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Arte, Estética e Filosofia

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Filosofia 
Contéudo:
· As Artes 
· A Cultura 
· A experiência do sagrado 
· A Ética, Política. 
· A Ciência 
· A Metafísica 
· O Conhecimento e a Lógica 
· A verdade e a razão 
· A filosofia 
· Filosófos de todas as épocas 
 As Artes 
A sensibilidade de quem admira um objeto (qualquer ser ou paisagem) Quem é bonito? Quem é feio? O que é bonito? O que é feio? Qual expressão artística pode ser considerada bonita, feia, boa ou ruim? Difícil de responder né!? A resposta para tais perguntas parece dizer respeito à questão de gosto de cada pessoa. Será?
O certo é que todas as vezes que observamos algo, sentimos e escutamos qualquer coisa, os nossos órgãos sensoriais produzem informações para o nosso cérebro que rapidamente processa e nos proporciona uma interpretação sobre o que nos cerca.
Geralmente esta interpretação pode nos levar a um sentimento de prazer, aprovação, reprovação, nojo, beleza, feiúra, etc. Essas questões envolvem a percepção de Arte e Estética.
E isso tudo ainda depende de como a nossa sociedade percebe as coisas e de como nós absorvemos da sociedade esses significados. Assim, as ideias de belo, feio, bom, ruim estão intimamente ligadas à cultura à qual pertencemos.
Mas, como identificamos ou como escolhemos o nosso estilo musical, o estilo de pintura, o tipo de filme ou peça de teatro que gostamos de assistir? São tópicos de Arte e Estética.
Qual o melhor ou pior estilo? Para tentar responder a estas questões, a Filosofia Enem possui um ramo de estudo chamado: “Estética”. A história da Humanidade já passou por vários momentos de ruptura sobre o que era considerado “Belo” e o que era considerado “Feio”.
Arte e Estética 
Do latim, ars, artis significa: o “ato de fazer”. Para os Gregos Antigos, a arte significava o domínio do ser humano de uma ou mais técnicas. Deriva daí a ideia de que saber fazer algo muito bem feito é uma arte, por exemplo: a arte da guerra, a arte da política, a arte de fazer parto, da medicina, do direito, etc.
Deste modo, arte é o ato de fazer a obra que será admirada, seja ela uma canção, uma escultura, uma poesia, uma dança, uma arquitetura. A estética será, portanto, a disciplina que irá estudar analisar a relação existente entre a arte e o homem.
Mas o que determinaria o ato de fazer uma obra de arte? A resposta mais aceita é a personalidade do artista e o contexto histórico-cultural do qual o artista faz parte e todas as influências que ele possa receber. Para Gallo (1997), o próprio artista é quem determina a funcionalidade de sua obra.
Na política, por exemplo, o artista pode retratar uma injustiça, um problema social, uma ideologia. E, o resultado estético da obra de arte pode reunir “beleza estética”, mesmo retratando um quadro que não reúne nada de “belo” na perspectiva social.
A obra “Os retirantes”, de Cândido Portinari (1903-1962), representa a vida difícil dos milhares de brasileiros que migram de cidades do interior para os grandes centros em busca de melhores condições de vida.
A imagem retrata a magreza, a fome, a miséria e o sofrimento das pessoas que se encontram nesta situação. No entanto, obra tem um impacto profundo em função de sua qualidade de arte e estética.
“Os Retirantes”, de Portinari. 1944.
Na religião, a arte serve para a representação do sagrado e está a serviço das instituições religiosas e de suas crenças. A arte está presente nas pinturas, esculturas, hinos e arquitetura dos templos religiosos.
A maior representação de arte sacra está relacionada à Igreja Católica na forma das imagens e esculturas que representam todas as divindades do cristianismo católico.
Anjo com o cálice da Paixão, na Via Sacra de Congonhas.
Na educação, a arte assume o compromisso com o lúdico, ou seja, busca, a partir da perspectiva pedagógica, ensinar as pessoas a compreender o mundo a partir da criação de obras artísticas.
Na arte naturalista, Gallo (1997), menciona a finalidade de retratar a realidade tal como ela é. Podemos assim representar a realidade através de um quadro de natureza morta, com uma foto 3×4 ou a pintura de uma paisagem ou de uma pessoa.
Há ainda a arte da técnica formalista, na qual a preocupação central do artista é o emprego correto de uma técnica específica para realizar uma obra de arte. Exemplos: Impressionismo, Expressionismo, Cubismo ou Surrealismo.
Metamorfose de Narciso, de Salvador Dalí.
O conceito moderno de arte estaria contido nos trabalhos de Kant. Basicamente, o filósofo fez a seguinte diferenciação: arte e natureza de arte e ciência. Para a primeira, distingue-se o significado de arte no sentido de haver uma arte da mecânica, na qual o ser humano teria a capacidade de fazer algo a partir do seu próprio conhecimento.
Para a segunda, desenvolveu a terminologia de arte estética, que tem por finalidade a contemplação do sentimento de prazer, ou seja, do aprazível, que significa algo agradável e alegre. Daí o significado de Belas Artes.
ESTÉTICA
Foi o filósofo Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1831), que utilizou a palavra “estética”, no conceito moderno, pela primeira vez. Ele tinha o intuito de estabelecer uma disciplina da Filosofia que se encarregaria de estudar todas as manifestações artísticas.
