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Paulista/PE 2020 JACILENE MARIA DA SILVA SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO CURSO BACHAREL EM SERVIÇO SOCIAL VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER: Lei Maria da Penha Solução ou mais uma Medida Paliativa Paulista/PE 2020 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER: Lei Maria da Penha Solução ou mais uma Medida Paliativa Trabalho de Conclusão de curso Apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Tutora Orientadora: Silvia Helena T da Silva Professora Orientadora: Aiala JACILENE MARIA DA SILVA Dedico esta monografia a minha família pela fé e confiança demonstrada Aos meus amigos pelo apoio incondicional Aos professores pelo simples fato de estarem dispostos a ensinar A orientadora pela paciência demonstrada no decorrer do trabalho Enfim a todos que de alguma forma tornaram este caminho mais fácil de ser percorrido. AGRADECIMENTOS Sou grata ao Senhor Jesus por todas as bênçãos! Pela a felicidade desta conquista! À minha mãe, exemplos de vida e amor. A minha eterna gratidão por ter me proporcionado a melhor educação. A amo incondicionalmente. Aos meus irmãos, pelo laço de amor e união, que temos. Ao meu pai, de quem muito me ama e acredita em mim. Te amarei SEMPRE! Ao meu namorado pelo carinho dedicado. Te amo! A minha tutora, pela capacidade como orientadora e pela brilhante condução no desenvolvimento do estudo. Aos meus colegas de Corso que tiveram bastante paciência comigo por estes anos de estudos. SILVA, Jacilene Maria da. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER: Lei Maria da Penha Solução ou mais uma medida paliativa. 2020. 38 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Paulista, 2020. RESUMO O presente trabalho tem por objetivo analisar os aspectos da Lei 11.340/06, de Combate a Violência Doméstica e familiar contra a mulher, ou seja, lei “Maria da Penha”, abordando assim as falhas e eficácia mencionada lei, fazendo uma referência nas conquistas das mulheres e questionando se seria solução ou mais uma medida paliativa, assim como a inaplicabilidade da Lei 9099/95 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais) nos casos de crimes praticados contra a mulher. Notar-se a violência doméstica contra a mulher como grave problema que carece de ser reconhecido e enfrentado, tanto pela sociedade como pelos órgãos governamentais, criando políticas públicas para prevenção e combate. O método utilizado foi bibliográfico, pois as teorias partiram de autores em fontes como livros, sites da internet, códigos e leis. Como o foco deste trabalho é impulsionar o reconhecimento da mulher que sofre violação em seus direitos. Explica-se o problema e a atenção insignificante a violência doméstica e como fica perante a lei. Palavras-chave: Violência doméstica. Direitos da Mulher. Lei Maria da Penha. SILVA, Jacilene Maria da. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER: Lei Maria da Penha Solução ou mais uma medida paliativa. 2020. 38 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Paulista, 2020. ABSTRACT The present work aims to analyze the aspects of Law 11.340 / 06, to Combat Domestic and Family Violence against Women, that is, the “Maria da Penha” law, thus addressing the failures and effectiveness mentioned in the law, making a reference in the achievements questioning whether it would be a solution or a palliative measure, as well as the inapplicability of Law 9099/95 (Law of Special Civil and Criminal Courts) in cases of crimes against women. Domestic violence against women is seen as a serious problem that needs to be recognized and addressed, both by society and government agencies, creating public policies for prevention and combat. The method used was bibliographic, since the theories came from authors in sources such as books, websites, codes and laws. As the focus of this work is to boost the recognition of women who suffer violations of their rights. The problem and the insignificant attention to domestic violence and how it is before the law are explained. Keywords: Domestic violence. Women rights. Maria da Penha Law. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 07 1.1 Obetivo Geral ...................................................................................................... 08 1.2 Objetivos Especificos .......................................................................................... 08 1.3 Justificativa .......................................................................................................... 08 1.4 Metodologia ......................................................................................................... 09 2. ASPECTOS HISTÓRICOS .................................................................................... 10 2.1 Período Pré Colonização..................................................................................... 10 2.2 Período Pós Colonização .................................................................................... 11 2.3 A Lei Maria da Penha e sua criação .................................................................... 14 3. NOÇÕES SOBRE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER ................... 17 3.1 Conceito .............................................................................................................. 17 3.2 Espécies .............................................................................................................. 18 3.3 Conduta Social em Face Dessa Violência........................................................... 20 3.4 Violência Contra a Mulher Reconhecida como Violação das Liberdades Fundamentais ............................................................................................................ 22 3.5 Tipos de Violência Contra a Mulher .................................................................... 23 3.5.1 Violência física ................................................................................................. 24 3.5.2 Violência psicológica ........................................................................................ 25 3.5.3. Violência sexual .............................................................................................. 25 3.5.4 Violência patrimonial ........................................................................................ 27 3.5.5 Violência moral ................................................................................................. 27 4. IDENTIFICANDO A LEI MARIA DA PENHA ......................................................... 28 4.1 Eficácia da Lei nº. 11.340/06 ............................................................................... 28 4.2 Falhas da referida lei ........................................................................................... 30 4.3 A Lei Maria da Penha perante a Lei nº. 9099/95 ................................................. 