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Prof.: João Alberto Machado Leite PAVIMENTAÇÃO – PT 2 Estabilização do Solo; Revestimentos • Conceito: Estabilizar um solo significa conferir-lhe a capacidade de resistir e suportar as cargas e os esforços induzidos pelo tráfego normalmente aplicados sobre o pavimento e também às ações erosivas de agentes naturais sob as condições mais adversas de solicitação consideradas no projeto. • Objetivo: Compreende todos os processos naturais e artificiais aplicados aos solos, objetivando melhorar suas características de resistência mecânica, bem como garantir a constância destas melhorias no tempo de vida útil das obras de engenharia. • Importância: O domínio das técnicas de estabilização pode conduzir a sensíveis reduções nos tempos de execução das obras, propiciando uma economia substancial para o empreendimento. • Estudos e Análises: Essencialmente, a estabilização de um solo consiste de um estudo da resistência do solo e da suplementação necessária desta resistência. Baseado neste estudo é escolhido um método qualquer para a suplementação da resistência, e isto é feito segundo análises econômicas e técnicas do problema em questão. • Podem ser classificadas em: a) Estabilização Granulométrica Estas camadas são executadas pela compactação de um material ou de mistura de materiais que apresentam granulometria apropriada e índices físicos específicos, fixados em especificações. b) Macadame Hidráulico ou Seco Consiste de uma camada de brita de graduação aberta de tipo especial (ou brita tipo macadame), que, após a compressão, tem os vazios preenchidos pelo material de enchimento, constituído por finos de britagem (pó de pedra) ou mesmo por solos de granulometria e plasticidade apropriadas. a) Solo-cimento É uma mistura devidamente compactada de solo, cimento Portland e água. O teor de cimento adotado usualmente é da ordem de 6% a 10%. b) Solo Melhorado com Cimento Esta modalidade é obtida mediante a adição de pequenos teores de cimento (2% a 4%), visando primordialmente à modificação do solo no que se refere à sua plasticidade e sensibilidade à água. c) Solo-cal É uma mistura de solo, cal e água e, às vezes, cinza volante, uma pozolona artificial. O teor de cal mais frequente é de 5% a 6%, e o processo de estabilização ocorre: • por modificação do solo, no que refere à sua plasticidade e sensibilidade à água; • por carbonatação, que é uma cimentação fraca; • por pozolanização, que é uma cimentação forte. Quando, pelo teor de cal usado, pela natureza do solo ou pelo uso da cinza volante, predominam os dois últimos efeitos mencionados, tem-se as misturas solo-cal, consideradas semi- rígidas. d) Solo Melhorado com Cal É a mistura que se obtém quando há predominância do primeiro dos efeitos citados acima(modificação), e é considerada flexível. e) Solo-betume É uma mistura de solo, água e material betuminoso. Trata- se de uma mistura considerada flexível. f) Bases Betuminosas Diversas Estabilização através de materiais e técncias idênticos aos empregados nos revestimentos betuminosos. Estas camadas são, caracteristicamente, as de concreto de cimento. Esses tipos de bases e sub-bases têm acentuada resistência à tração, fator determinante no seu dimensionamento. Podem ser distinguidos dois tipos de concreto: • Concreto plástico - próprio para serem adensados por vibração manual ou mecânica; • Concreto magro - diz respeito ao pequeno consumo de cimento, mas com consistência apropriada à compactação com equipamentos rodoviários. • Descrição da dosagem • Solo-cimento: é o produto endurecido resultante da mistura íntima compactada de solo, cimento e água, em proporções estabelecidas através de dosagem racional, executada de acordo com as normas aplicáveis ao solo em estudo. • Dosagem de solo-cimento: é a sequência de ensaios realizados com uma mistura de solo, cimento e água, seguida de interpretação dos resultados por meio de critérios preestabelecidos, sendo o resultado final, a fixação das três varáveis citadas; • Dosagem idealizada