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Bullying: Causas, Consequências e Identificação

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BBuullllyyiinngg 
Módulo I 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
Introdução......................................................................................................................... 3 
Unidade 1 – Abordagem Inicial........................................................................................ 5 
1.1. O que é Bullying.................................................................................................... 6 
1.2. Causas e origens do Bullying ................................................................................ 7 
1.3. Consequências Psicológicas e Comportamentais .................................................. 8 
1.4. Como identificar o Bullying................................................................................ 13 
1.5. Os personagens do Bullying................................................................................ 15 
1.6. Tipos de Agressão (física ou moral).................................................................... 23 
1.7. Diferença entre o bullying praticado por meninos e meninas ............................. 25 
Unidade 2 – Os dilemas e rumos da juventude contemporânea..................................... 27 
2.1. A influência da educação na juventude contemporânea...................................... 28 
2.2. Educação Antiga x Educação Atual .................................................................... 29 
2.3. A influência da tecnologia................................................................................... 34 
2.4. A influência das amizades ................................................................................... 37 
2.5. Os perigos na juventude ...................................................................................... 39 
2.6. A educação e o jovem do futuro.......................................................................... 42 
Conclusão do Módulo I .................................................................................................. 50 
 
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´ 
Introdução 
 
Provavelmente em sua fase escolar, você já tenha 
presenciado ou sido alvo de brincadeiras repletas de 
segundas intenções e de perversidade. Estas brincadeiras 
que podem ser consideradas verdadeiros atos de 
violência e ultrapassam os limites suportáveis de 
qualquer indivíduo são classificadas como Bullying. 
 
O bullying é um assunto que vem despertando cada vez mais interesse em 
profissionais da área da saúde e da educação. 
 
Este termo é de origem inglesa e foi utilizado para caracterizar comportamentos 
agressivos e antissociais, em estudos relacionados ao problema da violência escolar. 
 
No Brasil, o termo é definido como um conjunto de atividades repetitivas, 
adotadas por um ou mais alunos contra outro(s), 
causando dor, angústia e sofrimento. 
 
Além de estar presente em todas as escolas 
mundiais, o bullying também pode ser encontrado 
dentro do contexto familiar e no ambiente de 
trabalho onde é caracterizado como mobbing. 
 
Muitas pessoas ainda encaram o bullying como brincadeira de criança, porém 
vale ressaltar que tal comportamento não deve ser considerado desta forma, uma vez 
que brincadeiras sadias são prazerosas para ambas as partes, fator não presente em 
comportamentos de bullying, pois apenas um lado se diverte enquanto o outro sofre. 
 
As pessoas precisam ser conscientizadas de que o bullying é um mal que deve 
ser combatido, pois traz consequências desastrosas, desde repetência e evasão escolar, 
até isolamento, depressão e em casos extremos suicídio e homicídio. 
 
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Por esta razão, nosso objetivo é trazer informações necessárias para que você 
saiba identificar este problema e seus efeitos, assim como os procedimentos que devem 
ser adotados para que este mal não seja mais tolerado pela sociedade. 
 
Bom estudo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Unidade 1 – Abordagem Inicial 
 
Nesta unidade, você receberá informações sobre o Bullying – um termo ainda 
pouco conhecido pela maior parte da população, utilizado para caracterizar 
comportamentos agressivos no contexto escolar, praticados por meninos e meninas. 
 
Verá também as causas e origens deste comportamento, as consequências 
psicológicas, como identificar e quem são os personagens do Bullying, os tipos de 
agressão e a diferença da agressão praticada por gêneros. 
 
Bom estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1.1 - O que é Bullying? 
 
 O Bullying é uma situação que envolve atos, 
palavras ou comportamentos prejudiciais intencionais e 
repetitivos feitos por um ou mais alunos contra um ou 
outros. 
 
 Este termo é de origem inglesa da palavra “bully” 
que significa “valentão” ou “brigão”, é utilizada para 
caracterizar comportamentos violentos dentro do 
contexto escolar tanto de meninos quanto de meninas. 
 
 Geralmente as atitudes dos agressores contra as vítimas não apresentam 
motivações ou justificativas específicas, ou seja, acontecem como a lei da seleção 
natural, em que os mais fortes controlam os mais fracos, no caso do bullying, os 
agressores encaram as vítimas como objetos de diversão, fator que causa bastante 
sofrimento às mesmas. 
 
Vale ressaltar que por trás das ações de bullying sempre há um valentão que 
comanda a turma e proíbe qualquer atitude solidária em relação à vítima. 
 
Os agressores utilizam diversas estratégias a fim de impor suas vontades para 
que suas vítimas permaneçam em domínio total. 
 
Se analisarmos, em alguns momentos de 
nossas vidas, todos nós já fomos vítimas de bullying, 
os agressores podem ser encontrados nas escolas e em 
todos os segmentos da sociedade, como no contexto 
familiar, no ambiente de trabalho, no trânsito, no 
abuso de poderes, no uso indevido do dinheiro 
público, na negligência com os enfermos, no descaso 
das autoridades, no prazer em ver o outro sofrer. 
 
 
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Desta forma, o bullying pode ser utilizado para explicar todo tipo de 
comportamento cruel, proposital e sistemático dentro das relações sociais. 
 
1.2 - Causas e origens do Bullying 
 
A vida em sociedade só existe devido às semelhanças e às diferenças entre os 
indivíduos. Todos nós temos uma personalidade que define nossos gostos, medos, 
desejos, aversões e também a forma como nos relacionamos com outras pessoas. 
 
Muitas vezes este relacionamento não ocorre de forma positiva, pois quando nos 
deparamos com diferenças, tentamos nos adequar à situação ou ainda, tentamos impor 
nossas condições, a fim de que a situação se adeque aos nossos padrões. 
 
Esta tentativa, na maioria das vezes, não ocorre de forma sadia. Por exemplo, o 
bullying corresponde a um comportamento prejudicial em relação à outra pessoa, 
conforme vimos anteriormente. Por não aceitar as diferenças, o agressor humilha sua 
vítima. 
 
A causa para este tipo de comportamento pode estar relacionada a fatores 
pessoais, familiares e escolares. 
 
Geralmente quando a causa é pessoal, o 
agressor se sente superior à vítima, ao notar que a 
mesma tem pouca capacidade de responder às 
agressões, assim que o agressor faz tudo o que 
está ao seu alcance para que sua vítima se sinta 
mal. 
 
Quando a causa está relaciona à família, 
podem se estabelecer diversos fatores, por exemplo, a ausência de um ou dos dois 
responsáveis (pai e mãe), ou a presença de um dos responsáveis violento, constantes 
brigas entre os mesmos, a situação socioeconômica, má organização do lar, ausência de 
afeto, entre outras situações que levam o agressora reproduzir o comportamento que 
 
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presencia em casa ou promove a agressão como uma maneira de expor sua carência, 
mostrando estar no controle de determinada situação ao transmitir à vítima tudo o que 
ele gostaria de fazer em seu ambiente familiar. 
 
O bullying no ambiente escolar pode estar relacionado aos modelos educacionais 
transmitidos pelos professores, na ausência de regras, limites, nos valores prezados pela 
instituição, na falta de vigilância e inspeção dos alunos. 
 
1.3 - Consequências Psicológicas e Comportamentais 
 
As consequências para as vítimas de bullying são extremamente graves, muitas 
vezes as mesmas perdem o interesse pela escola, não conseguem se concentrar nas 
aulas, fator que promove a queda do rendimento escolar. Há também as consequências 
relacionadas à saúde em que as vítimas apresentam baixa resistência imunológica e 
baixa autoestima, stress, sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a 
depressão e o suicídio, fatores que veremos detalhadamente no decorrer deste tópico. 
 
Em relação aos agressores, ocorre o distanciamento e a falta de adaptação aos 
objetivos escolares, a valorização da violência como forma de obtenção de poder, o 
desenvolvimento de condutas violentas, que o acompanharão à fase adulta. Já os 
espectadores, podem sentir-se inseguros, ansiosos, estressados e amedrontados, fatores 
que comprometem o processo socioeducacional. 
 
Abaixo você verá detalhes sobre as consequências relacionadas à saúde: 
 
Sintomas psicossomáticos 
 
São muito comuns, visto que podem ocorrer isoladamente durante um período 
de maior interesse ou coletivamente. Indivíduos com estes sintomas, geralmente sentem 
muitas dores nas costas, dores de cabeça, sudorese, calafrios, boca seca. Estes sintomas 
causam desconforto e atrapalham as atividades diárias do indivíduo. 
 
 
 
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Transtorno do Pânico 
 
Este transtorno é caracterizado por crises fortes de 
ansiedade ou medo. Geralmente, as crises de pânico 
provocam nas pessoas sensações de mal estar físico e 
mental. Trata-se de um grave problema de saúde pública que 
tem um curso crônico afetando uma parte significativa da 
população. 
 
