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1 Roteiro de Exame Físico LACS 2017.2 1ª Edição 2 Introdução: Essa apostila foi desenvolvida por acadêmicos de medicina da Liga Acadêmica de Clínica e Semiologia Médica da Universidade do Grande Rio (Unigranrio) do campus Duque de Caxias. Créditos: Semiologia da cabeça e pescoço: Pedro André Nogueira Junior e Mariana Pio Machado Semiologia do aparelho respiratório: Boabedil Junior Xavier Alves e Larissa Pessanha Vieira Semiologia do aparelho cardiovascular: Pedro Henrique Ribeiro Coqueiro e Ana Julia Nicoliello Dias Semiologia do abdome: João Marcos Prates Lima e Paula Carolina Mayrink Rodrigues Semiologia neurológica e locomotora: Matheus Mattos Madruga Silva e Tamyres Rodrigues 3 Índice: Capitulo 1- Semiologia da Cabeça e Pescoço ............................................................................. 0 4 Capitulo 2- Semiologia do Aparelho Respiratório ...................................................................... 07 Capitulo 3- Semiologia do Aparelho Cardiovascular ................................................................. .13 Capitulo 4- Semiologia do Abdome ............................................................................................23 Capitulo 5- Semiologia Neurológica e Locomotora ................................................................... 27 Bibliografia .................................................................................................................................41 4 CAPITULO 1 – SEMIOLOGIA DA CABEÇA E PESCOÇO Inicialmente devemos começar pela inspeção da cabeça e pescoço. Na inspeção geral da cabeça e pescoço observaremos o estado geral do paciente. Devemos avaliar: Cabeça 1) Fácies – expressa o aspecto geral do rosto do paciente, demonstrando sinais sugestivos de doenças ou situações clínicas. (traços fisionômicos + expressão fisionômicas). Necessário atenção para fácies não atípicas. a) Fácies de dor b) Fácies leonina (hanseníase) : pele espessa, ausência de pelos, nariz espesso e largo, supercílios caem, bochechas e mento se deformam pelo aparecimento de nódulos, lábios grossos. c) Fácies Renal: edema periorbitario , rosto pálido e edemaciado (síndrome nefrótica) d) Fácies Cushingóide ( aumento do cortisol): rosto em formato de lua cheia, arredondamento do rosto e) Fácies mixedematosa ( hipotireoidismo): rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca e espessada, supercílio escassos, cabelos secos e sem brilho, expressão de desanimo e apatia f) Fácies Basedowiana (hipertireoidismo): exolftalmia, olhos brilhantes, rosto magro, aparenta espanto e ansiedade, presença de bócio. 2) Crânio: tamanho e formato do crânio (macrocefalia, microcefalia), avaliar abaulamentos, retrações, deformidades, traumatismos. 3) Couro cabeludo/ cabelo: quantidade, distribuição, textura, calvície, descamações e outras lesões 4) Boca: orofaringe e língua: coloração, nodulações e ulcerações da mucosa oral, palato mole, úvula, tonsilas e faringe posterior .Avaliar também gengivas (coloração, lesões) e dentes (estado de conservação). Obs: observar coloração: Lábios levemente azulados indicativos de cianose. 5) Olhos: Avaliação ocular externa : posição e alinhamento dos olhos, conjuntiva e esclerótica, córnea, cristalino, íris, pupila, pálpebras ( largura, posição, fechamento adequado, condição e direção dos cílios, lesões) 5 Observar coloração: rósea (atípico), hipocorada (esbranquiçada) indicativo de anemia, amarelada indicativo de icterícia. Pescoço Avaliar: -Pele -Forma e volume -Posição -Turgência de jugular 1) Tireoide: -Inspeção: presença de bócio -Palpação avaliar o istmo, lobos direito e esquerdo. Registrar : tamanho, formato, consistência da glândula, mobilidade, identificando a presença de nódulos, sensibilidade, frêmito ou sopro –Ausculta: presença de sopro 2) Linfonodos Características: Localização, tamanho, consistência, mobilidade (móvel ou aderência a planos profundos), sinais flogísticos locais, coalescência, sensibilidade - Linfonodos: Região de drenagem e Doença de base Linfonodos Região de drenagem Doença de base Occipitais Posterior da cabeça (couro cabeludo) Infecção do couro cabeludo, picada de inseto, pediculose Auriculares Posteriores Região posterior temporoparietal, pavilhão auricular e meato acústico Rubéola, mastoidite, otite Auriculares Anteriores Face lateral da orelha e pele, nariz, pálpebras, meato acústico externo Infecções de pálpebras, conjuntivas e regiões próximas 6 Submandibulares Submentonianos, bochecha e gengiva, lábio superior,gengivas Infecções dentárias e doenças metastáticas (cavidade oral) Submentonianos Lábio inferior, assoalho da boca, ápice da língua Infecções dentárias, doença metastática (cavidade oral) Amigdalianos Amigdalas Amigdalite Cervicais anteriores Lóbulo da orelha, laringe inferior, traqueia Infecções da faringe, cavidade oral Cervicais posteriores Cervicais anteriores, couro cabeludo, orelha, nuca, laringe, faringe, língua, tireoide, traqueia, lateral do pescoço, ombros, braços. Toxoplasmose, tumores primários da boca Supraclaviculares Drenam todos os linfonodos Esquerdo aumentado: sinal de Trosier (aumentado e endurecido) ou nódulo de Virchow – indicativo de neoplasia gástrica Direito aumentado: sinal de Pancoast – tumor pulmonar 7 CAPITULO 2 – SEMIOLOGIA DO APARELHO RESPIRATÓRIO 1) Inspeção a) Inspeção estática Na inspeção estática, deve se analisar os tipos de tórax, presença de abaulamentos ou retrações, cicatrizes, cianose, palidez cutânea, circulação colateral, lesões de pele, alterações da coluna vertebral. Tipos de tórax Tórax em tonel: aumento antero-posterior, característico de DPOC Tórax infundibuliforme ou pectus escavado: depressão mais ou menos acentuada a nível de terço inferior do esterno Tórax em ´´peito de pombo´´: protusão do esterno Tórax cifoescoliótico: É decorrente de anormalidade das curvaturas da coluna torácica que podem ser predominantemente laterais (escoliose) posteriores (cifose) ou combinadas (cifoescoliose). b) Inspeção dinâmica Na inspeção dinâmica, deve se analisar a expansibilidade torácica, frequência respiratória, ritmo respiratório, tiragem, uso de musculatura acessória. 