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Apostila_curso_de_direito_2008_CULTURA_RELIGIOSA[1]

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Centro Universitário Católico Auxilium - Araçatuba 
 Cultura Religiosa 
 Profª. Aparecida S. P. Tocchio 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CULTURA RELIGIOSA 
 
 
A experiência religiosa: fenômeno e evolução histórica. O fenômeno religioso, com sua linguagem específica e com 
especial atenção à experiência religiosa individual: O aspecto social da religião e as funções que ela exerceu e exerce na 
transformação da sociedade com especial atenção à crise da religião na modernidade e às perspectivas contemporâneas. 
 
 
 
 
 
 
 
Profª. Cida Tocchio 
 
aparecida_tocchio@yahoo.om.br 
 
 
 Centro Universitário Católico Auxilium - Araçatuba 
 Cultura Religiosa 
 Profª. Aparecida S. P. Tocchio 
 
2 
Caro Universitário 
 
Primeiro seja bem sucedido no lar. 
Busque e seja digno da ajuda divina. 
Jamais comprometa sua honestidade. 
Lembre-se das pessoas envolvidas. 
Ouça os dois lados antes de julgar. 
Procure se aconselhar com os outros. 
Defenda os ausentes. 
Seja sincero e firme. 
Desenvolva uma nova habilidade por ano. 
Planeje hoje o trabalho de amanhã. 
Ocupe-se enquanto espera. 
Mantenha uma atitude positiva. 
Tenha senso de humor. 
Seja organizado pessoal e profissionalmente. 
Não tenha medo de erros, tema apenas à falta de respostas criativas, construtivas 
e capazes de superar os erros. 
Facilite o sucesso de seus subordinados. 
Ouça o dobro do que fala. 
Concentre todas as habilidades e esforços no trabalho que tem à sua frente, sem 
preocupar com o próximo emprego ou com sua promoção. 
Seja aluno dentro e fora da sala de aula e com certeza a recompensa será o mérito 
da aprovação. 
 
BOM SEMESTRE!!!
 
 Centro Universitário Católico Auxilium - Araçatuba 
 Cultura Religiosa 
 Profª. Aparecida S. P. Tocchio 
 
3 
A História do Lápis 
O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou: 
-Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco, vovó? E, por acaso, é uma 
história sobre mim? 
A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto: 
-Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais importante do que as palavras, é o 
lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse. 
O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial. 
-Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida, vovó! 
-Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você 
conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo. 
-Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que 
existe uma Mão que guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre 
conduzi-lo em direção à Sua vontade. 
-Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o 
apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas, no final, ele está mais afiado. 
Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor. 
-Terceira qualidade: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que 
estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, 
mas algo importante para nos manter no caminho da justiça. 
-Quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, 
mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você. 
-Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, 
saiba que tudo que você fizer na vida, deixará traços, e procure ser consciente de cada ação. 
“O tempo cura o que a razão não consegue curar”! 
 Sêneca(Lucius Annaeus Sêneca, melhor conhecido 
como Séneca, o moço, ou ainda, o filósofo classificado geralmente como estoico, nasceu por volta do ano 4 
a.C. em Córdova, na altura pertencente ao Império Romano, e morreu no ano 65 d.C. em Roma). 
 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%AAneca
http://pt.wikiquote.org/wiki/4_a.C.
http://pt.wikiquote.org/wiki/4_a.C.
http://pt.wikiquote.org/wiki/65
 
 Centro Universitário Católico Auxilium - Araçatuba 
 Cultura Religiosa 
 Profª. Aparecida S. P. Tocchio 
 
4 
 
 
 
 
 
 
Quem sou eu? 
Sou sua companhia constante. 
Sou seu maior ajudante ou seu mais pesado fardo. 
Eu o conduzirei ao sucesso ou o levarei ao fracasso 
Estou completamente a seu dispor e sob suas ordens. 
A maioria das coisas que precisar fazer pode passá-las a mim, 
porque estarei apto a fazê-las rápida e corretamente. 
É fácil lidar comigo, basta ser firme. 
Mostre-me exatamente como quer 
que algo seja feito e, depois de algumas lições, 
eu o farei de maneira automática. 
Sou o servo de todos os grandes seres e também, 
infelizmente, de todos os fracassos. 
Aos vitoriosos, eu os fiz vencer. 
Aos fracassados, eu os fiz fracassar. 
Não sou uma máquina, embora trabalhe com toda 
precisão de uma máquina e com a inteligência de um humano. 
Você pode me usar para lucrar ou para se arruinar. 
Não faz diferença para mim. 
Use-me, treine-me, seja firma comigo 
e eu colocarei o mundo a seu dispor. 
Esmoreça comigo e eu o destruirei. 
Quem sou eu? 
(Franklin Covey) 
 
 
 
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 Cultura Religiosa 
 Profª. Aparecida S. P. Tocchio 
 
5 
 
 
 
Eu, etiqueta 
(Carlos Drumond de Andrade) 
 
Em minha calça está grudado um nome 
que não é meu de batismo ou de cartório, 
um nome... estranho. 
Meu blusão traz lembrete de bebida 
que jamais pus na boca, nesta vida. 
Em minha camiseta, a marca de cigarro 
que não fumo, até hoje não fumei. 
Minhas meias falam de produto 
que nunca experimentei 
mas são comunicados a meus pés. 
Meu tênis é proclama colorido 
de alguma coisa não provada 
por este provador de idade. 
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, 
minha gravata e cinto e escova e pente, 
meu copo, minha xícara, 
minha toalha de banho e sabonete, 
meu isso, meu aquilo, 
desde a cabeça até o bico dos sapatos, 
são mensagens, 
letras falantes, 
gritos visuais, 
ordem de uso, abuso, reincidência, 
costume, hábito, preemência, 
indispensabilidade, 
e fazem de mim homem-anúncio itinerante, 
escravo da matéria anunciada. 
Estou, estou na moda. 
É doce estar na moda, ainda que a moda 
seja negar minha identidade, 
trocá-la por mil, açambarcando 
todas as marcas registradas, 
todos os logotipos de mercado. 
Com que inocência demito-me de ser 
eu que antes era e me sabia 
tão diverso de outros, tão mim-mesmo, 
ser pensante, sentinte e solitário 
com outros seres diversos e conscientes 
de sua humana invencível condição. 
Agora sou anúncio, 
ora vulgar, ora bizarro, 
em língua nacional ou em qualquer língua 
(qualquer, principalmente). 
E nisto me comprazo, tiro glória 
de minha anulação. 
Não sou - vê lá - anúncio contratado. 
Eu é que mimosamente pago 
para anunciar, para vender 
em bares festas praias pérgulas piscinas, 
e bem à vista exibo esta etiqueta 
global no corpo que desiste 
de ser veste e sandália de uma essência 
tão viva, independente, 
que moda ou suborno algum compromete. 
Onde terei jogado fora 
meu gosto e capacidade de escolher, 
minhas indiossicrasias tão pessoais, 
tão minhas que no rosto se espelhavam, 
e cada gesto, cada olhar, 
cada vinco de roupa 
resumia uma estética? 
Hoje sou costurado, sou tecido, 
sou gravado de forma universal, 
asio de estamparia, não de casa, 
da vitrine me tiram, me recolocam, 
objeto pulsante masobjeto 
que se oferece como signo dos outros 
objetos estáticos, tarifados. 
Por me ostentar assim, tão orgulhoso 
de ser não eu, mas artigo industrial, 
peço que meu nome retifiquem. 
Já não me convém o título de homem, 
meu nome novo é coisa. 
Eu sou a coisa, coisamente.
 
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 Cultura Religiosa 
 Profª. Aparecida S. P. Tocchio 
 
6 
 
 
 
As dimensões do homem 
 Dimensão Psico — Corporal 
 
Corpo: elementos químicos organizados que dão a estrutura corporal, humana: 
Tamanho, forma, sensibilidade, vida... Cuido deste corpo com muito carinho: 
alimentação, higiene, ginástica, trabalho, repouso, estética, medicina, satisfações... 
Alma (psique, mente, espírito), formada por: 
 VONTADE, capacidade de decisão, sede da liberdade; 
 AFETO, capacidade de amar e ser amado, sensibilidade afetiva com relação ao 
outro: pai, mãe, amigo, namorado(a); 
 RAZÃO, capacidade de conhecer, saber, descobrir, acumular e ligar 
conhecimentos, inventar, imaginar... 
 RELIGIOSIDADE, capacidade de buscar sempre algo mais, sentido para a 
vida, para os homens, para o mundo, capacidade de comunhão espiritual com 
Deus, filialmente, e com os outros, fraternalmente, capacidade de vislumbrar 
do pós — morte em vida nova... 
• Origino-me de um ponto minúsculo, a união de espermatozóide com o óvulo; 
• Sou chamado a crescer, crescer, corporal e espiritualmente; 
• Minha estrutura corporal com a morte é transformada; 
• Continuo existindo de outro modo (pela ressurreição), numa corporeidade espiritual. 
Dimensão Psico — Social 
Para existir preciso dos outros. Sem pai e mãe eu não existiria. Portanto, a família é o 
invólucro vital, não só para meu surgimento físico, mas sobretudo para minha 
sobrevivência e realização, o que implica forçosamente, por eu ser humano, em 
cuidados com relação à alma: afeto, educação, liberdade, inteligência... 
Além da família, e complementando-a, há o outro o amigo, o grupo, a pessoa amada) 
e todos os outros na minha vida. Sou um ser social. Necessito, absolutamente do 
outro. 
Sem amor, sem amizade, o ser humano não consegue ter paz, realizar-se sentir-se 
bem. Neste horizonte de necessidade do outro, situam-se também as coisas que são 
Automaticamente “humanizadas” por nós. Passam a fazer parte de nossa vida: água, 
terra, ar, animais, dinheiro, coisas, roupas, casa... 
O que dá a dimensão social, não é apenas o estar junto, o aglomerado, o ser da mesma 
espécie, E a dimensão psicológica. Um aglomerado de animais não forma sociedade. 
Macho, fêmea e filhote não dão uma família, pois lhes falta a dimensão específica que 
 
