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Resenha Crítica Sexualidade Na Velhice Autores Vieira_Coutinho_Saraiva

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Alunas: Carolina Fontoura da Motta, Gabriele Becker, Maria Elisabete de Gregório.
Título do artigo: A Sexualidade Na Velhice: Representações Sociais De Idosos Frequentadores de Um Grupo de Convivência 
Autores do artigo: Kay Francis Leal Vieira, Maria da Penha de Lima Coutinho e Evelyn Rúbia de Albuquerque Saraiva. 
Resenha crítica
Esta resenha crítica é baseada no artigo desenvolvido por Kay Francis Leal Vieira, Maria da Penha de Lima Coutinho e Evelyn Rúbia de Albuquerque Saraiva, referente ao tema da sexualidade na velhice. Trata-se de uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, fundamentada na Teoria das Representações Sociais, realizada com 30 idosos de um grupo de convivência da cidade de João Pessoa/PB. O objetivo dos autores é abordar o processo de mudança da sexualidade conforme o envelhecimento e qual a percepção que os próprios idosos tem desse processo.
Inicialmente, as autoras definem o processo de envelhecimento como algo sequencial, próprio de cada indivíduo, universal - considerando que todas as pessoas passam por esse processo, inconvertível e não patológico que resulta na deterioração do organismo como um todo.
A partir daí, temos outras definições, que poderíamos chamar de sociais, para o envelhecimento: última fase do ciclo de vida, que acarreta perda motora, cognitiva e social. Velhice, ainda, está atrelada à noção de idade avançada, à condição de ser velho.
É apresentado, pelas autoras, o estudo freudiano sobre sexualidade, onde Freud afirma que a sexualidade nos acompanha durante toda a vida - do nascimento à morte, e, em sua abordagem pioneira refere que a sexualidade tem por objetivo o prazer, desvinculando a prática sexual da exclusividade reprodutiva.
Citando Pascual (2002), as autoras demonstram que o conceito de velhice é negativo, particularmente no tocante a sexualidade, pois os idosos não encontram apoio dos profissionais de saúde ou dos familiares. Também, os meios de comunicação apresentam a velhice, e todo o processo de envelhecimento, como algo ruim.
A temática da sexualidade, segundo as autoras, é negligenciada na assistência social prestada às pessoas mais velhas. Em consequência disso, pesquisas mostram que os índices de pessoas idosas infectadas com HIV supera o índice de infectados entre adolescentes de 15 a 19 anos.
Também, há que se observar o fato de os profissionais de saúde sentirem vergonha quando abordam questões relacionadas à vida sexual de uma pessoa idosa, o que contribui para a negligência observada sobre os cuidados preventivos para evitar doenças sexualmente transmissíveis. O idoso, por seu lado, também sente-se incomodado em questionar à equipe de saúde sobre os cuidados necessários com a vida sexual.
No texto, o tópico da sexualidade é abordado pela ótica da Teoria das Representações Sociais, que parte da perspectiva coletiva sem deixar de lado o indivíduo, sendo, também, uma forma de conhecimento que é elaborada pelo todo e, ao mesmo tempo, contribui para o todo, para a sociedade.
O grupo de idosos entrevistados é vinculado ao Instituto de Previdência do Município de João Pessoa/PB e participam de oficinas de informática, dança, coral, dentre outras atividades de socialização. Os idosos entrevistados foram açulados a falar livremente sobre os significados que dão à sexualidade. Dos participantes, 80% eram do sexo feminino, 20% tinham idade superior à 70 anos, 70% com renda entre 4 e 6 salários mínimos e mais de 70% se definiram como católicos. 
Ainda, das entrevistas, as autoras concluíram que 12% entendem o sexo como atividade prazerosa, 16% associam a sexualidade ao ato sexual em si; 13% relacionam carinho à sexualidade; intimidade, companherismo e autoestima aparecem associados à sexualidade para 7%, em média, dos entrevistados, em cada categoria. No tocante às mudanças na sexualidade advindas com a velhice, 28% dizem que as mudanças foram negativas, 12% afirmam que a sexualidade é desnecessária na velhice. Por fim, 66% dos idosos entendem que a sociedade rejeita a sexualidade na velhice.
Da leitura crítica do artigo apresentado, depreende-se que, primeiro, e o ponto que entendemos ser o mais importante, a negligência com que o tema é tratado pelos profissionais especializados pode comprometer a saúde dos idosos, considerando os índices de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis. Entendemos que, no geral, temas relacionados à sexualidade são tabu para os idosos, levando ao sexo sem proteção e, por consequência, contaminação por doenças venéreas. 
Outro ponto à destacar-se é o percentual de mulheres participantes do grupo, o que nos leva ao questionamento: os homens não procuram grupos de convivência ou morrem mais cedo? Seria interessante traçar o perfil específico das mulheres que frequentam o grupo. Também observa-se ser um grupo de maioria de classe média, o que, entendemos, contribui para a socialização.
Por fim, gostaríamos de destacar o impacto negativo, na percepção dos idosos, das atitudes da sociedade como um todo no tocante à sexualidade na velhice, já que 66% dos participantes entendem que a sociedade vê com maus olhos e rejeita os relacionamentos amorosos entre os idosos. Disso, deixamos um último questionamento: estamos, como sociedade, contribuindo para a velhice saudável dos nossos pais, avós e idosos?
Referências: 
VIEIRA, K. F. L, et al. A sexualidade na velhice: representações sociais de idosos frequentadores de um grupo de convivência. Psicologia: Ciência e Profissão. Jan/Mar. 2016, vol. 36, nº 1, 196-209.

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