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Fichamento - Agroecologia: alguns conceitos e princípios

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CAPORAL, Francisco Roberto; COSTABEBER, José Antônio. Agroecologia: 
alguns conceitos e princípios. Brasília: EMATER/PA, 2004. 
 
 
Logo ao início do texto é possível notar o caminho a qual será levado tal 
discussão sobre a agroecologia, seus reais conceitos e princípios, desmitificar o 
senso comum em relação a este tema. Mas para entrar nessa discussão, primeiro 
deve ser disposto o conceito de Agroecologia e sua diferença com Agricultura 
Sustentável. 
Agroecologia, que se constitui em mais uma expressão sócio-política do processo de 
ecologização, tem sido bastante positiva, pois nos faz lembrar de estilos de agricultura 
menos agressivos ao meio ambiente, que promovem a inclusão social e proporcionam 
melhores condições econômicas aos agricultores. [...] Assim, o uso do termo Agroecologia 
nos tem trazido a ideia e a expectativa de uma nova agricultura capaz de fazer bem ao 
homem e ao meio ambiente. (CAPORAL, COSTABER, 2004, p. 6) 
 
 
Porém, este tema é confundido com a Agricultura Sustentável, esta criada em 
oposição à práticas agrícolas surgidas após a Revolução Verde, mas que muitas 
vezes mostram-se na realidade insustentáveis, seja em aplicação, seja em aliar-se 
ao capitalismo estrutural e a indústria agrícola, o que a torna um criador de nichos 
de mercado de produtos orgânicos, a longo prazo, igualmente prejudiciais. Portanto, 
a agroecologia não deve ser entendida como um processo de negação da utilização 
de agrotóxicos e fertilizantes químicos, afirmação incorreta em relação a evidências 
científicas que mostram a utilidade de nutrientes e produções artificiais. 
Não obstante, na maioria das vezes, tais alternativas não conseguiram dar as respostas para 
os problemas socioambientais que foram se acumulando como resultado do modelo 
convencional de desenvolvimento e de agricultura que passaram a predominar, 
particularmente, depois da II Grande Guerra. (CAPORAL, COSTABER, 2004, p. 7) 
 
 
A prática da agricultura envolve um processo social, integrado a sistemas econômicos e que, 
portanto, qualquer enfoque baseado simplesmente na tecnologia ou na mudança da base 
técnica da agricultura pode implicar no surgimento de novas relações sociais [...] os 
contextos de agricultura e desenvolvimento rural sustentáveis exigem um tratamento mais 
equitativo a todos os atores envolvidos – especialmente em termos das oportunidades a eles 
estendidas –, buscando-se uma melhoria crescente e equilibrada daqueles elementos ou 
aspectos que expressam os avanços positivos em cada uma das seis dimensões da 
sustentabilidade. CAPORAL, COSTABER, p.11 (apud CAPORAL, COSTABER, 2003). 
Esta ideia de utilização da agricultura sustentável de maneira não 
agroecológica, mostra-se então, equivocada, pois sua instalação acaba por gerar 
novas relações sociais ou modificá-las, além de ignorar os embates políticos já 
antes estabelecidos historicamente no meio aplicado. 
Então distingue-se Agroecologia desta maneira, porém como um modelo 
focado em produções de grande escala e industriais acabaria por empregar o 
modelo de longo prazo da Agroecologia? Para isto, os autores separam uma 
transição em três etapas, de maneira ampla e geral. 
Podemos distinguir três níveis fundamentais no processo de transição ou conversão para 
agroecossistemas sustentáveis. O primeiro, diz respeito ao incremento da eficiência das 
práticas convencionais para reduzir o uso e consumo de insumos externos caros, escassos e 
daninhos ao meio ambiente. [...] O segundo nível da transição se refere à substituição de 
insumos e práticas convencionais por práticas alternativas. [...] O terceiro e mais complexo 
nível da transição é representado pelo redesenho dos agroecossistemas, para que estes 
funcionem com base em novos conjuntos de processos ecológicos. (CAPORAL, 
COSTABER, 2004, p. 14) 
Primeiro deve-se deixar claro o conceito de Agroecossistemas, este citado 
por Caporal e Costaber de acordo com (Altieri, 1989) paraa entendimento de como 
essa transição ocorre quando há o trabalho agroecológico. 
Agroecossistema é a unidade fundamental de estudo, nos quais os ciclos minerais, as 
transformações energéticas, os processos biológicos e as relações sócio-econômicas são 
vistas e analisadas em seu conjunto. Sob o ponto de vista da pesquisa agroecológica, seus 
objetivos não são a maximização da produção de uma atividade particular, mas a otimização 
do agroecossistema como um todo, o que significa a necessidade de uma maior ênfase no 
conhecimento, na análise e na interpretação das complexas relações existentes entre as 
pessoas, os cultivos, o solo, a água e os animais. 
Agora exemplificado Agroecossistema e sua relação com Agroecologia, 
explica-se as três etapas. O primeiro passo é a verificação e análise de aplicação de 
sistemas sustentáveis economicamente e socialmente ao local, além de menos 
danosos ao meio-ambiente. O segundo passo consiste na mudança das práticas da 
Tecnologia Convencional na agricultura, escolhendo caminhos não longínquos aos 
pequenos produtores e autogestionários. O terceiro e último passo, como bem 
explicado no texto, redesenhar e mudar o atual agroecossistema para um modelo 
que se alinhe aos modos de atuação do modelo implantado. 
Por fim, o vínculo de meios sustentáveis, meios socioeconômicos e a 
Agroecologia fica visível e claro com o pequeno trecho dos autores, como uma 
explanação final para todo o assunto discutido em seu texto. 
Pode-se alcançar estilos de agriculturas de base ecológica e, assim, obter produtos de 
qualidade biológica superior. Mas, para respeitar aqueles princípios, esta agricultura deve 
atender requisitos sociais, considerar aspectos culturais, preservar recursos ambientais, 
considerar a participação política e o empoderamento dos seus atores, além de permitir a 
obtenção de resultados econômicos favoráveis ao conjunto da sociedade, com uma 
perspectiva temporal de longo prazo, ou seja, uma agricultura sustentável. (CAPORAL, 
COSTABER, 2004, p. 15)

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