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 Cultura Religiosa 
 Profª. Aparecida S. P. Tocchio 
 
7 
a riqueza espiritual do ser humano tem e que possibilita a família: amor, vontade, 
inteligência... 
Dimensão Psico — Transcendental 
Há em mim, pelo fato de ser gente, um dado muito especial, único, entre os seres 
existentes e que dá às pessoa uma especificidade ainda maior e única: 
A busca consciente / da plenitude, do infinito /da realização/quero - vida plena amor 
pleno/ valor pleno... 
Não consigo, ficar prisioneiro da matéria, das limitações do espaço — tempo. Busco 
algo mais na raiz do meu ser, no destino da minha vida. 
sou um ser aberto ao infinito. Tudo em mim me evidência que estou crescendo de um 
ponto tão pequeno, de onde me originei, para o infinito, maior que minha família, que 
as coisas, o outro, a sociedade. E que envolve tudo... E é exatamente esta dimensão 
que sintetiza as demais dimensões, dá sentido a tudo, valoriza as limitações humanas 
porque revela nelas o “algo mais”... 
Por mais que durante a história da humanidade tenha havido tentativas sérias de 
eliminar a dimensão religiosa das pessoas e grupos, ela se tem revelado cada vez mais 
forte. Há muitos e muitos erros com relação à interpretação e vivência da dimensão 
religiosa, mas, apesar disso, ela continua a ser uma dimensão essencial do homem e da 
sociedade. 
 
 
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 Cultura Religiosa 
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8 
 Cultura Religiosa na Universidade 
 Luis Henrique Marques - Jornalista 
Há quem ainda se debata com a questão da existência de Deus — sobretudo agora com a 
pretensa atitude do homem em criar clones, quem sabe, humanos — e, por tabela, sobre o 
valor da religiosidade na sociedade. E não é só: a própria miséria humana já é motivo, para 
muitos, mais que suficiente para a descrença em Deus e a negação da religião. 
Pois bem, antes de tudo, é preciso que se diga o que muita gente já sabe ou deveria saber: 
Deus e a religião são realidades distintas. A primeira é perfeita e fim em si mesma; a segunda 
realidade, imperfeita — porque humana -, não é fim, mas meio através do qual se chega ao 
Infinito. Logo, fica quase óbvio concluir que a concepção e, em particular, o uso da religião são 
capazes de aproximar mais ou menos o homem de Deus e, por conseqüência, o homem de si 
mesmo e do seu semelhante. 
Ora, para compreender até que ponto as práticas religiosas — quaisquer que sejam — estão 
contribuindo para a relação equilibrada do homem consigo mesmo, com o outro e com Deus, é 
necessário que se reflita criticamente. E mais: é preciso desmistificar o fenômeno religioso na 
sociedade, de modo a superar antigas e retrógradas visões da prática religiosa, como também 
promover a sua “re-criação”, sempre mais sintonizada com a realidade do nosso tempo. 
Esses são pois, propósitos da reflexão teológica desenvolvida por muitas universidades 
confessionais junto aos alunos de todos os seus cursos. As disciplinas que abordam tal 
temática recebem nomes diversos, conforme a instituição: Teologia, Cultura Religiosa, 
Antropologia Filosófica, entre outros. O fato é que parecem ter uma primeira preocupação 
comum: orientar o universitário para a reflexão sobre Deus e sua relação com o ser humano. A 
seguir, vem a reflexão sobre a religião, conforme dito acima. 
E, evidente que o aluno do curso de Direito, FACCA, FATAN, Enfermagem, Fisioterapia, 
Administração, Turismo, Publicidade e Propaganda ou Engenheiros, em princípio, não esteja 
preocupado com esse tipo de reflexão. Daí, a sua natural resistência à disciplina. 
. Afinal, antes de ser profissional, o universitário é um ser humano e como tal busca a 
felicidade, razão e valor pleno para a vida. O que talvez ele não tenha se dado conta ainda é 
que na alma — campo por excelência na qual Deus se revela ao homem — reside toda a 
possibilidade de felicidade. Logo, se unir-se a Deus significa encontrar a felicidade, valer-se da 
religião para unir as realidades humanas e divinas, significa promover o encontro do homem 
com o valor pleno da vida humana. 
A experiência religiosa é verdadeira, sobretudo quando concreta. Enquanto for apenas 
discurso, é vazia e imatura. Por outro lado, o homem é um todo do qual faz também sua 
racionalidade. À reflexão teológica (aliada particularmente à filosofia) cabe sustentar e 
amadurecer a prática Religiosa. As conclusões às quais o aluno pode chegar a partir de sua 
reflexão íntima são de responsabilidade e interesse exclusivamente seus. 
 
 
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 Cultura Religiosa 
 Profª. Aparecida S. P. Tocchio 
 
9 
 
Introdução a TeologiaFrancisco Catão 
Na origem, o homem se entendia como fazendo parte de um conjunto dominado por forças que o envolviam 
completamente e condicionavam todos os passos de sua existência. Essa percepção de integração, mais do 
que de dependência, se traduzia na linguagem mítica, que até hoje serve para exprimir realidades 
fundamentais para o homem, como pessoa e para a sociedade. 
Contudo, a organização da vida terrena e a progressiva distinção entre um além ou um lá no alto, distinto do 
agora e do aqui em baixo, levam o homem a alimentar uma sensação de impotência, de separação, de 
fraqueza, de morte ou mesmo, de pecado, atribuindo o poder e a força às potências do alto, de que se sentia 
cada vez mais dependente. 
A subjetivação destas potências, de que as forças cósmicas seriam as expressões, leva a falar dos espíritos 
celestes ou dos orixás, que lá do alto encaminham os mortais pelas veredas, às vezes tortuosos desse mundo. 
Assim como aqui em baixo a unidade do grupo dependia de um chefe, verifica-se uma transposição dessa 
necessidade de unidade e de chefia para as potências do além, de um espírito supremo, um Deus. Sem que 
se possa generalizar, os dados que possuímos não nos autorizam a falar nem de monoteísmo, nem de 
politeísmo. Verifica-se uma simples transposição para o mundo do alto e do além, das necessidades 
experimentadas na vida terrena. Esta, aliás, por sua inversão compreensível, acaba sendo concebida como 
reflexo e imagem do além, de que dependeria em todos os seus momentos e em todos os seus valores. 
A grande ruptura desse paralelismo céu - terra, que conferia ao monarca o papel de representante de Deus, 
teve lugar na manifestação religiosa propriamente monoteísta, que caracteriza o fenômeno religioso judeu. 
Deus se revela a Moisés como totalmente outro. Seu poder não é como o deste mundo, nem passa pelo 
monarca, mas pelo povo, uma tribo odiada e oprimida. Moisés se torna o arauto de uma nova teocracia, não 
representada pelo Rei, mas pelo reconhecimento do Altíssimo, a que estão sujeitas todas as coisas, e, por 
conseguinte, toda vida e todo o universo. O Senhor é Aquele que é inominável, de quem dependem tudo e 
todos. 
O monoteísmo hebraico é um fenômeno religioso absolutamente original que se impõe através de duas notas 
essenciais: Deus é Senhor absoluto de todas as coisas e, nesse sentido, a religião é, por natureza, universal. 
Tudo e todos estão totalmente submissos a Ele. 
Mas, nem por isso Ele não se impõe. Não oprime nem escraviza o homem, que dele se deve aproximar, na 
liberdade da fé e no acolhimento do seu chamado. O nascimento no seio do povo eleito não é uma garantia de 
salvação, mas uma exigência de fidelidade, que muitas vezes foi rompida com graves conseqüências para os 
faltosos e para todo o povo. 
No contexto desse fenômeno religioso maior, que é o judaísmo, se apresenta Jesus. Ele vem como filho de 
Deus, não porém na autoridade do inominável, mas como um dos nossos, feito homem de carne e osso, 
nascido, como todos nós, de uma mulher. O monoteísmo é mantido, mas a religião ganha um novo centro, a 
relação interpessoal, pois o Filho, consubstancial ao Pai, se encarnou e se fez um de nós. 
O cristianismo abriu assim um novo capítulo na história religiosa da humanidade. O homem se realiza como 
homem e encontra um sentido para sua vida, na prática da justiça e da solidariedade, seguindo o caminho 
indicado e aberto por Jesus. O ungido de Deus é o Filho, que, porém, não vem como um monarca, para 
submeter todas as coisas, mas como um de nós, como servidor comprometido com os pobres e os oprimidos, 
mostrando o caminho da justiça e da fraternidade, como a via que conduz ao reino e à salvação. 
 
 Centro Universitário Católico Auxilium - Araçatuba 
 Cultura Religiosa 
 Profª. Aparecida S. P. Tocchio 
 
10 
O fato cristão relativizou a religião. A instituição e as práticas religiosas passam a ter como invariante e 
principal critério, não tanto o reconhecimento de Deus, inscrito na componente religiosa do homem, mas o 
reconhecimento do outro e a prática, na liberdade, da verdade, da justiça e do amor, em sociedade. 
Sem cristianismo não haveria igreja nem, muito menos, pluralismo religioso. A religião se basearia sempre 
num dado que se imporia ao homem, nem que fosse, apenas radicalmente, como a pertença ao povo eleito. 
No cristianismo, somos nós que construímos a Igreja, que estruturamos a religião a partir de nossa fidelidade 
no amor, que está na base da sociedade e é expressão suprema da liberdade. 
O Evangelho é palavra de libertação, inclusive religiosa. Na expressão de Gauchet, o cristianismo é a religião 
da superação da religião. 
E verdade de que ao examinar o cristianismo, percebe-se que os cristãos se deixaram profundamente 
influenciar pela inércia cultural do pensamento grego e das instituições romanas. Constituíram uma ortodoxia e 
um império cristãos, que trazia, porém, em seu bojo, os fermentos de um despertar da razão e da 
subjetividade humanas, chamadas à auto-realização na liberdade e na prática do amor. 
 
