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FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE GOIATUBA-FESG CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIATUBA- UNICERRADO CURSO DE DIREITO A FUNÇÃO INTEGRATIVA DA BOA-FÉ OBJETIVA E SUBJETIVA NOS CONTRATOS Aluno: Thiago Martins Moreira Orientador I: Profº. Pedro Morello Brendolan Orientador II: Prof. Me. Rodrigo Sant’Ana Nogueira GOIATUBA-GOIÁS 2020/10 2 THIAGO MARTINS MOREIRA A FUNÇÃO INTEGRATIVA DA BOA-FÉ OBJETIVA E SUBJETIVA NOS CONTRATOS Projeto de pesquisa submetido ao Curso de Direito do Centro Universitário de UniCerrado, como parte dos requisitos necessários para a aprovação na disciplina Monografia I ministrada pelo Prof. Me. Rodrigo Sant’Ana Nogueira. GOIATUBA- GOIÁS 2020/10 3 3 5 FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE GOIATUBA – FESG CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIATUBA - UNICERRADO CURSO DE DIREITO FICHA DE AVALIAÇÃO PROJETO DE MONOGRAFIA I BANCA EXAMINADORA Orientador I: Prof. Pedro Morello Brendolan Orientador II: Prof. Me. Rodrigo Sant’Ana Nogueira Examinador: Discente: Thiago Martins Moreira Título do projeto: A função integrativa da boa-fé objetiva e subjetiva nos contratos NOTA FINAL: ( ) Goiatuba – GO, __de Dezembro de 2020. ___________________________________________________________________ Prof. Me. Rodrigo Sant’Ana Nogueira Profº. Pedro Morello Brendolan Examinadores 4 SUMÁRIO 1 TEMA............................................................................................................. 04 1.1 Justificativa................................................................................................ 05 1.2 Problema.................................................................................................. 05 1.3 Objetivo Geral........................................................................................... 05 1.4 Objetivo Específicos.................................................................................. 06 2 MARCO TEORICO....................................................................................... 07 3 METODOLOGIA........................................................................................... 19 4 CRONOGRAMA........................................................................................... 21-22 5 REFERÊNCIAS............................................................................................ 22-23 Anexo I 5 1 TEMA A boa–fé é um princípio perceptível desde os primórdios da humanidade. À medida que houve evolução humana nas organizações da sociedade, foram sendo estabelecidos conceitos e regras que possibilitam uma convivência saudável entre todos os indivíduos. Deste modo, viver honestamente, não lesar a ninguém e dar a cada o que é seu por direito, são exemplos de atitudes conceituadas como fundamentais em todas as esferas sociais e representativas referentes ao conceito da própria boa – fé. Em nosso ordenamento jurídico, a boa-fé aparece no Código Civil de 1916 apenas na sua forma subjetiva. A boa-fé subjetiva relacionada com relações contratuais, pode ser conceituada como a ignorância ou desconhecimento de um vício negocial por parte de um dos contratantes. Neste contexto, cabe ressaltar que com o passar dos anos houve uma larga expansão econômica no Brasil, resultando crescente ampliação nas relações contratuais, e na consequente inclusão do aspecto objetivo da boa–fé em nosso ordenamento jurídico. Foi mediante o Código Civil de 2002 em seu Artigo 422 que ficou expresso em nossa legislação o princício da boa-fé objetiva. Sua precisão menciona que “os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé”, sendo assim uma exigência de uma conduta legal por parte dos contratantes. Desta forma, a boa-fé objetiva integrou na confecção das relações contratuais tornando-se um princípio fundamental para a elaboração dos contratos, anexando deveres e regras que devem ser obedecidos e respeitados por todas as partes no decorrer de todas as fases contratuais. Sendo assim, por intermédio do Código Civil de 2002 surgiu a função integrativa da boa-fé objetiva nas relações contratuais. 1.1 JUSTIFICATIVA 6 Devido sua extrema importância, a boa-fé pode ser conceituada como um princípio que deve ser considerado em todas as relações jurídicas e sociais. Princípio este que se relaciona com a própria conduta social de cada indivíduo, assim, por sua notável relevância torna-se cada vez mais importante o estudo do presente tema. A análise de tal deve ser apresentada de forma clara e efetiva desde sua evolução em nosso ordenamento, até a sua integração e aplicação nas diversas fases das relações contratuais, visto que se trata de um princípio fundamental, o qual rege o comportamento das partes, havendo consequências punitivas para aqueles que os desobedecem. 1.2 PROBLEMÁTICA: O princípio da boa-fé contratual é um assunto discutido e consolidado doutrinariamente no âmbito jurídico, pois se trata de um princípio fundamental para as confecções das relações contratuais e negócios jurídicos. Contudo, surge a presente problemática análisada: Qual a função integrativa ou integradora do princípio da boa-fé objetiva e subjetiva nas relações contratuais? Em quais fases contratuais que se deve respeitar o princípio da boa-fé? Quais são as punições para a elaboração de um contrato que inobserva e fere o princípio da boa-fé objetiva? 1.3 OBJETIVO GERAL O Objetivo Geral do presente estudo consiste em apresentar e discorrer a respeito da função integrativa do princípio da boa–fé contratual em suas diferentes formas. Aborda aspectos relacionados à forma objetiva e subjetiva do tema supracitado, assim como busca demonstrar sua importância e aplicação nas relações contratuais com base no Código Civil e na própria Constituição da República Federativa do Brasil (CF/88). 