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psicopatologia

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
PsicoPatologia
Elaboração
Aline Freire Bezerra Vilela
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
PSICOPATOLOGIA – O QUE É? ............................................................................................................. 11
CAPÍTULO 1
CONHECENDO A HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA ................................................................... 11
CAPÍTULO 2
CONCEITUANDO E COMPREENDENDO O TERMO .................................................................. 16
CAPÍTULO 3
O NORMAL E O PATOLÓGICO ................................................................................................ 20
UNIDADE II
DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL .......................................................................... 24
CAPÍTULO 1
DIAGNÓSTICO PARA QUÊ? ..................................................................................................... 26
CAPÍTULO 2
DIAGNÓSTICO PSICOPATOLÓGICO E PSICODIAGNÓSTICO .................................................... 36
CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO PSICODINÂMICA DO PACIENTE ........................................................................... 40
UNIDADE III
FUNÇÕES PSÍQUICAS ALTERADAS ......................................................................................................... 58
CAPÍTULO 1
AS FUNÇÕES PSÍQUICAS NO EEM ........................................................................................... 59
CAPÍTULO 2
SEMIOLOGIA MÉDICA E ESTUDO DOS SINTOMAS E SINAIS NAS SÍNDROMES ............................. 64
CAPÍTULO 3
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS ............................................................................................... 68
UNIDADE IV
CRISE, MORTE POR SUICÍDIO E LUTO .................................................................................................... 74
CAPÍTULO 1
COMPREENDENDO A CRISE E O SUICÍDIO NOS TRANSTORNOS MENTAIS ................................. 74
CAPÍTULO 2 
FALANDO DE LUTO E MORTE .................................................................................................. 91
CAPÍTULO 3 
ALGUMAS ALTERAÇÕES MENTAIS DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS NA CRISE .......................... 97
PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 102
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 103
ANEXOS ........................................................................................................................................ 110
ANEXO I ........................................................................................................................................ 111
ANEXO II ....................................................................................................................................... 119
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
Esta disciplina foi desenvolvida com o objetivo de oferecer recursos para uma melhor 
capacitação no âmbito profissional dentro do curso de Saúde Mental, bem como 
enriquecer seus conhecimentos sobre o presente tema.
Cada unidade pretende abordar aspectos relevantes à Psicopatologia, adentrando no 
mundo da Psicologia Clínica e permeando o imaginário acerca do uso das práticas 
psicodiagnósticas e suas ferramentas.
Com base nisso, a disciplina visa estabelecer a compreensão da Psicopatologia, 
apresentar as técnicas e as ferramentas de avaliação do sujeito fundamentadas no 
psicodiagnóstico psicodinâmico, no julgamento clínico e no conceito de transtorno 
mental e suas nuances, conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais – DSM-5.
Salientamos, porém, que a apostila com os textos e sugestões de leitura serve 
meramente para colaborar no processo de aprendizagem, não tendo por objetivo 
suprimir a vasta extensão de conceitos e literaturas pertinentes ao tema. Destarte, o 
nosso objetivo está na pretensão de despertar no aluno o interesse pelo aprofundamento 
dos seus conhecimentos relativos às questões aqui apresentadas, juntamente com um 
ajustamento do seu lado crítico para implantação ou discussão do assunto na práxis.
É a partir do desejo de fornecer ferramentas para o seu crescimento profissional e 
desenvolvimento da sua carreira que elaboramos esta disciplina, que transcorre desde 
a importância da compreensão da psicopatologia até a sua aplicação na área da saúde 
mental e os resultados que podem ser influenciados a partir dos recursos, técnicas e 
ferramentas que colaboram, no sentido de criar condições, para uma maior compreensão 
do ser humano e sua doença.Objetivos
 » Definir psicopatologia demarcando os termos relevantes para sua 
compreensão.
 » Problematizar atitudes relativas ao normal e ao patológico.
9
 » Proporcionar ao aluno o conhecimento de elementos teóricos necessários 
para o reconhecimento, aproximações e exames diagnósticos dos 
principais problemas psiquiátricos.
 » Apresentar técnicas e procedimentos que contribuem para o 
psicodiagnóstico.
 » Capacitá-los a identificar e avaliar criticamente os sinais.
 » Reconhecer a relação entre psicopatologia, sintoma e psicodiagnóstico.
 » Verificar a importância da prevenção em casos de crise e risco de suicídio.
 » Preparar o processo de intervenção em casos de crise, luto e risco de 
suicídio.
10
11
UNIDADE IPSICOPATOLOGIA – O 
QUE É?
CAPÍTULO 1
Conhecendo a História da 
Psicopatologia
Figura 1. Psicopatologia. O que é?
Fonte: https://image.shutterstock.com/image-illustration/psychopathology-digital-technology-medical-concept-
260nw-627129026.jpg. Acesso em: 24/08/2020. 
O termo psicopatologia, antes de sua total definição, nos remete – considerando 
o profissional da área da saúde – a diversas reflexões, que vão além da etimologia e 
vagueiam para o significado individual do que ele produz em nós, do seu sentido social, 
do que pensamos e em que posição nos colocamos quando pretendemos nos situar 
nesse contexto que permeia a diferenciação entre o normal e o patológico.
Conforme mostra Ceccarelli (2005, p. 471): 
a palavra ‘Psicopatologia’ é composta de três palavras gregas: psychê, 
que produziu ‘psique’, ‘psiquismo’, ‘psíquico’, ‘alma’; pathos, que 
resultou em ‘paixão’, ‘excesso’, ‘passagem’, ‘passividade’, ‘sofrimento’, 
12
UNIDADE I │ PSICOPATOLOGIA – O QUE É?
‘assujeitamento’, ‘patológico’; e logos, que resultou em ‘lógica’, 
‘discurso’, ‘narrativa’, ‘conhecimento’. Conforme pudemos perceber, 
Psicopatologia seria, então, um discurso, um saber (logos) sobre a 
paixão, o sofrimento (pathos) da mente, da alma (psiquê). Ou seja, 
um discurso representativo a respeito do pathos psíquico; um discurso 
sobre o sofrimento psíquico; sobre o padecer psíquico. 
Assim, verificamos que houve uma evolução no modo como a própria Psicopatologia 
vem sendo percebida.
É possível desmembrar o termo e estudá-lo desde os apanhados filosóficos em sua 
origem1; perpassando no contexto social de uma época marcada pelo misticismo 
referente a tudo o que não se concebia explicação; até o apanhado médico com as teorias 
advindas da racionalidade e do pensamento lógico do homem. Tendo em vista que os 
precursores da Psicopatologia se destacam pela origem do pensamento filosófico grego 
e romano, bem como com pelo desenvolvimento da Medicina e do desdobramento 
da relevância dada à vida emocional do homem, Gauer (s/d, apud GOMES; GAUER; 
SOUZA, 2007) afirma que o encontro entre Psicologia e Medicina se deu a partir do 
século XIX por meio de três vertentes de pensamentos que incluíam a psiquiatria, sendo: 
uma tendência a humanizar os tratamentos; uma forma de pensar doença mental por 
causas orgânicas e outra por causas funcionais ou dinâmicas. 
Portanto, se pensarmos a partir de um viés psicológico, o termo ‘Psicopatologia’ pode ser 
compreendido conforme vertente dinâmica advinda da Psicologia Clínica, que pretende 
enfatizar a relação do sujeito que sofre com o que lhe causa o sofrimento, ou seja, visa 
valorizar a experiência vivida pelo sujeito que sofre, tratando-o a partir de sua própria 
percepção e interpretação do sofrimento, e dos sintomas, bem como, utilizando-se de 
ferramentas como o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), 
um manual útil que:
Propõe-se a servir como um guia prático, funcional e flexível para 
organizar informações que podem auxiliar o diagnóstico preciso e o 
tratamento de transtornos mentais. Trata-se de uma ferramenta para 
clínicos, o recurso essencial para formação de estudantes e profissionais 
e uma referência para pesquisadores da área. (APA, 2014, p. XLI) 
É possível perceber a partir da literatura que várias áreas do conhecimento se utilizam 
do termo ‘psicopatologia’ para tentar definir um conjunto de comportamentos, falas e 
estilos de personalidade, a fim de uma melhor compreensão daquilo que se pretende 
1 Conforme diversos autores, dentre eles Berlinck (1997), Fédida (1988), Platão (apud FÉDIDA, 1988), que vislumbraram o 
termo à luz da filosofia, conforme veremos.
13
PSICOPATOLOGIA – O QUE É? │ UNIDADE I
verificar, atestar e diferenciar dos aspectos considerados normais e patológicos 
(doentes) no ser humano. 
A Filosofia, a Sociologia, a História, a Medicina e a Psicologia abordaram a temática 
em prismas divergentes dentro do paradigma reflexivo-dedutivo, convergindo a um 
mesmo ponto, o de considerar a psicopatologia como a confluência de características 
pessoais internas e externas que levam o homem a apresentar sintomas característicos 
de um estado mental alterado.
Conforme aponta Pozo (1988, p. 43) em História da loucura, e Nascimento da clínica, 
Foucault reconheceu que ao longo do tempo conseguiu verificar que por meio de 
diferentes estudos – a partir das ciências humanas e das análises da psicopatologia – 
ocorreram transformações e ascendeu um novo tipo de olhar médico, que coadunou 
com a emergência dos discursos científicos sobre Psicologia, Sociologia e análise 
dos mitos. Portanto, no que diz respeito à trajetória da Psicopatologia, surgiram os 
estudos dos processos mentais, vistos a partir da realidade de uma mente derivada da 
desrazão2, contextualizando ou separando épocas a partir do olhar social e científico 
dado à loucura. O que se pretende dizer é que a constituição da doença mental antecede 
a própria Psiquiatria e a Psicopatologia em geral, ainda, tanto a Psiquiatria quanto a 
Psicopatologia surgiram porque historicamente o louco já havia sido concebido como 
um ser individualizado e cindido da sociedade (NALLI, 2006, p. 120).
