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GOMES; SANZOVO - Bullying e Prevenção da Violência nas Escolas

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1 
 
FICHAMENTO TEXTUAL 
 
GOMES, L.F.; SANZOVO, N.M. Bullying e Prevenção da Violência nas Escolas: 
quebrando mitos, construindo verdades in: BIANCHINI, A.; MARQUES, I. L.; GOMES L. F. 
(Coords.). SABERES MONOGRÁFICOS. 1. Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2013. 
SOBRE OS AUTORES 
Dr Luiz Flávio GOMES é jurista e professor, Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-
presidente do Instituto Avante Brasil. Coeditor do www.atualidadesdodireito.com.br. Doutor 
em Direito Penal pela Universidade Complutense de Madri – UCM. Foi Promotor de Justiça 
(1980 a 1983), Juiz de Direito (1982 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). 
Natália Macedo SANZOVO é Advogada, pós-graduada de em Ciências Penais e pesquisadora 
do Instituto Avante Brasil. 
 
 
CAPITULO 1 – O FENÔMENO DO BULLYING E A VIOLÊNCIA NO BRASIL 
Neste primeiro capitulo, a obra traz um pouco do conceito de bullying. De início, é 
importante evidenciar que o bullying é um tipo de violência, mais grave, mais alarmante e, 
consequentemente, mais devastador. Bem como, podem ocorrer violências que não são 
caracterizadas como bullying, justamente por não conter os elementos necessários para 
caracterizá-la como tal (GOMES e SANZOVO, 2013, p. 17). 
Além da aproximação conceitual, traz também a origem da palavra que é utilizada 
para definir este fenômeno “De origem inglesa, o bullying é derivado do verbo to bully, que 
significa ‘ameaçar, amedrontar, intimidar’.” (Michaelis, 2009 apud. GOMES e SANZOVO, 
2013, p. 17) apesar de alguns países utilizarem alguns termos aproximados do significado, o 
termo em inglês é amplamente utilizado no mundo e no Brasil, pelo fato de não ter um termo 
que se equipare ao mesmo 
Para os autores, “[...] fundamentais são os estudos e as políticas de prevenção que 
esta espécie de violência exige.”, e, acrescentam ainda “[...]. É inconcebível que, atualmente, 
diretores, coordenadores, professores, pedagogos e os próprios pais [...]não saibam tudo (ou o 
suficiente) sobre este fenômeno tão pesquisado atualmente. ” (GOMES e SANZOVO, 2013, 
p. 18). 
http://www.atualidadesdodireito.com.br/
2 
 
O bullying tem características próprias, como já dito antes, não se trata de casos 
isolados de violências entre alunos e nem de qualquer tipo de brincadeiras, é um fenômeno 
mais complexo e abrangente, nesse sentido, os autores recorrem à pesquisadora que é uma das 
referências no assunto a nível nacional, Cleo Fante, trazendo a seguinte definição para o 
bullying: 
“[...] ele compreende atitudes agressivas de todas as formas, praticadas intencional e 
repetidamente, dentro de uma relação de desigual poder e sem motivação evidente, 
emanadas de um ou mais indivíduos contra outro(s), causando dor e angustia” 
(Fante, 2005, p. 28 apud. GOMES e SANZOVO, 2013, p. 19) 
Pode-se destacar desse trecho, as características principais do bullying: atitudes 
agressivas praticadas de forma intencional e várias vezes contra o mesmo alvo, isso em uma 
relação desigual de poder, onde quem sofre não consegue se defender e com o objetivo 
explícito de causar algum dano. 
Existe Bullying no Jardim de Infância? 
Se analisarmos que para que seja caracterizado o fenômeno bullying é necessário que 
haja um quesito chamado “dolo”; intencionalidade, os autores afirmam que nesta fase, é 
impossível de se falar em dolo por parte das crianças (p. 21). No entanto, é possível sim de 
ocorrerem casos de agressões, isolamentos, já indicando primeiros indícios, mas, não é o 
suficiente para caracterizar o bullying propriamente dito. 
Assédio ou Bullying Sexual 
Os autores fazem uma descrição interessante sobre as características do bullying 
sexual, tais atitudes estão relacionadas a insultos com conotações sexuais, comentários 
depreciativos, rumores, gestos, olhares obscenos, contatos físicos não desejados, e, podendo 
chegar ao molestamento e estupro (p. 22). 
Outras Formas de Bullying 
O bullying não está presente somente no ambiente escolar, este fenômeno pode 
ocorrer também nas relações de trabalho, dentro de casa entre os irmãos, nas organizações 
coorporativas, basta que esteja presente os quesitos já afirmados: Atitudes agressivas (em suas 
diversas formas); intencionalidade (em praticar e em causar dano); ser praticado de forma 
continua ou várias vezes e haver a desigualdade de poder entre agressor e vítima. 
3 
 
Bullying e a Contextualização da Violência no Brasil 
Neste tópico, os autores trazem de uma forma bem resumida, mas não menos 
interessante, aspectos da história da evolução humana, e mostra como essa evolução está 
intimamente ligada à violência. E o objetivo principal desta obra, segundo Gomes e Sanzovo 
(2013, p. 26) é mostra que se haver uma contribuição para a prevenção e combate da violência 
em âmbito escolar, apresentando pesquisa bem formuladas, propostas executáveis, estaremos 
contribuindo para a minimização da violência, uma vez que, uma criança ou adolescente, 
exposto a situações de violência, seja na forma de vítima ou agressor, no futuro terá grandes 
propensões de externar na sociedade essas atitudes também. 
Toda e qualquer pesquisa que se destine à compreensão das práticas agressivas de 
adolescentes e jovens no âmbito escolar deve, necessariamente, ter em consideração 
a violência como um todo, visto que a relação existente entre a violência geral e a 
praticada no âmbito escolar (com ou sem bullying) é bastante forte, estando 
intimamente conectadas (GOMES e SANZOVO, 2013, p. 25). 
Para entender melhor esse tipo especifico de violência, que é o bullying, se faz 
necessário compreender antes a violência em sua forma geral, pois, na maioria dos casos, o 
ambiente externo vem a influenciar o ambiente interno. Dessa forma, o ambiente interno da 
escola, pode vim a ser reflexo da sociedade que a cerca. No entanto, como os autores dizem 
“[...] o fenômeno da violência escolar não tem como causa única o mundo externo (p. 26). ” 
Ou seja, tem uma série de outros fatores que contribuem para a violência se manifestar dentro 
da escola também. 
Além disso, os autores trazem uma contextualização histórica da humanidade, bem 
como, mostram que ela está intimamente ligada à violência, a agressividade. “Dentre os 
entraves civilizatórios, destaca-se o da violência. No decorrer da evolução da humanidade, há 
um liame cultural fático comum entre todos os povos: ‘a cultura da violência’”. (p. 27) 
Apesar disso, a civilização humana não deve estar fadada a conviver com números 
alarmantes de violências, é necessário buscar outras formas de manutenção da vida humana, 
através do diálogo, do bom senso, em linhas gerais, a cultura de não violência, “[...] (isso se 
tornou uma realidade, por exemplo, na cultura da Europa Ocidental, que vem seguindo uma 
trajetória descendente da violência desde o século XVIII)” (p. 30). 
4 
 