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 7 Os objetivos específicos do presente estudo são: a) Discorrer brevemente a respeito dos princípios contratuais; b) Apresentar o conceito do princípio da boa-fé objetiva e subjetiva e sua evolução história; c) Dissertar a respeito das diferentes funções da boa-fé objetiva e subjetiva; d) Apresentar a função integrativa da boa-fé objetiva e subjetiva e sua aplicação nas fases contratuais. e) Esclarecer em quais fases contratuais deve ser observado e aplicado ao caso concreto o principio da boa-fé; f) Identificar qual a consequência da inobservância e não aplicação que caracteriza violação ao princípio da boa-fé em uma relação contratual. 2 MARCO TEÓRICO O referencial teórico para o presente estudo será constituído, primordialmente, por autores que apresentam e debatem posicionamentos a respeito dos princípios contratuais dentro da esfera cível contratual, todos com enfoque na boa–fé e abrangendo as suas diferentes formas e funções. O princípio da boa-fé é uma regra de conduta dos indíviduos em todas as relações jurídicas contratuais. Tem sua origem no início do século III a.C, sendo que alguns doutrinadores como MELLO (2017), acreditam que a boa-fé surge no estoicismo, em Atenas, e mais tarde, é introduzida no direito romano por Marco Túlio Cícero (106-43 a.C) como um princípio norteador das relações jurídicas, alinhado com a própria ética e honestidade. O jurista e político romano Cícero citava a boa-fé através de uma fórmula que julgava valiosa, nas suas palavras: “a fim de que de vós e vossa fé eu não receba perdas e danos”. Ele ainda acrescenta valores ao termo ao explicar: “comose age entre pessoas honestas, e sem nenhuma fraude”, reconhecendo a boa-fé como uma questão de honestidade e confiança. LOBÔ (2020). Na obra de FARIAS e ROSENVALD (2017), de igual modo, associa-se a 8 origem da boa-fé ao direito romano. O sistema romano caracterizava-se como um sistema de ações e não de direitos, sobremaneira no período clássico, em que surgem os iudida bonoe fidei, que seriam os procedimentos perante o juiz, o qual sentenciava baseando nos fundamentos ditados pela boa-fé. A boa-fé objetiva, no atual ordenamento jurídico, é influenciada pela experiência da fides vigente no Direito Romano, que consagrava o dever de honestidade e a confiança de uma parte em relação à retidão da conduta de outra. Conforme complementa LOBÔ (2020), no Direito Romano, incubia ao juiz analisar o significado desta cláusula em cada espécie de relação contratual. Desta forma, tal cláusula era considerada como um alicerce da justiça e referia-se a fidelidade e a sinceridade nas palavras perante as convenções realizadas. Nas palavras de MELLO (2017, p.105): No direito romano, a boa-fé é desvelada pelas noções de fides (confiança, honradez, lealdade, fidelidade no cumprimento das expectativas alheias), bona fides (dever jurídico genérico de comportar-se com retidão que se aproxima a boa-fé objetiva, ou seja, uma espécie de princípio de justiça nas relações contratuais) e a bonai fidei iudicia (juízos de boa-fé formulados no curso de um processo). Complementando COSTA (2015, p.45): Nascida com o mundo romano, a ideia de fides o dominou, ali recebendo notável expansão e largo espectro de significados. Expressão polissêmica, a fides será entendida, amplamente, como confiança, mas, igualmente, como colaboração e auxílio mútuo (na relação entre iguais) e como amparo ou proteção (na relação entre desiguais); como lealdade e respeito à palavra dada; como fundamento da justiça e da virtude cívica; como o liame que une entre si os membros da societas inter ipsos, e, ainda, como instrumento técnico-jurídico, de modo especial os iudicia ex fide bona, sua vigência se manifestando «de maneira fluida e elástica em todos os níveis jurídicos, políticos e sociológicos» da cultura romana, constituindo o seu valor ético fundante. Portanto, em Roma, pode-se considerar que a fides tratava apenas de um conceito devidamente ético, não propriamente uma norma jurídica. Neste contexto, sua função consistia em exigir que os contratantes atuassem sem dolo, além de exigir comportamento honesto positivo. A sua aplicação nas causas jurídicas veio ocorrer com o incremento comercial e o desenvolvimento do jus gentium, que se compunha das normas de direito romano que eram aplicáveis 9 aos estrangeiros. Cita-se que no direito alemão, “a noção de boa-fé traduzia-se na fórmula do Treu und Glauben (lealdade e confiança), regra objetiva, que deveria ser observada nas relações jurídicas em geral.” GAGLIANO E FILHO (2019, p.116) A respeito desta fórmula GAGLIANO e FILHO (2020 apud COSTA, 2000, p.124) discorre que: “A fórmula Treu und Glauben demarca o universo da boa-fé obrigacional proveniente da cultura germânica, traduzindo conotações totalmente diversas daquelas que a marcaram no direito romano: ao invés de denotar a ideia de fidelidade ao pactuado, como numa das acepções da fides romana, a cultura germânica inseriu, na fórmula, as ideias de lealdade (Treu ou Treue) e crença (Glauben ou Glaube), as quais se reportam a qualidades ou estados humanos objetivados”. Desta forma, o Código Civil alemão de 1900, previu o conceito da boa-fé objetiva nas condições de honestidade e justiça. Foi a partir de dispositivo do Burgeliches Gesetzbuch (BGB: Código Civil), que obrigou os devedores a se conduzirem de acordo com a boa-fé, a doutrina e jurisprudência alemã. No Brasil, optou-se por adjetivar o conceito referente a esse princípio, distinguindo em boa-fé objetiva e subjetiva. COELHO (2020) Historicamente, a boa-fé pode ser considerada como um princípio que deve estar em todas as relações jurídicas e sociais existentes. Dessarte, este princípio surgiu na Legislação Brasileira, através do Código Civil de 1916, que limitou a boa-fé, na sua qualidade subjetiva, apenas nas questões de posse e em algumas outra cituações. LOBÔ (GENJURIDICO, 2018). A boa-fé subjetiva foi alvo de grandes discussões doutrinárias, visto que possui relevância apenas para o direito das coisas, no tocante da qualificação da posse, mas não pode ser operacionalizável no direito dos contratos. Neste contexto, nas palavras de COELHO (2017 p.29) a boa-fé subjetiva é conceituada como “à virtude de dizer o que acredita e acreditar no que diz” e, conforme complementa AZEVEDO (2019, p.35), “a boa-fé é um estado de espírito que leva o sujeito a praticar um negócio em clima de aparente segurança. É a boa-fé subjetiva”. 