Sem deixar de, em momento algum, manter-nos radicalmente 
tributários de uma tradição, pensamos que, para observação 
psicopatológica, vigora o mesmo princípio que rege a psicopatologia 
nos pacientes. Nestes, o indivíduo surge como síntese e arranjo únicos 
das possibilidades contidas na espécie biológica e na coletividade 
social. Nada indica que uma ciência da mente possa prescindir das 
concepções individuais. O indivíduo, retomando a tradição em que se 
insere, renova-a, dando vazão à inviolável condição de transformação 
e expansão contínuas que singulariza o existir humano. (CALDERÓN, 
apud MESSAS, 2004. p. 13) 
Messas (2004) nos traz uma excelente reflexão sobre aspectos de extrema importância 
quando pensamos nas psicopatologias, por exemplo, sobre sua pluralidade versus a 
tentativa incessante que temos de emoldurar as doenças mentais em busca de uma 
classificação perfeita. No entanto, assim como podemos ver no DSM-5, as informações 
reunidas em um manual são úteis para todos os profissionais ligados aos diversos 
aspectos dos cuidados com a saúde mental, dentre eles os psiquiatras, médicos, 
2 Desrazão: termo utilizado pelo autor para situar a loucura na Idade Clássica como estando “no amálgama semântico da 
desrazão”. A loucura, pois, era a expressão mais inumana que havia no humano”. (NALLI; Marcos, 2006. p. 119)
14
UNIDADE I │ PSICOPATOLOGIA – O QUE É?
psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, consultores, especialistas da área forense 
e legal, terapeutas ocupacionais e de reabilitação, pesquisadores e outros profissionais 
da área da saúde. São úteis, não porque engessam a doença mental em um conceito ou 
classificação sem fundamentos, mas porque apresentam critérios concisos e claros a fim 
de facilitar uma avaliação objetiva das apresentações de sintomas em diversos contextos 
clínicos (internação, ambulatório, hospital dia, consultoria/interconsulta, clínica, 
consultório particular e atenção primária) e, ainda, levantar estudos epidemiológicos 
de base comunitária sobre os transtornos mentais.No decorrer de nossas leituras poderemos nos perguntar sobre a necessidade de buscar 
uma psicopatologia “verdadeira”, portanto, abordaremos até mesmo a necessidade 
que encontraremos, por vezes, de posicioná-la sobre o olhar reflexivo fenomenológico. 
Decerto que trabalharemos versando sobre os paradigmas da estabilidade versus o da 
transformação, esse último, cujo pensamento de que uma psicopatologia “verdadeira” 
não pode ser vista com exatidão uma vez que tanto o pensamento como a própria forma 
de processar as informações, por meio do pensamento, não são imutáveis e não se 
bastam, dentro de um contexto de finitude.
Conforme Jasper (1963), em seu aforismo sobre psicopatologia geral, dentro das 
psicopatologias, os delírios são distinções clínicas fundamentais nos sujeitos. Pois, 
as ideias delirantes verdadeiras são aquelas que trazem em sua base uma vivência 
delirante primária (sic), ou seja, aspectos incompreensíveis do pensamento que 
só se encontram nos processos psíquicos ou psicoses – revelados a partir das falas 
delirantes. O autor revela que as vivências delirantes primárias são uma forma de 
vivência completamente estranha para nós, pois consistem na irrupção de inexplicáveis 
significações no psiquismo do paciente. A exemplo dessa revelação, poderíamos citar 
falas desconexas aos ouvidos de fora da realidade delirante do paciente. 
Numa destas noites, se impôs a mim de repente e de modo muito 
natural e evidente que a senhorita L é a causa provável destas coisas 
simplesmente horríveis que tive de sofrer nos últimos anos, como a 
influência telepática… (LOBOSQUE, 2001. p. 48)
Indo em busca de uma contextualização no tempo sobre o pensamento da Psicopatologia 
e o seu desenvolvimento, citaremos o artigo de Schleder e Holanda (2015) que traz, a 
partir de um levantamento bibliográfico, um olhar fenomenológico sobre a Psiquiatria 
até chegar ao pensamento contemporâneo sobre psicopatologias em Nise da Silveira. 
Os autores trazem aspectos dessa visão psicopatológica a partir de Mello, o principal 
estudioso das obras de Nise da Silveira no Brasil. Para Melo (2010 apud SCHLEDER; 
HOLANDA, 2015), Nise da Silveira contrapôs a psiquiatria clássica valorizando o 
conteúdo mental do paciente em oposição ao resultado do conteúdo expresso na 
15
PSICOPATOLOGIA – O QUE É? │ UNIDADE I
composição artística de seus pacientes, dessa forma ela mantinha uma visão do que 
eles experienciavam por meio da arte. 
“Mas eu não examinava as pinturas dos doentes que frequentavam 
nosso atelier sentada no meu gabinete. Eu os via pintar. Via suas faces 
crispadas, via o ímpeto que movia suas mãos” (Nise da Silveira, citada 
por Melo, 2010a, p. 639). Foi nesta direção que a psiquiatra propunha 
as atividades do museu, como um “museu vivo”. (MELO, 2001B; 
FRAYZE-PEREIRA, 2003 apud SCHLEDER; HOLANDA, 2015. p. 51)
Contudo, as sensações, pensamentos, emoções e todo tipo de turbilhão interno, 
representados nas expressões artísticas, eram vistos como uma tentativa do paciente de 
reorganizar seu mundo interno em relação ao mundo externo. Sendo assim, podemos 
concluir que Nise da Silveira percebia as psicopatologias como modos diferentes 
de expressão da existência dos sujeitos, ou seja, suas expressões artísticas, falas e 
comportamentos traduziam a forma como eles poderiam estar no mundo. Então, como 
os outros frequentadores desse mundo externo, a pessoa que está esquizofrênica merece 
a mesma dignidade e afeto que dirigimos aos outros pacientes.
Para a psiquiatra, a meta do tratamento psiquiátrico não deveria 
ser a remoção de sintomas, mas a recuperação do indivíduo para a 
comunidade e, desse modo, a terapêutica ocupacional seria reconhecida 
como método terapêutico legítimo, não mais como uma prática auxiliar. 
(SILVEIRA, 1966, apud SCHLEDER; HOLANDA, 2015. p. 54)
Figura 2. Nise da Silveira.
Fonte: https://blogdaboitempo.com.br/2016/03/02/desencontro-com-nise-da-silveira/. Acesso em: 24/08/2020.
16
CAPÍTULO 2
Conceituando e compreendendo o 
termo
A Psicopatologia está enraizada na Medicina e daí vem a base, proporcionada por 
observações e tratamento de uma gama de doentes nos últimos dois séculos. Estando, 
pois, respaldada na tradição humanística de vertentes filosóficas, sociais, artísticas, 
literárias e psicológicas. 
A Psicopatologia se rebelou a partir do sofrimento, do pathos humano, e, portanto, 
do que fora considerado sofrimento mental. Conforme Campbell (1986 apud 
DALGALARRONDO, 2008, p. 27), a Psicopatologia pode ser vista como “o ramo da 
ciência que trata da natureza essencial da doença mental – suas causas, as mudanças 
estruturais e funcionais associadas a ela e suas formas de manifestação”. 
Entretanto, para uma compreensão mais clara, a Psicopatologia pode ser compreendida 
como um conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano, 
cujo objeto de estudo é o homem em sua totalidade, o homem que não deve ser reduzido 
por e pela sua doença. 
Miranda-Sá Jr. (2001, p.11) propõe que a psicopatologia seja vista como uma disciplina 
baseada em métodos científicos que visam ao estudo das alterações mórbidas, ou seja, dos 
aspectos concernentes a doença ou transtornos mentais que afetam o comportamento. 
Para Jarne e Talarn (2009, p. 34), Psicopatologia sugere o estudo de influências de 
variáveis psicológicas sobre a doença. Ainda, segundo outro autor, o termo Psicopatologia 
vem de psic(o)- + patologia, como patologia das doenças mentais ou como o estudo das 
causas e natureza das doenças mentais. Psic(o)- vem do grego psyché e significa alento, 
sopro de vida, alma. Patologia, afecção, dor, que também provém do grego pathos 
significa doença, paixão, sentimento (CUNHA, 1997, apud MOREIRA 2004, p. 449). 
O pensamento clássico e mais conhecido pelos psicopatólogos acerca do termo 
fora levantado por Karl Jasper (1963) que abordava a psicopatologia a partir dos 
fenômenos psíquicos anormais, exatamente como se apresentam à experiência, ou 
seja, aqui podemos verificar que a psicopatologia está voltada para aquilo que constitui 
a experiência vivenciada por quem sofre, aquele que apresenta em sua vivência 
comportamentos e expressões verbais diferenciadas e perceptíveis que conduzem a 
investigação à percepção do pathos.
17
PSICOPATOLOGIA – O QUE É? │ UNIDADE I
A Psicopatologia Fundamental é um discurso (logos) sobre o pathos 
psíquico, que leva em consideração a subjetividade. Como tal, ela se 
distingue da Psicopatologia Geral, escrita em 1913 por Carl Jaspers 
(1987), que leva em consideração as manifestações psicopatológicas 
conscientes. (BERLINCK, M. T., 2010, p. 551)
Figura 3. Sofrimento mental.
