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APOSTILA-CRIMINOLOGIA

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CRIMINOLOGIA 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
2 
 
Sumário 
 
Criminologia ................................................................................................... 4 
Surgimento da criminologia ......................................................................... 8 
1ª Escola: Clássica (1764)..................................................................... 10 
2ª Escola: Positivista (1876) .................................................................. 10 
3ª Escola: Criminologia Crítica .............................................................. 11 
4ª Escola: Científica Moderna ............................................................... 12 
Definição de criminologia para as escolas ............................................. 12 
Métodos da criminologia para as escolas ............................................. 13 
Objetos da criminologia para as escolas ............................................... 14 
Crime para o Direito Penal .................................................................... 14 
Crime para a Criminologia .................................................................... 15 
Direito X Criminologia ............................................................................ 15 
Objetos da Criminologia ............................................................................ 16 
Crime .................................................................................................... 16 
Criminoso .............................................................................................. 18 
Vítima .................................................................................................... 19 
Controle Social ...................................................................................... 21 
Finalidade da Criminologia ........................................................................ 23 
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
3 
 
 
 
FACUMINAS 
 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um 
grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
4 
Criminologia 
 
A criminologia é uma ciência interdisciplinar e empírica, que se ocupa do 
estudo do crime, do delinquente, da vítima e dos mecanismos de controle social. 
Assim, a criminologia se aproxima do fenômeno criminal com o intuito de entender 
sua origem, suas causas, individuais e sociais, suas consequências e o 
funcionamento das instâncias de controle. 
Enquanto o direito penal valora a 
sociedade, dizendo o que pode e o que 
não pode ser feito e prevendo a aplicação 
de sanções para o descumprimento das 
normas, a criminologia se encarrega de 
encarar o fenômeno de forma objetiva, sem 
conotação valorativa, sem mediação, sem 
julgamentos. Entre a criminologia e o 
direito penal se interpõe a política criminal, disciplina que está a todo tempo 
avaliando se o direito penal está cumprindo seus objetivos, sejam eles de proteção 
do bem jurídico, de prevenção ou de repressão. A política criminal oferece aos 
governantes opções concretas para bem equacionar a questão criminal. 
Na imagem representativa abaixo, colocamos a política criminal como uma 
ponte entre a criminologia e o direito penal, mas inserimos uma seta bidirecional 
conectando as disciplinas. Afinal, ao mesmo tempo em que a criminologia estuda a 
realidade e tenta compreender o crime, a vítima, o criminoso e o controle social, 
com isso fornecendo ao direito penal um arcabouço fenomenológico traduzido em 
opções concretas pela política criminal, o próprio direito penal molda a atuação das 
instâncias de controle social, que são objeto da criminologia. Uma disciplina 
conversa com a outra a todo tempo. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
5 
 
 
 
 
 
 
 
