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#4 A casa é o museu pág 22 
 Regina Silveira
#5 Minha querida boneca pág 26 
 Jô da Sucata e Lia Menna Barreto
#6 Que linha liga o meu 
 coração ao teu? pág 30 
 Mitti Mendonça
#7 Da terra ao prato pág 34 
 Jorge Menna Barreto 
 
#1 Mexendo o esqueleto pág 8 
 Maria Lídia Magliani 
#2 Vestígios dos dias pág 12 
 Marlies Ritter
#3 Sento, logo desenho pág 16 
 Zoravia Bettiol
#8 Caminhos coloridos pág 40 
 Bloco da Laje
#9 Me conta uma história? pág 44 
 Anna Flávia Baldisserotto
#10 Espalhando a palavra pág 48 
 Nervo óptico e Otacilio Camilo
1
a viagem
Viagem para Dentro de Mim é um livro. 
Também é um exercício do olhar, um universo 
coletivo, uma forma de se relacionar com o 
dentro-fora. Viagem para Dentro de Mim foi 
construído a oito mãos e em poucos meses, 
fruto do desejo de dar às famílias e crianças 
um pouco de alento nesse período excepcional 
em que estamos vivendo. À ordem do dia - 
fique em casa -, propomos: viva a casa. 
Viagem para Dentro de Mim reúne dez exercícios 
lúdico-reflexivos que buscam explorar a expressão 
artística através da investigação de materiais e 
experiências cotidianas presentes no ambiente 
doméstico, tendo como inspiração obras de 
artistas locais. O livro é dividido em três esferas 
- corpo, casa e cidade -, que não deixam de 
ser três grandes casas (há tantas casas quanto 
ideias sobre o que consideramos um lar).
Viagem para Dentro de Mim é um convite. Um aceno 
a vivermos nossos afetos, fazendo da casa espaço 
de troca e criação conjunta. Quantas coisas 
novas podemos encontrar nesse(s) território(s) 
tão comum(ns) a partir das lentes da arte?
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como usar esse livro
Viagem para Dentro de Mim é endereçado a 
crianças (de todos os tamanhos!) e também 
às suas famílias. Ele foi pensado para ser 
lido conjuntamente, convidando mães, 
pais e responsáveis a se engajarem nas 
criações propostas. Requer-se, sobretudo, a 
disponibilidade em acolher o que passa no 
mundo interno das crianças através de uma 
escuta ativa e participativa, fortalecendo 
os vínculos que nos unem, especialmente 
quando enfrentamos desafios juntos. Embora 
os exercícios não tenham sido pensados por 
faixa etária, acreditamos que ele pode ser 
melhor aproveitado por crianças a partir 
dos 5 anos. Aos adultos que irão ler este livro 
ao lado de uma criança, propomos algumas 
orientações de mediação das atividades:
> não almeje um produto final a partir da proposição 
dos exercícios; o foco deve ser o processo e as 
descobertas que fazemos a partir dele
> valorize as reflexões trazidas pela criança, elaborando 
novas perguntas a partir dos comentários tecidos por ela e 
instigando-a a compartilhar e registrar seu processo criativo
> ao fazer uso de materiais tradicionais, como lápis 
ou canetinha, busque explorá-los ao máximo, tanto 
em relação à aplicação usual que deles se faz como à 
possibilidade de experimentá-los de outras formas
> os exercícios são apenas um ponto de partida. 
incentive a liberdade e a autonomia da criança, dando-a 
espaço para seguir o exercício da forma que preferir, 
podendo, inclusive, subverter as orientações dadas e 
criar novas experiências a partir das propostas
> embora o livro seja voltado às artes plásticas, ele dialoga 
com outras múltiplas formas do fazer artístico, como a 
música, a dança e a culinária. explore essas intersecções, 
expandindo as possibilidades de experimentação 
> ao final de cada atividade, dedique um tempo para conversar 
sobre as criações realizadas, lembrando que a leitura dos 
trabalhos jamais deve ser feita a partir de aspectos formais da 
produção artística, como algo ‘certo ou errado’, ‘feio ou bonito’ 
> com relação às obras-inspiração para as atividades, sugerimos 
que pais, mães e professores que vierem a utilizar esse livro 
em sala de aula, pesquisem sobre o artista e sua produção, 
localizando os contextos histórico, social, político e artístico com os 
quais ele se relaciona (no perfil do instagram do projeto 
@viagemparadentrodemim é possível acessar o perfil de todos os 
artistas que integram o livro) 
Além das orientações de mediação, todas as atividades presentes no 
livro contém um ou mais materiais de apoio endereçado às crianças 
e aos adultos como forma de expandir as reflexões propostas.
4
Eu sou muito diferente do meu corpo
Ele é alto e magricela
Eu sou de outras maneiras
Ele caminha de frente
Eu, para todos os lados
Ele se banha em água
Eu, me banho com risadas
À noite ele dorme
Eu, em sonho me transporto
Ele fica mais velho
Eu, estou sempre no zero
Eu sou muito diferente do meu corpo
Mas entre todos, o escolho
Porque ele me deixa ver 
através dos seus olhos
Jorge Luján 
Meu corpo e eu
parte 1
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Antes de se comunicarem 
com palavras, as pessoas 
se expressavam através 
de movimentos corporais. 
Podemos dizer muito sobre 
como nos sentimos a partir 
dos movimentos do nosso 
corpo, sem necessidade de 
falarmos em voz alta. Como 
quando estamos felizes, e 
damos pulos de alegria! 
É o corpo expressando 
nossos sentimentos. 
Obra-inspiração: Mundaréu (2006) Artista: Maria Lídia Magliani
A dança é uma forma de 
arte baseada no movimento 
corporal. Ela está presente em 
diferentes situações da vida, 
dos rituais às festas. Quando 
dançamos, somos livres. 
Podemos dançar sozinhos 
ou acompanhados, com 
movimentos rápidos ou lentos.
Em Mundaréu (2006), obra da artista Maria Lídia Magliani, vemos 
uma série de partes do corpo humano, objetos e formas não 
identificáveis. Podemos imaginar que são corpos dançantes, em 
uma grande festa. Pensando na situação evocada pela pintura, 
começamos nossa viagem soltando o corpo, fazendo da sala, do 
quarto ou mesmo da cozinha nossa pista de dança.
material de apoio:
Inspirada na pintura de Maria Lídia, criamos uma playlist 
para ser a trilha sonora da sua dança, com músicas que são 
uma delícia para mexer o esqueleto. 
Convidamos a Luanda Dalmazo, historiadora da arte e 
autora da pesquisa intitulada ‘Maria Lídia Magliani: uma 
trajetória possível’ para falar um pouco sobre a artista e a 
obra Mundaréu. Para conferir o relato em vídeo, clique aqui.