Fonte: https://image.freepik.com/free-photo/portrait-young-woman-who-with-horror-fear-is-trying-escape-from-many-hands-
pulling-her-back-tearing-her-apart-concept-loneliness-loss-fear-scary-terrible-portrait_116124-673.jpg. Acesso em: 24/08/2020.
A Psicopatologia, portanto, deve ser vista como uma ciência autônoma e não como 
um prolongamento da Neurologia ou da Psicologia, diz Dalgalarrondo (2008, p. 28). 
Destarte, “a ciência psicopatológica é tida como uma das abordagens possíveis do 
homem mentalmente doente, mas não a única” (Idem). Isso posto, cabe ao profissional 
utilizar as medidas diagnósticas de observação, análise, interpretação e ferramentas 
diagnósticas, deixando fora o julgamento moral e substituindo-o pelo julgamento 
clínico, respaldado pelas referências da observação e dos sinais e sintomas revelados, 
para então, identificar e compreender os inúmeros e possíveis elementos presentes e 
constituintes da doença mental.
O método fenomenológico é atualmente amplamente utilizado no 
âmbito da pesquisa qualitativa em psicologia e psicopatologia […] a 
metodologia fenomenológica de pesquisa em psicologia e psicopatologia 
também sofre variações, segundo o pensamento filosófico que a sustenta 
[...]. (DALGALARRONDO, 2008, p. 28).
A Psicopatologia é um campo da área do conhecimento que requer debates por 
apresentarvertentes que divergem em vários aspectos, chamadas correntes ideológicas, 
18
UNIDADE I │ PSICOPATOLOGIA – O QUE É?
que vis-à-vis nos levam ao aprofundamento e esclarecimento daquilo que formulam 
como múltiplas abordagens.
A psicopatologia clínica difundida é uma espécie de enfant terrible 
da sua mãe, a medicina. Encantadora e infernizadora de que dela se 
aproxima. Ela provoca um encantamento por ser ainda uma criança: 
sua complexidade e constante rebeldia em obedecer aos ditames 
lógicos adotados pela mãe garantem sua importância e alteridade. 
Infernizadora por provocar agressividade: ‘com a morte e a violência 
não se pode fazer jogos intelectuais, minha filha!’, diria a medicina [...] 
(MARTINS, 2003, p. 12)
No Brasil o primeiro Laboratório do Programa de Estudos Pós-Graduados em 
Psicologia Clínica da PUC de São Paulo foi criado em 1997 por Manuel Berlink, que 
fora inspirado pela criação do Laboratório de Psicopatologia Fundamental que surgiu 
na Universidade Paris VII, criado por Pierre Fédida. Desse modo, com a busca de 
profissionais interessados da área, ele criou a Rede Universitária de Pesquisa em 
Psicopatologia Fundamental, de modo a expandir a Psicopatologia e seus estudos por 
todo o Brasil (FERREIRA, 2002, p. 24).
Em se tratando de fenomenologia e subjetividade podemos avançar até a teoria 
cognitivo-comportamental que propõe um conceito de psicopatologia como sendo o 
resultado de pensamentos negativos distorcidos. Embora esses pensamentos façam 
parte do ciclo vicioso da doença mental, eles não são os únicos dentro de um grau de 
importância. Pois, além dos pensamentos distorcidos, os desequilíbrios bioquímicos, 
as relações interpessoais e os eventos de vida contribuem como elementos que agem 
conjuntamente, desenvolvendo o transtorno psicopatológico. A partir do início dos 
transtornos, a terapia cognitivo-comportamental começa a atuar, utilizando dos 
processos cognitivos que têm um papel importante e exercem influência no que concerne 
a intervenção (KNAPP et al., 2007, p. 37).
Como sabemos a Psicopatologia é vista de modo diferente dentro das áreas da Psicologia, 
portanto, em se tratando da Psicologia Dinâmica veremos que os conteúdos internos 
que movimentam os afetos, desejos e medos, dentro da experiência de vida individual 
e não necessariamente dentro de uma classificação predefinida, resultam em uma 
combinação equilibrada de uma abordagem descritiva, diagnóstica e objetiva com uma 
abordagem dinâmica, pessoal e subjetiva do sujeito e sua doença. 
Já na Psicopatologia Existencial o homem é visto como ser individual cuja doença 
mental não é vista como disfunção biológica ou psicológica, mas como modo particular 
de existência, uma forma do homem existir no mundo. Na Psicopatologia Psicanalítica 
19
PSICOPATOLOGIA – O QUE É? │ UNIDADE I
o homem é visto como ser determinado por forças, desejos e conflitos inconscientes. 
Para ela os afetos dominam o psiquismo e o homem racional autocontrolado e dono 
dos seus desejos não é levado em consideração, pois são dominados por conflitos 
predominantemente inconscientes de desejos que não são revelados e temores em 
sua grande parte inacessíveis. Na psicanálise, a psicopatologia é o resultado de 
forças, conflitos e forças inconscientes que se identificam por meio dos sintomas 
(DALGALARRONDO, 2008, pp. 35-37).
Leiam os seguintes artigos e façam resumos concisos e coerentes sobre as 
principais correntes da psicopatologia. Vale levantar mais pesquisas e citar 
outros artigos e autores.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98931997000200003&script=sci_
arttext.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-79722004000300016&script=sci_
arttext.
20
CAPÍTULO 3
O normal e o patológico
Figura 4. Normal e patológico.
Fonte: https://gerentesinteligentesyemocionales.wordpress.com/category/opinion/. Acesso em: 24/08/2020.
Considerar a diferença entre o normal e o patológico é algo que se faz presente quando 
tratamos de aspectos relacionados à saúde mental e, quando abordamos os transtornos, 
pensamos na prática clínica e na necessidade de diagnósticos para nortear o tipo de 
tratamento. Portanto, embora seja um assunto polêmico e que gera bastante controvérsia 
entre os pesquisadores, justamente por não se conseguir esgotar em uma única definição 
o que é normal do que é patológico, podemos nos validar da contribuição da cuidadosa 
observação clínica do comportamento, bem como das ferramentas investigativas que 
nos conduzem a um direcionamento, tais como as avaliações psicológicas, a anamnese, 
o exame do estado mental, dentre tantas outras.
Alguns autores se arriscam a delimitar o tema a partir de referenciais que pretendem 
fazer essa distinção. Para Coon (2006, p. 487) o parâmetro de normalidade é passível 
de verificação por meio do comportamento social, assim sendo, os comportamentos 
atípicos, chamados inadequados, irão distinguir os normais dos patológicos. Nesse 
caso, o comportamento inadequado é aquele que se refere à típica indisciplina em 
conformidade com os padrões aceitáveis de conduta social. É notório que os padrões 
de normalidade, mesmo se vistos pelo prisma social, não parecem ser bem definidos, 
devido à relatividade e influência cultural. 
Coon (2006, p. 487), Stein e Cutler (2002, p. 8) afirmam que o relativismo cultural 
sugere que é inapropriado aplicar o conceito de normalidade a todas as pessoas e em 
qualquer momento ou situação. Nesse caso, o que parece consenso entre os autores 
21
PSICOPATOLOGIA – O QUE É? │ UNIDADE I
é que as culturas classificam as pessoas conforme sua capacidade de comunicar-se e 
atitudes previsíveis. 
Para Muchinsky (2006, pp. 349-350), as pessoas consideradas normais aparentam 
sentir-se bem consigo mesmas, com a vida que levam, despertam prazer na convivência, 
são bem-sucedidas, se relacionam de modo fluído e constante, adaptam-se às mudanças, 
têm bons empregos, demonstram autonomia e se sentem capazes para escolher seus 
próprios caminhos, expressam suas opiniões, se arriscam, possuem aspirações próprias. 
Enfim, são pessoas que se comportam de maneira socialmente aceitável e funcionam de 
modo integrado.
Conceituar o normal e o patológico em psicopatologia nos parece fundamental 
e, portanto, para termos algum direcionamento, podemos nos valer de algumas 
contribuições na área da saúde mental:
 » Se pensarmos na área do planejamento em saúde mental e políticas 
de saúde veremos que seria preciso estabelecer critérios para definir a 
normalidade, principalmente no que concerne às demandas assistenciais 
de determinado grupo populacional, as necessidades de serviço etc.
 » Na prática clínica a capacidade de discernir entre o normal e o 
patológico será imprescindível no processo de avaliação e intervenção 
clínica, para um diagnóstico diretivo e tratamento assertivo.
 » Implicação social do termo para distinção de atos legislativos e para 
uso de alusão legal, criminal e ética.
 » Para orientação profissional na definição das capacidades e 
habilidades a fim de verificar a adequação do profissional em seus cargos 
e ambientes de trabalho.
Conforme Dalgalarrondo (2008, p. 32) existem alguns critérios de normalidade 
utilizados em psicopatologia, dos quais iremos destacar quatro:
 » Normalidade como ausência de doença: a partir da visão de saúde 
como “ausência de sintomas, de sinais ou de doenças”, o sujeito que não 
apresenta características de sintomas que configurem transtorno mental 
é tido como normal.
 » Normalidade como bem-estar: esse critério está respaldado na 
definição de saúde da OMS, “saúde é o completo bem-estar físico, mental 
e social, e não somente ausência de doença”. 
22
UNIDADE I │ PSICOPATOLOGIA – O QUE É?
 » Normalidade como processo: esse critério sugere a normalidade 
dentro da visão dinâmica do desenvolvimento humano, ou seja, há 
diversas fases da vida em que haverá complicações, crises, referentes à 
mudança, aos momentos vividos, portanto, se o critério para normalidade 
estiver respaldadoem algum aspecto do desenvolvimento humano, o 
sujeito é considerado normal.