8 Ritmos respiratórios anormais Ritmo de Cheynes- Stockes: consiste na alternância de períodos em que ocorrem movimentos respiratórios e período de apnéia. A amplitude dos movimentos respiratórios aumenta e diminui gradualmente (hiperpnéia , bradipnéia e apnéia). O ritmo de Cheyne–Stockes é observado na presença de insuficiência cardíaca, intoxicação por morfina e barbitúricos, AVE. Ritmo de Kussmaul- É o ritmo em que os movimentos respiratórios são rápidos, profundos e regulares; ocorre na acidose metabólica. Ritmo de Biot: os movimentos respiratórios são irregulares em frequência e amplitude, podendo haver períodos de apnéia. Ocorre em casos de meningite e tumor cerebral. 2) Palpação a) Expansibilidade pulmonar Examinador por trás coloca as mãos nas bases pulmonares realizando uma prega cutânea de cada lado e pedindo para o paciente inspirar fundo, devendo avaliar a expansibilidade através do quanto as pregas se desfazem. No ápice pulmonar, deve colocar as mãos espalmadas de modo que os polegares se encontrem na coluna vertebral, sendo a expansibilidade avaliada através do afastamento dos polegares na inspiração profunda. b) Frêmito Toraco-vocal 9 Transmissão de vibrações provocadas pelas cordas vocais. Pede se ao paciente para falar 33 e coloca se a lateral das mãosnas 4 regiões(FOTO), comparando simetricamente o frêmito nessas regiões. O frêmito estará aumentando em casos de consolidação(pneumonia) onde ocorre substituição de ar por líquido e/ou células nos espaços alveolares, e diminuído no pneumotórax e derrame pleural por exemplo. 3) Percussão Produção de vibrações na parede torácica que transmitem aos órgãos e tecidos subjacentes, produzindo som. Deve se comparar as regiões de forma simétrica. Tipos de sons Som claro atimpânico: Pulmões íntegros, preenchidos de ar nos parênquimas. Som hiper-resonante: Excesso de ar nos parênquimas. Pode ser observado no enfisema Som timpânico: Provocado pelo aprisionamento de ar em uma grande cavidade intrapulmonar ou no espaço pleural. Pode ser causado por pneumotórax. Som maciço: Diminuição ou abolição do som, é causado por pneumonia e derrame pleural Som submaciço: Exemplificado pela interposição do fígado ao pulmão, sendo a transição do som atimpânico para o som maciço. 10 3) Ausculta Murmúrio Vesicular: produzido pela turbulência do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, tais como dos bronquíolos para os alvéolos, e vice-versa. Murmúrio vesicular aumentado difusamente: hiperventilação. Murmúrio vesicular diminuído localmente: atelectasia, pneumonia, derrame pleural, pneumotórax. Murmúrio vesicular diminuído difusamente: enfisema, obesidade, asma grave Alterações na ausculta pulmonar: Ruídos adventícios a)Contínuos: Sibilos: formado por sons agudos, de alta frequência semelhantes a um assobio ou chiado. Quando os sibilos são localizados em determinada região, indicam semiobstrução por neoplasia ou corpo estranho. Podem ser causados pela asma (bronconstrição). Roncos: são constituídos por sons graves, portanto, de baixa frequência, lembram o roncar ou ressonar de passos. Originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há estreitamento destes duetos, seja por espasmo, edema da parede ou achado de secreção aderida a ela. Aparecem na inspiração e na expiração, mas predominam nesta última surgindo e desaparecendo em curto período de tempo. b) Descontínuos: Estertores finos (Crepitantes): Ocorrem no final da inspiração, agudos e de curta duração. Mais comuns nas bases pulmonares e não se modificam com a tosse. São comparados ao atrito de fios de cabelos. São causados por pneumonia, fibrose intersticial difusa. Estertores grossos (Subcrepitantes ou bolhosos): Ocorrem no início da inspiração e durante toda expiração, são mais graves e de maior duração do que os finos. Auscultados em todas áreas do tórax e se modificam com a tosse. São causas: edema agudo de pulmão, bronquiectasia. 11 c) Sons anormais Estridor (Cornagem): Basicamente inspiratório, produzido por obstrução da laringe ou traquéia. São causas: edema de glote, laringite aguda, estenose da traquéia. Atrito pleural – Som grave, descontínuo e mais intenso no final da inspiração com duração maior que os estertores. Mais comumente auscultado nas regiões infra-axilares e causado por pleurite seca. Alterações do exame físico nas patologias pulmonares a)Edema agudo de pulmão Inspeção - dispnéia, tiragem intercostal e supraclavicular, expectoração rósea. Palpação - sem anormalidades Percussão - som claro atimpânico Ausculta - estertores crepitantes ao final da inspiração b) Derrame pleural Inspeção - a traquéia pode estar desviada para o lado oposto nos grandes derrames. Palpação - expansibilidade diminuída; FTV diminuído ou ausente. Percussão - maciço a submaciço. Ausculta - MV diminuído ou ausente; por vezes atrito pleural. c)Pneumotórax Inspeção - dispnéia, cianose, tiragem intercostal, desvio da traquéia para o lado contrário da lesão. Palpação - diminuição ou ausência da expansibilidade, FTV diminuído ou ausente. Percussão - timpanismo, hiperressonância. Ausculta - MV diminuído ou ausente. d) Condensação pulmonar Inspeção - sem anormalidades Palpação - expansibilidade sem alterações; FTV aumentado Percussão – macicez na região isenta de ar Ausculta – estertores finos na região envolvida, broncofonias. e) Atelectasia Inspeção - a traquéia pode estar desviada para o lado comprometido. Palpação - expansibilidade diminuída; FTV geralmente ausente quando persiste o tampão brônquico. 