Mundaréu (2006). Óleo sobre tela. Acervo do Museu Afro Brasil.
https://open.spotify.com/playlist/4Q3OfxglqjCzHgJ7Yb9v8H?si=fo3OQRSUS0KuwBjSfNYFRA
https://www.instagram.com/tv/CFlCzlBHsY9/
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exercício 1
Estabeleça um espaço de casa para 
ser a sua pista de dança. Pode ser 
o quarto ou a sala, ou ainda um 
lugar diferente, onde você nunca 
tenha dançado - dentro do box do 
banheiro, na área de serviço.
Observe com atenção o 
lugar escolhido. Ele é grande 
ou pequeno? Que tipos de 
movimentos consigo fazer 
dentro desse espaço?
Escolha uma música que você 
goste para ser a trilha sonora da 
sua dança. Você também pode 
experimentar dançar em silêncio.
Faça pequenos movimentos para soltar o 
corpo, como mexer o pescoço de forma 
circular, com cuidado, ou balançar os 
braços ao redor do corpo. Sinta o ritmo 
da música e, aos poucos, ative cada 
pedacinho do corpo, envolvendo todas as 
partes dele na sua dança.
Não fique parado no mesmo lugar! 
Aproveite o espaço escolhido para 
explorar cada canto dele na sua 
dança – seja esse espaço grande ou 
pequeno –, fazendo movimentos próximos 
do chão ou para cima, pulando.
Escolha uma parte do corpo 
para comandar a dança e ditar 
os movimentos do resto do corpo 
(ex: nariz, joelho, mão). Imagine 
que essa parte está te puxando 
e conduzindo todos os seus 
movimentos corporais.
Junto de alguém de sua família, 
experimente fazer uma dança a 
dois (ou três! ou mais!), criando 
movimentos que se combinam.
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Uma das coisas que mais 
fazemos em casa é tomar 
banho. Na hora de lavar os 
cabelos, alguns fios caem e 
vão embora pelo ralo. Quando 
penteamos os cabelos, é normal 
que alguns fios caiam também. 
Volta e meia encontramos eles 
perdidos pela casa, nossos e das 
pessoas que vivem com a gente. 
Onde será que eles vão parar? 
Obra-inspiração:Perdas (2019) Artista: Marlies Ritter
Observe o seu cabelo e o de sua 
mãe, pai, irmãos, avós. Você 
consegue perceber a diferença 
de um fio de cabelo seu e de sua 
mãe, por exemplo? Seu cabelo 
é igual ou diferente do dela? Há 
alguém na família com o cabelo 
parecido com o seu? Quantos 
tipos de cabelo podem existir?
Estamos tão acostumados 
com a presença desses 
fios que saem de nossas 
cabeças que muitas vezes 
não pensamos que o cabelo, 
além de ter funções próprias, 
como a de nos proteger 
dos raios de sol, também 
contam histórias sobre nós 
e nossos antepassados. 
Perdas (2019). Cabelos bordados em feltro.
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material de apoio:
No curta-metragem de animação Hair Love, vemos a 
história da menina Zuri e sua relação com seus cabelos. 
Tudo começa quando Zuri pula da cama, veste sua roupa 
de bailarina e decide transformar seus cabelos crespos 
em um arranjo de tranças. Assim como a obra de Marlies, 
Hair Love nos diz sobre os pequenos sentidos da vida 
contidos em situações cotidianas como pentear os cabelos.
1 Observe os materiais, marcas, vestígios e pistas 
presentes na sua casa, sobretudo aqueles que 
não costumamos dar tanta atenção ou que se 
perdem nas atividades do dia-a-dia, como os fios 
de cabelo. Pode ser mesmo um resíduo reciclável 
ou orgânico - cascas de alimentos, embalagens de 
produtos, saquinhos de chá.
2 Convide os demais integrantes da sua família a 
fazerem o mesmo exercício de atenção e busca. 
Peça que eles separem uma ou mais coisas que 
podem servir de material para uma futura criação.
3 Dedique um tempo para compartilhar os 
achados de cada um. Pergunte a si e às outras 
pessoas que estiverem com você: por que 
determinado material foi escolhido? O que nesse 
material despertou a sua atenção?
4 A partir da conversa e dos materiais 
encontrados, desenvolvam uma criação coletiva.
exercício 2Nossos fios de cabelo não 
caem somente quando 
tomamos banho ou o 
penteamos. Nas épocas frias 
do ano, como o inverno, é 
natural que os fios caiam 
com mais frequência. Se 
passamos por uma situação 
de estresse ou estamos muito 
sensíveis, nosso corpo sente 
e alguns fios podem cair. 
seu cabelo começou a 
cair. Ela passou a juntar os 
fios que se desprendiam, 
guardando eles em rolinhos 
dentro de uma caixa de 
sabonetes. Um dia, reuniu 
todos os rolinhos, e junto 
de um pedaço de feltro 
e de uma linha, construiu 
a obra Perdas (2019).
Quando a artista Marlies 
Ritter saiu da casa onde 
passou toda a sua vida para 
viver em um apartamento, a 
mudança foi muito difícil para 
ela. Por causa do estresse, 
Assim como Marlies fez 
com seus fios de cabelos, o 
que mais podemos inventar 
e construir a partir de 
vestígios e pistas presentes 
no cotidiano de nossa casa?
https://www.youtube.com/watch?v=kNw8V_Fkw28&feature=emb_title
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É provável que nunca 
tenhamos passado tanto 
tempo dentro de casa. Na 
maior parte do dia, ficamos 
sentados. Comendo, lendo, 
conversando, assistindo tv… 
Quanto tempo de nossas 
vidas será que passamos 
sentados? E quantas são 
as possibilidades de coisas 
que podemos fazer quando 
estamos assim, seja sob 
o sofá ou a cadeira? 
Em Sentar, Sentir, Ser (2006-
2015), a artista Zoravia Bettiol 
reflete sobre a passagem 
do tempo. Ela se fotografa 
em situações engraçadas, 
Obra-inspiração: Sentar, Sentir, Ser (2006 - 2015) Artista: Zoravia Bettiol
fazendo diferentes gestos, mas 
todos com uma característica 
comum: possíveis de serem 
feitos sentados. A partir da 
posição fotografada, a artista 
complementa a imagem 
com cenários, objetos e 
cores, misturando fotografia, 
desenho, pintura e colagem.
Tendo como inspiração 
a obra de Zoravia, esse 
exercício propõe a criação 
de um autorretrato onde 
apareçamos sentados. Esse 
autorretrato pode ser em 
desenho, pintura ou mesmo 
fotografia*. Além de nos 
desenharmos, é interessante 
que exploremos o espaço 
do entorno, inserindo 
elementos, cores e formas 
que conversem com o 
nosso autorretrato, como 
Zoravia faz em suas obras. 
Eu sou só aquilo que vejo? 
