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AULA 15- ANIMAIS PEÇONHENTOS

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Giovanna Mendonça Ferreira – UNIT P4 2018.2 
VIADAS 
PROPEDÊUTICA EM INTOXICAÇÕES III: ANIMAIS PEÇONHENTOS 
CHECKLIST AULA 15 
Reconhecer o quadro de intoxicações por animais peçonhentos 
Reconhecer a relação causal entre o acidente ou contato com animal venenoso 
ou peçonhento e o desenvolvimento do quadro clínico 
 
Estudar dados epidemiológicos de intoxicações devido a acidentes peçonhentos 
ou venenosos 
 
Reconhecer o quadro de acidente por animal peçonhento e sua importância 
clínico-epidemiológica 
 
 
Animais peçonhentos: são aqueles que produzem uma peçonha em um grupo de 
células ou órgão secretor (glândula), e possuem uma ferramenta, capaz de injetar tal 
peçonha na sua presa ou predador. Esta ferramenta podem ser dentes modificados, 
aguilhão, ferrão, quelíceras, cerdas urticantes, nematocistos, entre outros. 
Esse resumo tem como embasamento teórico o Manual de Diagnóstico de 
acidentes por animais peçonhentos, da Fundação Nacional de saúde (FUNASA) 
 As principais causas de intoxicações 
por animais peçonhentos seriam pelo: 
Ofidismo, Escorpionismo, Araneísmo, 
Himenópteros, Lepidópteros, 
Coleópteros, Ictismo, Celenterados. 
OFIDISMO 
No Brasil, o índice de incidência de 
acidentes ofídicos é de 13,5 
acidentes/100.000 habitantes, sendo 
assim, muito prevalente, 
especialmente nas regiões sudeste e 
sul. 
Os tipos de serpentes causadoras da 
intoxicação: Bothrops (90,5% dos 
pacientes), Crotalus (7,7%), 
Lachesis (1,4%) e Micrurus (0,4%) 
Os locais mais acometidos são pés, 
pernas, mão e antebraço. 
Identificar o animal causador do 
aciente é procedimento importante 
devido a possibilidade de dispensa em 
pacientes picados por cobras não 
peçonhentas, além de administração de 
antiveneno mais preciso 
Características dos gêneros de 
serpentes peçonhentas no Brasil. 
- Fosseta loreal presente: situado 
entre o olho e a narina “(serpente de 
quatro ventas”). Presente nos gêneros 
othops, Croatalua e Lachesis 
Todas as serpentes desses gêneros 
possuem dentes inoculadores, bem 
desenvolvidos e móveis. 
- Fosseta loreal ausente: Típico dos 
micrurus, que também possuem dentes 
inoculadores pouco desenvolvidos na 
região anterior da boca. 
 