Assim, já na Grécia Antiga, outros filósofos já faziam o uso da palavra “estética” que deriva da palavra grega aesthesis e que significa sensibilidade. Deste modo, no sentido mais estreito do significado, a palavra “estética” significa: “sensibilidade”.
Atualmente, seu significado moderno corresponde a: “doutrina do conhecimento sensível”. Baumgarten definiu a estética como sendo uma disciplina que deveria refletir sobre as emoções produzidas pelos objetos que são admirados pelos seres humanos.
O autor ainda afirmava que a estética deveria ser abordada de forma subjetiva, ou seja, a partir da consciência da cada indivíduo.
Este filósofo da arte entende que a única forma de se apreciar uma obra de arte se dá pela sensibilidade do observador. Ela, a sensibilidade, só é possível quando o observador se permite contemplar a arte a partir da sua própria subjetividade.
RELAÇÃO ENTRE ARTE E NATUREZA: são três concepções.
1. Arte como imitação: arte dependente da natureza. Nesta concepção encontramos a inspiração do artista altamente atrelada à cópia de algum elemento pertencente à própria natureza, que é representado em uma pintura ou escultura. Também é conhecida como arte morta.
Veja uma “Natureza morta” na reprodução a seguir:
 “Esporas-bravas”, de Henri Latour. 1892
2. Arte como criação: arte independente da natureza. A originalidade de uma obra se expressa no próprio sentimento do artista, de modo que este é comparado a Deus como o criador da sua obra. O artista busca a perfeição não dos traços, mas dos sentimentos expressos.
O Romantismo é um bom exemplo, no qual a criação estética se desvincula da natureza e representa sistematicamente a liberdade criativa do homem.
“Sansão e Dalila”, de Oscar Pereira da Silva. 1893
3. Arte como construção: arte condicionada pela natureza. Nesta perspectiva há uma mistura conceitual entre homem e natureza. O homem cria uma obra artística na qual ele conjuga os elementos da natureza e os sentimentos do próprio homem. O melhor exemplo desta perspectiva é, sem dúvida, a arte abstrata.
A Cultura
Costumes, festas, tradições e até mesmo suas refeições são traços culturais.
O que é cultura? A resposta a essa pergunta envolve uma definição complexa, mas que é vivenciada no dia a dia por todos nós. Trata-se do conjunto de conhecimentos, valores, símbolos, tradições, ideias, costumes e práticas que se tornam características de um grupo, seja ele familiar, social, étnico, religioso e assim por diante.
Esse conhecimento nem sempre é formal — ninguém precisou fazer um curso para aprender a cultura de seu próprio povo. Ela foi transmitida para as gerações seguintes no cotidiano: na conversa, nas atividades diárias, nas festas e comemorações, no exemplo das outras pessoas.
De uma forma completamentediferente do que muitos pensam, não existem pessoas com mais ou menos cultura, ou mesmo culturas inferiores ou superiores. Toda sociedade possui um conjunto único de valores, que foi construído através de sua história e deve ser compreendido e respeitado.
Características da cultura
Entre as principais características da cultura, podemos destacar:
Mecanismo adaptativo: significa que os indivíduos são capazes de mudar seus hábitos para se adaptarem ao meio onde vivem o que produz manifestações e mudanças culturais;
Mecanismo cumulativo: as gerações mais antigas transmitem esse conjunto de conhecimentos às gerações seguintes, criando uma continuidade dos costumes naquele grupo. Nessa transmissão, a cultura perde alguns elementos, mas incorpora outros aspectos, sendo transformada;
Transformação permanente: a cultura não é estática, pois é influenciada por novos hábitos e maneiras de pensar que surgem com o desenvolvimento do ser humano e da própria sociedade.
Quais são os elementos da cultura?
Enquanto vivencia a cultura, o ser humano produz manifestações. A música de um determinado povo, sua alimentação, obras de arte como pinturas e esculturas, suas moradias típicas e festas são exemplos dessa produção. Elas podem ser divididas em dois grupos:
Cultura material
Envolve todas as produções culturais que têm como resultado objetos físicos. São exemplos de elementos da cultura material as construções, as obras de arte (pintura e escultura), o vestuário de um povo, os utensílios típicos usados diariamente, suas cidades, embarcações e meios de transporte etc.
Cultura imaterial
Trata dos elementos que não têm um resultado material. Como exemplos, podemos citar as tradições, as festas populares, os saberes e valores partilhados por um grupo social, sua música e dança, as comidas, lendas e até mesmo o “jeito de ser” de uma população.
Cultura na Sociologia
Entender a cultura é entender o próprio ser humano. Por isso, esse conceito se tornou importante em diversas áreas do conhecimento. A Sociologia entende que os padrões de interação e comportamentos do homem são moldados de acordo com suas necessidades. São elas, portanto, que geram uma determinada estrutura e organização social, solidificada pela cultura.
Cultura na Filosofia
Para a Filosofia, a cultura é o conjunto de manifestações humanas moldadas a partir de uma combinação entre a interpretação pessoal da realidade e exigências globais. Elas diferem do comportamento natural do homem e podem ser transformadas a partir de percepções de valor íntimo, argumentação e aperfeiçoamento.
Ainda segundo a Filosofia, o indivíduo busca informação para aprofundar a posição adotada e justificá-la para si mesmo e para a sociedade. Para essa área de conhecimento, essa transformação baseada na reflexão e na síntese interior é indispensável.