12 Percussão - macicez na região sem ar. Ausculta - MV ausente enquanto persiste o tampão brônquico f) Enfisema pulmonar Inspeção - taquipnéia, expiração prolongada, tórax em tonel, dedos em baqueta de tambor. Palpação - diminuição da expansibilidade; FTV diminuído. Percussão - hiperressonância, limite inferior de ambos pulmões rebaixados. Ausculta - MV diminuído, prolongamento da expiração, ocasionalmente roncos, sibilos e estertores. g) Asma brônquica Inspeção - taquipnéia, expiração prolongada, por vezes com tiragem intercostal. Palpação - diminuição da expansibilidade; FTV diminuído. Percussão - hiperressonância ocasional. Ausculta - MV diminuído, prolongamento da expiração, roncos e sibilos 13 CAPITULO 3 – SEMIOLOGIA DO APARELHO CARDIOVASCULAR Exame físico do coração: Inspeção – palpação – ausculta 1- Inspeção e palpação: - Realizados simultaneamente. - Parâmetros investigados: abaulamento, análise do ictus cordis ou choque da ponta, análise de batimentos ou movimentos visíveis e/ou palpáveis de bulhas e pesquisa de frêmitos cardiovasculares. Abaulamento da região precordial: A observação da região precordial deve ser feita em 2 incidências: tangencial - em pé ao lado direito do paciente deitado; frontal – junto aos pés do paciente que permanece deitado. O abaulamento da região precordial pode indicar a presença de aneurisma da aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico e alterações da própria caixa torácica. Nas crianças, cuja parede é mais flexível, a dilatação cardíaca, principalmente do VD (que constitui a maior parte da face anterior do coração e está em relação direta com a parede do tórax), deforma com facilidade o precórdio. Causas mais frequentes: cardiopatias congênitas e lesões valvares reumáticas. Ictus cordis: A posição que facilita a avaliação do ictus é a de decúbito lateral esquerdo, pois desloca para fora a ponta do coração. Analisar: localização, extensão, intensidade, mobilidade, ritmo e frequência. • Localização: depende do biótipo do paciente. Medialíneo: linha hemiclavicular esquerda no 4º ou 5º EIE; Breviléneo: descola-se 2cm para fora e para cima (4º EIE); Longilíneo: no 5º EIE, 1 a 2 cm para dentro da linha hemiclavicular; Obs.: Portadores de enfisema pulmonar, obesos e idosos podem ser invisíveis e impalpáveis. Pacientes com escoliose, depressão do esterno (tórax infundibuliforme), derrame pleural ou elevação do diafragma (ascite, obesidade), o deslocamento não indica hipertrofia e/ou dilatação do VE. • Extensão: em condições normais 1 ou 2 polpas que corresponde 2 a 3cm de diâmetro. Na hipertrofia ventricular, 3 ou mais polpas. Quando há grande dilatação e/ou hipertrofia, o ictus cordis chega a abarcar toda a palma da mão. Indica dilatação e/ou hipertrofia do VE que pode ocorrer na estenose aórtica, insuficiência aórtica, insuficiência mitral, hipertensão arterial, miocardiopatias e cardiopatias congênitas. Obs.: A hipertrofia do VD pouco ou nada representa sobre o ictus cordis, pois ele não participa da ponta do coração. 14 • Intensidade: avaliada mais pela palpação. Repousa-se a palma da mão sobre a região dos batimentos. A intensidade varia normalmente de acordo com situações que levam ao aumento da intensidade cardíaca. Obs.: Hipertrofia de VE → ictus cordis de grande intensidade → ictus cordispropulsivo. • Mobilidade: tem pouca importância prática. Marca-se o local do choque com o paciente em decúbito dorsal, a seguir, o paciente adota decúbito lateral direito e esquerdo e é marcado o local do ictus nessas posições. Em condições normais, ocorre deslocamento de 1 a 2 cm. • Ritmo e frequência: são mais bem avaliados na ausculta. Obs.: o ritmo de galope é facilmente percebido na palpação → ritmo tríplice por 3 bulha patológica → expressão clínica de uma disfunção miocárdica, sendo provocada pela súbita desaceleração do fluxo sanguíneo que ao penetrar nos ventrículos, imediatamente após a fase de enchimento rápido, encontra uma parede ventricular com distensibilidade reduzida → indica sofrimento miocárdico ou insuficiência cardíaca . Batimentos e/ou movimentos: Podem ser encontrados no precórdio e em outras áreas vizinhas outro batimentos visíveis e/ou palpáveis. Pulsação supraesternal ou na fúrcula esternal pode ser observada em pessoas saudáveis e depende das pulsações da aorta. Quando muito intensas, levantam a suspeita de hipertensão arterial, aneurisma da aorta ou síndrome hipercinética (insuficiência aórtica e hipertireoidismo). Frêmito cardiovascular: É a sensação tátil determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos. Quando encontrado, analisar: - Localização: usando como referência as áreas de ausculta. - Situação do ciclo cardíaco: diferenciar pelo ictus cordis ou pulso carotídeo os frêmitos sistólicos, diastólicos e sistodiastólicos. - Intensidade: em cruzes (+ a ++++) 2- Ausculta: Posição do paciente: - Deitado (Decúbito Dorsal): habitual - Sentado com o tórax ligeiramente inclinado - Decúbito lateral esquerdo com a mão esquerda sob a cabeça ** Algumas vezes, a 3º bulha é mais audível em decúbito lateral esquerdo. ** Na hipofonese das bulhas, a posição ideal é o paciente em pé, debruçando-se sobre a mesa do exame. Focos ou áreas de ausculta: • Foco Aórtico 2º EID junto ao esterno; • Foco Pulmonar 2º EIE junto ao esterno; • Foco Aórtico Acessório 3º EIE junto ao esterno; • Foco Tricúspide base do apêndice xifoide, ligeiramente para a esquerda; • Foco Mitral 4º ou 5º EIE da linha hemiclavicular e corresponde ao ictus cordis ou ponta do coração. 