Como os outros me vêem? 
1
2 3
1 Estudar - série Sentar, Sentir, Ser (2006 - 2015). Fotografia e pintura acrílica. 
2 Trabalhar - série Sentar, Sentir, Ser (2006 - 2015). Fotografia e pintura acrílica. 
3 Criar - série Sentar, Sentir, Ser (2006 - 2015). Fotografia e pintura acrílica.
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1 Escolha um espaço de sua casa onde você possa se sentar. 
2 Separe um espelho, grande ou pequeno, e coloque-o na 
sua frente. Caso você não consiga mover o espelho de casa, 
coloque um banco em frente à ele, ou sente-se no chão. 
3 Passe um tempo olhando o seu reflexo no espelho, 
percebendo cada detalhe do seu rosto. Nesse exercício 
de auto-observação, repare em cada traço - olhos, boca, 
nariz. Não tenha pressa. (pense no exercício 2 do livro, onde 
falamos sobre fios de cabelo que contam histórias sobre 
nossa família. Tem algo do seu rosto que se pareça com o 
rosto da sua mãe ou do seu pai?) 
4 Passado esse primeiro momento de observação, separe os 
materiais que você irá utilizar para criar o seu autorretrato. 
Pense sobre como deseja se desenhar, brincando com as 
possibilidades de movimentos que você pode fazer sentado, 
assim como Zoravia faz em sua obra. 
5 Por fim, experimente colocar outros elementos, como 
cores e formas, ao redor do seu desenho, criando uma 
colagem a partir do retrato. Você pode desenhar o espaço 
da sua casa onde você se encontra ou inventar um novo 
cenário para ser o pano de fundo do seu autorretrato, 
como um lugar que você gosta de estar ou algum outro que 
desejasse que existisse. 
6 Depois de fazer seu autorretrato, que tal desenhar um 
retrato de outra pessoa da sua família? Convide alguém que 
more com você para uma sessão de desenho, em que um 
desenha o outro. 
exercício 3
material de apoio
Frida Kahlo foi uma artista mexicana que ficou 
conhecida pelos seus autorretratos. Ela sofreu um 
acidente ainda jovem, e teve que passar muito tempo 
de sua vida deitada. Como ela não podia se mover 
com tanta frequência, começou a pintar. Em episódio 
do podcast Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes, 
conhecemos um pouco sobre a vida e a obra de Frida.
Você já ouviu falar em selfie? Selfie é o nome em inglês dado 
para uma fotografia, geralmente digital, que uma pessoa 
tira de si mesma. A selfie nada mais que é um autorretrato! 
Antigamente, quando não existiam celulares nem mesmo 
câmeras, a pintura e o desenho desempenhavam a função 
de retratar as pessoas. Esse exercício de pintar ou desenhar 
alguém levava bastante tempo. Com o surgimento da 
fotografia, a prática da pintura de retratos acabou se 
perdendo. Que tal criar uma série de autorretratos usando 
diferentes suportes? Caso você tenha uma câmera ou um 
celular à disposição, experimente se fotografar em diferentes 
ângulos e cenários, fazendo poses ou caretas engraçadas. 
https://open.spotify.com/episode/5s00dxXekVUi8IkMXx6I0g?si=qWzqcbUYRtSnCnKHGObS-g
1918
Ela procura estudar o modo como a luz se distribui 
pelos cômodos a certas horas
e dar-se conta dos pontos de convívio entre o dentro e o fora
(...)
uma casa, uma membrana entre o corpo e a noite, 
um filtro para as formas do mundo
anteparo contra os golpes do dia, onde as vigas
se põem a cantar
ela aqui se sente mais exposta
mais exterior do que interior
como se a casa não fosse doméstica
como se morar fosse uma afronta
à intensidade do dia
Ana Martins Marques 
Como se fosse a casa (uma correspondência)
parte 2
2120
Fios de cabelo, espelhos, 
música, dança. Agora que 
ativamos nossos sentidos, é 
hora de olharmos com mais 
atenção para eles: os objetos. 
Nossa casa é cheia de objetos! 
A panela que usamos para 
cozinhar, as cadeiras que 
usamos para sentar, o pente 
para pentear, a tesoura 
para cortar. Dos maiores aos 
menores, quantos objetos 
será que uma casa só pode 
guardar?
Anamorfas (1990) é o nome 
dado a uma série de trabalhos 
da artista Regina Silveira, em 
que ela fotografa e desenha 
Obra-inspiração: Anamorfas(1990)
Artista: Regina Silveira (Porto Alegre/RS, 1939)
objetos cotidianos a partir de 
diferentes ângulos, brincando 
com a aparência das formas 
das coisas. Seus desenhos 
causam uma sensação de 
estranhamento, provocado 
pela representação de 
determinado objeto que em 
nada se parece com a imagem 
que temos dele. 
Se pararmos pra pensar, a ideia 
que temos de uma mesma coisa 
nem sempre é igual a das outras 
pessoas. Quando você pensa 
em uma xícara, por exemplo, 
que imagem lhe vem à cabeça? 
Experimente fazer essa pergunta a 
alguém da sua família e peça que 
cada um desenhe em detalhes a 
imagem que tem de uma xícara. 
Desenhe a sua também e compare 
os desenhos entre si. Será que as 
xícaras serão exatamente iguais?
Partindo dessa nossa relação 
com os objetos, propomos 
que você explore os objetos 
presentes na sua casa, 
descobrindo qual ou quais 
histórias eles carregam consigo.
material de apoio: 
o Museu das Coisas Banais, criado em 2014, busca 
preservar todo e qualquer objeto banal que tenha algum 
valor afetivo, pertencente a qualquer pessoa, como 
portadores de memória e formadores de identidade. 
O acervo do museu é inteiramente virtual, composto de 
eventos, lugares, pessoas, sentimentos, trecos, troços 
e coisas. No site, há uma espaço para você cadastrar 
seu objeto e integrá-lo ao acervo do museu.
Para ver a série Anamorfas, 
clique aqui
https://museudascoisasbanais.com.br/
https://reginasilveira.com/ANAMORFAS
2322
1 Olhe com atenção para os objetos presentes na sua casa e 
escolha um que tenha algum significado especial para você, 
como um brinquedo ou uma roupa que você goste. 
2 Analise as características materiais desse objeto. Ele é 
grande ou pequeno? Novo ou velho? Leve ou pesado? Que 
textura ele tem? Existe nele alguma marca do tempo ou do uso? 
3 Em seguida, pense sobre a história desse objeto. De onde ele 
veio? Quem o fabricou? Como esse objeto chegou até a minha 
casa? O que faz dele tão especial? O que ele diz sobre mim? 