Para Shecaira, Criminologia pode ser entendida como: “Estudo e a 
explicação da infração legal; os meios formais e informais de que a sociedade se 
utiliza para lidar com o crime e com os atos desviantes; a natureza das posturas 
com que as vítimas desses crimes são atendidas pela sociedade; e, por derradeiro, 
o enfoque sobre o autor desses fatos desviantes” (SHECAIRA, 2012, p. 35). 
O campo de estudo da Criminologia é muito amplo, diferentemente da 
Dogmática Penal. A Criminologia observa de maneira ampla o crime em si, assim 
como a interação entre o criminoso, a vítima, o controle social e de que maneira tais 
fatores interferirão no exame do fenômeno criminoso. Não se examina, então, o fato 
criminoso isoladamente, mas em conjunto, como se observa do esquema abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
É possível 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
6 
perceber que a infração irá se relacionar com o autor do fato, com a vítima do crime 
e com os diferentes meios de controle social. Ao longo do curso, serão abordados, 
em momentos distintos, o exame do crime, o exame da vítima do crime, de que 
forma o estudo da vítima tem se alterado ao longo dos anos, também de que 
maneira o controle social tem se apresentado como uma forma de combate (sistema 
punitivo). 
A criminologia não possui, então, objeto próprio de estudo, uma vez que os 
elementos por ela estudados (o autor do fato, com a vítima do crime e com os 
diferentes meios de controle social) também são estudados por outras ciências, tais 
como a política criminal e o próprio direito penal. Entretanto, a principal diferença de 
abordagem trazida pela criminologia estaria no método utilizado para a explicação 
de tais elementos, uma vez que ela se utiliza, notadamente, de método diverso 
daquele verificado na dogmática penal. 
Um estudo completo do crime, portanto, exige uma análise ampla, em que a 
utilização de mais de uma forma de abordagem pode trazer resultados úteis de 
investigação. Desse modo, é possível falar na interdisciplinaridade, pois o objeto de 
estudo da criminologia ultrapassa os limites dessa disciplina, sendo estudado, como 
vimos, por algumas outras. Assim, todos os campos de estudo dialogarão com o 
mesmo patamar de importância. 
É importante notar que a maior parte dos autores define a criminologia como 
uma ciência. Ainda que essa não seja a visão absoluta da doutrina, a maioria dos 
doutrinadores veem um método próprio, um objeto e uma função atribuíveis à 
criminologia. É por isso que, mesmo entendendo a ciência como uma forma de 
procurar o conhecimento diversa daquela que pode existir a partir do senso comum, 
não se tem dúvidas em afirmar que a criminologia é uma ciência (SHECAIRA, 2012, 
p.36). 
Majoritariamente, a Criminologia é considerada ciência, tem objeto de estudo 
amplo, não possui um único método (a depender da corrente de pensamento que se 
adote), tem finalidades próprias que a destacam de outros campos do 
conhecimento. Contudo, há pensamento em sentido oposto. O pensamentode 
Augusto Thompson traz uma análise crítica à Criminologia, colocando que o 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
7 
criminólogo é um generalista. Thompson chega a discutir se o criminólogo não 
estaria cumprindo meramente a função de alardear informações extraídas do senso 
comum, em razão da abertura do estudo do crime. Por esta razão, para Augusto 
Thompson, a Criminologia não poderia ser considerada uma ciência propriamente 
dita pela falta de delimitação de seu objeto e pela falta de um método próprio de 
abordagem, ainda que seja importante para o estudo do crime. 
Salo de Carvalho tem uma obra sensacional chamada “Antimanual de 
Criminologia”. Nesta obra, Salo coloca que o grande desafio da Criminologia está na 
sua abertura para diálogo com outras fontes de saber, de maneira que o objetivo 
não seria criar modelos integrados de 
ciências criminais, mas, sim, modelos de 
integração de diferentes ramos. 
(CARVALHO, 2008) 
Se examinamos um determinado 
fato criminoso, é necessário ter uma 
abordagem que esteja atenta às 
peculiaridades deste campo de estudo. 
O estudo do crime a partir de um único ponto de vista e a partir de um único objeto 
caracteriza um estudo incompleto. A abertura objetiva e metodológica seriam 
características peculiares da Criminologia, justamente por esta ter como objeto de 
estudo o crime. 
Dentro da lógica interdisciplinar, afirma-se que a Criminologia é ciência. É um 
saber científico diferente da dogmática e das ciências exatas, mas continua sendo 
um saber científico social com suas peculiaridades. 
Como ciência do “ser”, não é uma ciência “exata”, que traduz pretensões de 
segurança e certeza inabaláveis. Não é considerada uma ciência “dura”, como são 
aquelas que possuem conclusões que as aproximam das universais. (SHECAIRA, 
2012). 
 
 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
8 
Surgimento da criminologia 
 
Na concepção de Newton Fernandes e Valter Fernandes, criminologia é o 
"tratado do Crime". A interdisciplinaridade da criminologia é histórica, bastando, para 
demonstrar isso, dizer que seus fundadores foram um médico (Cesare Lombroso), 
um jurista sociólogo (Enrico Ferri) e um magistrado (Raffaele Garofalo). 
Assim, além de outras, sempre continuam existindo as três correntes: a 
clínica, a sociológica e a jurídica, que, ao nosso ver, antes de buscarem soluções 
isoladas, devem caminhar unidas e inter-relacionadas. 
A criminologia radical busca esclarecer a relação crime/formação econômico-
social, tendo como conceitos fundamentais relações de produção e as questões de 
poder econômico e político. Já a criminologia da reação social é definida como uma 
atividade intelectual que estuda os processos de criação das normas penais e das 
normas sociais que estão relacionados com o comportamento desviante. 
O campo de interesse da criminologia 
organizacional compreende os fenômenos de formação 
de leis, o da infração às mesmas e os da reação às 
violações das leis. A criminologia clínica destina-se ao 
estudo dos casos particulares com o fim de estabelecer 
diagnósticos e prognósticos de tratamento, numa 
identificação entre a delinquência e a doença. Aliás, a 
própria denominação já nos dá ideia de relação médico-
paciente. 
O objeto da moderna criminologia é o crime, suas circunstâncias, seu autor, 
sua vítima e o controle social. Deverá ela orientar a política criminal na prevenção 
especial e direta dos crimes socialmente relevantes, na intervenção relativa às suas 
manifestações e aos seus efeitos graves para determinados indivíduos e famílias. 
Deverá orientar também a Política social na prevenção geral e indireta das ações e 
omissões que, embora não previstas como crimes, merecem a reprovação máxima. 
Quando nasceu, a criminologia tratava de explicar a origem da delinquência 
utilizando o método das ciências, o esquema causal e explicativo, ou seja, buscava 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
9 
a causa do efeito produzido. Pensou-se que erradicando a causa se eliminaria o 
efeito, como se fosse suficiente fechar as maternidades para o controle da 
natalidade. 
Academicamente a criminologia começa com a publicação da obra de Cesare 
Lombroso chamada de L"Uomo Delinquente, em 1876. Sua tese principal era a do 
delinquente nato. Já existiram várias tendências causais na criminologia. Baseado 
em Rousseau, a criminologia deveria procurar a causa do delito na sociedade, 
baseado em Lombroso, para erradicar o delito deveríamos encontrar a eventual 
causa no próprio delinquente e não no meio. 
 Um extremo que procura as causas de toda a criminalidade na sociedade e o 
outro, organicista, investiga o arquétipo do criminoso nato (um delinquente com 
determinados traços morfológicos). Isoladamente, tanto as tendências sociológicas 
quanto às orgânicas fracassaram. Hoje em dia fala-se no elemento biopsicossocial. 
Volta a tomar força os estudos de endocrinologia que associam a agressividade do 
delinquente à testosterona (hormônio masculino), os estudos de genética ao tentar 
identificar no genoma humano um possível "gene da criminalidade", juntamente com 
os transtornos da violência urbana, de guerra, da forme, etc. 
Topinard, 1879 – primeiro autor que usa o termo Criminologia (ainda que isso 
não signifique que seja um estudo criminológico). 
O reconhecimento da efetiva criminologia veio em 1885 com a obra 
“Criminologia” de Garofalo. Contudo, estudos sobre a questão criminal já eram 
desenvolvidos antes disso. Por isso, há três visões sobre a origem da criminologia: 
1ª corrente: 1764 – Reconhece que a criminologia surgiu com Beccaria, a 
escola clássica da criminologia. Os primeiros estudos criminológicos teriam surgido 
com ele segundo essa corrente. Essa corrente é defendida pelos criminólogos da 
reação social com perspectiva histórica para críticos como: Roberto Bergalli, Juan 
Bustos Ramirez. 
2ª corrente: afirma que os primeiros estudos criminológicos surgiram com 
Lombroso e outros adeptos da escola positivista. Isso seria no final do século XIX 
(1876). Garcia Pablos de Molina defende essa corrente. 
 