15 Bulhas cardíacas: Primeira bulha (B1): Fechamento das valvas mitral e tricúspide. O componente mitral antecede o tricúspide; Coincide com o ictus cordis e com o pulso carotídeo; É de timbre mais grave e seu tempo de duração é um pouco maior que o da 2º bulha (TUM). Desdobramento de B1: em cerca de 50% dos indivíduos saudáveis especialmente em crianças e jovens. Isso se deve a um discreto assincronismo na contração dos ventrículos. Se o desdobramento for muito amplo, é justo levantar-se a suspeita de bloqueio de ramo D, o qual, ao retardar a contração ventricular direita, atrase o fechamento da tricúspide. Em vez do TUM-TÁ – TUM –TÁ – TUM-TÁ, ouve-se uma sequência de ruídos que pode ser representado por TLUM – TÁ – TLUM – TÁ – TLUM – TÁ. Segunda bulha (B2): Fechamento das valvas aórtica e pulmonar. Normalmente, o componente aórtico precede o pulmonar; Ouve-se o componente aórtico em toda a região precordial, enquanto o ruído originado na pulmonar é auscultado em uma área limitada que corresponde ao foco pulmonar e à borda esternal esquerda; É ouvido depois do pequeno silêncio; Seu timbre é mais agudo, soa de maneira mais seca, de tal modo que a designamos pela expressão (TÁ); Em condições normais, a 2º bulha tem maior intensidade no foco pulmonar. Em adultos e pessoas idosas, observa-se o contrário. Desdobramento de B2: estuda-se esse desdobramento na área pulmonar já que é onde se ouve os componentes aórtico e pulmonar. Pode ser de origem mecânica ou elétrica. Em vez do TUM – TÁ – TUM – TÁ – TUM – TÁ, ouve-se TUM – TLÁ – TUM – TLÁ – TUM – TLÁ. Como causas temos: bloqueio do ramo direito do feixe de His, comunicação interatrial (pelo aumento do fluxo de 16 sangue para o VD), estenose pulmonar, bloqueio do ramo esquerdo do feixe de His (aparece durante a expiração e se acentua na apneia expiratória). Terceira bulha (B3): Ruído protodiastólico de baixa frequência que se origina das vibrações da parede ventricular subitamente distendido pela corrente sanguínea que penetra na cavidade durante o enchimento ventricular rápido; Normalmente observado em crianças e adolescentes, raramente em adultos. É audível mais na área mitral, em decúbito lateral esquerdo; Quarta bulha (B4): Ruído débil que ocorre no final da diástole ou pré sístole e por isso é mais difícil de ser percebida; Em condições normais, pode ser ouvida em crianças e adultos jovens; Origina-se pela brusca desaceleração do fluxo sanguíneo, mobilizado pela contração atrial, ao encontrar a massa sanguínea no interior dos ventrículos, no final da diástole. Alterações da B1 o Desdobramento de B1 Em cerca de 50% dos indivíduos sadios, especialmente crianças e jovens, pode-se perceber o desdobramento de B1. Porém se o desdobramento dor muito amplo pode-se suspeitar de bloqueio de ramo direito. Alterações de B2 o Intensidade deve ser avaliada em FA e FP; o Desdobramento de B2: Durante a inspiração – desdobramento fisiológico; Desdobramentos patológicos: Desdobramento constante e variável = bloqueio de ramo direito BRD é um achado comum na população geral; sua prevalência aumenta com a idade (0,8% aos 50 anos; 11,3% aos 80 anos); BRD ocorre em muitas pessoas sem evidência de doença cardíaca estrutural. Algumas doenças podem causar BRD como cor pulmonare, embolia pulmonar, isquemia e infarto cardíaco, miocardite e, menos comum, hipertensão, cardiomiopatias e doença cardíaca congênita. BRD de início recente pode predizer taxa maior de doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca congestiva e mortalidade cardiovascular. Desdobramento constante e fixo = aumento do fluxo de sangue para o VD – comunicação interatrial (CIA). Outra causa é a estenose pulmonar. Desdobramento invertido ou paradoxal = pode ocorrer no bloqueio de ramo esquerdo. BRE ocorre em pacientes com doença cardíaca prévia e pode estar associado com doença progressiva do sistema de condução; Chegam a 12% os pacientes com BRE que não têm doença cardíaca de base. Além disso, a incidência de doença cardiovascular de base é menor em jovens com BRE. 17 Alterações da B3 e B4 o Em crianças e adultos até 40 anos a B3 aparece com frequência sem que sua presença indique anormalidade. B4 também pode ser encontrada em crianças normais e adultos, principalmente após atividade física; o A B3 patológica surge em corações dilatados e/ou com maior complacência; o A B4 patológica surge nos corações hipertrofiados ou com irrigação deficiente (HAS, DC, miocardiopatia hipertrófica), condições em que há diminuição da complacência ventricular; o Não há diferença estetoacústicas entre B3 e a B4, fisiológica ou patológica. O reconhecimento da condição como patológica depende da presença de outras alterações indicativas de lesão cardíaca, tais como sopros, cardiomegalia e sinais de Insuficiência cardíaca. Manobras auxiliares do exame de coração: Inspiração profunda: quando o paciente inspira, a pressão intratorácica diminui, o que aumenta o retorno venoso e consequentemente aumenta o volume no lado direito do coração, por isso, essa manobra amplifica os fenômenos oriundos destas câmaras cardíacas, por exemplo na insuficiência tricúspide. Manobra de Rivero-Carvalho: apnéia inspiratória, que provoca aumento da pressão negativa intratorácica resultando no aumento do retorno venoso e dos ruídos das câmaras direitas. Valsalva: é o contrário da inspiração profunda, onde o paciente fará uma expiração com a glote fechada ou contra algum obstáculo que impeça a saída de ar dos pulmões, como a mão do próprio paciente.Nesse caso, a pressão intratorácica aumenta e diminui o retorno venoso, o que diminui o volume em todas as cavidades do coração. Essa manobra diminui a intensidade de todos os sopros do coração, mas aumenta o sopro da cardiomiopatia hipertrófica e antecipa o click bem como prolonga o sopro do prolapso mitral. Mudança de posição do paciente de deitado para ortostático ou de cócoras para em pé: ambas as manobras reduzem o retorno venoso e portanto diminui todos os sopros cardíacos, com exceção do sopro do sopro da cardiomiopatia hipertrófica e do prolapso mitral, que irão sofrer a mesma influência da manobra de Valsalva. Mudança de posição do paciente de pé para cócoras: causa aumento do retorno venoso, aumentando o volume em todas as cavidades cardíacas, o que acentua ou não altera todos os sopros do coração, mas diminui o sopro da cardiomiopatia hipertrófica e atrasa o click e o sopro do prolapso mitral. Elevação passiva dos membros inferiores do paciente: aumenta o retorno venoso para o lado direito do coração, de modo que amplifica os fenômenos oriundos dessas câmaras. Exercício isométrico (handgrip): pede-se para o paciente cerrar os punhos fortemente, isso aumenta a resistência vascular periférica, o que aumenta os sopros gerados do lado esquerdo do coração, com exceção do sopro da estenose aórtica. Isso se explica pelo fato do aumento da pré-carga, diminuir a saída de sangue do ventrículo esquerdo, de modo que diminui a intensidade do sopro da estenose aórtica. Essa manobra é contra indicada na doença coronariana. 