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*Artigo Técnico submetido à Universidade Salvador, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do diploma do curso de MBA em Gestão da Manutenção. Por motivos de sigilo em informações estratégicas da empresa, os dados dos compressores foram transformados para a aplicação da metodologia. ** Engenheiro de Produção Mecânica pela UNIBAHIA, atua no setor de manutenção da PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A: gersons5@hotmail.com. *** Mestre em Engenharia de Produção e Engenheiro Mecânico pela Universidade Federal da Bahia, atua há 34 anos na indústria mecânica e petroquímica: sergio.barreiro@pro.unifacs.com. APLICAÇÃO DE FMEA PARA SUBSIDIAR A MELHORIA DO MTBF DE COMPRESSORES SUNDYNE APLICADOS A PROCESSO MINOX* Gerson Pereira de Sales** Orientador: MSc. Sérgio R. C. Barreiro, *** RESUMO Este artigo apresenta a análise de confiabilidade em compressores de ar industrial utilizando a Análise de Modos e Efeitos de Falha (FMEA) como ferramenta de apoio. Foram realizadas, ao longo de 36 meses, coletas de dados de falha de dois compressores Sundyne, utilizados para a desaeração da água, no sistema de injeção de água em poços de petróleo. Após o estudo desses dados, foi proposta uma nova sistemática de análise de falhas, onde foi possível identificar em que fase da curva da banheira os equipamentos se encontram, bem como calcular o quanto se encontram disponíveis para a empresa. Além de priorizar os modos de falha pelo NPR (Número de Prioridade de Risco) do FMEA, o resultado dessas análises servirá para a definição de estratégias de manutenção para os equipamentos em análise e, consequentemente, aumento de seu MTBF. Palavras-chaves: Confiabilidade, análise de falhas, FMEA, MTBF. 1 - INTRODUÇÃO As oportunidades de aumento de produtividade, qualidade e lucratividade nunca foram melhores tratando-se dos conceitos e métodos existentes na atualidade, inclusive aqueles referentes à manutenção de equipamentos. As empresas e indústrias dispõem de uma gama de técnicas que podem lhes dar muitas vantagens competitivas, em um ambiente cuja demanda por sistemas e produtos de melhor desempenho é cada vez maior (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009). A utilização de ferramentas como a análise de modos e efeitos de falhas (FMEA Failure Modes and Effects Analysis) ou a análise da árvore de falhas (FTA Fault Tree Analysis) permite identificar equipamentos e/ou processos que possuem maior risco de ocorrência de modos de falha durante a sua operação. 2 Assim, é possível eliminar ou minimizar todos os modos de falha que são considerados críticos ao sistema, ou ainda, criar uma sistemática de priorização de manutenção a custos baixos (LAFRAIA, 2001). 1.1 - Objetivo Tendo em vista o tema abordado, o presente trabalho tem como objetivo geral propor uma sistemática de análise de falhas para verificar o desempenho de compressores Sundyne aplicados a processo MINOX. Como objetivos específicos pretende-se neste trabalho: (i) aplicar a ferramenta FMEA para analisar as falhas e identificar os principais modos de falha em compressores Sundyne aplicados a processo MINOX e (ii) calcular a confiabilidade de tais equipamentos, a fim de subsidiar um posterior estabelecimento de programas de manutenção. 