 
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Giovanna Mendonça Ferreira – UNIT P4 2018.2 
VIADAS 
ACIDENTE BOTRÓPICO 
O veneno botrópico pode ter ação: 
• Proteolítica 
 Edema, bolhas e necrose 
devido, possivelmente a 
atividade de proteases, 
hialuronidases e fosfolipases, da 
liberação de mediadores de 
resposta inflamatória, da ação 
das hemorraginas sobre o 
endotélio vascular e da ação pró 
coagulante do veneno. 
• Coagulante 
Nesses venenos existe a 
protrobina, que, similarmente a 
trombina, converte fibrinogênio 
em fibrina. Isso gera um 
consumo dos fatores, gerando 
produtos de degradação de 
fibrina e fibrinogênio, podendo 
ocasionar incoagulabilidade 
sanguínea. Também pode levar 
a alterações da função das 
plaquetas, bem como 
plaquetopetia 
• Hemorrágica 
Decorrente das ações das 
hemorraginas 
O quadro clínico geral é caracterizado 
por dor e edema no local da picada, 
equimoses e sangramento na área da 
picada, enfartamento ganglionar e 
bolhas podem aparecer na evolução, 
acompanhados ou não de necrose. 
Nas manifestações sistêmicas, além de 
quadros de ferimentos cutâneos, podem 
ser observadas hemorragias à distância 
como gengivorragias, epistaxes...Em 
gestantes, há risco de hemorragia 
uterina. Podem ocorrer náuseas, 
vômitos, sudorese, hipotensão arterial 
e, mais raramente, choque. 
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Giovanna Mendonça Ferreira – UNIT P4 2018.2 
Com base nas manifestações clínicas, 
os acidentes bonotópicos podem ser 
classificados em: 
➢ Acidentes leves: mais comuns, 
com presença de dor e edema 
local pouco intenso ou ausente, 
manifestações hemorrágicas 
discretas ou ausentes, com ou 
sem alteração do tempo de 
coagulação. 
➢ Moderado: dor e edema 
evidente que ultrapassa o 
segmento picado, 
acompanhados ou não de 
alterações hemorrágicas locais 
ou sistêmicas como 
gengivorragia, epistaxe e 
hematúria 
➢ Grave: caracterizado por edema 
intenso e extenso, podendo 
atingir todo o membro picado, 
geralmente acompanhado de 
dor intensa e, eventualmente, 
com presença de bolhas. Em 
decorrência dos edemas, pode 
haver sinais de isquemia local, 
devido a compressão dos feixes 
vásculo nervosos. 
Manifestações como hipotensão 
arterial, choque, oligoanúria ou 
hemorragias intensas definem o caso 
como grave, independentemente do 
quadro local. 
As complicações incluem síndrome 
compartimental, abcesso e necrose, 
além de choque e insuficiência renal 
aguda. 
Tratamento: soro antibotrópico (SAB) 
por via IV e, na falta desse, das 
associações entre antibotrópico 
crotálica (SABC) ou 
antibotrópicolaquética (SABL) 
ACIDENTE CROTÀLICOS 
O veneno possui ação neurotóxica, 
miotóxica e coagulante 
Na ação neurotóxica, devido a presença 
de crotoxina, uma neurotoxina que atua 
nas terminações nervosas inibindo a 
liberação de acetilcolina, ocorre um 
bloqueio neuromuscular do qual 
decorrem as paralisias motoras 
Na ação miotóxica, ocorrem lesões das 
fibras musculares esqueléticas, com 
liberação de enzimas e mioglobina para 
o soro e, que são posteriormente 
excretados pela urina. 
A ação coagulante ocorre devido ao 
consumo do fibrinogênio,, levando a 
incoagulabilidade, geralmente com 
redução do número de plaquetas. 
As manifestações clínicas , além de 
possuírem edema discreto no local da 
picada, são divididos em gerais, 
neurológicos, mmusculares e distúrbios 
de coagulação. 
➢ Gerais: mal-estar, prostação, 
sudorese, náuseas, vômitos, 
sonolência ou inquietação e 
secura da boca podem aparecer 
precocemente e estar 
relacionados a estímulos de 
origem diversas, nos quais 
devem atuar o medo e a tensão 
emocional desencadeados pelo 
acidente 
➢ Neurológicos: decorrem da ção 
neurotóxica do veneno, surgem 
nas primeiras horas após a 
picada, e, caracterizam a fácie 
miastênica, evidenciadas por 
ptose palpebral uni ou bilateral, 
flacidez da musculatura da faze, 
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Giovanna Mendonça Ferreira – UNIT P4 2018.2 
alteração no diâmetro pupilar, 
oftalmoplegia, podendo existir 
dificuldade de acomodação 
(visão turva) e/ou visão dupla 
(diplopia). Pode-se concontrar 
paralisia velopalatina, com 
dificuldade de deglutição, 
diminuição do reflexo do vômito, 
alterações no paladar e olfato. 
➢ Musculares: dores musculares 
generalizadas (mialgias) que 
podem aparecer precocemente. 
A fibra muscular esquelética 
lesada libera quantidades 
variáveis de mioglobulina, que é 
excretada pela urina, conferindo-
lhe uma cor avermelhada ou de 
tonalidade mais escura. É a 
manifestação mais evidente de 
necrose da musculatura 
esquelética. 
➢ Distúrbios de coagulação: 
pode ocorrer incoagulabilidade, 
bem como aumento no tempo de 
