicas, como identificar e quem são os personagens do Bullying, os tipos de agressão e a diferença da agressão praticada por gêneros. Bom estudo. 6 1.1 - O que é Bullying? O Bullying é uma situação que envolve atos, palavras ou comportamentos prejudiciais intencionais e repetitivos feitos por um ou mais alunos contra um ou outros. Este termo é de origem inglesa da palavra “bully” que significa “valentão” ou “brigão”, é utilizada para caracterizar comportamentos violentos dentro do contexto escolar tanto de meninos quanto de meninas. Geralmente as atitudes dos agressores contra as vítimas não apresentam motivações ou justificativas específicas, ou seja, acontecem como a lei da seleção natural, em que os mais fortes controlam os mais fracos, no caso do bullying, os agressores encaram as vítimas como objetos de diversão, fator que causa bastante sofrimento às mesmas. Vale ressaltar que por trás das ações de bullying sempre há um valentão que comanda a turma e proíbe qualquer atitude solidária em relação à vítima. Os agressores utilizam diversas estratégias a fim de impor suas vontades para que suas vítimas permaneçam em domínio total. Se analisarmos, em alguns momentos de nossas vidas, todos nós já fomos vítimas de bullying, os agressores podem ser encontrados nas escolas e em todos os segmentos da sociedade, como no contexto familiar, no ambiente de trabalho, no trânsito, no abuso de poderes, no uso indevido do dinheiro público, na negligência com os enfermos, no descaso das autoridades, no prazer em ver o outro sofrer. 7 Desta forma, o bullying pode ser utilizado para explicar todo tipo de comportamento cruel, proposital e sistemático dentro das relações sociais. 1.2 - Causas e origens do Bullying A vida em sociedade só existe devido às semelhanças e às diferenças entre os indivíduos. Todos nós temos uma personalidade que define nossos gostos, medos, desejos, aversões e também a forma como nos relacionamos com outras pessoas. Muitas vezes este relacionamento não ocorre de forma positiva, pois quando nos deparamos com diferenças, tentamos nos adequar à situação ou ainda, tentamos impor nossas condições, a fim de que a situação se adeque aos nossos padrões. Esta tentativa, na maioria das vezes, não ocorre de forma sadia. Por exemplo, o bullying corresponde a um comportamento prejudicial em relação à outra pessoa, conforme vimos anteriormente. Por não aceitar as diferenças, o agressor humilha sua vítima. A causa para este tipo de comportamento pode estar relacionada a fatores pessoais, familiares e escolares. Geralmente quando a causa é pessoal, o agressor se sente superior à vítima, ao notar que a mesma tem pouca capacidade de responder às agressões, assim que o agressor faz tudo o que está ao seu alcance para que sua vítima se sinta mal. Quando a causa está relaciona à família, podem se estabelecer diversos fatores, por exemplo, a ausência de um ou dos dois responsáveis (pai e mãe), ou a presença de um dos responsáveis violento, constantes brigas entre os mesmos, a situação socioeconômica, má organização do lar, ausência de afeto, entre outras situações que levam o agressora reproduzir o comportamento que 8 presencia em casa ou promove a agressão como uma maneira de expor sua carência, mostrando estar no controle de determinada situação ao transmitir à vítima tudo o que ele gostaria de fazer em seu ambiente familiar. O bullying no ambiente escolar pode estar relacionado aos modelos educacionais transmitidos pelos professores, na ausência de regras, limites, nos valores prezados pela instituição, na falta de vigilância e inspeção dos alunos. 1.3 - Consequências Psicológicas e Comportamentais As consequências para as vítimas de bullying são extremamente graves, muitas vezes as mesmas perdem o interesse pela escola, não conseguem se concentrar nas aulas, fator que promove a queda do rendimento escolar. Há também as consequências relacionadas à saúde em que as vítimas apresentam baixa resistência imunológica e baixa autoestima, stress, sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão e o suicídio, fatores que veremos detalhadamente no decorrer deste tópico. Em relação aos agressores, ocorre o distanciamento e a falta de adaptação aos objetivos escolares, a valorização da violência como forma de obtenção de poder, o desenvolvimento de condutas violentas, que o acompanharão à fase adulta. Já os espectadores, podem sentir-se inseguros, ansiosos, estressados e amedrontados, fatores que comprometem o processo socioeducacional. Abaixo você verá detalhes sobre as consequências relacionadas à saúde: Sintomas psicossomáticos São muito comuns, visto que podem ocorrer isoladamente durante um período de maior interesse ou coletivamente. Indivíduos com estes sintomas, geralmente sentem muitas dores nas costas, dores de cabeça, sudorese, calafrios, boca seca. Estes sintomas causam desconforto e atrapalham as atividades diárias do indivíduo. 9 Transtorno do Pânico Este transtorno é caracterizado por crises fortes de ansiedade ou medo. Geralmente, as crises de pânico provocam nas pessoas sensações de mal estar físico e mental. Trata-se de um grave problema de saúde pública que tem um curso crônico afetando uma parte significativa da população. O indivíduo é formado por uma enorme sensação de medo e ansiedade acompanhada de uma série de sintomas físicos, como aceleração da frequência cardíaca, sudorese nas mãos e nos pés, tremores, dificuldades de respirar, náusea, medo de morrer, de enlouquecer e perder o controle, calafrios e calores, e também o medo de ter medo. Atualmente o transtorno do pânico pode ser observados em crianças bem jovens (6 a 7 anos) muito em função de situações extremas de estresse ou bullying. Fobia Escolar É um transtorno de ansiedade em que a criança sente um medo exagerado de ir para a escola. Desta forma, inventa desculpas, porém quando estas já não são mais convincentes, a fobia se manifesta como mal estar, a criança apresenta alguns sintomas psicossomáticos e algumas reações do transtorno de pânico. Os pais devem ficar atentos, pois por meio deste transtorno, pode-se identificar o bullying. Na maioria das vezes, a Fobia Escolar ocorre devido às lembranças trágicas que a criança tem da escola. 10 Transtorno de Ansiedade Generalizada - TAG Este transtorno é caracterizado pela preocupação excessiva, desproporcional ou sem motivo. A maioria das vezes, esta ansiedade acompanha sintomas físicos que causam prejuízos sociais, no ambiente de trabalho e na família. Geralmente, as pessoas que sofrem de TAG são impacientes, vivem com pressa e quase sempre têm a impressão de que se esqueceram de fazer alguma coisa e que algo ruim pode acontecer a qualquer momento. É importante que seja tratada com urgência quando diagnosticada, pois os sintomas podem aumentar provocando transtornos mais graves. Depressão Quando se fala em depressão, muitas pessoas a associam a uma sensação de tristeza ou baixo astral, porém a depressão é muito mais que isso, pois se trata de uma doença que afeta o humor, os pensamentos, a saúde e o comportamento dos indivíduos. Os sintomas mais característicos de um indivíduo depressivo são: tristeza, ansiedade, insônia ou excesso de sono, perda ou aumento do apetite, cansaço, desânimo, ideias ou tentativas de suicídio. A depressão na criança e nos adolescentes é um pouco difícil de ser diagnosticada. Nas crianças porque, muitas vezes, elas não conseguem nomear seus sentimentos e nos adolescentes devido às constantes mudanças de hábitos e costumes. Sendo assim, não só os pais como os professores devem ficar atentos em relação ao comportamento dos jovens e das crianças, pois por trás da depressão, pode-se encontrar situações de bullying. 