32 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 34 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36 71. INTRODUÇÃO O tema deste projeto será sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher. Esta se torna a principal vítima desde o princípio da humanidade, consequência de uma sociedade machista que se denomina superior a mulher. Tal violência por muitas vezes faz com a mulher não se afaste do lar por causa da dependência financeira que ela convive com seu conjugue. Percebe-se assim que a violência doméstica contra a mulher recebe este nome por ocorrer no lar, e o agressor sempre é alguém que já manteve, ou ainda mantém uma relação íntima com a vítima. A violência, já por sua vez, pode ser caracterizada de diversas formas, a saber: através de marcas visíveis no corpo, caracterizando a violência física, muitas vezes de forma sutis, porém não menos importante como também pode ocorre de forma psicológica, trazendo danos significativos à estrutura emocional da mulher. Pode se notar que a violência doméstica contra a mulher constitui um grave problema que carece de ser reconhecido e enfrentado, tanto pela sociedade como pelos órgãos governamentais, criando políticas públicas para prevenção e combate, assim como o fortalecimento da rede de apoio à vítima. É importante que não seja compreendido em nível individual e privado, mas sim como uma questão de direitos humanos, pois, além de afrontar a dignidade da pessoa humana, impede o desenvolvimento pleno da cidadania da mulher. É neste contexto que o estudo do presente trabalho tem por objetivo principal a Lei 11.340/06, de Combate a Violência Doméstica e familiar contra a mulher, ou sela a lei “Maria da Penha”, abordando assim as falhas e eficácia mencionada lei, fazendo uma referência nas conquistas das mulheres e questionando se tal lei seria solução ou mais uma medida paliativa. Para atingir os objetivos pretendidos com este trabalho, a metodologia utilizada foi bibliográfica, pois as teorias partiram de autores em fontes como livros, sites da internet, códigos e leis. Este trabalho será divido em três capitulo, o primeiro capitulo se refere aos aspectos históricos, abordando a evolução da mulher na sociedade brasileira e como surgiu a lei 11.340/2006. 8 O segundo capitulo fala sobre as noções em relação à violência doméstica contra a mulher, trazendo assim o seu conceito, qual a conduta social em fase dessa lei, se a violência contra a mulher é reconhecida como violação das liberdades fundamentais, e não esquecendo os tipos violência contra mulher como exemplo: violência física, psicológica e etc. Por sua vez, o terceiro capitulo, mostrará que a lei Maria da Penha é eficaz, mas existe falhas por parte do judiciário e da Administração Pública, em relação a aplicação e as formas de proteção, assegurando a integridade da mulher no momento da aplicação. Diante do exposto este trabalho busca direcionar e aprimorar o conhecimento, trazendo assim informações para as mulheres, sobre a lei Maria da Penha, quais as dúvidas em relação à lei e sim está de fato diminuído a violência doméstica contra a mulher. 1.1. Objetivo geral Analisar a eficácia da Lei n. 11340/2006 em relação a redução quanto a violência doméstica. 1.2. Objetivos específicos Avaliar todas as medidas protetivas para a mulher; Conhecer o papel do Ministério Público; Analisar o atendimento pela autoridade policial. 1.3. Justificativa A importância desta pesquisa é a polêmica da eficácia da aplicação da Lei Maria da Penha para com os que praticam esta violência contra mulher. Se a Lei oferece suporte às mulheres agredidas, as consequências psíquicas que as mulheres enfrentam. Este problema da aplicação e sua eficácia se caracterizam quando os agressores ficam impunes, pois eu mesma já fui vítima e após várias denúncias a delegacias especializadas não obtive nenhum resultado. 9 É neste contexto que o estudo do presente trabalho tem por objetivo principal a Lei 11.340/06, de Combate a Violência Doméstica e familiar contra a mulher, ou sela a lei “Maria da Penha”, abordando assim as falhas e eficácia mencionada lei, fazendo uma referência nas conquistas das mulheres e questionando se tal lei seria solução ou mais uma medida paliativa. 1.4. Metodologia Para o desenvolvimento da pesquisa serão utilizados estudos jurídicos, doutrinários, legislação nacional pertinente, jurisprudência e decisões relevantes. A pesquisa, sempre nos limites dos objetivos propostos, se desenvolverá da seguinte forma: Levantamento e estudo bibliográfico referente a cada um dos objetivos propostos; Levantamento e análise da legislação nacional pertinente ao tema; Analisar artigos em revistas jurídicas; Estudo crítico de toda matéria doutrinária e legislativa; A metodologia adota terá caráter com qualidade, realizado com procedimento bibliográfico, com estudos de abordagem dos fatores históricos e sociais e o surgimento de novas formas de atuação perante tal realidade. Através de fontes doutrinarias, legislação e jurisprudência. 10 2. ASPECTOS HISTÓRICOS Este capitulo irá abordar os aspectos históricos, trazendo a evolução da mulher na sociedade brasileira desde o período pré-colonial até o período pós- colonial e a Lei Maria da Penha e sua criação. 2.1 Período Pré Colonização A evolução dos direitos das mulheres no Brasil seguiu de forma lenta e muitas vezes atrasada com relação aos países europeus, em razão da grande diferença do estágio cultural existente. O Brasil antes de ser colonizado pelos os portugueses era povoado pelas tribos indígenas, onde faziam diferenças pelos seus costumes. Em relação disso verificou que a mulher indígena ocupava posições diferentes na sociedade, como escravas dos maridos. As índias casavam cedo com os integrantes da mesma tribo. Esta época, em que o Brasil era colônia de Portugal estava sujeito aos regulamentos provenientes da metrópole. Essa relação de colônia e metrópole afetou significativamente o desenvolvi-me.nto de todo o Direito brasileiro, e consequentemente, os direitos relativos à mulher. Sobre esse assunto Silvia Pimentel analisa (PIMENTEL, 1978, p.14): O Brasil-colônia regulava-se pelas leis portuguesas. Quando se tornou independente politicamente, não possuindo capacidade de organização necessária para se auto-regular, continuou valendo-se de leis alienígenas. Isso passou a ser tradição. [...] Grande número de leis brasileiras são transplantes das legislações européia e americana. Historicamente, o fato se liga ä condição colonial do Brasil. Faltando no país escolas especializadas, grande parte dos filhos de brasileiros importantes e ilustres estudava fora do Brasil, e, ao voltar, trazia uma bagagem cultural que nada tinha a ver com a grande maioria dos problemas da realidade sub- desenvolvida brasileira. Com a chegada desses colonos no país, passa-se a manter as índias como escravas, obrigando a mesmas a ter relações com eles, pois isso 11 acontecia porque o número de mulheres portuguesas era muito pequeno. Todavia, com a chegada dos jesuítas no século XVI, que eram contrários a tal pratica, iniciou-se um apelo à coroa portuguesa para que enviasse ao país mulheres e moças brancas, órfãs e que não tivessem boa reputação em Portugal para que as enviasse ao pais, no intuito de cassar com os portugueses que colonizadores. Mesmo depois desta solicitação dos jesuítas, o número de mulheres brancas era escasso, motivo pelo qual tais mulheres passaram a um status mais elevado se comparada às mulheres indígenas. Pode-se dizer que relatos declaram que tais mulheres tinham liberdade perante a sociedade, diferentemente das mulheres escravas daquela época, que passavam o tempo todo enclausuradas por seus maridos, pois não havia permissão nem de ir à missa aos domingos e feriados. Tinha mais as mulheres que perdiam sua virgindade ou como erachamada na época “sua honra” sem se casar eram assassinadas, quando não era expulsa de casa e acabavam se prostituindo para sua sobrevivência. 