 » Normalidade subjetiva: o critério permeia a subjetividade do 
indivíduo, ou seja, ele é o termômetro do seu estado de saúde. 
Para uma melhor avaliação, é salutar que o profissional envolvido com a psicopatologia 
esteja constantemente atualizado com seus conhecimentos e também se mantenha 
sempre habilitado para conduzir o processo, bem como para manter a mente 
voltada para o pensamento crítico e reflexivo. A psicopatologia alinhada com o pensador 
analítico poderá permitir uma maior precisão nas interpretações e nas fundamentações 
conceituais.
Ainda, é conveniente salientar que as definições de normalidade de aspectos patológicos 
podem ser relacionadas às próprias percepções sociais do profissional, por isso, 
desenvolver o pensamento crítico é fundamental para a lisura processual.
Definições dos aspectos patológicos devem estar dissociados de conceitos de normalidade 
tradicionais. Para Canguillem (2002), todo indivíduo possui sua especificidade, por 
isso, deve ser analisado de maneira única e segundo normas específicas e especiais, 
que possam ressaltar o processo de adoecimento do paciente. O autor salienta que o 
indivíduo deve ser analisado como um processo sistêmico – ou seja, com sua relação 
com o ambiente em que ele vive e está exposto – pois isso será essencial para uma 
correta avaliação do comportamento patológico. 
Conforme Coon (2006), a definição de normalidade em um tratamento pode ser 
dificultada por se tratarem de percepções do observador, mas que também pode ser 
contornado esse problema com a observação de sinais comportamentais durante o 
diagnóstico. 
Como citado anteriormente, o comportamento de normalidade em uma sociedade 
representa poder de atração social para as outras pessoas dessa mesma sociedade, pois 
facilita os relacionamentos interpessoais. Esses indivíduos são mais seguros, confiantes 
e possuem maior capacidade de obterem sucesso em suas áreas de atuação, assim como 
contribuem para a produção de redes sociais estabilizadas. Para Muchinsky (2006, p. 
350), as pessoas conceituadas como normais apresentam um sistema funcional mental 
e psicológico estruturado e coerente.
23
PSICOPATOLOGIA – O QUE É? │ UNIDADE I
Entretanto, Berger (1997, apud STEIN; CUTLER, 2002) destaca que mesmo os 
indivíduos considerados saudáveis estão suscetíveis a comportamentos imperfeitos e 
passiveis de erros, podendo, ainda, vivenciar conflitos que afetarão seu comportamento 
e suas atitudes fora da faixa da normalidade. Em detrimento dessa classificação, Coon 
(2006) salienta que os critérios estabelecidos para conceituar normalidade social e a 
própria fuga dessa linha balizadora de comportamento tido como normal pode ser de 
difícil percepção e também serem diferentes para cada cultura.
Por tudo isso mencionado, os conceitos e as interpretações não se esgotam, devendo ser 
acrescidos de análises comportamentais, culturais e sociais, como forma de aumentar a 
compreensão dos processos mentais que compõem o cenário da psicopatologia.
Para aprofundar seu conhecimento e aumentar a sua visão sobre o assunto, 
seguem sugestões: 
CANGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. 6a ed. Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2009. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/jonathanfao/
canguilhem-georges-o-normal-e-o-patolgico-6-ed-dig>. Acesso em 18 jul. 
2016.
Bergeret, Jean. A Personalidade Normal e Patológica. 3a ed. São Paulo: Artmed, 
2006.
Filmes:
“Um estranho no ninho”.
“Bicho de 7 cabeças”.
24
UNIDADE II
DIAGNÓSTICOS 
PSICOPATOLÓGICOS 
– VISÃO GERAL
Figura 5. Funcionamento da Mente.
Fonte: https://www.elconfidencial.com/alma-corazon-vida/2008-08-30/medicamentos-antipsicoticos-cuando-el-remedio-es-
peor-que-la-enfermedad_304849/. Acesso em: 24/08/2020. 
Diagnóstico 
Palavra originada do grego original (διαγvοσις, cujo prefixo δια [dia = através] e γvοσις 
[gnosis = conhecimento]); a palavra grega diagnõstikós, que significa discernimento, 
faculdade de conhecer, de ver através de; na atualidade, é utilizada como estudo 
aprofundado, realizado com objetivo de conhecer determinado fenômeno ou realidade 
a partir do conjunto de procedimentos teóricos, técnicos ou metodológicos. Ou ainda, 
é visto como um substantivo referente à discriminação do conhecimento de forma 
racional, lúcida, elaborada, realizando tarefa de discernimento (ARAÚJO, 2007; 
MARTINS, 2003).
Diagnóstico também pode ser entendido, conforme a APA (2014), que nos situa em 
termos de diagnóstico principal e diagnóstico provisório, como:
 » Diagnóstico principal: é a condição responsável pela primeira 
consulta, quando o motivo da consulta do paciente está relacionado a uma 
condição principal, que o faz ir em busca do serviço médico ambulatorial. 
O diagnóstico é o motivo pelo qual o paciente busca consulta, ou seja, o 
25
 DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
foco de atenção ou tratamento. Está relacionado a um grupo de sintomas 
e sinais que são descritos e observados durante a consulta.
 » Diagnóstico provisório: é utilizado na psiquiatria e psicologia quando 
existir forte suspeita de que todos os critérios serão satisfeitos para um 
transtorno, mas não houver informações suficientes disponíveis para 
estabelecer um diagnóstico definitivo. Outro uso do termo “provisório” 
é para sugerir situações em que o diagnóstico diferencial depende 
exclusivamente da duração da doença.
 » Diagnóstico diferencial: o termo diagnóstico diferencial determina 
os diagnósticos diferentes daqueles pensados inicialmente devido 
aos sintomas diversos apresentados pelo paciente. Esse combina os 
conhecimentos teóricos e práticos alcançados ao longo dos estudos da 
vida do profissional, do exame clínico, sintomas do paciente e os exames 
complementares, biológicos ou radiográficos. O médico analisa esses 
diferentes elementos reunidos para determinar a patologia e aplicar um 
tratamento. 
Etimologicamente, o termo diagnóstico tem origem no adjetivo grego 
diagnóstikós, que significa capaz de distinguir, de discernir (HOUAISS, 
2001, verbete diagnóstico). Substantivo na locução grega hédiagnóstikê 
tékhné arte de distinguir (doenças) (Oxford Advanced Learners 
Compass, 2005, verbete diagnostic, tradução nossa). Sinônimo de 
diagnose, do grego diágnósis discernimento, ação e faculdade de 
discernir (HOUAISS, 2001, verbete diagnose). Derivado do verbo grego 
diagignôskó, distinguir, formado de diá- através e gignôskó conhecer 
(Dicionário Etimológico, verbete diagnóstico). (ABEL, 2013, p. 18)
26
CAPÍTULO 1
Diagnóstico para quê?
Tanto a Medicina quanto a Psicologia se utilizam do termo psicopatologia, pois ambas, 
em suas práticas clínicas, reconhecem a psicopatologia como um constructo, uma 
ciência que auxilia na análise do homem. Tanto a Medicina Psiquiátrica quanto a 
Psicologia trabalham com diagnósticos clínicos, que nada mais são do que um processo 
de conhecimento pelo qual irá se investigar alguém de modo médico ou psicológico.
Diagnóstico em Psiquiatria, conforme Dalgalarrondo (2008), é visto sob dois prismas 
opostos: um define o diagnóstico como modo de rotular as pessoas diferentes, excêntricas, 
permitindo e legitimando um controle social e poder médico sobre o indivíduo; o outro 
como elemento principal da prática psiquiátrica. O autor, por sua vez, corrobora com 
a importância do diagnóstico psicopatológico em termo de considerar os aspectos 
pessoais e individuais do sujeito como forma de se compreender o paciente e o seu 
sofrimento a partir de técnicas e estratégias adequadas a cada paciente.
Recursos básicos utilizados para o diagnóstico
Figura 6. Rapport.
Fonte: https://www.gleauty.com/ES/Alcobendas/306968863549028/Audimed-Farma. Acesso em: 24/08/2020.
A técnica de psicopatologia mais conhecida de avaliação, seja ela médica ou psicológica, 
é a entrevista. Juntamente com uma minuciosa observação do paciente é possível 
conhecer a dinâmica e a vivência doseu sofrimento e se chegar até a patologia a fim de 
se obter um planejamento terapêutico mais apropriado à situação decorrente.
27
 DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
A entrevista psicopatológica, assim como é chamada, permite a realização de duas 
práticas da avaliação: a anamnese e o exame psíquico. Na anamnese há uma investigação 
acerca do histórico do paciente de doenças e principalmente de sintomas e sinais, assim 
como seus antecedentes pessoais, familiares e detalhes relevantes relacionados ao(s) 
episódio(s) de doença(s). 
Já o exame psíquico, também chamado de Exame do Estado Mental (EEM), conforme 
Kaplan, Sadock e Grebb (1997, p. 267), é a “descrição da aparência, fala, ações e 
pensamentos do paciente durante a entrevista” Nesses dois casos, tanto psiquiatras 
quanto psicólogos podem se utilizar desse instrumento de avaliação.
Entrevista clínica com o paciente
Harry, Stack e Sullivan (1983, apud DALGALARRONDO 2008, p. 66) comentam que 
o domínio da técnica de entrevista é o grande diferencial e se faz de modo mais eficaz 
com um profissional treinado e capacitado, para tal, ele sugere para o exercício dessa 
função o próprio psiquiatra, o psicólogo ou o enfermeiro em saúde mental que tenham 
habilidade para exercer relações interpessoais com perícia. Para o autor, é imprescindível 
que o profissional seja um expert em realizar entrevistas que estejam focadas a fornecer 
importantes informações acerca da condição do paciente, assim como tenha igualmente 
habilidade para acolher o paciente em sua angústia, sensibilidade para ouvir e calar 
no momento certo, paciência, respeito e habilidade para manter os limites necessários 
a certo tipo de paciente, como os invasivos e agressivos, assegurando o contexto da 
entrevista. 