2 - REFERENCIAL TÉORICO 2.1 - Confiabilidade de Equipamentos Para Lafraia (2001), a análise de confiabilidade é a avaliação probabilística de um sistema ou produto funcionar dentro de limites estabelecidos, não falhando durante determinado período de tempo em certas condições ambientais, visando proporcionar um bom desempenho funcional com baixo índice de falhas de um produto. Já a NBR 5462 (ABNT, 1994) define confiabilidade como sendo a capacidade de um item exercer uma função requerida sob condições especificadas durante certo período de tempo. Vários modelos matemáticos podem representar o comportamento até a falha de um equipamento ou sistema. Conhecendo-se a distribuição de probabilidade que mais se adequa aos tempos até a falha é possível estimar a probabilidade de sobrevivência de um item e determinar todas as medidas utilizadas para a análise de confiabilidade. A Figura 1 apresenta de forma resumida as principais distribuições aplicadas à confiabilidade, bem como suas principais expressões empregadas para modelar o comportamento da distribuição. 3 Figura 1 - Resumo das principais distribuições aplicadas à confiabilidade e suas medidas Fonte: Adaptado de Lafraia (2001); Fogliatto e Ribeiro (2009); Andrade (2011) As estimativas de confiabilidade em casos onde se tem diferentes modos de falha pode ser uma tarefa difícil. Os dados de falha são uma mistura de tempos até a falha que resultam de muitos modos de falha simultâneos e que recebem o nome de modos de falha concorrentes (competing failure mode). Para a modelagem conjunta destes diferentes modos de falha a distribuição de Weibull é a mais indicada, exatamente por ser flexível podendo se adequar às diferentes distribuições contidas na amostra dos dados. A versatilidade da distribuição de Weibull está relacionada basicamente com o valor de ϒ (parâmetro de forma). Quando ϒ<1, h(t) é decrescente, indicando a fase de mortalidade infantil na curva da banheira; já quando ϒ~1 h(t) tende a apresentar um comportamento constante, indicando a fase de maturidade. Neste caso, a distribuição de Weibull transforma-se na distribuição exponencial. Por fim, quando ϒ>1, h(t) tem uma tendência crescente, indicando a fase de desgaste. A literatura apresenta muitos estudos que confirmam a aplicabilidade da distribuição de Weibull na análise de confiabilidade em equipamentos complexos industriais. Verifica-se que a aplicação de tal método, pode indicar qual a estratégia de manutenção preventiva é a mais adequada para as máquinas estudadas e podendo então, calcular os intervalos ótimos de intervenção. Através da análise de confiabilidade são geradas informações que permitem a interpretação correta das falhas ocorridas, podendo-se sugerir melhorias em equipamentos existentes e futuros. Foi constatado ser uma ferramenta robusta e que fornece informações relevantes, tanto do ponto de vista técnico, o qual apresenta efetivamente o desempenho do equipamento quando nas condições de uso, quanto do ponto de vista gerencial, fornecendo os dados corretos para uma tomada de decisão mais adequada com relação ao planejamento das atividades de manutenção em parques fabris. 4 2.2 - Análise de Modos e Efeitos de Falhas – FMEA A Análise de Modos e Efeitos de Falhas, do original em inglês Failure Mode and Effects Analysis (FMEA), é uma técnica indutiva, estruturada e lógica que permite identificar potenciais falhas de um sistema, projeto e/ou processo, classificando-as conforme a criticidade obtida e tendo como objetivo eliminar ou minimizar os riscos associados a cada modo de falha verificado (LAFRAIA, 2001). A FMEA traduz, em uma sequência lógica e sistemática, a avaliação das formas possíveis pela qual um sistema ou processo está mais sujeito a falhas. Considera a severidade (S) das falhas, a frequência como as mesmas ocorrerem (O) e, como eventualmente poderiam ser detectadas (D). Assim, com base nestes três índices (severidade, ocorrência e detecção), é realizada uma priorização de quais modos de falha podem causar maior risco. O método utilizado para essa priorização é a multiplicação da pontuação obtida para os três índices e a partir desta multiplicação é calculado o RPN (Risk Priority Number) ou NPR (Número de Prioridade