4 Depois de investigar cada parte do objeto escolhido, faça 
uma releitura dele ou a partir dele, isto é, crie uma obra sua 
tendo como inspiração o trabalho de Regina. Você pode 
observar esse objeto de diferentes ângulos e sob diferentes 
luzes, desenhando-o em perspectivas diversas, como a artista 
faz. Além do desenho, experimente outras formas de brincar e 
se relacionar com o seu objeto, como: 
 
* Crie uma história fictícia para aquele objeto, registrando-a 
em detalhes. (Ex: um vestido que você goste e que, antes de ser 
seu, pertenceu a uma rainha que vivia num planeta distante) 
 
* Utilize esse objeto para algo que não foi designado, 
explorando suas possibilidades de uso para além do utilitário. 
(Ex: o que posso fazer com um pente além de pentear o cabelo?) 
Você já pensou em como certos objetos podem ser vistos como 
coisas banais ou sem importância para algumas pessoas e para a 
gente terem um significado muito especial? Uma coisa pode ser 
banal e ao mesmo tempo não ser, dependendo da relação que 
estabelecemos com ela. Um brinquedo que você ganhou de presente 
no seu aniversário de alguém querido, por exemplo. Para uma outra 
criança, pode ser um brinquedo qualquer, mas para você não, pois 
existe um valor afetivo. Esse valor dificilmente pode ser medido ou 
mesmo entendido por quem não o sente. E será que esses objetos 
especiais para você, sua mãe ou seu pai poderiam estar em um 
museu? O que torna um objeto valoroso, digno de ser preservado? 
exercício 4
5 Convide as outras pessoas da sua família 
a também escolherem um objeto que seja 
especial para elas. Façam uma roda de 
conversa e compartilhem as histórias sobre 
os objetos selecionados. 
6 A partir desses objetos, escolham um 
canto da casa para transformarem em um 
pequeno museu, onde ficam expostos os 
objetos mais especiais de cada um. 
2524
Na lista dos nossos afetos 
de infância, os bonecos 
ocupam um lugar especial. 
Eles são o centro de muitas 
de nossas brincadeiras, nos 
acompanham na hora de 
dormir ou quando vamos à 
escola. Às vezes nos apegamos 
a certos bonecos de tamanha 
forma que eles deixam de ser 
apenas brinquedos, tornando-
se amigos e fiéis companheiros. 
Você tem ou teve algum 
boneco que marcou a sua 
vida? Como ele se chama? 
De que modo se parece?
Certo dia, a artista Lia Menna 
Barreto resolveu fazer uma 
boneca para sua filha, que há 
pouco viera ao mundo. Desse 
primeiro gesto, Lia iniciou 
Obras-inspiração: Diário de uma Boneca e 
Zabelê Beremi Bambata – a Menina de Sucata 
Artistas: Lia Menna Barreto (Rio de Janeiro/RJ, 1959) 
e Jô da Sucata (Cachoeira do Sul/RS, 1974)
um hábito que manteria por 
mais de um ano: todos os dias, 
a artista ia ao seu ateliê e 
fazia uma boneca. Resistentes 
ou delicadas, tristes ou 
alegres, coloridas ou pálidas, 
cabeludas ou carecas. Para 
construí-las, a artista utilizava 
os materiais que tivesse em 
casa: papel alumínio, madeira, 
panos, pauzinhos de picolé. 
Ela recortava, costurava e 
remendava, dando a cada 
boneca características únicas. 
Desse exercício, gerou uma 
coleção de muitas bonecas 
(aproximadamente 400!), 
que participaram de uma 
fase importante de sua 
vida. Assim nasceu Diário 
de uma boneca (1998).
No livro Zabelê Beremi 
Bambata – a Menina de 
Sucata, a artista Jô da Sucata 
explora as possibilidades da 
arte com sucata através da 
literatura, pensando temas 
como a diversidade humana 
e a educação ambiental. 
Zabelê Beremi Bambata é 
a protagonista da história; 
uma menina que vive uma 
vida feliz com sua família. Em 
busca de novas aventuras, 
ela resolve criar amigos 
a partir de sucatas. Delas 
surgem uma infinidade de 
bonecos - palhaços, animais, 
seres fantásticos. O livro é 
um convite a explorarmos 
nossa imaginação e darmos 
nova vida a materiais 
que poderiam parar 
no lixo, criando nossos 
próprios bonecos.
Você sabe o que é um diário? Diário é um tipo de texto pessoal, 
geralmente em formato de caderno, onde escrevemos sobre 
sentimentos, pensamentos e acontecimentos da nossa vida. 
O diário, na maioria das vezes, é algo íntimo. Além de ser uma 
forma de registrarmos a passagem dos dias, ele permite que 
conversemos com nós mesmos através da escrita. Por que será que 
a artista Lia Menna Barreto deu nome de ‘Diário de uma boneca’ 
para a obra aqui mencionada? Será que é possível criarmos um 
diário que seja feito de alguma outra forma que não através da 
escrita em um caderno? Quais são as possibilidades de marcarmos 
a passagem do tempo e registrarmos os nossos sentimentos?
Jô, acima, e Lia, na segunda imagem, com 
suas criações
26
1 Separe tecidos, revistas, sucatas, brinquedos que 
já não são usados e outros materiais que estiverem 
disponíveis na sua casa. 
2 Com esses materiais em mãos, imagine o boneco 
que você gostaria de construir. Você pode começar 
desenhando o projeto do seu boneco no papel. 
3 Pense sobre cada detalhe do boneco - cor, tamanho, 
expressão. Busque referência em corpos não humanos, 
como bichos e plantas, para inspirar a criação do 
seu boneco. Não se atenha a padrões - o divertido é 
subvertê-los. Lembre-se: um boneco não precisa ter 
dois olhos, um nariz e uma boca. (Já imaginou uma 
boneca com orelhas na barriga e pés que são como as 
raízes de uma árvore?) 
4 Experimente criar uma história para esse boneco, 
dando a ele um nome e imaginando como seria a sua 
personalidade.
exercício 5
material de apoio:
Como trabalhar com bonecos para uma abordagem 
pedagógica multicultural e inclusiva discorre sobre 
a importância dos bonecos para a expressão dos 
sentimentos e construção de identidade das crianças. 
acima, Diário de uma boneca (1990), e abaixo, obras da Jô
https://educacaointegral.org.br/metodologias/trabalhar-bonecos-abordagem-pedagogica-multicultural-inclusiva/
https://educacaointegral.org.br/metodologias/trabalhar-bonecos-abordagem-pedagogica-multicultural-inclusiva/
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Registrar momentos especiais 
presentes no cotidiano e 
preservá-los é uma das 
principais intenções de 
quem tirauma fotografia. 
Tiramos fotos dos familiares 
e amigos, dos nossos animais 
de estimação, de viagens que 
fazemos durante as férias. 