Cultura na Antropologia
A Antropologia entende que a cultura reflete os padrões que o ser humano aprende e desenvolve a partir de sua interação com sua comunidade. Eles representam os ideais estéticos de um povo por meio de diferentes manifestações.
Outro ponto que a Antropologia destaca é que a cultura de um indivíduo (que reflete a de sua comunidade) não é isolada de outros fatores. Ela representa o tempo em que estão inseridos, sua organização espacial e seus esforços para manter e defender as relações humanas ali estabelecidas.
Cultura brasileira
A Cultura Brasileira reflete não só os valores de um único povo. Ela é formada a partir das contribuições das várias etnias que deram origem à nossa população desde antes do descobrimento.
Temos aqui um verdadeiro caldo cultural criado a partir de costumes dos índios que habitavam o continente, dos colonos portugueses que chegaram no período das Grandes Navegações, dos africanos trazidos como escravos e dos outros povos europeus que vieram principalmente a partir do fim da escravidão (italianos, alemães etc).
Essa miscigenação influenciou diretamente a Cultura Brasileira, produzindo costumes regionais completamente diferentes e disseminando outros hábitos entre todos os povos que vivem aqui.
Entre os costumes regionais, podemos destacar festas, como o Carnaval, e alimentos típicos. Um exemplo é o almoço: enquanto o paulista geralmente se alimenta de feijão (carioquinha) e arroz, o manauara (pessoa nascida em Manaus) come peixe com açaí na mesma refeição. Poderíamos citar outras situações que revelam essas diferenças.
Já entre os compartilhados podemos mencionar a Língua Portuguesa, que é um elemento importante para a unidade nacional, apesar dos diferentes sotaques presentes em todo o território.
Tipos de cultura
O fato de a cultura estar presente em tantas áreas do conhecimento a torna muito ampla. É por isso que, para estudá-la de uma maneira mais profunda, é importante subdividi-la. Fizemos uma rápida descrição sobre os tipos de cultura para ajudá-lo a entender essas diferenças.
Cultura organizacional
É o conjunto de valores praticados por uma empresa ou organização. Ela define quais são os comportamentos aceitáveis e compatíveis com a missão e propósito do negócio. Também é chamada de cultura corporativa.
Cultura popular
Nasce espontaneamente a partir do povo. São manifestações que refletem a identidade cultural e os valores de uma comunidade.
Cultura erudita
Diferente da cultura popular, a erudita é baseada em estudos, análises críticas e elaboração técnica apurada. Devido às suas características, tem maior aceitação entre as elites sociais e econômicas, bem como os intelectuais.
Cultura de massa
Trata-se de um termo muito usado pelos filósofos da Escola de Frankfurt, que define as manifestações criadas com objetivo puramente comercial, gerando produtos de consumo que atendem aos interesses da Indústria Cultural.
Segundo esses filósofos, ela tem o efeito de adormecer a consciência da maioria da população (a massa), dificultando a formação do espírito crítico e promovendo a alienação.
Cultura corporal
Envolve o estudo do comportamento físico dos seres humanos e como eles manifestam os valores culturais de um grupo. Analisa práticas como as danças, jogos, comportamento sexual, festividades e até mesmo a medicina praticada pela sociedade em questão.
Cultura material
A cultura material estuda as relações entre a cultura de um povo e os objetos que ele produz. Envolve conhecimentos nas áreas de Arqueologia, Antropologia, História da Arte, Arquitetura, Literatura, Museologia, entre outras. Essa cultura é muito importante para a preservação desse patrimônio.
Elementos Culturais
Você sabe a diferença entre elementos culturais e elementos naturais?
Os elementos culturais, basicamente são elementos construídos pelos seres humanos, como casas, prédios, estátuas, pontes e etc. Já os elementos naturais, como o próprio nome indica, são elementos que vem da natureza, como rios, mares, florestas, montanhas, entre outros. 
 A Experiência do Sagrado 
 A Ética e a Política 
A Ética e a Política fazem parte da tradição clássica da filosofia e ainda hoje, no século XXI, fazem parte das relações sociais contemporâneas. No entanto, o entendimento sobre o que é ética e o que é política sofreram algumas transformações ao longo do tempo. 
Hoje muitos dos cidadãos relacionam imediatamente a política a escândalos de corrupção, falta de comprometimento público, mistura das relações e tarefas das esferas pública e privada. No geral, em diversos países do muito a política tem sido vista com desprezo e desconfiança pelos cidadãos que com frequência bradam por ética, justiça e ordem, mesmo sem saber exatamente o que significam e qual a origem desses conceitos.
 O que é Política?
 Tanto para Platão quanto para Aristóteles, a Política é uma ciência e todas as outras ciências estão, obrigatoriamente, submetidas à Ciência Política. No caso de Aristóteles a Política tem a finalidade de assegurar a felicidade dos indivíduos. Para o filósofo, a Ciência Política é divididaem ética e política. A ética trata da felicidade individual de cada cidadão na pólis, enquanto a política diz respeito à felicidade coletiva.
Para Aristóteles a Política, enquanto ciência existe para pensar em ações que levem ao bem estar individual e coletivo. Em uma explicação mais generalizada, é possível definir a política como sendo a doutrina moral da sociedade como um todo.
Aristóteles afirma que todo homem é um animal político, ou seja, todo indivíduo tem como destino a vida comum na pólis e a partir desse convívio com outros que se torna um ser racional. O homem, de acordo com o filósofo, é político por ser racional e a ética e a política é que garantem aos homens a racionalidade.