11 Anorexia e Bulimia Anorexia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado por um grande pavor de ganhar peso, muitas vezes, a pessoa anoréxica está no peso ideal, porém se submete a uma rígida dieta de restrição alimentar. Vale ressaltar que a anorexia é uma doença grave, que pode levar à morte por desnutrição, desidratação e outras complicações clínicas. Já a bulimia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado pela ingestão exagerada de alimentos seguida por um sentimento de culpa, faz uso de laxantes e provoca o vômito na tentativa de eliminar a comida presente no organismo. Geralmente estas doenças ocorrem entre mulheres jovens, por se encontrarem numa fase delicada do crescimento, em que a aceitação social, muitas vezes, está associada à imagem corporal. Transtorno Obsessivo – Compulsivo (TOC) É um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos obsessivos, geralmente ruins, causando muita ansiedade e sofrimento. Para evitar a ansiedade e os pensamentos, a pessoa portadora de TOC adota diversos comportamentos repetitivos, como lavar as mãos várias vezes com sabonetes diferentes por se sentir suja, ou ainda desenvolver manias de verificação, conferindo várias vezes se esqueceu algum equipamento ligado, se fechou as portas e as janelas, ou ainda a mesma mania de organização, organizar alguns objetos da mesma forma ou da mesma posição. O portador de TOC, muitas vezes, é tachado como louco ou esquisito, o que gera grandes constrangimentos. 12 É importante ressaltar que pressões psicológicas como o bullying, podem gerar um quadro de TOC ou intensificar o problema existente. Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) Este transtorno ocorre em pessoas que vivenciaram uma situação de trauma emocional muito forte, como mortes, acidentes, agressões, catástrofes naturais etc. Frequentemente a pessoa tem recordações da situação. O TEPT pode causar depressão, desânimo para realizar atividades prazerosas, frieza com pessoas queridas. Ultimamente este transtorno vem aumentando devido à violência, grande parte das vítimas são crianças envolvidas com bullying, quando sofreram agressões ou presenciaram cenas de extrema violência ou abusos sexuais. Os quadros que citaremos abaixo são menos frequentes em casos de bullying, porém é importante citá-los: Esquizofrenia Trata-se de uma desordem cerebral, popularmente conhecida como psicose ou loucura. A pessoa esquizofrênica rompe a barreira com a realidade e passa a viver em um mundo imaginário. Os esquizofrênicos escutam vozes, acreditam que os outros estão controlando seu pensamento e agem como se fossem perseguidos o tempo inteiro. Geralmente, este transtorno ocorre com pessoas que foram submetidas a uma forte pressão ambiental ou psicológica. Suicídio e homicídio Geralmente as vítimas não conseguem suportar a coação de outros indivíduos, entram em desespero e optam por estas atitudes extremas como solução para o término do sofrimento. 13 É importante destacar que os transtornos e os problemas citados anteriormente, apresentamtraços genéticos, ou seja, podem ser herdados dos pais ou parentes mais próximos, porém vale lembrar-se da grande influência do ambiente externo, onde as crianças e os jovens podem sofrer pressões, estresse prolongado e passar a desenvolver estes transtornos. 1.4. Como identificar o Bullying Para que o bullying possa ser identificado é importante conhecer as diversas formas que este comportamento se manifesta, podendo muitas vezes ocorrer de forma direta ou indireta. É raro a vítima receber apenas um tipo de mau-trato, geralmente os comportamentos desrespeitosos dos agressores costumam vir em bando. Por exemplo, os pais notam que seu filho chegou da escola com um arranhão no braço depois de brigar com um colega de classe. Em princípio, não devem encarar o ocorrido como um caso de bullying, visto que a convivência entre as crianças está relacionada aos conflitos, às vezes por causa de um brinquedo ou de uma brincadeira, entre outros, sendo assim, eles não devem interferir, pois as crianças precisam aprender a resolver seus conflitos e ter limites. No entanto, a vigilância deve ser constante, pois se os pais notarem que a criança chega em casa constantemente machucada, as roupas ou o material escolar danificados, ausência de apetite ou o comer exacerbado, desinteresse pela escola, isolamento, insônia, entre outros, é importante ficar alerta, pois a criança pode estar sofrendo bullying. Além dos pais, os professores, os coordenadores e a direção da escola devem ficar atentos para que este comportamento não aconteça dentro do ambiente escolar. O bullying pode se expressar das mais variadas formas, como as listadas abaixo: 14 Verbal - Insultar - Ofender - Xingar - Fazer gozações - Colocar apelidos pejorativos - Fazer piadas ofensivas Físico e material - Bater - Chutar - Espancar - Empurrar - Ferir - Beliscar - Roubar, furtar ou destruir os pertences da vítima - Atirar objetos contra as vítimas Psicológico e Moral - Irritar - Humilhar e ridicularizar - Excluir - Isolar - Ignorar, desprezar ou fazer pouco caso - Discriminar - Aterrorizar e ameaçar - Chantagear e intimidar 15 Sexual - Abusar - Violentar - Assediar - Insinuar Virtual O fácil acesso à tecnologia avançada permite uma interação entre os indivíduos, assim, surgem novas formas de bullying, utilizando celulares e internet com o objetivo de divulgar calúnias, vídeos com agressões, entre outras. Este bullying é conhecido como Ciberbullying que estudaremos detalhadamente no decorrer do nosso curso. 1.5. Os personagens do Bullying Provavelmente você já deve ter assistido a um filme, a uma peça de teatro, a uma novela ou até mesmo lido um livro, um jornal ou uma revista que continha cenas ou episódios trágicos. Estes episódios são compostos por um vilão que sempre luta para desmoralizar o mocinho. Geralmente, estas lutas entre os personagens são extremamente desgastantes, os espectadores se dividem entre os dois lados, uns se identificam mais com o vilão e outros com o mocinho, enquanto o confronto ocorre uns ajudam, outros apenas observam, o final é marcado com a vitória de um dos personagens. Assim como as novelas, os filmes, as peças de teatro, os livros, os jornais e as revistas, o bullying também é composto por personagens, porém diferentemente destes episódios de ficção em que nós somos espectadores inativos e não podemos interferir no combate, o bullying é um fator presente em nossa realidade e felizmente podemos lutar para mudar o rumo desta história, antes que seja tarde e o vilão acabe com os nossos mocinhos. 16 Os personagens do bullying escolar As vítimas O dicionário define vítima como: - Indivíduo contra quem se comete crime ou contravenção; No bullying podemos classificar as vítimas da seguinte forma: - Vítima típica As vítimas típicas são os alunos pouco sociáveis, tímidos ou reservados e que na maioria das vezes não conseguem reagir aos comportamentos agressores dirigidos a eles. Geralmente são mais frágeis fisicamente ou apresentam, alguma característica que os destaca da maioria dos alunos, por exemplo, são gordos demais, altos ou baixos demais, usam óculos, apresenta sardas ou manchas na pele, usam “roupas fora de moda”, são de raça, credo, condição socioeconômica ou orientação sexual diferente, ou possuem qualquer aspecto que fuja ao padrão estabelecido pelo grupo agressor. Por demonstrarem facilmente as suas inseguranças na forma de extrema sensibilidade, submissão, baixa autoestima, dificuldades em se expressar, se impor ao grupo acabam tornando-se alvos fáceis dos agressores. - Vítima provocadora As vítimas provocadoras são capazes de despertar em seus colegas reações agressivas contra si mesmas, porém não conseguem responder aos revides de forma satisfatória, geralmente, discutem ou brigam quando são atacadas ou insultadas. 