Os autores fazem ainda uma comparação entre as estatísticas atuais e as do período 
do holocausto, onde, atualmente, em guerra, sem campos de concentração e extermínio, morre 
mais gente anualmente do que naqueles tempos. 
Nesse contexto, o Brasil, se tomado como base os dados de 2010, teve um total de 
52.260 homicídios, ou seja, um destaque mundial, mesmo que esse título não tenha nada de 
bom, e acaba ocupando a 20ª posição no ranking de pais mais violento. 
De acordo com Gomes e Sanzovo (referencia...) há uma estrita relação entre o baixo 
IDH e a intensificação da violência, uma vez que essa população não tem acesso a um 
desenvolvimento saudável, com acesso a oportunidades favoráveis, tendem a ser mais 
conflituosas e agressivas. Algumas formas de violências primitivas, que em outros países 
desenvolvidos já foram erradicadas, aqui no Brasil ainda estão presentes, como o trabalho 
infantil, trabalho análogo a escravidão, abuso sexual praticados contra crianças e adolescentes 
e etc. (p. 38) 
 
CAPITULO 2 – ORIGEM E PRIMEIROS ESTUDOS 
Neste capitulo, a obra traz a ideia de que a violência em âmbito escolar já existissedesde muito tempo atrás, não sendo algo novo ou recente, justifica-se pela seguinte afirmação 
Se o bullying, de acordo com a concepção mais aceita, tem estreito vínculo com o 
ambiente escolar [...] não há como conceber a ideia de que tal fenômeno seja inédito 
ou recente, visto que, na verdade, sempre existiu. O que é certo, no entanto, é que 
apenas nas últimas décadas tal prática passou a ser estudada sistematicamente. [...] 
Sendo assim, o bullying não é fenômeno novo. Seu estudo cientifico, sim.” 
(GOMES e SANZOVO, 2013, p. 42). 
Ainda segundo Gomes e Sanzovo (p. 42) os primeiros estudos sistematizados sobre o 
bullying, surgiram nos países nórdicos, na década de 70, com Peter-Paul Heinemann 
(1972/1973); o professor e pesquisador de psicologia da Universidade de Bergen, na Noruéga, 
Dan Olweus (1973/1978) e Anatol Pikas, psicólogo, preocupou-se mais com a questão da 
prevenção (1975/1976). 
Nos primeiros estudos de Heinemann, acreditava-se que o bullying se tratava de uma 
agressão em grupo, numa perspectiva reativa, no entanto, estudos posteriores vêm mostrar o 
contrário, o bullying, essencialmente, consiste em uma agressão proativa, com o intuito de 
alcançar algum objetivo. Dentre os objetivos, podemos destacar um, que segundo Ronald 
5 
 
(apud, Gomes e Sanzovo, p. 43) consiste mostrar superioridade em relação a vítima, levando 
o bullying a ser uma questão de poder. 
Apesar dos estudos da década de 70, o bullying só começou a chamar atenção em 
1982, quando foi causa de suicídios de dois adolescentes na Noruega, causando um choque 
naquele país. A partir disso, o Ministério da Educação cria uma campanha nacional contra o 
bullying nas escolas, surge então o Programa de Prevenção de Bullying Olweus, que foi o 
primeiro em todo o mundo (Gomes e Sanzovo, p 43). O programa teve grandes proporções. 
A aplicação inicial do programa avaliou cerca de 84 mil estudantes, 400 professores 
e 1.000 pais de alunos em diversos períodos escolares. Os objetivos centrais da 
pesquisa foram a análise da natureza do bullying (suas possíveis origens), bem como 
seu modo de ocorrência (formas de manifestação, extensão e características) (Ruotti, 
Alves e Cubas, 2006 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 43) 
Como resultado, foi constatado que 1 em cada 7 alunos estava envolvido em 
situações de bullying. 
Durante todos os estudos, constatações importantes foram observadas: 
 Quanto mais aumente a idade do adolescente, mais diminuem as agressões; 
 Quanto menor a idade [...] mais o bullying se pratica pelas formas diretas e 
físicas; quanto mais idade, mais o bullying vai se sofisticando (para formas 
indiretas – não físicas – Cyberbullying etc.) 
 
O Brasil, na visão dos autores, apresenta um atraso histórico de pelo menos 15 anos, 
nos estudos relacionados ao bullying em relação à Europa, tendo sua primeira pesquisa sido 
realizada apenas no ano de 1997, pela professora Marta Canfield, em santa Maria/RS (p. 46). 
E, segundo a afirmação dos autores “A pesquisa mais completa que temos 
conhecimento sobre o tema é a ‘Bullying escolar no Brasil’, desenvolvida sob a orientação da 
pesquisadora e professora Cléo Fante e realizada pela ONG Plan Brasil” (Plan, 2010, apud 
Gomes e Sanzovo, 2013, p. 46) 
 
CAPITULO 3 – BULLYING: UMA VISÃO MULTIDISCIPLINAR 
 
Neste capitulo, os autores trazem a ótica multidisciplinar com que o bullying vem 
sendo tratado, não apenas pesquisadores da área da educação estão envolvidos nessa temática, 
mas também de outras áreas, como da psicologia e jurídica. 
6 
 
No campo da educação, os autores apresentam a historiadora e pedagoga Cléo Fante, 
e, apresentam ainda uma definição importante sobre as consequências do bullying 
“[...] a principal diferença do bullying para os outros tipos de maus-tratos está 
relacionada com as consequências que ele pode causar, como traumas irreparáveis 
ao psiquismo das vítimas, comprometendo sua saúde física e mental, assim como 
seu desenvolvimento socioeducacional” (FANTE, apud GOMES e SANZONO, 
2013, p. 47) 
 
 
Na visão da psicóloga Carolina Lisboa (apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 47) o 
bullying pode ser prejudicial não somente para o ambiente escolar, mas para o meio social 
como um todo, e, cabe aos professores e demais profissionais terem a devida atenção para 
esse problema, buscando sempre metodologias que visem o combate e prevenção. 
Outra abordagem importante que os autores trazem da visão da psicologia, é que 
“[...] se compreendermos o bullying como um processo decorrente da interação entre 
a pessoa e o seu ambiente físico, social e cultural, é possível entender que uma 
criança ou um adolescente inserido neste contexto pode estar agressivo, e não, 
necessariamente, ser agressivo” (Braga, Ebert e Lisboa, 2009 apud Gomes e 
Sanzovo, 2013, p. 47) 
 