Figura 7. Entrevista Clínica
Fonte: <https://franciscagonzalezr.wixsite.com/franciscagonzalezr/single-post/2015/08/08/La-labor-del-Psic%C3%B3logo/>. 
Acesso em: 24/08/2020.
Em psicologia, a entrevista clínica é um conjunto de técnicas de 
investigação, de tempo delimitado, dirigido por um entrevistador 
28
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
treinado, que utiliza conhecimentos psicológicos, em uma relação 
profissional, com o objetivo de descrever e avaliar aspectos pessoais, 
relacionais ou sistêmicos (indivíduo, casal, família, rede social), em um 
processo que visa fazer recomendações, encaminhamentos ou propor 
algum tipo de intervenção em benefício das pessoas entrevistadas. 
(TAVARES apud CUNHA et al., 2003, p. 45)
As técnicas de entrevistas são muitas e são destacadas por diversos autores. Ainda 
conforme Dalgalarrondo (ibidem), a entrevista poderá exigir do profissional habilidade 
para medir sua própria postura, se mais ativa ou passiva, mais acolhedora ou 
incentivadora, enfim, isso dependerá muito:
 » do paciente – suas características pessoais, como ele chega até o 
entrevistador, sua estrutura de personalidade, seu estado mental, suas 
condições físicas, capacidades cognitivas;
 » do objetivo da entrevista – se é de uma entrevista informal com objetivo 
apenas de triagem para encaminhamento do paciente, se pretende um 
diagnóstico clínico, estabelecimento de vínculo terapêutico, entrevista 
psicopatológica, tratamento farmacológico, orientação familiar, conjugal, 
pesquisa, forense, trabalhista;
 » do contexto institucional e do ambiente – o próprio ambiente e as 
características da entrevista previstas pela instituição, se a mesma está 
sendo realizada num pronto-socorro, enfermaria, ambulatório, centro 
de saúde, CAPS, consultório, numa sala especial, num ambiente mais 
favorável ao paciente;
 » da personalidade do entrevistador – a flexibilidade do entrevistador 
para atuar conforme as situações forem se apresentando sem perder 
sua eficácia no ato da entrevista, isso porque pacientes introvertidos 
muitas vezes precisarão de maior atenção, respeito e acolhimento, além 
de serem estimulados a falar; outros serão mais verborrágicos (falantes) 
e necessitados de direcionamento, e ou apenas de alguma escuta mais 
paciente e idônea.
Como foi visto, entrevistar o paciente é uma tarefa que não ruma a um objetivo único, 
porém o objetivo preestabelecido é essencial para que se realize adequadamente a 
entrevista. No entanto, sabemos que dentro das áreas médicas o uso da entrevista 
pode ter prismas diferentes, como abordam Bertoldi, Braga e Mendes (2003, apud 
NETO; GAUER; FURTADO, 2003) que definem a entrevista médica como um 
29
 DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
encontro combinado para obtenção de esclarecimentos, sendo o ponto de partida da 
relação médico-paciente e que visa ao entendimento dos males do paciente, a base do 
diagnóstico clínico, do encaminhamento a exames ou investigações mais elaboradas. 
Já a entrevista clínica, para os psicólogos, segundo Tavares (apud CUNHA, 2003) é 
um compilado de técnicas que agem de modo objetivo em tempo determinado como 
técnica de investigação, dirigida por um entrevistador treinado e utilizando-se de 
conhecimentos psicológicos para descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou 
sistêmicos para então nortear o encaminhamento e proposição de intervenções para o 
paciente.
Tabela 1. Técnicas comuns de entrevista.
1. Estabeleça rapport tão logo seja possível, na entrevista.
2. Determine a queixa principal do paciente.
3. Use a queixa principal para desenvolver um diagnóstico diferencial provisório.
4. Selecione as várias possibilidades diagnósticas mediante perguntas focalizadas e detalhadas.
5. Seja persistente o bastante nas respostas vagas ou obscuras, até determinar corretamente a resposta ao que perguntou.
6. Deixe que o paciente fale livremente, o suficiente para observar o grau de conexão dos seus pensamentos.
7. Use uma mistura de perguntas fechadas e abertas.
8. Não tema indagar sobre tópicos que você ou o paciente possam considerar difíceis ou constrangedores.
9. Pergunte sobre pensamentos suicidas.
10. Dê ao paciente uma chance para fazer perguntas ao final da entrevista.
11. Conclua a entrevista inicial transmitindo um senso de confiança e, se possível, de esperança.
Fonte: Kaplan; Sadock; Grebb,1997, p. 259.
Consideremos os seguintes aspectos relacionados aos procedimentos da entrevista ao 
psicodiagnóstico, adaptando alguns aspectos trazidos por Kaplan, Sadock e Grebb (1997) 
para os procedimentos com pacientes psiquiátricos e dando vazão aos procedimentos 
psicológicos e que podem ser adaptados às diversas outras áreas, conforme cada critério 
apresentado se adeque à função do profissional.
Manejo clínico do tempo 
A consulta inicial deve durar entre 30 minutos e uma hora, dependendo das 
circunstâncias em que o paciente se apresenta no local do atendimento. As seguintes 
consultas e complemento da entrevista terapêutica também variam em relação ao tempo. 
É importante que o profissional esteja bastante atento, uma vez que a relação com o 
tempo também revela traços importantes da personalidade do paciente, como se ele se 
apresenta ansioso, chega atrasado, chega cedo demais, chama a atenção do profissional 
para o término do seu horário, dentre outras. A regulação do tempo na relação clínica 
entre profissional e paciente é sempre de muita relevância para o tratamento, uma 
vez que o descuido do tempo em relação ao profissional pode transmitir uma ideia 
30
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
inconsciente ao paciente de relaxamento, incapacidade, desorganização, e liberdade 
por parte do profissional para com o paciente, induzindo inclusive o paciente a ser 
descompromissado igualmente com o horário de suas consultas.
Considerações quanto à disposição das cadeiras 
Tanto as cadeiras quanto a sala devem estar preparadas para receber o paciente. As 
cadeiras devem estar organizadas conforme o tipo de dinâmica a ser realizada ou o 
tipo de perspectiva psicológica com a qual o profissional trabalha. Caso o setting 
estabelecido para a entrevista disponhade vários ambientes para sentar-se como 
cadeiras, almofadas, sofás e tapetes, o profissional escolhe o seu lugar para se sentar e 
oferece ao paciente a oportunidade de escolher o lugar onde ele se sinta mais cômodo. 
A decoração do ambiente 
Assim como a aparência do profissional pode dizer muito dele, a aparência do ambiente 
em que trabalha o psicólogo também pode induzir o paciente a recorrentes pensamentos 
sobre a personalidade do psicólogo ou profissional da saúde que o atende. Todos os 
aspectos ditos pessoais do profissional, tais como livros, fotografias e diplomas nas 
paredes, revelam algo sobre o profissional e podem comunicar-se com o inconsciente 
do paciente. Não estamos aqui discutindo sobre a impossibilidade de ter esses objetos, 
mas alertando os profissionais para que fiquem atentos caso esses objetos revelem muito 
de sua vida pessoal ao paciente. Caso ainda estejam trabalhando com pacientes de alta 
periculosidade, ou ainda, se os objetos remetem algo ao paciente e há uma percepção 
por parte do profissional, é preciso trabalhar em sessão. 
Anotações 
As anotações são requisições da profissão uma vez que servem como registro, e se 
tornam uma obrigação moral e legal, adequadas para que se converse sobre diagnóstico, 
prognóstico, tratamento, de cada paciente. Além de auxiliar o profissional, as anotações 
podem resguardar não só a memória do profissional, mas também servir como proteção 
em casos burocráticos, como processos.
Entrevista subsequente 
Essa entrevista, que ocorre após a primeira entrevista, pode ser iniciada com o 
profissional oferecendo espaço ao entrevistado ou paciente para falar sobre o que 
ocorreu durante a sessão anterior, assim como, serve para retirar dúvidas da primeira 
entrevista. Algo interessante que pode ser dito: geralmente as pessoas ao sair da primeira 
31
 DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
entrevista ficam pensando em coisas que gostariam de ter dito e não disseram, ou ficam 
pensando no que foi dito. O que você pensou a esse respeito? Esse procedimento ainda 
é importante para manutenção do rapport, fazendo o paciente ficar mais à vontade e 
sentir que há um espaço no profissional para preocupar-se com ele e seus sentimentos/
pensamentos. 
Condução das entrevistas 
O modo como a entrevista é conduzida, assim como o tipo de técnicas utilizadas dentro 
de um consultório, são dependentes da formação do profissional, da linha psicológica a 
qual o profissional segue. O profissional deve se preocupar com a finalidade da entrevista 
e o setting. Por setting compreendemos o local onde a entrevista está sendo realizada, 
que pode ser num ambiente clínico particular, ambulatorial, hospital público, hospital 
privado, sala de um presídio, dentre tantas outras possibilidades.
O paciente deprimido e potencialmente suicida 
É importante que o profissional seja capacitado e treinado para atuar junto a esse 
tipo de paciente. O paciente deprimido geralmente apresenta letargia, fala pouco, tem 
dificuldade para responder, apresenta-se desesperançoso e até com retardo psicomotor. 