10 Foi com a Constituição da República Federativa de 1988 (CF/88), que houve uma drástica evolução em todo ordenamento jurídico brasileiro, desta forma ocorreu o início da constitucionalização do Direito Civil. A boa-fé objetiva foi introduzida em nosso ordenamento jurídico por meio do Código de Defesa do Consumidor de 1990 (CDC) e “atribuiu importância fundamental e decisiva à boa-fé objetiva nos contratos de consumo e na peculiar responsabilidade do fornecedor por fato ou por vício do produto ou do serviço”, conforme explicita LOBÔ (GENJURIDICO, 2018). Além disso, após o CDC de 1990, a boa-fé objetiva foi devidamente incorporada expressamente na teoria dos negócios jurídicos, por meio do Código Civil (CC) de 2002, arts. 113, 187 e 422, que trouxeram com essa alteração um amplo alcance deste princípio, inclusive no campo obrigacional e contratual. Portanto, a boa-fé nas relações contratuais, pode ser considerada como a presença ética do próprio entendimento entre os seres humanos nos contratos, pois sua aplicação traz para o âmbito jurídico um elemento de Direito Natural, integrante da norma judiciária. Por conseguindo, a boa-fé objetiva é uma norma que requer comportamento honesto e leal dos contratantes, sendo conflitante com condutas abusivas de todos os tipos. Tem-se por escopo gerar na relação contratual ou obrigacional a confiança necessária e o equilíbrio das prestações e da distribuição dos riscos e encargos, fato relativo não somente a interpretação ou elaboração do contrato, mas também ao próprio interesse social de segurança nas relações contratuais. Nas palavras de DINIZ (2017, p.53): Da boa-fé (CC, arts. 113, 187 e 422), intimamente ligado não só à interpretação do contrato, mas também ao interesse social de segurança das relações jurídicas, uma vez que as partes deverão agir com lealdade, honestidade, honradez, probidade (integridade de carácter), denodo e confiança recíprocas, isto é, proceder com boa- fé, esclarecendo os fatos e o conteúdo das cláusulas, procurando o equilíbrio nas prestações, respeitando o outro contratante, não traindo a confiança depositada, procurando cooperar, evitando o enriquecimento indevido, nas divulgando 11 infomações sigilosa, etc. Não se difere RIZZARDO (2017) das considerações já mencionados ao conceituar a boa-fé objetiva e a probidade como princípios básicos que orientam a composição de um contrato, no qual a segurança das relações jurídicas depende majoritariamente, da probidade e da boa-fé, ou seja, da lealdade, da confiança e outras questões primordiais a segurança de uma relação contratual. A respeito da boa-fé objetiva e probidade, RIZZARDO (2017, p.31) elucida: São estes dois princípios básicos que orientam a formação do contrato. As partes são obrigadas a dirigir a manifestação da vontade dentro dos interesses que as levaram a se aproximarem, de forma clara e autentica, sem o uso de subterfúgios ou intenções outros que as não expressas no instrumentoformalizado. Complementa GONÇALVES (2020, p.986) que: A probidade, mencionada no art. 422 do Código Civil, retrotranscrito, nada mais é senão um dos aspectos objetivos do princípio da boa-fé, podendo ser entendida como a honestidade de proceder ou a maneira criteriosa de cumprir todos os deveres, que são atribuídos ou cometidos à pessoa. A segurança das relações jurídicas depende, em grande parte, da probidade e da boa-fé, isto é, da lealdade, da confiança recíproca, da justiça, da equivalência das prestações e contraprestações, da coerência e clarividência dos direitos e deveres, conforme RIZZARDO (2017). O princípio da boa-fé, em sua forma objetiva, consiste em uma norma fundamental para as relações contratuais. A boa fé objetiva pode ser classificada como um comportamento honesto dos contratantes, e por está razão apresenta- se implícita em qualquer negócio jurídico, portanto não vincula obrigatoriedade de expressão no instrumento para que, somente assim gere deveres anexos e laterais aos contratantes. Nas palavras de TARTUCCE (2017, p.417): A boa-fé objetiva é a exigência de conduta leal dos contratantes, está relacionada com os deveres anexos ou laterais de conduta, que são ínsitos a qualquer negócio jurídico, não havendo sequer a necessidade de previsão no instrumento negocial. 12 Estes deveres anexos ou laterais são aqueles mencionados anteriormente pelos demais doutrinadores, como os exemplos já ditos: dever de respeito, dever de informar a outra parte sobre o conteúdo do contrato, de agir conforme a confiança depositada, dever de lealdade e probidade bem como o dever de honestidade, entre outros. A quebra de qualquer um desses deveres anexos gera a violação positiva do contrato, o que acarreta a responsabilidade civil objetiva daquele que desrespeita a boa-fé objetiva. O princípio da boa-fé objetiva exige que as partes se comportem de forma digna não somente durante as tratativas do contrato, mas também durante a fase de formação e cumprimento do contrato. A respeito da boa – fé na responsabilidade civil pré-contratual e pós- contratual, o doutrinador e jurista LÔBO (2020, p.87) relata: A melhor doutrina tem ressaltado que a boa-fé não apenas é aplicável à conduta dos contratantes na execução de suas obrigações, mas também aos comportamentos que devem ser adotados antes da celebração (in contrahendo) ou após a extinção do contrato (post pactum finitum). Assim, para fins do princípio da boa-fé objetiva, são alcançados os comportamentos do contratante antes, durante e após o contrato. Podem os intervenientes, em razão das negociações preliminares e da expectativa legítima de virem a concluir o negócio, fazer despesas, deixar de aproveitar oportunidades de ganho com terceiros, revelar fragilidades econômicas, jurídicas ou técnicas, fiar-se em conselhos, recomendações ou informações dadas pelo parceiro, tudo porque confiam no bom andamento das negociações e esperam vir a concluir o negócio. Conforme preceitua o art.422 do Código Civil: “Os contratantes são obrigados a guardar assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Desta forma, a boa-fé objetiva impõe as partes de uma relação contratual um padrão de conduta, modos de agir com probidade, honestidade e lealdade. GONÇALVES (2020). Esse entendimento é respaldado majoritariamente na doutrina brasileira, de acordo com o Enunciado n.