Na visão de Platão, a política é uma arte para qual nem todos os homens estão aptos. Segundo Platão, somente aqueles mais capacitados, no caso os filósofos, seriam capazes de exercer a administração da pólis de forma a garantir o bem estar de todos, por possuírem o conhecimento racional e verdadeiro. O objeto da política em Platão é corrigir as injustiças ocasionadas por homens não aptos à atividade política e que por isso acabaram por cometer diversas injustiças.
Embora Aristóteles tenha sido discípulo de Platão, os dois apresentavam concepções distintas sobre a política. A visão de Platão é idealista enquanto a de Aristóteles é mais realista e tem mais condições de ser aplicada. Aristóteles é considerado o primeiro grande sistematizador do conceito de política, pois para ele o homem necessita viver em comunidade.
Ruína de Pólis Grega
 O que é Ética?
A palavra ética vem do grego ethos e significa costumes de um grupo ou sociedade. A ética está relacionada aos costumes de um povo e pode ser definida como a doutrina moral dos indivíduos. A ética é uma divisão da ciência política responsável por ditar a maneira como os cidadãos deveriam se comportar na pólis.
 Para Aristóteles a ética é uma condição necessária para que o indivíduo se realize que tenha condições de viver com virtuosidade a partir do uso da razão, que é garantida pela ética e pela política, ou seja, pela felicidade individual e pela felicidade coletiva. Na visão aristotélica, a liberdade está inserida na vida política e é somente na pólis e na vida em comunidade que o indivíduo pode encontrar a razão e ser feliz.
Os gregos clássicos não separavam a ética da política, as duas faziam parte da busca pela felicidade. Não seria possível que o indivíduo encontrasse a felicidade individual sem que vivenciasse sua condição de homem político. A pólis é o espaço em que a felicidade é possível de ser alcançada. A razão do homem estava também ligada a suas atividades éticas e políticas.
A relação entre ética e política adquiriu formas e valores bem distintos ao longo da história da humanidade, desde uma forte relação entre ética e política na Antiguidade, uma ruptura entre ambas no Renascimento e início da modernidade, uma crise de valores característica da contemporaneidade até uma proposta atual de reaproximação entre ambas.
Como é manifesto, na história da cultura ocidental encontram-se diferentes teorias acerca da relação entre ética e política, algumas das quais afirmam a compatibilidade, ou também a convergência, ou diretamente a substancial identidade dos dois termos; outras afirmam a divergência, a incompatibilidade ou diretamente o antagonismo (BOVERO, 1992, p. 141).
 É sobre esta intricada relação que iremos discorrer ao longo deste texto. Antes de prosseguir, talvez seja interessante para o leitor uma compreensão mais exata do conceito de ética e, por isso, remetemos, caso queira antes de continuar, para a leitura do texto: O que é ética. Caso contrário, é só seguir com a leitura.
Ética e Política ao longo da História
 Uma marca característica da ética na Antiguidade é sua indissociabilidade com a política. Desde Platão e seu discípulo Aristóteles, que a ideia de constituição da polis é perpassada pelo princípio de que a cidade deve ser dirigida por governantes sábios, justos e virtuosos. É de Aristóteles, por exemplo, a afirmação de que o homem é um animal político – zoon politikon. “Trata-se de um homem ‘essencialmente destinado à vida em comum na polis e somente aí se realiza como ser racional. Ele é um zoon politikón por ser exatamente um zoon logikón, sendo a vida ética e a vida política artes de viver segundo a razão’” (LIMA VAZ, 2004, p. 38-39 apud PANSARELLI, 2009, p. 13). E Hélcio Corrêa afirma que na polis grega o cidadão só é reconhecido como tal a partir de sua inserção na comunidade política e a razão prática que norteia a ação do cidadão grego está intimamente ligada ao ethos “[...] entendido este como um conjunto de tradições, costumes e valores próprios da vida na polis” (2011, p. 77) e, no caso de Aristóteles, “[...] as noções de ética e política se completam reciprocamente na teoria da justiça” (2011, p. 77).
 Com efeito, na polis grega, tanto o estudo da ética quanto da constituição da polis (da política) lançam as bases para o comportamento justo do indivíduo e do cidadão. Platão (1993), inclusive, compara a ideia de justiça, tanto no indivíduo quanto na sociedade, como sendo a harmonia entre suas partes. Essa dupla perspectiva aparece já no início da obra A República de Platão, a partir do Livro II quando este afirma que o homem justo em nada diferirá da cidade justa e será semelhante a ela (435b). Para Del Vecchio (1925, p. 14) aparecem aí fundidas a norma moral e jurídica, a política e a ética, inclusive a psicologia, ou seja, a vida interior do indivíduo e as relações sociais.
Isso de laços entre o indivíduo e a polis, se já existe certa simetria em Platão, radicaliza-se em Aristóteles, o qual tratou predominantemente da justiça no livro V da Ética a Nicômaco. John Morrall afiança-nos: [...] como Platão na República, Aristóteles vê uma analogia entre a vida da polis e a vida da família, e traça semelhanças entre os modos pelos quais se podem governar famílias e estados [...] (1981, p.45 apud CORRÊA, 2011, p. 78).
 A concepção de justiça para os gregos estabelece uma relação direta entre ética e política tanto para Platão quanto para Aristóteles, pois a justiça (dikaiosýne) é também virtude (areté). A justiça é tanto a ordem da comunidade dos cidadãos quanta virtude individual que consiste no discernimento do que é justo ou injusto.