É importante que o profissional observe o paciente desde os aspectos corporais, até o 
ponto de saber conduzir a entrevista de modo a mobilizar o paciente à resposta. No caso 
de pacientes deprimidos, o profissional deve manter-se cuidadoso a fim de não criar 
expectativas em relação à melhora, no entanto, é de grande importância nesses casos 
que o psiquiatra esteja disposto a falar sobre a sintomatologia assim como a cura. Uma 
vez que o profissional lida com sinceridade com o paciente, transmitindo a esperança 
da cura de modo honesto e verdadeiro, o paciente com transtorno depressivo muitas 
vezes se sente aliviado, por pensar que os seus sentimentos de desesperança e vazio 
podem sumir. 
Nesse momento, é importante que o profissional ainda estabeleça um contrato com 
o paciente, um contrato informal, explicando que a cura depende também do esforço 
do paciente na trajetória terapêutica, ou seja, explicando ao paciente a importância 
da constância no processo terapêutico, da não desistência e da manutenção da 
esperança a cada consulta realizada. Em relação ao risco de suicídio, é imperativo 
que o profissional não se abstenha de indagar de forma estruturada e até certo ponto 
detalhada sobre a existência de pensamentos suicidas. Caso haja risco de vida, histórico 
familiar de suicídio, comportamento anterior suicida por parte do paciente, evidências 
de impulsividade, ou pessimismo generalizado sobre o futuro, o profissional terá de 
decidir entre a hospitalização ou não, como forma de proteção ao paciente. 
32
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
A internação, muitas vezes, irá depender do fato de o paciente ter uma rede de apoio 
bem estruturada, geralmente a família, ou cuidadores; assim como uma rede de 
profissionais que o apoiem no tratamento. Em caso de tentativas, planejamento, ou 
impulsividade, o paciente só poderá retornar a casa caso decida assegurar ao médico a 
sua disponibilidade em manter-se vivo e telefonar em qualquer momento, caso surja a 
pressão para o suicídio, assim como tentar informar aos pais/cuidadores. 
Os pais ou cuidadores também devem responsabilizar-se por acompanhar o paciente 
em nível de atenção, observando os sinais que podem demonstrar piora ao paciente, 
assim como, estar com o controle da medicação e do meio em que se encontra o 
paciente (retirada de objetos cortantes, armamentos, ou qualquer objeto que apresente 
risco ao paciente). O profissional deve resguardar-se com um documento que certifique 
de que tanto o paciente quanto os familiares estão de acordo com o tratamento e 
cientes de suas funções e obrigações, destacadas no documento, e com assinatura dos 
envolvidos (contrato de vida3). Nesses casos, o profissional tem que estar disponível 
para o paciente, uma vez que às suas mãos chegou a responsabilidade de trabalhar com 
pessoas em crise ou algum tipo de transtorno mental. Em casos de profissionais não 
preparados para lidar com esse tipo de paciente, o encaminhamento deve ser realizado. 
O encaminhamento nesse caso deverá ser responsivo.
O paciente violento 
Esse tipo de paciente deve ser abordado com algumas técnicas e atitudes usadas com 
os pacientes suicidas. É importante sinalizar ao paciente a sua capacidade para lidar 
com os sentimentos violentos do paciente, e resguardar sua integridade evitando que 
ele realize algum ato que possa vir a prejudicar a ele ou a terceiros. O paciente não pode 
sentir que profissional não está preparado, ou que se sente desconfortável na presença 
dele. Porém, parte do trabalho do profissional é ajudar o paciente a compreender que 
está no controle dos seus sentimentos agressivos, garantindo a segurança dele e da outra 
pessoa, demonstrando a possibilidade desse fato, mantendo também a sua integridade 
mental, e não apenas física. A remoção das contenções físicas do paciente só poderá 
ocorrer caso o teste de realidade do paciente não esteja comprometido, sobre isso, o 
entrevistador pode abordar diretamente o paciente, expressando preocupação por sua 
segurança e de outras pessoas na área.
Paciente com delírio 
Não se pode pensar que, porque o paciente é delirante, não se pode acessá-lo. Devemos 
pensar nos delírios como estratégia de defesa e autoproteção do paciente. Embora esses 
3 Ver anexo “Contrato de vida” baseado no modelo de Fremouw, 1990.
33
 DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
mecanismos sejam respostas mal adaptadas contra a ansiedade esmagadora, baixa 
autoestima e confusão mental do paciente, é algo que gera angústia e sofrimento, assim 
como ansiedade; e que pretendem ser eliminados. O enfoque mais útil para lidar com 
esse tipo de paciente é que o entrevistador compreenda e faça o paciente perceber que é 
compreendido, que tem a sua crença da realidade do delírio igualmente compreendidas, 
mas que não compactua com a mesma crença do delírio. É importante que o paciente 
sesinta respeitado, compreendido e escutado pelo entrevistador, assim, terá maior 
probabilidade de falar sobre si mesmo e menos sobre o delírio. No entanto, é preciso 
que o profissional incentive o paciente a falar sobre os seus temores, sentimentos e 
esperanças, a fim de compreender melhor que função determinada o delírio preenche 
para o paciente. 
Entrevista com familiares 
Embora sejam úteis, esse tipo de entrevista pode apresentar algumas dificuldades, por 
exemplo, em relação ao cônjuge, ele pode se sentir intimidado, pode se sentir identificado 
com o paciente, ou pode se sentir sem força e sem esperança. Os membros da família 
podem não perceber que certos tipos de informação são melhor oferecidos por um 
observador do que pelo próprio paciente. Os familiares podem ser importantes porque 
são mais capazes de descrever as atividades sociais do paciente, mas apenas esse pode 
descrever o que está pensando ou sentindo. A entrevista com suas milhares de nuances 
deve ser apropriadamente manejada pelo entrevistador, uma vez que uma entrevista 
desestruturada, mal planejada ou mal realizada pode ameaçar o relacionamento entre 
o paciente e o entrevistador ou profissional. Um dos aspectos mais importantes da 
entrevista com a família tem a ver com o sigilo, ou seja, o paciente deve estar seguro de 
que os membros da família não irão ser informados sobre qualquer tipo de comentários 
discutidos nas entrevistas, a não ser questões que envolvam risco de vida a ele mesmo e 
a terceiros. O mesmo deverá ser mantido com os membros da família, que irão destacar 
os pontos que não devem ser revelados.
O EEM (Exame do Estado Mental)
O exame do estado mental nem sempre é utilizado pelos profissionais, mas é bastante 
discutido e de suma importância, desde que a Constituição Federal, em seu artigo 5o, 
inciso V (BRASIL, 1988) e o artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 
1997), promulgou como prudente ao profissional liberal, ter provas documentais e 
registros clínicos do estado de saúde, segundo critérios avaliativos, das pessoas que 
buscam assistência profissional na área de saúde. No entanto, segundo Erné (apud 
CUNHA, 2003, p. 67), “o ato de fazer ou não fazer um exame acurado poderá ter 
34
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
consequências inimagináveis para a vida econômica e a imagem social do profissional 
liberal”. Ainda segundo o autor, 
além desses aspectos legais que passaram a vigorar no Brasil [...] é 
impossível cientificidade sem apreensão e fixação de alguns conceitos 
que disciplinem e organizem as nossas observações. Para os que 
endossarem essa tese, o exame detalhado do estado do examinando, 
ou do paciente, será sempre importante, independentemente dos riscos 
jurídicos.
Kaplan, Sadock e Grebb (1997, p. 267) revelam que o EEM é:
a parte da avaliação clínica que descreve a soma total das observações 
do examinador e suas impressões sobre o paciente psiquiátrico no 
momento da entrevista. Enquanto a história do paciente permanece 
estável, seu estado mental pode mudar de um dia para o outro, ou de 
uma hora para outra. O EEM é a descrição da aparência, fala, ações e 
pensamentos do paciente durante a entrevista.
Tabela 2. Esboço do Exame do Estado Mental.
I - Descrição geral
a - aparência;
b - comportamento e atividade psicomotora;
c - atitude acerca do examinador.
II - Humor e Afeto
a - humor;
b - afeto;
c - adequação.
III - Fala
IV - Perturbações da percepção
V - Pensamento
a - processo ou forma do pensamento;
b - conteúdo do pensamento.
VI - Sensório e cognição
a - alerta e nível da consciência;
b - orientação;
c - memória;
d - concentração;
e - pensamento abstrato;
f - fundo de informações e inteligência.
VII - Controle dos impulsos
VIII - Julgamento e insight
IX - Confiabilidade
 
Fonte: Kaplan; Sadoc; Grebb, 1997, p. 267.
35
 DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Após o EEM, os autores apresentam o “Registro Psiquiátrico” (p. 270) para que sejam 
redigidos todos os tópicos do roteiro da entrevista.
Diversas abordagens psicológicas trabalham de acordo com as suas técnicas de 
diagnóstico psicológico, isso pode ser visto e pesquisado por você. 
LOPES, Ederaldo José; LOPES, Renata Ferrarez Fernandes; LOBATO, Gledson 
Régis. Algumas considerações sobre o uso do diagnóstico classificatório nas 
abordagens comportamental, cognitiva e sistêmica. Psicol. estud., Maringá, v. 
11, n. 1, abr. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-73722006000100006&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 30 de 
outubro de 2012.
36
CAPÍTULO 2
Diagnóstico psicopatológico e 
psicodiagnóstico
Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar 
uma alma humana, seja apenas outra alma humana. 
Carl Jung
Figura 8. Diagnóstico Psicológico.
Fonte: https://easyhealthoptions.com/surest-way-nimble-brain/. Acesso em: 24/08/2020.