Um tipo de fotografia que se 
popularizou há muitos anos é 
o retrato (falamos um pouco 
sobre ele no exercício 3, 
lembra?), de casais, crianças e 
famílias, que frequentemente o 
enviavam a parentes e amigos 
mais distantes. Os retratos de 
família também nasceram 
com o intuito de preservar a 
memória familiar ao longo do 
tempo. Geralmente reunidas 
em álbuns, essas fotografias 
permitem que cada família 
construa uma história de si 
mesma. Através dos álbuns, 
também podemos conhecer os 
rostos de nossos antepassados.
Em Irani (2017), obra da artista 
Mitti Mendonça, vemos a 
fotografia de uma mulher. Essa 
mulher é a tia de Mitti por parte 
de mãe, que era benzedeira. 
Obra-inspiração: Irani (2017) 
Artista: Mitti Mendonça (São Leopoldo/RS, 1990)
Irani foi um dos seus primeiros 
trabalhos baseados na história 
das mulheres de sua família. 
Mitti utiliza outros materiais 
para compor a obra, como 
lantejoulas e tintas, que 
conversam diretamente com 
a figura de Irani. É uma obra 
que fala de memória e afeto, 
convidando-nos a pensar sobre 
as pessoas que fazem parte de 
nossa família e como podemos 
ressignificar esses retratos 
familiares a partir da arte.
material de apoio: 
Que tal explorar o universo de outras artistas cuja poética 
conversa com o trabalho de Mitti? Rosana Paulino é 
uma artista, pesquisadora e educadora que também 
incorpora em sua obra memórias pessoais, pensando 
temas como identidade e ancestralidade a partir de 
referências da cultura afro-brasileira. Ela também utiliza 
as técnicas de bordado e fotografia em suas produções. 
veja: vídeo Ateliê da Artista: Rosana Paulino; 
entrevista ‘Ser artista negra: o olhar de Rosana 
Paulino sobre passado, presente e futuro’.
Outra artista que trabalha por meio da costura e do 
bordado é a mineira Sonia Gomes, que recria as tradições 
a partir de sua memória afetiva, construindo sua obra com 
aquilo que é rejeitado ou ignorado, emprestando uma 
nova vida a esses materiais. A partir de tecidos antigos, 
arames, rendas e linhas, Sonia borda e transforma.
veja: vídeo Ateliê da Artista: Sonia Gomes.
Uma das técnicas usadas em 
Irani é o bordado. No bordado, 
o pincel é a agulha, as tintas 
são a linha e a tela, o tecido. 
Mitti conta que essa técnica 
entrou na sua família há quase 
100 anos, a partir de sua avó 
Castorina. Através do selo Mão 
Negra Resiste, a artista busca 
valorizar a história do bordado 
em suas produções. Ao longo 
do tempo, essa técnica passou 
a estar diretamente ligada às 
práticas associadas ao gênero 
feminino e questões do ambiente 
doméstico. No bordado, as 
histórias de vida de mulheres 
e os saberes ligados ao fazer 
artesanal são reconhecidos 
e interligados. Através dele, 
elas narram e bordam suas 
histórias. Existe alguém na sua 
família que saiba bordar? Como 
essa pessoa aprendeu esse 
ofício? Há quanto tempo ele 
circula dentro de sua família? 
(No perfil do Instagram do 
Viagem para Dentro de Mim, 
compartilhamos na íntegra um 
relato de Mitti sobre a obra. 
Para conferir, clique aqui)
https://www.youtube.com/watch?v=lTdnSyqWv1A&feature=youtu.be
https://www.sp-arte.com/editorial/ser-artista-negra-o-olhar-de-rosana-paulino-sobre-passado-presente-e-futuro/
https://www.sp-arte.com/editorial/ser-artista-negra-o-olhar-de-rosana-paulino-sobre-passado-presente-e-futuro/
https://www.youtube.com/watch?v=JoHMrbEWnZ4&feature=youtu.be
https://www.instagram.com/tv/CFx5u71HKwk/
3130
1 Pergunte para alguém de sua família se existem álbuns 
ou fotografias familiares na sua casa. Juntos, separem 
essas fotos e reservem um tempo para olhá-las com 
calma, observando as figuras presentes e descobrindo 
qual o seu grau de parentesco com elas. 
2 Peça que sua mãe ou seu pai lhe conte as histórias 
dessas fotografias. Quem são as pessoas presentes nas 
fotos antigas de sua família? Como foram suas vidas? 
Quais histórias elas têm para lhe contar? O que elas 
podem lhe ensinar? (Ao olhar para essas fotos, pense nas 
redes em que estamos ligados, fazendo uma correlação 
com os exercícios 2 e 3, onde falamos sobre os fios de 
cabelo e os traços de nosso rosto que nos lembram de 
outras pessoas da família. Nas fotografias, é possível 
enxergar alguma semelhança entre você e algum 
antepassado? Há alguém na sua família que se pareça 
com você, com sua mãe, seu pai, seu irmão ou irmã?) 
3 Escolha uma ou mais fotografias de algum desses 
álbuns e convide sua família para fazer uma criação 
conjunta a partir dela(s). Experimente utilizar diferentes 
técnicas e materiais na sua obra, como a colagem, a 
pintura e o bordado, inspirando-se no trabalho de Mitti. 
Pense sobre como esses materiais conversam com a 
fotografia escolhida. 
exercício 6
Irani (2017). Acrílica, bordado e colagem.
3332
Se tem uma coisa que todo 
mundo gosta de fazer é 
comer. Descobrir sabores, 
inventar receitas, dividir uma 
refeição com a família ou 
com os amigos. Do preparo 
à hora de ir para a mesa, 
todas os momentos que 
envolvem comida costumam 
ser repletos de carinho. E 
antes de chegar a nossa 
casa, quais caminhos os 
alimentos percorrem?
Para a edição de 2016 da 
Bienal de São Paulo, uma 
grande exposição de artes 
que ocorre a cada dois 
Obra-inspiração: Restauro (2016) 
Artista: Jorge Menna Barreto (Araçatuba/SP, 1970)
anos no Brasil, o artista 
Jorge Menna Barreto 
construiu um restaurante. 
Nele, eram servidos apenas 
alimentos orgânicos 
vindos de comunidades de 
pequenos agricultores. Além 
das comidas, preparadas 
a partir de ingredientes 
cuidadosamente escolhidos, 
no restaurante podiam-se 
ouvir gravações de sons 
registrados em agroflorestas, 
dando aos visitantes a 
sensação de se estar 
em meio à natureza, na 
companhia de plantas e 
bichos. A ideia do artista 
era criar uma experiência 
completa sobre o ato de comer, 
envolvendo todos os sentidos 
do nosso corpo, pensando 
a alimentação como uma 
questão coletiva, ambiental, 
cultural e social. Isso porque 
nossos hábitos alimentares têm 
consequências e impactam 
diretamente o meio ambiente.