°170 do Conselho de Justiça Federal, aprovado na III Jornada de Direito Cívil “a boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato”. 13 TARTUCCE (2017, p.417) discorre a respeito da violação da boa-fé objetiva em uma relação contratual: Repise-se, conforme o Capítulo 3 desta obra, que, a quebra desses deveres anexos gera a violação positiva do contrato, com responsabilização civil objetiva daquele que desrespeita a boafé objetiva (Enunciado n. 24 do CJF/STJ). Essa responsabilização independentemente de culpa está amparada igualmente pelo teor do Enunciado n. 363 do CJF/STJ, da IV Jornada, segundo o qual: “Os princípios da probidade e da confiança são de ordem pública, estando a parte lesada somente obrigada a demonstrar a existência da violação”. O grande mérito do último enunciado, de autoria do Professor Wanderlei de Paula Barreto, é a previsão de que a boa-fé objetiva é preceito de ordem pública. Complementa DINIZ (2017, p.54) que “se um dos contratantes não vier a cumprir seu dever, estará ofendendo a boa-fé objetiva, caracterizando o inadimplemento do ato negocial, independentemente de culpa”. É o mesmo entendimento de COELHO (2020, p.29) Se o contratante não age de boa-fé – nas negociações ou na execução do contrato –, ele descumpre uma obrigação imposta pela lei. Incorre, portanto, num ato ilícito. As consequências do descumprimento do dever geral de boa-fé objetiva, portanto, são as mesmas de qualquer ilicitude: o outro contratante tem direito à indenização pelos prejuízos que sofrer. Quer dizer, se não houver expressa previsão contratual prevendo a resolução do contrato, a ausência de boa-fé de um contratante não implica a desconstituição do vínculo. Na lei, não é prevista a revisão ou extinção do contrato pela desobediência do dever geral de boa-fé, mas apenas a responsabilidade civil subjetiva do contratante de má-fé (CC, arts. 186, 422 e 927 combinados). Nesse sentido, a jurisprudência também reconhece que a violação positiva do contrato e não cumprimento dos deveres laterais permite que seja cabível a responsabilização da parte ofensora, conforme decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal: CIVIL. PROCESSO CIVIL. CONTRATO DE SEGURO. VEÍCULO SINISTRADO. DANO TOTAL. PAGAMENTO DO SEGURO. REGISTRO DE TRANSFERÊNCIA PARA A SEGURADORA. AUSÊNCIA. DÉBITOS EM NOME DA SEGURADA. INSCRIÇÃO NA DÍVIDA ATIVA. COMPROVADA. DANO MORAL. CONFIGURADO. 1. Em uma relação jurídica, os contratantes devem pautar-se em certo padrão ético de confiança e lealdade, em atenção ao princípio da boa-fé, que orienta as atuais relações negociais pela probidade, moralidade e honradez. Comprovada a violação positiva do contrato, com patente desrespeito ao seu conteúdo ético, cabível a responsabilização da parte ofensora. 2. A Apelante alega não ser responsável pela multa imposta ao proprietário do veículo na cidade de João Pinheiro-MG, no dia 08.01.2017, pois o veículo estava parado no pátio em Aparecida de Goiânia-GO, desde o dia 21/01/2016. Contudo, é do adquirente a responsabilidade por todas as multas impostas ao proprietário do veículo após a transferência do bem, sendo estranho a esse processo eventual erro no lançamento de multa por órgão administrativo de trânsito. 3. Conforme 14 demonstrado, a propriedade do veículo não deveria mais estar registrada em nome da Apelada mas da Apelante, uma vez que esta cumpriu com todo o procedimento de transferência do bem alienado, tudo de acordo com o previsto no Código de Transito Brasileiro, disposto no artigo 126, parágrafo único, e inclusive com a Circular SUSEP nº 269/2004 (art. 8º) 4. A inércia da Apelante em providenciar a regular transferência de titularidade do veículo e corrigir os problemas gerados para a Apelada não resultaram apenas em aborrecimentos, mas danos efetivos, ferindo sua dignidade e honra, com nome inscrito em Dívida Ativa, por consequência, ficando impossibilitada de abrir contas, tomar empréstimos na rede bancária, de utilizar o limite do seu cheque especial, tendo bloqueada a restituição do Imposto de Renda. 5. Dessa forma, o valor determinado na decisão, de R$ 7.000,00 (sete mil reais), é justo diante da situação fática demostrada, extensão do abalo imaterial sofrido e as condições econômicas do agente causador do dano, não merecendo qualquer reparo e não constituindo alegadoenriquecimento ilícito. 6. Os juros de mora na responsabilidade civil contratual fluem a partir da citação, conforme artigo 405 do Código Civil Brasileiro. 7. Negou-se provimento ao recurso. Unânime. (BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Acórdão nº 1150970, APELAÇÃO 00040397520178070001, Relator: ROMEU GONZAGA NEIVA, 7ª Turma Cível, data de julgamento: 13/2/2019, publicado no DJe: 18/2/2019). É importante mencionar, ademais, que após a extinção contratual, a boa-fé objetiva ainda traz deveres que devem ser respeitados pelos contratantes. Exemplo de tal ditame é o dever de não divulgar quaisquer informações confidenciais que possa causar sérios prejuízos ao outro, como fórmulas ou segredos profissionais. AZEVEDO (2019). Posto isto, pode-se afirmar que o princípio da boa–fé é um assunto bastante consolidado no âmbito jurídico brasileiro. Destarte, torna-se notável que vários doutrinadores adotam um posicionamento similar e concreto, diante do qual boa-fé e probidade são princípios essenciais para a segurança de uma relação contratual, sendo