 
 
 
 
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3ª corrente: defende que os primeiros discursos criminológicos remetem ao 
final do século XV, em 1484, na inquisição. Quem adota esse entendimento é o 
Zaffaroni e o Nilo Batista. 
Não é possível falar em uma criminologia, uma vez que existem escolas com 
entendimentos absolutamente contrários dentro desta área científica. 
1ª Escola: Clássica (1764) 
 
É a de Cesare Beccaria que é influenciada pelo iluminismo e surge no final do 
séc. XVIII, relacionada com a transição do antigo regime para a modernidade. 
Também conta com o movimento codificador, a criação de um código penal (o que 
não existia na Idade Média onde o Estado era absoluto e exercia seus poderes sem 
limites). 
Essa escola também se caracteriza pela humanização das penas. Essa 
reforma que vai permear o sistema penal não está desconectada com o que está 
ocorrendo no mundo naquela época (o Estado absoluto tornando-se um Estado de 
Direito, a alteração de uma sociedade teocêntrica para uma sociedade 
antropocêntrica onde a igreja perde o poder e a razão passa a ser a explicação para 
as coisas, transição de um modelo feudal para um mercantilismo e posteriormente o 
surgimento da indústria, etc). 
Nessa escola há também uma priorização dos princípios penais. Pretende-se 
alterar as formas de punição, acabar com os suplícios, impedir processos sem 
defesa, etc. Essa escola é a base do Direito Penal moderno. 
 
2ª Escola: Positivista (1876) 
 
Cesare Lombroso é o principal adepto dessa escola. Neste momento, o 
mundo era permeado pelo cientifismo – as ciências passam a ganhar uma 
dimensão onde, um saber para ser respeitado e legítimo, precisava ser uma ciência 
e, para ter esse status, ele precisava poder ser comprovado através de experiências 
repetidas. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
11 
Outra questão importantefoi a contribuição de Darwin com a teoria da 
evolução. Lombroso afirma que criminosos (ou ao menos parte deles) representam 
uma parcela inferior de seres humanos. Isso foi importado pelo Brasil para 
desenvolver uma teoria que versava que os negros eram uma raça inferior e por 
isso eram mais propensos a cometer crimes. 
O movimento do positivismo filosófico também contribuiu para essa escola 
que busca uma explicação racional para entender a realidade. Essa escola trata do 
“criminoso nato”, aquele que nasce com propensão a cometer crimes, e isso poderia 
ser percebido através de aspectos físicos e psicológicos (que eram especialmente 
traços de muçulmanos e negros, diga-se de passagem). 
 
