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Pâncreas Endócrino Anatomia O pâncreas é formado por dois tecidos, os ácinos, que secretam o suco pancreático e as ilhotas de Langerhans, que secretam os hormônios endócrinos do pâncreas, a insulina e o glucagon. As ilhotas de Langerhans compõem a porção endócrina do pâncreas, contendo quatro tipos de células. As células α (alfa) compõem 25% do total da ilhota e são responsáveis pela síntese e secreção de glucagon; as células β (beta) compõem 60% do total e produzem e secretam insulina; as células δ (delta) produzem somatostatina e compõem 10% do total; as células F (PP) compõem 5% da ilhota e produzem polipeptídeo pancreático. Pâncreas com ilhota de Langerhans Insulina A secreção de insulina está associada à abundância de energia, especialmente ao excesso de carboidratos. A insulina é sintetizada no retículo endoplasmático rugoso das células β das ilhotas de Langerhans. A biossíntese se inicia com a tradução do mRNA específico para a formação da pré-proinsulina. Esta é clivada e perde seu peptídeo sinal, originando a molécula de proinsulina. A proinsulina também é clivada, mas agora no aparelho de Golgi, para formar a insulina ativa e seu peptídeo conector, que conecta as cadeias A e B da insulina. Ainda no aparelho de Golgi, a insulina é empacotada e revestida por grânulos secretores. Ao chegar na célula-alvo a insulina se liga a um receptor de membrana ligado à enzima. A autofosforilação do receptor ativa uma tirosina cinase que causa a fosforilação de outras enzimas intracelulares para produzir a resposta final. Os principais efeitos finais são: → Aumentar a captação de glicose pelas células; → Promover a fosforilação imediata da glicose captada, transformando-a em substrato energético; → Aumentar a permeabilidade da membrana a aminoácidos, íons potássio e fosfato; → Aumentar a expressão gênica, a síntese de proteínas, lipídeos e glicogênio Insulina e Músculo Na maior parte do tempo o músculo utiliza ácidos graxos como substrato energético e não glicose, isso porque a insulina secretada não é suficiente para promover a entrada de várias moléculas de glicose no músculo. Porém, após as refeições a glicemia fica alta e a secreção de insulina também. Com isso, o músculo é capaz de captar altas quantidades de glicose, por uma alta estimulação de transporte pela insulina, e utiliza-las em suas contrações preferencialmente aos ácidos graxos, que têm sua utilização inibida pela insulina. Durante a realização de exercícios, a contração muscular aumenta a translocação da molécula transportadora de glicose 4 (GLUT4) e facilita a difusão da glicose na célula. Se a glicose muscular estiver em excesso após a refeição, ela deverá ser estocada como glicogênio muscular por meio da enzima glicogênio sintase. Posteriormente, este glicogênio pode ser usado em exercícios intensos e até mesmo em picos de energia anaeróbica. Insulina e Fígado A secreção de insulina após uma refeição promove, no fígado, a conversão da maior parte da glicose sanguínea em glicogênio hepático. No período entre refeições esse glicogênio hepático é reconvertido em glicose e devolvido para o sangue. Basicamente a formação do glicogênio ocorre dessa maneira: a insulina, ao chegar no fígado, vai impedir a quebra de glicogênio em glicose pela inibição da enzima fosforilase hepática. Depois a insulina vai aumentar a captação de glicose pelo fígado e promover a fosforilação da mesma em glicose-6- fosfato, impedindo sua difusão pela membrana. Por fim, a glicose hepática vai formar moléculas de glicogênio por meio da estimulação da enzima glicogênio sintase. Quando os níveis de glicose abaixam e, do mesmo modo, a secreção da insulina também abaixa, o glicogênio estocado no fígado deve ser queimado para aumentar a glicemia. Inicialmente a captação de glicose e a síntese de glicogênio é inibida, depois, o glicogênio armazenado será clivado pela enzima fosforilase em glicose-6-fosfato. A glicose-6-fosfato perderá seu fosfato pela glicose fosfatase e poderá voltar ao sangue, aumentando a glicemia. Se os níveis de