que o desrespeito destes princípios têm por consequência a responsabilização objetiva e também o inadimplemento do ato negocial. É importante salientar que o princípio da boa-fé divide-se em duas formas: objetiva e subjetiva. Ambas possuem características individuais e divergentes. A boa-fé subjetiva está presente em nosso ordenamento jurídico a partir do Código Civil de 1916. O referente conteúdo conceitua a boa-fé subjetiva como a incompreensão de um vício em uma relação contratual por falta de conhecimento por uma das partes, podendo ser caracterizada pela seriedade das intenções do contratante. Pode-se observar hipoteticamente um exemplo de situação similar na qual o contratante realiza um negócio jurídico confiando que o mesmo está isento de vícios, desta forma estando respaldado pela boa-fé subjetiva. http://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1150970 http://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&buscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDocumento=1150970 15 Por outro lado, a boa-fé objetiva, conforme conceituada anteriormente, é a exigência de uma conduta leal dos contratantes. Neste aspecto, é uma regra de agir inerente a qualquer relação contratual, estando expressa no artigo 422 do Código Civil, sendo portanto, um princípio obrigatório para as relações contratuais. A respeito da boa-fé subjetiva e objetiva VENOSA (2017, p. 30), diz o seguinte: Como o dispositivo do art. 422 se reporta ao que se denomina boa-fé objetiva, é importante que se distinga da boa-fé subjetiva. Na boa-fé subjetiva, o manifestante de vontade crê que sua conduta é correta, tendo em vista o grau de conhecimento que possui de um negócio. Para ele há um estado de consciência ou aspecto psicológico que deve ser considerado. A boa-fé objetiva, por outro lado, tem compreensão diversa. O intérprete parte de um padrão de conduta comum, do homem médio, naquele caso concreto, levando em consideração os aspectos sociais envolvidos. Desse modo, a boa-fé objetiva se traduz de forma mais perceptível como uma regra de conduta, um dever de agir de acordo com determinados padrões sociais estabelecidos e reconhecidos. A boa-fé subjetiva é um instrumento de proteção para o indivíduo que possui a consciência de estar agindo em conformidade com o direito, porém, no caso concreto não o está. Consiste em uma situação psicológica, um estado de ânimo ou de espírito do agente que realiza determinado ato ou vivência em dada situação, sem ter ciência do vício que a inquina GAGLIANO e FILHO (2020). A boa-fé subjetiva conforme leciona MELLO (2017, p.104): Na boa-fé subjetiva procura-se analisar o estado de consciência do agente no momento da produção do ato jurídico, ou seja, procura-se analisar as intenções do agente. Por exemplo, a regra do artigo 1.201 do CC 2002 determina que “é de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa”. Da mesma forma, o casamento putativo contraído pelo cônjuge de boa-fé, nos termos do artigo 1.561, do Código Civil. São, pois, exemplos de boa-fé subjetiva (ou boa-fé psicológica). Nestes casos, o sujeito desconhece os vícios incidentes no próprio ato praticado Sendo assim, pode-se entender que “a boa fé subjetiva, diz respeito ao conhecimento ou ignorância da pessoa em relação a certos fatos, sendo levada em consideração pelo direito para os fins específicos da situação regulada” GONÇALVES (2020, p.986). A boa-fé objetiva, por outro lado, difere-se da subjetiva, pois ela consiste em 16 uma regra taxativa de comportamento, imposta pelo Código Civil de 2002. Conforme preceita o art. 422, do Código Civil: “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Desta forma, pode ser conceituar a boa-fé objetiva como uma regra de conduta, sendo uma cláusula geral e fundamental para as relações contratuais. A boa-fé objetiva, conforme explica MELLO (2017, p.105): É um padrão de conduta que representa correção, veracidade, lealdade, confiança, cooperação de onde decorrem as legítimas expectativas entre os parceiros contratuais, em todas as fases de realização do negócio jurídico (fase pré-contratual, contratual e pós-contratual). E através do art. 422 que exige-se dos contratantes a observância obrigatória deste princípio, tanto na celebração do ato, quanto em sua execução. Significa dizer que, a boa-fé nos contratos refere-se à honestidade e a justiça nas condições estabelecidas em uma relação contratual, NADER (2018). O princípio da boa-fé objetiva é expresso no Código Civil em dois dispositivos além do art. 422 já citado. Está expresso no art. 113, o qual dita: “Os negócios devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”. Similarmente citado no art. 187, Código Civil: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”. BRASIL (2020). Em vista disso, conclui-se que a boa-fé objetiva possui uma tríplice função reconhecida, a de saber, a de atuar como forma de interpretação e a de integração nos contratos, sendo esta última a função de fonte normativa de deveres jurídicos. A primeira função do princípio da boa-fé objetiva está prevista no artigo 113 do Código Cívil de 2002. Neste dispositivo a boa-fé é consagrada como meio auxiliador do aplicador o direito para a interpretação dos negócios da maneira mais favorável a quem esteja de boa-fé, devendo o julgador ser guiado pela boa-fé das partes ao proferir sua decisão, TARTUCCE (2020). 17 Em todas as fases contratuais, a boa fé objetiva é um fator fundamentalde interpretação. Avalia-se, portanto, a responsabilidade pré-contratual e a pós- contratual, sempre sob os pareceres da boa-fé. O intérprete, por conseguinte, em qualquer relação contratual, deve interpretá-la prioritarimente sob os ditames da boa-fé, somente depois sobre o conteúdo do negócio jurídico. Nas palavras de GAGLIANO e FILHO (2020, p.100), “guarda, pois, essa função, íntima conexão com a diretriz consagrada na regra de ouro do art. 5.