3ª Escola: Criminologia Crítica 
 
Surgiu na segunda metade do séc. XX na Europa. Um dos seus principais 
autores é Alessandro Baratta. Vários outros autores podem ser citados, tais como 
Juarez Cirino dos Santos, Nilo Batista, Vera Malaguti, Zaffaroni, etc. 
Referenciais teóricos que influenciaram essa escola: 
- Movimento pacifista, contra, principalmente, a guerra do Vietnã e a WWII. 
- Luta por direitos civis das mulheres, dos negros, etc do séc. XX. 
- Influência das ideias marxistas. 
A escola crítica aponta que todas as pesquisas criminológicas feitas antes 
desta escola tinham como característica a busca sobre as explicações de o que é o 
crime e que essa criminologia tradicional, então, estava presa ao chamado 
“paradigma etiológico”. 
Paradigma etiológico: etiologia é o estudo das causas. Buscava-se explicar 
as causas do crime. 
Essa escola afirma que um paradigma etiológico é problemático e que é 
necessário romper com ele, propondo um paradigma diferente – o paradigma da 
reação social. 
 
 
 
 
 
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Paradigma da reação social: de acordo com ele, o importante, a partir de uma 
visão crítica, não é buscar a raiz do crime mas sim entender os processos de 
criminalização – não é entender porque alguém praticou um crime mas sim porque 
essa pessoa foi criminalizada, alvo do sistema penal. 
De acordo com essa escola, o sistema penal está relacionado ao sistema 
econômico, afirmando que, ao longo da história, sempre foi assim – determinado 
modelo de punição sempre esteve a serviço de um determinado modelo de 
sociedade, fosse medieval, fosse o atual. Por exemplo, era importante punir os 
crimes contra a fé na época medieval para que a igreja fosse capaz de manter sua 
hegemonia. No capitalismo, há pessoas que não têm como ser empregadas e a 
prisão se tornou depósito das mesmas. Ou seja, a criminologia guarda relação com 
a estrutura econômica. 
 
4ª Escola: Científica Moderna 
 
O principal autor dessa escola é García Pablos de Molina. Essa escola 
defenderá a necessidade de políticas de prevenção ao crime e à violência, ou seja, 
implementação de programas ou políticas capazes de reduzir o crime e a violência. 
 
Definição de criminologia para as escolas 
 
Escola positivista 
 A criminologia é um saber sobre a questão criminal que busca uma visão 
interdisciplinar (sociologia, filosofia e direito) para entender como funciona o sistema 
penal e a questão criminal. 
Escola crítica 
A criminologia vincula o fenômeno criminoso à estrutura das relações sociais. 
O crime não é uma questão isolada, ele se insere numa estrutura de sociedade que 
é excludente, segregadora e opressora e, portanto, o modelo de punição está 
intrinsecamente ligado ao poder econômico. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
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Criminógeno – algo que produz crime, cria condições para que o crime se 
propague (ex. Prisões). 
Escola científica moderna 
Criminologia é ciência empírica e interdisciplinar com informação válida e 
segura relacionada ao fenômeno delitivo, entendido sob o prisma individual e de 
problema social como também formas de preveni-lo, portanto, o crime é um 
fenômeno humano, cultural e complexo. 
 
Métodos da criminologia para as escolas 
 
Escola clássica: método dedutivo 
 
Se entende o aspecto mais abrangente e depois se parte para o aspecto 
menor, micro. Saíam dos princípios do iluminismo para a conduta do criminoso. 
 
Escola positivista: método indutivoexperimental 
 
Se sai de um caso particular para explicar a parte geral. Verificava-se quem 
era que tinha praticado crimes, verificavam-se as características da massa 
carcerária e disso definia-se as características do criminoso. O problema dessa 
visão era que ela considerava como criminoso apenas aqueles que estavam presos. 
Escola crítica: método materialismo histórico dialético 
 
Materialismo porque esse método busca romper com o tradicional discurso 
idealista (explicar algo que não tem conexão com a realidade, é preciso trazer a 
explicação para o mundo real) e histórico porque essa análise é levando em 
consideração o contexto histórico no qual a explicação pretende se dar. Ainda, o 
“dialético” porque Marx propôs que o discurso deve sempre se pautar pela crítica 
para que não haja a reprodução acrítica e vazia de discursos. 
Na dialética, há uma tese (discurso inicial) que é refutada, contraposta por 
uma antítese (crítica) e dessa contraposição surgirá a síntese, a conclusão. 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
14 
 
Escola científica moderna: empirismo e a interdisciplinariedade 
 
Empirismo busca explicar algo com fundação numa experiência real, com a 
realidade social. 
 
Multi x Inter x Trans (disciplinariedade) 
 
Um ensino multidisciplinar é aquele onde há várias disciplinas mas elas não 
se comunicam. Na interdisciplinariedade as disciplinas se comunicam. Já na 
transdisciplinariedade não há a divisão entre as disciplinas mas sim a discussão de 
temas (Ex. Alguns mestrados e doutorados). 
 