Você já parou para pensar 
de onde vem a comida? Do 
supermercado, da feira, da 
terra? Quem produz esses 
alimentos? De que forma eles 
são plantados e cultivados? 
Hoje, vemos crescer ao redor 
do mundo um modo de cultivo 
e produção de alimentos 
extremamente prejudicial 
à natureza, que acaba por 
reduzir a biodiversidade do 
nosso planeta e provocar 
desastres ambientais, como 
queimadas e desmatamento de 
florestas. Como alternativa a 
esse modelo, surgem iniciativas 
de pequenos agricultores 
que buscam estabelecer 
uma relação mais próxima e 
responsável com o alimento e 
com a natureza, respeitando 
os seus ciclos. Depois de 
cultivados e colhidos, parte 
desses alimentos viaja até às 
cidades para ser vendido em 
feiras de agricultura familiar.
Assim como em Restauro 
(2016), esse exercício propõe 
que criemos uma relação 
atenta com a comida, 
convidando-nos a refletir sobre 
nossas escolhas alimentares. 
Para ver o registro da obra 
Restauro, clique aqui
http://cargocollective.com/jorgemennabarreto/Restauro-32-Bienal-SP
3534
1 Pesquise as feiras ecológicas que existem na sua 
cidade. Há alguma perto da sua casa? Escolha uma 
delas e combine uma ida com a sua família. (No site 
feirasorganicas.org.br é possível localizar as feiras 
ecológicas da cidade de Porto Alegre) 
exercício 7
material de apoio:
Comida Que Alimenta, desenho animado sobre 
agroecologia, fruto do projeto Trabalho, Renda e 
Sustentabilidade no Campo. Com linguagem acessível, 
o vídeo aborda a importância de se valorizar a 
produção local, o comércio solidário, a agricultura 
agroecológica e a cultura das feiras, trazendo 
informações importantes para crianças e adultos. 
Guia Alimentar para a População Brasileira, um 
documento que reúne os princípios e as recomendações 
de uma alimentação adequada e saudável para 
a população brasileira,configurando-se como 
instrumento de apoio às ações de educação alimentar 
e nutricional no SUS e de outros setores. 
Comidas Sensoriais: aroma, textura e sabor para todo o 
lado - receitas gostosa de comidas características das festas 
juninas, umas das principais festas da cultura brasileira.
4 No momento da refeição, compartilhem 
suas impressões sobre os sabores presentes na 
comida. Para criar uma experiência completa, 
como Jorge Menna fez em Restauro, você 
pode escolher uma trilha sonora especial 
para acompanhar o momento da refeição, 
com alguma música ou som que você imagine 
combinar com a receita escolhida. 
5 Finalizada a refeição, observe os resíduos 
orgânicos provenientes dos alimentos que por 
algum motivo não foram utilizados na receita, 
como cascas e caroços. O que podemos fazer 
com o que sobra? (Lembre do exercício 2, em 
que a artista Marlies Ritter utiliza materiais 
provenientes de atividades cotidianas para a 
criação de seu trabalho)
2 Ao chegar na feira, observe com atenção a 
movimentação de quem passa. Perceba os sons e 
cheiros do entorno. Passeie pelas bancas e olhe 
as frutas e verduras disponíveis. Converse com os 
produtores e peça que eles lhe contem sobre o seu 
processo de plantio e cultivo. Pergunte como e com 
quem eles aprenderam a plantar. 
3 Em casa, pense em uma receita que você goste 
e convide sua família para um preparo coletivo, 
utilizando os alimentos provenientes da feira. 
https://feirasorganicas.org.br/
https://www.youtube.com/watch?v=z6xAkNPV3QI&feature=emb_title
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf
https://lunetas.com.br/comidinhas-sensoriais-diversao-e-sabor-para-todo-o-lado/
3736
(...)
Olha aquela bola
A bola pula bem no pé
No pé do menino
Quem é esse menino?
Esse menino é meu vizinho
Onde ele mora?
Mora lá naquela casa
Onde está a casa?
A casa tá na rua
Onde está a rua?
Tá dentro da cidade
Onde está a cidade?
Tá do lado da floresta
Onde é a floresta?
A floresta é no Brasil
Onde está o Brasil?
Tá na América do Sul
No continente Americano
Cercado de Oceanos
E das terras mais distantes
De todo o planeta
E como que é o planeta?
O planeta é uma bola
Que rebola lá no céu
Palavra Cantada, Ora Bolas
parte 3
3938
Quando você pensa na maior 
festa popular brasileira, qual 
nome lhe vem à cabeça? Difícil 
que não seja esse: carnaval. De 
norte a sul do Brasil, o carnaval 
movimenta multidões. Quando 
se aproxima o mês de fevereiro, 
preparamos nossa melhor 
fantasia e nos dirigimos às ruas 
para pular essa grande festa. 
Obra-inspiração: cortejo do Bloco da Laje Artista: Bloco da Laje
Em Porto Alegre, os cortejos 
pré-carnavalescos contam com 
uma presença especial: o Bloco 
da Laje, um coletivo teatral e 
movimento cultural urbano que, 
a cada ano, sai pela cidade 
buscando sua própria forma de 
brincar. Colorido e pulsante, o 
Bloco nos convida a celebrar a 
vida através de uma experiência 
artística compartilhada, onde 
cada um e cada uma se torna 
parte da festa. 
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4140
exercício 8
Pensando nesses movimentos coloridos de ir e vir entre bairros, 
ruas e vielas, esse exercício propõe que você construa um trajeto/
mapa pessoal e afetivo de Porto Alegre, como faz o Bloco da Laje 
em sua saída anual. Afinal, o que faz de Porto Alegre a sua cidade, 
além do fato de você morar nela? Qual relação você estabelece 
com esse lugar? Quais aspectos de Porto Alegre você gostaria 
de mudar e por que? Não seria a cidade nossa grande casa?
1 Pense sobre os pontos da cidade que ocupam 
um lugar especial no seu coração. Pode ser um 
parque que você goste de visitar, a casa de um 
amigo, a escola onde você estuda. Você pode 
registrar esses lugares em uma folha conforme 
eles vierem à mente, ou experimentar olhar para 
o mapa de Porto Alegre e anotar esses pontos a 
partir de cada bairro ou região. 
5 Crie um nome especial para o seu 
bloco de carnaval, pense sobre as 
cores das fantasias e nas músicas que 
você gostaria que fizessem parte do 
repertório da sua festa. 
2 Depois de anotar cada um dos lugares, 
desenhe a rota do seu cortejo. Escolha um 
ponto da cidade para começar e outro 
para terminar, escolhendo cada uma 
das paradas. Você pode procurar por 
um mapa da cidade e desenhar sua rota 
diretamente nele. 