17 Geralmente, estas vítimas são crianças ou adolescentes hiperativos, impulsivos e imaturos, que criam, sem intenção explícita, um ambiente tenso na escola, assim chamam a atenção dos agressores que cometem as agressões, mas permanecem impunes, uma vez que utilizam as vítimas provocadoras para escaparem da culpa. - Vítima agressora A vítima reproduz os maus tratos sofridos como forma de compensação, ela procura outra vítima mais frágil e vulnerável, assim comete todas as agressões sofridas. Vale ressaltar que a vítima agressora pode ser de ambos os sexos, desde muito cedo não respeita regras, é popular na escola, é agressiva com os colegas, professores, pais e normalmente, traz consigo um grupo de seguidores, pois com o apoio de outras pessoas, aumenta suas ações e sua busca por novas vítimas. O comportamento dos agressores está associado à falta de empatia, muitas vezes a falta de afetividade pode estar relacionada à forma com a qual estes jovens eram ou são tratados em seus lares, neste caso, pode-se observar logo cedo as manifestações de desrespeito, como maus-tratos a irmãos, colegas, empregados domésticos, funcionários da escola e animais. Os espectadores São aqueles que apenas observam as ações dos agressores contra as vítimas e não tomam nenhuma providência, não defendem o agredido, nem se juntam aos agressores. Os espectadores podem ser divididos em três grupos distintos: 18 - Espectadores passivos Os alunos assumem esta postura por medo absoluto de se tornarem a próxima vítima, eles não concordam com as atitudes dos agressores, porém não tomam qualquer atitude em defesa das vítimas, há ainda, aqueles que quando presenciam cenas de violência ou que trazem embaraços aos colegas, estão propensos a sofrer as consequências psíquicas, uma vez que suas estruturas psicológicas também são frágeis. - Espectadores ativos São aqueles que não participam ativamente dos ataques contra as vítimas, porém manifestam apoio moral aos agressores. Também é possível encontrar entre estes espectadores, os verdadeiros articuladores dos ataques, que na maioria das vezes são os que tramam toda a agressão e depois ficam apenas observando ou se divertindo com o sofrimento da vítima. - Espectadores neutros São aqueles que não conseguem se sensibilizar com as situações de bullying, devido estarem inseridos muitas vezes em lares desestruturados ou em comunidades onde a violência é comum. Vale ressaltar que grande parte dos espectadores omite quando presencia casos de bullying, porém é importante salientar que a omissão alimenta a impunidade e contribui para o crescimento da violência por parte de quem a prática. 19 Como identificar os personagens de bullying O psicólogo norueguês Dan Olweus (1978), da Universidade de Bergen,foi o primeiro a relacionar a palavra bullying ao fenômeno, pois ao pesquisar as tendências suicidas dos adolescentes, Olweus descobriu que a maioria destes jovens já havia sofrido algum tipo de ameaça ou humilhação. Sendo assim, escreveu sobre a importância da atenção dos pais e dos professores em relação ao comportamento das crianças e dos adolescentes, a fim de identificar o papel que cada um deles desempenharia em uma situação de bullying, uma vez que os personagens podem ser vítimas, espectadores ou agressores que apresentam comportamentos típicos, tanto na escola como em seus lares. Abaixo você verá algumas dicas para identificar os personagens de bullying extraídas do livro “Mentes perigosas nas escolas – Bullying” da autora Ana Beatriz Barbosa Silva. As vítimas No ambiente escolar � No recreio, encontram-se frequentemente isoladas do grupo ou perto de algum adulto que possa protegê-las: professor, inspetor, cantineiro etc. � Na sala de aula, apresentam postura retraída. Têm extrema dificuldade em perguntar algo ao professor ou emitir sua opinião para os demais alunos. Deixam explícitas suas inseguranças e ansiedades. � Apresentam faltas frequentes às aulas, com o intuito de fugir das situações de exposição, humilhação e/ou agressões psicológicas e físicas. � Mostram-se comumente tristes, deprimidas ou aflitas. . 20 � Nos jogos ou atividades em grupo, sempre são as últimas a serem escolhidas. � Aos poucos vão se desinteressando das atividades e tarefas escolares – isso também inclui perdas constantes de seus pertences, especialmente materiais didáticos. � Ocasionalmente, nos casos mais dramáticos, apresentam hematomas (contusões), arranhões, cortes, ferimentos, roupas rasgadas ou danificadas. No ambiente doméstico (em casa) � Frequentemente se queixam de dores de cabeça, enjoo, dor de estômago, tonturas, vômitos, perde de apetite, insônia. Estes sintomas são mais intensos no período que antecede o horário das vítimas entrarem na escola. � Mudanças frequentes e intensas de estado de humor. Podem apresentar explosões repentinas de irritação ou raiva. � Geralmente não têm amigos ou bem poucos, que preferem não frequentar sua casa ou compartilhar outras atividades livres. Essa situação fica evidenciada pela escassez de telefonemas, e-mail, torpedos, convites para festas, passeios, excursões, viagens com o grupo escolar. � Passam a gastar mais do que o habitual na cantina da escola ou em compras com o intuito de presentear os outros, tentativas de agradar para evitar perseguições. � Começam a apresentar diversas desculpas, inclusive sintomas de doenças físicas (que podem de fato existir), com o intuito de faltar às aulas. 21 � Apresentam-se irritadas, ansiosas, tristes ou deprimidas, sonolentas durante o dia e com ar de infelicidade permanente; além disso, podem apresentar um aumento ou uma redução acentuada do apetite. � Tornam-se descuidadas com tudo que esteja relacionado aos afazeres escolares. Os agressores No ambiente escolar � Começam com brincadeirinhas de mau gosto, que rapidamente evoluem para gozações, risos provocativos, hostis e desdenhosos. � Colocam apelidos pejorativos e ridicularizantes, com ar maldoso. � Insultam, difamam, ameaçam, constrangem e menosprezam alguns alunos. � Fazem ameaças diretas ou indiretas, dão ordens, dominam e subjugam seus pares. � Perturbam e intimidam, utilizando-se de empurrões, socos, pontapés, tapas, beliscões, puxada de cabelos ou de roupas. � Estão sempre se envolvendo, de forma direta ou velada, em desentendimentos e discussões entre alunos, ou entre alunos e professores. � Pegam materiais escolares, dinheiro, lanches e quaisquer pertences de outros estudantes, sem consentimento ou até mesmo sob coação. 22 No ambiente doméstico � Apresentam habitualmente atitudes hostis, desafiadoras e agressivas com relação aos pais, irmãos e empregados. Chegam a usar a tática de aterrorizá-los para mostrar autoridades sobre eles. � Não respeitam hierarquias, como a diferença de idade ou de força física entre seus familiares. � Mostram-se bastante hábeis em manipular as pessoas para se safar das confusões em que se envolveram. Mentem sem qualquer constrangimento e de forma convincente, quando questionados sobre suas atitudes hostis. � Muitos adotam maneiras arrogantes de se vestir e se portar, o que lhes confere superioridade perante familiares e colegas. Também é bastante comum voltarem para casa com as roupas amarrotadas, o que demonstra envolvimentos em brigas ou confrontos físicos. � Aparecem com objetos que não possuíam ou dinheiro extra, sem darem qualquer justificativa plausível para a origem dos mesmos. � Muitos bullies se portam em casa como se nada de errado estivesse acontecendo, além de contestarem todas as observações negativas que os pais recebem por parte da escola, dos irmãos ou dos empregados domésticos. Os espectadores Os espectadores não possuem um comportamento marcante, fator que dificulta a identificação dos mesmos. Muitos se mantêm calados, outros chegam a comentar sobre os casos que sabem ou presenciaram, porém quando são indagados, disfarçam e citam cenas de filmes, novelas, seriados, histórias, entre outros. 