de Risco). Fogliatto e Ribeiro (2009) ressaltam que em caso de existência de dados quantitativos de manutenção, a Equação (1) reproduz, aproximadamente, os valores de ocorrência (O) a partir da taxa de falhas calculada. Ocorrência = (Taxa de falha/0,000001)0,20 Equação (1) 2.3 - Confiabilidade e Probabilidade de Falha O conceitode confiabilidade é definido na NBR 5462 (1994) como a “capacidade de um item desempenhar uma função requerida sob condições especificadas, durante um dado intervalo de tempo”. Este termo está intimamente relacionado com o desempenho do equipamento. Outra definição confere um caráter estatístico à confiabilidade. Sendo assim, confiabilidade pode ser a probabilidade de um equipamento realizar uma função requerida, sob condições definidas de uso, durante uma campanha estabelecida. Matematicamente temos que: 𝑅(𝑡) = 𝑒 −( 𝑡−𝑡0 𝛽 )𝛽 Onde: 𝑅(𝑡) é a confiabilidade (reliability) expressa em função do tempo t; 𝑡0 é a vida mínima ou confiabilidade intrínseca (tempo de operação a partir do qual o equipamento começa a apresentar falhas); 𝛽 é o fator de forma (indica a forma da curva e a característica das falhas). 5 Como são complementares, a probabilidade de falha (PoF) é definida como: 𝑃𝑜𝐹(𝑡) = 1 − 𝑒 −( 𝑡−𝑡0 𝛽 )𝛽 É importante lembrar que, sempre que se pensa em aumento de confiabilidade, geralmente este fato está atrelado a investimento de capital. “Confiabilidade será obtida através de mais material, ou seja, maior espessura ou dimensão, materiais melhores ou mais nobres ou mais caros, ou, por fim, pelo uso de equipamentos reservas para atuar como substitutos no caso de falha do equipamento principal”. Mesmo com o incremento no orçamento de aquisição de novos equipamentos para renovação do parque de ativos, Nascif (2015) defende que o custo global diminui. Grande parte desta redução está associada à redução significativa nos custos operacionais (vide Figura 2), que por sua vez é bastante influenciada pela renovação dos ativos, uma vez que equipamentos mais modernos necessitam de menos intervenções preventivas e corretivas. Figura 2 - Comparação entre custos. Nascif, 2015 Fonte: Adaptado de Nascif (2015) 6 3. APLICAÇÃO PRÁTICA 3.1 - Descrição da Empresa Este trabalho foi realizado em uma empresa do segmento de produção de petróleo e gás e que possui uma equipe de profissionais treinados e capacitados nas áreas de produção e manutenção. Seu processo produtivo conta com três principais sistemas: produção de óleo, produção de gás e injeção de água. As atividades de pesquisa neste estudo de caso foram então desenvolvidas no setor de injeção de água, mais especificamente, no compressor centrífugo (Sundyne) responsável pela remoção do nitrogênio contaminado com o oxigênio (removido da água do mar) do vaso de água desaerada. 3.2 - Descrição do Sistema A ocorrência de vasos com hidrocarbonetos na coluna de plataformas (ver figura 3) semissubmersíveis (SS) pode ser considerada um sério problema, pois o espaço não recebeu os cuidados necessários para uma área classificada. Figura 3 - Plataforma tipo semissubmersível (SS) Fonte: O autor O sistema Minox foi projetado para resolver o problema supracitado, com a substituição do gás natural por nitrogênio (gás não inflamável). Minox, marca registrada da empresa, é a composição das palavras “Minimum Oxigen” uma referência ao processo de desaeração. A tecnologia, desenvolvida em 1988 na Noruega teve sua primeira aplicação comercial em 1991. A empresa foi adquirida pelo grupo Greenland. 