2.2 Período Pós Colonização Já em 1808 estabelecida à corte no estado do Rio de Janeiro e com a chegada da família real portuguesa e no mesmo momento chegando no pais o mercador britânico o senhor John Luccok como era chamado, que passa a descrever em seu livro, a vida dessas mulheres. Havia poucas oportunidades de entrar em contato e se comunicar com o sexo oposto, onde seus pais ou responsável dava para o casamento com a idade de 12 e 14 anos. Sendo raras as vezes que saiam de suas casas e quando isso acontecia o seu corpo e seu rosto em mantos ou ocultos por trás de cortinas das cadeiras que era usado como meio de transportes carregados pelos índios escravos. Essas mulheres não possuem o poder de decisões nos negócios e na vida doméstica da família, quem decidia todos eram os maridos. Como não podiam opinar em nada passavam o tempo todos a fiar algodão, fazendo rendas, bordados, flores artificiais e em serviços domésticos, como por 12 exemplo, cozinhar. As escolas só eram frequentadas pelos os jovens, pois a as jovens eram delicadas demais para frequentar as aulas. Segundo Luccok (LUCCOK, 1808, apud JUNE, 1978, página 32). No início da luta pela independência, foi surgindo heroínas no pais, destacando-se Maria Quitéria de Jesus como a mais famosa entres as mulheres brasileiras envolvida na luta pela independência, disfarçando assim de homem foi ao combate da Bahia na guerra da Independência. Isto aconteceu porque os emissários do governo estavam pelo o país à procura de voluntário para guerra, mas como o pai de Maria Quitéria não teve filho homem e estava com uma certa idade para ir à guerra e como ela tinha despertado um entusiasmo pelo ideal que era a liberdade do pais ela resolve fugir de casa ir a luta na guerra. No Rio de Janeiro no século XIX os números de escolas começaram a crescer e as mulheres de famílias ricas passaram a frequentar as escolas e recebiam em poucos anos a fina educação. Os pais das moças da época achavam o comprimento do seu dever era as filhas ser educadas para cursar a escola de moda, a qual estas escolas eram dirigidas pelo os estrangeiros. Quando as moças completavam trezes ou quatorze anos eram retiras da referida escola para que fosse apresentada o seu futuro marido e ai de quem falasse do arranjo do pai. Foi na nessa época que as mulheres começaram a frequentar os lugares públicos, como por exemplos, em algumas festas da cidade, igrejas teatros, isto só era possível para que o esposo exibisse a sua esposa que tinham obtido por causa do seu dinheiro. Já no início do século XIX, as mulheres tinham uma básica função de tomar conta da casa e dos filhos que nasciam. E como o casamento era arranjado pelos os pais por conta do doto que os pais das moças ofereciam ao rapaz que casasse com sua filha e também a heranças que elas herdariam com a morte do pai, e estas moças não tinham o direito de fazer a escolha de quem seriam seu marido. Deixam de ser dependente de seus pais e passaria a depender de seus maridos, e passavam a ser independente com a morte de seu marido, pois se torna viúva e as viúvas eram donas de se mesmo não teriam nenhuma subordinação, então poderiam administrar seus bens e 13 dinheiros, ou até casasse com homens a sua escolha, muitas vezes por conta de que não tinham experiência caiam na lábia do caça dotes. No entanto as mulheres por serem considerados seres inferiores aos homens e só depende exclusivamente do poder de sua beleza e riqueza. Só na metade deste século é que os fazendeiros permitiram que suas filhas apreendessem a ler, escrever, falar francês e apreendesse a tocar piano, e ainda encontravam pais que zombava daqueles que permitiam suas filhas estudar, pois os pais que não deixavam eram por que achava inútil a sua filha apreendesse. As festas que aconteciam nos salões da casa grande nas fazendas e nos sobrados da cidade eram realizadas com intuito de aproximar os rapazes das moças que já tinham sido prometidas a eles precocemente. Seus pais não levavam em consideração o sentimento de suas filhas e sim a igualdade do nível social e financeira. Já que tinham sido educadas para serem submissas, elas aceitavam os maridos que já tinham sido prometidos no seu nascimento e também aceitava também a vida adúltera do seu marido com as escravas. Quando as escravas casavam não podiam viver juntos com seu marido, só era permitido os encontros à noite em algumas horas como o seu conjugue na senzala e também as escravas eram tratadas como mães produtoras. A poligamia era comum a pratica uma vez que era comum o nascimento de filhos de mães solteiras, pois enriqueciam os fazendeiros. No entanto o concubinato era comum entre os escravos, entre os portugueses feitores com as escravas para poder ter ocupação em posto administrativo e também entre as escrevas e seus senhores, ou seja, o seu dono. Pode-se dizer que no final do século, as mulheres começaram a editar jornais e nestes jornais defendem os direitos femininos. Através de texto importância sobre a educação para as mulheres e os benefícios que poderiam trazer a sociedade e passaram a reivindicar pela desigualdade das mulheres no país. Estas lutas e reivindicações as mulheres passam a usufruir o direito de trabalhar nas industrias, mas seus salários eram inferiores ao dos homens que exerciam a mesma função. Por outro lado, a bióloga e advogada, Bertha lutz foi uma das líderes em favor da reformulação do código eleitoral, que foi aprovado e sendo assim as mulheres começaram a ter direitos de votar e ser votada. Logo no ano de 14 1932 e com o apoio da deputada Carlota de Queiroz é elaborado o primeiro estatuto da mulher. A partir das conquistas alcançados pelas as mulheres, foi criando o movimento feminista no Brasil e com a promulgação da constituição veio assegurar os direitos das mulheres, sendo reconhecida como cidadã e dando direitos trabalhistas. Passando assim a criar um espaço na posição política e social. Hoje são comuns que as mulheres possam exercer atividades que antes eram só dos homens poderiam exercer, ocupar cargo público e até mesmo fazer suas próprias escolha para poderem casar e ter filhos solteiras sem haver qualquer descriminação pela situação, a qual antes seria considerado uma frota moral e social a sociedade. 2.3 A Lei Maria da Penha e sua criação A Lei 11.340, de 07 de agosto de 2006 que passa a reestrutura o ordenamento jurídico no diz respeito à violência contra a mulher, foi publicada no dia 08 de agosto de 2006. Como prevê vacatio de quarenta dias, passando a sim a vigorar no dia 22 de setembro de 2006. Como podemos observar a seguir: A nova lei, que passa a vigorar no dia 22 de setembro de 2006, vem para atender a um clamor contra a sensação de impunidade despertada em muitos pela aplicação da Lei do Juizado Especial Criminal aos casos de violência doméstica e familiar praticada, especialmente, contra a mulher. (NOGUEIRA, s.d., s.p.) Assim, com a promulgação da Lei, ela passa a ser conhecida como Lei Maria da Penha, ganhou este nome em homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, que por vinte anos lutou para ver seu agressor preso, embora em seu texto não haja qualquer alusão sobre a tal denominação. Maria da Penha é biofarmacêutica cearense, e foi casada como o professor universitário Mario Antonio Herredia Viveros. Em 1983 ela sofreu a primeira tentativa de assassinato, quando levou um tiro na costa enquanto dormia. O marido foi encontrado na cozinha, gritando por socorro, alegando 15 que tinham sido atacados por assaltantes. Desta primeira tentativa, Maria da Penha ficou paraplégica. A segunda tentativa de homicídio aconteceu alguns meses depois, quandoo marido empurrou a mesa da cadeira de rodas e tentou eletrocuta-la no chuveiro. O autor premeditou todas as agressões, pois tentou convencer a esposa a fazer um seguro de vida, no qual ele seria o beneficiário deste seguro. A empregada do casal era testemunhas do que o marido teria tentado convencer sua esposa e também que a mesma passasse o seu veículo para o nome dele. E com o encontro da arma utilizada no crime contra vítima foi dado decisivos como prova da autoria. Como pode-se ver a seguir: Marco Antonio foi levado a júri em 1986 e acabou condenado. No entanto, a defesa recorreu e o júri foi anulado, por falha processual. Novamente julgado em 1996, o agressor pegou 10 anos e 6 meses de reclusão. Houve apelação até os tribunais superiores, e Marco Antonio ainda permaneceu livre até 2002 quando, finalmente, foi preso, passados 19 anos da primeira tentativa de homicídio. Atualmente, porém, já