3 Ao traçar o trajeto do seu bloco, pense 
sobre as características do entorno desses 
lugares. Como é o cenário dessas ruas? 
Existem mais prédios ou mais casas? As ruas 
são largas ou estreitas? Quando você pensa 
nesses pontos, que outras lembranças vêm à 
sua cabeça? Algum cheiro ou som familiar 
que você relacione a eles? 
4 Converse sobre esses lugares 
da cidade com as pessoas 
da sua família e as convide 
para também desenharem um 
mapa afetivo. Será que existem 
pontos iguais ou próximos 
com o seu? É possível que seus 
cortejos se encontrem entre um 
percurso e outro? 
material de apoio: A publicação O Glicério por 
suas crianças, fruto do projeto Criança Fala na 
Comunidade – Escuta Glicério, reúne relatos, desenhos 
e memórias de crianças sobre o bairro Glicério. 
A iniciativa é fruto do trabalho de educadores, 
urbanistas e psicólogos que, ao lado dos pequenos, 
elaboraram um mapeamento afetivo da região.
https://issuu.com/portalaprendiz/docs/publica____o-online-glic__rio-por-s
https://issuu.com/portalaprendiz/docs/publica____o-online-glic__rio-por-s
4342
Você já deve ter visto 
circular pela cidade aquelas 
carrocinhas que vendem 
churros, pipoca, algodão 
doce ou cachorro-quente. 
Já imaginou se existisse 
uma carroça que vendesse 
desenhos, fotografias e 
outras miudezas em troca 
de uma história? Essa é a 
aventura que A Carroça de 
Histórias Ambulantes vive 
pelas ruas de Porto Alegre.
A experiência começou em 
2007, a partir do desejo da 
artista e professora Ana 
Flávia Baldisserotto. Nessa 
carroça não circula dinheiro. 
Ela funciona assim: você 
conta uma história (qualquer 
história!) e, em troca, recebe 
um desenho, um cartão postal, 
uma fotografia – peças únicas, 
feitas de forma artesanal, que 
são oferecidas àqueles que 
sentirem de compartilhar sua 
história com A Carroça, que 
pode ser tanto falada quanto 
escrita. Todos esses relatos 
são incorporados ao acervo 
d’A Carroça, gerando uma 
microeconomia poética que faz 
circular pedaços de memórias, 
sonhos e experiências.
Obra-inspiração: A Carroça/Armazém de Histórias Ambulantes (2007 -) 
Artista: Ana Flávia Baldisserotto (Caxias do Sul/RS, 1972)
a ilustração acima foi retirada do site do projeto A Carroça
Para essa atividade, propomos 
que você seja a sua própria 
carroça de histórias ambulantes, 
oferecendo algo feito por você 
em troca de um relato (escrito 
ou falado). Quantas histórias 
não estão por aí esperando 
para serem contadas? 
http://www.historiasambulantes.com.br/
4544
exercício 9
1 Pense sobre onde, quando e com quem 
você vai iniciar sua busca por histórias. 
Você pode começar pela sua família 
e vizinhos, sejam eles de porta, rua ou 
bairro. Peça que eles te contem a história 
sobre como e quando eles se mudaram 
para o mesmo edifício/rua/bairro que 
você. Ligue para seus familiares e amigos 
que você não vê há bastante tempo.
(No exercício 8, propomos 
a criação de uma rota/mapa 
pessoal da cidade. Que tal 
construir um mapa afetivo do seu 
bairro a partir desse contato com 
os seus vizinhos? Com base nas 
histórias de cada um, você pode 
explorar mais da relação dessas 
pessoas com o entorno, quais 
percursos fazem parte do seu 
dia-a-dia, que lugares do bairro 
elas costumam frequentar, etc.) 
2 Elabore a sua moeda de troca - aquilo 
que você vai dar às pessoas em troca 
delas te contarem uma história. Ela pode 
ser material, como um desenho ou uma 
comida preparada por você, ou algo 
subjetivo, como um abraço ou uma dica 
de leitura. Dá até para pensar em algo 
relacionado à história contada, do tipo: 
a pessoa te conta determinada história e 
você faz um desenho inspirado nela, a serentregue como forma de retribuição. 
3 Crie um acervo dessas histórias. Reúna 
esses relatos compartilhadas com você 
e registre-os de alguma forma, em texto, 
áudio ou vídeo. 
material de apoio: 
 
A escuta é um encontro e a Rádio Carroça é um podcast 
nascido da vontade de registrar as escutas que permeiam 
o projeto Carroça de Histórias Ambulantes. Ao longo de 
oito episódios, a artista Ana Flávia Baldisserotto conta 
sobre a sua experiência de andar pelas ruas da cidade 
com uma banca de escuta e de trocas. O podcast é 
resultado da parceria entre o coletivo A Carroça, o Atelier 
Livre Xico Stockinger da Prefeitura de Porto Alegre e o 
grupo de pesquisa em Jornalismo Digital da Faculdade 
de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS. 
http://www.historiasambulantes.com.br/radio-carroca/
4746
Faça-você-mesmo. Um 
movimento que nos convida 
a fazer as coisas com nossas 
próprias mãos, de forma 
caseira, a partir de materiais 
que temos à nossa disposição. 
Por volta de 1950, o conceito de 
faça-você-mesmo se espalhou 
por vários cantos do mundo, 
sendo um grande aliado do 
movimento anti consumismo - ao 
invés de comprar, por que não 
criar? A ideia de construirmos 
algo com nossas próprias mãos, 
reaproveitando materiais 
cotidianos e inventando 
diferentes formas de fazer 
essas criações se espalharem, 
teve profundos reflexos nas 
artes plásticas e na música, 
expandindo suas fronteiras.
Obras-inspiração: cartazetes do Nervo Óptico 
e as caixinhas de fósforo de Otacílio Camilo 
Artistas: Nervo Óptico e Otacílio Camilo (Porto Alegre/RS, 1959 - 1989)
Em meados dos anos 1970, no 
Rio Grande do Sul, nascia o 
Nervo Óptico, um movimento 
de artistas de vanguarda. 
Durante pouco mais de um ano, 
o coletivo de artistas produziu, 
a cada mês, uma publicação 
em formato de pequenos 
cartazes, que eram distribuídos 
de forma gratuita. Esses 
cartazes continham trabalhos 
especiais de artistas do grupo 
ou convidados.
Algum tempo depois, surgia 
em Porto Alegre o Espaço 
N.O (em referência ao grupo 
Nervo Óptico), centro cultural 
alternativo que organizava 
uma série de eventos multi 
artísticos - cursos, palestras, 
concertos musicais, exposições 
- e por onde circulavam artistas 
de todo o canto. Mais do que 
tudo, o Espaço N.O funcionou 
como um lugar de encontro e 
experimentação, onde artistas 
se reuniam para compartilhar 
suas ideias e criações. 