 Para o filósofo grego Aristóteles, se a ética é condição de autorrealização do indivíduo ou, mais precisamente uma vida virtuosa com base na razão, se pode dizer o mesmo da política que é a condição de autorrealização da polis e uma e outra não estão separadas, assim como não estão separados o indivíduo e o cidadão. “Para Aristóteles, a ética atinge sua plenitude no mundo da política. É através da ética que o indivíduo se torna bom cidadão. Portanto, a relação entre e política desde a Grécia clássica é tratada sob uma mesma perspectiva” (GUIMARÃES, 2013, p. 130-131). Para Aristóteles há “uma vinculação indissolúvel entre ética e política. Compreende o filósofo que a moral se efetiva na vida política, desta forma, somente na polis é possível ao homem se realizar desenvolvendo as virtudes éticas” (GUIMARÃES, 2013, p. 131).
 Segundo MacIntyre (2001), o projeto individualista do liberalismo moderno seria profundamente estranho aos pensadores gregos que tinham por certo a premissa de que a liberdade situa-se, sobretudo na esfera política (ARENDT, 1981) e por isso Aristóteles irá afirmar que aquele que for incapaz ou não sente a necessidade de se associar em comunidade ou é uma besta ou um deus (ARISTÓTELES, 1998, 1253a 25). Somente na polis, na vida em comunidade, a felicidade (eudaimonia) pode ser alcançada, e o bem, fim último da existência humana, pode se realizar (HIRSCHBERGER, 1969). Não existe agir ético ou virtuoso fora da polis.
E, assim, da mesma forma que, na Política escreveu Aristóteles: A finalidade e o objetivo da cidade é a vida boa, e tais instituições propiciam esse fim (Pol.,1280 b 40); também o filósofonão deixou de consignar que é preciso concluir que a comunidade política existe graças às boas ações, e não à simples vida em comum (Pol., 1281a1) (apud CORRÊA, 2011, p. 80).
 Outro filósofo antigo no qual encontramos uma estreita relação entre a ética e a política é o romano Marco Túlio Cícero, que viveu entre 106-43 a.C. e foi uma proeminente figura da política e do direito romano. Cícero foi um ardoroso defensor da República Romana em torno da qual entende que essa República deve ser aquela fundamentada nos valores tradicionais romanos, na reta razão e em valores morais que devem ser seguidos com determinação, autocontrole e dever. O cidadão cumpridor de seus deveres é aquele que aplica tais princípios na República. Por isso o dever tem uma importância fundamental para o filósofo que dedicou um livro ao tema: Dos Deveres. Nesta obra Cícero “formula os valores políticos e éticos da sociedade romana, a partir de seu ponto de vista de homem de Estado” (CONEGLIAN, 2012, p. 70). Os deveres para com a vida pública incluem valores como a honestidade, a sabedoria, a justiça, a firmeza e a moderação. Por outro lado o cidadão virtuoso deve se afastar do luxo, das riquezas, da ganância, da inveja. Merece destaque a virtude da justiça, sumamente importante para a vida em comunidade pois é ela que determina o comportamento social. A obrigação de ser justo tem implicações civis e sociais, pois ser justo leva à justiça na organização da república.
 Portanto, os gregos não possuíam essa visão que separa a ética da política como sendo a primeira da esfera individual e a segunda exterior ao indivíduo e ambas tratadas separadamente: “[...] na polis grega, o cidadão, em si, é reconhecido como tal apenas a partir de sua inserção na comunidade política” (CORRÊA, 2011, p. 83). Ademais, apenas na polis a felicidade (eudaimonia) é passível de ser alcançada e na relação entre a vida individual e a vida em comunidade uma é condição de realização plena da outra e vice-versa.
 Para Alasdair Macintyre (2001) foi o liberalismo moderno que rompeu os laços com a polis, com a comunidade política, e enfatizou a dimensão humana do individualismo. Mas antes mesmo do liberalismo moderno uma ruptura ainda maior entre a ética e a política foi promovida por um dos maiores pensadores italianos do período renascentista e início da modernidade: aquele que é considerado, precisamente, o pai da ciência política, a saber, Nicolau Maquiavel.
Até o início do século XVI, política e moral não constituíam campos separados; ao contrário, eram tratadas de forma indistinta, sendo as avaliações dos fatos políticos afetadas por julgamentos de valor. Algumas obras revelavam a redução total da política à moral, tal como se pode observar em A educação do príncipe cristão, de Erasmo de Rotterdam, livro publicado em 1515, no qual Erasmo traça o perfil do bom príncipe, enfatizando a relevância da magnanimidade, da temperança e da honestidade, enfim, de atributos definidores da retidão moral do soberano. Maquiavel rompe com essa forma de subordinação da política aos ditames da moral convencional e afirma que a política tem uma lógica própria e razões nem sempre compatíveis com princípios consagrados pela tradição (DINIZ, 1999, p. 61).