Levando em consideração essa afirmação, é perceptível a possibilidade de combater 
e prevenir as situações de bullying e até mesmo a violência entre alunos, uma vez que, os 
envolvidos podem estar apenas “passando” por um momento ou momentos de agressividade, 
não que isso seja sua natureza, mas algo ou algum fator influenciou para que este tomasse tais 
atitudes. 
Antes de abordar o âmbito jurídico, os autores trazem as formas que o bullying 
podem assumir, sendo elas da forma direta e forma indireta: 
“[...] consideram-se atitudes diretas aquelas praticadas ostensivamente contra os 
alvos (“cara a cara”), enquanto as indiretas (“pelas costas”) não exigem a presença 
física dos envolvidos [...] para sua efetivação” (Aramis, 2011, p. 23 e SS. Apud 
Gomes e Sanzovo, 2013, p. 48) 
Agora, ao se tratar do âmbito jurídico, a autora traz uma série de artigos do Código 
Penal brasileiro que configuram atitudes relacionadas ao bullying, como o crime de injuria, 
disposto no artigo 140, o crime de lesão corporal, descrito no artigo 129 e assim por diante. 
Vale ressaltar que adolescente não respondem criminalmente pelos crimes, mas sim por atos 
infracionais análogos aos crimes descritos no Código Penal (p. 53). Os autores discutem ainda 
sobre desnecessidade da criação de uma lei punitiva para os casos de bullying e ressaltam 
ainda que “[...] toda multidisciplinaridade que envolve o fenômeno bullying ensina que ele 
não deve ser considerado ou combatido com a ferramenta penal, mas, sim, com medidas, 
ações e planos preventivos.” (p. 53) ou seja, é pouco provável que aplicações judiciais, nessas 
7 
 
situações que ocorrem dentro dos ambientes escolares, fariam efeitos positivos frente a essa 
problemática. 
O bullying é tratado como uma subcategoria de violência, com suas especificidades, 
indo além de brincadeiras ou simples desentendimentos entre estudantis. Como os autores 
afirmam “O bullying representa um verdadeiro processo maléfico aos envolvidos, podendo, 
inclusive, ser fatal.” (p. 54) 
Finalizando a questão jurídica, os autores ressaltam que valer-se do sistema penal 
para tratar os casos de bullying, deverá ser a ultima ratio, somente em casos extremos, no 
contrário, é dever dos profissionais da instituição desenvolverem mecanismos e formas de 
lidar e solucionar os casos internamente, através do diálogo. 
 
CAPITULO 4 – STAKEHOLDERS: OS ENVOLVIDOS 
Inicialmente, os autores trazem a posição social da escola em relação ao meio em que 
está inserida, considerando-a uma espécie de microssociedade (Machado, 2004 apud Gomes e 
Sanzovo, 2013, p. 58). Qual o sentido dessa afirmação? Significa dizer que a escola e 
sociedade são indissociáveis, uma vez que a escola não faz somente transmitir conteúdos para 
o aluno, ela desempenha também o papel de formadora de alunos em cidadãos, “educando-os 
para a paz”, para o convívio social. 
“Sob esse aspecto, verifica-se que o período acadêmico é contextualizado justamente 
nos moldes e padrões ditados pela comunidade que o integra. Sendo assim, condutas 
e hábitos praticados no meio social e no cotidiano do aluno serão consequentementereproduzidos na escola e vice-versa” (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 58) 
Logo, se uma criança ou adolescente apresenta condutas agressivas ou estão 
constantemente exposta a tais condutas no seio familiar e/ou no meio social em que vive, há 
alta probabilidade de refletir essas mesmas condutas no ambiente escolar. 
Ressaltam ainda, que o bullying não está relacionado somente ao agressor e vitima, 
diz respeito a todos os envolvidos direta e indiretamente. (Aramis, 2011, p. 36 e SS. Apud 
Gomes e Sanzovo, 2013, p. 58). 
 
 
8 
 
Os Protagonistas e a Relação Desigual de Poder 
Os autores trazem dados sobre a pesquisa realizada pela Plan Brasil, novamente 
evidenciando que o bullying não se trata de meros maus-tratos. Na pesquisa, 28% dos alunos 
revelaram terem sofrido algum tipo de maus-tratos ao menos uma vez no ano, enquanto 
aproximadamente 10% afirmaram ter sofrido três ou mais vezes durante o ano (Plan, 2010 
apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 58). Para fins de constatação do fenômeno bullying, essa 
repetição já é uma tendência, no entanto, não é somente esse fator que será determinante para 
a constatação plena do bullying. É necessário ainda que “[...] além das praticas repetitivas, 
sistemáticas, dolorosas e intencionais [...] é fundamental que as ações do agressor sejam 
dirigidas contra alguém notoriamente mais vulnerável, caracterizando um desequilíbrio de 
força [...] entre os stakeholders” (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 59) essa desigualdade de poder 
está relacionada às diferenças físicas, sociais e/ou emocionais. 
No decorrer das páginas 60, 61, 62 e 63, os autores trazem algumas tabelas com 
resultados da pesquisa realizada pela Plan Brasil. 
Mas, não “passando” literalmente essas páginas, se pode destacar uma interpretação 
feitas pelos autores acerca dos resultados da pesquisa “É natural que, para as vítimas, seja 
mais difícil assumir as agressões físicas, uma vez que configuram por si só um 
constrangimento (uma revelação de inferioridade [...]. ” (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 62) que é 
justamente difícil para uma criança se declarar inferior a outra, independentemente da 
situação. 
“O bullying escolar não é um problema de um ou outro país, ou seja, é um fenômeno 
mundial, responsável pela vitimização de uma a cada dez crianças e adolescentes por 
ano em todo planeta. Também não se escolhe classe social [...] e está presente tanto 
em escolar públicas como em particulares” (Pesquisa Internacional do Bullying 
OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OECD, 
2009 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 65) 
Levando em consideração esses dados e informações trazidas pelos autores, é notável 
que nenhuma escola está livre da ocorrência de bullying, pode até ser que não ocorre em 
escola X ou Y, no entanto, todas, em escala mundial, estão propensas a apresentarem os 
casos. 
Participam em ocorrências de bullying, tanto meninos quanto meninas, no entanto, 
há diferenças nas formas em que se envolvem. “Enquanto eles se valem de manifestações 
explicitas, com agressões físicas e verbais, elas optam preferencialmente pelas formas 
9 
 