beneficiado pela progressão no regime prisional, cumpre pena em liberdade e reside no Estado do Rio Grande do Norte. (ELUF, 2007, s.p.). Apesar de a investigação ter começado em junho do mesmo ano, a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público em setembro do ano seguinte e o primeiro julgamento só aconteceu 8 anos após os crimes. Em 1996, o seu marido foi julgado culpado e condenado a dez anos de reclusão, mas conseguiu recorrer. No entanto Maria da Penha recebeu apoio da população, pois o seu companheiro demorou em receber a punição que a ele cabia, e como o apoia da sociedade começaram as reivindicações a comissão Internacional dos Direitos Humanos e foi elaborado um relatório que relatava as situações das mulheres brasileiras que sofriam violência doméstica. E por contas dessas reivindicações e a elaboração do relatório que a Lei Maria da Penha foi criada e promulgada, para tentar combater a violência doméstica contra a mulher. O analise do fato denunciado foi relatado através do Relatório nº. 54/2001, relatando também as falhas cometidas pela omissão do Estado Brasileiro, assumindo assim um compromisso com a Convenção Americana e a Convenção de Belém do Pará um compromisso de implementar e cumprir 16 dispositivos destes tratados. Em relação ao caso da Maria da Penha a comissão Internacional dos direitos Humanos decidiu o seguinte: A Comissão recomenda ao Estado que proceda a uma investigação séria, imparcial e exaustiva para determinar a responsabilidade penal do autor do delito de tentativa de homicídio em prejuízo da Senhora Fernandes e para determinar se há outros fatos ou ações de agentes estatais que tenham impedido o processamento rápido e efetivo do responsável; também recomenda a reparação efetiva e pronta da vítima e a adoção de medidas, no âmbito nacional, para eliminar essa tolerância do Estado ante a violência doméstica contra as mulheres. Vale ressaltar a importância que o Brasil em não responder e omitiu as indagações da Comissão Interamericana de Direitos Humanos decide publicar o relatório em questão por conta da inercia do país. Onde podemos verificar a seguir: Essa nova lei foi batizada de Maria da Penha, em homenagem à mulher que se tornou um símbolo de resistência à crueldade masculina. A Lei Maria da Penha protege especificamente a mulher e determina a criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, afastando a aplicação da Lei nº 9099/95 (Juizados Especiais Criminais) e estabelecendo importantes medidas de proteção à população feminina. Tais dispositivos, portanto, não abrangem os homens, o que causou, no princípio, alguma discussão sobre a constitucionalidade da lei que, de certa forma, discrimina a população masculina ao não determinar medidas de proteção ao marido ou ao companheiro. (ELUF, 2007, s.p.) A lei em referência tem como objetivo proteger a mulher de várias violências a elas sometida, cabendo assim ao agressor a sua prisão em fragrante, ou prisão preventiva através de determinação judicial. A lei também acaba com as penas pagas em cestas básicas ou multas, além de englobar, a violência física e sexual, também a violência psicológica, a violência patrimonial e o assédio moral. 17 3. NOÇÕES SOBRE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER Neste capitulo vamos estudar sobre as noções de violência doméstica contra a mulher, trazendo o seu conceito, qual seria a conduta Social em face dessa violência, quais são os tipos de violência que viola o direito da liberdade fundamentais das mulheres e por fim deste quais são os tipos de violência contra mulher fazendo ênfase na violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. 3.1 Conceito A violência doméstica (ou familiar) é, portanto a acção ou a omissão que o integrante de um grupo familiar exerce contra outro (sendo o mais comum o marido em relação à sua esposa) e que provoca danos não acidentais (são propositados) no aspecto físico ou psíquico. Fala-se em violência doméstica por ter lugar essencialmente no lar, em casa (onde mora, portanto, a família). Porém, a violência contra a mulher foi analisada como fenômeno social inaceitável e mais absurdo, onde sempre existiu e não é restrito a raça, idade e muitos menos a condição social, porem todas as mulheres poder ser vítima dessa violência. Pois se trata de uma conduta em obter o poder e o controle da mulher. Para Costa a violência é um fenômeno bastante complexo e composto por diversos factores, sejam eles, “sociais, culturais, psicológicos, ideológicos, económicos, etc.”. (COSTA, 2003, s.p.) Já para Machado e Gonçalves, considera-se violência doméstica “qualquer acto, conduta ou omissão que sirva para infligir, reiteradamente e com intensidade, sofrimentos físicos, sexuais, mentais ou econômicos, de modo directo ou indirecto (por meio de ameaças, enganos, coacção ou qualquer outro meio) a qualquer pessoa que habite no mesmo agregado doméstico privado (pessoas – crianças, jovens, mulheres adultas, homens adultos ou idosos – a viver em alojamento comum) ou que, não habitando no mesmo agregado doméstico privado que o agente da violência seja cônjuge ou companheiro marital ou ex- cônjuge ou ex-companheiro marital”. (Machado e Gonçalves, 2003, s.p). 18 Ou seja, violência doméstica é a violência, explícita ou velada, literalmente praticada dentro de casa ou no âmbito familiar, entre indivíduos unidos por parentesco civil (marido e mulher, sogra, padrasto) ou parentesco natural pai, mãe, filhos, irmãos etc. 3.2 Espécies No ordenamento jurídico a violência é uma espécie de coação em vencer a capacidade de resistência como outro, ou fazer algo contra a sua vontade. Observamos a seguir: Violência, em seu significado mais frequente, quer dizer uso da força física, psicológica ou intelectual para obrigar outra pessoa a fazer algo que não está com vontade; é constranger, é tolher a liberdade, é incomodar, é impedir a uma pessoa de manifestar seu desejo e sua vontade, sob pena de viver gravemente ameaçada ou até mesmo ser espancada, lesionada ou morta. É um meio de coagir, de submeter outrem ao seu domínio, é uma violação dos direitos essenciais do ser humano. (2004, s.p.) O conselho Estadual de Comissão Feminina diferencia a Violência Doméstica contra a Mulher da violência social, como podermos ver abaixo não há resistência à força de outrem e a vítima é estanha ao agente: Qualquer ato de violência que tem por base o gênero e resulta em danos ou sofrimento de natureza física, sexual ou psicológicas, inclusive ameaças e coerção ou a privação arbitrária de liberdade, quer se produzam na vida pública ou privada. (2008, s.p.) A Constituição reconhece a violência doméstica conforme o artigo 226, parágrafo 8º., que diz: “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”.Este tipo de problema vem acontecendo há muito tempo, caracterizando assim a violência do homem contra a mulher independente da sua idade, cor, etnia, religião, nacionalidade ou opção sexual e condição social. O homem acha que é rei do seu lar familiar e aproveitando desse título que ele acha que http://pt.wikipedia.org/wiki/Viol%C3%AAncia 19 tem dita regras, ou seja, ele pensa que manda assim lesionando e estupras as mulheres. O desequilíbrio desse ato está relacionado ao poder distribuindo ao poder dos homens. Subdividimos a violência doméstica em violência expressiva, que neste caso com um fim em si, na violência instrumental com forma de submeter à mulher inferior a imposições do homem. No entanto na primeira posição constitui assim o abuso sexual, e na segunda está se referido ao abuso físico e psicológico. Maria Amélia Azevedo (AZEVEDO, 1985, p.21) diz como o agressor violenta a sua esposa ou companheira: O agressor (homem) usa intencionalmente a força física com o propósito de causar dor ou ofensa como um fim em si (violência