 Ao rejeitar os sistemas utópicos da filosofia grega e procurar a verdade efetiva dos fatos (MAQUIAVEL, 1999, cap. XV), Maquiavel promove certa ruptura entre o campo do dever ser (determinado pela ética) e a realidade dos fatos que é objeto de estudo da política. A principal preocupação de Maquiavel é o Estado: não o Estado ideal imaginado na República de Platão ou nas utopias dos filósofos renascentistas como Thomas Morus e Tommaso Campanella, mas o Estado real, concreto, seguindo a trilha inaugurada pelos historiadores antigos como Tácito, Políbio, Tucídides e Tito Lívio. Ao desvincular o Estado ideal do Estado real Maquiavel defende a autonomia da política em relação à religião e à moral cristã e promove uma ruptura entre aquilo que é e o que deveria ser (SADEK, 1995, p. 17-18). “Maquiavel reivindica a irredutibilidade e a autonomia da política, a política como um campo específico do saber, a exigir um enfoque também específico, distinto da moral, da ética e da religião” (DINIZ, 1999, p. 60). A análise política deve se ater à realidade concreta dos fatos, pautar-se pelos aspectos objetivos e reais que existem na sociedade devendo se desprender de considerações de caráter moral e religioso sobre como a sociedade deveria ser e de critérios valorativos expressos em um plano ideal. O argumento de Maquiavel consiste “[...] em admitir que a ótica do indivíduo e a ótica do Estado são distintas e que nem sempre o que é bom para o indivíduo é igualmente adequado para o Estado. Trata-se de dois sistemas de juízos não necessariamente coincidentes” (DINIZ, 1999, p. 61).
 Cumpre notar, todavia, que Maquiavel não advoga a rejeição de princípios éticos. Apenas irá defender a autonomia da política em relação a ética e que, se necessário, um Príncipe deve aprender a saber usar de artifícios estratégicos que conflitam com a moral cristã, por exemplo, se quiser se manter no poder. A ética maquiaveliana tem características distintas da tradição cristã, de alguma forma determina a conduta do príncipe, mas não é condição necessária da organização política já que, dependendo da situação, um Príncipe deve saber agir pelas leis ou pela força, devendo empregar adequadamente o homem e o animal (MAQUIAVEL, 1999). “Podemos lembrar ainda o conselho que dá aos príncipes, no cap. XVIII, ressaltando que devem reunir ao mesmo tempo as qualidades do leão e da raposa, isto é, a força e a astúcia, se quiserem ter sucesso na condução dos negócios do Estado” (DINIZ, 1999, p. 60).
 A questão da relação entre ética e política para melhor ser compreendida na obra de Maquiavel precisa levar em consideração O Príncipe e os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, isto porque a visão de um Maquiavel frio e analista, “preceptor de tiranos”, que separou a práxis política de qualquer moralidade se baseia principalmente na primeira obra, enquanto na segunda temos um defensor de valores republicanos que parece afastar Maquiavel da imagem “maquiavélica”.
 Não se trata tanto de uma separação entre ética e política, mas de considerar a autonomia da política em relação à ética e de que a política é portadora de sua própria moralidade que pode não coincidir com os valores da tradição.
 A questão, apontada por Guimarães (2013), por exemplo, tem a ver com a impossibilidade de compatibilizar a ética religiosa (sobretudo a cristã) ou princípios morais universais, com a política: “Princípios morais universais e avaliações éticas a priori não podem determinar o agir político” (GUIMARÃES, 2013, p. 150). E ainda: “O governante que se nega a tomar decisões que contraria aquela moral privada [do cristianismo] acaba por comprometer todo um bem que precisava atingir” (id., ibidem, p. 150).
 Maquiavel desloca a atenção do agente moral direcionando para o resultado de suas ações e a medida correta para o julgamento da ação política é a busca pelo resultado (é nesse sentido que podemos dizer, embora esta frase não se encontre literalmente na obra de Maquiavel, que os fins justificam os meios): “nenhum homem sábio censurará o emprego de algum procedimento extraordinário para fundar um reino ou organizar uma república” (MAQUIAVEL, Discorsi, I, 09 apud GUIMARÃES, 2013, p. 151). Ou ainda: “Cuide pois o príncipe de vencer e manter o estado: os meios serão sempre julgados honrados e louvados por todos” (MAQUIAVEL, 2001, XVIII, p. 85).
 No mundo da política, a obediência a valores éticos universais ou à moral cristã, por exemplo, pode ser fator de impedimento para a realização de determinados objetivos, por isso, conclui Guimarães (2013, p. 151): “para Maquiavel, a política tem seus próprios caminhos éticos. Na política podem ser permitidos atos que não seriam aceitos em nenhuma outra relaçãoentre os homens, dependendo da finalidade da ação e das circunstâncias para realizá-la”.
 De qualquer forma, com a "ruptura" promovida por Maquiavel, a ética vai cada vez mais se distanciando do campo da política e os filósofos modernos e contemporâneos vão cada vez mais tratando a ética de forma autônoma e independente da política, mas não sem exceções, como é o caso do filósofo do iluminismo francês Jean-Jacques Rousseau ou dos filósofos Hegel e Habermas: o primeiro em fins do século XVIII e início do século XIX e o segundo no século XX.
Ética e Política Hoje
 Embora nem sempre haja convergência entre as práticas políticas e os princípios morais, é fato hoje que a sociedade em geral está cansada de tantas notícias envolvendo escândalos de corrupção e posturas não condizentes com nossos representantes políticos (tanto na esfera do poder executivo quanto do legislativo) e clama por uma sociedade mais justa, no mesmo sentido em que desde a antiguidade Platão e Aristóteles já destacavam o importante papel que a justiça deve desempenhar para a vida em sociedade. Em um de seus pronunciamentos como candidato à presidência da República, Rui Barbosa afirmou: “Toda a política se há de inspirar na moral. Toda a política há de emanar da Moral. Toda a política deve ter a Moral por norte, bússola e rota” (apud NOGUEIRA, 1993, p. 350). Além disso, “a intensa crise política no país impõe que faça algumas reflexões sobre o problema da ética na política” (CHERCHI, 2009, p. 15).