Diagnóstico psicopatológico
Trata-se de um modo de diagnosticar, a partir de sintomas e sinais, as possibilidades 
patológicas de ordem mental de um sujeito. Portanto, não podemos nos esquecer dos 
exames complementares, igualmente importantes para auxiliar um diagnóstico, sendo 
os exames laboratoriais, neurológicos, de avaliação física e de neuroimagem.
Duero e Shapoff (2013) relatam que em Medicina o diagnóstico de qualquer patologia 
depende da avaliação/exame das funções biológicas e sua comparação com aspectos da 
normalidade, baseados na noção de homeostase orgânica. No entanto, o autor acredita 
que a especificidade do discurso psicopatológico difere desse outro, uma vez que o 
diagnóstico psicopatológico é um tipo de fenômeno com características intrínsecas e 
peculiares que merecem atenção e estudo aprofundado. Em psiquiatria, por exemplo, 
um conjunto de sintomas permitiria estabelecer um diagnóstico e, portanto, prever um 
prognóstico juntamente a um tratamento efetivo, com a introdução de medicamentos e 
técnicas que ajudem na reorganização do sistema nervoso. 
37
 DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Em contrapartida, quando lidamos com os transtornos mentais, devemos resolver as 
questões referentes ao normal e patológico que se sobrepõem aos casos em formas 
de nível cultural, regional etc., uma vez que o paciente não é um ser provido apenas 
de funções orgânicas, mas um sujeito individual composto de características de 
personalidade, com um sistema de significados únicos e disposições globais que o 
diferencia em nível de interpretação e sentido de suas ações. 
Canguilhem (1979), Duero e Shapoff (2009) ressaltam que a pretensão da universalidade 
dos sintomas e transtornos psiquiátricos são resultados menores do que presumem 
escritos médicos, visto que o olhar médico imposto ao doente mental distancia o 
paciente da sua realidade, que é de ordem social e não biológica tão somente. 
Como vimos, em Psicopatologia, para que cheguemos a um diagnóstico, é preciso 
alocarmos em pauta, além das observações, o uso de ferramentas diagnósticas de 
observação, identificação e transcrição dos sintomas e sinais revelados pelo paciente. 
Mas o que são sintomas e sinais?
Para definir o sintoma podemos destacar como: a forma pela qual a doença se apresenta, 
é a realidade aparente de uma determinada enfermidade. É a experiência sentida e 
vivida pelo paciente que anuncia a ele o quanto o seu corpo está mudado, portanto, 
podemos dizer que o sintoma é aquilo pertencente ao paciente a partir da percepção 
e observação do seu próprio funcionamento. Ainda, segundo Martins (2003, p. 22) o 
sintoma “é um acontecimento doloroso e/ou perturbador, conforme a etimologia da 
palavra em grego original já apontava: acidente que cai, ocorre com (alguém)”. 
Enquanto o sinal, ainda segundo Martins (2003), é aquilo que pode ser apontado pelo 
outro, via de regra o clínico. A distinção entre sintoma e sinal pode então ser estabelecida 
em termos daquele que aprecia e evidencia o signo clínico: o paciente, no caso do 
sintoma,e o médico, no caso do sinal. A Medicina, portanto, tornou-se especialista em 
identificar sinais para facilitar o diagnóstico.
Para a Psicologia não seria diferente. Os sintomas seriam, portanto, aquilo que faz 
parte da vivência subjetiva relatada pelo paciente, suas queixas, narrativa, aquilo que 
ele experimenta e comunica a alguém de algum modo. Já os sinais seriam verificáveis 
pela observação direta do paciente, seriam os “dados elementares das doenças que são 
provocados (ativamente evocados) pelo examinador” (DALGALARRONDO, 2008, p. 
24).
Ainda conforme Dalgalarrondo (2008, p. 41), do ponto de vista clínico e específico da 
psicopatologia, embora o processo de diagnóstico em psiquiatria siga os princípios 
38
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
gerais das ciências médicas, há certamente alguns aspectos particulares que devem ser 
aqui apresentados:
 » O diagnóstico de um transtorno psiquiátrico é quase sempre baseado 
preponderantemente nos dados clínicos.
 » O diagnóstico psicopatológico com exceção dos quadros psicorgânicos 
(delirium, demências, síndromes focais etc.) não é, de modo geral, baseado 
em possíveis mecanismos etiológicos supostos pelo entrevistador, ou seja, 
baseia-se principalmente no perfil de sinais e sintomas apresentados pelo 
paciente na história da doença e no momento da entrevista.
 » Não existem sinais ou sintomas psicopatológicos totalmente específicos 
de determinado transtorno mental.
 » O diagnóstico psicopatológico é, em inúmeros casos, apenas possível com 
a observação do curso da doença.
 » O diagnóstico psiquiátrico deve ser sempre pluridimensional, ou seja, 
conter várias dimensões clínicas e psicossociais para uma formulação 
diagnóstica completa.
 » Confiabilidade e validade do diagnóstico em psiquiatria dizem respeito 
a esse procedimento produzir, em pacientes de um mesmo grupo 
diagnóstico, um mesmo padrão diagnóstico (DALGALARRONDO, 2008, 
pp. 41-42).
Psicodiagnóstico
O psicodiagnóstico é uma atividade que veio se aperfeiçoando dentro da Psicologia e se 
utiliza do conceito psicopatológico para realizar uma prática diagnóstica no contexto da 
Psicologia. Embora os profissionais da área tenham a opção de se utilizar de técnicas 
mais amplas como de entrevistas e exames do estado mental, é ainda disponibilizada 
ao profissional psicólogo outra gama de ferramentas que o ajudam no diagnóstico, 
tais como os testes psicológicos. O psicodiagnóstico geralmente é conduzido de modo 
tradicional e estruturado em etapas que são previamente estabelecidas a fim de um 
objetivo que é “conhecer, investigar e compreender o paciente por meio de técnicas de 
entrevistas, observações dirigidas e aplicações de testes” (ANCONA-LOPEZ, 2002, p. 
9).
Ocampo e Garcia Arzeno (apud ANCONA-LOPEZ, 2002, p. 9) consideram o 
psicodiagnóstico como uma prática bem delimitada, cujo objetivo é “obter uma 
39
 DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
descrição e compreensão o mais profunda e completa possível da personalidade total 
do paciente ou do grupo familiar”. 
Já Dalgalarrondo (2008, p. 64) diz que “a área desenvolvida pela Psicologia Clínica, 
denominada ‘psicodiagnóstico’, representa, de fato, um importante meio de auxílio ao 
diagnóstico psicopatológico”. Para contribuir ainda com a compreensão desta distinção 
diagnóstica destacamos Cunha (2003, p. 23) que explica: 
psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica, feita com propósitos 
clínicos, portanto, não abrange todos os modelos de avaliação psicológica 
de diferenças individuais. É um processo que visa identificar forças e 
fraquezas no funcionamento psicológico, com foco na existência ou não 
de psicopatologia. 
Ainda em se tratando de psicodiagnóstico, é relevante citar que há uma diferença entre 
um psicodiagnóstico informal – quando esse não tem uma finalidade maior, não visa 
um objetivo, e tende a triar o paciente – do psicodiagnóstico formal que tem por objetivo 
avaliar, além das condições psicológicas do paciente, a sua capacidade de encarar algum 
tipo de processo psicoterapêutico.
Cunha (2003) aponta que geralmente um paciente passa por esse processo devido a 
um encaminhamento, que pretende averiguar alguma característica em destaque e que 
pressupõe que o paciente apresenta algum tipo de problema psicológico, a exemplo 
de uma professora que indica o aluno para esse tipo de avaliação com o seguinte 
questionamento: “será que meu aluno não aprende por algum tipo de problema 
psicológico?”. 
A partir dessa questão o psicólogo deverá trabalhar primeiro no desdobramento da 
pergunta que será fundamentada com base no encaminhamento e na observação do 
paciente e de seu histórico de vida; em seguida, no estabelecimento de um plano de 
avaliação. O plano de avaliação nada mais é do que “um processo pelo qual se procura 
identificar recursos que permitam estabelecer uma relação entre as perguntas iniciais e 
suas possíveis respostas” (CUNHA, 2003, p. 107).
Para esse tipo de diagnóstico, o psicólogo poderá fazer uso das técnicas que achar 
necessárias, de acordo com o objetivo do que pretende ser examinado e nesse momento 
indicar o número de sessões previstas para o diagnóstico e comunicação clínica, que 
nada mais é do que a devolutiva do processo realizado com comunicação verbal para 
o paciente e encaminhamento de laudo ou parecer psicológico a quem encaminhou o 
paciente (instituição, justiça, professor, médico etc.).
40
CAPÍTULO 3
Avaliação psicodinâmica do paciente
Figura 9. Avaliação Psicodinâmica.
Fonte: <http://hijodelaluna-mphisto.blogspot.com/2016/>. Acesso em: 24/08/2020.
Segundo Gabbard (1998), a abordagem psicodinâmica tem por objetivo abordar as 
questões relacionadas ao diagnóstico e ao tratamento a partir das relações dinâmicas 
entre médico e paciente e o estabelecimento do rapport (técnica de abordagem para 
com o paciente), visando um entendimento do modo como essa relação afeta o paciente 
em seu comportamento e o quanto influencia em sua personalidade e relações. 
Para tanto, o autor é enfático ao relatar que a tarefa primordial do entrevistador é 
transmitir ao paciente a sua própria aceitabilidade e valor individual, bem como os seus 
conflitos. Ainda segundo ele, a postura psicodinâmica de empatia privilegia a relação 
pelo modo como o paciente pode se sentir participativo e desse modo vir a colaborar 
no processo da entrevista. Gabbard (1998, p. 60) transcorre dizendo que “a avaliação 
psicodinâmica pode ser considerada como uma extensão significativa da avaliação 
médico-psiquiátrica descritiva”. 