coagulação. 
Complicações: insuficiência renal 
aguda, com necrose tubular 
Tratamento: com soro anticrotálico, bem 
como o soro antibotrópico-crotálico 
(SABC), além de hidratação adequada, 
manitol a 20% e bicardonato de sódio 
ACIDENTE LAQUÉTICO 
O veneno possui ação proteolítica 
(lesão tecidual, devido a presença de 
proteases), ação coagulante (atividade 
tipo trombina), ação hemorrágica 
(presença de hemorraginas) e ação 
neutotóxica (uma ação do tipo estímulo 
vagal) 
As manifestações clínicas locais são 
semelhantes as de botrópicos, com dor 
e edema, que podem progredir para 
todo o membro. Podem surgir vesículas 
e bolhas de conteúdo seroso ou sero-
hemorrágico nas primeiras horas após o 
acidente. As manifestações 
hemorrágicas limitam-se ao local da 
picada, na maioria dos casos. 
As manifestações sistêmicas são 
hipotensão arterial, tonturas, 
escurecimento da visão, bradicardia, 
cólicas abdominais e diarreia (síndrome 
vagal). 
Não existem acidentes leves, pois são 
serpentes de grande porte 
As complicaçõesdo botrópico também 
podem acontecer (síndrome 
compartimental, necrose, infecção 
secundária, abscesso, déficit funcional) 
A existência da síndrome vagal ajuda a 
diferenciar um acidente laquético de um 
botrópico. 
Tratamento com soro antilaquético 
(SAL) ou antibotrópico-laquetico (SABL) 
via IV, e medidas realizadas no acidente 
botrópico. 
ACIDENTE ELAPÍDICO 
O veneno atua como neurotoxinas de 
ação pós-sinaptica (As NTXs 
competem com a acetilcolina pelos 
receptores colinérgicos da junção 
neuromuscular, atuando de modo 
semelhante ao curare. Nos 
envenenamentos onde predomina essa 
ação, o uso de substâncias 
anticolinesterásticas edrofônio e 
neostigmina, pode prolongar a vida 
média do neurotransmissor Ach, 
levando a uma rápida melhora da 
sintomatologia.) e pré-sinaptica (Atuam 
na junção neuromuscular, bloqueando a 
liberação de Ach pelos impulsos 
nervosos, impedindo a deflagração do 
potencial de ação. Esse mecanismo não 
é antagonizado pelas substâncias 
anticolinesterásicas.) 
Os sintomas podem surgir 
precocemente, em menos de uma hora 
após a picada, bem como tardiamente. 
Há discreta dor local, geralmente 
acompanhada por parestesia com 
tendência a progressão normal. 
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Inicialmente, o paciente pode 
apresentar vômitos. Posteriormente, 
pode surgir um quadro de fraqueza 
muscular progressiva, ocorrendo ptose 
palpebral, oftamoplegia e presença de 
fácie miastênica. Associado a isso, há 
dificuldade na manutenção da posição 
ereta, mialgia localizada ou 
generalizada e dificuldade para deglutir 
em virtude da paralisia do veu palatino. 
A paralisia flácida da musculatura 
respiratória compromete a ventilação, 
podendo haver evolução para 
insuficiência respiratória aguda e 
apneia. 
O soro antielapídico (SAE) deve ser 
administrado na dose de 10 ampolas, 
pela via intravenosa. Todos os casos de 
acidente por coral com manifestações 
clínicas devem ser considerados como 
potencialmente graves. 
Nos casos com manifestações clínicas 
de insuficiência respiratória, é 
fundamental manter o paciente 
adequadamente ventilado, seja por 
máscara e AMBU, intubação traqueal e 
AMBU ou até mesmo por ventilação 
mecânica. Estudos clínicos controlados 
e comunicações de casos isolados 
atestam a eficácia do uso de 
anticolinesterásicos (neostigmina e 
atropina) em acidentes elapídicos 
humanos. 
ACIDENTES COLUBRÍDEOS 
São raros e muito pouco se conhece 
sobre a ação dos seus venenos. 
Estudos com animais de 
experimentação mostram que existem 
ações hemorrágica, proteolítica, 
fibrinogenolítica e fibrinolítica. 
Podem ocasionar edema local 
importante, equimose e dor, semelhante 
aos botrópicos, mas sem alteração na 
coagulação. 
O tratamento pode ser sintomático, bem 
como com a utilização de soro 
antibotrópico. 
ESCORPIANISMO 
Ocorrência de cerca de 8.000 casos por 
ano, ocorrendo a maioria dos casos em 
meses quentes e chuvosos. 
O maior número de notificações são nos 
estados de São Paulo, Minas Gerais, 
Bahia, Rio Grande do Norte, Alagoas e 
Ceará 
As picadas atingem predominantemente 
os membros superiores. 
Os escorpiões ou lacraus apresentam o 
corpo formado pelo tronco (prosoma e 
mesosoma) e pela cauda (metasoma). A 
cauda é formada por cinco segmentos e 
no final da mesma situa-se o telso, 
composto de vesícula e ferr~so. A 
vespicula contém duas glândulas de 
veneno. Essas glândulas produzem o 
veneno que é inoculado pelo ferrão. 
Os escorpiões de importância médica 
no Brasil pertencem ao gênero Tityus, 
que é o mais rico em espécies, 
representando cerca de 60% da fauna 
escorpiônica neotropical. 
Tityus 
serrulatus: 
 
