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Sistema Cardiovascular SEMIO

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Sistema Cardiovascular  
 
Etapas do exame físico: inspeção, palpação, percussão e ausculta. 
Sinais e sintomas importantes colhidos na anamnese: dor torácica (origem CV ou pulmonar), 
palpitação, dispneia (aos grandes → médios → pequenos esforços), ortopneia, dispneia 
paroxística noturna, edema (inicia-se no maléolo e ascende, pela manhã não apresenta mas ao 
decorrer do dia vai aumentando) e síncope. 
Em caso de dor no hemitórax esquerdo deve-se sempre primeiro afastar a chance de ser uma 
dor de origem isquêmica cardíaca. A ansiedade é uma das causas mais frequentes de dor 
torácica tanto ambulatorial quanto na urgência. 
Os sinais clássicos do infarto são dor torácica ou na região epigástrica, náusea, vômito, 
irradiação para o membro superior esquerdo. Mas não é uma regra, ela pode se apresentar de 
várias formas. 
● Exame físico do precórdio 
As condições ideais são: posição do examinado (a princípio deitado a 30º, decúbito dorsal, 
posição anatômica, sem blusa), posição do examinador (a direita do paciente) e condições do 
ambiente. 
As linhas e pontos de referência são: 
1. Linha médio esternal​ - divide o tórax em direito e esquerdo. 
2. Linha paraesternal ​(direita e esquerda) 
3. Linha hemiclavicular/mamilar​ - ponto médio da clavícula 
4. Linha axilar anterior - separa a região anterior da lateral 
5. Linha axilar posterior - separa a região lateral da posterior 
6. Linha axilar média - equidistante da anterior e da posterior 
Ângulo de Louis: junção do manúbrio com o esterno. Abaixo dele está o 
2º EIC. 
No precórdio não é realizada a percussão porque não fornece 
informações significativas. 
 
Ectoscopia 
Atitude do paciente -​ cócoras ​(portadores de cardiopatias congênitas 
cianóticas como tetralogia de Fallot podem permanecer 
preferencialmente em posição de cócoras porque o aumento da volemia 
torácica cursa com alívio da dispneia), ​genopeitoral ​(alívio da dor associada a pericardite, se 
houver derrame pericárdico também melhora a dispneia),​ sinal do travesseiro ​(mesmo princípio 
 
 
da genitopeitoral), ​sinal de levine ​(ato de fechar a mão sobre o tórax enquanto descreve a dor, 
se presente é altamente sugestivo do diagnóstico de isquemia, mas sua ausência não exclui a 
possibilidade), ​ortopneica ​(paciente geralmente apresenta DPN, quando acorda senta-se a 
beira do leito de maneira a diminuir o retorno venoso e auxiliar a musculatura acessória da caixa 
torácica, o que melhora a dispneia, é característico de IC). 
Dermatite ocre​ (região póstero-inferior da perna escurecida), ​unhas com hemorragias 
subungueais ​(sugere endocardite bacteriana - infecção das válvulas cardíacas)​, xantelasma 
(manchas amareladas periorbitárias, característico de dislipidêmicos e indica 
hipercolesterolemia, é um fator de risco para DCV). 
 
Inspeção do precórdio 
A região precordial é a região onde está situada o coração, delimitada pela linha paraesternal 
direita, esquerda, hemiclavicular e a base do apêndice xifóide. 
Procurar por ​abaulamentos​ (por cardiomegalia só é possível ver nas crianças e adolescentes 
porque o gradil costal ainda não está totalmente calcificado, nos adultos é visível por 
deformidades torácicas), ​depressões​, ​pulsações anormais ​(no epigástrico, na linha 
paraesternal direita que se for da metade pra baixo indica hipertrofia do VD), ​levantamento 
sistólico da região paraesternal esquerda (VD)​ e ​inspeção do ictus cordis (visível ou não). 
 
Deformidade 
torácica: 
← tórax de sapateiro 
tórax de pombo → 
 
 
 
 
Ictus cordis ou choque de ponta: é o local onde é possível sentir ou ver a contração do coração 
refletindo no ápice. Se não for possível identificá-lo, não significa necessariamente uma 
patologia. O pulso carotídeo coincide tanto quanto o choque de ponta quanto com B1. 
As características semiológicas do exame do ictus cordis são: 
1. Localização:​ na linha hemiclavicular esquerda, ou medial a ela, no 5​º EIC. 
2. Extensão:​ geralmente tem extensão de 2 polpas digitais e ocupa no máximo 2 EIC. Em 
decúbito lateral esquerdo é mais palpável, ou seja, é mais extenso. Nas patologias que 
levam a dilatação do VE, como miocardiopatias e a cardiopatia chagásica, implicam no 
aumento da extensão do ictus. 
 