glicose e glicogênio hepático estiverem muito altos, a insulina irá estimular o fígado a converter o excesso de glicose em gordura. Esta glicose adicional é transformada em piruvato pela glicólise e depois convertida em acetil-CoA (principal formador de ácidos graxos). O ciclo de Krebs produz um excesso de citrato e isocitrato, íons estes responsáveis pela ativação da enzima acetil-CoA carboxilase, que carboxila o acetil-CoA em malonil-CoA. Por fim, o malonil-CoA produz os ácidos graxos e, posteriormente, triglicerídeos, que serão enviados ao tecido adiposo. Além disso, a insulina também é responsável por inibir a gliconeogênese do fígado. Isso ocorre porque já está se produzindo muito glicogênio, então não se faz necessário a produção de glicogênio por outras fontes (como aminoácidos). Esse efeito também é causado por uma redução da liberação de aminoácidos pela insulina, portanto, sem este substrato a gliconeogênese não ocorre. Insulina e Cérebro A maioria das células nervosas é permeável à glicose e pode utilizá-las sem a intermediação da insulina, isso porque elas só conseguem usar a glicose como substrato energético. Por isso é necessário manter os níveis de glicose sempre mais altos que o nível crítico. A glicose em baixa pode provocar a perda de consciência, irritabilidade nervosa ou até o coma pelo chamado choque hipoglicêmico. Insulina e Tecido Adiposo Inicialmente, em todo o organismo a insulina vai promover uma maior utilização da glicose e uma menor utilização de gordura para produção de energia. Porém, quando a glicose e o glicogênio estão em excesso, os carboidratos adicionais serão utilizados para promover a síntese de ácidos graxos e triacilgliceróis no fígado como citado anteriormente. Os triacilgliceróis do fígado são transportados para o tecido adiposo por meio de lipoproteínas. Ao chegar no tecido adiposo, a insulina estimula a enzima lipoproteína lipase a quebrar os triacilgliceróis em ácidos graxos para entrarem na membrana dos adipócitos e serem armazenados. No tecido adiposo, a insulina vai inibir a enzima lipase hormônio-sensível a liberar ácidos graxos no sangue. Além do transporte de triacilglicerol para o tecido adiposo, a insulina também promove o transporte da própria glicose para este tecido. Ela será utilizada para a produção de glicerol, o qual se associa a três ácidos graxos para formar uma molécula de triacilglicerol que será devidamente estocada. Quando a glicemia abaixa e a secreção de insulina também, a enzima lipase hormônio-sensível é ativada, promovendo a liberação de triacilglicerol no sangue para fornecer energia para o organismo no lugar da glicose, exceto para o cérebro. A ausência da insulina também promove a rápida betaoxidação dos ácidos graxos, liberando muito acetil-CoA. No sangue, o excesso de acetil-CoA é convertido em ácido acetoacético, o qual origina o ácido β-hidroxibutírico e acetona (ambos chamados de corpos cetônicos). Esses corpos cetônicos, em excesso, podem causar acidose grave e coma. Insulina e Proteínas A insulina é responsável por estimular o transporte de aminoácidos para células, estimular a transcrição de DNA em RNA e a tradução de mRNA para a síntese de novas proteínas. Isso ocorre porque os aminoácidos estão em excesso, então serão utilizados para a síntese de proteínas Além disso, ela inibe o catabolismo proteico, reduzindo a liberação de aminoácidos das células, visto que não é necessário utilizar proteínas como substrato energético com a glicose em alta. Quando não há insulina, o catabolismo proteico aumenta e o anabolismo proteico é inibido. Isso ocorre porque sem insulina a glicose está em baixa, então os aminoácidos serão utilizados para a gliconeogênese hepática, aumentando a glicemia novamente.Secreção da Insulina As células β das ilhotas de Langerhans possuem transportadores de glicose, que permitem o influxo de glicose nas células. Ao entrar, a glicose é fosforilada pela glicocinase em glicose-6- fosfato e logo depois oxidada em ATP. O ATP vai inibir os canais de potássio sensíveis ao ATP da célula, despolarizando a membrana. A