23 1.6. Tipos de Agressão (física ou moral) O dicionário define agressão como: Ato ou efeito de agredir, acometer, atacar, injuriar ou insultar. A agressividade é um potencial presente em todos nós, é extremamente importante para a vida inteira, afinal é por meio dela que temos energia para acordar cedo, ir à escola ou trabalho, passar o dia e estarmos dispostos à noite. Quando analisada por este ponto de vista, ou seja, educada para a autorrealização, é muito positiva, porém é prejudicial quando utilizada como mecanismo de defesa. Geralmente, a agressividade é utilizada como mecanismo de defesa, por indivíduos que se sentem acuados, impotentes, com dificuldades de se impor e expressar aquilo que sentem, de forma que o outro o entenda e respeite, podendo ser encarada também como impulsos vindos do instinto de sobrevivência. No entanto, o aumento de comportamento agressivo entre crianças e adolescentes é um fato que vem preocupando pais, professores e todos aqueles que lidam com os jovens de forma direta e indireta. As condutas agressivas têm se tornado um padrão frequente no comportamento das crianças e dos jovens e quando persistem com o tempo, podem agravar o problema na fase adulta. Contudo, as condutas dos pais podem influenciar o comportamento agressivo. Por exemplo, ao rejeitar a criança, deixando transparecer que ela não é amada e que ninguém se importa com ela, 24 ou ainda a falta de limites e pais permissivos demais. As escolas também podem contribuir para os comportamentos agressivos quando estimulam rivalidades e a competição que muitas vezes geram sentimentos de insegurança, ansiedade e dificuldades de integração com o grupo. Na adolescência o comportamento agressivo é mais comum, uma vez que neste período ocorre a busca pela identidade, ou seja, a fase das descobertas, paixões, emoções, inquietações, aventuras, entre outras. A agressividade é uma maneira que o jovem encontra para se impor dentro de sua família, no ciclo de amizades, e também na sociedade. O Bullying e a agressividade (Moral e Física) O bullying é um exemplo de agressividade negativa, uma vez que esta prática pode causar danos intensos, a agressão pode ser moral que impera o individualismo, a arrogância, o abuso de poder com a intenção de ofender, humilhar, constranger, excluir e discriminar. Vale ressaltar que a agressão moral causa danos irreparáveis à saúde da vítima de agressão, uma vez submetidaà humilhação, pode apresentar doenças originadas do estresse causadas pelo sentimento de extremo sofrimento, impotência e incapacidade diante do agressor. Pesquisas já comprovaram que o estresse pode levar o ser humano a um estado depressivo, de desequilíbrio emocional, transtornos ansiosos, que podem desencadear a origem de muitas doenças, como os transtornos que vimos anteriormente. Já a agressão física envolve chutes, beliscos, tapas, socos, entre outros, que dentro 25 do contexto escolar pode ser conhecida como bullying direto, em que o agressor estabelece um contato a fim de agredir a vítima. Ambas as agressões são graves e causam danos nocivos ao alvo de bullying. Por ter consequências imediatas e facilmente visíveis, a violência física muitas vezes é considerada mais grave que agressão moral. A agressividade deve ser canalizada de forma positiva para que não cause danos futuramente, por mais difícil que pareça, ainda podemos reverter esta situação a fim de almejar um futuro melhor, repleto de gentilezas, empatia, solidariedade e respeito dentro das relações humanas, por isto é importante exterminar a ignorância, a estupidez, a maldade, a apatia e o desrespeito de dentro dos lares, das escolas e do meio social. 1.7. Diferença entre o bullying praticado por meninos e meninas Os meninos e as meninas que se envolvem em comportamentos de bullying se sentem poderosos e no controle. Eles parecem obter satisfação quando conseguem causar a dor ou sofrimento em seus colegas, tanto física quanto emocionalmente, apresentam pouca ou nenhuma simpatia e empatia pelos outros, sempre se defendem quando são descobertos, colocando a culpa na vítima. Geralmente, o bullying praticado por meninos é mais agressivo e perceptível, visto que eles chutam, gritam, empurram e batem, totalmente diferente do universo feminino, em que o bullying se apresenta mais retraído, se manifestando por meio de fofocas, boatos, sussurros e exclusão. As garotas agem desta forma, devido ao padrão que lhes é imposto pela sociedade de que devem ser sempre dóceis, boazinhas e passivas, assim para demonstrar qualquer sentimento contrário, elas utilizam meios mais discretos, porém não menos prejudiciais. 26 Pesquisas apontam as meninas como maiores vítimas do bullying, visto que sofrem mais do que os meninos, além disso, os pesquisadores também verificam que aquelas que são alvos de bullying aos seis anos têm mais chances de continuar sendo agredidas aos dez, isto ocorre devido ao comportamento das mesmas que conversam e estabelecem quem são as “líderes” e quem serão as vítimas. Nesta fase, as crianças se separam, meninas andam com meninas e meninos andam com meninos. Sendo assim, os alvos femininos costumam ser outras colegas, diferentemente dos meninos que nesta fase estão mais voltados para brincadeiras motoras. Vale ressaltar que embora menos perceptível, o bullying feminino é tão destrutivo quanto o masculino, ou até mais, visto que a autoestima da vítima é arruinada sem que o problema seja discutido na escola ou em casa. 27 Unidade 2 – Os dilemas e rumos da juventude contemporânea Nesta unidade você verá a importância da educação na juventude contemporânea a fim de quebrar as barreiras predominantes do individualismo presentes em nossa sociedade. Verá também as influências da tecnologia, das amizades, da educação antiga na educação atual, dos perigos acerca da juventude e a contribuição dos pais e dos professores para que os jovens se tornem agentes sociais, capazes de identificar os aspectos positivos e negativos dentro do contexto social. Bom estudo. 28 2.1. A influência da educação na juventude contemporânea Vivemos em uma era em que o individualismo é predominante, porém vale ressaltar que quanto mais individualista a sociedade for em relação às crenças e aos valores, mais importante se torna resgatar e preservar a consciência coletiva presente nas sociedades pouco diferenciadas. Quanto mais o individualismo cresce, mais a consciência coletiva diminui e sem uma moral coletiva a sociedade não sobrevive. Dentro de um contexto social em que o individualismo possibilitado pela diferenciação social compete com a consciência coletiva própria a toda a vida social a educação assume um significado de educação moral em que os indivíduos devem ser preparados para agir em sociedade. Segundo o filósofo francês do século XIX Émile Durkheim, os pais não devem educar seus filhos como desejam, afinal existem costumes e regras que devem ser transmitidos no processo educacional, pois se os pais deixarem de educá-las mais tarde, a sociedade se vingará destas crianças, pois as mesmas não se tornarão adultos capazes de conviver em meio a outros adultos. É importante ressaltar que a cada período histórico existe um tipo adequado de educação a ser transmitida, pois ideias educacionais muito ultrapassadas ou muito a frente não são boas porque não permitem que o adolescente tenha uma vida normal e harmonizada com seus contemporâneos. 29 Visto que existem diversas abordagens sobre a juventude moderna, a educação deve ser apropriada segundo a realidade de cada indivíduo. Desta forma, no século XXI é mais do que urgente os pais, os educadores e a sociedade prepararem nossas crianças para a vida social, desenvolvendo a importância da solidariedade, o valor da paz, da tolerância e o respeito ao próximo, visto que vivemos em uma época em que a competitividade, o consumismo e a violência são predominantes dentro do contexto escolar, levando nossos jovens a praticarem ou serem vítimas de bullying. 