Teologia 
 
Teologia, em seu sentido literal, é o estudo sobre Deus (do grego θεóς, theos, "Deus"; + λóγος, logos, 
"palavra", por extensão, "estudo"). Como ciência tem um objeto de estudo: Deus. Entretanto como não é 
possível estudar diretamente um objeto que não vemos e não tocamos, estuda-se Deus a partir da sua 
revelação. No Cristianismo isto se dá a partir da revelação de Deus na Bíblia. Por isso, tamb 
ém se define "teologia" como um falar "a partir de Deus" (Karl Barth). 
Este termo foi usado pela primeira vez por Platão, no diálogo A República, para referir-se à compreensão da 
natureza divina por meio da razão, em oposição à compreensão literária própria da poesia feita por seus 
conterrâneos. Mais tarde, Aristóteles empregou o termo em numerosas ocasiões, com dois significados: 
 teologia como o ramo fundamental da ciência filosófica, também chamada filosofia primeira ou ciência 
dos primeiros princípios, mais tarde chamada de metafísica por seus seguidores. 
 teologia como denominação do pensamento mitológico imediadamente anterior à Filosofia, com uma 
conotação pejorativa, e sobretudo utilizado para referir-se aos pensadores antigos não filósofos (como 
Hesíodo e Ferécides de Siro). 
Santo Agostinho tomou o conceito "teologia natural" da obra Antiquitates rerum humanarum et divinarum, de 
M. Terêncio Varrão, como única teologia verdadeira dentre as três apresentadas por Varrão: a mítica, a política 
e a natural. Acima desta, situou a teologia sobrenatural (theologia supernaturalis), baseada nos dados da 
revelação e, portanto, considerada superior. A teologia sobrenatural, situada fora do campo de ação da 
Filosofia, não estava subordinada, mas sim acima da última, considerada como uma serva (ancilla theologiae) 
que ajudaria a primeira na compreensão de Deus. 
Teodicéia, termo empregado atualmente como sinônimo de teologia natural, foi criado no século XVIII por 
Leibniz, como título de uma de suas obras (chamada "Ensaio de Teodicéia. Sobre a bondade de Deus, a 
liberdade do ser humano e a origem do mal"), embora Leibniz utilize tal termo para referir-se a qualquer 
investigação cujo fim seja explicar a existência do mal e justificar a bondade de Deus. 
Na tradição cristã (de matriz agostiniana), a teologia é organizada segundo os dados da revelação e da 
experiência humana. Estes dados são organizados no que se conhece como Teologia Sistemática ou Teologia 
Dogmática. 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deus
http://pt.wikipedia.org/wiki/Grego
http://pt.wikipedia.org/wiki/Logos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revela%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristianismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%ADblia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Barth
http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Raz%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Poesiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hes%C3%ADodo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fer%C3%A9cides_de_Siro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Santo_Agostinho
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_natural
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teodic%C3%A9ia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gottfried_Wilhelm_Leibniz
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Humana
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_Sistem%C3%A1tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_Dogm%C3%A1tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_Dogm%C3%A1tica
 
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11 
 
ANTROPOLOGIA CRISTÃ 
 
A missão da Igreja dirige-se às pessoas, povos, nações e culturas. Enfim à pessoa humana, homem e mulher. 
Este homem/mulher “é o primeiro caminho que a Igreja deve percorrer no cumprimento da sua missão: ele é o 
primeiro e fundamental caminho da Igreja, caminho traçado pelo próprio Cristo”. 
Sendo missão da Igreja se dirige as pessoas humanas, reais, concretas, histórias e a antropologia é o estudo 
sistemático do ser humano, ter um conhecimento fundamental desta ciência é um dever obrigatório de todo o 
missionário (a). 
A antropologia (“antropos” = homem e “logos” = palavra, estudo) ocupa-se das questões fundamentais do ser 
humano: quem é, qual sua origem e seu destino, como se comporta e porque se comporta de uma forma ou 
de outra. 
A antropologia é uma ciência de coordenação. Não é o resultado de partes de cada tipo de ciência, mas uma 
ciência no sentido pleno. Ela tem um conteúdo bem determinado: a nossa humanidade. 
O significado físico, biológico, cultural, social, psicológico e espiritual do ser humano é estudado com a 
finalidade de chegar a uma imagem mais completa possível e integrada do que entendemos por “pessoa”. É a 
“ciência por excelência”. Tenta compreender o ser humano (homem/mulher) de forma total, completa 
(holística). 
A antropologia olha a humanidade como um todo. Por isso, é a ciência coordenadora do ser humano (não só 
sob o aspecto físico, biológico, psicológico, social, histórico...). Evita o erro dos quatro cegos da antiga fábula 
indiana, em que cada um descreve como é o elefante a partir de sua percepção: 
– O 1° abraçou as pernas e achou que o elefante é como uma árvore; 
– O 2º tocou a barriga: ficou convencido que ele é semelhante a uma parede; 
– O 3º pegou o rabo: é igual a uma corda, afirmou; 
– O 4º colocou a mão num dente: e concluiu que é como uma lança. 
O ser humano é maior que um ser físico que pode ser descrito em termos de átomos e de elementos 
químicos... Ele é muito mais. Tudo deve ser visto numa imagem orgânica, global. Esta é a finalidade da 
antropologia: elaborar uma imagem composta, correlacionada e viva deste ser que chamamos “homem”, 
“mulher”, pessoa. 
Os antropólogos comportam-se de forma semelhante aos arquitetos que devem construir um prédio grande e 
complexo: não basta ter só uma planta baixa... mas necessitam de muitas outras e de muitos cálculos. 
À antropologia interessa: 
1º Todas as características do ser humano; 
2º Os elementos comuns e as suas diferenças; 
3º O global: o ser humano de todos os tempos; 
4º Não só o indivíduo, mas o grupo humano organizado e relacionado, a comunidade, a humanidade. 
Numa palavra, só uma descrição composta, globalmente relacionada e integrada pode exprimir plenamente a 
magnífica maravilha arquitetônica da realidade dos seres humanos: quem são, de onde vêm, como se 
comportam e porque se comportam desse jeito ou de outro, como são semelhantes e, ao mesmo tempo, 
diferentes: o que significa ser pessoa humana, homem/mulher. 
Coordenar e integrar as diversas visões científicas do que significa ser pessoa, descobrir as inter-relações das 
diversas concepções do ser humano, eis o objetivo da antropologia. Por isto a antropologia considera-se, com 
direito, ciência do ser humano. 
 
 
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A antropologia procura descobrir as inter-relações 
entre diversos modelos científicos do ser humano 
 
 
sistemas 
culturais 
 
 
 
 sistemas sistemas 
psicológicos sociais 
 
O SER 
HUMANO 
 
 
 
sistemas 
religiosos 
 
 
1. O que é homem/mulher? 
Esta pergunta tem sua origem, em torno do século VII a.C., na Grécia. Permanece no centro de todas as 
expressões culturais: mito, literatura, ciência, filosofia, política... 
É o ser singular por ser o interlocutor de si mesmo. Ele é o sujeito-objeto e abre-se ao mundo exterior... animal 
que fala, animal político... 
A filosofia, a partir do século V a.C., concentra-se sobre o homem, a fim de compreender sua verdadeira 
natureza. “Conhece-te a ti mesmo” é o lema no portal do templo dedicado a Apolo, em Delfos. É a máxima 
atribuída a um dos antigos sábios e que se tornou a base do pensamento de Sócrates. 
 
1.1. A filosofia grega considerou o homem numa perspectiva cosmocêntrica. Tomou o mundo como ponto 
de observação. Baseava-se no cosmos e incluía o homem nessa perspectiva e nela interpretava 
qualquer acontecimento histórico. Por isso a posição do homem permanece sempre incerta, 
subordinada. Ele não é o senhor do universo, nem de sua história. Autonomia, liberdade, são 
condenadas à falência, pois ele permanece preso às forças do destino, da natureza e da história. A 
liberdade é uma vã aspiração de escapar às garras da morte para alcançar a eternidade. Inteligente, 
corajoso, forte, sagaz... o homem sente-se envolvido por potências sobrenaturais mais fortes. É o 
Prometeu acorrentado! Nessa visão temos as concepções elaboradas por Platão, Aristóteles, Plotino. 
 
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Diógenes rompeu a imagem clássica do grego: 
O problema do nosso filósofo se expressa inteiramente na célebre frase: “procuro o homem”, que, 
como se relata, ele pronunciava caminhando com a lanterna acesa em pleno dia, nos lugares mais 
cheios. Com evidente e provocante ironia, queria significar exatamente o seguinte: busco o homem que 
vive segundo sua mais autêntica essência: busco o homem que, para além de toda extremidade, de 
todas as convenções da sociedade e do próprio capricho da sorte e da fortuna, sabe reencontrar sua 
natureza, sabe viver conforme essa natureza e, assim, sabe ser feliz. 
Uma fonte antiga afirma: “Diógenes, o cínico, andava gritando repeditamente que os deuses concederam 
aos homens fáceis meios de vida, mas que todavia os esconderam da vida humana”. O objetivo que 
Diógenes se propôs foi exatamente o de trazer à vista aqueles fáceis meios de vida e demonstrar que o 
homem tem sempre à sua disposição aquilo de que necessita para ser feliz, desde que se saiba dar-se 
conta das efetivas exigências da sua natureza. 
 