 Para alguns há uma incompatibilidade inelutável entre ética e política e ambas devem ser consideradas em domínios opostos. Para outros “[...] há uma forte expectativa, particularmente nos regimes democráticos, de que os governantes se conduzam de acordo com critérios de probidade e justiça na administração dos negócios públicos” (DINIZ, 1999, p. 57). De qualquer forma é preciso considerar que o âmbito da esfera política não pode ser reduzido ao universo da ética e da moral, pois como afirma Frota (2012, p. 14): “Os valores políticos transcendem os valores éticos e o universo da política não pode ser confundido com o da ética”.
 Tanto a ética quanto a política são temas de uma longa tradição do pensamento filosófico e continuam a permear nossa realidade contemporânea por uma razão muito simples: não há como pensar a vida em sociedade sem valores morais e sem organização política. A questão é: as duas questões estão relacionadas ou devem ser tratadas de forma independente? Como vimos, ao longo da história, nem sempre os filósofos tiveram a mesma opinião sobre o assunto e ainda hoje esse tema é motivo de conflitos de ideias. Afinal, ética e política podem convergir entre si? “Podem ser ambos referidos a um mesmo termo de comparação, ou pertencem a universos incomensuráveis porque muito distantes? Pode-se responder de um e outro modo e articular a resposta de muitos modos diferentes” (BOVERO, 1992, p. 143). Para Cherchi (2009, p. 15), “a ética na política, diz respeito à conduta de cidadãos investidos em funções públicas, que como agentes públicos são responsáveis por manter uma conduta ética compatível com o exercício do cargo público para os quais foram eleitos”. 
 Por fim vale ressaltar que a sociedade contemporânea parece, de fato, cansada de ouvir falar de tantos escândalos na política e a apatia e até mesmo repulsa de muitos cidadãos pela política são a consequência direta da forma como a política é conduzida pelos nossos governantes. Mas nem todos os cidadãos ficam passivos diante dos problemas que envolvem a classe política. As mais recentes manifestações da população brasileira como as do ano corrente ou as de 2014 ou 2013 atestam isso. A sociedade está cada vez mais disposta a se mobilizar pela “moralidade pública”. Escândalos de corrupção envolvendo as mais importantes empreiteiras do país na famosa operação Lava-Jato, os esquemas de corrupção conhecido como Mensalão, e até mesmo décadas atrás, no conhecido “movimento pela ética na política” de 1992 que culminou com o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Melo demonstram o quanto a população está disposta a tomar as ruas se for preciso para acabar com a corrupção que assola o nosso país. Sabemos que muito há ainda por ser feito e que a corrupção, talvez, dificilmente tenha fim, já que são muitas as formas de manipulação, utilização e desvios de verba pública para beneficiar interesses particulares e partidários. Contudo, há nos corações e mentes de homens e mulheres sempre uma fagulha de esperança de que é possível viver numa sociedade mais justa e menos desigual. E é este sentimento que nos anima e nos move rumo a um futuro melhor.
 
 A Ciência 
 A Metafísica 
Metafísica de Aristóteles
A Metafísica é um conjunto de tratados aristotélicos que falam sobre conceitos como substância, forma, matéria e etiologia.
Metafísica é um conjunto de livros diferentes sobre o mesmo assunto escritos por Aristóteles. Andrônico de Rodes, um dos últimos discípulos do Liceu de Aristóteles, foi quem organizou e classificou esses escritos, dando a eles o nome pelo qual os conhecemos hoje. O quarto livro desses escritos traz, logo em seu início, as seguintes palavras:
“Existe uma ciência que considera o ser enquanto ser e as competências que lhe competem enquanto tal. Ela não se identifica com nenhuma das ciências particulares: de fato, nenhuma das outras ciências considera universalmente o ser enquanto ser, mas delimitando uma parte dele, cada uma estuda as características dessa parte.”
Essa definição de Aristóteles pode ser uma primeira e mais geral elucidação do que é Metafísica: uma área da Filosofia ou, como ele chamou uma ciência geral, uma espécie de ciência mestra ou ciência mãe de todas as ciências. Antes da classificação de Andrônico de Rodes, o próprio Aristóteles chamava os seus estudos de Metafísica de “Filosofia Primeira” por se tratar de um conjunto de conhecimentos independentes de qualquer atividade empírica e de qualquer experiência sensorial.
Enquanto as áreas do conhecimento, divididas em suas especialidades, estudam apenas uma determinada especialidade, ou seja, uma parte de toda a Metafísica seria responsável por estudar o todo. Podemos dizer, também de maneira geral, que a Filosofia é o estudo do ser enquanto ser, ou seja, é o estudo das relações de como as coisas são como elas se organizam racionalmente para além da vontade humana e da existência material do mundo.