2.2. Educação Antiga x Educação Atual O início da educação foi marcado por diversos períodos que contribuíram para a educação atual, sem analisar cada período é impossível entender os processos educacionais contemporâneos. Abaixo veremos os períodos históricos e como a educação ocorreu em cada um deles: Período Primitivo (8 a 10 mil anos atrás) – Nesta fase, a educação era voltada para a sobrevivência do grupo e o desenvolvimento da cultura. Não existiam escolas, as tarefas eram diferenciadas de acordo com o sexo, os meninos observavam e aprendiam a caçar, a manusear armas e a cultivar a terra, já as meninas observavam e aprendiam com as mães a cozinhar, tecer e cuidar das crianças. 30 Período Oriental (+/- 3000 anos a.C) – Esta fase é marcada pelo surgimento da escrita. Nas civilizações orientais, a educação era tradicional dividida em classes opondo cultura e o trabalho, também organizada em escolas fechadas e separadas para a nobreza. As preocupações com a educação apareceram nos livros sagrados que ofereciam regras, ideais de condutas e enquadramento das pessoas nos rígidos sistemas religiosos. Nesta época surgiu o dualismo escolar, em que havia um tipo de ensino para os filhos de nobres e outro para os filhos de funcionários, grande parte da comunidade foi excluída da escola e restringida à educação familiar. As escolas funcionavam como templos e algumas casas eram frequentadas por pouco mais de vinte alunos. A aprendizagem ocorria por meio de transcrição de hinos, livros sagrados, exortações morais e coerções físicas; ensinava-se também aritmética e sistema de cálculos, problemas de geometria, conhecimentos de botânica, zoologia, mineralogia e geografia. Período Grego (+/- no século V a. C. ) – Nesta fase, as crianças viviam a primeira infância em família, a educação era voltada para a formação integral do indivíduo, a escola ainda permanecia elitizada, atendendo aos jovens de famílias tradicionais da antiga nobreza ou dos comerciantes enriquecidos.A escola tinha mais formação esportiva, sendo assim, o ensino das letras e dos cálculos demorou a se difundir. Esparta e Atenas originaram dos ideais de educação, uma se baseou na Paideia que tinha como objetivo educar o indivíduo para que este se tornasse homem e cidadão e a educação para a outra, era voltada apenas para os homens livres que podiam se dedicar à oratória, filosofia, literatura, desprezando o trabalho manual e comercial. A educação ateniense também se destinava ao crescimento da personalidade e humanidade do jovem. 31 Período Romano (+/- no século III a. C.) – Nesta fase não existia a democratização, a educação tinha caráter prático, familiar e civil. O principal objetivo desta educação era formar os guerreiros romanos, enquanto a educação feminina assim como no período primitivo era voltada para a vida familiar. Com o passar do tempo, Roma organizou suas escolas de acordo com o modelo das escolas gregas. Em princípio estas escolas tinham como objetivo uma formação gramatical e retórica ligada à língua grega. Somente um século mais tarde, fundaram a história de retórica latina, com o reconhecimento total da literatura e cultura romana. As escolas funcionavam em locais alugados ou nas casas dos ricos, as crianças escreviam com estilete sobre tabulas de cera, passavam boa parte do tempo na escola onde eram submetidas às rígidas disciplinas do magister que não excluía as punições físicas. Nesta época também existiam escolas para os grupos inferiores, embora menos organizadas, eram voltadas para os ofícios e as práticas de aprendizado das diversas artes, desde a agricultura até o artesanato de luxo. Período Medieval (a partir do século X) – Nesta fase, a educação estava associada à religião, à fé e às instituições eclesiásticas, ou seja, educar significava estabelecer práticas e modelos que deveriam ser seguidos pelo povo. Foi neste período que a escola foi ampliada e se criou a estrutura presente nos dias atuais: um professor que ensina vários alunos dentro de uma sala. A educação religiosa deu origem a diversos tipos de escola, entre elas: Escolas paroquiais – A educação se limitava à formação de eclesiásticos e as aulas eram ministradas por qualquer sacerdote encarregado de uma paróquia. O ensino era reduzido aos salmos, às lições das Escrituras, segundo a educação cristã. 32 Escola Monástica – Inicialmente, esta educação era destinada aos monges, em regime de internato. Mais tarde, estas escolas se tornaram externatos a fim de formar leigos cultos (filhos dos Reis e os servidores também). O programa de ensino era voltado para a leitura, a escrita, o conhecimento da bíblia e só depois foi complementado com o latim, gramática, retórica e a dialética. Escolas Palatinas – Teve como fundador Carlos Magno, juntamente com sua corte e seu palácio. O ensino era voltado para a gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria, astronomia, e, mais tarde, a medicina. Escolas Catedrais – Se originaram a partir das Escolas Monásticas e eram mantidas por benefícios para a remuneração dos mestres. O ensino era fundamentado em elementos de cultura judaica, árabe e persa. Universidades – As universidades nasceram das escolas existentes. Supõe-se que a primeira tenha surgido na cidade italiana de Salerno. Nestas instituições, os mestres e discípulos se dedicavam a ensinar algum ramo do saber, como medicina, direito e teologia. Período do Renascimento (século XIV) – Neste período, o homem estava mais interessado pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela arte. A educação era voltada para a matemática, que influenciava diretamente os projetos artísticos, desenvolvendo novas técnicas de proporção e perspectiva. A pintura e a escultura renascentista que pretendiam se aproximar ao máximo da realidade. Período Moderno (século XV) – Nesta fase houve uma reorganização disciplinar da escola e do controle de ensino, por meio da elaboração de métodos de ensino dos jesuítas que fixavam um programa minucioso de estudo e de comportamento, o qual tinha o centro a disciplina, o internato e as “classes de idade”, além da graduação do ensino/aprendizagem. 33 A educação nos nossos dias Educar tem sido um assunto muito abordado nas últimas décadas. A necessidade de colocar limites é sempre muito questionada tanto pelos filhos quanto pelos pais. Muitas pessoas foram educadas com regras severas e diversas proibições, geralmente nestes casos a autoridade era misturada com o autoritarismo, exigindo da criança e do adolescente total submissão, uma criança boazinha era uma criança dentro das regras que jamais questionaria algo, pois a liberdade de expressão era considerada desrespeito aos mais velhos. Este tipo de educação ainda presente em nossa sociedade é uma herança dos nossos antepassados, em que o professor era visto como autoridade máxima e punia todos aqueles que desobedecessem as regras. Esse modelo de educação trouxe e ainda traz muitos problemas à sociedade, pois a criança reprimida de hoje se tornará o adulto inseguro de amanhã. Conforme vimos anteriormente, o filósofo Émile Durkheim defendia a educação como um processo de socialização em que a criança e o jovem seriam educados a fim de reconhecerem seus papéis como cidadãos dentro do meio social, porém com tantas mudanças sociais, culturais, econômicas e políticas, a educação se transformou em um processo um tanto quanto confuso. Diante de novos valores e novas referências, muitos pais e educadores se sentem completamente inseguros, pois tentam transmitir a mesma educação que receberam, mas por estarmos em épocas diferentes, este processo acaba não saindo conforme o esperado, resultando em professores autoritários, pais frustrados e crianças revoltadas e/ou inseguras. 