O indivíduo é formado por uma enorme sensação de 
medo e ansiedade acompanhada de uma série de sintomas físicos, como aceleração da 
frequência cardíaca, sudorese nas mãos e nos pés, tremores, dificuldades de respirar, 
náusea, medo de morrer, de enlouquecer e perder o controle, calafrios e calores, e 
também o medo de ter medo. 
 
Atualmente o transtorno do pânico pode ser observados em crianças bem jovens 
(6 a 7 anos) muito em função de situações extremas de estresse ou bullying. 
 
Fobia Escolar 
 
É um transtorno de ansiedade em que a criança sente um medo exagerado de ir 
para a escola. Desta forma, inventa desculpas, porém quando estas já não são mais 
convincentes, a fobia se manifesta como mal estar, a criança apresenta alguns sintomas 
psicossomáticos e algumas reações do transtorno de pânico. 
 
Os pais devem ficar atentos, pois por meio deste transtorno, pode-se identificar o 
bullying. Na maioria das vezes, a Fobia Escolar ocorre devido às lembranças trágicas 
que a criança tem da escola. 
 
 
 
 
 
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Transtorno de Ansiedade Generalizada - TAG 
 
Este transtorno é caracterizado pela preocupação excessiva, desproporcional ou 
sem motivo. A maioria das vezes, esta ansiedade acompanha sintomas físicos que 
causam prejuízos sociais, no ambiente de trabalho e na família. 
 
Geralmente, as pessoas que sofrem de TAG são impacientes, vivem com pressa 
e quase sempre têm a impressão de que se esqueceram de fazer alguma coisa e que algo 
ruim pode acontecer a qualquer momento. É importante que seja tratada com urgência 
quando diagnosticada, pois os sintomas podem aumentar provocando transtornos mais 
graves. 
 
Depressão 
 
Quando se fala em depressão, muitas pessoas a 
associam a uma sensação de tristeza ou baixo astral, porém a 
depressão é muito mais que isso, pois se trata de uma doença 
que afeta o humor, os pensamentos, a saúde e o 
comportamento dos indivíduos. 
 
Os sintomas mais característicos de um indivíduo 
depressivo são: tristeza, ansiedade, insônia ou excesso de 
sono, perda ou aumento do apetite, cansaço, desânimo, ideias 
ou tentativas de suicídio. 
 
A depressão na criança e nos adolescentes é um pouco difícil de ser 
diagnosticada. Nas crianças porque, muitas vezes, elas não conseguem nomear seus 
sentimentos e nos adolescentes devido às constantes mudanças de hábitos e costumes. 
 
Sendo assim, não só os pais como os professores devem ficar atentos em relação 
ao comportamento dos jovens e das crianças, pois por trás da depressão, pode-se 
encontrar situações de bullying. 
 
 
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Anorexia e Bulimia 
 
Anorexia nervosa é um transtorno alimentar 
caracterizado por um grande pavor de ganhar peso, 
muitas vezes, a pessoa anoréxica está no peso ideal, 
porém se submete a uma rígida dieta de restrição 
alimentar. 
 
Vale ressaltar que a anorexia é uma doença grave, que pode levar à morte por 
desnutrição, desidratação e outras complicações clínicas. 
 
Já a bulimia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado pela ingestão 
exagerada de alimentos seguida por um sentimento de culpa, faz uso de laxantes e 
provoca o vômito na tentativa de eliminar a comida presente no organismo. 
 
Geralmente estas doenças ocorrem entre mulheres jovens, por se encontrarem 
numa fase delicada do crescimento, em que a aceitação social, muitas vezes, está 
associada à imagem corporal. 
 
Transtorno Obsessivo – Compulsivo (TOC) 
 
É um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos obsessivos, 
geralmente ruins, causando muita ansiedade e sofrimento. Para evitar a ansiedade e os 
pensamentos, a pessoa portadora de TOC adota diversos comportamentos repetitivos, 
como lavar as mãos várias vezes com sabonetes diferentes por se sentir suja, ou ainda 
desenvolver manias de verificação, conferindo várias vezes se esqueceu algum 
equipamento ligado, se fechou as portas e as janelas, ou ainda a mesma mania de 
organização, organizar alguns objetos da mesma forma ou da mesma posição. 
 
O portador de TOC, muitas vezes, é tachado como louco ou esquisito, o que gera 
grandes constrangimentos. 
 
 
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É importante ressaltar que pressões psicológicas como o bullying, podem gerar 
um quadro de TOC ou intensificar o problema existente. 
 
Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) 
 
Este transtorno ocorre em pessoas que vivenciaram uma situação de trauma 
emocional muito forte, como mortes, acidentes, agressões, catástrofes naturais etc. 
 
Frequentemente a pessoa tem recordações da situação. O TEPT pode causar 
depressão, desânimo para realizar atividades prazerosas, frieza com pessoas queridas. 
 
Ultimamente este transtorno vem aumentando devido à violência, grande parte 
das vítimas são crianças envolvidas com bullying, quando sofreram agressões ou 
presenciaram cenas de extrema violência ou abusos sexuais. Os quadros que citaremos 
abaixo são menos frequentes em casos de bullying, porém é importante citá-los: 
 
Esquizofrenia 
 
Trata-se de uma desordem cerebral, popularmente conhecida como psicose ou 
loucura. A pessoa esquizofrênica rompe a barreira com a realidade e passa a viver em 
um mundo imaginário. Os esquizofrênicos escutam vozes, acreditam que os outros estão 
controlando seu pensamento e agem como se fossem perseguidos o tempo inteiro. 
 
Geralmente, este transtorno ocorre com pessoas que foram submetidas a uma 
forte pressão ambiental ou psicológica. 
 
Suicídio e homicídio 
 
Geralmente as vítimas não conseguem suportar a 
coação de outros indivíduos, entram em desespero e optam 
por estas atitudes extremas como solução para o término 
do sofrimento. 
 
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É importante destacar que os transtornos e os problemas citados anteriormente, 
apresentamtraços genéticos, ou seja, podem ser herdados dos pais ou parentes mais 
próximos, porém vale lembrar-se da grande influência do ambiente externo, onde as 
crianças e os jovens podem sofrer pressões, estresse prolongado e passar a desenvolver 
estes transtornos. 
 
1.4. Como identificar o Bullying 
 
Para que o bullying possa ser identificado é importante conhecer as diversas 
formas que este comportamento se manifesta, podendo muitas vezes ocorrer de forma 
direta ou indireta. É raro a vítima receber apenas um tipo de mau-trato, geralmente os 
comportamentos desrespeitosos dos agressores costumam vir em bando. 
 
Por exemplo, os pais notam que seu filho chegou da escola com um arranhão no 
braço depois de brigar com um colega de 
classe. Em princípio, não devem encarar o 
ocorrido como um caso de bullying, visto que a 
convivência entre as crianças está relacionada 
aos conflitos, às vezes por causa de um 
brinquedo ou de uma brincadeira, entre outros, 
sendo assim, eles não devem interferir, pois as 
crianças precisam aprender a resolver seus conflitos e ter limites. 
 
No entanto, a vigilância deve ser constante, pois se os pais notarem que a criança 
chega em casa constantemente machucada, as roupas ou o material escolar danificados, 
ausência de apetite ou o comer exacerbado, desinteresse pela escola, isolamento, 
insônia, entre outros, é importante ficar alerta, pois a criança pode estar sofrendo 
bullying. 
 
Além dos pais, os professores, os coordenadores e a direção da escola devem 
ficar atentos para que este comportamento não aconteça dentro do ambiente escolar. O 
bullying pode se expressar das mais variadas formas, como as listadas abaixo: 
 
 
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Verbal 
 
- Insultar 
- Ofender 
- Xingar 
- Fazer gozações 
- Colocar apelidos pejorativos 
- Fazer piadas ofensivas 
 
Físico e material 
 
- Bater 
- Chutar 
- Espancar 
- Empurrar 
- Ferir 
- Beliscar 
- Roubar, furtar ou destruir os pertences da vítima 
- Atirar objetos contra as vítimas 
 
Psicológico e Moral 
 
- Irritar 
- Humilhar e ridicularizar 
- Excluir 
- Isolar 
- Ignorar, desprezar ou fazer pouco caso 
- Discriminar 
- Aterrorizar e ameaçar 
- Chantagear e intimidar 
 
 
 
 
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Sexual 
 
- Abusar 
- Violentar 
- Assediar 
- Insinuar 
 
Virtual 
 
O fácil acesso à tecnologia avançada permite uma interação entre os indivíduos, 
assim, surgem novas formas de bullying, utilizando celulares e internet com o objetivo 
de divulgar calúnias, vídeos com agressões, entre outras. Este bullying é conhecido 
como Ciberbullying que estudaremos detalhadamente no decorrer do nosso curso. 
 