indiretas [...] de exclusão, desprezo, isolamento e indiferença com as vítimas. ” (Gomes e 
Sanzovo, 2013, p. 67). 
Outro ponto importante que deve ser observado também, é a faixa etária e série/ano 
em que a incidência está mais presente, os autores afirmam que, levando em consideração a 
pesquisa realizada pela OECD (2009), a incidência é maior entre alunos da quinta e sexta 
séries (equivalentes aos 6º e 7º anos no Brasil), concentrando-se com maior frequência na 
faixa etária de 11 a 15 anos (p. 69). E mais especificamente falando, os agressores se 
concentram na faixa etária de 12 a 14 anos. 
Análise dos Bullies (Agressores) 
Os autores afirmam a necessidade de compreender a essência da natureza dos 
agressores, pois, são esses o desencadeares principais para a ocorrência do fenômeno (p. 72). 
Segundo Olweus (1978 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 72) os agressores podem ser 
divididos em três categorias, que são 1) bully agressivo, 2) bully passivo e o 3) bully vítima. 
1) Os bullies agressivos são aqueles que desferem agressões contra as vítimas, 
aquele que, de certa forma, exerce um “comando” sob os demais, têm 
características que emanam superioridade, tais como: fisicamente mais fortes, 
dominadores, coercitivos, habilidosos e etc. (p. 72) no geral, não são más 
características, no entanto, as formas que elas são empregadas, especialmente 
quando se trata do bullying, é que as torna más; 
2) Os bullies passivos são aqueles que não estão no topo da popularidade, ás vezes 
podem até apresentar características de timidez e insegurança, no entanto, 
também participam nas ações, geralmente acompanham ou são mandados pelos 
bullies agressores, participando diretamente ou de forma indireta, apoiando e/ou 
rindo das ações; 
3) Por último, os chamados bullies vítimas, por que essa nomenclatura? Pelo fato de 
se tratar de indivíduos que já sofreram bullying, e apenas inverteram o papel, 
tornam-se os agressores agora. Essa última desperta uma preocupação no que diz 
respeito às consequências do bullying: a reprodução da violência. 
(p. 72/72) 
10 
 
Falando de uma forma geral, violência gera violência, ocasionando um ciclo vicioso 
que se não for identificado e desfeito, permeará o ambiente escolar causando sérias 
consequências negativas. 
Análise das Vítimas 
Observando todos os lados envolvidos, se faz necessária também observar as vítimas, 
suas características. Segundo Fante e Pedra (2008, p. 59 e ss. Apud Gomes e Sanzovo, 2013, 
p. 75) a vulnerabilidade das vítimas estão relacionadas à sua fragilidade, insegurança, timidez, 
pouca habilidade, passividade frente aos ataques. São quase sempre “rotuladas”, impopulares, 
insociáveis, e uma gama de outras características que não justificam as agressões sofridas (p. 
75). 
Da mesma forma que os bullies (agressores), Olweus (1978 apud Gomes e Sanzovo, 
2013, p. 75) classifica as vítimas em três classes, são elas: 1) Vítimas Passivas; 2) Vítimas 
provocadoras e 3) bullies vítimas. Os bullies vítimas já foram explicados anteriormente, agora 
o que diferencia as vítimas passivas das vítimas provocadores, é basicamente a reação frente 
as situações que podem desencadear o fenômeno do bullying “Vítimas passivas dificilmente 
se defendem, revidam ou dispõem de meios [...] capazes de cessar os comportamentos 
agressivos a elas dirigidos” (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 75). Analisando ainda os resultados 
da pesquisa realizada pela Plan Brasil, os autores fazem outra afirmação no sentido da reação 
das vítimas perante as agressões “A pesquisa aponta que em apenas 5,0% dos casos há o 
revide por parte do agredido. Na maioria das vezes (cerca de 14% dos casos), a vítima 
simplesmente se cala, sofre em silencio a agressão ou humilhação recebida [...]” (p. 70/77). A 
pesquisa aponta ainda uma porcentagem baixíssima de alunos que recorrem aos professores 
ou aos diretores para comunicar as agressões, muitas vezes pela falta de informação, ou pelo 
medo de sofrer novas agressões. Claro, há casos em que a vítima reage, no entanto, é uma 
reação de mesma forma violenta, causada pelo “impulso”, e que não deve ser encorajada e 
nem ser uma forma de resolver essa problemática. 
Os Direta ou Indiretamente Envolvidos (espectadores, testemunhas e 
observadores) 
Os casos de bullying não são compostos apenas por vítima e agressor, é certo que 
esses são os principais “personagens”, no entanto, há de se levar em consideração ainda, 
outros envolvidos diretamente ou indiretamente. Segundo os autores: 
11 
 
“Os indiretamente envolvidos (também classificados como testemunhas, 
observadores ou espectadores) são representados por todos que presenciam ou 
convivem com a violência escolar, isto é, são os alunos, funcionários, professores, 
pais, famílias e demais colegas dos protagonistas.” (Gomes e Sanzovo. 2013, p.79) 
Daí, podemos perceber a amplitude que o bullying pode tomar, não ficando restrito 
apenas à vítima e o agressor, envolve muito mais pessoas, chegando a afetar a comunidade 
escolar como um todo. Indiretamente falando, pelo menos 70% dos alunos que participaram 
da pesquisa realizada pela Plan Brasil presenciarem algum colega sendo agredido ao menos 
uma vez no ano de 2009, outros 20% disseram presenciar cenas de violência constantemente 
no ambiente escolar. 
Segundo o estudo da Plan (2010, apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 80) os professores 
e outros funcionários da escolar acreditam que o problema das agressões é proveniente de 
fatores externos à escola, são causados por questões de má criação por parte da família, ou por 
influência da sociedade geral. Dessa forma, que apoio estará sendo dado para a medidas de 
combate e prevenção desta problemática, sendo que mesmo os responsáveis pelo ensino e 
pela instituição, se eximem da responsabilidade, dissociando a relação Escola-Familia em prol 
do aluno? 
Uma Abordagem do Programa KiVa 
Finlandês, o Programa KiVa (Kiusaamista Vastaan, que quer dizer “contra o 
bullying”) é voltado à prevenção do bullying na Finlândia. Em suas principais características, 
estão a questão da utilização da internet, jogos contra o bullying, orientação aos espectadores 
de tomarem posicionamento favorável às vítimas, dando apoio a elas (Salmivalli e Peets, 
2010, p. 95 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 84). Ou seja, o programa é voltado para o todo, 
busca envolver não somente as vítimas e agressores, mas também aqueles que presenciam, e 
estes podem ter papel fundamental no combate e prevenção deste fenômeno, uma vez que se 
as atitudes do agressor forem desencorajadas ou perderem o apoio, tendem a diminuir e 
cessarem. 
 Dentre outras constatações feitas por Salmivalli e Peets (2010, p. 81 e ss. apud 
Gomes e Sanzovo, 2013, p. 82) podemos destacar as seguintes: 
a) “não se pode estudar e intervir no fenômeno do bullying ignorando o seu 
contexto social e grupal” (Salmivalli e Peets, 2010, p. 81 apud Gomes e Sanzovo, 
2013, p. 82) ou seja, se faz necessário observar todos os envolvidos direta ou 
12 
 