pela Portand Ciment Association (PCA); • Dosagem Geral e Simplificada pela ABCP; • Dosagem NBR 12253 baseada na dosagem da PCA. • Etapas da norma geral de dosagem solo-cimento: A dosagem de uma mistura solo-cimento pode ser considerada como experimental, onde diferentes teores de cimento são empregados nos ensaios e a análise dos resultados indica o menor deles capaz de estabilizar o solo sob a forma de solo-cimento. • Etapas ensaio de durabilidade (DNER-203): Os solos arenosos são, de um modo geral, facilmente destruídos por ações abrasivas, quando analisados separadamente, devido a falta do “ligante”. Já os solos argilosos, também analisados separadamente, são muito deformáveis, com baixa resistência ao cisalhamento, quando absorvem água. Na prática, é comum e necessário misturarmos estes dois tipos de solos, ou seja, solos com características granulares e solos com características coesivas, para obtermos uma mistura com propriedades ideais de resistência e trabalhabilidade. Método de Mistura • Método Analítico: • Exemplo numérico Granulometria de cada material Granulometria desejada • Com as porcentagens encontradas para cada material, calcula-se a granulometria do material M e compara-se com a especificação. • Os revestimentos podem ser grupados de acordo com o esquema apresentado: Os revestimentos betuminosos são constituídos por associação de agregados e materiais betuminosos. “Betume é uma mistura de hidrocarbonetos de consistência sólida, líquida ou gasosa, de origem natural ou pirogênica, completamente solúvel em dissulfeto de carbono, frequentemente acompanhado de seus derivados não metálicos” (NBR 7208). Esta associação pode ser feita de duas maneiras clássicas: por penetração e por mistura. a) Revestimentos por Penetração Esta modalidade envolve dois tipos distintos: por penetração invertida e por penetração direta. • Revestimentos Betuminosos por Penetração Invertida São os revestimentos executados através de uma ou mais aplicações de material betuminoso, seguida(s) de idêntico número de operações de espalhamento e compressão de camadas de agregados com granulometrias apropriadas. • Revestimentos Betuminosos por Penetração Direta São os revestimentos executados através do espalhamento e compactação de camadas de agregados com granulometria apropriada, sendo cada camada, após compressão, submetida a uma aplicação de material betuminoso e recebendo, ainda, a última camada, uma aplicação final de agregado miúdo. b) Revestimentos por Mistura Nos revestimentos betuminosos por mistura, o agregado é pré- envolvido com o material betuminoso, antes da compressão. Quando o pré-envolvimento é feito em usinas fixas, resultam os "Pré-misturados Propriamente Ditos" e, quando feito na própria pista, têm-se os "Pré-misturados na Pista" (road mixes). Conforme os seus respectivos processos construtivos, são adotadas ainda as seguintes designações: • Pré-misturado a Frio - Quando os tipos de agregados e de ligantes utilizados permitem que o espalhamento seja feito à temperatura ambiente. • Pré-misturado a Quente - Quando o ligante e o agregado são misturados e espalhados na pista ainda quentes. De uma maneira geral, a sua execução se restringe a pátios de estacionamento, vias urbanas e alguns acessos viários - muito embora tal execução envolva algumas vantagens nos seguintes casos: • Em trechos com rampas mais íngremes - aonde, por exemplo, os paralelepípedos promovem uma maior aderência dos pneus, aumentando a segurança – evitando dificuldades de transposição, principalmente na época das chuvas. • Em trechos urbanos, onde a estrada coincide com zonas densamente povoadas,para os quais estão previstos os serviços de redes de água e esgotos. a) Alvenaria Poliédrica Estes revestimentos consistem de camadas de pedras irregulares (dentro de determinadas tolerâncias), assentadas e comprimidas sobre um colchão de regularização, constituído de material granular apropriado; b) Paralelepípedos Estes revestimentos são constituídos por blocos regulares, assentes sobre um colchão