Apesar de Aristóteles ser considerado um pensador sistemático que ficou conhecido por classificar as áreas do conhecimento no mundo antigo deveu reconhecer que existem relações entre tais áreas. Os estudos de Filosofia Primeira de Aristóteles relacionam-se, por diversas vezes, com a lógica aristotélica, que também é uma filosofia a priori ou um tipo de filosofia que independe da experiência sensível e da prática. Mais adiante, no livro quatro da Metafísica, Aristóteles diz que:
“é evidente, portanto, que a uma mesma ciência pertence o estudo do ser enquanto ser e das propriedades que a ele se referem, e que a mesma ciência deve estudar não só as substâncias, mas também suas propriedades, os contrários de que se falou, e também o anterior e posterior, o gênero e a espécie, o todo e a parte e as outras noções desse tipo.”
Noções como gênero, espécie, partes e todo não só aparecem na Metafísica, mas também no livro Categorias, um pequeno tratado de lógica escrito por Aristóteles. O trecho da Metafísica citado acima também nos aponta para temas centrais da Filosofia Primeira, ou Metafísica, que se dedicariam ao entendimento da noção de substância, que seria uma espécie de conexão que encaixa os objetos do mundo em suas respectivas formas metafísicos.
Teoria das quatro causas
A teoria das quatro causas baseia-se no princípio de causa e efeito, sendo, na verdade, o primeiro registro histórico desse princípio metafísico elógico, que também pode ser chamado de princípio da causalidade. Segundo o princípio da causalidade, para tudo o que acontece no mundo (efeito), existe um evento anterior que teria dado origem a ele (causa), com exceção do que Aristóteles chamou de “causa não causada”, que abordaremos a seguir.
Segundo a Metafísica aristotélica, existem quatro causas fundamentais que explicam a origem de tudo o que conhecemos no mundo. São elas:
Causa material: diz respeito à matéria da qual algo é feito, como o mármore em uma estátua de mármore, ou a madeira, em uma cadeira de madeira.
Causa formal: é a forma que um determinado objeto ou ser possui. Essa causa também é, de certo modo, a sua definição conceitual, visto que uma cadeira deve possuir a forma de cadeira, e uma estátua de mármore representando um deus grego, como Dionísio, deve ter a forma daquele personagem.
Causa final: como o próprio nome diz, essa causa diz respeito à finalidade ou à razão de existir de um determinado ser ou objeto. Pegando o exemplo da cadeira, a sua causa final é servir como assento.
Causa eficiente: seria aquilo que deu origem a um determinado ser ou objeto, ou seja, a sua causa primeira. No caso da estátua de Dionísio, a causa eficiente seria o escultor. No caso da famosa tela Monalisa, a sua causa eficiente seria o pintor Leonardo da Vinci.
Primeiro motor imóvel
A noção de primeiro motor imóvel, ou, simplesmente, motor imóvel, é, em suma, a causa não causada da qual falamos no tópico anterior. O filósofo escolástico Tomás de Aquino relacionou esse conceito de motor imóvel à ideia de Deus judaico-cristã, pois esse primeiro motor seria uma causa primeira de todas as causas, ou a origem de tudo, que não teria sido originada por algo ou alguém. O conceito de motor imóvel aparece no livro XII da Metafísica de Aristóteles e foi concebido por meio de um raciocínio de regressão intelectual.
Aristóteles, pensando no princípio de causalidade e na experiência prática que nos faz entender que tudo o que acontece tem um início, opera uma regressão de pensamentos e constata que, se entendermos que para tudo no mundo existe uma causa anterior, deve haver um momento inicial onde não haveria mais causas anteriores ou, caso contrário, cairíamos em uma espécie de loop infinito. Esse momento inicial, que causa movimento, mas não é movimentado por alguém, é o primeiro motor imóvel, ou aquilo que dá impulso, mas não é impulsionado.
Essa noção é uma das mais importantes da Metafísica antiga por ter o peso de explicar a origem primeira de todo o universo por intermédio de um raciocínio filosófico.
Substância, forma, matéria, ato e potência: 
Ao se distanciar das teses idealistas platônicas e das teses imobilistas de Parmênides, Aristóteles defrontou-se com um problema filosófico: o pensador concebe a existência de formas (que seriam ideais) e da matéria, que seria mutável. Ambas, na teoria do conhecimento aristotélica, são verdadeiras e possuem validade, ao contrário da concepção platônica de conhecimento, que seria composto, em sua verdade, apenas pelas ideias ou formas. A substância seria o elo de encaixe entre a noção de forma e a noção de matéria, ou seja, substância é aquilo que permite à matéria adequar-se a determinada forma. Porém, ao assumir que as formas são imutáveis e a matéria é mutável, haveria um problema de adequação das matérias às suas respectivas formas ou conceitos. Para resolver isso, Aristóteles introduziu a noção de distinção entre ato e potência.
Segundo o filósofo, todos os seres e objetos materiais existem em duas formas, uma atual e uma em potencial. Ato seria a forma atual, aquilo que a matéria é agora, e potência seria uma forma especial que a matéria guarda dentro de si, isto é, um “vir a ser” ou um “poder vir a ser”. Toda matéria atual pode transformar-se em suas potências. Quando um determinado ser transforma-se em sua potência, pode-se dizer que ele se atualizou, ou seja, transformou-se em uma nova matéria em ato.
Para exemplificar esse raciocínio, podemos tomar emprestada a ideia de que uma semente existe enquanto semente, ou seja, é semente em ato, mas ela também guarda uma potência dentro de si: a possibilidade de se tornar uma planta. Quando a semente brota e cresce, ela se atualiza, tomando uma nova forma e transformando a sua matéria.
 O Conhecimento e a Lógica 
 A Verdade e a Razão

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