18 Exame de pulsos Arteriais: Analisar: ritmo, frequência, amplitude, simetria, consistência da parede, tipo de onda, pesquisa de sopros e frêmitos. Ritmo: Repetição cíclica da onda de pulso. Pode ser regular, quando as pulsações ocorrem em intervalos iguais ou irregular, quando os intervalos entre as pulsações ora são mais longos, ora são mais curtos. Frequência: Deve-se contar a pulsação durante um minuto. Medida em número de batimentos por minuto (BPM), após repouso. Normalmente, coincide com a FC. Quando o número da frenquencia de pulso é menor que a cardíaca, denomina-se déficit de pulso. Valores normais entre 60 e 100 BPM. Bradisfigmia → frequência de pulso < 60 batimentos por minuto. Causas: exercício físico, emoções, gravidez, estados febris, hipertireoidismo, fibrilação arterial, hipovolemia, miocardites, colapso periférico, taquicardia paroxística. Taquisfigmia → frequência de pulso > 100 batimentos por minutos. Causas: bradicardia sinusal, bloqueio atrioventricular, hipertensão intracraniana, icterícia, infecções virais, treinamento físico intenso. Amplitude: Esta característica é avaliada pela sensação captada em cada pulsação e está diretamente relacionada com o grau de enchimento da artéria durante a sístole e seu esvaziamento durante a diástole. Classifica-se o pulso em amplo ou ,maggnus, mediano e pequeno ou parvus. Simetria: Comparação com a Artéria Homóloga. Averigua-se a igualdade ou desigualdade dos pulsos radiais palpando simultaneamente as duas artérias radiais. A desigualdade dos pulsos aparece nas afecções da crossa aórtica ou dos vasos que dela emergem quando são sede de constrições ou oclusões. Pulsos periféricos Temporal Braquial Poplíteo Radial Tibial posterior Axilar Ulnar Pedioso Pulsos centrais Carotídeo Femoral 19 Consistência da parede: Avalia-se a tensão ou dureza do pulso pela compressão progressiva da artéria. Se for pequena a pressão necessária para interromper as pulsações. Caracteriza-se pulso mole. Ao contrário, se a interrupção da onda sanguínea exigir forte pressão, trata-se de pulso duro. Denomina-se a situação intermediária de tensão mediana. A dureza do pulso depende da pressão diastólica e não deve ser confundida com eventual endurecimento da parede arterial. Pulso duro indica hipertensão arterial. Tipos de onda: Pulso célere ou em martelo d'água → a característica fundamental é a de aparecer e sumir com rapidez, lembrando a sensação tátil provocada pelo martelo d'água. Este puso decorre do aumento da pressão diferencial e, por isso, é observado na insuficiência aórtica, nas fístulas arteriovenosas, nas anemias graves e no hipertiroidismo. Pulso anacrótico → constituído de uma pequena onda inscrita no ramo ascendente da onda pulsátil, aparece na estenose aórtica. Pulso dicrótico → se percebe uma dupla onda em cada pulsação; a primeira, mais intensa e mais nítida é seguida de outra de menor intensidade e que ocorre imediatamente depois. Pode ser encontrado em doenças que se acompanham de febre. Pulso bisferiens → se percebe também uma dupla sensação, mas neste caso as duas ondulações aparecem no ápice da onda do pulso. Para diferenciar o pulso dicrótico do pulso bisferiens, basta aumentar a compressão da artéria: o pulso bisferiens torna-se mais nítido enquanto o dicrótico perde sua característica de pulsação dupla. Este tipo de pulso aparece quando há estenose e insuficiência aórtica associada. Pulso alternante → se percebe de modo sucessivo uma onda ampla seguida de uma outra mais fraca. O pulso alternante constitui sinal de insuficiência ventricular esquerda. Pulso filiforme → tipo de pulso ao mesmo tempo de pequena amplitude e mole. Indica quase sempre colapso circulatório periférico. Pulso paradoxal → caracterizado pela diminuição da amplitude das pulsações durante a inspiração forçada. Aparece na pericardite constritiva, no derrame pericárdico volumoso e no enfisema pulmonar. Pesquisa de sopros e frêmitos: A palpação e a ausculta devem ser feitas ao longo das duas artérias carótidas, desde a fossa supraclavicular até o ângulo da mandíbula, em busca de sopros e frêmitos. A presença de frêmito pode ter origem na própria carótida (estenose ou oclusão) ou ser irradiado de uma lesão estenótica da valva aórtica. Os sopros podem ser originados na própria artéria ou irradiados a partir da valva aórtica. Aliás, a irradiação para o pescoço é uma das principais características do sopro da estenose aórtica. 20 Semiologia do Sopros Cardíacos: O sangue apresenta uma velocidade dentro dos vasos e esta velocidade não é igual em todos eles. Quando há uma mudança de um fluxo laminar para um fluxo turbilhonar ocorre um sopro. A velocidade que determina essa mudança é chamada número de Reynolds. Frêmito é a expressão palpável de um sopro. O sopro que tem frêmito indica organicidade, que quer dizer dano estrutural, exceto em duas situações: na anemia e na tireotoxicose. O sopro sem frêmito é o que geralmente não tem dano estrutural. O sopro pode ser cardiopáticos, gerado por um problema do coração, tipo IAo e EM; e não cardiopático, quando é gerado por um problema fora do coração, mas o coração sofre, como na anemia. Pode ser classificado como sistólico ou diastólico. O sistólico coincide com o pulso carotídeo. E o diastólico não coincide com o pulso carotídeo. Pode ser chamado de contínuo, quando faz um pico que engloba a segunda bulha, apagando-a. Um exemplo é o sopro do paciente que tem fístula arteriovenosa. O sopro contínuo tem semelhança com uma locomotiva, por isso também pode ser chamado de sopro em maquinaria. Sopros sistólicos São classificados em