7 Informações gerais do sistema: O sistema foi fornecido em dois skids, sendo - Skid 1: um depurador de gás (“scrubber”); - Skid 2: 2 compressores, um pré-aquecedor, um reator, um resfriador de gás. Peso seco: 11.500 kg Peso em operação: 11.800 kg Vazão máxima de água considerada no dimensionamento: 25.000 m3/d Vazão de operação considerada no dimensionamento: 20.000 m3/d Vazão mínima de projeto: 9.960 m3/d Temperatura da água na desaeradora: 38C Pressão de operação: 100 kPa g Concentração de oxigênio na água captada: 8 ppm Concentração de oxigênio na água desaerada: * * É esperado o mesmo desempenho obtido na filosofia anterior com gás natural, cerca de 50 ppb com 20.000 m3/d de água. A única fonte potencial de poluição do sistema Minox seria o vazamento acidental de álcool, óleo lubrificante ou óleos preservativos. O sistema Minox é baseado no esgotamento (ou “stripping”) do oxigênio dissolvido na água do mar pelo contato com nitrogênio. O gás, com o oxigênio removido, é regenerado através de um processo de combustão catalítica patenteado, onde os produtos de combustão são dissolvidos na própria água de injeção. Em maior detalhe, a água do mar oriunda das bombas de água desaerada é posta em contato em contracorrente com o nitrogênio na torre desaeradora, preenchida com recheio randômico plástico para facilitar o contato íntimo entre as duas fases. O nitrogênio contaminado com o oxigênio (removido da água do mar) é tirado pelo topo da torre por um compressor centrífugo. Antes de entrar no compressor, no entanto, o nitrogênio passa por um depurador de gás (“scrubber”) para evitar o arraste de líquido para o compressor. Após a descarga do compressor o gás passa por um pré-aquecedor gás-gás antes de receber a adição de etanol e entrar no reator cheio com o catalisador onde o oxigênio é consumido, deixando na saída o nitrogênio praticamente isento de oxigênio. A reação de combustão do etanol, que consome o oxigênio, é exotérmica (libera calor) na proporção de 125 C por cada 1% em massa (em relação ao gás circulante) de oxigênio queimado. Para obtermos a temperatura adequada para combustão catalisada parte do nitrogênio purificado do reator é direcionada para o pré-aquecedor. 8 Finalmente todo o gás é resfriado para retornar a torre desaeradora. Um aquecedor elétrico foi colocado no reator para fornecer energia para a partida da unidade. Este também pode ser acionado quando a vazão de água for baixa (pouco oxigênio disponível para reação). Os produtos da reação de combustão do etanol são vapor d’água e dióxido de carbono. Estes produtos, são bastante solúveis na água do mar e portanto seguem na maior parte com água para injeção. Um pequeno residual permanece em circulação. Também uma pequena parte do nitrogênio será dissolvida na água de injeção de modo que é necessário um “make-up” para o sistema. Este make-up é feito através da injeção de ar de instrumento a montante do compressor. O álcool é constantemente injetado na corrente gasosa recirculante a montante do reator. Será usado o tanque existente de álcool para abastecer a bomba, com variação automática de vazão. 3.3 - Definição do Equipamento O equipamento analisado é um compressor centrífugo de fabricação da Sundyne, Modelo: LMC-311F. Para este estudo foram escolhidos os dois equipamentos adquiridos pela empresa no início do ano de 2008. Foram coletados dados de falha correspondentes a um período de 36 meses de coleta de dados de manutenção, de janeiro de 2013 a dezembro de 2016. Figura 4 - Compressor Sundyne utilizado no processo MINOX Foto do compressor com o “hood” aberto Figura em corte 9 Foto do compressor após manutenção Fonte: O autor 3.4 - Análise dos Modos de Falha A partir da coleta de dados foi possível fazer uma análise dos dados de manutenção, podendo-se constatar de que forma cada falha ocorria. Na Figura 5 estão apresentados os modos de falha incidentes nos dois equipamentos. Figura 5 - Gráfico de Pareto da quantidade de falhas dos equipamentos Fonte: O autor Considerando apenas o gráfico de Pareto como