º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, segundo a qual o juiz, ao aplicar a lei, deve atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. A segunda função está prevista no art.187 do Código Cívil, sendo esta, a função de controle dos limites do exercício de um direito. Desse modo, prevê que aquele que contraria a boa-fé objetiva comete abuso de direito. Nas palavras de COELHO (2020, p.29), “Se o contratante não age de boa-fé – nas negociações ou na execução do contrato –, ele descumpre uma obrigação imposta pela lei. Incorre, portanto, num ato ilícito.” Nesse entendimento, SOUZA esclarece (2009, apud SLAWINSKI, 2002 p.154-155) que: A função controladora da boa-fé tem sua importância sobre tudo nas condições gerais de contratação que marcam o direito contratual contemporâneo, cujos excessos devem ser controlados. Neste caso, o princípio da boa-fé funciona como mecanismo de limitação aos direitos subjetivos, realizando um controle relativamente aos atos que compreendam o exercício abusivo de direito, não adimitindo os que ultrapassem os limites impostos pela boa-fé. Complementa RIZZARDO, (2015, p.75) afirmando que: Na sua função de controle, limita o exercício dos direitos subjetivos, estabelecendo para o credor, ao exercer o seu direito, o dever de ater-se aos limites, traçados pela boa-fé, sob pena de uma atuação antijurídica, consoante previsto no art. 187 do Código Civil brasileiro de 2002. Evitase assim, o abuso de direito em todas as fases da relação jurídica obrigacional, orientando a sua exigibilidade (pretensão) ou o seu exercício coativo (ação)”.57 Essa função, portanto, corresponde à limitação ao exercício de direito e é 18 utilizada para corrigir eventuais cláusulas abusivas que venham ser celebradas em um negócio jurídico. Por fim, o artigo 422 do Código Cívil de 2002, depara a função integrativa da boa-fé objetiva relacionada à observância da aplicação de tal princípio em todas as fases negociais, bem como, da exigência de conduta leal dos contratantes, devendo os mesmos obedecerem aos deveres anexos ou laterais da conduta presentes em todos os negócios jurídicos. A respeito dos deveres de conduta em negócio jurídico, NELSON E ROSENVALD (2017, p.182) explicita que: Os deveres de conduta são emprestados pela boa-fé ao negócio juridico, destinando-se a resguardar o fiel processamento da relação obrigacional em que a prestação se integra. Eles incidem tanto sobre o devedor como sobre o credor, mediante resguardo dos direitos fundamentais de ambos, a partir de uma ordem de cooperação, proteção e informação, em via de facilitação do adimplemento. Desta forma, desde os primeiros atos praticados pelas devidas partes de um negócio jurídico, ambos devem sempre manter a sua lealdade, a confiança de forma recíproca, a assistência, a informação, o sigilo, cumprindo suas devidas obrigações, primando pelo respeito ao que foi acordado. Objetiva-se, desta forma, a fiel realização da relação contratual sem provocar resíduos ou situações de enriquecimento indevido. AZEVEDO (2019, p.36). A respeito da função de integração da boa-fé objetiva, RIZZARDO (2015, p. 73) : A função integrativa da boa-fé, tendo por fonte o art. 422 do Código Civil brasileiro, permite a identificação concreta, em face das peculiaridades próprias de cada relação obrigacional, de novos deveres, além daquelas que nascem diretamente da vontade das partes. Ao lado dos deveres primários da prestação, surgem os deveres secundários ou acidentais da prestação e, até mesmo, deveres laterais ou acessórios de conduta. E conforme complementa MELLO (2017), a conduta de cooperação entre as partes deve observar, o respeito aos deveres anexos em todas as fases contratuais, inclusive, sem perda de efeitos cabíveis após a finalização do contrato. 19 Em razão da cláusula geral da boa-fé objetiva, os contratantes devem tanto nas negociações, como na execução do contrato, mutúo respeito quanto aos direitos da outra parte, pois essa é a função integrativa da boa-fé objetiva. COELHO (2020). 3 METODOLOGIA A pesquisa pode ser classificada em quatro aspectos: i) quanto à natureza; ii) quanto à forma de abordagem do problema; iii) quanto aos objetivos; e iv) quanto aos procedimentos técnicos. Começando pelo ponto de vista de sua natureza, a pesquisa pode ser básica ou uma pesquisa aplicada. A pesquisa básica, conforme SILVA E MENEZES (2005), é aquela com o objetivo de gerar novos conhecimentos para o avanço da ciência em geral, sem uma aplicação prática e prevista. Em outras palavras, é aquela que envolve verdades e interesses universais. A pesquisa aplicada, ao contrário da anteriormente conceituada, tem como objetivo gerar conhecimentos a aplicação prática direcionada a um determinado problema científico, envolvendo verdades e interesses locais. Do ponto de vista relacionado à forma de abordagem do problema, a pesquisa pode ser classificada em dois tipos: pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa. A respeito da pesquisa quantitativa MORESI (2003, p.8) conceitua que: Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.). Desta forma, pode se dizer que, a pesquisa quantitativa é aquela feita por meio de recursos e de técnicas de estatísticas, traduzem-se todas as opiniões e informações em números quantificáveis, visando-se tornar tangível a análise por meio de porcentagem, média, moda e demais recursos e técnicas disponíveis para tal. 20 Já a pesquisa qualitativa não pode ser traduzida em números e não requer uso de métodos e técnicas de estatísticas, visto que a mesma é feita por uma relação entre o mundo real e o sujeito em que vive nele. As palavras de SILVA E MENEZES (2005 p.20) sintetizam claramente tal conceito da seguinte forma: “Um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, que não pode ser traduzido em números”. É uma forma de pesquisa onde o ambiente natural é a chave para a coleta de dados e o processo e seu significado são os principais focos de abordagem. Quanto aos objetivos SILVA E MENEZES (2005) classificam a pesquisa em três formas: a) pesquisa exploratória, b) pesquisa descritiva e c) pesquisa