34 Tanto os pais quanto os educadores precisam estar cientes de que não devem transmitir às crianças modelos de comportamentos ultrapassados que estiveram diretamente ligados a momentos sociais vivenciados por esses, visto que a maioria destes modelos não guarda mais qualquer relação com as experiências cotidianas atuais. Seguindo estes parâmetros, o professor deve utilizar seus conhecimentos e os métodos antigos a fim de construir juntamente com os alunos um modelo educativo que possibilite o uso da tecnologia e técnicas didáticas mais dinâmicas que proporcionem um aprendizado mais eficiente, o educador deve ter em mente que a verdadeira educação só ocorre quando existe uma troca de conhecimentos entre professor-aluno. Vale ressaltar: colocar limites é ensinar que existe frustração, apesar de desagradável, faz parte do mundo real. O limite nos ajuda a nos conhecer melhor, o respeito aumenta nossa consciência coletiva e a responsabilidade nos ensina que tudo tem o seu preço, pois sempre estamos em relação de troca, colhendo aquilo que plantamos. Contudo, vivemos em tempos difíceis, em que a violência e a agressividade infantojuvenil são crescentes e ameaçam a todos nós. Precisamos mudar nossa realidade e o papel dos pais, dos professores e da sociedade é auxiliar e conduzir as novas gerações na construção futura de uma humanidade mais atenta, mais justa e menos violenta. Só assim será possível promover um projeto educativo visando à tolerância, o respeito e o valor da paz. 2.3. A influência da tecnologia A tecnologia está cada vez mais presente na juventude moderna, seja como meio de comunicação, seja como forma de diversão ou suporte para os estudos. O sociólogo americano Donald Levine, na introdução de seu livro “Visões da tradição sociológica”, publicado no Brasil em 1997, se refere à vida cotidiana de hoje da seguinte forma: 35 “ cada vez mais, a experiência chega em pequenos fragmentos. Vídeos despejam imagens; telespectadorespulam de canal em canal. As sinfonias tornam-se temas empacotados. A arte se transforma em colagens de ingredientes. Turistas compram cópias de partes de monumentos. As teorias estéticas dissolvem textos em amontoados de frases e palavras. Os computadores calculam em bytes, os políticos em pequenas e sólidas mordidas. A comida vem em rações processadas em microondas, fornecida através de janelas em mostradores automatizados. Especialistas tratam pequenas partes de doenças localizadas em corpos- mentes como um todo... Os estudantes da geração MTV mostram uma capacidade notoriamente decrescente para acompanhar ou formular uma argumentação sistemática e evidenciam uma cegueira para a história que não é apenas ignorância do passado, mas a perda total de um senso de conexão histórica.(LEVINE:1997; p.19)” As brincadeiras consideradas do passado, como soltar pipa, jogar bola, brincar de bonecas, esconde-esconde, pular corda, entre outras, estão sendo substituídas pelo computador. Com o avanço tecnológico, os jovens quase não saem de casa e restringem suas diversões e atividades ao computador através das redes sociais, como Instagram, Twitter, Facebook etc., fator que prejudica a ortografia e a gramática de muitos jovens, pois o uso destas redes sociais gera diversos vícios na escrita, de modo que os estudantes deixam de escrever de acordo com a norma culta e passam a utilizar o internetês (simplificação ou abreviação da grafia e uso de símbolos que proporcionam maior liberdade da fala à escrita no mundo virtual). Além do computador, a era tecnológica 36 também trouxe o celular, o aparelho que deveria ser utilizado em casos de necessidade ou para que os pais e filhos pudessem ser localizados, hoje em dia se transformou em um modismo, em que as crianças e os adolescentes acompanham a tecnologia e adquirem determinado aparelho que detém diversos recursos disponíveis apenas para competir dentro do círculo de amizades, muitas vezes é notável que o uso do celular pelos jovens é uma condição para serem aceitos ou pertencerem a um determinado grupo ou sociedade. A mídia é a maior divulgadora da tecnologia, visto que oferece os mais variados tipos de produtos tornando a população cada vez mais consumista e competitiva. A rotina de muitas crianças e adolescentes mudou conforme citamos anteriormente. Grande parte do tempo de nossos jovens é destinado ao computador ou à televisão, ou seja, uma diversão extremamente sedentária, uma vez que não exige qualquer esforço físico para queimar as calorias resultantes de uma má alimentação, como biscoitos recheados, salgadinhos, lanches, batata-frita, sorvetes, refrigerantes, doces, entre outros alimentos que contribuem para o aumento da obesidade, fator muito presente nos jovens da nova era. Muitas crianças utilizam o computador para jogos eletrônicos, geralmente os jogos mais procurados são os agressivos que tenham armas, sangue, lutas, roubos etc. Os pais devem fiscalizar o uso do computador, garantindo que as crianças e os jovens o utilizem de forma sadia e não para promover a violência como o Ciberbullying – que estudaremos em unidades futuras. Além disso, os mesmos devem incentivar os filhos a praticar atividades físicas, a fim de criá-los com hábitos saudáveis e prevenindo quanto às consequências que uma vida sedentária pode causar. A tecnologia deve ser utilizada de forma que promova o bem estar social dentro do contexto escolar, mas para este fim é necessário que a escola mantenha os princípios universais que regem a busca do processo de humanização. 37 Atualmente, as novas tecnologias são consideradas ferramentas essenciais e indispensáveis para a educação, e assim ganham espaço efetivo dentro das salas de aula, vale ressaltar que se bem utilizadas, as tecnologias podem facilitar o aprendizado. No entanto, apesar de muitas escolas possuírem as novas tecnologias, as mesmas não são utilizadas como deveriam, pois muitas vezes permanecem trancadas em salas isoladas e longe do manuseio de alunos e professores, há outros casos em que o educador não sabe como utilizá-las dentro de sua disciplina, desta forma, a escola deve oferecer subsídios para que o professor aprenda a usá-las. Caso a instituição não disponibilize este recurso, o educador deve pesquisar e aprender por si próprio a utilizar os recursos tecnológicos. Conforme citado anteriormente, vivemos em uma era globalizada em que os avanços tecnológicos estão presentes transformando o nosso dia a dia, sendo assim, se quisermos nos sentir integrantes da sociedade e educar nossas crianças para que possam se tornar cidadãos conscientes dos seus papéis sociais, devemos estar atentos e assumir a responsabilidade de usar as novas tecnologias a fim de promover o bem estar social. 2.4. A influência das amizades “Diga-me com quem andas que direi quem és.” Com certeza você já deve ter escutado este ditado popular que faz referência ao círculo de amizades; afinal, por meio dos amigos e das companhias que escolhemos muito se pode dizer sobre nós. Isso acontece devido a grande parte de nossos valores, ideias, opiniões e atitudes serem influenciadas pelas pessoas que nos cercam e pelos grupos que fazemos parte. 38 Ao observar a juventude contemporânea, nota-se que o dia a dia dos jovens reflete a cultura da sociedade que estes fazem parte. Conforme abordado anteriormente, a sociedade passa por processos de mudanças a todo instante, desta forma, o comportamento egocêntrico, transgressivo e repleto de características infantis é reflexo do contexto social que estão inseridos, geralmente este tipo de comportamento é caracterizado por uma busca contínua e desenfreada de compensações e gratificações imediatas. Há ainda aqueles em que a adolescência se estende, incluindo pessoas entre 15 e 30 anos que apresentam mentalidade e comportamento de acordo com a idade, tal comportamento está relacionado a aspectos hedonistas, que visam o prazer individual e imediato, narcisistas e que se opõem ao universo adulto, em que obrigações, deveres e responsabilidades se harmonizam com os direitos individuais e coletivos. No entanto, quando se trata de relações interpessoais, a juventude atual apresenta aspectos que devem ser observados com mais atenção, por exemplo, o poder da influência dos amigos e dos grupos de amigos, fator que não era tão presente em gerações anteriores, representando um desafio para todos que estão envolvidos no