Um dos artistas que 
frequentava o Espaço N.O 
era Otacílio Camilo. Ele 
adorava fazer experimentos 
com as artes visuais, a música 
e o teatro, utilizando diferentes 
técnicas e linguagens, como 
gravura, poesia, colagem 
e fanzines* para produzir 
obras que denunciavam 
questões sociais e políticas 
da época. Pensando em fazer 
suas produções circularem, 
Otacílio criou uma forma 
própria para distribuir seus 
trabalhos, com forte influência 
do movimento faça-você-
mesmo. Seus poemas e 
desenhos vinham em suportes 
inusitados, como caixinhas de 
fósforo e guardanapos.
*fanzine ou zine é um tipo de publicação despretensioso, 
de baixo custo e possível de ser feito em casa, cujo principal 
objetivo é ‘espalhar a palavra’ de suas e seus autores. 
1. Cartaz Nervo Óptico, nº 6 (1977). Fonte: 
Galeria Superfície. 
2. Sem título (1986). Objeto-xilogravura sobre 
caixa de fósforo. Acervo pessoal Hélio Fervenza.
http://www.galeriasuperficie.com.br/artistas/grupo-nervo-optico/fotos/
48
material de apoio: 
a matéria Zine de Criança fala sobre como a 
autopublicação de zines e as feiras de publicação 
independentes são uma deixa para criações colaborativas 
entre as crianças e suas famílias. A reportagem também 
contempla uma entrevista com Eleonora, uma menina 
de 12 anos criadora do zine independente EGG.
A Capitolina, revista online voltada a garotas adolescentes, 
disponibilizou em seu site dois conteúdos sobre criação de 
zines. Por que zine é tão daora? e Tutorial de Zines: parte 
II, reúne dicas e ilustrações que exemplificam diferentes 
tipos de dobradura possíveis de serem feitas com o papel.
exercício 10
1 Tire um momento para 
pensar sobre alguma ideia 
ou mensagem que você 
considere importante de ser 
passada adiante. Algo que 
você gostaria que outras 
pessoas vissem e soubessem, 
um assunto que seja do seu 
interesse e que você deseje 
compartilhar. 
Tendo como inspiração as produções independentes do grupo 
Nervo Óptico e do artista Otacílio Camilo, essa atividade 
propõe que você construa uma publicação sua. 
Qual mensagem você gostaria de espalhar por aí?
3 Defina o suporte da 
sua produção. Você pode 
escolher um suporte mais 
tradicional, como um 
cartazete, ao estilo das 
publicações do Nervo 
Óptico, ou algo inusitado, 
como as caixinhas de 
fósforo e os guardanapos 
de Otacílio Camilo. 
Use a criatividade. 
2 Depois de ter escolhido o seu 
tema, converse com sua família 
a respeito. Pense sobre a forma 
que você deseja passar essa 
ideia adiante - escrevendo um 
texto, fazendo um desenho. (Ex: 
caso o tema escolhido seja a 
importância de cuidarmos do meio 
ambiente, você pode optar por 
escrever um poema defendendo 
a sua ideia ou criar um desenho 
que simbolize essa mensagem, com 
alguma frase de efeito) 
4 Para fazer seu material, 
você também pode usar outras 
publicações, como um jornal 
da sua cidade. Dê uma olhada 
em algum jornal impresso ou 
digital e selecione uma imagem 
e/ou título de alguma matéria 
que chame a sua atenção. 
Você pode tanto se inspirar 
nessa matéria para criar a sua 
publicação, quanto utilizar 
elementos dela (recortando 
alguma imagem ou palavra do 
texto, por exemplo), brincando 
com os elementos e situações 
apresentadas. 
5 Caso você tenha uma 
impressora em casa e opte por 
fazer sua publicação em papel, 
escaneie e imprima algumas 
unidades do seu zine para 
distribuir aos seus vizinhos.
https://gente.globo.com/zine-de-crianca/
http://www.revistacapitolina.com.br
http://www.revistacapitolina.com.br/por-que-zine-e-tao-daora/
http://www.revistacapitolina.com.br/tutorial-de-zines-parte-ii/
http://www.revistacapitolina.com.br/tutorial-de-zines-parte-ii/
5352
Fernanda Marczak é graduanda 
em Relações Públicas na UFRGS, 
porém devaneia mais nos estudos 
de semiótica da moda, artes 
e cultura. Já trabalhou com 
produção de eventos e exposições 
e com criação de conteúdo para 
redes sociais. Hoje trabalha como 
stylist na FARM Rio. É fã de leituras, 
risadas e cozinhas coletivas, além 
de escrever sobre viagens no seu 
blog nas horas vagas. Aqui, foi 
responsável pela comunicação 
do nosso livro: planejamento, 
redes sociais e atendimento.
Maria Júlia Rêgo é recifense, 
graduanda em Design pela 
UFPE, mas hoje mora e trabalha 
em São Paulo. Nos fazeres 
gráficos, trilha um caminho 
mais próximo com o Design 
Editorial, tendo passado 
dois anos na redação do 
Suplemento Pernambuco e 
atualmente fazendo livros & 
outras peripécias no Estúdio 
Tereza Bettinardi. No Viagem, 
foi a responsável pela criação 
da nossa identidade visual, 
artes, ilustras e diagramação.
Kátia Vielitz estuda Pedagogia na 
UFRGS e é estagiária do Caps II 
HCPA, onde trabalha ministrando 
oficinas terapêuticas para jovens e 
adultos, mas também já trabalhou 
em escolas, casas colaborativas, 
grupos autônomos e projetos 
de extensão; se envolvendo com 
diversos coletivos que buscam 
criar brechas entre as estruturas, 
abrindo percepções para novas 
possibilidades de estar no mundo. 
Assim ela está aqui: é a outra 
metade do time de criação das 
atividades, junto com a Sofia. 
Pedagogicamente idealizam, 
buscam e criam juntas as 
atividades que formam o Viagem. 
Sofia Perseu é museóloga 
em formação pela UFRGS e 
trabalha com produção cultural 
e patrimônio, atualmente 
experimentando um pouco de 
tudo no Vila Flores, onde também 
coordena o núcleo educativo. 
Além de incursionar pela arte 
educação, tendo ministrado aulas 
de artes para pitocos na Casa 
Elétrica, é idealizadora do Orelha 
(@orelhalivros), onde pesquisa 
e escreve sobre literatura e 
sua relação com a vida. Neste 
livro, ela tambémse desdobrou 
entre o time de criação das 
atividades e as demandas da 
comunicação do projeto.
as mãos que construíram essa viagem
54
esse livro foi viabilizado através do Edital FAC Digital, da 
Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul em 
parceria com a Universidade Feevale, e feito entre agosto 
e outubro de 2020, durante a pandemia de Covid-19.
até a próxima!

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