 
3. Formas:​ pode ser normal, propulsivo (maior, forte, é o ictus das hipertrofias - sobrecarga 
de pressão) ou globoso (muito grande, batimento normal, desviado para a esquerda e 
para baixo, é o ictus das dilatações - sobrecarga de volume). 
4. Mobilidade:​ significa que o ictus é móvel quando mudamos o paciente de decúbito. 
5. Desvio: ​se tiver para baixo e para a esquerda significa hipertrofia de VE e para cima e à 
esquerda significa hipertrofia de VD. 
6. Ritmo e frequência:​ em especial o ritmo de galope pode ser facilmente identificado pela 
palpação do precórdio. 
 
Palpação 
Frêmito catário: sensação ​tátil​ dos sopros de intensidade média a alta, a partir de ++++/6+ . 
Frêmito pericárdico: é o ruído produzido pelo atrito gerado durante deslizamento entre os 
folhetos inflamados do pericárdio. Para diferenciar do frêmito pleural pede-se ao paciente que 
prenda a respiração, se for de origem cardíaca o ruído persistirá. 
⇒Para diferenciar patologia de VD de aneurisma da aorta o médico vai palpar o epigástrico e se 
a pulsação estiver se encaminhando para a linha paraesternal direita significa patologia do VD e 
se estiver seguindo para região meso e hipogástrica e para as laterais significa aneurisma da 
aorta. 
 
Ausculta 
para realizar a ausculta o paciente deve estar posicionado em decúbito dorsal a 30º. O 
estetoscópio deverá estar sempre em contato com a pele e não com a roupa. 
B3, B4, sopro diastólico da estenose mitral: ausculta com a campânula (som mais graves, de 
amplitude mais baixa). 
B1, B2: ausculta com diafragma (som mais agudos, de amplitude mais alta). 
O pulso carotídeo coincide com B1 (TUM). 
Focos de ausculta: deve ser realizada em X (mitral → aórtico → tricúspide → pulmonar). 
1. Aórtico (FA): 2º EIC na linha paraesternal direita. 
2. Pulmonar (FP): 2º EIC na linha paraesternal esquerda. 
3. Tricúspide (FT): 5ºEIC na linha paraesternal esquerda (base do apêndice xifóide 
levemente desviado para esquerda). 
4. Aórtico acessório (ponto de Erb): entre FP e FT, no 3º EIC na linha paraesternal 
esquerda. 
 
5. Mitral (FM): 5º EIC na linha hemiclavicular esquerda, na sede do ictus cordis. Geralmente 
coincide com o mamilo. Ideal para auscultar B3 e B4, em decúbito lateral esquerdo, 
utilizando a campânula. 
Ritmo: normal (regular em 2T - B1 e B2) → RCR em 2T, ou irregular (3 tempos - B3 ou B4) ​→ 
ritmo de galope ou extrassistolia (ocasional ou frequente). 
Frequência: normal é entre 60 e 100 bpm, taquicardia é acima de 100 e bradicardia abaixo de 
60. Quando a verificação for feita no pulso é bradisfigmia e taquisfigmia. 
Alterações das bulhas: normofonéticas (BNF), hiperfonéticas ou hipofonéticas. 
B3 (TUM TA TA - ritmo de galope): acontece durante a diástole, na final da fase de enchimento 
rápido devido a um defeito na complacência do ventrículo para receber o sangue. É fisiológico 
em crianças. 
B4 (TUM TA TA TA): também na diástole, na fase de contração atrial onde o átrio “termina” de 
jogar o resto do sangue que não passou diretamente para o ventrículo na fase de enchimento 
rápido. O movimento de uma grande quantidade de sangue que o ventrículo não está 
suportando é o que produz o som da 4ª bulha. 
Características semiológicas dos sopros: 
1. Localização no ciclo cardíaco: sistólico ou diastólico? 
2. Foco de melhor ausculta (epicentro): exemplo - sopro audível no foco mitral. 
3. Intensidade: 1+ a 6++++++ 
4. Tipos: de ejeção (como estenose aórtica) ou regurgitação (como insuficiência aórtica) 
5. Irradiação do sopro 
6. Duração do sopro 
7. Frêmito catário 
 
Manobras 
● Valsalva: expiração forçada com nariz e boca fechados por aproximadamente 10 
segundos. Isso faz com que haja um aumentoda pressão intratorácica levando a um 
esvaziamento sanguíneo pulmonar que vai para o VE e é ejetado. Também reduz o 
retorno venoso. Essa manobra vai causar um aumento dos sopros sistólicos no lado 
esquerdo do coração em caso de prolapso mitral ou hipertrofia, mas outros sopros 
tendem a diminuir. 
● Hand grip: elevação indireta da pressão aórtica, aumentando o fluxo do VE mesmo com a 
resistência aumentada. 
● Rivero carvallo: aumenta o retorno venoso, intensificando os sopros e as bulhas extras do 
lado ​direito​ do coração (indicando um sopro tricúspide). O paciente deve estar com o 
 
tórax em ortostase. Não é indicado fazer essa manobra em pacientes com IC severa ou 
hipertensão pulmonar avançada.

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