1.2. O Cristianismo apresenta uma concepção teológica da tradição bíblica com instrumentos conceptuais da 
filosofia grega. Coloca Deus no lugar do cosmos. Ele dá força e significado a todas as coisas. É Dele que 
o homem/mulher tira sua imagem primeira, é Nele que fixa o olhar como seu último fim. 
Como Cristianismo abre-se para o homem, e, portanto também para reflexão antropológica, uma nova 
perspectiva. O fundo sobre o qual se desenvolve a vida humana não é mais o da natureza, do cosmos, 
como para os gregos, mas sim aquele da história da salvação, ou seja, a história das relações entre Deus 
e a humanidade. Por conseguinte, a reflexão antropológica dos amores cristãos tem como ponto de 
referência constante o próprio Deus: é uma reflexão, evidentemente, teocêntrica. 
Destacam-se as antropologias de Santo Agostinho (pecado, mal, liberdade, pessoa, autotranscendência) 
e de Santo Tomás (homem composto de alma e corpo, alma imortal). 
 
1.3. Como início da época moderna, a pesquisa antropológica abandona a impostação cosmo-cêntrica dos 
filósofos gregos e a teocêntrica dos autores cristãos e se dirige para a impostação antropocêntrica: o 
homem constitui o ponto de partida de onde se origina e, em torno do qual, fica, constantemente 
polarizada a pesquisa filosófica. Destacam-se Descartes, Espinosa, Comte..., até encontrar a expressão 
clássica nas célebres questões de Emanuel Kant: 
- O que posso saber? (teoria do conhecimento); 
- O que devo fazer? (teoria do ético); 
- O que é permitido esperar? (filosofia da religião); 
- O que é o homem? (antropologia filosófica). 
 
1.4. Na época contemporânea: 
O homem/mulher é uma realidade extremamente complexa, primeiramente na ordem das ações, do agir: 
conhece, estuda, escreve, fala, trabalha, joga, reza, ama, sofre, diverte-se, come, bebe, etc... Esta 
complexidade acentua-se ainda mais quando se passa do plano do agir para o do ser: quem é este 
indivíduo singular a que chamamos “eu”, que qualificamos como pessoa? Qual é a essência: quais os 
elementos constitutivos fundamentais? Qual sua origem primeira e o fim último? O que disseram dele os 
grandes pensadores? 
A crítica kantiana à metafísica, os progressos da ciência, a emergência da consciência histórica e outros 
fatores deram uma reviravolta na investigação antropológica – abandona-se o terreno metafísico para 
outros terrenos: os da história, da ciência, da fenomenologia, da religião, etc. De tal modo, obtém-se uma 
 
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série de novas imagens do homem, imagens que, frequentemente, suscitam grandes interesses, como os 
seguintes: 
 - Homem econômico (Marx); - Homem falível (Ricoeur); 
 - Homem instintivo (Freud); - Homem hermenêutico (Gadamer); 
 - Homem angustiado (Kierkegaard); - Homem problemático (Marcel); 
 - Homem utópico (Bloch); - Homem cultural (Gehlen); 
 - Homem existencial (Heidegger); - Homem religioso (Luckman). 
Todas estas definições mostram que, nos diferentes aspectos (técnica, linguagem, jogo, cultura, religião, 
amor...), o homem/mulher está acima de todos os seres materiais que o circundam – e cada um desses 
aspectos pode ajudar a entender quem é o homem/mulher. 
 
2. O homem/mulher na fenomenologia – nas suas manifestações 
2.1. Um ser que tem corpo 
A primeira realidade que o homem/mulher manifesta é o corpo perfeitíssimo, no seu conjunto como 
partes, que nos deixa maravilhados e estupefatos. 
Um corpo, diferentemente dos animais, que está ainda em fase de estruturação. A pessoa humana chega 
a um poder capaz de manejar seu corpo, adestrá-lo e torná-lo apto a realizar movimentos de uma 
perfeição admirável. Ex.: o tocador de instrumentos musicais, os dançarinos (as)... 
O homem é senhor do seu corpo e, graças a ele, torna-se senhor do mundo. 
Outra característica é sua posição vertical, sinal de vida, de saúde, de força. 
É um ser no mundo. Conhece o mundo e as coisas e a si mesmo, a partir do corpo. Capacidade de “ter” e 
de “possuir”. É instrumento do fazer (bem ou mal), a função moral. 
Além disso, o homem/mulher tem, dentro de si, algo que o faz superar os limites do corpo, que é o 
pensamento... 
 
2.2. Um ser que conhece e se conhece 
Os animais também percebem, “conhecem”. Mas somente o homem/mulher possui a surpreendente 
faculdade de refletir sobre si mesmo, de ter idéias, de julgar, de conhecer, de raciocinar. Conhecer é ter 
consciência de alguma coisa, por seus sentidos externos e internos. 
A inteligência humana tem a capacidade de um conhecimento universal e abstrato (idéia de bondade, de 
virtudes...), de raciocinar e de julgar sobre as coisas e, também, sobre si mesmo. Sente-se, não só objeto, 
mas sujeito. 
 
2.3. Um ser livre que quer e ama 
Ele não está determinado por fatores externos como acontece com uma pedra ou automóvel ou por 
automatismos como nas plantas e nos animais. A ação do homem/mulher nasce de suas decisões: estuda 
porque quer. Ama porque quer amar... É uma vontade que muda (ora estuda, ora brinca...): 
– Que se adapta ao querer dos outros (modo, estímulos, governos...); 
– Que transcende, quer também coisas espirituais: virtude, doações, sacrifícios, martírio... 
– Que é livre, responsável por seus atos, liberdade que é analisada nas relações com outros 
indivíduos, com a sociedade, com o Estado... Liberdade condicionada diante dos outros e 
diante de suas paixões, afetividade... 
– 
 
 
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2.4. Um ser que fala 
Ser falante é o que o distingue dos animais e de qualquer outro ser deste mundo. Os animais têm uma 
forma de comunicação como meio de sobrevivência dentro da mesma espécie. O ser humano utiliza a 
linguagem com a finalidade e modos variados: expressão de si mesmo, dos sentimentos, de desejos, de 
comunicação, de louvor, de diversão... 
 
2.5. Um ser que vive em sociedade: um ser em relação 
O homem/mulher é um ser essencialmente social e sociável, de relações. Isso desde o seu aparecimento 
sobre a terra. Inicialmente, em grupos sociais muito pequenos (família, clã, tribo) depois, maiores (aldeia, 
cidade, Estado) e, hoje, internacionalmente, planetários. 
O fenômeno da sociabilidade é inato ao homem/mulher, e não uma manifestação casual, passageira. O 
conhecimento, a linguagem, o corpo, o amor, a liberdade colocam-se na disposição de relacionamento: 
fazer os outros participantes de sua própria vida e do seu ser. Ele se distingue claramente dos animais. 
O que é mais importante: o indivíduo ou a sociedade? 
 
2.6. Um ser culto 
Um ser que produz, que faz cultura. Culto não é só o que lê, estuda... mas tudo o que nasce da 
criatividade do homem/mulher numa determinada sociedade e num tempo específico. 
É necessário distinguir entre natureza e cultura. Um rio é natureza. Uma ponte é cultura, produto do fazer. 
A cultura é produto de todo um grupo. Por isso, caracteriza o ser social. 
O homem é um ser que trabalha: descobriu o fogo, fonte de energia; a máquina que, mudou a estrutura e 
a eficácia da produção e das relações próprias que o trabalho estabelece; hoje a informática... 
Três funções do trabalho: 
- cósmica: mundo - antropológica: homem - religiosa: Deus 
 
2.7. Um ser que diverte 
O jogo é uma atividade típica do homem/mulher. Ele inventa jogos e se diverte. As propriedades 
específicas do jogo são a distração e o divertimento e a realização de si mesmo. Quem joga procura dar o 
melhor de si, por isso, em qualquer jogo, busca-se sempre a vitória. Jogamos para nos divertir e nos 
divertimos jogando. O jogo é o fim de si mesmo e não um meio para conseguir outros objetivos: dinheiro, 
encargos, honras... (Por isso, para os jogadores profissionais de futebol, de basquete. O jogo não é mais 
jogo, é???). 
O jogo pertence a uma dimensão humana muito rica que corresponde inteligência e vontade, ação e 
habilidade, mas, ao mesmo tempo, implica alegria, satisfação e liberdade. No jogo, o homem/mulher tenta 
libertar-se dos vínculossociais, espaciais, temporais que caracterizam sua vida diária. O jogo é uma 
antecipação do reino de liberdade e da alegria, da serenidade e da felicidade subjacente aos sonhos de 
todas as pessoas. 
 
2.8. Um ser religioso 
Uma manifestação tipicamente humana é a religião. Ela não está presente nos outros seres vivos, mas 
somente no homem/mulher. E trata-se de uma manifestação que encontramos na humanidade de todos 
os tempos e de todos os lugares. Com efeito, os antropólogos nos informam que o homem desenvolveu 
uma atividade religiosa desde a sua primeira aparição no palco da história e que todas as tribos e todas 
as populações, de qualquer nível cultural, cultivavam alguma forma de religião. 
Igualmente, todas as culturas estão marcadas pela religião. 
 