 
 
 
 
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Tityus babiensis: 
 
Tityus stigmurus: 
 
Tityus cambridgei: 
 
Tityus metuendus: 
 
 
No estados de Pernambuco e Alagoas 
há registro de morte por Tityus 
stigmurus!! 
Estudos bioquímicos demonstram que a 
inoculação do veneno bruto ou de 
algumas frações purificadas ocasiona 
dor local e efeitos complexos nos canais 
de sódio, produzindo despolarização 
das terminações nervosas pós-
ganglionares, com liberação de 
catecolaminas e acetilcolina, Estes 
mediadores determinam o 
aparecimento de manifestações 
orgânicas decorrentes da 
predominância dos efeitos simpáticos 
ou parassimpáticos 
Os acidentes com Tityus serrulatus são 
mais graves que os produzidos por 
outras espécies no Brasil. A dor local, 
uma constante no escorpianismo, pode 
ser acompanhada de parestesias. Nos 
acidentes moderados e graves, 
observados principalmente me crianças, 
após intervalo de minutos até horas 
(duas, três horas), podem surgir 
manifestações sistêmicas. As principais 
são: 
• Gerais: hipo ou hipertermia e 
sudorese profusa 
• Digestivas: náuseas, vômitos, 
sialorreia e, mais raramente, dor 
abdominal e diarreia. 
• Cardiovasculares: arritmias 
cardíacas, hipertensão ou 
hipotensão arterial, insuficiência 
cardíaca congestiva e choque 
• Respiratórias: taquipneia, 
dispneia e edema pulmonar 
agudo. 
• Neurológicas: agitação, 
sonolência, confusão mental, 
hipertonia e tremores 
O encontro desses sinais e sintomas 
mencionados impõe a suspeita 
diagnóstica de escorpianismo, mesmo 
na ausência de história de picada 
independente do encontro do escorpião. 
 