expressiva) empregar a dor, ofensa ou cerceamento físico como punição destinada a induzir a vítima a realizar determinado ato (violência instrumental). A violência doméstica traz grande consequência principalmente na forma social, afetando assim a segurança, a sua educação, e não podemos esquecer o desenvolvimento pessoal e interferindo na sua autoestima. Como se trata de questão social necessita a participação de toda a sociedade para sua prevenção. Como a violência doméstica caracteriza as pessoas como objeto e são as maiores vítimas desta violência são os idosos, crianças e pessoas incapacitadas, comprovado por pesquisa que esse é o público de pessoas que sofrem essa violência e especialmente a mulher vítima. No Plano Internacional de antigamente a violência doméstica via a moralidade, porque a sociedade era considerada normal, o fato do homem agredisse sua mulher. Após este período veio à fase que o agressor era imoderado na sua forma desumana, onde traz o homem bruto, que passa a ser considerado criminoso. Havendo aplicação de penalidade aos homens que excediam nos maus tratos a sua companheira. E com a promulgação e com as informações sobre a lei Maria da Penha, passa hoje a ser tratada como um problema social. 20 3.3 Conduta Social em Face Dessa Violência A história das mulheres é marcada pela discriminação, esta discriminação marcada pelo fato de que os homens consideram as mulheres como seres inferiores e tem que ser submissa a eles. Mas muitas vezes este homem não tem culpa pois foram educados desta forma, com o conhecimento de que são dominantes e as mulheres são subordinada as diferenças sexuais. Eva Altermam Blay (BLAY, 2002, p. 45), relata o entendimento de gênero e diferença de sexo, afirmando que: (...) por gênero entendemos as diferenças sociais entre homens e mulheres que são adquiridas, são mutáveis ao longo do tempo e apresentam grandes variações entre e intraculturais. Por sexo entendemos as diferenças determinadas biologicamente entre homens e mulheres que são universais (...) Equidade de gênero refere-se à igualdade de oportunidade entre homem e mulher e às transformações das relações de poder que se dão na sociedade em nível econômico, social, político e cultural, assim como à mudança das relações de dominação na família, a comunidade e na sociedade em geral. Se houvesse uma transformação cultural, podiam pensar em uma possível equidade de gênero, onde o homem e a mulher passariam a ter igualdade de oportunidades e inexistência de discriminação em diferente em diferentes gêneros. Observa-se que não só as diferenças biológicas entre o homem e a mulher, determinando assim o emprego da violência contra ela. Na sociedade ocorrem vários tipos de violência, notificas diariamente, e neste contexto a violência pode passar despercebida. O modo que a sociedade pensa e sente é denominado senso comum, significando assim a representação de uma população sobre o tema. Segundo Chauí (CHAUÍ, 1992, apud BLAY, 2002, s.p.) retrata o conceito de senso comum, devendo ser entendido como: (...) o conjunto de crenças, valores, saberes e atitudes que julgamos naturais porque transmitimos de geração a geração, sem questionamentos, nos dizem como são e o que valem as coisas e os seres humanos, como devemos avaliá-los e julgá- los. (1992, p. 59) O senso comum leva a um procedimento que permeia todas as relações 21 sociais e estabelece diferenças entre as pessoas, negando direitos fundamentais e gerando conflitos. Isso leva à perda do respeito pela pessoa humana, restrição à liberdade e manutenção da discriminação. O preconceito é uma forma de violência e estão relacionados à classe social, gênero, etnia, faixa etária, etc. O preconceito relacionado às diferenças entre homens e mulheres, deu nascimento à hierarquia em que a mulher ocupa uma posição socialmente inferior. A inferioridade social da mulher nem sempre é fácil de ser reconhecida e dá origem à violência contra ela. O modo de pensar da sociedade é, muitas vezes, o de que “vida de mulher é assim mesmo”, ou seja, a violência ocorrida no âmbito doméstico está ligada à sociedade conjugal ou união estável como sendo conflito familiar. Muitos casos são registrados na Delegacia de Polícia e logo retirados devido à pressão do próprio homem, dos familiares ou da vizinhança. A sociedade vem tolerando de forma tácita todas as agressões de que a mulher é vítima e há mesmo uma espécie de conspiração oculta que faz com que a violência contra a mulher seja inserida no contexto normal da relação entre sexos. Os estudos histórico-antropológicos indicam a dominação do homem em face da mulher configurando uma relação hierárquica entre os sexos. Com essa visão cultural surgiu à ideologia do “machismo” como sendo um imaginário sócio cultural resultante de um longo processo de construção do que é ser mulher e ser homem. Nas palavras de Maria Amélia Azevedo, é fácil constatar o significado de machismo: (...) o machismo é uma violência simbólica, uma forma de significados que viola seus próprios interesses, sem que ele o perceba. É uma violência sutil disfarçada cuja eficácia máxima consiste em fazer com que o pólo dominado se convença da inexistência de opressão ou de que a subordinação não apenas é natural como necessária porque benéfica. (AZEVEDO, 1985, p. 55). Vê-se, assim, que a ideia do “machismo” existe há muito tempo na sociedade. 22 2.4 Violência Contra a Mulher Reconhecida como Violação das Liberdades Fundamentais O Brasil, como signatário da Convenção para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, da ONU, comprometeu-se na luta pela Extinção das discriminações contra a mulher. Em 1983, a começar pelo Estado de São Paulo, no Governo de Franco Montoro, criou-se o Conselho Estadual de Condição Feminina (CECF). Esse órgão estadual foi criado com o objetivo de traçar uma política de ação global dentro da máquina administrativa do Estado, visando as necessidades específicas da mulher na área da saúde, violência, creches e trabalho. Com a Conferência Mundial de Direitos Humanos realizada em Viena, em 1993, reconheceram-se os direitos das mulheres como sendo direitos humanos. Significa dizer que toda mulher tem direito à uma vida livre de violência e de toda forma de discriminação, livre também de padrões estereotipados de comportamento e de conceitos de inferioridade e/ou subordinação. A Assembleia dos Estados Americanos (OEA), realizada na cidade de Belém do Pará, adotou, em 6 de junho de 1994, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher. Essa Convenção, que foi ratificada pelo Brasil em 27 de novembro de 1995, considera violência contra a mulher “qualquer ação ou conduta baseadano gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado”. Declara que a violência contra a mulher constitui uma violação dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. O Brasil é, também, um dos signatários da Carta dos Direitos da Mulher, aprovada em 1979 pela Assembleia da Organização das Nações Unidas e que tinha como fundamento elidir a discriminação contra a mulher. No entanto, as mulheres não podem exercer seus direitos plenamente, devido à falta de conhecimento das leis nacionais e internacionais que estão em vigor e pelo fato dos governos e das comunidades não as respeitar. A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres estabelece normas internacionais para impedir a discriminação contra as mulheres, mas, em alguns países, a legislação nacional reflete essas 23 normas, entretanto, muitas vezes, a igualdade da mulher ainda não está garantida. Tanto a incompatibilidade entre a lei e a prática social, como os esforços insuficientes dos governos para fazer valer os acordos internacionais nessa questão, constituem-se em negação dos direitos humanos, pois violência é uma agressão aos direitos humanos. Ainda há lacunas nas