indiretamente, não eximindo o agressor da culpa, mas também, não focando 
somente nesse personagem. 
c) “a eficácia para o desenrolar da agressão não depende apenas das características 
do agressor, mas, sobretudo, dos aspectos [...] da vítima” (Salmivalli e Peets, 
2010, p. 83 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 82). 
e) “o agressor deseja receber destaque dentro do grupo, visto que o domínio é 
valorado positivamente [...] portanto, atua em busca de prestigio social” 
(Salmivalli e Peets, 2010, p. 85 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 83). Sendo 
assim, ao desencorajar essas atitudes, e deixar de dar esses créditos positivos ao 
agressor, se espera que suas atitudes sejam mudadas também, visto que, com a 
relação de poder, ele já não irá ganhar o prestigio almejado. 
g) “ainda que a maioria dos espectadores não concorde com o bullying, raras vezes 
apóia as vítimas ou faz intervenção nas práticas agressivas [...].” (Salmivalli e 
Peets, 2010, p. 87 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 83) os que presenciam as 
agressões, muitas vezes não tem poder suficiente para intervir de forma direta, e a 
instituição não possui de mecanismos que visem facilitar esse contato para ajudar 
as vítimas. 
j) “a prevenção do bullying, portanto, requer tanto atitudes e ações concretas 
individuais como universais (grupais) [...]” (Salmivalli e Peets, 2010, p. 91 apud 
Gomes e Sanzovo, 2013, p. 83/84) portanto, se faz necessária a devida atenção 
não somente aos agressores e vítimas, mas também aos espectadores, pois eles 
poderão ter uma valorosa participação na questão do combate, tanto apoiando as 
vítimas quanto comunicando os ocorridos a um superior na instituição. 
 
CAPITULO 5 – APARENTES E POSSIVEIS CAUSAS DO FENÔMENO 
Neste capitulo, os autores vêm mostrar algumas possíveis causas que podem 
desencadear a ocorrência do fenômeno dentro do ambiente escolar, no entanto, deixam claro 
que “Não é possível enumerar taxativamente os fatores influenciadores do bullying, tendo em 
vista que os comportamentos adotados pelos estudantes variam de acordo com a circunstância 
ou momento de cada situação vivenciada” (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 85) ou seja, não é 
13 
 
apenas um, o motivo determinante para que uma criança comece a adotar atitudes agressivas 
para com os demais colegas, mas sim uma série de fatores, que podem ser isolados ou juntos. 
Um dos fatores expostos pelos autores, é a questão individual, mais precisamente 
ligadas aos fatores biológicos de cada ser humano, ou seja, como explicado no início do livro, 
o ser humano nasce com tendência à violência, e a qualquer momento pode exteriorizar tal 
tendência, mas vale ressaltar que somente esse ou outro fator, analisado isoladamente, não é o 
suficiente para diagnosticar a possível causa de uma criança passar a adotar as atitudes 
violentas contra outro colega (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 87). 
Outro agente que pode influenciar, é a questão do fator externo, do meio social. 
Gomes e Sanzovo (2013, p. 87) dizem que “É inadmissível estudar as motivações 
desencadeadoras do bullying sob uma única ótica [...] uma vez que os envolvidos [...] não se 
restringem meramente à vítima e ao agressor (bully), mas abrangem todos os componentes da 
comunidade escolar [...]” ou seja, não são somente fatores de dentro da escolar que 
influenciam para a ocorrência do fenômeno, mas também, todos aqueles envolvidos direta e 
indiretamente, inclusive, de fora da escola (Aramis, 2011, p. 36 apud Gomes e Sanzovo, 
2013). 
Ainda no que diz respeito ás influencias externas, exemplifica-se o convívio familiar 
onde está presente a violência doméstica, falta de autoridade dos pais, encorajamento da 
violência, omissão dos pais mesmo com os relatos dos filhos, a falta de informação acerca 
deste fenômeno e etc. se toma como exemplo ainda, os fatores comunitários, que está muito 
relacionado aos níveis de criminalidade da local que o cerca (p. 88-94). 
Os autores mostram ainda a omissão dos professores frente ao fenômeno bullying, 
que pode tomar esse posicionamento, justamente pelo desconhecimento das características do 
bullying ou por não saberem lidar frente a tais situações, achando que são brincadeiras e que 
os alunos podem lidar sozinhos com este problema (Aramis, 2011, p. 45 apud Gomes e 
sanzovo, 2013, p. 95). Isso pode ser uma justificativa para os 14% dos alunos que disseram 
que não procuraram ninguém para comunicar o ocorrido, justamente pela certeza de que não 
irão fazer nada. 
Outro ponto importante de ser posto, é a questão midiática. 
 
14 
 
“Detentora de um caráter imperioso e dominador, produz e reproduz produtos que 
atraem e seduzem o receptador; matérias que afloram seus sentimentos e o 
introduzem no contexto fictício; estabelecem normas, determinando o que é 
politicamente correto e aceitável no contexto social.” (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 
100). 
Ou seja, as crianças e adolescentes estão expostas constantemente a todo e qualquer 
tipo de conteúdo veiculado não somente pelas TVs, mas também por outros meios de 
comunicação e hoje, principalmente pelos conteúdo online, que se não forem bem fiscalizados 
e acompanhados pelos responsáveis, podem impulsionar essas crianças e adolescentes a terem 
acesso a conteúdos impróprios, dente eles, os relacionados à violência. 
 
A Violência Escolar (bullying) e seu Contexto 
Como já dito antes, é impossível analisar a violência escolar, e consequentemente o 
fenômeno bullying sem levar em consideração “o todo” que envolve o ambiente escolar. 
Dessa forma, os autores fazem a seguinte afirmação 
A escola, que é o locus mais frequente do bullying, não vive isolada da comunidade, 
mas convive, naturalmente, com as circunstancias sociais e econômicas do bairro e 
da cidade que a compõem. Assim, considerandoque a violência dentro das escolas 
não é gerada exclusivamente por fatores externos, é relevante entender a dinâmica 
diária de cada escola: como a violência estudantil é administrada, o relacionamento 
dos professores com os alunos, o dialogo dos pais com a escola, o trabalho em 
equipe etc. todo este conjunto possibilita compreender as razoes (as causas) da 
violência escolar. (Gomes e sanzovo, 2013, p. 108). 
Tendo como base o trabalho desenvolvido por Debarbieux e Blaya (2010, p. 355 e 
ss.) os autores extraem algumas colocações importantes: 
 “Que os programas de estudo e prevenção da violência escolar devem estar 
coligados aos seus contextos externos e também internos” (Gottfredson e Hansen, 
1985 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 109); 
 “Que a pobreza constitui fator muito relevante (por que pode ensejar a 
concorrência de vários fatores de risco), mas ela também não é a única 
determinante da violência escolar” (Fortin, 2003 apud Gomes e Sanzovo, 2013, 
p. 109); 
 “Quanto maior o apoio dos espectadores, menos a violência acontece (em geral 
as vítimas estão isoladas e não contam com a proteção grupal) ” (jefrrey e Sun, 
2006 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 110); 
 “A polícia pode desempenhar papel relevante na prevenção da violência escolar, 
porém não com sentido repressivo, e sim com fortalecimento do vínculo de 
proximidade [...]” (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 110). 
15 
 
Neste capitulo, de uma forma geral, os autores buscaram mostrar os diversos fatores 
que podem ser responsáveis por desencadearem as atitudes violentas por parte dos alunos, no 
entanto, sempre se deixou claro que utilizar de uma apenas, sem levar em consideração “um 
todo” é completamente equivocado. 
 