processo de educação desses jovens. É importante que tanto os educadores quanto os pais estejam aptos para entender quais os motivos que levaram à formação destes grupos de amigos e também os caminhos que poderosamente influenciam a mente e o comportamento dos adolescentes. Vale ressaltar que cada grupo possui seus “rivais” que podem influenciar de forma positiva ou negativa toda a estrutura emocional. Sendo assim, é imprescindível ter flexibilidade e 39 humildade para compreender como funcionam os jovens, como pensam, que tipo de linguagem utilizam, como se vestem, as músicas que costumam ouvir e qual ideologia seguem, pois só assim, pode-se interferir na educação com objetivos nesta influência que rege o comportamento dos adolescentes. Outro fator a considerar, é a existência de outros rivais que disputam com pais e professores a liderança educacional, como a cultura televisiva, propaganda, internet, música, consumo, drogas, entre outros que possam expressar a cultura juvenil. Contudo, os pais, os professores e todos aqueles que tenham interesse na juventude atual devem entender e aceitar estes processos que influenciam o comportamento da juventude, provocando conflitos entre as gerações diferentes, pois negar este fato é como negar as verdades, é descartar as soluções possíveisaos desafios impostos pela vida. 2.5. Os perigos na juventude Pode-se afirmar que a adolescência é uma fase complexa e turbulenta, repleta de incertezas, inseguranças, mudanças de conceitos, físicas, mentais e muitas vezes sociais, além das cobranças familiares e do meio social. Em alguns momentos, a falta de um diálogo familiar e de apoio pode acarretar dificuldades neste período. O descobrimento do próprio corpo pode exemplificar a abertura para as relações no mundo, assim, a instabilidade nesta fase, é a maneira que os jovens encontram para tentar se adaptar ao fato de não serem mais crianças e nem adultos. Diante de um corpo em transformação, sentem a necessidade de construir uma nova identidade e afirmar seu lugar no mundo. Vale ressaltar que por trás de diversas 40 manifestações de rebeldia ou isolamento, há inúmeros processos psicológicos para organizar milhões de sensações e sentimentos, desta forma, a adolescência pode ser classificada como um renascimento marcado pelas vivências da infância. Nesta fase da puberdade, o adolescente tem a necessidade de buscar referências fora de casa para se formar como sujeito, valorizando cada vez mais os amigos, pois é por meio deles que o jovem exercita papéis sociais, se identifica com comportamentos e busca segurança para lutar contra a angústia da solidão bastante presente nesta fase. Por não conseguir separar os próprios desejos da reflexão sobre os mesmos, os jovens que ainda não têm experiências para controlar suas vontades, muitas vezes agem sem pensar e só refletem sobre o que fizeram depois do fato, isto ocorre por acreditarem que nada irá acontecer a eles. No entanto, tudo não passa de uma grande ilusão, pois esses fatores quando somados contribuem para o aumento dos casos de gravidez e o contágio por doenças sexualmente transmissíveis, o jovem deve ser alertado que todas as suas ações terão consequências. Em se tratando de relações sexuais, vale salientar que o prazer abrange ser responsável com o próprio corpo e com o do(a) parceiro(a). Outro fator importante a ser considerado é a rebeldia. Os adolescentes são rebeldes e quando não gostam ou são impedidos de fazer algo, eles rebatem, contestam e até gritam para defender suas opiniões se tornando agressivos. Conforme vimos anteriormente, a agressividade faz parte da juventude, uma fase de descobertas dos impulsos violentos, porém é importante que os pais e os professores estejam atentos, pois a agressão pode ultrapassar os atos de humilhar, xingar e partir para discussões e brigas, envolvendo a violência física. 41 A adolescência também é a fase em que a curiosidade é mais aguçada, o jovem tem a necessidade de saber, conhecer e experimentar tudo. Segundo um levantamento do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) feito com estudantes de escolas públicas com idade entre 10 e 18 anos, 65,2% dos entrevistados já experimentaram bebida alcoólica; outros 5,9% fumaram maconha e 15,5% usaram solventes de acetona a lança-perfume. Infelizmente, estes números revelam que as drogas fazem parte do mundo dos jovens e na maioria dos casos, eles têm acesso na escola e não se pode ignorar este fato, fingir que o assunto não existe, em casos assim é necessário saber como agir. Pesquisas recentes têm mostrado que simplesmente repreender não costuma gerar bons resultados. Os pais e os professores devem procurar entender a relação dos jovens com as drogas e por que o contato com essas substâncias se intensifica na adolescência, para a partir daí tomarem as providências necessárias, uma vez que esses ao saberem do envolvimento dos jovens com as drogas não consideram que tal comportamento pode ser por uso esporádico (experimentação que acontece uma ou poucas vezes); o abuso (uso ocasional, mas excessivo) e o vício (marcado pelo uso constante, porém é menos comum entre os jovens). A escola não deve fazer interferências baseadas apenas na criminalização, como palestras realizadas por agentes de segurança, pois geralmente estas têm pouca eficácia na redução do consumo. É necessário proporcionar aos jovens um ambiente em que estes possam expressar suas opiniões e não apenas receber restrições. Os pais precisam dar mais atenção a seus filhos, interessando-se por seus amigos, pelas atividades escolares, a fim de manter um diálogo aberto e de mostrar aos jovens que eles são capazes de encontrar opções que proporcionem prazer imediato e não ameacem suas vidas. 42 2.6. A educação e o jovem do futuro Vivemos em uma era em que o predomínio dos avanços tecnológicos funciona como objeto de sedução para os jovens. Podemos citar como exemplo, o computador que desde sua existência ainda não representa ganhos para os processos de aprendizagem no contexto escolar, a tecnologia usada de forma inadequada só contribui para o empobrecimento da mente dos nossos jovens. Antigamente a vida dos jovens era marcada pelos livros. O aluno aprendia a analisar o livro, os estudantes eram mais dispostos, por mais que a disciplina não fosse tão encantadora, se tornava um desafio prazeroso, pois os mesmos tinham vontade de aprender. Todavia, este contato com o livro foi se perdendo no decorrer dos anos, e hoje foi praticamente substituído pela internet, pois qualquer pesquisa que o professor peça aos seus alunos, os mesmos recorrerão a esse mecanismo, pesquisarão nas diversas páginas disponíveis, escolherão a que mais parecer interessante, ou seja, a que mais se adequar ao pedido do mestre e em seguida passarão pelo processo de copiar e colar. Despejarão todo o conteúdo em um documento próprio para o texto e depois imprimirão o trabalho. Com a internet não é necessário ler o que “escreveu”. A internet é apenas um exemplo dos efeitos que a tecnologia pode ter nas relações do processo de ensino. Vale ressaltar que este fenômeno da informatização do ensino é presente em todo o planeta como um reflexo do ambiente de comunicações instantâneas que oferece uma quantidade infindável de informatização. 