sopros de ejeção, de regurgitação e ejetivo. Sopros de ejeção Tem como protótipo a EA ou a EP. É um sopro em que é possível delimitar perfeitamente tanto a B1 como a B2, porque só pode começar quando a valva aórtica ou a valva pulmonar se abrem após a contração isovolumétrica, começando sempre depois da B1 e devido ao gradiente de pressão que cresce e depois decresce; esse sopro tem característica em diamante. Na EA o sopro irradia para a carótida ou para a fúrcula esternal. Fenômeno de Gallavardin: é a irradiação do sopro da EA do idoso para o foco mitral,com aspecto piante, musical, fazendo parecer com um sopro de insuficiência mitral. O importante é que nesse caso não há insuficiência mitral. Faz-se a diferenciação através da manobra do handgrip. O handgrip aumenta o sopro da IM mas não altera o sopro da EA. O handgrip é uma manobra isométrica que faz aumentar a pressão e a FC. O sopro da EA se deve a uma diferença de pressão entre o VE a aorta e neste caso o handgrip leverá a um aumento também de pressão na aorta, não alterando o gradiente de pressão. Já na IM o handgrip leverá ao aumento de pressão na aorta e o sangue sairá em direção ao átrio esquerdo, favorecido pela IM, aumentando o sopro. Sopro de regurgitação O protótipo é o sopro da IM crônica ou IT. Vai desde B1 até B2, apagando a B1, pois a mitral não fecha. Já no momento de contração isovolumétrica o VE está jogando sangue no AE, soprando então desde a B1. São causas de IM crônica: a doença reumática, a degeneração mixomatosa e a dilatação do VE por cardiomiopatias e a cardiopatia hipertensiva Sopro sistólico ejetivo É um subtipo de sopro de regurgitação, que tem uma característica especial. Ele começa com a primeira bulha e, em vez de ser em faixa, ele é em crescendo e decrescendo. Desse modo, ele já sopra desde a contração isovolumétrica. O protótipo desse sopro é a CIV e IM aguda. Na CIV a pressão do VE é 5 vezes maior do que o VD e há um orifício no SIV. Vai de B1 a B2, mas não é em barra por causa do gradiente, da diferença de pressão. Na IM aguda, o ventrículo não teve tempo de crescer, então a pressão do VE quando ele se contrai ele joga sangue na aurícula que não teve tempo de crescer então o desenvolvimento pressórico, muito grande com o mesmo aspecto do 21 ciclo cardíaco na sístole, uma pressão que sobe e desce. Causas de IM aguda são a endocardite infecciosa e infarto de parede diafragmática por oclusão da CD que irriga o musculo papilar posterior, que se torna incompetente em sustentar o aparelho valvar mitral. Sopros diastólicos Sopro protodiastólico Sopro decrescendo, que começa com a segunda bulha e pode ocupar só a protodiástole. Exemplo é a IAo ou IP. Na IAo a valva aórtica não fecha e o sangue desce para o ventrículo. Ele começa no momento que a válvula deveria estar fechada. É um sopro aspirativo e de frequência muito alta. O estetoscópio ausculta bem sopros de alta frequência porém, nos casos de frequência muito alta o ouvido humano escuta melhor, devendo-se então fazer a ausculta monoaural, colocando-se o ouvido do examinador sobre o tórax do paciente. Sopro mesodiastólico É um sopro que acontece no meio da diástole. Geralmente é um sopro de hiperfluxo que acontece na IM, na CIV e na PCA. No hiperfluxo, vai muito sangue para o pulmão, chegando muito sangue no átrio esquerdo na sequência. Quando que a válvula se abre vai passar muito sangue do AE para o VE, havendo turbulência na passagem do sangue, pois a quantidade de sangue é maior do que o normal. Na IM quando o ventrículo contrai ele joga sangue no AE. No batimento seguinte, o ventrículo recebe o sangue das veias pulmonares e o fluxo que subiu retrogradamente para o AE, aumenta o fluxo de sangue na válvula levando a turbulência e então o sopro, que é em ruflar. Nessas situações de hiperfluxo pulmonar crônico (CIA, CIV e PCA) haverá o desenvolvimento de hipertensão pulmonar; o sangue passa a ir do lado direito para o lado esquerdo, levando à cianose central. Este tipo de síndrome em que o paciente era acianótico e fica cianótico é chamado de Síndrome de Eisenmenger. Sopro de Austin Flint Faz parte da Insuficiência aórtica. Quando existe insuficiência aórtica o sangue desce da aorta para o ventrículo esquerdo. Essa descida determina o sopro diastólico da IAo, de alta frequência, aspirativo, melhor audível para o ouvido humano. Acontece que esse sangue ao descer da aorta para o VE, nesse mesmo momento, que é a diástole, os dois folhetos da mitral estão se abrindo, então, boa parte deste sangue que está regurgitando cai em cima do folheto anterior da válvula mitral, então por uma força contrária, impedindo a abertura total da válvula mitral, levando a uma estenose mitral relativa, o que determina uma dificuldade de o sangue passar do átrio esquerdo para o VE tendo como consequência um sopro, um ruflar diastólico no foco mitral, de baixa frequência. O sopro de Austin Flint é um critério de gravidade da IAo. É a IAo mais grave que cursa com sopro de Austin Flint, que corresponde a um ruflar não no foco aórtico, mas no mitral. Sopro de Carey Coombs Grant É um sopro diastólico especial. Quando estamos diante de um paciente com Febre Reumática ativa, há um edema da VM, que fica completamente edemaciada. Se há um edema dos folhetos da VM, o orifício da VM vai diminuir e haverá uma estenose mitral funcional pelo edema. Entre a segunda e a primeira bulha haverá um sopro diastólico. É um sopro que desaparece com o tratamento, pois é decorrente do edema valvular. Quando começamos o tratamento da FR 22 usamos corticóide, que leva a redução de edema, levando o sopro a sumir. Caracteriza atividade da FR. Sopro de ColeCecil Na IAo de longa duração pode acontecer modificação estrutural do septo interventricular com o tempo, com a formação de área de fibrose, tornando-o rugoso. Essa fibrose é chamada de bolsas de Zan ou ninho de passarinho. O sangue que cai diastólico determina um sopro diastólico com caráter musical e que irradia para o oco