Objetos da criminologia para as escolas 
 
Escola clássica: a preocupação principal da criminologia deve ser estudar o 
crime. 
Escola positivista: o objeto principal da criminologia é o criminoso e seu perfil 
físico e psicológico. 
Escola crítica: o objeto principal da criminologia é o controle social pois 
através dele se entende a dinâmica de funcionamento do sistema penal que 
encontra-se conectada ao sistema econômico. 
Escola científica-moderna: o objeto da criminologia serão todos aqueles 
estudados pelas escolas anteriores, inserindo-se também neste rol o estudo sobre a 
vítima (até porque essa escola trabalha a ideia de prevenção). 
 
Crime para o Direito Penal 
 
Há três conceitos sobre o crime para o direito penal. 
1º conceito – Formal: Crime é aquela conduta que colide com a lei penal. 
 
 
 
 
 
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2º conceito – Material: O crime é aquela conduta que possui uma 
reprovabilidade social, violando um bem jurídico valioso para a sociedade. Ou seja, 
lida com uma reprovação não só formal mas também social. 
3º conceito – Analítico: Crime é o fato típico, antijurídico e culpável. 
 
Crime para a Criminologia 
 
Para a escola clássica: o crime é um ente jurídico que prevê a reprovação de 
determinada conduta. 
Para a escola positivista: Crime consiste em uma qualidade do ato do 
delinquente, pois trabalham com a ideia de criminoso nato. O crime seria fruto de 
aspectos físicos e psicológicos pré determinados. É a ideia de um crime ontológico, 
não importa o fato importa o sujeito, é o chamado direito penal do autor (aquele 
indivíduo é propenso ao crime não estando em questão a conduta que ele pratica e 
sim o seu perfil). 
Para a escola crítica: a questão não é definir o que é crime mas sim os 
processos de criminalização. 
Para a escola científica moderna: o crime tem relação com a cultura e as 
estruturas sociais (a desigualdade é importante para a criminalidade por exemplo). 
 
Direito X Criminologia 
 
O direito é uma ciência normativa 
(“dever ser”), se refere a uma hipótese mas 
não algo concreto. A criminologia é uma 
ciência empírica (“ser”), lida com o mundo 
concreto. O direito possui um método dedutivo 
(partesede valores e princípios gerais para 
imputar a um particular, sai do geral e vai ao 
particular) e a criminologia possui um método indutivo (sai do particular para 
entender o geral, se analisa a realidade concreta a partir do sujeito). 
 
 
 
 
 
Faculdade de Minas 
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Para o direito, há uma base axiológica (valores – lida com bem jurídico, 
princípios, etc) e na criminologia há uma base ontológica (ontologia – estudo do 
objeto, não trata de uma análise normativa ou valorativa mas sim de fatos). O direito 
penal valora para ordenar (comportamento conforme à norma é o desejado devido 
ao X valor, bem jurídico, etc) e a criminologia observa para explicar (“analisando, 
verifica-se seletividade na aplicação da política criminal, etc”). Para o direito, se está 
no mundo dos valores (cultura) e para a criminologia há o mundo dos fatos. 
 
Objetos da Criminologia 
 
Quando se fala em objetos da criminologia, estuda-se o crime, o criminoso, a 
vítima e o controle social. O que foi visto anteriormente, então, será estudado agora 
de maneira mais detida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crime 
 
Para a Dogmática, em um sentido analítico, crime é fato típico + ilicitude + 
culpabilidade. Fala-se em sentido analítico porque, sobretudo em questões escritas, 
 
 
 
 
 
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é necessário um rigor técnico. Dogmaticamente, em um sentido analítico, trabalha-
se crime como fato típico, ilicitude e culpabilidade com toda aquela divergência com 
relação à presença ou não da culpabilidade na estrutura analítica de crime. 
O Código Penal, ao se referir às excludentes de culpabilidade, usa a 
expressão “é isento de pena” ao invés de “não há crime”, dando ensejo à discussão 
sobre a culpabilidade ser ou não uma categoria dogmática do crime no sentido 
analítico. Pode-se examinar, por exemplo, o conceito legal de crime definido na lei 
de introdução ao Código Penal. 
Então, no sentido legal, crime ou delito é infração penal punida com pena de 
reclusão ou detenção, contrapondo-se à contravenção penal que, por sua vez, é a 
infração penal para a qual a lei comina pena de prisão simples. Os conceitos 
analítico e legal de crime são diferentes. No plano legal não existe diferença 
ontológica entre crimes e contravenções, ambos são infrações penais (mesma 
essência). A diferença estaria na consequência jurídica prevista pela lei. 
 Deve-se observar a diferença do conceito 
de crime para a criminologia e para os demais 
campos do conhecimento. A criminologia entende 
o crime como um fenômeno comunitário e como 
um problema social. Para a criminologia, no 
entanto, como o crime deve ser encarado como 
um fenômeno comunitário e como um problema 
social, tal conceituação é insuficiente. 
O tratamento do crime deve ser pensado para a criminologia no sentido 
amplo, como um fenômeno que é ao mesmo tempo individual e social. A abordagem 
criminológica não se esgota na investigação do que é o crime. 
Para a criminologia, o conceito de crime passa por uma noção de saber (o 
que é o crime em essência) e por uma noção prática (o que leva a sociedade a dizer 
que determinada conduta é crime). Logo, parte-se também para uma justificativa 
política (natureza bifronte da criminologia), teoria e prática dentro da discussão de 
uma mesma pergunta. 
 