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Giovanna Mendonça Ferreira – UNIT P4 2018.2 
Com base nas manifestações clínicas, 
os acidentes podem ser classificados 
como: 
• Leves: apresentam apenas dor 
no local da picada e, às vezes, 
parestesias 
• Moderados: caracterizam0se 
por dor intensa no local da 
picada e manifestações 
sistêmicas do tipo sudorese 
discreta, náuseas, vômitos 
ocasionais, taquicardia, 
taquipneia e hipertensão leve 
• Grave: além dos já 
mencionados, apresentam uma 
ou mais manifestações como 
sudorese profusa, vômitos 
incoercíveis, salivação 
excessiva, alternância de 
agitação com prostação, 
bradicardia, insuficiência 
cardíaca, edema pulmonar, 
choque, convulsões e coa 
Os óbitos estão ligados a complicações 
como o edema pulmonar agudo e 
choque. 
O ECG é de grande importância para 
acompanhamento dos pacientes. Pode 
mostrar bradicardia sinusal, extra-
sístoles ventriculares, distúrbios da 
repolarização ventricular com inversão 
da onda T em varias derivações... 
O RX pode evidenciar aumento da área 
cardíaca e sinais de edema pulmonar 
agiugo 
A glicemia apresenta-se elevada nas 
formas moderadas e graves após horas 
da picada. Usualmente há 
hipopotassemia e hiponatremia. 
Utiliza-se o método ELISA para 
diagnóstico, principalmente do gênero 
Tityus serralatus. 
O tratamento é sintomático, específico e 
com manutenção das funções vitais. 
Para os sintomas, utiliza-se lidocaína 
(2% sem vasoconstritor) no local da 
picada ou uso de sipirona (10mg/kg a 
cada 6 horas). Disturbios 
hidroeletrolíticos e ácido-básicos devem 
ser tratados de acordo com as medidas 
apropriadas a cada caso. 
Também deve ser administrado soro 
antiescorpiônico (SAEEs) ou 
antiaracnídico (SAAr) aos pacientes 
com formas moderadas e graves de 
escorpionismo, mais frequentes em 
crianças. Preferencialmente deve ser 
utilizado a via IV. O objetivo da 
soroterapia é neutralizar o veneno 
circulante. A dor local e os vômitos 
melhoram rapidamente, contudo a 
sintomatologia cardiovascular não 
regrida prontamente, somente há o 
impedimento de agravo. 
 
ARACNEÍSMO 
No Brasil, existem três tgêneros de 
aranhas com importância médica: 
Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus. 
Os acidentes por Lycosa (aranha-de-
grama) e pelas caranguejeiras são 
destituídos de maior importância. 
São estimados 1,5 casos por 100.000 
habitantes. 
As aranhas apresentam o corpo dividido 
em cefalotórax e abdome. No 
cefalotórax articulam-se os quatro pares 
de pernas, umpar de pedipalpos e um 
par de quelíceras. Nas quelíceras estão 
os ferrões utilizados para inoculação do 
veneno. 
 
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PHONEUTRIA 
São conhecidas popularmente como 
aranhas armadeiras, em razão do fato 
de, ao assumiram comportamento de 
defesa, apoiam-se nas pernas traseiras, 
erguem as dianteiras e os palpos, abrem 
as quelíceras, tornando bem visíveis os 
ferrões. 
Os acidentes ocorrem frequentemente 
dentro de residências e 
proximidades,ao se manusear material 
de contrução, entulhos, lenha ou 
calçando sapatos. 
 