41
 DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
Tabela 3. Tabela de Avaliação Psicodinâmica.
1. Dados históricos: 
a - doença atual com atenção às ligações associativas e com os estressores do eixo IV;
b - história pregressa com ênfase sobre como o passado vem se repetindo no presente (história do desenvolvimento – evolutiva, história familiar, 
formação cultural/religiosa);
2. Exame do Estado Mental: 
a - orientação e percepção, cognição, afeto, ação etc.
3. Testes psicológicos projetivos;
4. Exame físico e neurológico;
5. O diagnóstico psicodinâmico: 
a - diagnóstico descritivo pelo DSM-IV, interações entre os eixos I-IV, características do ego (pontos fortes e fraquezas, mecanismos de defesa e 
conflitos, relação com o superego);
b - qualidade das relações objetais (relacionamentos familiares, padrões transferenciais-contratransferenciais, inferência acerca das relações objetais 
internas);
c - características do self (autoestima e coesão do self, continuidade do self, fronteiras do self, relação mente/corpo); 
d - formulação explicativa utilizando os dados anteriores.
6. Recursos Básicos para o Diagnóstico: 
a - Entrevista Clínica;
b - História do paciente;
c - Exame do estado mental do paciente.
 
Fonte: Adaptada de Gabbard, 1998, p. 72.
Sugere-se que o profissional de saúde mental deve evitar relações engessadas em que o 
paciente é mero coadjuvante e se conforme em apenas responderàs perguntas médicas, 
pois para essa teoria o paciente deve ser um colaborador envolvido em seu processo. 
Essa visão pretende minimizar o distanciamento da relação médico/paciente, de modo a 
permitir que venham à tona as questões relevantes que estejam na base do pensamento, 
afeto e percepção. Ou seja,
a abordagem dinâmica significa um novo sentido para o diagnóstico, 
não a mera aplicação de um rótulo [...]. É o diagnóstico no sentido 
da compreensão de como o paciente adoeceu e de quão enfermo se 
encontra e de como a doença lhe serve. (GABBARD, 1998, p. 68)
Por fim podemos destacar que, dentro dessa visão, o paciente é humanizado, visto como 
singular, detentor de sua própria história e sujeito do seu próprio processo de cura.
Processos da avaliação psicodinâmica
O processo psicodiagnóstico depende inicialmente de formulações de perguntas básicas 
ou estruturação de hipóteses para que o profissional psicólogo possa trabalhar. Sendo 
assim, falaremos do encaminhamento que é um processo pelo qual um profissional 
42
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
sugere ao paciente, cliente, colaborador, réu, aluno etc., a necessidade de uma avaliação 
psicológica. 
O encaminhamento deve vir com alguma pergunta formulada em termos psicológicos, 
com isso, queremos dizer que o objetivo do processo psicodiagnóstico é chegar a 
alternativas de algum tipo de resposta que justifiquem as perguntas iniciais. Além das 
perguntas, o psicólogo necessita de dados, para que as questões iniciais sejam mais 
precisas e que ele mesmo possa formular hipóteses. 
É responsabilidade do psicólogo esclarecer e organizar as questões pressupostas do 
encaminhamento. Cunha (2003, p. 106) levanta perguntas que podem auxiliar o 
profissional no processo de construção de hipóteses. Usando seu exemplo veremos:
O médico, por exemplo, pode telefonar, dizendo que tem uma paciente 
com patologia de coluna e que suspeita que os sintomas sejam, pelo 
menos parcialmente, de fundo psicológico. Poderia ser indicada uma 
intervenção cirúrgica, para alívio da dor e da restrição da motilidade, 
mas lhe é de importância fundamental saber como a paciente reagiria 
à cirurgia. Aqui por certo, temos algumas questões: Há fatores 
psicológicos associados à condição médica? Como a paciente reagiria à 
situação cirúrgica e à longa recuperação? Qual é o prognóstico do caso? 
Delineiam-se, portanto, três objetivos para o exame. Por outro lado, as 
questões colocadas pelo médico já começam a ser traduzidas em termos 
psicológicos.
Contrato de trabalho avaliativo
O psicodiagnóstico é um processo que requer tempo. De certa forma é preciso que as 
questões iniciais sejam desenvolvidas, as hipóteses definidas, e os objetivos do processo 
sejam esclarecidos. A partir daí o psicólogo começa a traçar um planejamento que inclui 
o tipo de exame adequado, as condições de aplicação e tempo para tal. 
Deve ficar claro para o paciente que o psicodiagnóstico é um processo que leva tempo, 
inclusive para comunicação do resultado. Nesse ínterim o contrato de trabalho é 
apresentado. Esse informa qual é o papel do profissional quanto à realização dos exames 
e procedimentos de devolutiva; fala sobre o número de sessões, a duração prevista, o 
horário estabelecido para o encontro, assim como sobre a previsão ou dia exato da 
devolutiva. 
Sobre as horas de trabalho, o psicólogo deve considerar a duração do processo de 
relato, que geralmente leva 2 horas para laudos mais simples, ou mais tempo quando 
43
 DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL │ UNIDADE II
os relatórios são mais complexos e a confecção dos laudos mais elaborada. Estipular 
um prazo maior que condiga com o tempo de trabalho do profissional é algo que pode 
parecer difícil aos iniciantes.
É relevante a informação de que o contrato deve manter-se flexível, uma vez que alguns 
imprevistos possam acontecer. Caso no contrato haja uma nota sobre a necessidade de 
se aplicar testes extras, no decorrer do processo, o psicólogo necessita apenas informar 
ao paciente; no entanto, caso na fase de levantamento de dados ele veja que é necessário 
administrar mais um instrumento e não apareça no contrato, o contrato não precisa ser 
refeito, apenas o profissional informa ao paciente sobre a necessidade dele submeter-se 
a mais um teste, sem qualquer ônus. 
Ainda, veremos que o paciente também tem a sua responsabilidade dentro do contrato, 
uma delas é comparecer nos horários e dias previstos e colaborar para que o plano 
de avaliação seja realizado sem problema. Nesse momento o avaliador deve abrir 
espaço para que o paciente possa retirar suas dúvidas acerca do processo. Nessa fase é 
importante levantar a possibilidade de que o paciente venha não apenas com dúvidas, 
mas com expectativas, fantasias e temores acerca do psicodiagnóstico, portanto, cabe 
ao profissional trabalhar essas questões que poderão, ainda, ajudá-lo no processo.
Plano de avaliação 
O plano de avaliação deve ser traçado com o encaminhamento e o tipo de dados que 
são enviados por meio dele, tendo em vista o objetivo do psicodiagnóstico. Ainda, o 
profissional deve delimitar as técnicas que serão utilizadas, estabelecendo todas as 
questões voltadas para aplicação dessas. Uma vez selecionadas as técnicas e os testes 
psicológicos adequados e relacionados a cada caso, deve-se contar com o tempo de 
administração e com as características específicas do paciente; como se pode supor, o 
plano de avaliação nada mais é do que um plano que envolve a organização da bateria 
de testes elegidos.
Bateria de testes
A bateria de testes nada mais é do que o conjunto de testes ou técnicas envolvidas no 
processo psicodiagnóstico a fim de oferecer subsídios suficientes para corroborar ou 
refutar as hipóteses iniciais, focando sempre no objetivo da avaliação. 
Geralmente, mais de um teste é aplicado no processo psicodiagnóstico, possibilitando 
a compreensão do sujeito e seus aspectos globais. Além do que, o conjunto de técnicas 
44
UNIDADE II │ DIAGNÓSTICOS PSICOPATOLÓGICOS – VISÃO GERAL
valida os dados obtidos e faz com que a avaliação se torne mais eficaz, com menos 
margem de erro e menos inferência clínica. Podemos nos assegurar nas técnicas 
projetivas ou técnicas psicométricas. 
As técnicas projetivas são aconselháveis, mas no caso de crianças são escassos os 
números de estudos, no entanto, são utilizados, uma vez que há o uso de outros testes 
e técnicas. As técnicas projetivas em crianças não devem ser aplicadas no primeiro 
contato, uma vez que podem induzir a criança a querer realizar apenas testes lúdicos. 
As técnicas psicométricas baseadas em normas brasileiras são igualmente utilizadas 
nas baterias de testes, que podem ser padronizados ou não padronizados. Uma bateria 
padronizada é aquela baseada em pesquisas, a priori, que foram realizadas com tipos 
de pacientes e recomendada para exames bem específicos. Contudo, o psicólogo tem a 
liberdade de acrescentar testes para se adequar à especificidade do caso individual. 
Frequentemente, a bateria de testes inclui testes psicométricos e técnicas projetivas. 
Nas técnicas projetivas temos vários tipos de testes como os gráficos, HTP, MMPI, ou 
técnicas projetivas perceptivas como o Rorschach, TAT, CAT. Questões importantes que 
devem ser observadas na realização da aplicação dos testes são os fatores ansiogênicos 
por parte do paciente. 
De um modo geral, os testes não devem ser interrompidos, por isso, é importante pensar 
no tempo da aplicação dos testes. Alguns testes devem ser aplicados em sua íntegra, 
outros podem ser divididos por sessões, porém, cada caso deve ser avaliado, inclusive 
relacionando com os fatores ansiogênicos. A sugestão é que o avaliador no momento do 
planejamento opte por intercalar testes projetivos com os psicométricos. A importância 
do tempo no plano da avaliação para aplicação dos testes remete à organização da 
escolha da bateria de testes, modo de aplicação e organização do profissional, uma

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