axilar. Também denota gravidade na IAo crônica. Sopro de Grahan-Steel É um sopro diastólico precoce (logo após B2), em decrescendo, piante, audível no 2 a 4 EICE, que ocorre na insuficiência da válvula pulmonar secundária a hipertensão pulmonar, geralmente com PSAP > 55mmHg. Ocorre por dilatação do anel valvar pulmonar e aumenta com a inspiração e diminui com a manobra de Valsalva. Sopros Inocentes Nunca tem frêmito; nunca são diastólicos ou holossistólicos; são suaves; sem alteração de bulhas e com irradiação restrita. Não há lesão estrutural nem estado fisiológico à distância provocadora do sopro. Sopros fisiológicos São iguais ao inocente, porém devido a um estado fisiológico à distância provocadora do sopro como por exemplo, anemia, hipertireodismo, etc 23 CAPITULO 4 - SEMIOLOGIA DO ABDOME Exame Físico de Abdome 1) Divisão em regiões: O abdome pode ser dividido em 4 quadrantes ou em 9 regiões que são determinadas pela junção das linhas hemiclaviculares com o rebordo costal e cristas ilíacas. 2) Definir quais os principais órgãos de cada quadrante: Hipocôndrio D: Lobo Hepático D Vesícula Biliar Epigástrio: Piloro Duodeno Pâncreas Porções do Fígado Hipocôndrio E: Estômago Cauda do pâncreas Flexura esplênica do cólon Flanco D: Cólon ascendente Porções do Duodeno e Jejuno Mesogástrio: Omento Mesentério Inferior do Duodeno Jejuno e Íleo Flanco E: Cólon descendente Porções do Jejuno e Íleo Fossa Ilíaca D: Ceco Apêndice Extremidade inferior do Íleo Hipogástrio: íleo Fossa Ilíaca E: Cólon sigmoide .Pontos Dolorosos: -Cístico -Epigástrico -Ureterais 24 -Apendicular Sinal de Cullen - equimose periumbilical devido a hemorragia retroperitoneal (pancreatite aguda ; gravidez ectóipica) Sinal de Grey-Turner - caracterizado por equimoses em flancos. 3) Inspeção: Forma: Atípico/ plano, batráquio, globoso, pendular/avental e escavado. Simetria; Abaulamentos e retrações; lesões; cicatriz umbilical (contorno e sinais flogísticos); ondas peristálticas (Kussmaul); pulsação de aorta abdominal; . Circulações colaterais; Usar a técnica dos dois dedos comprimindo a veia p/ ver direção do fluxo. - Cava superior - Obstrução da cava superior / fluxo descendente / (TU mediastino e pulmão, aneurisma de AO)- Cava Inferior Obstrução da V. cava inferior/ fluxo ascendente/ (TU comprimindo cava inf/ trombose/ aderências) - Portal obstrução da veia porta e de seus ramos intra-hepáticos/ centrífuga em relação ao umbigo “ Cabeça de medusa ”/ (cirrose/ Tu abdominal comprimindo a porta) 4) Ausculta: Por que não seguir com a palpação ao invés da ausculta? SE manipular com palpação ou percussão, pode-se alterar a motilidade intestinal e aumentar a frequência de RHA. peristalse : nos 4 quadrantes durante 1 minuto (RHA); sopros; 5) Percussão: hepatimetria: lobo direito: de 6 a 12cm, entre a linha hemiclavicular de cima para baixo(do tórax ao abdome); lobo esquerdo: de 4 a 8 cm na linha paraesternal(do tórax ao abdome); Traube: entre 6ª e 10ª costelas, linha axilar anterior e rebordo costal; 6) Palpação: Começar por onde não há dor!!! Superficial: Com uma mão nos quatro quadrantes, avaliar: - tensão da parede; 25 - espessura; - sensibilidade; - lipoma; Profunda: Bimanual nas 9 regiões, avaliar: - massas (localização, mobilidade, consistência, formato, sensibilidade e delimitação); - visceromegalias; OBS: mais baixo, sendo mais fácil de ser palpado. Fígado: (geralmente, não é palpável, porém a borda inferior do lobo direito pode ser palpada. Émais fácil na inspiração profunda.) - Bimanual; - “em garra” (Mathieu); -Lemos Torres (uma mão na região lombar na intenção de empurrar o fígado para tocar na outra mão); Baço: Lemos Torres na posição de Schuster; Rim: -tentara direita; -inferior ao fígado; - muito difícil de palpar; 7) Manobras especiais: Punho percussão lombar: Sinal de Giordano: mão espalmada na região costo-vertebal e aplicar um golpe com a região ulnar da mão. Caso refira dor, Giordano positivo (pielonefrite). Hérnia: - Carnett (elevação ativa da cabeça com o paciente em decúbito dorsal); - Smith-Bates (elevação passiva dos membros inferiores com o paciente em decúbito dorsal); - Valsalva (sopro contra a mão aumentando a pressão intra-abdominal); Apendicite: - Blumberg: descompressão dolorosa de qualquer parte do abdome =Peritonite. Na FID (ponto de Mc Burney), cicatriz umbilical com a crista ilíaca D, entre o 1º e 2º terço; - Sinal do Obturador: dor à rotação interna da coxa; - Sinal de Rovsing: palpação ,retrógrada, do abdome inferior esquerdo gerando dor em abdome inferior direito(FID) - Psoas: DLE, puxa a perna direita para trás, dor em FID; Ascite: 26 - Macicez móvel de decúbito: ascite de médio volume (< 1,5L) – percute-se o paciente em DD e depois em DL; nesta posição o hipocôndrio encontra-se timpânico e não mais maciço. - Piparote: ascite de grande volume (> 1,5L) – solicita-se ao paciente que coloque a mão na linha mediana (impedindo a transmissão pelo tecido subcutâneo), e o examinador coloca uma das mãos espalmada na região lateral do abdome; com a outra mão, dá-se um peteleco, fazendo com que haja mobilização do líquido livre, que será sentido pela outra mão. - Sinal da Poça: ascite de pequeno volume (<500ml) – o som torna-se maciço próximo a cicatriz umbilical e timpânico nos hipocôndrios, quando o paciente fica de pé apoiado com o tronco projetado para frente (apoiado sobre um móvel) ou de 4 apoios; - Semicírculos de Skoda: ascite de médio volume – percussão a partir da cicatriz umbilical em raios. Colecistite: Sinal de Murphy ->dor a inspiração na compressão do ponto cístico (colecistite); OBS: Para uma leitura complementar de exame físico do abdome , acesse o link -> http://revista.fmrp.usp.br/2004/vol37n3e4/9_principios_semiotecnica.pdf 27 CAPITULO 5 – SEMIOLOGIA NEUROLÓGICA E APARELHO LOCOMOTOR O que inspecionar? Inspeção, Marcha, Estática, Força, Tonus, Coordenação, Reflexos, Sensibilidade, Nervos Crânianos, Sinais Meningorradiculares, Movimentos involutários e funções