 
São responsáveis por 42,2% dos casos 
notificados. 
O veneno causa ativação e retardo da 
inativação dos canais neuronais de 
sódio. Esse efeito pode provocar a 
despolarização das fibras musculares e 
terminações nervosas sensitivas, 
motoras e do sistema nervoso 
autônomo, favorecendo a liberação de 
neurotransmissores, principalmente a 
acetilcolina e catecolaminas. Também 
podem induzir tanto a contração da 
musculatura lisa vascular, quanto o 
aumento da permeabilidade vascular, 
por ativação do sistema calicreína-
cininas e de óxido nítrico, independente 
dps canais de sódio. 
Predominam as manifestações locais. A 
dor imediata é o sintoma mais frequente, 
sendo sua intensidade variável e 
podendo se irradiar até a raiz do 
membro acometido. Outras 
manifestações são edema, eritema, 
paresteria e sudorese no local da 
picada. 
Os acidentes são classificados em: 
• Leves: os pacientes apresentam 
predominantemente a 
sintomatologia local. A 
taquicardia e agitação podem 
ser secundárias a dor 
• Moderados: manifestações 
locais e sistêmicas, como 
taquicardia, hipertensão arterial, 
sudorese discreta, agitação 
psicomotora, visão “turva”e 
vômitos ocasionais 
• Graves: além dos sintomas já 
citados, há a presença de 
sudorese profusa, sialorreia, 
vômitos frequentes, diarreia, 
priapismo, hipertonia muscular, 
hipotensão arterial, choque e 
edema pulmonar agudo. 
Tratamentp sintomático utiliza-se 
lidocaína e uso cuidadoso de 
meperidina (Dolatina), assim como 
dipirona e imersão do local da picada 
em água mora ou uso de compressas 
quentes 
O tratamento especifico é com a 
soroterapia e o paciente deve ser 
internado para controle dos dados vitais. 
Evitar algumas drogas anti-
histaminicas, principalmente a 
promeazina. 
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LOXOSCELES 
Conhecidas por aranhas-marrons, 
constroem teias irregulares. Não são 
aranhas agressivas, picando apenas 
quando comprimidas contra o corpo. No 
interior de domicílios, ao se refugiar em 
vestimentas acabam provocando 
acidentes 
 
 
É a forma de aracneísmo mais grave no 
Brasil. 
O veneno possui a enzima 
esfigomielinase-D que, por ação direta 
ou indireta, atua sobre os constituintes 
das membranas das células, 
principalmente do endotélio vascular e 
hemácias, Em virtude dessa ação, são 
ativadas as cascatas do sistema 
complemento, da coagulação e das 
plaquetas, desencadeando intenso 
processo inflamatório no local da 
picada, acompanhado de obstrução de 
pequenos vasos, edema, hemorragia e 
necrose focal. Admite-se também que a 
ativação desses sistemas participa da 
patogênses da hemólise intravascular 
observada nas formas mais graves de 
envenenamento. 
A picada geralmente é imperceptível e o 
quadro clíncico se apresenta sob dois 
aspectos fundamentais: 
• Forma cutânea: lenta e 
progressiva, com sintomas 
acentuados nas primeiras 24 a 
72 horas após o acidente, 
podendo variar sua 
apresentação desde lesão 
incaracterística (bolha de 
conteúdo seroso, edema, calor, 
rubor, com ou sem dor e 
queimação), lesão sugestiva 
(enduração, bolha, equimoses e 
dor em queimação) até lesão 
carcterística (dor em queimação, 
lesões hemorrágicas focais 
mescladas comáreas pálidas de 
isquemia e necrose) 
• Forma hemolítica: além do 
comprometimentocutâneo, 
observam-se manifestações 
clínicas em virtude de hemólise 
intravascular, como anemia, 
icterícia e hemoglobinúria que se 
instalam geralmente nas 
primeiras 24horas. Este quadro 
pode ser acompanhado de 
petéquias e equimoses, 
relacionadas à coagulação 
intravascular disseminada 
(CIVD). 
Com base nas alterações clínico-
laboratoriais e identicação do agente 
casual, o acidente loxoscélico pode ser 
classificado em: 
• Leve: sem alterações e com 
aranha identificada. O paciente 
deve ser acompanhado por pelo 
menos 72 horas 
• Moderado: lesão sugestiva, 
mesmo sem agente causal, 
podendo ou não haver 
alterações sistêmicas do tipo 
rash cutâneo, cefaleia e mal-
estar 
 