providências a serem tomadas em relação a essa temática. Foram implementados serviços de atendimento às vítimas, mas estes ainda devem ser intensificados e várias pesquisas devem ser realizadas para esclarecer e fundamentar o tratamento contra o mal desde a origem e para proteger as gerações futuras. Segundo dados da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 33% das brasileiras já sofreram alguma forma de violência psíquica e 11% assédio sexual. O mais grave é que 70% dos crimes acontecem dentro de casa, sendo agressores os companheiros, maridos, padrastos, vizinhos e pais. É preciso conscientização de que a mulher sempre foi tratada de forma desumana devido à dominação do homem sobre a mulher. A população deve exigir do Governo leis severas e programas de atendimento específico para essa violência. Toda mulher violentada física ou moralmente, deve ter a coragem de relatar o caso, mas isso só será possível quando ela tiver conhecimento de seus direitos e de que há formas de prevenção e punição. Se não houver conhecimento e garantia de que o agressor pode ser punido, a mulher acaba aceitando a violência deixando sua vida marcada pelo medo e a vergonha, e sem amor próprio. Se toda mulher vítima agisse sem medo e revelasse a violência estaria se protegendo contra futuras agressões, além de servir como exemplo para outras mulheres, pois a ocultação do crime sofrido dificulta a procura de soluções para o problema. 3.5. Tipos de Violência Contra a Mulher A violência, em muitos casos, é elemento constitutivo do crime ou circunstância qualificadora. Consiste em um desenvolvimento de força física para vencer resistência real ou suposta. 24 Nesse contexto, o legislador preocupou-se não só em definir a violência doméstica e familiar, mas também em especificar suas formas, até porque, no âmbito do Direito Penal, vigoram os princípios da taxatividade e da legalidade, em que não se admitem conceitos vagos. Entretanto, o rol trazido pela Lei não é exaustivo, podendo haver o reconhecimento de ações outras que configurem violência doméstica e familiar contra a mulher gerando a adoção de medidas protestativas no âmbito civil, mas não em sede de Direito Penal. A Lei Maria da Penha reconhece como violência doméstica e familiar contra a mulher a violência física, a psicológica, a sexual, a patrimonial e a moral. 3.5.1 Violência física O Artigo 7°, I da Lei 11.340/06: “a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal”. Violência física é o uso da força, mediante socos, tapas, pontapés, empurrões, arremesso de objetos, queimaduras etc, visando, desse modo, ofender a integridade ou a saúde corporal da vítima, deixando ou não marcas aparentes, naquilo que se denomina tradicionalmente, vis corporalis, expressão que define a violência física. Para Cunha e Pinto a violência física é aquela utilizada com o uso da força, visando ofender a integridade ou a saúde corporal da vítima, através de tapas, empurrões, pontapés, podendo ou não deixar marcas no corpo da pessoa ofendida. (CUNHA e PINTO, 2008, P. 61). A integridade física e a saúde corporal são protegidas juridicamente pela lei penal (CP, art. 129). A violência doméstica já configurava forma qualificada de lesões corporais, foi inserida no Código Penal em 2004, com o acréscimo do § 9° ao artigo 129 do CP. A Lei Maria da Penha limitou-se a alterar a pena desse delito: de 6 meses a um ano, a pena passou para de 3 meses a 3 anos. Embora não tenha havido mudança na descrição do tipo penal, ocorreu a ampliação do seu âmbito de abrangência. Como foi dilatado o conceito de família, albergando também as unidades domésticas e as relações de afeto, a expressão “relações domésticas” constante do tipo penal passa a ter uma nova leitura. 25 Não só a lesão dolosa, também a lesão culposa constitui violência física, pois nenhuma distinção é feita pela lei sobre a intenção do agressor. 3.5.2 Violência psicológica No Art. 7°, II da Lei 11.340/06, diz que: “a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause danos emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitaçãodo direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação”. A violência psicológica é a agressão emocional. Ocorre quando o agente inferioriza, ameaça, discrimina a vítima, é a denominada vis compulsiva. Trata-se de previsão que não estava contida na legislação pátria, mas a violência psicológica foi incorporada ao conceito de violência contra a mulher na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Doméstica, conhecida como Convenção de Belém do Pará. Trata da proteção da autoestima. Tal violência encontra forte alicerce nas relações desiguais de poder entre os sexos. É a mais frequente e talvez seja a menos denunciada. A vítima muitas vezes nem se dá conta de que agressões verbais, silêncios prolongados, tensões, manipulações de atos e desejos, são violência e devem ser denunciados. Para a configuração do dano psicológico não é necessária a elaboração de laudo técnico ou realização de perícia. Reconhecida pelo juiz sua ocorrência é cabível a concessão de medida protetiva de urgência. Praticado algum delito mediante violência psicológica, a majoração da pena se impõe. 3.5.3 Violência sexual Art. 7º, III da Lei 11.340/06, dispões que: 26 “a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos”. Dias, analisa a violência sexual como “qualquer conduta que constranja a mulher a presenciar, manter ou a participar de relação sexual não desejada”. (DIAS, 2008, p. 63). A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Doméstica - chamada Convenção de Belém do Pará – reconheceu a violência sexual comoviolência contra a mulher. Ainda assim, houve certa resistência da doutrina e da jurisprudência em admitir a possibilidade da ocorrência de violência sexual nos vínculos familiares. A tendência sempre foi identificar o exercício da sexualidade como um dos deveres do casamento e a legitimar a insistência do homem. O Código Penal é mais severo com relação aos crimes perpetrados com o abuso da autoridade decorrente de relações domésticas. Porém a Lei Maria da Penha ampliou o rol do artigo 61, II, “f” do CP que ficou assim redigido: “[...] com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica”. Os crimes contra a liberdade sexual configuram violência sexual quando praticados contra a mulher. Também os crimes denominados “contra os costumes” constituem violência sexual. Os delitos sexuais são identificados pela lei como de ação privada, dependendo de representação da vítima. Entretanto, quando o crime é perpetrado com abuso do poder familiar, por padrasto, tutor ou curador, a ação é pública incondicionada. A segunda parte do inciso III, mencionado acima, enfoca a sexualidade sob o aspecto do exercício dos direitos sexuais e reprodutivos. É a violência que traz diversas consequências à saúde da mulher. Vale ressaltar que para a interrupção de gravidez decorrente de violência sexual não é necessária 27 autorização judicial. 3.5.4 Violência patrimonial Dispões o art. 7°, IV da Lei Maria da Penha: “Violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades”. Cunha e Pinto entendem a violência patrimonial como: “Qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades”. (CUNHA e PINTO, 2008, p 61) A Lei Maria da Penha positiva como violência patrimonial o ato de subtrair, apropriar e destruir objetos da mulher dentro de um contexto de ordem familiar, o crime não desaparece e nem fica sujeito à representação, podendo até ocorrer agravamento da pena caso o crime seja contra mulher com quem o agente mantém vínculo familiar ou afetivo. (DIAS, 2008, p. 52). 