CAPITULO 6 – BULLYING: QUEBRANDO MITOS, CONSTRUINDO VERDADES 
Analisando este capitulo, considerei de suma importância, uma vez que o sentido de 
bullying foi de certa forma “banalizado”, seu conceito foi totalmente deturpado e utilizado de 
forma equivocada, errônea e infeliz. Não são casos isolados, mas muitos casos vistos na TV, 
internet e até materiais distribuídos para instituições. Desta forma, como afirmam os autores 
“Diante do completo desconhecimento (que muita gente demonstra) do seu conceito e da sua 
importância, o bullying [...] é confundido com meras brincadeiras [...] e ‘normal’ ao 
crescimento de uma criança ou adolescente.” (p. 111) 
Utilizando de minhas experiências vividas, de relatos me enviados por meio vitual e 
do que venho observando nas mídias, redes sociais e etc. é possível constatar que o real 
conceito de bullying está longe de ser conhecido em sua plenitude por muitos. Mostram-se a 
violência, agressões, causos, no entanto, não buscam caracterizar, segundo os quesitos 
necessários para a configuração do fenômeno bullying, simplesmente dizem que é, e as 
pessoas criam a mentalidade do “nada mais pode na escola”, “todo apelido agora é bullying”, 
ou, como ouvi numa palestra na universidade “as crianças de hoje em dia estão cada vez mais 
‘milindrosas’ por causa desse negócio de bullying”. 
Uma das referências nacionais nesse assunto, a educadora e pesquisadora Cléo Fante, 
faz um levantamento em relação a isso no ano de 2011, e apresenta os seguintes resultados: 
A deturpação do conceito é generalizada. De acordo com a pesquisa, foram 
analisadas as 1.028 matérias divulgadas na internet e passiveis de localização pelo 
canal de busca ‘Google’ do Brasil com o nome bullying, e a conclusão apurada foi 
que 60% delas não representavam, realmente, casos de bullying” (Fante, 2012 apud 
Gomes e Sanzovo, 2013, p. 112) 
Ou seja, falando a “grosso modo”, 6 de cada 10 publicações de “casos de bullying”, 
não se tratavam realmente de bullying. Isso não quer dizer que as outras agressões são 
desvalorizadas e não merecem a devida atenção também, mas que, o bullying em si, é que 
acaba sendo “desvalorizado” e seu significado fica longe do que realmente é, levando a 
população a utilizá-lo de forma banal, justamente pela falta de informação. Os autores 
reiteram ainda, que o termo “bullying”, “bullinado (a)” acaba servindo de escárnio, como no 
quadro “Janete e Vitória” exibido pela Rede Globo, o quadro “Super Bullying” do “Agora é 
Tarde” da Band. 
16 
 
Como dito antes, o bullying é um tipo de violência especifico, que possui 
características complexas e necessitam de uma analisa profundo para afirmar se está presente 
ou não naquele contexto mostrado, “[...] a ausência de esclarecimento associada à deturpação 
do significado do fenômeno, acarreta a falsa impressão de todos já tenham sido vítimas de 
bullying no contexto estudantil.” (Gomes e Sanzovo, 2013, p.115). E, as consequências 
negativas dessa banalização, é justamente a “vista grossa” que a comunidade em geral faz 
frente a possíveis casos, ou, a tentativas de aplicação de projeto de intervenção. 
Os autores finalizam com a seguinte afirmação: 
“Conclusão: o fenômeno bullying, analisado no âmbito escolar, caracteriza-se como 
uma subcategoria de violência bem especifica, abrangendo muito mais do que 
desentendimentos cotidianos escolares e problemas estudantis, um verdadeiro 
processo maléfico às vítimas nele inseridas, podendo inclusive, ser fatal.” (Gomes e 
Sanzovo, 2013, p. 117). 
Bullying: um fenômeno antigo 
Gomes e Sanzovo (2013, p. 118) trazem outro mito criado em volta do bullying, de 
que é algo novo, mais uma invenção do século XXI, tal qual a depressão, a ansiedade. Mas, os 
estudos acerca do bullying tiveram início nos anos 70, sendo um dos precursores o professor e 
pesquisador de psicologia da Universidade de Bergen, Noruega, Dan Olweus. E isso, é o 
início dos estudos sistematizados para diagnosticar a presença e forma de ocorrência do 
fenômeno bullying, no entanto, como os autores afirmam “as raízes da violência escolar estão 
relacionadas com o proprio surgimento da escola”, ou seja, remontando as épocas da Grécia 
Antiga, ou, ao século XII, como o surgimento das primeiras escolas estruturadas nos moldes 
que temos atualmente. (p. 118). 
Bullying: um fenômeno mundial 
O bullying não natural de um ou outro país, está presente em todo e qualquer lugar. 
Os autores trazem os resultados de uma pesquisa realizada pela OCDE (Organização para 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), cujo os principais apontamentos que podem ser 
destacados, são os seguintes: 
 Uma em cada dez crianças em todo o planeta é vítima de bullying por ano; 
 A ocorrência do bullying não está relacionada a classe social, está presente em 
escolas particulares e públicas; 
 Há uma diferença pequena entre o gênero de quem sofre bullying, 12,1% de 
meninos e 9,8% de meninas já sofreram com tais práticas; 
 A Turquia é o país com maior número de vítimas de bullying, onde 28,7% dos 
alunos disseram sofrer bullying; 
 A Grécia é o país com maior índice de agressores (bullies), 28.3% assumiram 
praticar agressões no ambiente escolar. 
(OECD, 2009 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 119) 
17 
 
Em âmbito nacional, na pesquisa realizada pela Plan Brasil em 2010, indica que o 
Brasil está na média mundial em relação à presença do bullying que é de 10%. No entanto, os 
autores ressaltam que as pesquisas ainda são escassas no Brasil, o que vem justificar a má 
interpretação acerca do assunto. 
Encerrando este capitulo, os autores resumem mostrando a importância das 
pesquisas, estudos e veiculação da correta definição do bullying, para que as más 
interpretações sejam exterminadas de nossa sociedade, e pra que comecemos a abrir os olhos 
para esta problemática. 
“Para desmitificar esta realidade, é imprescindível ‘construir ou buscar verdades 
(mediante pesquisas e estudo sobre o tema no âmbito nacional), disseminando o 
correto significado do fenômeno [...]. Afinal, quebrar mitos é, antes de mais nada, 
esclarecer a verdadeira identidade do bullying, de modo que este tipo especifico de 
violencia escolar não seja relativizado como algo simples ou banal” (Gomese 
Sanzovo, 2013, p. 122) 
 
