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Resumo - Princípio da Boa-Fé Contratual - Carolina S de Melo

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Rio de Janeiro, 17 de outubro de 2020. 
Aluna: Carolina dos Santos de Melo 
Disciplina: Direito Civil IV 
 
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ CONTRATUAL 
O princípio da boa-fé resume-se, essencialmente, ao compromisso de fidelidade e cooperação nas 
relações, incluindo, porém, não se limitando, às contratuais. Por mais que seu significado possa 
aparentar subjetividade, este princípio é consolidado em diversos códigos ao redor do mundo, 
incluindo o Código de Napoleão de 1804, na terceira alínea do artigo 1.135 de no artigo 550, porém, 
este princípio encontrou limitações, visto que o Código prioriza a autonomia da vontade. 
No Brasil, a boa-fé é prevista no Código Civil como um dos princípios norteadores, em conjunto com 
a sociabilidade e a operabilidade, e resume-se essencialmente a um compromisso de fidelidade e 
cooperação nas relações, incluindo, porém, não se limitando, às contratuais. O artigo 422 do Código 
Civil de 2002 dispõe que: 
“Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, 
os princípios da probidade e boa-fé” 
A consolidação e positivação deste princípio em nosso ordenamento, nas palavras de Carlos 
Roberto Gonçalves (2017) “exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as 
tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. Guarda relação com o 
princípio de direito segundo qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza”. Desta forma, a 
boa-fé deve esta presente de forma intrínseca às relações contratuais, sendo uma presunção, o 
oposto da má-fé que, necessariamente, deve ser provada por quem a alegar. 
A regra da boa-fé exige que todos ajam com honestidade, probidade e lealdade esperada ao 
homem médio nas relações, observando “as peculiaridades dos usos e costumes do lugar” 
(Gonçalves, 2017, pág. 53). Atualmente, o juiz deve se atentar no julgamento das relações 
obrigacionais à boa-fé, o fim social do contrato e a ordem pública para que possa decidir de maneira 
justa e adequada aos parâmetros elaborados e sincronizados ao nosso ordenamento jurídico. 
Sendo assim, serve para “Traduzir o interesse social de segurança das relações jurídicas, diz-se, 
como está expresso no Código Civil alemão, que as partes devem proceder com lealdade e confiança 
recíprocas. Numa palavra, devem proceder com boa-fé” (Gomes, 2009, pág. 43) 
O princípio da boa-fé é divido em boa-fé subjetiva (ou concepção psicológica da boa-fé) e boa-fé 
objetiva (denominado como concepção ética da boa-fé). 
A primeira definição esteve presente no Código Civil anterior (1916), sendo regra para a 
interpretação do negócio jurídico e está relacionada ao estado subjetivo ou psicológico do 
indivíduo, ou seja, relaciona-se com o quanto o indivíduo conhecia dos fatos para os fins específicos 
das atitudes por ele tomadas na situação regulada e “serve à proteção daquele que tem a 
consciência de estar agindo conforme o direito, apesar de ser outra a realidade” (Gonçalves, 2017, 
pág. 54). Sendo assim, para a sua aplicação, deve-se considerar a intenção do sujeito na relação 
jurídica. Como exemplo de boa fé subjetiva, tem-se o art. 1994 do Código Civil do Paraguai, que 
afirma ser a boa-fé ad usucapionem “a crença, sem dúvida alguma, de que o possuir seja titular 
 
 
legítimo do direito”, ou seja, aproxima-se de um entendimento equivocado de uma situação real, 
porém, sem a verdadeira intensão de obter vantagem ilícita sobre outrem. 
Como segunda possibilidade de definição, tem-se a boa-fé objetiva, que centraliza a definição inicial 
de boa-fé, na qual todos devem agir com integridade e probidade em suas relações, sendo uma 
forma de regra, conduta, ultrapassando as barreiras principiológicas e tornando-se um cláusula 
geral, fonte de direitos e obrigações, conforme preceitua Carlos Roberto Gonçalves (2017). 
Pode-se dizer, em suma, que a boa-fé é, simultaneamente, a expressão de uma conduta (subjetiva) 
e imposição de norma de comportamento (objetiva), estando essencialmente presente nas 
relações contratuais e, podendo ser acionada quando houverem desconformidades à ela nos 
instrumentos firmados, visto que este princípio, ou cláusula, serve para harmonizar o interesse das 
partes, equilibrando o contrato, não o tornando excessivamente oneroso para um dos lados ou 
gerando desequilíbrio contratual. Esta concepção correlaciona-se, com a instrução de Carlos 
Roberto Gonçalves (2017), sucintamente, com: 
I- Proteger uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica em 
contradição com o comportamento assumido anteriormente (Venire contra factum proprium); 
II- Caracterizar-se como um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não 
poderá mais sê-lo, por contrariar a boa-fé (suppressio); 
III- Acarretar no nascimento de um direito em razão da continuada prática de certos atos 
(Surrectio); e 
IV- Proibir que uma pessoa faça contra outra o que não faria contra si mesmo. (Tu quoque). 
Sob a ótica de Orlando Gomes (2009), o princípio da boa-fé é amplo e possui como funções mais 
difundidas as que seguem: 
a) Função interpretativa: Prevista no art. 113 do Código Civil, consiste em atribuir sentido às 
declarações contratuais das partes, porém, essas declarações podem apresentar falhas, que 
precisam ser sanadas com a interpretação realizada pelos sujeitos contratuais de forma a 
perseguir a consolidação dos direitos e obrigações estipulados pelo instrumento contratual; 
b) Função supletiva: Serve para criar deveres anexos com intuito de aperfeiçoar a relação 
contratual, como “os deveres de informação, sigilo, custódia, colaboração e proteção à pessoa 
e ao patrimônio da contraparte” (Gomes, 2009, pág. 64), gerando obrigações, conforme 
estipulado no artigo 422 do Código Civil; e 
c) Função corretiva: Visa controlar cláusulas abusivas e servir de parâmetro regulatório para 
as relações jurídicas, entre outras proteções ao abuso de direito no qual se encontra o Venire 
contra factum proprium. 
Em suma, a implantação da boa-fé contratual é uma obrigação genérica e que, em sua aplicação 
prática, concebe-se a possibilidade de recebimento de indenização por descumprimento de tal 
princípio ao longo do contrato, mesmo que todas as outras obrigações assumidas tenham sido 
indiscutivelmente cumpridas ou que a boa-fé não esteja claramente descrita no contrato como uma 
obrigação a ser cumprida, visto que é princípio, ou cláusula geral, intrínseco aos instrumentos e 
relações contratuais de forma amplamente difundida. 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas: 
Gomes, Orlando, Contratos. Rio de Janeiro, Forense, 2009. 
Gonçalves, Carlos Roberto, Direito civil brasileiro, volume 3: contratos e atos unilaterais / Carlos 
Roberto Gonçalves. – 14. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017. 
Lei 10.406, de 6 de janeiro de 2002. 
Fontes Virtuais: 
https://migalhas.uol.com.br/depeso/931/a-boa-fe-contratual-no-novo-codigo-civil

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