 
 
 
 
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Quando a criminologia estuda o crime o que vai examinar? O que se entende 
é que o delito representará a soma de uma série de fatores, como mostrado na 
figura abaixo. A depender da corrente criminológica pode ser que essa noção se 
altere, mas, em tese, o pensamento geral dentro da moderna criminologia é que a 
compreensão do crime passa pela compreensão da incidência de uma determinada 
conduta na sociedade, que provoca uma aflição social que perdura no tempo e, 
dentro deste contexto, existe consenso social no sentido de regrar aquele 
comportamento. 
 
Como se percebe, para uma determinada conduta ser criminalizada (uma das 
investigações da moderna criminologia), significa dizer que existe uma incidência 
massiva desta conduta na sociedade (Exemplo: roubo), ou seja, não pode o Estado 
se ocupar da criminalização de comportamentos pontuais que não afetam a 
sensação de segurança da sociedade. 
 
Criminoso 
 
Para o causalismo, o criminoso é entendido como o sujeito que goza de livre 
arbítrio, por isso que sua pena se fundamenta na retribuição do mal causado, sendo 
 
 
 
 
 
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esta pena por prazo determinado proporcional à gravidade do delito. Para os 
positivistas, fundamenta-se a prática da conduta criminosa por um viés determinista, 
e a aplicação da medida de segurança se volta para a prevenção de novos 
episódios e, além disso, possui prazo indeterminado. 
Vale lembrar aqui, que esse prazo de duração da medida de segurança é 
indeterminado pela redação escrita do Código Penal, muito embora 
jurisprudencialmente a matéria já tenha sido alterada. Já havia precedente do STF 
aplicando o limite temporal de 30 (trinta) anos para medida de segurança, mais 
recentemente há no STJ o entendimento de que a medida de segurança terá como 
prazo máximo de duração a pena máxima que está abstratamente cominada para o 
respectivo delito. 
O correcionalismo trabalha dentro de uma postura pedagógica e piedosa do 
Estado. De acordo com o correcionalismo, não existem criminosos incorrigíveis, 
mas sim criminosos não corrigidos pelo Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V
ítima 
 
De que forma a vítima interfere no processo de Criminogênese? Existem 
alguns conceitos que serão estudados aqui que, embora não sejam comumente 
 
 
 
 
 
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cobrados, são importantes de serem estudados, visto que o estudo da vítima tem 
sido ampliado no campo da criminologia e da vitimologia. 
Quando se fala em criminogênese, tradicionalmente, sempre se pensou na 
figura do criminoso como responsável pela ocorrência do evento criminoso. 
Contudo, em certa medida, a vítima pode ter alguma participação neste processo. O 
comportamento vitimal agressivo muitas vezes pode ensejar a prática criminosa, 
isso inclusive está contemplado em alguns elementos do Código Penal (Exemplo: 
art. 59 que determina que o juiz no momento da fixação da pena irá considerar o 
comportamento da vítima, dentre outros elementos). 
Além disso, no crime de homicídio, há previsão no art. 121, Parágrafo único, 
de causa de diminuição de pena que diz respeito ao criminoso que atuou sob o 
domínio de violenta emoção logo em seguida a uma injusta provocação da vítima. 
Supondo que uma pessoa bata em outra pessoa que, em resposta, mata quem o 
agrediu. Neste caso, não há legítima defesa, visto que houve excesso (legítima 
defesa só exclui a ilicitude quando a reação é proporcional à injusta agressão). 
Assim, houve um comportamento punível, criminoso, mas que ensejará 
diminuição de pena em virtude de um comportamento vitimal agressivo. 
Dependendo do caso, a vítima pode ter uma contribuição decisiva na 
criminogênese. Além disso, a criminologia e a vitimologia também estudam o 
processo de vitimização. Este processo passa por uma série de fases, se prolonga 
para além do sofrimento direto do comportamento criminoso. 
Os estágios da vitimização são: 
 
 
 
 
 
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Na vitimização primária tem-se a vítima sofrendo efetivamente o delito. 
Posteriormente, o processo de vitimização se prolonga, não para com o sofrimento 
em si do crime. Logo, pode-se falar em vitimização secundária (sobrevitimização), 
que se observa quando a vítima busca amparo das instâncias oficiais de controle e 
não encontra esse amparo (Exemplo: atenção cuidadosa na delegacia, vítima de 
descaso do Estado em um Processo Penal). Esta situação tem melhorado com as 
delegacias especializadas, sobretudo nos casos de violência doméstica. 
Tem-se também a vitimização terciária, que é o prolongamento do processo 
devitimização enfrentado pela vítima perante a sociedade na qual ela se insere, que 
passa a julgar o seu comportamento (exemplo: vítima de estupro questionada 
porque estava usando determinada roupa). Existe um julgamento social que é 
caracterizado como vitimização terciária. 
Existem alguns doutrinadores que mencionam também o processo de 
autovitimização, quando dentro do prolongamento do processo de sofrimento, a 
própria vítima começa a aceitar a ideia de que ela é culpada pelo delito que ela 
sofreu. 
 