3.5.5 Violência moral Art. 7°, V da Lei em referência: “a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria”. A violência moral encontra proteção penal nos delitos contra a honra: calúnia, difamação e injúria. A calúnia ocorre quando o agente imputa à vítima a prática de determinado fato criminoso sabidamente falso; difamação quando imputa à vítima a prática de determinado fato desonroso e injúria quando se atribui à vítima qualidades negativas. Normalmente se dá concomitante à violência psicológica. 28 4. IDENTIFICANDO A LEI MARIA DA PENHA Neste capitulo trata-se da eficácia da lei Maria da Penha e quais foram suas falhas, fazendo uma comparação com a Lei nº. 9099/95. 4.1 Eficácia da Lei nº. 11.340/06 Mulheres são violentadas a todo instante no Brasil. Muitos casos não são denunciados por medo. As mulheres agredidas se escondem e omitem a triste realidade porque vivem amedrontadas diante das ameaças de seus parceiros. A chamada cultura machista tem destruído sonhos, calando a voz feminina e destruindo famílias. Foi tentando acabar com essa situação vivenciada por mulheres que surgiu a Lei Maria da Penha, que as encorajou a pedir socorro, bem como dar um fim na realidade violenta vivida em seus lares. É perceptível que toda violência doméstica e familiar praticada contra a mulher que traga ofensa à integridade física ou a saúde, se trata de lesão corporal. Para que seja configurada lesão corporal é preciso que a vítima tenha sofrido algum dano no seu corpo, podendo este vir a prejudicar a sua saúde, causando até abalos psíquicos. (NUCCI ,2009, p. 635 e 636). Para Jesus (JESUS, 2009, p. 149) diz que embora haja proteção às vítimas de violência doméstica, estas situações não podem somente ficar a cargo do Direito Penal, devendo o Estado implantar programas para que os agressores sejam submetidos a tratamentos. Para que isso ocorra é que o Código Penal Brasileiro listou algumas penas restritivas de direito, que servem para os agressores que praticam a violência doméstica e familiar contra a mulher. Uma delas é a limitação de fim de semana (CP, art. 43, VI). Seu cumprimento consiste na obrigação do réu permanecer, aos sábados e domingos, por 5 horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado (CP, art. 48). Durante esse período faculta a lei que sejam ministrados cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. (CP, art. 48, parágrafo único; LEP, art. 152) (DIAS, 2008, p. 104 e 105). Depois de aplicada a pena que determina a limitação dos finais de 29 semana, a Lei Maria da Penha autoriza que o juiz determine ao réu o seu comparecimento a programas de recuperação e reeducação, sendo este obrigatório. Poderá também o juiz determinar a aplicação de outras medidas ao réu, como “prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, além da interdição temporária de direitos e perda de bens e valores (CP, art. 43, II, IV, V e VI)”. Para Cunha este motivo, foram articuladas ações entre a União, Estado, Distrito Federal, Municípios e entes não governamentais, visando coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, adotando programas de prevenção. (CUNHA, 2008, p. 67) Fomentar o conhecimento e a observância do direito da mulher a uma vida livre de violência e o direito da mulher a que se respeitem e protejam seus direitos humanos. Modificar os padrões socioculturais de conduta de homens e mulheres, incluindo a construção de programas de educação formais e não-formais apropriados a todo nível do processo educativo. Fomentar a educação e capacitação do pessoal na administração da justiça, policial e demais funcionários encarregados da aplicação da lei assim como o pessoal encarregado das políticas de prevenção, sanção e eliminação da violência contra a mulher. Aplicar os serviços especializados apropriados para o atendimento necessário à mulher, por meio de entidades dos setores público e privado, inclusive abrigos, serviços de orientação para toda família. Fomentar e apoiar programas de educação [...] Oferecer à mulher, acesso a programas eficazes de reabilitação e capacitação que lhe permitam participar plenamente da vida pública, privada e social. A Lei Maria da Penha estabelece que a autoridade policial deverá adotar providências legais cabíveis, assim que tiver conhecimento da prática de violência doméstica. Deve ainda: garantir à mulher a proteção policial; encaminhá-la ao hospital, posto de saúde ou ao Instituto Médico Legal; fornece abrigo ou local seguro quando ficar configurado o risco de vida; acompanhá-la ao local da ocorrência, a fim de assegurar a retirada dos seus pertences; e informar os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis. Tais medidas dão suporte às mulheres que buscam ajuda às autoridades competentes, visando a sua segurança. As medidas protetivas são justamente para proteger a vítima, reprimindo 30 o agressor. No dia a dia isso não tem sido real, pois a mulher fica a mercê do seu companheiro violento. A Lei Maria da Penha foi criada para proteger a vítima do seu agressor. Se por um lado é aplicada com eficiência, por outro, falham os órgãos competentes para executá-la mediante a falta de estrutura dos órgãos governamentais. Outro fatode violência doméstica ocorreu na cidade de Guairá. A brasileira Rosemary Fracasso, uma mulher de 37 anos, compareceu a delegacia e denunciou as agressões e ameaças sofridas. Porém a lei 11.340/06, que prevê medidas de proteção à vítima, como também a prisão preventiva ou o afastamento do agressor, proibindo-o de aproximar-se da ofendida, não foi aplicada, sendo a queixosa morta a golpes de facão. É notável que a mulher, vítima de agressão, tem comparecido com maior frequência nas delegacias apropriadas, denunciando o seu algoz, porém as medidas de proteção não são aplicadas como determina a Lei. O Brasil avançou muito desde a década de 80 na criação de instituições destinadas a frear a violência machista contra as mulheres. Em 1985 foi criada a primeira Delegacia da Mulher e depois surgiram as casas-abrigo para as vítimas e os órgãos judiciais especializados, até entrar em vigor, finalmente, a Lei Maria da Penha. Mas falta aplicar a legislação com eficiência e que os órgãos criados para executá-la operem adequadamente, queixam-se ativistas, vítimas e parentes de vítimas. Por isso, não há ineficácia na Lei Maria da Penha, uma vez que, está claro que a lei é muito bem assistida. As mulheres comparecem às delegacias e denunciam seus agressores. Entretanto, é verificado falhas na execução da lei, pois o Estado não dá suporte necessário, montando uma estrutura, como: preparar o agente policial, equipar viaturas, construir abrigos dignos com profissionais competentes na área de psicologia, assistência social, etc., que possa amparar as vítimas, assegurando a elas uma vida livre de violência. 4.2. Falhas da referida lei Como é já mencionando que a Lei Maria da Penha é eficaz e competente, mas, há falhas quando se refere a sua aplicabilidade, e isto só 31 acontecem por conta do Poder Executivo, Judiciário e no Ministério Público, PIS estes poderes gera impunidade na apuração do fato em si, como afirma o jurista Miguel Reale Júnior através de entrevista ao Jornal Recomeço, da Tribuna do Direito. TD — De quem é a falta de vontade para que a lei se cumpra? Reale Jr. — Do Executivo, do Judiciário e do Ministério Público. TD — Como resolver a situação? Reale Jr. — Não adianta reformar a lei se não ocorrer uma mudança de mentalidade. Há uma resistência, especialmente na Magistratura, na adoção de novas medidas. Não é um fenômeno que ocorre só no Brasil, mas também em vários outros países, onde foram criadas as penas restritivas, que são fáceis de ser aplicadas, de ser controladas e cujo resultado no plano preventivo e também como punição é extraordinário. E se não se aplica gera-se a impunidade. Então se pode dizer que o Estado é negligente em relação às providências tomadas para coibir e prevenir os atos de violência contra a mulher, mas, com positivação da lei 11.340/06 e por ser eficiente na sua aplicação, determinando punição para o agressor que comete este tipo de violência e garantido proteção a quem foi violentada. O que está faltando é poder público agir com responsabilidade. Podendo criar mais ações que possa dá uma maior segurança para as mulheres vítimas de violência. Conforme entrevista do Ministro Gilmar Mendes ao site O Globo, afirmou que: O juiz tem que entender esse lado e evitar que a mulher seja assassinada. Uma mulher, quando chega à delegacia, é vítima de violência há muito tempo e já chegou ao limite. A falha não é da lei, é na estrutura, disse, ao se lembrar que muitos municípios brasileiros não têm delegacias especializadas, centros de referência ou mesmo casas de abrigo. É dever do poder público criar mecanismo para a política em proteção as vítimas de violência. Pois como é papel do governo em promover política, com criação de abrigos com profissionais para tenta fazer a ressocialização deste público que foram vítimas de traumas como psicológico, moral e até mesmo físico. Já que a lei positiva este ato da administração pública. Como relata o jurista Miguel Reale Júnior através de entrevista já mencionada. 