CAPITULO 7 – CYBERBULLING E A VIOLÊNCIA ESCOLAR 
A sociedade tende a evoluir, bem como as ciências e tecnologias. Presenciamos um 
século marcado por grandes avanços tecnológicos e, dentre eles, destaquemos os meios de 
comunicação em massa, os meios virtuais. Vidal Herrero-Vior e Molina (2011, apud Gomes e 
Sanzovo, 2013, p. 47) chama de a geração interativa e digital, com formas de se comunicar 
e de transmitir mensagens cada vez mais rápidos e abrangentes com o acesso à internet. 
Tais mudanças apresentam pontos positivos, bem como, pontos negativos. Como 
afirma Gomes e Sanzovo (2013) esse avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação 
(TICs), acabou por proporcionar também uma nova forma de se praticar bullying, não 
dependendo da relação pessoal direta, presente. Agora é possível acessar diretamente dos 
smartphones, tablets, computadores, há uma gama de ferramentas disponíveis para tais ações 
(e-mails, whatsapp, Facebook, são os principais exemplos). Esses recursos e ferramentas, se 
utilizados de forma correta, trazem benefícios ao aprendizado e conhecimento do estudante, 
no entanto, podem ser utilizados também para praticar más feitorias contra colegas. 
O uso indevido dos TICs recebeu a nomenclatura de Cyberbullying (Belsey, 2012 
apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 129) e esse tipo especifico de se praticar bullying começou a 
ser estudado a partir do ano 2000 por Finkelhor, Mitchell e Wolak (Mora-Merchán, Ortega, 
Calmestra e Smith, 2010, p. 190 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 129). A única coisa que 
difere do bullying tradicional já mencionado, é a forma com que ocorre, nesses casos, 
ocorrem de forma eletrônica. 
18 
 
O Cyberbullying tem uma série de agravantes, uma vez que a internet é praticamente 
um infinito de informações, basta se conectar e navegar. Dessa forma, acaba ganhando 
algumas características bem peculiares, como bem elucidam os autores: 
As principais características da violência cyberespacial são: (a) as vítimas não 
possuem nenhum lugar seguro para evitar as agressões, visto que podem ser 
atacadas a qualquer hora, em qualquer lugar; (b) potencialização dos espectadores 
[...]; (c) incremento da intensidade das ofensas; e (d) possível anonimato do 
agressor. (Mora-Merchán, Ortega, Calmaestra e Smith, 2010, p. 194 apud Gomes e 
Sanzovo, 2013, p. 130) 
 
Ou seja, você pode ser atacado a qualquer momento, em qualquer dia, basta eu haja a 
conexão de internet, que nos dias atuais, é quase impossível ela não estar presente; as redes 
sociais estão repletas de usuários, e as informações são compartilhadas muito rapidamente, 
potencializando a abrangência das atitudes; dificilmente se consegue identificar o autor (a) ou, 
conseguir provar sua autoria. 
Ainda tomando como base a pesquisa realizada pela Plan Brasil em 2009, os 
resultados apontam que no Brasil aproximadamente 17% dos alunos relatam terem sofrido 
maus-tratos pela internet, e potencializando-se na faixa etária de 12 a 14 anos, onde os índices 
se mostram mais elevados (Plan, 2009 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 134/135). 
Há várias formas de prevenção da incidência do cyberbullying, tal qual, o bullying. 
Escola e família são os principais responsáveis nessas ações de prevenção, repassando 
informações e ensinamentos aos filhos. 
 
CAPITULO 8 – CONSEQUÊNCIAS: DOS DANOS FÍSICOS E MENTAIS À 
LETALIDADE DOS ENVOLVIDOS 
Visando desmitificar a imagem de que o bullying não passa de brincadeira de 
criança, Gomes e Sanzovo (2013) afirmam que se faz necessário mostrar de forma enfática as 
consequências negativas provenientes de tais práticas e, que todos os envolvidos são 
prejudicados de alguma forma. As vítimas, no geral, são as que mais carregam o fardo das 
consequências, gerando danos físicos e psicológicos e, como afirmam Fante e Pedra (2008) 
dependendo da estrutura psicológica da vítima, podem desenvolver diversas patologias e 
sentimentos, dentre, pode-se destacar a ansiedade, raiva, sensação de impotência, depressão, 
19 
 
fobia escolar entre outros. Além das consequências psíquicas, pode acarretar algumas 
patologias físicas também, como afirmam os autores “[...] (principalmente no momento que 
antecede a ida à escola): dores de cabeça, diarreias, náuseas, tonturas, febre, tensões 
musculares, excesso de sono ou insônia, alteração no apetite e etc.” (Gomes e Sanzovo, 2013, 
p. 139). E, ainda segundo Fante e Pedra (2008) podem surgir sintomas psicossomáticos, ou 
seja, desenvolvidos pelo desgaste e/ou estresse psíquico, como a bulimia, anorexia, gastrite, 
dentre outros. 
No que diz respeito ao processo de ensino aprendizagem, os envolvidos 
(principalmente as vítimas), estão propícios ao baixo desenvolvimento escolar, pois, como 
afirmam Fante e Pedra (2008 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 139), o aluno que está exposto 
a constantes situações vexatórias, em uma situação hipotética de sala de aula, onde se 
encontra com dúvidas, jamais sentirá firmeza em perguntar, pois sempre estará esperando 
retaliações, “zoações”, acaba ficando mais reservado, introspectivo. Dessa forma, a vítima 
acaba por não ter vontade mais de frequentar a escolar, ocasionando assim a evasão escolar. 
Outra consequência afirmada pelos autores, é o desenvolvimento da chamada 
vergonha tóxica, que vai além de sentir vergonha de perguntar algo, de se relacionar, leva a 
pessoa a acreditar que é absolutamente inútil, um ser desprezível (Beane, 2010 apud Gomes e 
Sanzovo, 2013, p. 141). Ainda na opinião de Beane (2010 apud Gomes e Sanzovo, 2013) A 
partir disso, a vítima está propensa a duas “saídas” possíveis como estratégias para aliviar o 
sofrimento causado: primeiro, de forma racional, busca ajuda de algum adulto ou pessoa que 
possa lhe ajudar a solucionar este problema; segundo, de forma irracional, busca mecanismo 
de vingança, como atentar contra outros (temos vários exemplos veiculados pela mídia de 
atentados de alunos ou ex-alunos que foram vítimas de bullying) ou, a automutilação e, o 
extremo, suicídio, também derivados dos danos psíquicos causados pela vitimização. 
“Assim, os efeitos deste fenômeno vão além dos problemas de rendimento escolar e 
dos devastadores e catastróficos casos de automutilação de crianças e adolescentes: as 
consequências do bullying podem ser fatais (bullycídio). ” (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 151). 
“Assim [...] é possível verificar que perversidade do fenômeno recairá sobre a 
própria sociedade, em forma de criminalidade.” (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 153). 
20 
 
Vale ressaltar ainda, que a instituição também pode responder judicialmente em 
casos verificados de omissão, ou de não estar cumprindo com seu dever de preservar a 
integridade física e moral do aluno. 
 