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Religião vem de “religar”. Indica a vinculação do homem/mulher com sua origem e seu destino. A meta 
para qual se dirigem os anseios e as esperanças na religião é destinada por um nome: Deus. Ele é o 
significado último da existência, o Tu, o ideal supremo, o horizonte da caminhada. 
Este mistério de Deus é concebido e descrito de modos diferentes. Ele é o iminente e o transcendente, no 
mundo, nos seres e também acima de todas os seres. 
A raiz da religiosidade é a abertura do homem/mulher para o infinito, pois o ser humano é insaciável. Mas, 
graças a Ele, a humanidade conseguiu viver suas alegrias e esperanças. 
A religião, a dimensão religiosa, faz parte, é constitutiva do ser do homem/mulher: sem ela, a pessoa fica 
mutilada da dimensão fundamental da própria existência. Santo Agostinho, expressou a essência da 
dimensão religiosa em sua fórmula: “Fizeste-nos, Senhor, para Ti e o nosso coração permanece inquieto 
enquanto não repousa em Ti”. 
“Ao anunciar Cristo aos não cristãos, o missionário está convencido de que existe já, nas pessoas e nos 
povos, pela ação do Espírito, uma ânsia – mesmo se inconsciente - de conhecer a verdade acerca de 
Deus, do homem, do caminho que produz à libertação do pecado e da morte” (Rmi 54). 
 
Críticas à religião: 
– Das ciências que atribui à religião infantilidades e ignorâncias pela explicação dos fenômenos naturais 
(raios, doenças...). Mas a religião não quer explicar os fenômenos da natureza, e sim encontrar o 
sentido mais profundo da vida. 
– Pelo marxismo tradicional. É alienação do mundo real. Justificando as injustiças que existem, resta o 
consolo enganador: a religião, o ópio do povo. Esse falso consolo sempre foi manipulado pelos 
dominadores da sociedade. A história, porém, mostra o contrário, pois a religião e os princípios 
religiosos constituíram estímulo de libertação e busca de uma sociedade justa e solidária. 
– A modernidade fragmentou a realidade, tornando-a contraditória. Atribui um valor absoluto à economia, 
ao lucro e ao mercado em todos os níveis. Reduz a religião à convicção interior, pessoal, “invisível”, 
“questão de escolha”. “Minha religião sou eu”. A religião concebida como busca de felicidade imediata, 
próxima do hedonismo (cf DGAEx, 1999-2002, Doc. 61, cap. 3 e ministérios dos cristãos leigos e leigas 
– Doc. 62/1). 
 
 
3. O homem/mulher imagem de Deus 
“Quem é o homem, para que nele penses, e o ser humano, para que dele te ocupes?” (Sl 8,5). 
Diante das diversas opiniões que o homem/mulher teve e continua a ter de si mesmo, tão diversas e até 
contraditórias entre si, o Concílio Vaticano II propôs sua resposta reafirmando o ensinamento bíblico da 
criação do homem/mulher à imagem e semelhança de Deus (cf. GS 12). Essa relação fundamental com Deus 
deverá ser a primeira a ser ressaltada pela visão cristã do homem com prioridade absoluta perante todas as 
outras questões, embora também necessárias. 
A partir da experiência humana, podem e devem ser feitas afirmações válidas sobre o homem, ainda que elas 
não alcancem a profundidade do plano de Deus. O discurso sobre o homem tem sentido e a teologia deve 
assumi-lo, o conteúdo daquelas dimensões que o homem pode alcançar com sua razão – vamos chamá-las de 
provisórias e impropriamente naturais – nos é dado pela graça, pela qual o homem existe. A ordem da criação 
está orientada para a ordem da graça, mas desta última não se deduzem os conteúdos da primeira. 
O importante no Gênesis é o que nos é dito sobre a ação de Deus: Ele cria o homem à sua imagem e 
semelhança: 
 
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– O que Deus quer? 
– O homem, cada homem/mulher, foi criado para existir em relação com Deus. Eis a condição de 
imagem. 
Não devemos esquecer a condição social do homem: a bissexualidade (cf. Gn 2,18s). O livro do Gênesis volta 
a falar do homem feito à semelhança de Deus em analogia com a geração de Set (cf. Gn 5,1-3). A condição de 
imagem é um elemento determinante do comportamento interpessoal das pessoas. 
O salmo 8 mostra-nos o homem/mulher como quase partícipe da condição divina e dominador da criação: “tu o 
coroas de glória e de esplendor, tu o fazes reinar sobre as obras de tuas mãos...” (vv. 6s). 
A mensagem do Gênese foi reinterpretada à luz de Cristo. Com efeito, a imagem de Deus, segundo o Novo 
Testamento, é o próprio Jesus (2Cor 4,4; Cl 1,15). Esse conceito está relacionado com a teologia da 
revelação: Jesus, enquanto imagem do Pai, o revela. A idéia do homem, que, no Antigo Testamento, aparece 
como central, agora é reinterpretada de maneira cristológica. 
Em Cristo fomos eleitos e predestinados antes da criação do mundo (cf. Ef. 1,3ss). E, em Cristo, à imagem da 
Trindade, pois é toda Trindade que cria o homem/mulher à sua imagem, temos a perfeita concepção da 
pessoa humana. Ela tem a capacidade de conhecer e amar o Criador, de se relacionar com Deus, com as 
pessoas e com o cosmos para alcançar a perfeição. 
À luz de Cristo, tudo o que podemos saber sobre o homem por outro caminho, sem dúvida não é 
desacreditado, contudo, é profundamente reinterpretado. O sentido de sujeito pessoal e livre que somos em 
nossa comunhão com Deus, a nossa liberdade, realiza-se em resposta ao amor de Deus, que nos deu seu 
Filho. Em Cristo, nossas esperanças são satisfeitas, muito mais do que poderíamos imaginar. 
A relação com Deus e nossa capacidade de conhecê-lo e amá-lo realizam-se com mediação de Jesus. Jesus 
é o único que o Pai constituiu Senhor de tudo para que todas as coisas se encaminhem para Ele. A dimensão 
social do homem tende à construção do corpo de Cristo que é a Igreja, que se reúne à imagem da Trindade 
(cf. LG 4). 
Esta concepção não diz o que somos a partir de agora, mas o que desde o início fomos chamados a ser. A 
cristologia revela o sentido da antropologia; Cristo revela a verdadeira essência do homem. Ele é e sempre foi 
a única determinação humana. Há uma unidade no projeto divino entre a criação e a salvação (cf. Cl 1,15-20)., 
A cruz de Jesus mostra-nos até que ponto o homem errou quando pretendeu determinar a si mesmo sem 
Deus ou contrariamente a seu amor. “Com efeito, dirá Irineu, nos tempos passados se dizia que o homem foi 
feito à imagem de Deus, mas não parecia tal, porque ainda estava invisível o Verbo, à imagem do qual o 
homem fora feito: e justamente por isso perdeu facilmente a semelhança. Mas quando o Verbo de Deus se fez 
carne, confirmou ambas as coisas: mostrou verdadeiramente a imagem, tornando-se ele mesmo o que era sua 
imagem, e restabeleceu integralmente a semelhança, tornado o homem semelhante ao Pai invisível por meio 
do Verbo que se vê” (Adv. Haer. V 16,2). A esse respeito, Tertuliano tem uma fórmula, citada pelo concílio 
Vaticano II (GS 22, nota 10): “Naquilo que se exprimia do barro, era pensado Cristo que devia fazer-sehomem”. 
 
3.1. Homem/mulher: um ser sobrenatural 
Uma dimensão essencial da relação do homem com Deus é seu chamado à comunhão com Deus em 
Jesus Cristo. 
Esta é uma dimensão que vai além da condição criatural, pois se refere a uma relação com Deus em seu 
Filho Jesus Cristo e no Espírito e, portanto, nos coloca no âmbito da vida divina. 
 
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Portanto, existem relações no ser do homem/mulher, aspectos que ultrapassam o que seu ser de criatura 
ou sua natureza, de qualquer forma, podem ser por si mesmos. Como criaturas, somos puros dom da 
liberdade divina. Ninguém pode invocar o direito de ser. 
Além disso, fomos criados em e por Cristo, e nosso destino o único que temos, é a participação na própria 
vida de Deus. 
 
3.2. O homem/mulher pecador – pecado original 
O homem/mulher pecador, não só porque peca pessoalmente, mas porque se acha inserido numa história 
de pecado,que, segundo as narrativas bíblicas, tem início no princípio da história e abrange toda a 
humanidade. É o pecado original, pecado no início da história e dos seus efeitos que sofre cada homem e 
toda a humanidade. 
A doutrina do pecado original nada é que o aspecto negativo da solidariedade dos homens e mulheres em 
Cristo. 
Ela pressupõe ao mesmo tempo em que o homem/mulher tenha sido criado por Deus “na graça”, que 
desde o primeiro momento Deus tenha oferecido ao homem sua amizade. Somente partindo disso que 
tem sentido falar de pecado como ruptura da aliança com Deus, da comunhão com Ele. 
 
3.3. Homem/mulher na graça de Cristo – salvação universal 
O homem/mulher foi criado à imagem de Deus para chegar a realizar a perfeita semelhança. Tudo isto é 
favor, é graça. É dom maior que se possa imaginar. O Dom de Deus é Deus mesmo, que se dá em Jesus 
Cristo, seu Filho e no Espírito Santo. 
O homem da graça é o homem/mulher a que o próprio Deus se comunica em seu amor infinito. Cristo é a 
graça, a “Epifania” do amor de Deus aos homens (Tt 2,11s; 3,4-7). 
A graça, segundo São Paulo, é o próprio Jesus Cristo (cf. as fórmulas de saudação Rm 16,20; 1Cor 
16,23;2Cor 13,13...). 
A graça é o âmbito em que se evidencia a gratuidade do amor divino que torna possível a verdadeira 
liberdade. Essa graça foi dada em Jesus, no qual temos a redenção dos pecados. Graças a Ele somos 
incorporados ao próprio Jesus (cf. Ef 2,5.7s). 
Para Paulo, a graça é, também, dom do apostolado, a missão recebida de Deus, de que não é 
pessoalmente digno (cf. Rm 1,5; 12,3; Gl 1,15). 
A vontade salvífica de Deus é universal (cf. 1 Tm 2,4). A oferta da graça é feita a todos. É claro que Deus 
quer a resposta de todos a seu convite. Ele enviou seu Filho. Isto é prova de amor infinito (cf. Jo 3,16-17). 
Tudo isto é compreendido em Cristo, centro da história. 
 