1.5. Os personagens do Bullying 
 
Provavelmente você já deve ter assistido a um filme, a uma peça de teatro, a uma 
novela ou até mesmo lido um livro, um jornal ou uma revista que continha cenas ou 
episódios trágicos. Estes episódios são compostos por um vilão que sempre luta para 
desmoralizar o mocinho. 
 
Geralmente, estas lutas entre os personagens são extremamente desgastantes, os 
espectadores se dividem entre os dois lados, uns se identificam mais com o vilão e 
outros com o mocinho, enquanto o confronto ocorre uns ajudam, outros apenas 
observam, o final é marcado com a vitória de um dos personagens. 
 
Assim como as novelas, os filmes, as peças de teatro, os livros, os jornais e as 
revistas, o bullying também é composto por personagens, porém diferentemente destes 
episódios de ficção em que nós somos espectadores inativos e não podemos interferir no 
combate, o bullying é um fator presente em nossa realidade e felizmente podemos lutar 
para mudar o rumo desta história, antes que seja tarde e o vilão acabe com os nossos 
mocinhos. 
 
 
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Os personagens do bullying escolar 
 
As vítimas 
 
O dicionário define vítima como: 
- Indivíduo contra quem se comete crime ou contravenção; 
 
No bullying podemos classificar as vítimas da seguinte forma: 
 
- Vítima típica 
 
As vítimas típicas são os alunos pouco sociáveis, tímidos ou reservados e que na 
maioria das vezes não conseguem reagir aos 
comportamentos agressores dirigidos a eles. 
 
Geralmente são mais frágeis fisicamente ou 
apresentam, alguma característica que os destaca da 
maioria dos alunos, por exemplo, são gordos demais, 
altos ou baixos demais, usam óculos, apresenta sardas ou 
manchas na pele, usam “roupas fora de moda”, são de 
raça, credo, condição socioeconômica ou orientação 
sexual diferente, ou possuem qualquer aspecto que fuja ao 
padrão estabelecido pelo grupo agressor. 
 
Por demonstrarem facilmente as suas inseguranças na forma de extrema 
sensibilidade, submissão, baixa autoestima, dificuldades em se expressar, se impor ao 
grupo acabam tornando-se alvos fáceis dos agressores. 
 
- Vítima provocadora 
 
As vítimas provocadoras são capazes de despertar em seus colegas reações 
agressivas contra si mesmas, porém não conseguem responder aos revides de forma 
satisfatória, geralmente, discutem ou brigam quando são atacadas ou insultadas. 
 
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Geralmente, estas vítimas são crianças ou adolescentes hiperativos, impulsivos e 
imaturos, que criam, sem intenção explícita, um ambiente tenso na escola, assim 
chamam a atenção dos agressores que cometem as agressões, mas permanecem 
impunes, uma vez que utilizam as vítimas provocadoras para escaparem da culpa. 
 
- Vítima agressora 
 
A vítima reproduz os maus tratos sofridos como 
forma de compensação, ela procura outra vítima mais frágil 
e vulnerável, assim comete todas as agressões sofridas. 
 
Vale ressaltar que a vítima agressora pode ser de 
ambos os sexos, desde muito cedo não respeita regras, é 
popular na escola, é agressiva com os colegas, professores, 
pais e normalmente, traz consigo um grupo de seguidores, 
pois com o apoio de outras pessoas, aumenta suas ações e 
sua busca por novas vítimas. 
 
O comportamento dos agressores está associado à falta de empatia, muitas vezes 
a falta de afetividade pode estar relacionada à forma com a qual estes jovens eram ou 
são tratados em seus lares, neste caso, pode-se observar logo cedo as manifestações de 
desrespeito, como maus-tratos a irmãos, colegas, empregados domésticos, funcionários 
da escola e animais. 
 
 Os espectadores 
 
São aqueles que apenas observam as ações dos agressores contra as vítimas e 
não tomam nenhuma providência, não defendem o agredido, nem se juntam aos 
agressores. Os espectadores podem ser divididos em três grupos distintos: 
 
 
 
 
 
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- Espectadores passivos 
 
Os alunos assumem esta postura por medo 
absoluto de se tornarem a próxima vítima, eles não 
concordam com as atitudes dos agressores, porém 
não tomam qualquer atitude em defesa das vítimas, 
há ainda, aqueles que quando presenciam cenas de 
violência ou que trazem embaraços aos colegas, 
estão propensos a sofrer as consequências psíquicas, 
uma vez que suas estruturas psicológicas também 
são frágeis. 
 
- Espectadores ativos 
 
São aqueles que não participam ativamente dos ataques 
contra as vítimas, porém manifestam apoio moral aos 
agressores. Também é possível encontrar entre estes 
espectadores, os verdadeiros articuladores dos ataques, que na 
maioria das vezes são os que tramam toda a agressão e depois 
ficam apenas observando ou se divertindo com o sofrimento da 
vítima. 
 
- Espectadores neutros 
 
São aqueles que não conseguem se sensibilizar com as situações de bullying, 
devido estarem inseridos muitas vezes em lares desestruturados ou em comunidades 
onde a violência é comum. 
 
Vale ressaltar que grande parte dos espectadores omite quando presencia casos 
de bullying, porém é importante salientar que a omissão alimenta a impunidade e 
contribui para o crescimento da violência por parte de quem a prática. 
 
 
 
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Como identificar os personagens de bullying 
 
O psicólogo norueguês Dan Olweus (1978), da Universidade de Bergen,foi o 
primeiro a relacionar a palavra bullying ao fenômeno, pois ao pesquisar as tendências 
suicidas dos adolescentes, Olweus descobriu que a maioria destes jovens já havia 
sofrido algum tipo de ameaça ou humilhação. Sendo assim, escreveu sobre a 
importância da atenção dos pais e dos professores em relação ao comportamento das 
crianças e dos adolescentes, a fim de identificar o papel que cada um deles 
desempenharia em uma situação de bullying, uma vez que os personagens podem ser 
vítimas, espectadores ou agressores que apresentam comportamentos típicos, tanto na 
escola como em seus lares. 
 
Abaixo você verá algumas dicas para identificar os personagens de bullying 
extraídas do livro “Mentes perigosas nas escolas – Bullying” da autora Ana Beatriz 
Barbosa Silva. 
 
As vítimas 
 
No ambiente escolar 
 
� No recreio, encontram-se frequentemente isoladas do grupo ou perto de algum 
adulto que possa protegê-las: professor, inspetor, cantineiro etc. 
 
� Na sala de aula, apresentam postura retraída. Têm extrema dificuldade em 
perguntar algo ao professor ou emitir sua opinião para os demais alunos. Deixam 
explícitas suas inseguranças e ansiedades. 
 
� Apresentam faltas frequentes às aulas, com o intuito de fugir das situações de 
exposição, humilhação e/ou agressões psicológicas e físicas. 
 
� Mostram-se comumente tristes, deprimidas ou aflitas. 
. 
 
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� Nos jogos ou atividades em grupo, sempre são as últimas a serem escolhidas. 
 
� Aos poucos vão se desinteressando das atividades e tarefas escolares – isso 
também inclui perdas constantes de seus pertences, especialmente materiais 
didáticos. 
 
� Ocasionalmente, nos casos mais dramáticos, apresentam hematomas 
(contusões), arranhões, cortes, ferimentos, roupas rasgadas ou danificadas. 
 
 
No ambiente doméstico (em casa) 
 
� Frequentemente se queixam de dores de cabeça, enjoo, dor de estômago, 
tonturas, vômitos, perde de apetite, insônia. Estes sintomas são mais intensos no 
período que antecede o horário das vítimas entrarem na escola. 
 
� Mudanças frequentes e intensas de estado de humor. Podem apresentar 
explosões repentinas de irritação ou raiva. 
 
� Geralmente não têm amigos ou bem poucos, que preferem não frequentar sua 
casa ou compartilhar outras atividades livres. Essa situação fica evidenciada pela 
escassez de telefonemas, e-mail, torpedos, convites 
para festas, passeios, excursões, viagens com o 
grupo escolar. 
 
� Passam a gastar mais do que o habitual na 
cantina da escola ou em compras com o 
intuito de presentear os outros, tentativas de 
agradar para evitar perseguições. 
 
 
� Começam a apresentar diversas desculpas, inclusive sintomas de doenças físicas 
(que podem de fato existir), com o intuito de faltar às aulas. 
 
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� Apresentam-se irritadas, ansiosas, tristes ou deprimidas, sonolentas durante o dia 
e com ar de infelicidade permanente; além disso, podem apresentar um aumento 
ou uma redução acentuada do apetite. 
 
� Tornam-se descuidadas com tudo que esteja relacionado aos afazeres escolares. 
 
 
Os agressores 
 
No ambiente escolar 
 
� Começam com brincadeirinhas de mau gosto, que rapidamente evoluem para 
gozações, risos provocativos, hostis e desdenhosos. 
 
� Colocam apelidos pejorativos e ridicularizantes, com ar maldoso. 
 