32 Se a administração pública não cria as casas de albergados, o Judiciário acaba sendo obrigado a transformar a prisão albergue em prisão domiciliar, apesar de a lei de execução proibir terminantemente isso. O que é a prisão domiciliar? É nada, é a impunidade. Você tem uma impunidade que decorre do fato de a administração pública não criar os meios necessários de a magistratura aplicar a lei, de o Ministério Público controlar. De outro lado, a inoperância policial. Porque a impunidade não está na fragilidade da lei, está na fragilidade da apuração do fato. Por isto, se faz a necessidade em relação à celeridade na forma da aplicabilidade da mesma, para punir com mais rigor os agressores que praticam violência contra mulher. No entanto, esta lei é eficaz, o que está faltando é uma maior eficácia em relação às vítimas em denunciar o agressor. 4.3. A Lei Maria da Penha perante a Lei nº. 9099/95 De acordo com o artigo 41 da Lei 11.340/06 diz que “Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995”. Conforme Luiz Flávio Gomes e Alice Bianchini o dia a dia do judiciário não agrava os setores da sociedade. Mas tem algumas associações de mulheres que protestam contra a forma de solução dos conflitos de violência doméstica pelos juízes. (2006, s.d., s.p.) Pode-se dizer que o legislador é franco no sentido de afastar do âmbito do JECrim o caso de crimes perpetrados com violência doméstica. O fundamento deste argumento se profunda por conta da banalização dos crimes que são praticados contra a mulher, pois o legislador fala que não que não cabe os delitos de potencial ofensivo ser julgado por este órgão. Observar-se Gomes e Bianchini (GOMES; BIANCHINI, 2006, p. 7-15) que: No caso de violência doméstica ou familiar contra a mulher não mais se lavra o termo circunstanciado (mesmo quando a infração não conta com pena superior a dois anos), sim, 33 procede-se à abertura de inquérito policial. Já não se pode questionar, de outro lado, o cabimento da prisão em flagrante, lavrando-se o respectivo auto. Uma vez concluído o inquérito, segue-se (na fase judicial) o procedimento pertinente previsto no CPP. A ação penal nos crimes de lesão corporal dolosa simples contra a mulher nas condições previstas na Lei 11.340/2006 passou a ser pública incondicionada. A Lei 9099/95 impede a possibilidade do artigo 74 que dispõe da composição civil, o artigo 76 que traz a transação penal não deixou de falar do impedimento da suspensão condicional do processo como está previsto no artigo 88. Assim relata Gomes e Bianchini (GOMES; BIANCHINI. 2006, p. 7-15): No que diz respeito aos delitos praticados até o dia 21.09.06, impõe-se a aplicação da legislação anterior, mais benéfica (juizados criminais, penas alternativas etc.). A lei nova (Lei 11.340/2006) é mais severa, logo, em todos os pontos em que prejudica o réu não retroage. Por força do art. 41 antes citado somente os institutos e o procedimento da Lei 9.099/1995 é que não terão aplicação a partir de 22.09.06. Daí se infere que outros institutos penais, não contemplados na referida lei, continuam tendo incidência normal. O desencadeamento da ação penal necessita do que ofereça a queixa crime em relação aos delitos de ação privada, como também a representação dos crimes de ação pública condicionada, por que é admitida a retratação a representação. Diante do exposto, pode se dizer que afastada a competência dos Juizados Especiais Criminais, tendo em vista a consequência de que não há recursos para as Turmas Recursais. Pôr os recursos são apreciados no Tribunal de Justiça. 34 5. CONCLUSÃO Diante dos estudos, posso relatar sobre as informaçõesque obteve na construção deste trabalho, onde concluímos que a mulher teve uma grande evolução perante a sociedade, citamos como, por exemplo, à evolução da mulher, e a conquista do direito do voto como também a conquista das mulheres no mercado de trabalho onde só seriam exclusivas de homem, as mulheres eram educadas para cuidar do Lar, mas hoje este conceito e a nossa cultura evoluir. Não podemos deixar de relatar a oportunidade da mulher no meio onde vive, pois hoje ela tem a liberdade de expressar e opinar sobre todos os assuntos que envolvem a sociedade principalmente decidir questões interesse coletivas. O artigo 226, § 8° da Constituição Federal diz que: “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”. Este artigo refere-se ao princípio da Proteção onde resguardar a integridade dos membros da família. Foi baseado neste princípio e nas lutas dos movimentos feminista, que entra em vigor a Lei 11.340 em 7 de agosto de 2006, onde esta lei em referência cria mecanismo para prevenir e coibir a violência doméstica familiar contra a mulher. Esta lei denominada Lei Maria da Penha, não fere o princípio da Isonomia, de acordo com a redação do artigo 226, § 5º da CF, ou seja, ela não é inconstitucional. Conforme o parágrafo acima mencionado não fala sobre o homem e mulher e sim como a violência contra mulher são costumeiras, em se tratando da mulher ser mais vulnerável, o legislador infraconstitucional foca a violência doméstica contra a mulher. As lutas de combate contra a violência no pais, vem cumprindo todas as disposições da Convenção sobre eliminação de Todos as Formas de Discriminação Contra as Mulheres, e não podemos deixar de dizer a convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, no caso de violência. Pois estás convenções diz que absolutamente constitucional a presença de regramento próprio para a proteção da mulher. Conclui-se, no entanto, eu as medidas protetivas de urgência são 35 eficazes, porém é difícil colocar em pratica os dispositivos da referida lei. Esta lei garante o atendimento especializado criando assim as delegacias polícia especializada contra os crimes de violência contra a mulher, mas diz como será concretizado este serviço de atendimento. Como prever a inaplicabilidade desta, em questões referentes aos juizados especiais civis e criminais, nos casos de delitos de violência contra a mulher. Deu mais ênfase, tendo em vista que os homens agressores não saírem impunes de penalidades. No entanto a positivação desta lei foi um marco nas conquistas dos direitos das mulheres. Uma vez que esta lei trata exclusivamente de violência contra as mulheres, extinguindo a descriminação e violências sofridas por elas, o que está faltando facilitar e colocar em pratica o que está positivado. E a política pública voltada para as mulheres possa erradicar de vez a violência doméstica e familiar contra as mulheres. Ou seja, fazer valer o que a lei determina. 36 REFERÊNCIAS ALVES, Valdecy. A Lei Maria da Penha é Ineficaz? 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