cognitivas Inspeção: Deve-se avaliar com atenção a pele e fâneros do paciente, já que diversas doenças neurológicas possuem manifestações cutâneas, além de inspecionar as fascies do paciente. Observar também atitude, posturas e movimentos anormais do paciente. Marchas: Solicitar ao paciente que deambule descalço de forma normal, na ponta dos pés, apoiando-se nos calcanhares e pé-ante-pé. Classificar a marcha como: 1- normal, 2- ceifante ou helicópode, 3- paraparética (espástica, em tesoura, flácida), 4- escarvante, 5- anserina (miopática), 6- com lateropulsão, 7- ebriosa, 8- talonante, 9- atáxica – espástica, 10- parkinsoniana, 11- em pequenos passos e 12- claudicante Se houver duvida para classificar a marcha, devemos somente descrevê-la. Estática: No exame de estática pede-se que o paciente fique de pé, com os pés juntos e olhando pra frente e com os braços juntos ao corpo. Logo em seguida, pede-se que o mesmo feche o olho. Essa manobra constitui o Sinal de Romberg. O sinal de Romberg: Está presente quando após fechar os olhos o paciente apresenta uma acentuada perda de equilíbrio, ou seja, tem uma queda ou é amparado pelo examinador. Ele está presente em algumas situações. São elas: Perda na propriocepção (paciente desfalece para lado aleatório), lesões vestibulares (paciente sempre cai para o lado do vestíbulo lesionado) e nos pacientes histéricos (paciente cai sempre para o lado do examinador). OBS.: Em pacientes com ataxia cerebelar ou fraqueza de MMII pode-se fazer a pesquisa do sinal de Romberg com uma base mais alargada. Força: . Reconhecer o sintoma = fraqueza. Reconhecer fadiga, paresia, plegia e esgotamento. MEMBROS SUPERIORES : Anti - gravitacional : Manobra de Mingazzini para os MMSS e o teste do desvio do pronador. 28 Manobra de Mingazzini: O paciente faz extensão dos braços com as mãos pronadas e estendidas e os olhos fechados, mantendo os braços nessa posição por 20 a 30 segundos Teste do pronador: Semelhante à manobra de mingazzini, porém nessa manobra as mãos ficam supinadas em vez de pronadas. Exame de força contra a resistência do examinador: Avaliar flexão e extensão do pescoço Abdução e adução dos braços Flexão e Extensão do cotovelo e extensão do carpo Avaliar inervação das mãos 29 30 Tônus: É a tensão muscular no repouso ou a resistência a movimento passivo na ausência de contração voluntária. É classificado em: hipotonia (tônus diminuído) e hipertonia (tônus aumentado). A avaliação do tônus é dividida em: inspeção, palpação e manobras Para avaliação do tônus são usadas as seguintes manobras: punho-ombro, calcanhar-nadega, balanceio do segmento distal e mobilização passiva dos membros. 31 Coordenação: MEMBROS SUPERIORES: DEDO-NARIZ (Sensibilizado: dedo-nariz-dedo) MANOBRA DE HOLMES (manobra do rechaço ou do rebote) e DO COPO D’ÁGUA DIADOCOCINESIA DO TRONCO (SINERGIA ): LEVANTAR DO LEITO SEM O AUXÍLIO DOS BARÇOS MEMBROS INFERIORES: CALCANHAR-JOELHO (sensibilização: correr pela crista da tíbia) 32 33 34 Reflexos: Nervos Cranianos: 35 36 Sinais Meningorradiculares: 37 Sistema locomotor O aparelho locomotor é responsável pela sustentação e movimentação do corpo É composto por ossos, articulações e músculos Técnicas Propedêuticas o Musculoesquelético: inspeção, palpação óssea, grau de mobilidade, exame da força motora e sensibilidade o Articular: inspeção, palpação, sensibilidade, mobilidade o Exame estático e dinâmico o Exame sistemático com comparações bilaterais dos lados e sentido cefalocaudal Anamnese o Idade, sexo, raça e profissão o Quanto a idade: displasia em neonatos, osteoporose em idosos o Quanto ao sexo: homens – Gota, espondilite e mulheres – escoliose idiopática,artrite reumatóide o Quanto a raça: Legg Perthes (raça branca), epifisiólise proximal do fêmur (raça negra) o Quanto a profissão: repetitivas (tendinite), esforço físico (lombalgia) o Data de aparecimento da queixa o Velocidade de progressão o Fatores de piora e melhora o Localização da dor e sua irradiação o Características da dor 38 o Limitações de movimentos o Paralisia o Alteração da sensibilidade Inspeção o Capacidade de se locomover, autocuidado o Desconforto ou movimentos involuntários o Assimetria dos MMSS e MMII, da coluna. o Postura adotada o Abaulamentos, intumescências, edemas o Função do membro (uniforme, simétrico e ritmo dos movimentos) o Lesões o Coloração da pele o Sustentação e marcha o Deformidades dos MMII o Deformidades da coluna vertebral o Contrações espontâneas (ao movimentar-se e são dolorosas) o Deformidades dos MMII o Deformidades da Coluna Vertebral o Na Inspeção das articulações, deve-se observar: Volume articular, edema Deformidade Rigidez Palpação 39 o Segunda fase do exame das articulações o Propicia maior fundamentação aos dados percebidos na inspeção. Manobras semiológicas o Teste de Schober: é usado para avaliar mobilidade da coluna lombar. O normal é aumentar 5cm ou mais após uma flexão anterior máxima. Caso não haja esse aumento, o paciente pode apresentar espondilite anquilosante o Manobra de Adams: o paciente, em pé, fica com os pés juntos e flexiona o tronco para frente, sem dobrar os joelhos. O examinador observará se há algum desequilíbrio de um lado em relação ao outro. Caso positivo, pode ser indicativo de escoliose. o Manobra de Phalen: mandar o paciente juntar os dorsos das mãos e ficar assim por um minuto. Caso sinta dor ou parestesia, é indicativo de síndrome do túnel do carpo. o Manobra de Phalen invertido: igual ao anterior, mas com as palmas das mãos unidas o Manobra de Tinel: percussão sobre o nervo mediano. Caso o paciente refira dor ou parestesia é indicativo de síndrome do túnel do carpo o Teste de Finkelstein: o paciente deve segurar o polegar e realizar um desvio ulnar da mão. Caso ocorra dor na regial deistal do rádio, é indicativo de tenossinovite de DeQuervain 40 BIBLIOGRAFIA emiologia Médica - Rocco - 1 ed. (2011) Porto & Porto Semiologia Médica – 7ª edição
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