CAPITULO 9 – PREVENÇÃO E COMBATE AO BULLYING 
Os autores iniciam mostrando os dois meios que pode ser utilizados para a prevenção 
e combate do bullying: a formal, utilizando dos aparatos do Estado e o informal, utilizando 
medidas comunitárias e assistencialistas adotadas pela própria instituição internamente. Logo, 
os autores afirmam que adotar medidas de controle social formal, ou seja, meios jurídicos e 
policiais, é totalmente sem sentido e ineficaz (salvos casos de ultima rátio), uma vez que tais 
medidas não surtiriam efeito na raiz da problemática, e somente naquele caso em especifico, 
dessa forma, o mais adequado seria adotar medidas de controle social informal, pautada no 
combate e prevenção do fenômeno que está sendo estudado (p. 158). 
“[...] a criminalização do bullying não atingirá as causas desencadeadoras do evento 
agressivo, mas tão somente suas consequências, logo não evitará o fenômeno futuro.” (Gomes 
e Sanzovo, 2013, p. 160) 
Seguindo no campo jurídico, os autores trazem alguns apontamentos no que diz 
respeito à criação de leis sobre o assunto, dentre as quais, podemos destacar as seguintes 
afirmações: 
“De acordo com pesquisa realizada pela psicóloga e advogadaLidia Pereira 
Gallindo, entre 2008 e 2011, 61 leis foram criadas no país, versando sobre o assunto bullying 
[...].” (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 161). O resultado dessas analises são apresentados em 
gráficos, destaque que das 61 leis, 57 eram municipais e apenas 4 estaduais; com 18 leis em 
Santa Catarina e 15 em São Paulo, as regiões sul e sudeste são as que mais apresentam leis 
sobre o assunto; 47 leis são relacionadas ao combate, 34 à prevenção, 30 à conscientização, 
19 ao diagnostico docente e pedagógico e 5 relacionada à diagnose. Gomes e Sanzovo (2013) 
afirmam que analisando a distribuição do foco das leis criadas, fica evidente que a 
preocupação não está relacionada às causas ou ao que desencadeia o fenômeno, mas sim nas 
suas consequências, depois que tudo já está perpetuado. 
21 
 
[...] o tratamento do bullying demanda, prioritariamente, ações e programas 
preventivos (chamados de antibullying) desenvolvidos e direcionados 
especificamente para cada estabelecimento de ensino, atendendo às particularidades 
de sua comunidade escolar (ou seja, todos os envolvidos direta ou indiretamente no 
fenômeno). (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 163) 
 
ANÁLISE DE ALGUNS PROGRAMAS ANTIBULLYING PELO MUNDO 
ABC – Anti-Bullying Center: Avoid aggression, Be tolerant and Care for others (Centro 
anti-bullying: evite a agressão, seja tolerante e cuide dos outros) 
Foi dirigido por O´Moore, foi dividido em três fases: (a) formação de uma rede de 
instrutores; (b) formação dos docentes pelos instrutores; e (c) aplicação do programa ABC nas 
escola (Gomes e Sanzovo, 2013, p. 164) 
Dentre as principais características do programa, O´Moore (2010 apud Gomes e 
Sanzovo, 2013) aponta que é preciso fazer uma investigação completa sobre as 
particularidades de cada escolar; anonimato de quem denuncia os casos; integração do 
programa junto as políticas internas da escola; trabalhar na base da conscientização e não da 
punição; abordar a temática bullying e forma transversal nas disciplinas; apresentação da 
temática para os familiares dos alunos. 
Após a aplicação do programa, foram constatadas reduções nos indicies de 
ocorrência de bullying em todos os níveis, não foi o máximo que o programa esperava, mas 
foi considerável sua eficácia. Além disso, foram produzidos inúmeros vídeos sobre o tema e 
distribuídos nas escolas do país 
BULLY FREE® PROGRAM 
Programa norte americano, desenvolvido por Allan L. Beane, assim como o anterior, 
age no sentido da prevenção e visa envolver também a comunidade escolar em suas ações 
preventivas e informativas. As principais características do programa consistem no 
esclarecimento da não tolerância do bullying; estabelecer regras contra o bullying; criar um 
ambiente de aceitação e pertencimento aos alunos, para que estes estejam sempre conectados 
com a escola, buscando prevenir praticas de violências; incluir os alunos espectadores na 
prevenção e interrupção do bullying. (Bully Free Program, 2012 apud Gomes e Sanzovo, 
2013, p. 167) 
22 
 
O programa também apresentou índices positivos, tanto na opinião dos alunos, como 
nas avaliações estatísticas. 
OLWEUS BULLYING PREVENTION PROGRAM 
Esse foi o primeiro programa de intervenção e prevenção ao bullying, desenvolvido 
por Dan Olweus na Noruega. Inicialmente contou com a participação de 540 professores 
(Ruotti, Alves e Cubas, 2006 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 168), os autores afirmam ainda 
que “para que o projeto de intervenção possa ser colocado em prática, é primordial que haja 
conscientização de toda a comunidade escolar de que o bullying deve ser eliminado do âmbito 
estudantil” justamente para garantir a participação “do todo” que envolve a escola. 
Dentre as características do programa, é importante destacar as exigências quanto ao 
ambiente da instituição, cita-se mudanças no pátio da escolar, criando um espaço mais 
interativo, com jogos e brincadeiras ao alcance dos alunos; maior supervisão nos horários de 
intervalos; disponibilização de um telefone para aqueles que queiram fazer denúncias ou tirar 
dúvidas; reunião com os pais ou responsáveis dos envolvidos em situações de bullying; não 
somente repreender a agressão, mas também agir direta e incisivamente na prevenção; criação 
de regras dentro das salas de aulas, com a participação dos alunos nas decisões; apoiar as 
medidas de não violência e respeito mútuo; trabalhar com filmes, encenações e outros meios 
para melhor dinamizar as discussões sobre o bullying. (Ruotti, Alves e Cuba apud Gomes e 
Sanzovo, 2013, p. 170/171) 
Outros apontamentos importantes de serem citados, é a ideia que o programa adota 
de gratificações e sanções aos envolvidos; renovação periódica do “contrato” visando adequar 
os métodos utilizados; incentivar as vítimas a desenvolver seus potenciais criativos, 
principalmente em atividades extra curriculares; e finalmente, os autores vêm mostrar que “a 
transferência de um aluno para outra sala ou escola deve ser considerada como última opção. 
‘A meta do projeto de intervenção é sempre a de mudar comportamentos’”. (Ruotti, 
Alves e Cubas, 2006 apud Gomes e Sanzovo, 2013, p. 171). 
Foi constatada uma eficácia na redução em 50% dos casos de bullying. Hoje o 
programa é amplamente utilizado em outros países, principalmente nos Estados Unidos, onde 
é utilizado em mais de 6.000 escolas. 
23 
 
Diante dos programas expostos, pode-se concluir que a eficácia está relacionada à 
interação de todos os envolvidos direta e indiretamente nas ações de prevenção, Gomes e 
Sanzovo (2013, p. 172) afirmam que “o bullying não deve ser combatido com medidas 
repressivas, sobretudo na esfera criminal [...] mas sim, com medidas preventivas.” agir na 
prevenção, é agir na raiz do fenômeno, não esperar que ele ocorra para poder agir no combate, 
pois se tais práticas não existem, não terá o que combater.

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