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Brasília-DF. Central de manipulação onCológiCa Elaboração Giorgia Lemes Pereira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção ................................................................................................................................. 5 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 6 introdução.................................................................................................................................... 8 unidAdE i Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos ................................................................................... 9 CAPítulo 1 Garantia de qualidade e controle de qualidade ......................................................... 10 CAPítulo 2 técnicas de biosseGurança ............................................................................................. 17 CAPítulo 3 GerenciaMento do descarte de resíduos de risco ...................................................... 44 unidAdE ii PreParo dos MedicaMentos oncolóGicos ................................................................................ 53 CAPítulo 1 ManiPulação e PreParo dos MedicaMentos Para sereM adMinistrados aos Pacientes ...................................................................................................................... 55 CAPítulo 2 trataMento Paliativo eM Pacientes oncolóGicos ......................................................... 73 CAPítulo 3 PreParo de radiofárMacos ............................................................................................. 90 unidAdE iii controle da disPensação de fárMacos citotóxicos ............................................................. 120 CAPítulo 1 avaliação da Prescrição Médica ................................................................................. 120 CAPítulo 2 análise de cálculos Para a dose escolhida ................................................................ 124 unidAdE iV o farMacêutico na oncoloGia ................................................................................................. 126 CAPítulo 1 contribuições do farMacêutico Para a equiPe MultiProfissional de teraPia antineoPlásica ................................................................................................................. 126 CAPítulo 2 atividades exercidas Pelo farMacêutico no caMPo da oncoloGia ........................ 129 CAPítulo 3 atenção farMacêutica ao Paciente oncolóGico ..................................................... 133 rEfErênCiAS ................................................................................................................................ 135 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 introdução A Oncologia é uma especialidade multidisciplinar que necessita da participação de várias especialidades da área da saúde. O farmacêutico será, então, um profissional indispensável na área oncológica. As suas atividades e atribuições clínicas objetivarão fornecer uma segurança medicamentosa aos profissionais de saúde e, também, aos pacientes oncológicos. A manipulação segura dos agentes antineoplásicos é um assunto que não se resume somente à utilização de técnicas adequadas e ao uso de cabines de segurança biológica, mas envolve a correta utilização das informações inerentes aos medicamentos utilizados no tratamento oncológico e sua adequação nas condições terapêuticas. Ressalta-se que, além do ato de preparo dos medicamentos, deve-se considerar toda a cadeia de processos, desde a gestão técnica da assistência farmacêutica até a gestão clínica do medicamento. As preparações injetáveis devem apresentar apirogenicidade, esterilidade e ausência de partículas estranhas e para o controle e garantia dos processos são necessárias medidas e condutas para assegurar que a manipulação foi realizada dentro das boas práticas de preparo e a dispensação dos medicamentos foi realizada conforme as condições de segurança do paciente. Considerando que o termo estéril é a ausência total de microrganismos ou formas viáveis capazes de reprodução, esta só é alcançada e mantida mediante todo o processo de manutenção que visa assegurar a carga microbiana nula do produto manipulado. Requisitos básicos como uso de produtos estéreis (garantidos pelo fornecedor), a técnica de manipulação asséptica e o ambiente de manipulação controlado. Esses são pontos fundamentais para que se consiga garantir a qualidade do produto acabado, conforme exige a RDC no 67/2007 que dispõe sobre as boas práticas de Preparação Magistrais e Oficiais para Uso Humano em Farmácias. objetivos » Compreender as ações do farmacêutico para uma manipulação segura em Centrais de Manipulação de Medicamentos Oncológicos. » Compreender a função do farmacêutico na oncologia para garantir a segurança do paciente. » Fornecer noções sobre cuidados paliativos e radiofármacos como tratamentos de apoio ao paciente oncológico. 