43 Desta forma, muito se tem discutido a respeito dos planos de restringir ao máximo a tecnologia dos processos pedagógicos. No entanto, muitos pesquisadores defendem a utilização da internet desde que não seja usada como fim e não sirva apenas para motivar os alunos, mas sim, para desenvolver uma consciência crítica em relação aos meios tecnológicos. Outro fator que se deve estar atento é em relação ao consumo de drogas, visto que atualmente, este é um dos motivos principais que tem levado o jovem à destruição. A dependência química leva o mesmo a roubar, matar e também ao suicídio. O vício do jovem gera mais sofrimento para sua família, pois ameaça os laços de convivência. As diversas campanhas contra o uso de drogas e exibição na televisão por meio de filmes, novelas, seriados etc., a fim de mostrar o efeito devastador que elas têm, não são suficientes para erradicar este mal do mundo. Pesquisas mostram que cada vez mais os jovens dizem “sim” para o consumo de drogas, estes têm consciência de que as mesmas podem se tornar um problema sério, mas isto não é o suficiente para mantê-los distantes. Conforme vimos anteriormente, há diversos fatores que levam os jovens ao consumo de drogas, entre eles a curiosidade, o desejo de ser aceito e se integrar em algum grupo, timidez, ansiedade, insegurança, problemas familiares etc. Outro fator que ameaça o futuro do jovem está relacionado ao mercado de trabalho, uma vez que os avanços tecnológicos tendem a romper com os cargos de atividades repetitivas, burocráticas e com os empregos de níveis médios. Recentemente, uma pesquisa revelou que 18% dos jovens brasileiros desejam trabalhar e se formar em uma profissão. O tão sonhadosucesso profissional na carreira 44 ou apenas o desejo de ter a carteira assinada ocupam o segundo lugar dos maiores sonhos dos brasileiros entre 16 e 25 anos, com 15% das respostas. É importante salientar que tais aspirações podem gerar algumas dificuldades relacionadas ao dia a dia, uma vez que é necessário um planejamento para concretizar suas conquistas. Conforme abordado em tópicos anteriores, os jovens não costumam refletir da mesma forma que os adultos; sendo assim, eles são tomados pela ansiedade e quase sempre não conseguem dar atenção a nada, devido ao ritmo acelerado de suas vidas, tornando-se mais vulneráveis em relação à realidade. Os adolescentes têm acesso a uma gama grande de tecnologia da informação que, ao mesmo tempo em que traz benefícios, gera malefícios, pois ferramentas mais rápidas e mais portáteis à capacidade de ter interpretação não aumenta, fator que contribui para que os jovens não se tornem cidadãos críticos. Pode-se afirmar que a dificuldade de ingressar no mercado de trabalho está associada à má qualidade de ensino, uma vez que a educação não tem preparado nossos jovens para a ação social. Neste tópico abordamos alguns fatores principais presentes na sociedade atual e que tendem a crescer futuramente, o uso inadequado da internet, o consumo de drogas e a dificuldade de ingressar no mercado de trabalho. A educação é o único meio para resolver esta problemática. Claro que ela não acabará com as drogas, nem com os avanços tecnológicos e muito menos com a escassez de profissionais qualificados, mas treinará nossos jovens, a fim de que os mesmos aprendam a conviver e fazer as melhores escolhas diante destes aspectos. 45 Há muitos anos já se falava a respeito de uma educação libertadora que contribuísse para formar a consciência crítica e a estimular a participação do jovem nos processos culturais, sociais, políticos e econômicos. Segundo o educador e filósofo Paulo Freire, em seu livro “Conscientização: Teoria e Prática da Libertação”, a educação deve ser libertadora a fim de aproximar o indivíduo da sua realidade para que este possa a transformar em seu favor. Ensinar e aprender são aspectos fundamentais para a sobrevivência, pois indivíduos sem educação tornam-se inviáveis, além disso, contribuem com o processo de formação de membros adequados para desempenhar um papel dentro do contexto social, possibilitando a convivência pacífica entre os indivíduos. A educação ainda pode ser a chave para uma vida melhor, no entanto, para este fim talvez seja necessário haver uma mudança radical na sociedade, a fim de preparar o indivíduo para o mundo. Desta forma, os educadores precisam promover uma educação em que seus alunos tenham flexibilidade suficiente para atuar em sociedade, diante de um conhecimento intenso e em constante mudança, os professores teriam o papel de orientadores, oferecendo apoio especializado aos alunos, assim estes teriam independência para aprender sobre as questões da vida real, julgando o que é bom, o que é mau, o que podem e o que não podem fazer. É importante salientar que o processo educacional não depende apenas do professor, os pais são peças fundamentais, pois por meio do diálogo, amor e atenção podem contribuir para que a educação deixe de ser um processo de alienação em que o indivíduo aceita tudo o que lhe é imposto pelo meio social, para se tornar um indivíduo crítico; juntamente com professores, os pais podem transformar os jovens em agentes sociais capazes de identificar os aspectos positivos e negativos acerca da sociedade. 46 Disponibilizamos um teste extraído da revista “Veja edição especial – Jovens”, destinado aos pais a fim de que estes descubram se estão atentos em relação aos seus filhos: O que você sabe sobre seu filho? Muitas vezes os pais são os últimos a saberem dos problemas dos filhos. Confira se você conhece bem seu filho e se está em condições de perceber se ele precisa de ajuda. 1. Você conhece o melhor amigo de seu filho? ( ) sim ( ) não 2. Sabe qual é a coisa que ele mais teme? ( ) sim ( ) não 3. Conhece o seu programa de TV favorito? ( ) sim ( ) não 4. Sabe se ele gosta mais de matemática do que geografia? ( ) sim ( ) não 5. Saberia dizer qual a cor que ele gostaria de ter nas paredes do quarto? ( ) sim ( )não 6. Conhece qual é o herói de seu filho? ( ) sim ( ) não 47 7. Sabe se ele se sente querido pelos amigos na escola? ( ) sim ( ) não 8. Saberia dizer o que ele mais gostaria de fazer nas próximas férias? ( ) sim ( ) não 9. Sabe qual é o objeto pessoal a que ele dá mais valor? ( ) sim ( ) não 10. Saberia dizer qual a comida que ele mais gosta? E a que mais detesta? ( ) sim ( ) não 11. Sabe o que seu filho considera ser seu maior talento ou habilidade específica? ( ) sim ( ) não 12. Conhece qual é o aspecto ou detalhe da aparência de seu filho que ele menos gosta? ( ) sim ( ) não 13. Sabe o que ele deseja para si mesmo profissionalmente? ( ) sim ( ) não 14. Conhece qual dos afazeres ou tarefas domésticas ele menos aprecia? ( ) sim ( ) não 48 15. Sabe de qual acontecimento, momento ou ocasião familiar ele mais gosta? ( ) sim ( ) não 16. Conhece os apelidos que os outros adolescentes dão ao seu filho? ( ) sim ( ) não 17. Conhece os efeitos ou realizações de que seu filho mais se orgulha? ( ) sim ( ) não 18. Sabe qual a maior queixa ou reclamação que seu filho tem da família? ( ) sim ( ) não 19. Conhece seu estilo favorito de música? ( ) sim ( ) não 20. Sabe quais esportes ele tem mais prazer em praticar? ( ) sim ( ) não 21. Sabe qual seu estilo ou tipo de roupa favorito? ( ) sim ( ) não 22. Sabe o que seu filho gostaria de modificar nele mesmo? ( ) sim ( ) não 49 23. Saberia dizer qual a situação que o deixa mais embaraçado? ( ) sim ( ) não 24. Conhece a pessoa, fora do âmbito familiar, que mais influenciou ou tem influenciado seu filho? ( ) sim ( ) não Resultados Se você respondeu NÃO para: � Até 5 perguntas: você conversa bastante com o seu filho e o conhece bem. � Até 8 perguntas: você o conhece razoavelmente bem, mas pode conhecer melhor. � Mais de 8 perguntas: você precisa estar mais atento ao seu filho e passar mais tempo com ele. 50 Conclusão do Módulo I Parabéns por ter chegado até aqui! Esperamos que tenha compreendido o fenômeno bullying, as formas que este problema se manifesta, os tipos de agressão, como identificá-lo e os personagens; a importância da educação na juventude moderna, a influência da tecnologia, dos amigos; os perigos que cercam nossa juventude e como será a educação no futuro. No próximo módulo estudaremos as diferentes faces e ambientes do bullying, como combater este tipo de violência, você também aprenderá a montar uma aula e um projeto antibullying. Para dar continuidade ao seu curso, faça a avaliação referente ao Módulo I em seguida você terá acesso ao material do Módulo II. Boa sorte!
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