� Insultam, difamam, ameaçam, constrangem e menosprezam alguns alunos. 
 
� Fazem ameaças diretas ou indiretas, dão ordens, dominam e subjugam seus 
pares. 
 
� Perturbam e intimidam, utilizando-se de empurrões, socos, pontapés, tapas, 
beliscões, puxada de cabelos ou de roupas. 
 
� Estão sempre se envolvendo, de forma direta ou velada, em desentendimentos e 
discussões entre alunos, ou entre alunos e professores. 
 
� Pegam materiais escolares, dinheiro, lanches e quaisquer pertences de outros 
estudantes, sem consentimento ou até mesmo sob coação. 
 
 
 
 
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No ambiente doméstico 
 
� Apresentam habitualmente atitudes hostis, desafiadoras e agressivas com relação 
aos pais, irmãos e empregados. Chegam a usar a tática de aterrorizá-los para 
mostrar autoridades sobre eles. 
 
� Não respeitam hierarquias, como a diferença de idade ou de força física entre 
seus familiares. 
 
� Mostram-se bastante hábeis em manipular as pessoas para se safar das confusões 
em que se envolveram. Mentem sem qualquer constrangimento e de forma 
convincente, quando questionados sobre suas atitudes hostis. 
 
� Muitos adotam maneiras arrogantes de se vestir e se portar, o que lhes confere 
superioridade perante familiares e colegas. Também é bastante comum voltarem 
para casa com as roupas amarrotadas, o que demonstra envolvimentos em brigas 
ou confrontos físicos. 
 
� Aparecem com objetos que não possuíam ou dinheiro extra, sem darem qualquer 
justificativa plausível para a origem dos mesmos. 
 
� Muitos bullies se portam em casa como se nada de errado estivesse acontecendo, 
além de contestarem todas as observações negativas que os pais recebem por 
parte da escola, dos irmãos ou dos empregados domésticos. 
 
Os espectadores 
 
Os espectadores não possuem um comportamento marcante, fator que dificulta a 
identificação dos mesmos. 
 
Muitos se mantêm calados, outros chegam a comentar sobre os casos que sabem 
ou presenciaram, porém quando são indagados, disfarçam e citam cenas de filmes, 
novelas, seriados, histórias, entre outros. 
 
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1.6. Tipos de Agressão (física ou moral) 
 
O dicionário define agressão como: 
 
Ato ou efeito de agredir, acometer, atacar, injuriar ou insultar. 
 
A agressividade é um potencial presente em todos nós, é extremamente 
importante para a vida inteira, afinal é por meio dela que temos energia para acordar 
cedo, ir à escola ou trabalho, passar o dia e estarmos dispostos à noite. 
 
Quando analisada por este ponto de vista, ou seja, educada para a 
autorrealização, é muito positiva, porém é prejudicial 
quando utilizada como mecanismo de defesa. 
 
Geralmente, a agressividade é utilizada como 
mecanismo de defesa, por indivíduos que se sentem 
acuados, impotentes, com dificuldades de se impor e 
expressar aquilo que sentem, de forma que o outro o 
entenda e respeite, podendo ser encarada também como 
impulsos vindos do instinto de sobrevivência. 
 
No entanto, o aumento de comportamento agressivo entre crianças e 
adolescentes é um fato que vem preocupando pais, professores e todos aqueles que 
lidam com os jovens de forma direta e indireta. As condutas agressivas têm se tornado 
um padrão frequente no comportamento das crianças e dos jovens e quando persistem 
com o tempo, podem agravar o problema na fase adulta. 
 
Contudo, as condutas dos pais 
podem influenciar o comportamento 
agressivo. Por exemplo, ao rejeitar a 
criança, deixando transparecer que ela não 
é amada e que ninguém se importa com ela, 
 
24
 
ou ainda a falta de limites e pais permissivos demais. As escolas também podem 
contribuir para os comportamentos agressivos quando estimulam rivalidades e a 
competição que muitas vezes geram sentimentos de insegurança, ansiedade e 
dificuldades de integração com o grupo. 
 
Na adolescência o comportamento agressivo é mais comum, uma vez que neste 
período ocorre a busca pela identidade, ou seja, a fase das descobertas, paixões, 
emoções, inquietações, aventuras, entre outras. 
 
A agressividade é uma maneira que o jovem encontra para se impor dentro de 
sua família, no ciclo de amizades, e também na sociedade. 
 
O Bullying e a agressividade (Moral e Física) 
 
O bullying é um exemplo de agressividade negativa, uma vez que esta prática 
pode causar danos intensos, a agressão pode ser moral que impera o individualismo, a 
arrogância, o abuso de poder com a intenção de ofender, humilhar, constranger, excluir 
e discriminar. 
 
Vale ressaltar que a agressão moral causa danos irreparáveis à saúde da vítima 
de agressão, uma vez submetidaà humilhação, pode apresentar doenças originadas do 
estresse causadas pelo sentimento de extremo sofrimento, impotência e incapacidade 
diante do agressor. 
 
Pesquisas já comprovaram que o estresse pode levar o ser humano a um estado 
depressivo, de desequilíbrio emocional, 
transtornos ansiosos, que podem desencadear a 
origem de muitas doenças, como os transtornos 
que vimos anteriormente. 
 
Já a agressão física envolve chutes, 
beliscos, tapas, socos, entre outros, que dentro 
 
25
 
do contexto escolar pode ser conhecida como bullying direto, em que o agressor 
estabelece um contato a fim de agredir a vítima. 
 
Ambas as agressões são graves e causam danos nocivos ao alvo de bullying. Por 
ter consequências imediatas e facilmente visíveis, a violência física muitas vezes é 
considerada mais grave que agressão moral. 
 
A agressividade deve ser canalizada de forma positiva para que não cause danos 
futuramente, por mais difícil que pareça, ainda podemos reverter esta situação a fim de 
almejar um futuro melhor, repleto de gentilezas, empatia, solidariedade e respeito dentro 
das relações humanas, por isto é importante exterminar a ignorância, a estupidez, a 
maldade, a apatia e o desrespeito de dentro dos lares, das escolas e do meio social. 
 
1.7. Diferença entre o bullying praticado por meninos e meninas 
 
Os meninos e as meninas que se envolvem em comportamentos de bullying se 
sentem poderosos e no controle. Eles parecem obter satisfação quando conseguem 
causar a dor ou sofrimento em seus colegas, tanto física quanto emocionalmente, 
apresentam pouca ou nenhuma simpatia e empatia pelos outros, sempre se defendem 
quando são descobertos, colocando a culpa na vítima. 
 
Geralmente, o bullying praticado por meninos é mais agressivo e perceptível, 
visto que eles chutam, gritam, empurram e batem, totalmente diferente do universo 
feminino, em que o bullying se apresenta mais retraído, se manifestando por meio de 
fofocas, boatos, sussurros e exclusão. 
As garotas agem desta forma, devido 
ao padrão que lhes é imposto pela sociedade 
de que devem ser sempre dóceis, boazinhas 
e passivas, assim para demonstrar qualquer 
sentimento contrário, elas utilizam meios 
mais discretos, porém não menos 
prejudiciais. 
 
26
 
 
Pesquisas apontam as meninas como maiores vítimas do bullying, visto que 
sofrem mais do que os meninos, além disso, os pesquisadores também verificam que 
aquelas que são alvos de bullying aos seis anos têm mais chances de continuar sendo 
agredidas aos dez, isto ocorre devido ao comportamento das mesmas que conversam e 
estabelecem quem são as “líderes” e quem serão as vítimas. 
 
Nesta fase, as crianças se separam, meninas andam com meninas e meninos 
andam com meninos. Sendo assim, os alvos femininos costumam ser outras colegas, 
diferentemente dos meninos que nesta fase estão mais voltados para brincadeiras 
motoras. 
 
Vale ressaltar que embora menos perceptível, o bullying feminino é tão 
destrutivo quanto o masculino, ou até mais, visto que a autoestima da vítima é arruinada 
sem que o problema seja discutido na escola ou em casa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27
 
 
Unidade 2 – Os dilemas e rumos da juventude contemporânea 
 
Nesta unidade você verá a importância da educação na juventude contemporânea 
a fim de quebrar as barreiras predominantes do individualismo presentes em nossa 
sociedade. 
 
Verá também as influências da tecnologia, das amizades, da educação antiga na 
educação atual, dos perigos acerca da juventude e a contribuição dos pais e dos 
professores para que os jovens se tornem agentes sociais, capazes de identificar os 
aspectos positivos e negativos dentro do contexto social. 
 
Bom estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28
 
2.1. A influência da educação na juventude contemporânea 
 
Vivemos em uma era em que o individualismo é predominante, porém vale 
ressaltar que quanto mais individualista a sociedade for em relação às crenças e aos 
valores, mais importante se torna resgatar e preservar a consciência coletiva presente 
nas sociedades pouco diferenciadas. 
 