3.4. Consumação escatológica 
Existe, por um lado, o plano de Deus para o homem/mulher e para o mundo – a plenitude da obra de Deus 
– cuja realização começa com a criação e tem em Cristo seu ponto culminante, seu sentido e seu 
cumprimento. 
Por outro, o homem/mulher, destinatário do plano salvífico de Deus, deve receber sua plenitude – a 
plenitude do homem/mulher – que agora só possui em forma de primícia e na esperança. 
Estas duas dimensões estão intimamente unidas e se condicionam reciprocamente. 
Mas o ponto “último” é Jesus, nEle está a salvação e a plenitude. Jesus é o evento escatológico, à luz do 
qual devem ser considerados todos os conteúdos da esperança cristã. 
Ele é o revelador do Pai e o único mediador que nos leva a Ele. 
Este é o objeto da esperança cristã. Esta é a mensagem da salvação. 
 
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Mas esta plenitude, em que temos esperança, é uma plenitude já possuída, em primícia, mas realmente. 
Não poderíamos ter esperança naquilo que não temos nenhuma idéia. A salvação de Cristo já é conhecida 
por nós, vivida e experimentada na fé, que professamos no Creio, na Igreja, nas celebrações da 
Eucaristia. 
O centro do futuro é a manifestação gloriosa do Nosso Senhor Jesus Cristo, fim e consumação de sua 
obra salvífica. A parusia de Jesus integra o mistério único da vinda de Cristo ao mundo para a salvação de 
todos. 
O único movimento de amor do Pai em nossa direção, que leva a enviar se Filho, se articula nos diversos 
momentos da encarnação, da vida de Cristo, do mistério pascal e da manifestação gloriosa do Senhor. 
A parusia, enquanto manifestação do domínio e do reino de Cristo ressuscitado, significa, também, a 
ressurreição de todos (as). Em sua manifestação gloriosa, Cristo, primícia dos ressuscitados, ressuscita 
também a todos os seus (cf. 1 Cor 15,20-28; Ts 4,14-18; Fl 3,21). 
Se a ressurreição de Jesus compreende sua humanidade inteira, nenhum aspecto ou dimensão de nosso 
ser pode ficar à margem da salvação. Também nós devemos participar da glória do Senhor de modo 
completo. A fé na ressurreição confere ao cristianismo sua especificidade, então, como agora, em relação 
à esperança da vida eterna do homem/mulher. E não podemos esquecer que, para o Novo Testamento, a 
ressurreição foi antecipada no batismo e já é uma realidade, embora escondida, para aqueles que crêem 
em Jesus (cf. Rm 6,4-11; Cl 2,12; 3,1-4; Jo 5,24-25; 11,25-26). 
Se o domínio de Cristo ressuscitado é universal, também a ressurreição deve atingir a todos e em todos os 
aspectos de ser humano. Na tradição cristã, a idéia de ressurreição tem a ver com a corporeidade 
humana. Não podemos ser totalmente nós mesmos se essa dimensão está ausente de nosso ser. O corpo 
ressuscitado é o corpo em que desaparecem todas as ambigüidades que caracterizam agora nossa 
existência corpórea: o corpo pneumático, repleto de Espírito, é plenitude de comunicação e de expressão, 
é o corpo plenamente personalizado, e não mais objeto, como pode ser neste momento. A ressurreição 
implica uma plena identidade com nós mesmos e uma plena possibilidade de comunhão com os outros. 
Tanto uma como outra são aspectos inseparáveis de nosso ser pessoal, que, na ressurreição e por obra 
do Espírito Santo, recebe suas máximas potencialidades. 
Relacionada com a questão da ressurreição corporal está, sem dúvida, também a questão da 
transformação do cosmos. Tanto a Antigo como o Novo Testamento nos falam de novos céus e de uma 
nova terra. (cf. Is 65,17-21; 2Pd 3,13; e sobretudo Rm 8,19-23). O domínio do Senhor ressuscitado não 
conhece fronteiras. Não se trata somente de uma transformação do cosmos como tal, mas de 
transformação do cosmos como elemento da plenitude do homem. Se o homem não é homem sem 
relação com o cosmos, então também sua plenitude inclui uma nova relação com o mundo transformado. 
Não devemos esquecer também que o mundo material não é apenas a criação de Deus, mas que também 
incide sobre ele o trabalho e a ação humana, em seus diferentes aspectos. Qual é o valor escatológico da 
ação do homem sobre o mundo? O Concílio Vaticano II (GS 39) aborda esse problema de modo 
equilibrado. O progresso humano não pode ser confundido com o Reino de Deus e seu crescimento, e, por 
outro lado, tampouco se pode afirmar que este nada tenha a ver com aquele. A esperança do mundo 
futuro deve antes reavivar a responsabilidade cristão pelo presente. A caridade e os seus frutos têm, 
segundo o Concílio, um valor permanente. Os valores da dignidade humana e da comunhão fraterna, os 
frutos da natureza e também os de nosso esforço, difundidas segundo o Espírito do Senhor, nós os 
reencontraremos, embora transformados e purificados de toda mácula. 
Evangelizar é comunicar a novidade humana: os evangelizadores são as comunidades e os missionários 
que mostram em si próprios o advento deum homem novo. 
 
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A evangelização desperta a vida, leva as pessoas e comunidades a entrarem num dinamismo novo. Quem 
nada fazia, começa a agir, quem agia de acordo com as estruturas de um mundo velho, corrupto, injusto, 
de denominações e destruições, começa um mundo novo de novos relacionamentos. Assim como Deus 
criou pela força da sua palavra, assim esta nova palavra tem força para criar de novo. 
Como ação, a evangelização consiste em ir ao encontro do outro, pessoas, multidões, grupos ou povos. 
Evangelização é torna-se próxima (cf. Lc 10,29-37). Os evangelizados, pessoa ou comunidade, descobre-
se e se expõe ao encontro com o outro. Desse modo ele invade de certo modo o mundo do outro. Mas não 
para dominar e sim para oferecer e servir. Não invade com sua força e sim a sua fraqueza, não com 
atitude de superioridade e sim inferioridade. Por isso somente na pobreza é que se pode evangelizar. 
 
Bibliografia 
1. COMBLIN, J. Antropologia cristã. Vozes, 1994. 
2. LADARIA, L. Introdução à antropologia Teológica. Loyola, 1998. 
3. MONDIN, B. Antropologia teológica. Paulinas, 1986. 
4. RAMPAZZO, L. Antropologia, Religiões e Valores Cristãos. Loyola, 1996. 
5. VAZ, H. C. L. Antropologia filosófica. 2º Vol. Loyola, 1991. 
6. LUZBETAK, L. Chiesa e culture. EMI, bologna, 1991. 
7. JOÃO PAULO II. Redemptori Hominis. 1979.
 
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RELIGIÃO 
 
EM BUSCA DA TRANSCENDÊNCIA 
 
RELIGIÃO deriva do termo latino "Re-Ligare", que significa "religação" com o divino. Essa 
definição engloba necessariamente qualquer forma de aspecto místico e religioso, abrangendo 
seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas de pensamento que tenham como 
característica fundamental um conteúdo Metafísico, ou seja, de além do mundo físico. 
RELIGIÃO 
 
EM BUSCA DA TRANSCENDÊNCIA 
 
RELIGIÃO deriva do termo latino "Re-Ligare", que significa "religação" com o divino. Essa 
definição engloba necessariamente qualquer forma de aspecto místico e religioso, abrangendo 
seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas de pensamento que tenham como 
característica fundamental um conteúdo Metafísico, ou seja, de além do mundo físico. 
Sendo assim o hábito, geralmente por parte de grupos religiosos de taxarem tal ou qual 
grupo religioso rival de seita, não têm apoio na definição do termo. SEITA, derivado da palavra 
latina "Secta", nada mais é do que um segmento minoritário que se diferencia das crenças 
majoritárias, mas como tal também é religião. 
HERESIA - Significa simplesmente um conteúdo que vai contra a estrutura teórica de uma 
religião dominante. Sendo assim o Cristianismo foi uma Heresia Judáica assim como o 
Protestantismo uma Heresia Católica, ou o Budismo uma Heresia Hinduísta. 
A MITOLOGIA é uma coleção de contos e lendas com uma concepção mística em comum, 
sendo parte integrante da maioria das religiões, mas suas formas variam grandemente 
dependendo da estrutura fundamental da crença religiosa. Não há religião sem mitos, mas 
podem existir mitos que não participem de uma religião. 
MÍSTICA pode ser entendida como qualquer coisa que diga respeito a um plano sobre 
material. Um "Mistério". 
PRESENÇA DA RELIGIÃO EM TODA A CULTURA HUMANA 
Não há registro em qualquer estudo por parte da História, Antropologia, Sociologia ou 
qualquer outra "ciência" social, de um grupamento humano em qualquer época que não tenha 
professado algum tipo de crença religiosa. As religiões são então um fenômeno inerente a 
cultura humana, assim como as artes e técnicas. 
Grande parte de todos os movimentos humanos significativos tiveram a religião como 
impulsor, diversas guerras, geralmente as mais terríveis, tiveram legitimação religiosa, 
estruturas sociais foram definidas com base em religiões e grande parte do conhecimento 
científico, "filosófico" e artístico tiveram como vetores os grupos religiosos, que durante a maior 
 
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parte da história da humanidade estiveram vinculados ao poder político e social. 
Hoje em dia, apesar de todo o avanço científico, o fenômeno religioso sobrevive e cresce, 
desafiando previsões que anteveram seu fim. A grande maioria da humanidade professa 
alguma crença religiosa direta ou indiretamente e a Religião continua a promover diversos 
movimentos humanos, e mantendo estatutos políticos e sociais. 
Tal como a Ciência, a Arte e a Filosofia, a Religião é parte integrante e inseparável da 
cultura humana, é muito provavelmente sempre continuará sendo. 
 