um critério decisivo para análise de confiabilidade e para a elaboração da melhor estratégia de manutenção, deve-se priorizar o modo de falha – falha da bomba de óleo, pois é a falha que aparece com maior frequência. Durante a coleta de dados realizou-se a FMEA, que avaliou detalhadamente cada modo de falha possível de ocorrência para os equipamentos em estudo. Para a 4 3 1 1 44% 78% 89% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0,0 0,5 1,01,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Freqüência Acumulado 10 ÍTE M /FU NÇ ÃO M OD O DE FA LH A PO TE NC IA L EF EIT O CA US A M EIO S D E D ET EC ÇÃ O SE VE RID AD E OC OR RÊ NC IA DE TE CÇ ÃO NP R AÇ ÕE S RE CO M EN DA DA S COMPRESSOR SUNDYNE / SISTEMA MINOX Falha do acoplamento Falha pré matura dos componentes internos do compressor, com, consequente, parada do mesmo Quebra das lâminas do acoplamento Manutenção preventiva (inspeção visual) 8 5 5 200 Seguir recomendação do fabricante. Boletim de Engenharia de Campo - nº 40.20.27 Distancia entre cubos do acoplamento (GAP) incorreta. Manutenção preventiva (inspeção visual) 8 5 7 280 Seguir recomendação do fabricante. Boletim de Engenharia de Campo - nº 40.20.40 Componente dimensionado errado. Inexistente 8 9 10 720 Realizar análise de vibração periodicamente. COMPRESSOR SUNDYNE / SISTEMA MINOX Falha do acoplamento Falha pré matura dos componentes internos do compressor, com, consequente, parada do mesmo FMEA - ANÁLISE DOS MODODS E EFEITOS DE FALHA realização da FMEA montou-se uma equipe de cinco pessoas: coordenador de manutenção (COMAN), supervisor de mecânica (SUMEC), técnico de manutenção, engenheiro de processo, técnico de operação. Um extrato da FMEA está apresentado de forma resumida na Figura 6. Figura 6 - FMEA resumida do equipamento em estudo Fonte: O autor 3.4 - Definição do Modo de Falha do Equipamento em Estudo Com o intuito de realizar uma análise que mais se aproxime da realidade do equipamento, verificou-se a quantidade de falhas por modo de falha e por equipamento que foram coletadas, considerando também o maior NPR encontrado na FMEA para cada modo de falha. Figura 7 – Quantidade de falhas por equipamento e por modos de falha considerando o NPR do FMEA MODO DE FALHA QUANTIDADE DE FALHAS POR COMPRESSOR COMP.1 COMP.2 TOTAL NPR Falha da bomba de óleo 3 1 4 80 Falha do acoplamento 2 1 3 480 Falha do rolamento sup. 1 0 1 720 Outros 1 0 1 35 TOTAL DE FALHAS 9 Fonte: O autor 11 Com base na Figura 7 identificou-se que a falha do rolamento, que possui o maior NPR não possui uma quantidade suficiente de falhas para cada equipamento e nem na sua totalidade (apenas 1 falha ocorreu durante o período de coleta) dificultando a análise de confiabilidade. Já para a falha do acoplamento encontrou-se tanto um NPR alto quanto uma quantidade alta de falhas na sua totalidade (3 falhas). Desse modo, o foco desse estudo se dará para o modo de falha do acoplamento já que apresenta quantidade de falhas suficiente para análise de confiabilidade e possui alto NPR (risco igual a 480). Portanto, se buscará o comportamento das falhas para este modo de falha como um todo, ou seja, utilizando os dados dos dois equipamentos. 3.5 - Análise de Confiabilidade Após a definição do modo de falha que será foco de estudo, foram também adotadas as seguintes premissas: • A distribuição que melhor se ajusta ao comportamento das três falhas coletadas para este modo de falha e dos dois equipamentos em estudo, é a distribuição de Weibull. • Taxa de falha constante para o cálculo da confiabilidade, para um ano de uso. Com base nas premissas supracitadas e nas informações contidas na tabela da Figura 8 foram realizados os cálculos da taxa de falhas, MTBF e confiabilidade, conforme demonstrado na Figura 9. Figura 8 – Informações para cálculos da taxa de falhas, MTBF e confiabilidade. Fonte: O autor Figura 9 – Taxa de falhas (ϒ), MTBF e confiabilidade(R). Fonte: O autor 2 3 1095Tempo de Estudo (dias) BASE DE CÁLCULOS Número de Equipamentos Número de Falhas 0,000057 8760 60,69% VALORES ENCONTRADOS Taxa de Falhas (ϒ) MTBF (horas) Confiabilidade (%) 12 O valor encontrado de MTBF (8760 horas) não condiz com a expectativa de utilização, sem falhas, informada pelo fabricante (ver fig.10), bem como os valores típicos de MTBF para este tipo de equipamento, conforme mostrado na fig. 11. Figura 10 – Expectativa do fabricante, para funcionamento contínuo. Fonte: Adaptado de Sundyne_product 13 Fig.11 – Valores Típicos de MTBF_Equipamentos Fonte: Adaptado de SRC 14 Retomando a FMEA (Figura 6) encontra-se como causa de alta ocorrência da falha do acoplamento – o dimensionamento incorreto do componente (acoplamento). Esta pode ser considerada de origem aleatória já que ocorre devido a eventos casuais (como por exemplo: fator de segurança insuficiente ou cargas aleatórias (*) maiores que as esperadas) o que pode assim retratar a fase de vida útil destes equipamentos. (*) Corroborando com a hipótese de a falha ser oriunda de um evento casual e mais especificamente a cargas aleatórias, podemos citar situação identificada em uma das manutenções realizadas no equipamento, objeto deste estudo, a saber: Durante intervenção corretiva, ocorrida em 27.02.2015, foi observado que a especificação existente no cubo do acoplamento (Figura 12) não correspondia à especificação de projeto. O cubo do acoplamento apresenta o código TC 00150 que corresponde ao acoplamento FLEXIBOX_TSMC 150, enquanto que o especificado para as condições operacionais deste equipamento (Fig.13) é FLEXIBOX_TSMC 27. Outra coisa que nos chamou a atenção foi a deformação observada nas lâminas do acoplamento, característica de cargas aleatórias (GAP inadequado, desalinhamento). Figura12 – Cubo do acoplamento com a especificação TC 00150 Fonte: O autor Deformação das lâminas 15 Figura 13 – Especificação do acoplamento correto para esta aplicação DADOS DE PLACA DO EQUIPAMENTO Potencia (KW) 105 Fator de Serviço 1 Rotação (rpm) 3600 Acoplamento (Rating) = 1000*1,25*105 = 36,46 3600 Fonte: O autor Fonte: Adaptado do Manual Técnico Internacional da FLEXIBOX Cabe ressaltar que o acoplamento ora utilizado (TSMC 150) tem valores de peso e momento de inércia, bem superiores ao especificado, pelo fabricante, para esta aplicação. Fato este que fortalece a hipótese, supracitada, de a falha ter origem aleatória já que ocorre devido a eventos casuais, retratando assim a fase de vida útil destes equipamentos. 3.6 - Novo cálculo do NPR Foi realizado um novo cálculo do NPR da FMEA, onde foi substituído o índice de ocorrência conforme proposto por Fogliatto e Ribeiro (2009) (Equação 1) para a falha foco de estudo, considerando apenas a causa – Componente dimensionado errado, já que decorre de eventos aleatórios e concluiu-se pelas análises acima que os equipamentos estão na fase de vida útil da curva da banheira. Utilizando a taxa de falha do componente (acoplamento) para um tempo de 36 meses, calculou-se o novo índice de ocorrência, e logo se definiu o novo NPR, conforme sequencia apresentada na Figura 14. 