Quanto mais o individualismo cresce, mais a consciência coletiva diminui e sem 
uma moral coletiva a sociedade não sobrevive. 
 
Dentro de um contexto social em que o individualismo possibilitado pela 
diferenciação social compete com a consciência coletiva própria a toda a vida social a 
educação assume um significado de educação 
moral em que os indivíduos devem ser 
preparados para agir em sociedade. 
 
Segundo o filósofo francês do século 
XIX Émile Durkheim, os pais não devem 
educar seus filhos como desejam, afinal 
existem costumes e regras que devem ser transmitidos no processo educacional, pois se 
os pais deixarem de educá-las mais tarde, a sociedade se vingará destas crianças, pois as 
mesmas não se tornarão adultos capazes de conviver em meio a outros adultos. 
 
É importante ressaltar que a cada período histórico existe um tipo adequado de 
educação a ser transmitida, pois ideias educacionais muito ultrapassadas ou muito a 
frente não são boas porque não permitem que o adolescente tenha uma vida normal e 
harmonizada com seus contemporâneos. 
 
 
 
 
 
 
29
 
Visto que existem diversas abordagens sobre a juventude moderna, a educação 
deve ser apropriada segundo a realidade 
de cada indivíduo. 
 
Desta forma, no século XXI é 
mais do que urgente os pais, os 
educadores e a sociedade prepararem 
nossas crianças para a vida social, 
desenvolvendo a importância da 
solidariedade, o valor da paz, da tolerância e o respeito ao próximo, visto que vivemos 
em uma época em que a competitividade, o consumismo e a violência são 
predominantes dentro do contexto escolar, levando nossos jovens a praticarem ou serem 
vítimas de bullying. 
 
2.2. Educação Antiga x Educação Atual 
 
O início da educação foi marcado por diversos períodos que contribuíram para a 
educação atual, sem analisar cada período é impossível entender os processos 
educacionais contemporâneos. 
 
Abaixo veremos os períodos históricos e como a educação ocorreu em cada um 
deles: 
 
Período Primitivo (8 a 10 mil anos atrás) – Nesta fase, a educação era voltada para a 
sobrevivência do grupo e o desenvolvimento da cultura. Não existiam escolas, as tarefas 
eram diferenciadas de acordo com o sexo, os meninos observavam e aprendiam a caçar, 
a manusear armas e a cultivar a terra, já as meninas observavam e aprendiam com as 
mães a cozinhar, tecer e cuidar das crianças. 
 
 
 
 
 
30
 
Período Oriental (+/- 3000 anos a.C) – Esta fase é marcada pelo surgimento da 
escrita. Nas civilizações orientais, a educação era tradicional dividida em classes 
opondo cultura e o trabalho, também organizada em escolas fechadas e separadas para a 
nobreza. As preocupações com a 
educação apareceram nos livros 
sagrados que ofereciam regras, ideais 
de condutas e enquadramento das 
pessoas nos rígidos sistemas religiosos. 
 
Nesta época surgiu o dualismo 
escolar, em que havia um tipo de 
ensino para os filhos de nobres e outro para os filhos de funcionários, grande parte da 
comunidade foi excluída da escola e restringida à educação familiar. 
 
As escolas funcionavam como templos e algumas casas eram frequentadas por 
pouco mais de vinte alunos. A aprendizagem ocorria por meio de transcrição de hinos, 
livros sagrados, exortações morais e coerções físicas; ensinava-se também aritmética e 
sistema de cálculos, problemas de geometria, conhecimentos de botânica, zoologia, 
mineralogia e geografia. 
 
Período Grego (+/- no século V a. C. ) – Nesta fase, as crianças viviam a primeira 
infância em família, a educação era voltada para a formação integral do indivíduo, a 
escola ainda permanecia elitizada, atendendo aos jovens de famílias tradicionais da 
antiga nobreza ou dos comerciantes enriquecidos.A escola tinha mais formação 
esportiva, sendo assim, o ensino das letras e dos cálculos demorou a se difundir. 
 
Esparta e Atenas originaram dos ideais de educação, uma se baseou na Paideia 
que tinha como objetivo educar o indivíduo para que este se tornasse homem e cidadão 
e a educação para a outra, era voltada apenas para os homens livres que podiam se 
dedicar à oratória, filosofia, literatura, desprezando o trabalho manual e comercial. A 
educação ateniense também se destinava ao crescimento da personalidade e humanidade 
do jovem. 
 
 
31
 
Período Romano (+/- no século III a. C.) – Nesta fase não existia a 
democratização, a educação tinha caráter prático, familiar e civil. O principal objetivo 
desta educação era formar os guerreiros romanos, enquanto a educação feminina assim 
como no período primitivo era voltada para a vida familiar. Com o passar do tempo, 
Roma organizou suas escolas de acordo com o modelo das escolas gregas. Em princípio 
estas escolas tinham como objetivo uma formação gramatical e retórica ligada à língua 
grega. Somente um século mais tarde, fundaram a história de retórica latina, com o 
reconhecimento total da literatura e cultura romana. 
 
As escolas funcionavam em locais alugados ou nas casas dos ricos, as crianças 
escreviam com estilete sobre tabulas de cera, passavam boa parte do tempo na escola 
onde eram submetidas às rígidas disciplinas do magister que não excluía as punições 
físicas. 
Nesta época também existiam escolas para os grupos inferiores, embora menos 
organizadas, eram voltadas para os ofícios e as práticas de aprendizado das diversas 
artes, desde a agricultura até o artesanato de luxo. 
 
Período Medieval (a partir do século X) – 
Nesta fase, a educação estava associada à 
religião, à fé e às instituições eclesiásticas, ou 
seja, educar significava estabelecer práticas e 
modelos que deveriam ser seguidos pelo 
povo. 
 
Foi neste período que a escola foi ampliada e 
se criou a estrutura presente nos dias atuais: um professor que ensina vários alunos 
dentro de uma sala. 
 
A educação religiosa deu origem a diversos tipos de escola, entre elas: 
 
Escolas paroquiais – A educação se limitava à formação de eclesiásticos e as aulas eram 
ministradas por qualquer sacerdote encarregado de uma paróquia. O ensino era reduzido 
aos salmos, às lições das Escrituras, segundo a educação cristã. 
 
32
 
 
Escola Monástica – Inicialmente, esta educação era destinada aos monges, em regime 
de internato. Mais tarde, estas escolas se tornaram externatos a fim de formar leigos 
cultos (filhos dos Reis e os servidores também). O programa de ensino era voltado para 
a leitura, a escrita, o conhecimento da bíblia e só depois foi complementado com o 
latim, gramática, retórica e a dialética. 
 
Escolas Palatinas – Teve como fundador Carlos Magno, juntamente com sua corte e seu 
palácio. O ensino era voltado para a gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria, 
astronomia, e, mais tarde, a medicina. 
 
Escolas Catedrais – Se originaram a partir das Escolas Monásticas e eram mantidas por 
benefícios para a remuneração dos mestres. O ensino era fundamentado em elementos 
de cultura judaica, árabe e persa. 
 
Universidades – As universidades nasceram das escolas existentes. Supõe-se que a 
primeira tenha surgido na cidade italiana de Salerno. Nestas instituições, os mestres e 
discípulos se dedicavam a ensinar algum ramo do saber, como medicina, direito e 
teologia. 
 
Período do Renascimento (século XIV) – Neste período, o homem estava mais 
interessado pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela arte. A educação 
era voltada para a matemática, que influenciava diretamente os projetos artísticos, 
desenvolvendo novas técnicas de proporção e perspectiva. A pintura e a escultura 
renascentista que pretendiam se aproximar ao máximo da realidade. 
 
Período Moderno (século XV) – Nesta fase houve uma reorganização disciplinar da 
escola e do controle de ensino, por meio da elaboração de métodos de ensino dos 
jesuítas que fixavam um programa minucioso de estudo e de comportamento, o qual 
tinha o centro a disciplina, o internato e as “classes de idade”, além da graduação do 
ensino/aprendizagem. 
 
 
 
33
 
 
A educação nos nossos dias 
 
Educar tem sido um assunto muito abordado nas últimas décadas. A necessidade 
de colocar limites é sempre muito questionada 
tanto pelos filhos quanto pelos pais. 
 
Muitas pessoas foram educadas com regras 
severas e diversas proibições, geralmente nestes 
casos a autoridade era misturada com o 
autoritarismo, exigindo da criança e do adolescente 
total submissão, uma criança boazinha era uma criança dentro das regras que jamais 
questionaria algo, pois a liberdade de expressão era considerada desrespeito aos mais 
velhos. 
 
Este tipo de educação ainda presente em nossa sociedade é uma herança dos 
nossos antepassados, em que o professor era visto como autoridade máxima e punia 
todos aqueles que desobedecessem as regras. Esse modelo de educação trouxe e ainda 
traz muitos problemas à sociedade, pois a criança reprimida de hoje se tornará o adulto 
inseguro de amanhã. 
 