TIPOS DE RELIGIÕES 
Há várias formas de religião, e são muitos os modos que vários estudiosos utilizam para 
classificá-las. Porém há características comuns às religiões que aparecem com maior ou 
menor destaque em praticamente todas as divisões. 
A primeira destas características e cronológica, pois as formas religiosas predominantes 
evoluem através dos tempos nos sucessivos estágios culturais de qualquer sociedade. 
Outro modo é classificá-las de acordo com sua solidez de princípios e sua profundidade 
filosófica, o que irá separá-las em religiões com e sem Livros Sagrados. 
Pessoalmente como um estudioso do assunto, prefiro uma classificação que leva em conta 
essas duas características, e divide as religiões nos seguintes 4 grandes grupos distintos. 
PANTEÍSTAS 
POLITEÍSTAS 
MONOTEÍSTAS 
ATEÍSTAS 
Nessa divisão há uma ordem cronológica. As Religiões PANTEÍSTAS são as mais antigas, 
dominando em sociedades menores e mais "primitivas". Tanto nos primórdios da civilização 
mesopotâmica, européia e asiática, quanto nas culturas das Américas, África e Oceania. 
As Religiões POLITEÍSTAS por vezes se confundem com as Panteístas, mas surgem num 
estágio posterior do desenvolvimento de uma cultura. Quanto mais a sociedade se torna 
complexa, mais o Panteísmo vai se tornando Politeísmo. 
Já as MONOTEÍSTAS são mais recentes, e atualmente as mais disseminadas, o 
Monoteísmo quantitativamente ainda domina mais de metade da humanidade. 
E embora possa parecer estranho, existem religiões ATEÍSTAS, que negam a existência de 
um ser supremo central, embora possam admitir a existência de entidades espirituais diversas. 
Essas religiões geralmente surgem como um reação a um sistema religioso Monoteísta ou 
pelo menos Politeísta, e em muitos aspectos se confunde com o Panteísmo embora possua 
características exclusivas. 
Essa divisão também traça uma hierarquia de rebuscamento filosófico nas religiões. As 
Panteístas por serem as mais antigas, não têm Livros Sagrados ou qualquer estabelecimento 
mais sólido do que a tradição oral, embora na atualidade o renascimento panteísta esteja 
mudando isso. Já as politeístas muitas vezes possuem registros de suas lendas e mitos em 
versão escrita, mas Nenhuma possui uma REVELAÇÃO propriamente dita. Isto é um privilégio 
 
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do Monoteísmo. TODAS as grandes religiões monoteístas possuem sua Revelação Divina em 
forma de Livro Sagrado. As Ateístas também possuem seus livros guias, mas por não 
acreditarem num Deus pessoal, não tem o peso dogmático de uma revelação divina, sendo 
vistas em geral como tratados filosóficos. 
 
 ÉPOCAS DE SURGIMENTO E PREDOMÍNIO. 
PANTEÍSMO:As mais antigas, remontando a pré-história onde tinham 
predominância absoluta, e também presentes em muitos dos 
povos silvícolas das Américas, África e Oceania. 
POLITEÍSMO: 
Surgem num estágio posterior de desenvolvimento social, 
tendo sido predominantes na Idade Antiga em todo o velho mundo, 
e mesmo nas civilizações mais avançadas das Américas pré-
colombianas. 
MONOTEÍSMO: 
Mais recentes, surgindo a partir do último milênio aC e 
predominando da Idade Média até a atualidade. 
ATEÍSMO: 
Surgem a partir do século V aC, tendo vingado somente no 
Oriente e no Ocidente ressurgindo somente após a renascença 
numa forma mais filosófica que religiosa. 
Neo 
PANTEÍSMO: 
Embora possuam representantes em todos os períodos 
históricos, popularizam-se ou surgem a partir do século XVIII. 
 
 BASE LITERÁRIA 
PANTEÍSMO: 
Próprias de culturas ágrafas, não possuem em geral qualquer 
forma de base escrita, sendo transmitidas por tradição oral. 
POLITEÍSMO: 
Nas sociedades letradas possuem frequentemente registros 
literários sobre seus mitos, e mesmo nas ágrafas possuem 
tradições icônicas mais elaboradas. 
MONOTEÍSMO: 
Possuem Livros Sagrados definidos e que padronizam as 
formas de crença, servindo como referência obrigatória e trazendo 
códigos de leis. São tidos como detentores de verdades absolutas. 
ATEÍSMO: 
Possuem textos básicos de conteúdo predominantemente 
filosófico, não possuindo entretanto força dogmática arbitrária 
ainda que sendo também revelados por sábios ou seres 
iluminados. 
 
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Neo 
PANTEÍSMO: 
Seus textos são em geral filosóficos, embora possuam mais 
força doutrinária, não incorrendo porém em dogmas arbitrários. 
 
 MITOLOGIA 
PANTEÍSMO: 
Deus é o próprio mundo, tudo está interligado num equilíbrio 
ecossistêmico e místico. Crê-se em espíritos e geralmente em 
reencarnação, é comum também o culto aos antepassados. 
Procura-se manter a harmonia com a natureza, e o mundo 
comummente é tido como eterno. 
POLITEÍSMO: 
Diversos deuses criaram, regem e destroem o mundo. Se 
relacionam de forma tensa com os seres humanos, não raro hostil. 
As lendas dos deuses se assemelham a dramas humanos, 
havendo contos dos mais diversos tipos. 
MONOTEÍSMO: 
Um Ser transcendente criou o mundo e o ser humano, há uma 
relação paternal entre criador e criaturas. Na maioria dos casos um 
semi-deus se rebela contra o criador trazendo males sobre todos 
os seres. Messias são enviados para conduzir os povos, profetiza-
se um evento renovador violento no final dos tempos, onde a 
ordem será restaurada pela divindade. 
ATEÍSMO: 
O Universo é uma emanação de um princípio primordial 
"vazio", um Não-Ser. Crê-se na possibilidade de evolução 
espiritual através de um trabalho íntimo, crê-se em diversos seres 
conscientes dos mais variados níveis, e geralmente em 
reencarnação. 
Neo 
PANTEÍSMO: 
Acredita-se em geral no Monismo, um substância única que 
permeia todo o Universo num Ser único. São em geral 
reencarnacionistas e evolutivas. A desatribuição de qualidades do 
Ser supremo por vezes as confunde com o Ateísmo. 
 
 SÍMBOLOS 
PANTEÍSMO: 
Utilizam no máximo totens e alguns outros fetiches, é comum o 
uso de vegetais, ossos, ou animais vivos ou mortos. 
POLITEÍSMO: 
Surgem os ídolos zoo ou antropomórficos na forma de pinturas 
e esculturas em larga escala. A simbologia icônica se torna 
 
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complexa em alguns casos resultando em formas de escrita 
ideográfica. 
MONOTEÍSMO: 
O Deus supremo geralmente não possui representação visual, 
mas os secundários sim. Utilizam símbolos mais abstratos e de 
significados complexos. 
ATEÍSMO: 
O Não-Ser supremo não pode ser representado, mas há muitas 
retratações dos seres iluminados. Há vários símbolos 
representativos da natureza e metafísica do Universo. 
Neo 
PANTEÍSMO: 
Diversos símbolos e mitos de diversas outras religiões são 
resgatados e reinterpretados, também não há representação 
específica do Ser Supremo mas pode haver de outros seres 
elevados. 
 
 RITUAIS 
PANTEÍSMO: 
Geralmente ligados a natureza e ocorrendo em contato com 
esta. É comum o uso de infusões de ervas, danças, oráculos e 
cerimônias ao ar livre. 
POLITEÍSMO: 
Passam a surgir os templos, embora em geral não abandonem 
totalmente os rituais ao ar livre. Em muitos casos ocorrem os 
sacrifícios humanos, oráculos e as feitiçarias de controle 
ambiental. 
MONOTEÍSMO: 
Geralmente restritas ao templos, as hierarquias ritualistas são 
mais rígidas, não há oráculos pessoais mas sim profecias 
generalizadas com base no livro sagrado. Não há rituais de 
controle ambiental. 
ATEÍSMO: 
Embora ainda comuns nos templos são também frequentes 
fora destes. Desenvolvem-se técnicas de concentração, meditação 
e purificação mais específicas, baseadas antes de tudo no controle 
dos impulsos e emoções. 
Neo 
PANTEÍSMO: 
Em geral baseados no uso de "energias" da natureza. Não 
mais têm influência nos processos civis, sendo restritos a curas, 
proteção contra ameaças físicas e extrafísicas. 
 