de regularização constituído de material granular apropriado. • O concreto de cimento, ou simplesmente "concreto" é constituído por uma mistura relativamente rica de cimento Portland, areia, agregado graúdo e água, distribuído numa camada devidamente adensado. Essa camada funciona ao mesmo tempo como revestimento e base do pavimento. • Os pavimentos são estruturas de múltiplas camadas, sendo o revestimento a camada que se destina a receber a carga dos veículos e mais diretamente a ação climática. • Na maioria dos pavimentos brasileiros usa-se como revestimento uma mistura de agregados minerais, de vários tamanhos, podendo também variar quanto à fonte, com ligantes asfálticos. • Requisitos de impermeabilidade, flexibilidade, estabilidade, durabilidade, resistência à derrapagem, resistência à fadiga e ao trincamento térmico, de acordo com o clima e o tráfego previstos para o local. • O material de revestimento pode ser fabricado em usina específica (misturas usinadas), fixa ou móvel, ou preparado na própria pista (tratamentos superficiais). • Os revestimentos são também identificados quanto ao tipo de ligante: a quente com o uso de CAP, ou a frio com o uso de EAP. • As misturas usinadas podem ser separadas quanto à distribuição granulométrica em: densas, abertas, contínuas e descontínuas. Quando a mistura de agregados e ligante é realizada em usina estacionária e transportada posteriormente por caminhão para a pista, é lançada por equipamento apropriado, denominado vibroacabadora. Em seguida é compactada, até atingir um grau de compressão tal que resulte num arranjo estrutural estável e resistente. As misturas a quente distinguem-se em vários tipos de acordo com o padrão granulométrico empregado e as exigências de características mecânicas, em função da aplicação a que se destina. As misturas asfálticas a quente podem ser subdivididas pela graduação dos agregados e fíler. São destacados três tipos mais usuais nas misturas a quente: • Graduação densa: curva granulométrica contínua e bem-graduada de forma a proporcionar um esqueleto mineral com poucos vazios. Exemplo: concreto asfáltico (CA); • Graduação aberta (uniforme): curva granulométrica uniforme com agregados quase exclusivamente de um mesmo tamanho, de forma a proporcionar um esqueleto mineral com muitos vazios interconectados, com o objetivo de tornar a mistura com elevado volume de vazios com ar e, portanto, drenante, possibilitando a percolação de água no interior da mistura asfáltica. Exemplo: mistura asfáltica drenante, conhecida no Brasil por camada porosa de atrito (CPA); Graduação descontínua: curva granulométrica com proporcionamento dos grãos de maiores dimensões em quantidade dominante em relação aos grãos de dimensões intermediárias, completados por certa quantidade de finos, de forma a ter uma curva descontínua em certas peneiras, com o objetivo de tornar o esqueleto mineral mais resistente à deformação permanente com o maior número de contatos entre os agregados graúdos. Exemplo: matriz pétrea asfáltica (stone matrix asphalt – SMA); mistura sem agregados de certa graduação (gap-graded). • De curva granulométrica bem-graduada; • O concreto asfáltico é a mistura asfáltica muito resistente em todos os aspectos, desde que adequadamente selecionados os materiais e dosados convenientemente; • Por ser bem graduado, a quantidade de ligante asfáltico não pode ser muito grande: • A mistura PRECISA ter certo teor de vazios com ar (3-6%); • Caso contrário, deformam-se muito – fluência e fadiga. • CA são as misturas asfálticas usinadas a quente mais utilizadas no Brasil; • Ligante asfáltico modificado por polímero ou por asfalto- borracha tendem a ser benéficos. • faixas granulométricas recomendadas • Granulometria uniforme; • Mantêm uma grande porcentagem de vazios com ar não preenchidos graças às pequenas quantidades de fíler, de agregado miúdo e de ligante asfáltico: • normalmente entre 18 e 25% de vazios com ar. • Camada de rolamento com a finalidade funcional de aumento de aderência pneu-pavimento em