explicativa. Cabe distinguir que a pesquisa exploratória é o tipo de pesquisa onde se utiliza de pesquisas bibliográficas e estudos de casos para compreender o problema pesquisado. O intuito é disponibilizar uma maior familiaridade com o próprio problema para torná-lo explícito ou para construir hipóteses sobre o mesmo. Já a pesquisa descritiva conforme explica GIL (2002, p.42): [...] têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. É aquela em que expõe as características de um fenômeno ou de uma população por meio de técnicas específicas, comoo questionamento e a observação sistemática. Este tipo apresenta a forma de um levantamento de dados. E por último a pesquisa explicativa: neste caso aprofunda-se e tem como objetivo identificar certos fatores que determinam ou são cúmplices para a ocorrência de certos fenômenos. Nas palavras de Silva e Menezes (2005 p. 21) “aprofunda o conhecimento da realidade porque explica, a razão, o ‘porquê’ das coisas”. 21 Para Silva e Menezes (2005) é possível que a classificação da pesquisa ocorra em relação aos procedimentos técnicos, sendo dividida em seis diferentes formas: pesquisa bibliográfica, documental, experimental, levantamento, estudos de casos e pesquisa expost-facto. A pesquisa bibliográfica é a utilizada para a composição do atual projeto de pesquisa nos seguintes moldes: visa-se elaborar o presente projeto tendo como fonte o material que já foi publicado, ou seja, o acervo de livros, artigos científicos e também materiais disponibilizados via internet. Em conclusão, o procedimento metodológico deste artigo pode ser classificado quanto a sua natureza como uma pesquisa básica; quanto à forma da abordagem de problemas, pode ser classificado como uma pesquisa qualitativa e quanto aos objetivos, como pesquisa descritiva. Por fim, o procedimento técnico elegido é a pesquisa bibliográfica, visando apontar qual é a melhor solução para o problema levantado a partir de consultas de livros e artigos jurídicos. 4- CRONOGRAMA QUADRO I – CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES Atividades Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Revisão da metodologia X Definição do tema X Pesquisa bibliográfica inicial X Elaboração do Projeto X X Pesquisa bibliográfica X X Aplicação instrumento de coleta de dados X 22 Redação X Entrega do TCC X Defesa da Banca X Elaborado por: (Thiago Martins Moreira 2020) 5 REFERENCIAS AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de direito civil: teoria geral dos contratos/ Álvaro Villaça Azevedo. - 4. ed.-São Paulo: Saraiva Educação, 2019. BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 15 de outubro de 2020. BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Acórdão nº 1150970, APELAÇÃO 00040397520178070001, Relator: ROMEU GONZAGA NEIVA, 7ª Turma Cível, data de julgamento: 13/2/2019, publicado no DJe: 18/2/2019. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: contratos, volume 3 [livro eletrônico] / Fábio Ulhoa Coelho. –2.ed – São Paulo: Thomson Reuters Brasil,2020 MATTOS, Karina Denari Gomes de. A aplicação do princípio da boa-fé nas relações contratuais. 06 de outubro de 2007. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2007-out-06/aplicacao_principio_boa- fe_relacoes_contratuais. Acesso em: 15 de outubro de 2020. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 3: teoria das obrigações contratuais e extracontratuais / Maria Helena Diniz. – 33. Ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2017. MORESI, Eduardo. Metodologia de Pesquisa. Março 2003. Disponível em: http://www.inf.ufes.br/~pdcosta/ensino/2010-2-metodologia-de- pesquisa/MetodologiaPesquisa-Moresi2003.pdf. Acesso em: 20 de novembro de 2020. GAGLIANO, Pablo GAGLIANO; FILHO, Rodolfo Pamplona. Contratos / Pablo Stolze; Rodolfo Pamplona Filho. – Coleção Novo curso de direito civil volume 4 – 3. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020. Gil, Antônio Carlos, 1946- Como elaborar projetos de pesquisa/Antônio Carlos Gil. - 4. ed. - São Paulo : Atlas, 2002 GONÇALVES, Carlos Roberto. 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FARIAS, Cristiano Chaves de. Curso de direito civil: contratos I Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald- 7. ed. rev~ e atual.- Salvador; Ed. JusPodivm, 2017 LÔBO, Paulo: Boa-fé entre o princípio jurídico e o dever geral de conduta obrigacional. 26 de fevereiro de 2018. Disponível em: http://genjuridico.com.br/2018/02/26/boa-fe-do-administrado-e-do-administrador- como-fator-limitativo-da-discricionariedade-administrativa/. Acesso em: 5 de novembro de 2020. LÔBO, Paulo. Contratos / Paulo Lôbo. - Coleção Direito civil volume 3 – 6. ed. São Paulo : Saraiva Educação, 2020. MARTINEZ, Vinicius. Deveres laterais decorrentes da boa-fé objetiva / Vinícius Martinez. Fundação Educacional do Município de Assis – Fema - Assis, 2013. Disponível em: https://cepein.femanet.com.br/BDigital/arqTccs/0911300958.pdf Acesso em: 15 de outubro de 2020. NADER, Paulo. Curso de direito civil, volume 3: contratos / Paulo Nader. – 9. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense, 2018. SILVA, Edna Lúcia da. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação/Edna Lúcia da Silva, Estera Muszkat Menezes. – 4. ed. rev. atual. – Florianópolis: UFSC, 2005. 138p. 1. Pesquisa – Metodologia. I. Menezes, Estera Muszkat. II. Título RIZZARDO, Arnaldo, 1942- Contratos / Arnaldo Rizzardo – 16. Ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. 7. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos / Sílvio de Salvo Venosa. – 17. ed.– São Paulo: Atlas, 2017. (Coleção Direito Civil; 3) VENOSA, Sílvio de Salvo Direito civil: contratos / Sílvio de Salvo Venosa. –20. ed. – São Paulo: Atlas, 2020. . http://genjuridico.com.br/2018/02/26/boa-fe-do-administrado-e-do-administrador-como-fator-limitativo-da-discricionariedade-administrativa/ http://genjuridico.com.br/2018/02/26/boa-fe-do-administrado-e-do-administrador-como-fator-limitativo-da-discricionariedade-administrativa/ https://cepein.femanet.com.br/BDigital/arqTccs/0911300958.pdf 24 ANEXO I 25 PLANO PROVISÓRIO DE PESQUISA (SUMÁRIO) INTRODUÇÃO........................................................................................................... 