 EXEMPLOS 
 
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PANTEÍSMO: 
Religiões silvícolas, xamanismo, religiões célticas, druidismo, 
amazônicas, indígenas norte americanas, africanas e etc. 
POLITEÍSMO: 
Religião Grega, Egípcia, Xintoísmo, Mitologia Nórdica, Religião 
Azteca, Maia etc. 
MONOTEÍSMO: 
Bhramanismo, Zoroastrismo, Judaísmo, Cristianismo, 
Islamismo, Sikhismo. 
ATEÍSMO: 
Orientais: Taoísmo, Confucionismo, Budismo, Jainismo. 
Ocidentais: Filosofias NeoPlantônicas, Ateísmo Filosófico (Não 
Religioso) 
Neo 
PANTEÍSMO: 
Espiritsmo Kardecista*, Racionalismo Cristão, Neo-
Gnosticismo, Teosofia, Wicca, "Esotéricas", etc. 
 
*Apesar do Kardecismo não se considerar Panteísta e sim antes Monoteísta. 
PANTEÍSMO 
As religiões primitivas são PANTEÍSTAS, acredita-se num grande "Deus-Natureza". Todos 
os elementos naturais são divinizados, se atribuí "inteligências" espirituais ao vento, a água, 
fogo, populações animais e etc. 
Há uma clara noção de equilíbrio ecossistêmico, onde é comum ritos de agradecimento 
pelas dádivas naturais e pedidos às divindades da natureza, em alguns casos requisitando 
autorização mesmo para o consumo da caça que embora tenha sido obtida pelo esforço 
humano, seria na verdade permitida, se não ofertada, pelos entes espirituais. 
A relação de dependência do ser humano com o ecossistema é clara, assim como a de 
parentesco e de submissão. As entidades elementais da natureza estão presentes em toda a 
parte, conferindo a onisciência do espírito divino. Embora haja a tendência da predominância 
de um presença mística feminina, a "mãe-terra", o elemento masculino também é notável a 
partir do momento que os seres humanos passam a compreender o papel do macho na 
reprodução. Ocorre então a presença de dois elementos divinos básicos, o Feminino e 
Masculino universal. 
É um domínio de pensamento transcendente, mais compatível com a subjetividade e a 
síntese, não sendo então casual que este seja o tipo religioso onde as mulheres mais tenham 
influência. A presença de sacerdotisas, bruxas e feiticeiras é em muitos casos, muito mais 
significativa que a de seus equivalentes masculinos. 
Todas essas religiões são ágrafas, sem escrita, com exceção é claro dos NeoPanteísmos 
contemporâneos. Portanto são as mais envoltas em obscuridadee mistérios, não tendo 
deixado nenhum registro além da tradição oral e de vestígios arqueológicos. 
POLITEÍSMO 
 
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Com o tempo e o desenvolvimento as necessidades humanas passam a se tornar mais 
complexas. A sobrevivência assume contornos mais específicos, o crescimento populacional 
hipertrofiado graças a tecnologia que garante maior sucesso na preservação da prole e da 
longevidade, gera um série de atividades competitivas e estruturalistas nas sociedades, que se 
tornam cada vez mais estratificadas. 
Nesse meio tempo a influência racional em franca ascensão tenta decifrar as 
transcendentes essências espirituais da natureza. Surge então o POLITEÍSMO, onde os 
elementos divinos são então personificados com qualidades cada vez mais humanas. O que 
era antes apenas a Água, um ser de essência espiritual metafísica e sagrada, agora passa a 
ser representada por uma entidade antropomórfica ou zoomórfica relacionada a água. 
No princípio as características dessas divindades não são muito afetadas, mas com o 
tempo, a imaginação humana ou a tentativa de se adequar as religiões às estruturas sociais, 
elas ficam cada vez mais parecidas com os seres humanos comuns, surgindo então entre os 
deuses relacionamentos similares aos humanos inclusive com conflitos, ciúmes, traições, 
romances e etc. E cada vez mais os deuses perdem características transcendentes até que a 
"degeneração" chegue a ponto destes se relacionarem sexualmente com seres humanos, o 
que significa a perda da natureza metafísica, da característica invisível, ou mais, de haver 
relações físicas e pessoais de violência entre humanos e divindades, sem qualquer caráter 
transcendente. 
Em muitos casos é difícil distinguir com clareza se determinadas religiões são Pan ou 
Politeístas. Mesmo no estágio Panteísta por vezes pode-se identificar com muita evidência 
algumas personificações das entidades divinas, mas algumas características como as citadas 
no parágrafo anterior são exclusivas do politeísmo. É possível que os elementos que 
contribuam ou realizem essa transição sejam o Animismo, Fetichismo e Totemismo. 
Ocorre também uma relativa equivalência entre deidades femininas e masculinas, embora 
as masculinas mostrem sinais de predominância a medida que o sistema de crenças se torne 
mais mundano, características de uma fase mais racional e técnica onde muitas vezes a 
religião politeísta caminha junto com filosofias da natureza. 
É sempre nesse estágio também que as sociedades desenvolvem escrita, ou pelo menos 
passa a utilizar símbolos abstratos e códigos visuais mais elaborados, no caso do politeísmo 
asiático, egípcio e europeu por exemplo, evoluiu para um sistema de escrita complexo. 
Muitas destas religiões têm então, narrativas de seus mitos em forma escrita, mas tais não 
possuem o valor e a significância de uma Revelação propriamente dita. 
Num estágio final tende a ocorrer o fenômeno da Monolatria, onde a adoração se concentra 
numa única divindade, o que pode ser o ponto de partida para o Monoteísmo. 
MONOTEÍSMO 
Chega um momento onde o Politeísmo está tão confuso, que parece forçar o "inconsciente 
coletivo", ou a "intuição global" a buscar uma nova forma de crença. Alguém precisa pôr ordem 
 
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na casa, surge então um poderoso Deus que acaba com a confusão e se proclama como o 
Único soberano. Acabam-se as adorações isoladas e hierarquiza-se rigidamente as deidades, 
de modo a se submeter toda a autoridade do universo a um ente máximo. 
O MONOTEÍSMO não é a crença em uma única divindade, mas sim a soberania absoluta 
de uma. A própria teologia judáico-cristã-islâmica adota hierarquias angélicas que são inclusive 
encarregadas de reger elementos específicos da natureza. 
Um elemento que caracteriza mais claramente o MONOTEÍSMO mais específico, 
Zoroastrista, Judáico, Cristão, Islâmico e Sikh, é antes de tudo a ausência ou escassez de 
representações icônicas do Deus supremo, e sua desatribuição parcial de qualidades 
humanas, nem sempre bem sucedida. Já as entidades secundárias são comumente retratadas 
artisticamente. 
A própria mitologia grega através da Monolatria, já estaria a dar sinais de se dirigir a um 
monoteísmo similar ao que chegou a religião Hindu, ou a egípcia com a instituição do deus 
único Akhenaton, embora ainda impregnadas fortemente de Politeísmo a até de 
reminiscências Panteístas no caso do Bhramanismo. Zeus assomava-se cada vez mais como 
o regente absoluto do universo. Entretanto um certo obstáculo teológico impedia que tal 
mitologia atingisse um estágio sequer semi-Monoteísta. Zeus é filho de Chronos, neto de 
Urano, essa descendência evidencia sua natureza subordinada ao tempo, ele não é eterno ou 
sequer o princípio em si próprio, que é uma característica obrigatória de um Deus Uno e 
absoluto como Bhraman ou Jeová. 
Um fator complicador é que todas essas religiões apesar de seu princípio Uno, são também 
Dualistas, pois contrapõem um deus do Bem contra um do Mal. Entretanto não se presta "Sob 
Hipótese Alguma!", qualquer culto ao deus maligno, como ocorre nas Politeístas. Saber se o 
deus maligno está ou não sujeito afinal ao deus supremo é uma discussão que vem rendendo 
há mais de 3.000 anos. 
Diferente do estado Panteísta original não ocorre harmonia entre os opostos, e um deles 
passa a ser privilegiado em detrimento do outro. Sendo assim onde antes ocorria a divinização 
dos aspectos Masculinos e Femininos do Universo, e a sacralidade da união, aqui ocorre a 
associação de um com o maligno, fatalmente do elemento Feminino uma vez que todas as 
religiões monoteístas surgiram na fase patriarcal da humanidade. 
O Bhramanismo sendo o mais antigo, ainda conserva qualidades tais como veneração a 
manifestações femininas da divindade, não condena a relação sexual e ainda detém a crença 
reencarnacionista que é uma quase constante no Panteísmo. Do Politeísmo guarda toda um 
miríade de deuses personificados, com estórias bastante humanas que envolvem conflitos e 
paixões. Mas a subordinação a um Uno supremo, no caso representado pela trindade Bhrama-
Vinshu-Shiva, é clara. O panteão anterior Hindu foi completamente absorvido pelo monoteísmo 
Bhraman, e conservou até mesmo a deusa Aditi, que outrora fora a divindade suprema. 
 
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Já os monoteísmos posteriores, mais afastados do fenômeno panteísta, entram em choque 
mais evidente com o Politeísmo que geralmente está em estado caótico. Ocorre um 
abafamento da religião anterior pela nova e seu caráter patriarcal e associado a violência, 
especialmente a partir do Judaísmo, se impõe de forma opressiva. As divindades femininas 
são erradicadas ou demonizadas, sendo então obrigatoriamente associadas ao elemento 
maligno do universo. Esse fenômeno acompanha a queda da condição social feminina na 
sociedade. 
Embora as teologias monoteístas, especialmente na atualidade, se esforcem para afirmar o 
contrário, o deus único Hebreu, Cristão e Islâmico, basicamente o mesmo, assim como o do 
anterior Zoroastrismo e posterior Sikhismo, são nitidamente masculinos, aparentemente 
renegando o aspecto feminino divino do universo, mas na verdade o absorvendo, uma vez que 
ao contrário de deuses "supremos" Politeístas como Zeus, Osíris e Odin, eles são carregados 
de atribuições de amor e compaixão, embora ainda conservem sua Ira divina e seus atributos 
violentos,

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