16 Figura 14 – Cálculo para novo índice de ocorrência do FMEA Fonte: O autor Percebe-se que o índice de ocorrência diminuiu consideravelmente com relação ao que foi discutido com a equipe para a realização da FMEA e apresentado na Figura 6. BASE DE CÁLCULOS Número de Equipamentos 2 Número de Falhas 3 Tempo de Estudo (dias) 1095 Taxa de Falhas (ϒ) 0,000057 Cálc. Ocorrência 0,000057 0,000001 2,25 2 == ÍTE M /FU NÇ ÃO M OD O DE FA LH A PO TE NC IA L EF EIT O CA US A M EIO S D E D ET EC ÇÃ O SE VE RID AD E OC OR RÊ NC IA DE TE CÇ ÃO NP R AÇ ÕE S RE CO M EN DA DA S COMPRESSOR SUNDYNE / SISTEMA MINOX Falha do acoplamento Falha pré matura dos componentes internos do compressor, com, consequente, parada do mesmo Quebra das lâminas do acoplamento Manutenção preventiva (inspeção visual) 8 5 5 200Seguir recomendação do fabricante. Boletim de Engenharia de Campo - nº 40.20.27 Distancia entre cubos do acoplamento (GAP) incorreta. Manutenção preventiva (inspeção visual) 8 5 7 280 Seguir recomendação do fabricante. Boletim de Engenharia de Campo - nº 40.20.40 Componente dimensionado errado. Inexistente 8 2 10 160 Realizar análise de vibração periodicamente. COMPRESSOR SUNDYNE / SISTEMA MINOX Falha do acoplamento Falha pré matura dos componentes internos do compressor, com, consequente, parada do mesmo FMEA - ANÁLISE DOS MODODS E EFEITOS DE FALHA 17 Assim, substituindo este novo índice na FMEA, este modo de falha se tornaria o terceiro com maior prioridade nas ações de manutenção, e não mais o primeiro. Podemos também inferir que uma atuação sobre este modo de falha resultaria num aumento do MTBF bem como, na confiabilidade destes equipamentos, como demonstrado na Figura 15. Figura 15 – Cálculo para novo MTBF e Confiabilidade Fonte: O autor Obs.: para o cálculo acima foi considerada uma falha por equipamento, a cada 5 anos, como informação do fabricante. 4 - CONCLUSÃO O presente artigo apresentou uma sistemática de análise de falhas, cujo objetivo é verificar o comportamento dos compressores Sundyne, utilizados para a desaeração da água, no sistema de injeção de água em poços de petróleo, com base na análise de confiabilidade. A realização da FMEA e o novo cálculo do NPR colaboraram para uma melhor estruturação, entendimento e controle das falhas existentes nos equipamentos. Com a FMEA foi possível identificar os modos de falha que ocorrem e que poderão vir a ocorrer, determinando-se qual dos modos de falha deve ser prioritário para as ações de manutenção. A aplicabilidade do presente estudo está sendo avaliada pelo corpo técnico da empresa e tudo que foi observado neste trabalho é passível de continuidade para aplicação. A análise das razões da não utilização do acoplamento especificado, bem como a adequação ao padrão do fabricante, um novo período de observação e um novo estudo do Modos de Falha são alguns pontos passíveis de continuidade desta investigação. COMP.1/2 2 2 1825 COMP.1/2 Taxa de Falhas (ϒ) 0,000023 MTBF (horas) 21900 83,93%Confiabilidade (%) BASE DE CÁLCULOS VALORES ENCONT. Número de Equipamentos Número de Falhas Tempo de Estudo (dias) 18 REFERÊNCIAS ABNT NBR 6022:2003 – Informação e documentação - Artigo em publicação periódica científica impressa – Apresentação, 5p. Rio de Janeiro. 2003. FOGLIATTO, F. S.; RIBEIRO, J. L. D. Confiabilidade e Manutenção Industrial. 1. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. LAFRAIA, J. R. B. Manual de Confiabilidade, Mantenabilidade e Disponibilidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark: Petrobrás, 2001 ABNT NBR 5462:1994 – Confiabilidade e Mantenabilidade – Terminologia, 37p. Rio de Janeiro. 1994. NASCIF, Júlio. Apostila: GP047 - Manutenção e Gestão de Ativos. Tecém, 2015. Disponível em: <http://www.tecem.com.br/wp-content/uploads/2017/01>. Acesso em: 15.março.2017. SUNDYNE STANDART. PRODUCT<MODEL LOCATOR. Disponível em: <http://www.sundyne.com/Products/Model-Locator/LMC-311P-311F>. Acesso em: 10.abril.2017. SRC – ALION SYSTEM RELIABILITY CENTER. R & M Standards Disponível em: <https://src.alionscience.com/pdf/TypicalEquipmentMTBFValues.pdf> Acesso em: 30.maio.2017. http://www.tecem.com.br/wp-content/uploads/2017/01 http://www.sundyne.com/Products/Model-Locator/LMC-311P-311F
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