Conforme vimos anteriormente, o filósofo Émile Durkheim defendia a educação 
como um processo de socialização em que a criança e o jovem seriam educados a fim de 
reconhecerem seus papéis como cidadãos dentro do meio social, porém com tantas 
mudanças sociais, culturais, econômicas e políticas, a educação se transformou em um 
processo um tanto quanto confuso. 
 
Diante de novos valores e novas referências, muitos pais e educadores se sentem 
completamente inseguros, pois tentam transmitir a mesma educação que receberam, mas 
por estarmos em épocas diferentes, este processo acaba não saindo conforme o 
esperado, resultando em professores autoritários, pais frustrados e crianças revoltadas 
e/ou inseguras. 
 
 
34
 
Tanto os pais quanto os educadores precisam estar cientes de que não devem 
transmitir às crianças modelos de comportamentos ultrapassados que estiveram 
diretamente ligados a momentos sociais vivenciados por esses, visto que a maioria 
destes modelos não guarda mais qualquer relação com as experiências cotidianas atuais. 
 
Seguindo estes parâmetros, o professor deve utilizar seus conhecimentos e os 
métodos antigos a fim de construir juntamente com os alunos um modelo educativo que 
possibilite o uso da tecnologia e técnicas didáticas mais dinâmicas que proporcionem 
um aprendizado mais eficiente, o educador deve ter em mente que a verdadeira 
educação só ocorre quando existe uma troca de conhecimentos entre professor-aluno. 
 
Vale ressaltar: colocar limites é ensinar que existe frustração, apesar de 
desagradável, faz parte do mundo real. O limite nos ajuda a nos conhecer melhor, o 
respeito aumenta nossa consciência coletiva e a responsabilidade nos ensina que tudo 
tem o seu preço, pois sempre estamos em relação de troca, colhendo aquilo que 
plantamos. 
 
Contudo, vivemos em tempos difíceis, em que a violência e a agressividade 
infantojuvenil são crescentes e ameaçam a todos nós. Precisamos mudar nossa realidade 
e o papel dos pais, dos professores e da sociedade é auxiliar e conduzir as novas 
gerações na construção futura de uma humanidade mais atenta, mais justa e menos 
violenta. Só assim será possível promover um projeto educativo visando à tolerância, o 
respeito e o valor da paz. 
 
2.3. A influência da tecnologia 
 
A tecnologia está cada vez mais presente na juventude moderna, seja como meio 
de comunicação, seja como forma de diversão ou suporte para os estudos. 
 
O sociólogo americano Donald Levine, na introdução de seu livro “Visões da 
tradição sociológica”, publicado no Brasil em 1997, se refere à vida cotidiana de hoje da 
seguinte forma: 
 
 
35
 
“ cada vez mais, a experiência chega em pequenos fragmentos. 
Vídeos despejam imagens; telespectadorespulam de canal em 
canal. As sinfonias tornam-se temas empacotados. A arte se 
transforma em colagens de ingredientes. Turistas compram 
cópias de partes de monumentos. As teorias estéticas dissolvem 
textos em amontoados de frases e palavras. Os computadores 
calculam em bytes, os políticos em pequenas e sólidas mordidas. 
A comida vem em rações processadas em microondas, fornecida 
através de janelas em mostradores automatizados. Especialistas 
tratam pequenas partes de doenças localizadas em corpos-
mentes como um todo... Os estudantes da geração MTV 
mostram uma capacidade notoriamente decrescente para 
acompanhar ou formular uma argumentação sistemática e 
evidenciam uma cegueira para a história que não é apenas 
ignorância do passado, mas a perda total de um senso de 
conexão histórica.(LEVINE:1997; p.19)” 
 
As brincadeiras consideradas do passado, como soltar pipa, jogar bola, brincar 
de bonecas, esconde-esconde, pular corda, entre outras, estão sendo substituídas pelo 
computador. 
 
Com o avanço tecnológico, os jovens quase não saem de casa e restringem suas 
diversões e atividades ao computador através das redes sociais, como Instagram, 
Twitter, Facebook etc., fator que prejudica a ortografia e a gramática de muitos jovens, 
pois o uso destas redes sociais gera diversos vícios na 
escrita, de modo que os estudantes deixam de escrever 
de acordo com a norma culta e passam a utilizar o 
internetês (simplificação ou abreviação da grafia e uso 
de símbolos que proporcionam maior liberdade da fala 
à escrita no mundo virtual). 
 
Além do computador, a era tecnológica 
 
36
 
também trouxe o celular, o aparelho que deveria ser utilizado em casos de necessidade 
ou para que os pais e filhos pudessem ser localizados, hoje em dia se transformou em 
um modismo, em que as crianças e os adolescentes acompanham a tecnologia e 
adquirem determinado aparelho que detém diversos recursos disponíveis apenas para 
competir dentro do círculo de amizades, muitas vezes é notável que o uso do celular 
pelos jovens é uma condição para serem aceitos ou pertencerem a um determinado 
grupo ou sociedade. 
 
A mídia é a maior divulgadora da tecnologia, visto que 
oferece os mais variados tipos de produtos tornando a 
população cada vez mais consumista e competitiva. 
 
A rotina de muitas crianças e adolescentes mudou 
conforme citamos anteriormente. Grande parte do tempo de 
nossos jovens é destinado ao computador ou à televisão, ou 
seja, uma diversão extremamente sedentária, uma vez que não 
exige qualquer esforço físico para queimar as calorias resultantes de uma má 
alimentação, como biscoitos recheados, salgadinhos, lanches, batata-frita, sorvetes, 
refrigerantes, doces, entre outros alimentos que contribuem para o aumento da 
obesidade, fator muito presente nos jovens da nova era. Muitas crianças utilizam o 
computador para jogos eletrônicos, geralmente os jogos mais procurados são os 
agressivos que tenham armas, sangue, lutas, roubos etc. 
 
Os pais devem fiscalizar o uso do computador, garantindo que as crianças e os 
jovens o utilizem de forma sadia e não para promover a violência como o Ciberbullying 
– que estudaremos em unidades futuras. Além disso, os mesmos devem incentivar os 
filhos a praticar atividades físicas, a fim de criá-los com hábitos saudáveis e prevenindo 
quanto às consequências que uma vida sedentária pode causar. 
 
A tecnologia deve ser utilizada de forma que promova o bem estar social dentro 
do contexto escolar, mas para este fim é necessário que a escola mantenha os princípios 
universais que regem a busca do processo de humanização. 
 
 
37
 
Atualmente, as novas tecnologias são consideradas ferramentas essenciais e 
indispensáveis para a educação, e assim ganham espaço efetivo dentro das salas de aula, 
vale ressaltar que se bem utilizadas, as tecnologias podem facilitar o aprendizado. 
 
No entanto, apesar de muitas escolas possuírem as novas tecnologias, as mesmas 
não são utilizadas como deveriam, pois muitas vezes permanecem trancadas em salas 
isoladas e longe do manuseio de alunos e professores, há outros casos em que o 
educador não sabe como utilizá-las dentro de sua disciplina, desta forma, a escola deve 
oferecer subsídios para que o professor aprenda a usá-las. Caso a instituição não 
disponibilize este recurso, o educador deve pesquisar e aprender por si próprio a utilizar 
os recursos tecnológicos. 
 
Conforme citado anteriormente, vivemos em uma era globalizada em que os 
avanços tecnológicos estão presentes transformando o nosso dia a dia, sendo assim, se 
quisermos nos sentir integrantes da sociedade e educar nossas crianças para que possam 
se tornar cidadãos conscientes dos seus papéis sociais, devemos estar atentos e assumir 
a responsabilidade de usar as novas tecnologias a fim de promover o bem estar social. 
 
2.4. A influência das amizades 
 
“Diga-me com quem andas que direi quem és.” Com certeza você já deve ter 
escutado este ditado popular que faz referência ao círculo de amizades; afinal, por meio 
dos amigos e das companhias que escolhemos muito se pode dizer sobre nós. 
 
Isso acontece devido a grande parte de nossos valores, ideias, opiniões e atitudes 
serem influenciadas pelas pessoas que nos cercam e pelos grupos que fazemos parte. 
 
 
 
 
 
 
 
38
 
Ao observar a juventude contemporânea, nota-se que o dia a dia dos jovens 
reflete a cultura da sociedade que estes fazem 
parte. 
 
Conforme abordado anteriormente, a 
sociedade passa por processos de mudanças a 
todo instante, desta forma, o comportamento 
egocêntrico, transgressivo e repleto de 
características infantis é reflexo do contexto social que estão inseridos, geralmente este 
tipo de comportamento é caracterizado por uma busca contínua e desenfreada de 
compensações e gratificações imediatas. 
 