Controle Social 
 
A figura abaixo traz o conceito de controle social no primeiro quadro. Para 
fazer com que os indivíduos cumpram as normas há instrumentos de controle social 
 
 
 
 
 
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informais (sociedade civil organizada) e formais (atuação do aparelho político do 
Estado). 
 
Quando se fala (o pronome relativo “quando” atrai o “se”) em controle social, 
analisando mais especificamente a política criminal moderna, pode-se perceber 
coexistindo dentro do próprio sistema político brasileiro traços minimalistas (previsão 
das penas restritivas de direitos e substitutivas à prisão; institutos descarcerizadores 
de da Lei 9.099 de 1995, como a suspensão condicional do processo e a transação 
penal; medidas mais vanguardistas como a justiça restaurativa recentemente 
regulamentada pelo CNJ na Resolução 225) e também medidas notadamente de 
encarceramento (rigor cada vez maior das penas; inflação das leis penais; largo uso 
do direito penal simbólico; utilização de situações excepcionais para legitimar 
medidas policialescas, Estado controlador e que tudo vê). Logo, há pensamentos 
antagônicos sobre como deve ser o controle social a ser desempenhado pelo 
Estado. 
É importante guardar que o controle social compõe o campo de interesse da 
criminologia e representa o conjunto de mecanismos que impedirão a prática de 
novas infrações. Este controle social será desempenhado tanto de maneira informal 
pela sociedade civil, quanto de maneira formal, por meio do Estado e suas 
instituições. 
 
 
 
 
 
 
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Finalidade da Criminologia 
 
A criminologia possui variadas finalidades ou funções, que estão interligadas. 
Uma das principais funções da criminologia reside no fornecimento de informações 
confiáveis para que o fenômeno criminal seja compreendido e para que possam ser 
realizadas intervenções preventivas. A criminologia se aproxima da realidade social 
sem valorá-la para conhecer e explicar como é o fenômeno criminal e para tentar, 
ademais, transformar a sociedade. 
Nesse ponto, lembre-se de que a criminologia não se preocupa 
especificamente em analisar a subsunção de uma conduta a um tipo penal. Isto é 
tarefa do direito penal. A criminologia tem por função conhecer quais os crimes que 
vêm sendo praticados, a razão do seu cometimento, o impacto deles na sociedade e 
nas vítimas específicas do caso, a consequência das penas para aqueles 
delinquentes, etc. 
 
Lembre-se de que a criminologia, para cumprir sua função, pode tentar 
compreender as causas do crime, e a isso se dá o nome de “etiologia”. No 
desempenho dessa função etiológica, deve-se considerar que o crime, na maioria 
das vezes, terá causas multifatoriais. Não se trata da existência de apenas uma 
 
 
 
 
 
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causa para o crime, mas sim da coexistência dinâmica de fatores sociais, biológicos, 
psíquicos, etc. 
Nessa sistemática de compreender a etiologia do crime, os profissionais da 
criminologia traçam perfis antropológicos, sociais, culturais ou psicológicos do 
criminoso. Esses perfis, somados a determinantes endógenas (interiores ao 
indivíduo) e exógenas (exteriores ao indivíduo), ajudam a criminologia a tentar 
compreender como se chegou ao cometimento do crime. 
No desempenho dessas funções, já deve ter ficado claro que a criminologia 
não desempenha um papel matemático. É uma ciência humana e, portanto, 
considera o ser humano em suas múltiplas facetas. Pode se utilizar de números – 
sobretudo em seu viés estatístico –, mas não se resume a eles e deles pode 
prescindir. Quando os dados estatísticos criminais são utilizados ou produzidos por 
profissionais da criminologia, eles servem de base para a análise de algum 
fenômeno criminal ou para mensuração das propostas de equacionamento do 
crime. Como um resumo do que apresentei até agora, podemos citar as palavras de 
García-Pablos de Molina, para quem a criminologia é uma ciência empírica e 
interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e 
do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma 
informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do 
crime – contemplando este como problema individual e como problema social –, 
assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de 
intervenção positiva do homem delinquente. 
Outra função importante da criminologia é fazer com que o direito penal 
dialogue com as demais ciências que tratam do fenômeno criminal. O crime é, 
sempre, um fenômeno complexo, resultado da interação entre humanos em 
sociedade. O direito penal se aproxima do fenômeno criminal valorando os aspectos 
da vida considerados graves, de forma normativa e dogmática. 
 