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Giovanna Mendonça Ferreira – UNIT P4 2018.2 
VIADAS 
• Grave: presença de lesão características e alterações clínico-laboratoriais de 
hemólise 
Complicações variam desde uma infecção secundária, perda tecidual e cicatrizes 
desfigurantes, até uma insuficiência renal aguda. 
O tratamento é controverso e literatura diz que só funciona até as 36 horas da inoculação 
do veneno 
Pode-se utilizar também corticoterapia e dapsone e manejo de suporte com analgésicos, 
compressas, antissépticos, antibióticoa e até transfusão de sangue.
 
LATRODECTUS 
São conhecidas como viúvas-negras. 
Os acidentes ocorrem principalmente 
quando comprimidas com o corpo. As 
fêmeas desse fenótipo são muito 
maiores que os machos, sendo assim os 
machos não causamacidentes. Estão 
principalmente na região Nordeste. 
 
 
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A alfa-latrotoxina é o principal 
componente tóxico, atuando sobre 
terminações nervosas sensitivas 
provocando um quadro doloroso no 
local da picada. Sua ação sobre o 
sistema nervoso autônomo leva a 
liberação de neurotransmissores 
adrenérgicos e colinérgicos e, na junção 
neuromuscular pré-sinaptica, altera a 
permeabilidade aos íons sódio e 
potássio 
Quadro clínico com manifestações 
locais e sistêmicas 
Localmente, inicia com dor de pequena 
intensidade, evoluindo para sensação 
de queimadura. Ocorre uma pápula 
eritematosa e sudolese localizada, além 
de lesões puntiformes, de 1 a 2mm de 
distância entre si. Na área da picada há 
hiperestesia e pode ser observada a 
presença de placa urticariforme 
acompanhada de enfartamento 
ganglionar 
Sistematicamente, as manifestações 
podem ser gerais (tremores, 
ansiedade, excitabilidade, insônia, 
cefaleia, prurido, eritema de face e 
pescoço. Há relatos de distúrbios de 
comportamento e choque), motores 
(contraturas musculares, movimentação 
incessante, atitude de flexão no leito, 
hiperreflexia ósteo-musculo-tendinosa, 
contações espasmódicas dos membros, 
dor abdominal intensa acompanhada de 
rigidez e desapareciemtno do reflexo 
cutâneo-abdominal, contratura facial 
com fascies latrodectísmica), 
cardiovasculares (opressão precordial, 
com sensação de morte iminente, 
taquicardia inicial e hipertensão seguida 
de bradicardia), digestivas (náuseas, 
vômitos, sialorreia, anorexia e 
obstipação), geniturinários (retenção 
urinária, dor testiculat, priapismo e 
ejaculação) além de oculares (ptose e 
edema bipalpebral, hiperemial 
conjuntival e midríase). 
Tratamento com soro antilatrodectus 
(SALatr) é indicado em casos graves, 
com melhora do paciente 30 minutos 
após a soroterapia. Sintomaticamente 
utiliza-se benzodiazepínicos, gluconato 
de cálcio e clorpromazina 
 
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Giovanna Mendonça Ferreira – UNIT P4 2018.2 
LYCOSIDAE 
Conhecidas como aranha-de-grama ou 
aranha-de-jardim. Os acidentes, apesar 
de frewuentes, não constituem 
problema de saúde pública. São 
aranhas errantes, não constroem teias 
e são encontradas em jardins e 
gramados. 
 
 
 
CARANGUEJEIRAS 
Os acidentes são destituídos de 
importância médica, sendo conhecida a 
irritação ocasionada na pele e mucosas 
por causa dos pelos urticantes que 
algumas espécies tem como forma de 
defesa. 
 
 
 
 
 
MINHA CARAQUANDO 
TENHO QUE RESUMIR 57 
PÁGINAS EM 13

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