Há ainda aqueles em que a adolescência se estende, incluindo pessoas entre 15 e 
30 anos que apresentam mentalidade e comportamento de acordo com a idade, tal 
comportamento está relacionado a aspectos hedonistas, que visam o prazer individual e 
imediato, narcisistas e que se opõem ao universo adulto, em que obrigações, deveres e 
responsabilidades se harmonizam com os direitos individuais e coletivos. 
 
No entanto, quando se trata de relações interpessoais, a juventude atual apresenta 
aspectos que devem ser observados com mais atenção, por exemplo, o poder da 
influência dos amigos e dos grupos de amigos, fator que não era tão presente em 
gerações anteriores, representando um desafio para todos que estão envolvidos no 
processo de educação desses jovens. 
 
É importante que tanto os educadores quanto os pais estejam aptos para entender 
quais os motivos que levaram à formação destes 
grupos de amigos e também os caminhos que 
poderosamente influenciam a mente e o 
comportamento dos adolescentes. 
 
Vale ressaltar que cada grupo possui seus 
“rivais” que podem influenciar de forma positiva ou 
negativa toda a estrutura emocional. Sendo assim, é imprescindível ter flexibilidade e 
 
39
 
humildade para compreender como funcionam os jovens, como pensam, que tipo de 
linguagem utilizam, como se vestem, as músicas que costumam ouvir e qual ideologia 
seguem, pois só assim, pode-se interferir na educação com objetivos nesta influência 
que rege o comportamento dos adolescentes. 
 
Outro fator a considerar, é a existência de outros rivais que disputam com pais e 
professores a liderança educacional, como a cultura televisiva, propaganda, internet, 
música, consumo, drogas, entre outros que possam expressar a cultura juvenil. 
 
Contudo, os pais, os professores e todos aqueles que tenham interesse na 
juventude atual devem entender e aceitar estes processos que influenciam o 
comportamento da juventude, provocando conflitos entre as gerações diferentes, pois 
negar este fato é como negar as verdades, é descartar as soluções possíveisaos desafios 
impostos pela vida. 
 
2.5. Os perigos na juventude 
 
 Pode-se afirmar que a adolescência é uma fase complexa e turbulenta, repleta de 
incertezas, inseguranças, mudanças de conceitos, físicas, mentais e muitas vezes sociais, 
além das cobranças familiares e do meio social. 
 
Em alguns momentos, a falta de um diálogo familiar e de apoio pode acarretar 
dificuldades neste período. 
 
O descobrimento do próprio corpo pode 
exemplificar a abertura para as relações no mundo, 
assim, a instabilidade nesta fase, é a maneira que os 
jovens encontram para tentar se adaptar ao fato de 
não serem mais crianças e nem adultos. Diante de um 
corpo em transformação, sentem a necessidade de 
construir uma nova identidade e afirmar seu lugar no 
mundo. Vale ressaltar que por trás de diversas 
 
40
 
manifestações de rebeldia ou isolamento, há inúmeros processos psicológicos para 
organizar milhões de sensações e sentimentos, desta forma, a adolescência pode ser 
classificada como um renascimento marcado pelas vivências da infância. 
 
Nesta fase da puberdade, o adolescente tem a necessidade de buscar referências 
fora de casa para se formar como sujeito, valorizando cada vez mais os amigos, pois é 
por meio deles que o jovem exercita papéis sociais, se identifica com comportamentos e 
busca segurança para lutar contra a angústia da solidão bastante presente nesta fase. 
 
Por não conseguir separar os próprios desejos da reflexão sobre os mesmos, os 
jovens que ainda não têm experiências para controlar suas vontades, muitas vezes agem 
sem pensar e só refletem sobre o que fizeram depois do fato, isto ocorre por acreditarem 
que nada irá acontecer a eles. 
 
No entanto, tudo não passa de uma grande ilusão, pois esses fatores quando 
somados contribuem para o aumento dos casos de gravidez e o contágio por doenças 
sexualmente transmissíveis, o jovem deve ser 
alertado que todas as suas ações terão 
consequências. Em se tratando de relações 
sexuais, vale salientar que o prazer abrange ser 
responsável com o próprio corpo e com o do(a) 
parceiro(a). 
 
Outro fator importante a ser considerado é 
a rebeldia. Os adolescentes são rebeldes e quando 
não gostam ou são impedidos de fazer algo, eles rebatem, contestam e até gritam para 
defender suas opiniões se tornando agressivos. 
 
 Conforme vimos anteriormente, a agressividade faz parte da juventude, uma fase 
de descobertas dos impulsos violentos, porém é importante que os pais e os professores 
estejam atentos, pois a agressão pode ultrapassar os atos de humilhar, xingar e partir 
para discussões e brigas, envolvendo a violência física. 
 
 
41
 
A adolescência também é a fase em que a curiosidade é mais aguçada, o jovem 
tem a necessidade de saber, conhecer e experimentar tudo. 
 
Segundo um levantamento do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas 
Psicotrópicas (CEBRID) feito com estudantes de escolas públicas com idade entre 10 e 
18 anos, 65,2% dos entrevistados já experimentaram bebida alcoólica; outros 5,9% 
fumaram maconha e 15,5% usaram solventes de acetona a lança-perfume. 
 
Infelizmente, estes números revelam que as drogas fazem parte do mundo dos 
jovens e na maioria dos casos, eles têm acesso na escola e não se pode ignorar este fato, 
fingir que o assunto não existe, em casos assim é necessário saber como agir. 
 
Pesquisas recentes têm mostrado que simplesmente repreender não costuma 
gerar bons resultados. Os pais e os professores devem procurar entender a relação dos 
jovens com as drogas e por que o contato com essas substâncias se intensifica na 
adolescência, para a partir daí tomarem as providências necessárias, uma vez que esses 
ao saberem do envolvimento dos jovens com as drogas não consideram que tal 
comportamento pode ser por uso esporádico (experimentação que acontece uma ou 
poucas vezes); o abuso (uso ocasional, mas excessivo) e o vício (marcado pelo uso 
constante, porém é menos comum entre os jovens). 
 
A escola não deve fazer interferências baseadas apenas na criminalização, como 
palestras realizadas por agentes de segurança, pois geralmente estas têm pouca eficácia 
na redução do consumo. É necessário proporcionar aos jovens um ambiente em que 
estes possam expressar suas opiniões e não apenas receber restrições. Os pais precisam 
dar mais atenção a seus filhos, interessando-se por seus amigos, pelas atividades 
escolares, a fim de manter um diálogo aberto e de mostrar aos jovens que eles são 
capazes de encontrar opções que proporcionem prazer imediato e não ameacem suas 
vidas. 
 
 
 
 
 
42
 
2.6. A educação e o jovem do futuro 
 
Vivemos em uma era em que o 
predomínio dos avanços tecnológicos funciona 
como objeto de sedução para os jovens. 
Podemos citar como exemplo, o computador 
que desde sua existência ainda não representa 
ganhos para os processos de aprendizagem no contexto escolar, a tecnologia usada de 
forma inadequada só contribui para o empobrecimento da mente dos nossos jovens. 
 
Antigamente a vida dos jovens era marcada pelos livros. O aluno aprendia a 
analisar o livro, os estudantes eram mais dispostos, por mais que a disciplina não fosse 
tão encantadora, se tornava um desafio prazeroso, pois os mesmos tinham vontade de 
aprender. 
 
Todavia, este contato com o livro foi se perdendo no decorrer dos anos, e hoje 
foi praticamente substituído pela internet, pois qualquer pesquisa que o professor peça 
aos seus alunos, os mesmos recorrerão a esse mecanismo, pesquisarão nas diversas 
páginas disponíveis, escolherão a que mais parecer interessante, ou seja, a que mais se 
adequar ao pedido do mestre e em 
seguida passarão pelo processo de copiar 
e colar. Despejarão todo o conteúdo em 
um documento próprio para o texto e 
depois imprimirão o trabalho. Com a 
internet não é necessário ler o que 
“escreveu”. 
 
A internet é apenas um exemplo 
dos efeitos que a tecnologia pode ter nas relações do processo de ensino. 
 
Vale ressaltar que este fenômeno da informatização do ensino é presente em 
todo o planeta como um reflexo do ambiente de comunicações instantâneas que oferece 
uma quantidade infindável de informatização. 
 
43
 
Desta forma, muito se tem discutido a respeito dos planos de restringir ao 
máximo a tecnologia dos processos pedagógicos. No entanto, muitos pesquisadores 
defendem a utilização da internet desde que não seja usada como fim e não sirva apenas 
para motivar os alunos, mas sim, para desenvolver uma consciência crítica em relação 
aos meios tecnológicos. 
 
Outro fator que se deve estar atento é em relação ao consumo de drogas, visto 
que atualmente, este é um dos motivos principais que tem levado o jovem à destruição. 
A dependência química leva o mesmo a roubar, matar e também ao suicídio. O vício do 
jovem gera mais sofrimento para sua família, pois ameaça os laços de convivência. 
 