 
 
 
 
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Ao ter os mecanismos de controle 
social como objeto de estudo, a 
criminologia desempenha outra importante 
função: a de demonstrar a ineficácia do 
direito penal. A criminologia mostra que a 
prevenção criminal não é efetiva, que o 
sistema penal é estigmatizante e 
fundamental para que a etiqueta de criminoso seja atribuída a alguém de maneira 
efetiva. Nessa função, a criminologia demonstra que a seleção pelos mecanismos 
penais não apenas é ineficaz como ainda tem o condão de acelerar uma carreira 
criminal e consolidar o “status” de desviado. 
Ainda sobre as instâncias de controle social como objeto de estudo, a 
criminologia desempenha a função de demonstrar que a rapidez e a certeza da 
aplicação da sanção penal são mais importantes do que a sua gravidade. Sabe 
aquela sensação de impunidade que reina no Brasil? Pois bem, estudos 
criminológicos têm demonstrado que o mais importante para o fim dessa sensação 
não é a previsão ou aplicação de uma pena severa, longa, extensa, mas sim a 
existência de uma pena que seja aplicada de forma célere e certa. 
Especificamente em relação ao delinquente, pode-se afirmar que a 
criminologia é uma ciência que tem por função intervir no criminoso, para que ele 
não volte a delinquir, para que ele seja ressocializado. Nesse aspecto, pesquisas 
criminológicas têm demonstrado o potencial estigmatizante da pena privativa de 
liberdade e a importância das modalidades alternativas de cumprimento de pena, 
como as penas restritivas de direito e a pena de multa. Ademais, a criminologia 
ressalta a importância de o direito penal continuar apresentando traços de 
subsidiariedade e fragmentariedade. 
Em relação à prevenção do delito, as teorias criminológicas têm demonstrado 
como são importantes intervenções na sociedade que extrapolem a esfera penal. 
Não basta colocar polícia nos lugares onde há maior atividade delitiva. A depender 
do caso, podem ser necessárias ações diversionistas, como iluminar a área, 
remover detritos, instalar serviços, construir escolas e áreas de lazer, podar árvores, 
 
 
 
 
 
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alterar rotas de meios de transporte público, asfaltar vias públicas, apenas para 
mencionar alguns exemplos. Especificamente em relação à prevenção direcionada 
ao delinquente, são necessárias intervenções que forneçam melhora nas condições 
de vida e que, consequentemente, possibilitem sua reinserção. 
Outra função da criminologia é tentar fornecer uma análise totalizadora do 
delito. O crime é visto em todos os seus aspectos e não apenas como fato típico, 
ilícito e culpável.Interessa à criminologia não tanto a qualificação formal correta de 
um acontecimento penalmente relevante, senão a imagem global do fato e do seu 
autor: a etiologia do fato real, sua estrutura interna e dinâmica, formas de 
manifestação, técnicas de prevenção e programas de intervenção junto ao infrator. 
 Características da criminologia 
 
A criminologia desempenha, ainda, a função de demonstrar que o crime é 
problema de toda a sociedade, pois possui como causas, entre outros, fatores 
sociais e porque afeta toda a população de uma dada localidade, e não apenas a 
vítima direta. Cada vez que um crime é cometido e noticiado, cresce o medo da 
população, muda a maneira como as pessoas interagem com o espaço e com as 
demais pessoas, transforma-se a crença que os seres humanos depositam na 
norma e no sistema jurídico como um todo. 
Cuidando dos envolvidos no fenômeno criminal, a criminologia tem se 
preocupado em demonstrar a importância de mecanismos que pacifiquem as 
 
 
 
 
 
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situações que estão na base dos delitos. Desse modo, a criminologia objetiva 
colocar a vítima frente a frente com o delinquente em casos em que seja 
recomendado, para que não exista apenas punição, mas também diálogo, 
composição de prejuízos, reparação de danos e pacificação social. 
Destrinchando ainda mais a função, devemos explicitar que, ao realizar o 
fornecimento de informações válidas e confiáveis para que o fenômeno criminal seja 
compreendido e para que possam ser realizadas intervenções preventivas, a 
criminologia não pretende eliminar o crime. Deseja-se, sem dúvida, que o crime seja 
controlado, que se faça prevenção do delito, que o delinquente não volte a delinquir, 
que as taxas criminais diminuam. No entanto, dizer que a criminologia pretende 
acabar com o crime é inexato. Afinal, a criminologia reconhece o caráter perene do 
delito. Enquanto houver sociedade, haverá crime. 
Por fim, podemos afirmar ainda que a criminologia não pretende apresentar 
conclusões universais. Ela não é uma ciência “dura”, mas sim humana, e, como tal, 
apresenta um conhecimento parcial, provisório, fragmentado, fluido. O saber 
criminológico deve se adaptar à realidade local e às evoluções históricas e sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
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