1 PRINCIPIOS CONTRATUAIS................................................................................ 1.2 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE..................................................... 1.3 PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIO............................................................ 1.4 PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE EFEITOS DO CONTRATUAIS........................ 1.5 PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL...................................................................... 2 A BOA FÉ EM MATÉRIACONTRATUAL........................................................... 2.1 A BOA-FÉ COMO UM PRINCÍPIO JURÍDICO.................................................. 2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA BOA-FÉ.............................................................. 2.2 BOA-FÉ NO DIREITO BRASILEIRO................................................................. 2.3 A BOA-FÉ SUBJETIVA...................................................................................... 2.4 A BOA-FÉ OBJETIVA........................................................................................ 3 FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA...................................................................... 3.1 FUNÇÃO INTERPRETATIVA............................................................................ 3.2 FUNÇÃO DE CONTROLE................................................................................. 3.3 FUNÇÃO INTEGRATIVA................................................................................... 3.3.1 BOA-FÉ OBJETIVA NAS FASES CONTRATUAIS......................................... 3.3.2 RESPONSABILIDADE CIVIL DA BOA-FÉ OBJETIVA.................................. 4 CONCLUSÃO........................................................................................................ REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 26 INTRODUÇÃO A boa–fé é um princípio perceptível desde os primórdios da humanidade. À medida que houve evolução humana nas organizações da sociedade, foi sendo estabelecidos conceitos e regras que possibilitam uma convivência saudável entre todos os indivíduos. Deste modo, viver honestamente, não lesar a ninguém e dar a cada o que é seu por direito, são exemplos de atitudes conceituadas como fundamentais em todas as esferas sociais e representativas referentes ao conceito da própria boa – fé. Em nosso ordenamento jurídico, a boa-fé aparece no Código Civil de 1916 apenas na sua forma subjetiva. A boa-fé subjetiva relacionada com relações contratuais, pode ser conceituada como a ignorância ou desconhecimento de um vício negocial por parte de um dos contratantes. Neste contexto, cabe ressaltar que com o passar dos anos houve uma larga expansão econômica no Brasil, resultando crescente ampliação nas relações contratuais, e na consequente inclusão do aspecto objetivo da boa–fé em nosso ordenamento jurídico. Foi mediante o Código Civil de 2002 em seu Artigo 422 que ficou expresso em nossa legislação o princício da boa-fé objetiva. Sua precisão menciona que “os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé”, sendo assim uma exigência de uma conduta legal por parte dos contratantes em uma relação contratual. Desta forma, a boa-fé objetiva integrou na confecção das relações contratuais tornando-se um princípio fundamental para a elaboração dos contratos, anexando deveres e regras que devem ser obedecidas e respeitadas por todas as partes no decorrer de todas as fases contratuais. Sendo assim, por intermédio do Código Civil de 2002 surgiu a função integrativa da boa-fé objetiva nas relações contratuais. Devido sua extrema importância, a boa-fé pode ser conceituada como um princípio que deve ser considerado em todas as relações jurídicas e sociais. 27 Princípio este que se relaciona com a própria conduta social de cada indivíduo, assim, por sua notável relevância torna-se cada vez mais importante o estudo do presente tema. A análise de tal deve ser apresentada de forma clara e efetiva desde sua evolução em nosso ordenamento, até a sua integração e aplicação nas diversas fases das relações contratuais, visto que se trata de um princípio fundamental, o qual rege o comportamento das partes, havendo consequências punitivas para aqueles que o desobedece. O princípio da boa-fé contratual é um assunto discutido e consolidado doutrinariamente no âmbito jurídico, pois se trata de um princípio fundamental para as confecções das relações contratuais e negócios jurídicos. Contudo, surge a presente problemática análisada: Qual a função integrativa ou integradora do princípio da boa-fé objetiva e subjetiva nas relações contratuais? Em quais fases contratuais que se deve respeitar o princípio da boa-fé? Quais são as punições para a elaboração de um contrato que inobserva e fere o princípio da boa-fé objetiva? O Objetivo do presente estudo consiste em apresentar e discorrer a respeito da função integrativa do princípio da boa–fé contratual em suas diferentes formas. Aborda aspectos relacionados à forma objetiva e subjetiva do tema supracitado, assim como busca demonstrar sua importância e aplicação nas relações contratuais com base no Código Civil e na própria Constituição da República Federativa do Brasil (CF/88). O procedimento metodológico utilizado, pode ser classificado quanto a sua natureza como uma pesquisa básica, quanto a forma da abordagem de problemas seria uma pesquisa qualitativa e quanto aos objetivos se classifica como pesquisa descritiva, e, por fim, o procedimento técnico optado é a pesquisa bibliográfica, visando apontar qual é a melhor solução para o problema levantado.
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