As diversas campanhas contra o uso de drogas e exibição na televisão por meio 
de filmes, novelas, seriados etc., a fim de mostrar o efeito devastador que elas têm, não 
são suficientes para erradicar este mal do mundo. 
 
Pesquisas mostram que cada vez mais os jovens dizem “sim” para o consumo de 
drogas, estes têm consciência de que as mesmas 
podem se tornar um problema sério, mas isto não é o 
suficiente para mantê-los distantes. 
 
Conforme vimos anteriormente, há diversos 
fatores que levam os jovens ao consumo de drogas, 
entre eles a curiosidade, o desejo de ser aceito e se 
integrar em algum grupo, timidez, ansiedade, 
insegurança, problemas familiares etc. 
 
Outro fator que ameaça o futuro do jovem está relacionado ao mercado de 
trabalho, uma vez que os avanços tecnológicos tendem a romper com os cargos de 
atividades repetitivas, burocráticas e com os empregos de níveis médios. 
 
Recentemente, uma pesquisa revelou que 18% dos jovens brasileiros desejam 
trabalhar e se formar em uma profissão. O tão sonhadosucesso profissional na carreira 
 
44
 
ou apenas o desejo de ter a carteira assinada ocupam o segundo lugar dos maiores 
sonhos dos brasileiros entre 16 e 25 anos, com 15% das respostas. 
 
É importante salientar que tais aspirações podem gerar algumas dificuldades 
relacionadas ao dia a dia, uma vez que é necessário um planejamento para concretizar 
suas conquistas. 
 
Conforme abordado em tópicos anteriores, os jovens não costumam refletir da 
mesma forma que os adultos; sendo assim, eles são tomados pela ansiedade e quase 
sempre não conseguem dar atenção a nada, devido ao ritmo acelerado de suas vidas, 
tornando-se mais vulneráveis em relação à realidade. 
 
Os adolescentes têm acesso a uma gama grande de tecnologia da informação 
que, ao mesmo tempo em que traz benefícios, gera malefícios, pois ferramentas mais 
rápidas e mais portáteis à capacidade de ter interpretação não aumenta, fator que 
contribui para que os jovens não se tornem cidadãos críticos. 
 
Pode-se afirmar que a dificuldade de ingressar no mercado de trabalho está 
associada à má qualidade de ensino, uma vez que a educação não tem preparado nossos 
jovens para a ação social. 
 
Neste tópico abordamos alguns fatores principais presentes na sociedade atual e 
que tendem a crescer futuramente, o uso inadequado da internet, o consumo de drogas e 
a dificuldade de ingressar no mercado de trabalho. 
 
A educação é o único meio para 
resolver esta problemática. Claro que ela não 
acabará com as drogas, nem com os avanços 
tecnológicos e muito menos com a escassez de 
profissionais qualificados, mas treinará nossos 
jovens, a fim de que os mesmos aprendam a 
conviver e fazer as melhores escolhas diante 
destes aspectos. 
 
45
 
 
Há muitos anos já se falava a respeito de uma educação libertadora que 
contribuísse para formar a consciência crítica e a estimular a participação do jovem nos 
processos culturais, sociais, políticos e econômicos. 
 
Segundo o educador e filósofo Paulo Freire, em seu livro “Conscientização: 
Teoria e Prática da Libertação”, a educação deve ser libertadora a fim de aproximar o 
indivíduo da sua realidade para que este possa a transformar em seu favor. 
 
Ensinar e aprender são aspectos fundamentais para a sobrevivência, pois 
indivíduos sem educação tornam-se inviáveis, além disso, contribuem com o processo 
de formação de membros adequados para desempenhar um papel dentro do contexto 
social, possibilitando a convivência pacífica entre os indivíduos. 
 
A educação ainda pode ser a chave para uma vida melhor, no entanto, para este 
fim talvez seja necessário haver uma mudança radical na sociedade, a fim de preparar o 
indivíduo para o mundo. 
 
Desta forma, os educadores precisam promover uma educação em que seus 
alunos tenham flexibilidade suficiente para atuar em sociedade, diante de um 
conhecimento intenso e em constante mudança, os professores teriam o papel de 
orientadores, oferecendo apoio especializado aos alunos, assim estes teriam 
independência para aprender sobre as questões da vida real, julgando o que é bom, o 
que é mau, o que podem e o que não podem fazer. 
 
É importante salientar que o processo educacional não depende apenas do 
professor, os pais são peças fundamentais, pois por meio do diálogo, amor e atenção 
podem contribuir para que a educação deixe de ser um processo de alienação em que o 
indivíduo aceita tudo o que lhe é imposto pelo meio social, para se tornar um indivíduo 
crítico; juntamente com professores, os pais podem transformar os jovens em agentes 
sociais capazes de identificar os aspectos positivos e negativos acerca da sociedade. 
 
 
46
 
Disponibilizamos um teste extraído da revista “Veja edição especial – Jovens”, 
destinado aos pais a fim de que estes descubram se estão atentos em relação aos seus 
filhos: 
 
O que você sabe sobre seu filho? 
 
Muitas vezes os pais são os últimos a saberem dos problemas dos filhos. Confira 
se você conhece bem seu filho e se está em condições de perceber se ele precisa de 
ajuda. 
 
1. Você conhece o melhor amigo de seu filho? 
( ) sim 
( ) não 
 
2. Sabe qual é a coisa que ele mais teme? 
( ) sim 
( ) não 
 
3. Conhece o seu programa de TV favorito? 
( ) sim 
( ) não 
 
4. Sabe se ele gosta mais de matemática do que geografia? 
( ) sim 
( ) não 
 
5. Saberia dizer qual a cor que ele gostaria de ter nas paredes do quarto? 
( ) sim 
( )não 
 
6. Conhece qual é o herói de seu filho? 
( ) sim 
( ) não 
 
47
 
7. Sabe se ele se sente querido pelos amigos na escola? 
( ) sim 
( ) não 
 
8. Saberia dizer o que ele mais gostaria de fazer nas próximas férias? 
( ) sim 
( ) não 
 
9. Sabe qual é o objeto pessoal a que ele dá mais valor? 
( ) sim 
( ) não 
 
10. Saberia dizer qual a comida que ele mais gosta? E a que mais detesta? 
( ) sim 
( ) não 
 
11. Sabe o que seu filho considera ser seu maior talento ou habilidade específica? 
( ) sim 
( ) não 
 
12. Conhece qual é o aspecto ou detalhe da aparência de seu filho que ele menos 
gosta? 
( ) sim 
( ) não 
 
13. Sabe o que ele deseja para si mesmo profissionalmente? 
( ) sim 
( ) não 
 
14. Conhece qual dos afazeres ou tarefas domésticas ele menos aprecia? 
( ) sim 
( ) não 
 
 
48
 
15. Sabe de qual acontecimento, momento ou ocasião familiar ele mais gosta? 
( ) sim 
( ) não 
 
16. Conhece os apelidos que os outros adolescentes dão ao seu filho? 
( ) sim 
( ) não 
 
17. Conhece os efeitos ou realizações de que seu filho mais se orgulha? 
( ) sim 
( ) não 
 
18. Sabe qual a maior queixa ou reclamação que seu filho tem da família? 
( ) sim 
( ) não 
 
19. Conhece seu estilo favorito de música? 
( ) sim 
( ) não 
 
20. Sabe quais esportes ele tem mais prazer em praticar? 
( ) sim 
( ) não 
 
21. Sabe qual seu estilo ou tipo de roupa favorito? 
( ) sim 
( ) não 
 
22. Sabe o que seu filho gostaria de modificar nele mesmo? 
( ) sim 
( ) não 
 
 
 
49
 
23. Saberia dizer qual a situação que o deixa mais embaraçado? 
( ) sim 
( ) não 
 
24. Conhece a pessoa, fora do âmbito familiar, que mais influenciou ou tem 
influenciado seu filho? 
( ) sim 
( ) não 
 
Resultados 
 
Se você respondeu NÃO para: 
 
� Até 5 perguntas: você conversa bastante com o seu filho e o conhece bem. 
 
� Até 8 perguntas: você o conhece razoavelmente bem, mas pode conhecer 
melhor. 
 
� Mais de 8 perguntas: você precisa estar mais atento ao seu filho e passar 
mais tempo com ele. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50
 
Conclusão do Módulo I 
 
Parabéns por ter chegado até aqui! 
 
Esperamos que tenha compreendido o fenômeno bullying, as formas que este 
problema se manifesta, os tipos de agressão, como identificá-lo e os personagens; a 
importância da educação na juventude moderna, a influência da tecnologia, dos amigos; 
os perigos que cercam nossa juventude e como será a educação no futuro. 
 
No próximo módulo estudaremos as diferentes faces e ambientes do bullying, 
como combater este tipo de violência, você também aprenderá a montar uma aula e um 
projeto antibullying. 
 
Para dar continuidade ao seu curso, faça a avaliação referente ao Módulo I em 
seguida você terá acesso ao material do Módulo II. 
 
Boa sorte!

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