dias de chuva; • Rápida percolação devido à sua elevada permeabilidade, até a água alcançar as sarjetas. • Graduação descontínua/aberta; • Concebido em 1968 na Alemanha, a partir dos anos 80 passou a ser utilizado amplamente na Europa; • O SMA é um revestimento asfáltico, usinado a quente, concebido para maximizar o contato entre os agregados graúdos, aumentando a interação grão/grão; • A mistura se caracteriza por conter uma elevada porcentagem de agregados graúdos: • Entretanto, diferente do CPA, os vazios são preenchidos por graduação fina de areia, fíler e ligante asfáltico; • SMA é rico em ligante asfáltico (6,0 – 7,5%) • Devido à graduação e alta concentração de agregados graúdos, tem-se macrotextura superficialmente rugosa, formando pequenos “canais” entre os agregados graúdos. Consequência: • eficiente drenabilidade superficial; • aumento de aderência pneu-pavimento em dias de chuva. • No país, pioneiramente foi construída a pista do autódromo de Interlagos em São Paulo em fevereiro de 2000, empregando-se o SMA (Beligni et al., 2000). • Em agosto de 2001 foi construído um trecho experimental de SMA na curva mais fechada e perigosa da Via Anchieta, rodovia que interliga São Paulo a Santos, mostrando grande sucesso e superioridade de comportamento funcional e estrutural em relação a outras soluções asfálticas até então empregadas (Reis et al., 2002). Os pré-misturados a frio (PMF) consistem em misturas usinadas de agregados graúdos, miúdos e de enchimento, misturados com emulsão asfáltica de petróleo (EAP) à temperatura ambiente. O PMF pode ser usado como revestimento de ruas e estradas de baixo volume de tráfego, ou ainda como camada intermediária (com CA superposto) e em operações de conservação e manutenção, podendo ser: • denso – graduação contínua e bem-graduado, com baixo volume de vazios; • aberto – graduação aberta, com elevado volume de vazios. • No que concerne à permeabilidade, pode-se observar: • vazios ≤ 12% – apresenta baixa permeabilidade podendo ser usado como revestimento; • vazios > 12% – apresenta alta permeabilidade, necessitando uma capa selante caso seja usado como única camada de revestimento. Quando >20% pode ser usado como camada drenante. • Os PMFs podem ser usados em camada de 30 a 70mm de espessura compactada, dependendo do tipo de serviço e da granulometria da mistura. Espessuras maiores devem ser compactadas em duas camadas. • As camadas devem ser espalhadas e compactadas à temperatura ambiente. • O espalhamento pode ser feito com vibroacabadora ou até mesmo com motoniveladora, o que é conveniente para pavimentação urbana de ruas de pequeno tráfego. • Também é possível estocar a mistura ou mesmo utilizá-la durante um dia inteiro de programação de serviços de conservação de vias. • Em casos principalmente de selagem e restauração de algumas características funcionais; • Misturas asfálticas que se processam em usinas móveis especiais que promovem a mistura agregados-ligante imediatamente antes da colocação no pavimento; • São misturas relativamente fluidas, como a lama asfáltica e o microrrevestimento asfáltico. • As lamas asfálticas consistem basicamente de uma associação, em consistênciafluida, de agregados minerais, material de enchimento ou fíler, emulsão asfáltica e água, uniformemente misturadas e espalhadas no local da obra, à temperatura ambiente. • Aplicação principal em manutenção de pavimentos, especialmente nos revestimentos com desgaste superficial e pequeno grau de trincamento. • Aplica-se especialmente em ruas e vias secundárias. • Não corrige irregularidades acentuadas nem aumenta a capacidade estrutural • Esta é uma técnica que pode ser considerada uma evolução das lamas asfálticas, pois usa o mesmo princípio e concepção, porém utiliza emulsões modificadas com polímero para aumentar a sua vida útil. • O microrrevestimento é utilizado em: • recuperação funcional de pavimentos deteriorados; • capa selante; • revestimento de pavimentos de baixo volume de tráfego;
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