despolarização abre canais de cálcio voltagem dependentes, permitindo o influxo de cálcio, o que estimula a fusão das vesículas de insulina e a secreção de insulina por exocitose. A regulação da secreção de insulina é controlada principalmente pelos níveis de glicose sanguínea. Quando a glicose é aumentada, a secreção da insulina também aumentará. Inicialmente a concentração de insulina aumenta muito devido a liberação imediata da insulina pré- formada, caindo pela metade depois de 5 minutos. Aos 15 minutos a secreção aumenta e atinge um platô que pode durar horas. Aminoácidos podem regular a secreção de insulina ao serem administrados no sangue. Isso ocorre porque a insulina vai promover o transporte de aminoácidos de volta a suas células para formação de proteínas. Hormônios gastrointestinais causam o aumento da secreção de insulina para preparar a glicose e os aminoácidos que serão absorvidos na digestão. Os hormônios glucagon, GH, cortisol, progesterona e estrogênio também alteram sua secreção. Por fim, inervação simpática pode aumentar a secreção de glucagon e diminuir a de insulina, enquanto inervação parassimpática eleva a secreção de insulina. Insulina e Alternância A secreção de insulina promove a utilização de carboidratos para energia e promove a síntese e armazenamento de lipídeos. Já a ausência de insulina vai promover a utilização de lipídeos como substrato energético e a exclusão da utilização da glicose, exceto no cérebro. Portanto, a insulina sempre estará regulando o uso da glicose no organismo, focando sua utilização no cérebro e, em excesso, para todos os organismos. Glucagon O glucagon é secretado pelas células α quando o nível de glicemia cai, tendo, portanto, a função de aumentar a concentração da glicose sanguínea por meio da quebra do glicogênio hepático e pelo aumento da gliconeogênese. A quebra do glicogênio hepático (glicogenólise) ocorre por uma série de reações químicas que são finalizadas pela degradação do glicogênio em glicose-1- fosfato e pela desfosforilação da glicose para se difundir pela membrana e alcançar a corrente sanguínea. A gliconeogênese promovida pelo glucagon ocorre por um aumento da captação de aminoácidos pelas células hepáticas, que serão utilizados para formação de glicose. O glucagon também é capaz de modificar o metabolismo de lipídeos pela ativação da lipase das células adiposas que disponibilizarão ácidos graxos para o sangue e para o organismo e inibindo o armazenamento de gordura no fígado. Outras funções não convencionais do glucagon são: aumentar a força do coração, o fluxo sanguíneo e a secreção da bile e inibir a secreção de ácido gástrico. Secreção do Glucagon Este hormônio é secretado por efeitos da glicemia sanguínea: a redução da concentração de glicose sanguínea aumenta a secreção de glucagon. Concentrações altas de aminoácidos também aumentam a secreção de glucagon para promover a conversão de aminoácidos em glicose pela gliconeogênese. Por fim, exercícios intensos também estimulam a secreção de glucagon. Somatostatina A somatostatina é um hormônio sintetizado pelas células δ das ilhotas de Langerhans. Fatores relacionados à ingestão de alimentos estimulam sua secreção (altos níveis de glicose, aminoácidos, ácidos graxos e hormônios gastrointestinais). A somatostatina vai diminuir a secreção de insulina e glucagon, diminuir a motilidade do estômago, do duodeno e da vesícula biliar e diminuir a secreção e absorção no trato gastrointestinal. Portanto, a somatostatina tem o papel de prolongar o tempo em que os nutrientes alimentares são assimilados pelo sangue, impedindo o consumo imediato dos alimentos tornando o uso de energia mais constante. Importância da Glicemia A regulação da glicemia é extremamente importante porque a glicose é o único nutriente utilizado pelo encéfalo, pela retina e pelo epitélio germinativo das gônadas. Além disso, a glicose contribui para a pressão osmótica no líquido extracelular, pois quando os níveis de glicose estão altos pode ocorrer o fenômeno da desidratação celular.
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