9 unidAdE i gEStão doS mEdiCAmEntoS onCológiCoS A assistência a pacientescom câncer no SUS não se constitui somente em assistência farmacêutica, a que, no geral e de maneira equivocada, as pessoas costumam resumir o tratamento oncológico. Ela está incluída no bloco de financiamento da Assistência à Saúde de Média e Alta Complexidade (MAC) e é feita e financiada por meio de procedimentos específicos (quimioterápicos, radioterápicos e cirúrgicos). Dependendo do estágio em que se encontra o tumor e do seu tipo histopatológico, são estabelecidos os meios terapêuticos e o objetivo, assim como suas finalidades (que podem ser curativa ou paliativa). Então, para o tratamento oncológico é necessária a “assistência ao câncer”, e não simplesmente a “assistência farmacêutica”, assistências estas que se incluem em diferentes rubricas orçamentárias e pactuações. Uma das bases fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS) é a descentralização. Isso se reflete no financiamento do sistema, em uma complexa dinâmica de faturamentos que envolvem diferentes prestadores de serviço. Com isso, o desembolso para atenção do paciente com câncer possui algumas particularidades. Com inovações que surgem a cada dia e tratamento de alto custo, e o financiamento para o tratamento oncológico torna-se um campo de grande debate em que dilemas são levantados e opiniões diferentes cruzadas. Esse tipo de financiamento – com foco no paciente, e não no medicamento – é considerado diferente dos demais tratamentos oferecidos pelo SUS. “O tratamento que for escolhido dependerá de alguns fatores específicos para cada caso, como: tipo celular, localização e grau de extensão do tumor, tratamentos já realizados, condições clínicas do doente e a finalidade da quimioterapia”, esclarece Maria Adelaide Werneck, analista da Área de Regulação e Normas Técnicas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). No SUS, a quimioterapia do câncer, que pode ser classificada como quimioterapia convencional, imunoterapia, hormonioterapia, alvoterapia, bioterapia, os procedimentos quimioterápicos que estão incluídos na tabela do SUS não fazem referência a qualquer medicamento e são aplicadas às situações tumorais e possuem finalidades específicas para as quais são indicadas terapias antineoplásicas medicamentosas. 10 Nos dias de hoje, exceto pelos medicamentos listados a seguir, o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde não participam da padronização e nem fornecem medicamentos antineoplásicos diretamente aos usuários do SUS ou aos hospitais. Ou seja, os hospitais que estão credenciados no SUS e habilitados em tratamento oncológico são responsáveis por fornecer medicamentos de oncologia que eles, livremente, padronizam, adquirem e fornecem. Com isso, a partir do momento em que um hospital é habilitado para prestar assistência à oncologia pelo SUS, a responsabilidade do fornecimento do medicamento antineoplásico passa a ser desse hospital, público ou privado, com ou sem fins lucrativos. Os seguintes medicamentos antineoplásicos são comprados pelo Ministério da Saúde centralizadamente e depois são distribuídos aos hospitais por meio das secretarias estaduais de saúde: Dasatinibe, L-Asparaginase, Mesilato de Imatinibe, Talidomida, Cloridrato de Nilotinibe, Trastuzumabe, Rituximabe, Dactinomicina. CAPítulo 1 garantia de qualidade e controle de qualidade A atuação do farmacêutico oncológico é bastante ampla e inicia-se antes mesmo da preparação dos medicamentos. Compreendem-se como componentes da Assistência Farmacêutica: » a gestão técnica; » a gestão clínica do medicamento. A gestão técnica da assistência farmacêutica é caracterizada como um conjunto de atividades farmacêuticas interdependentes que são focadas na qualidade, no acesso e no uso racional dos medicamentos, ou seja, na hora de produzir, selecionar, programar, adquirir, distribuir, armazenar e dispensar os medicamentos. A gestão clínica dos medicamentos está relacionada com a atenção à saúde e os resultados terapêuticos efetivamente obtidos, tendo como foco principal o paciente. Configura-se como assistência uma atividade fundamentada no processo de cuidado. O medicamento fornecido ao paciente deve estar em ótimas condições de uso, deve estar disponível no momento certo, e deve ter informações para possibilitar seu uso correto. 11 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i O controle de qualidade é definido como o conjunto de operações (coordenar, programar e executar) e tem como objetivo verificar a conformidade de todos os materiais, incluindo: matérias-primas, os materiais para a embalagem e também o produto acabado, com as suas especificações bem claras e estabelecidas. E o controle do processo são as verificações realizadas durante a manipulação, de forma a assegurar que o produto esteja em conformidade com as suas especificações. Visando ao alcance da máxima segurança no tratamento dos pacientes, o ideal é o desenvolvimento de protocolos rigorosos de qualidade para todo o processo, tanto no preparo quanto na administração dos fármacos. Esse controle começa no processo de aquisição dos medicamentos e materiais por meio da validação técnica dos laboratórios e distribuidores, e vai até o armazenamento e manuseio dos produtos em condições consideradas ideais. qualificação de fornecedores O foco na garantia de qualidade inicia-se no processo de qualificação dos fornecedores e compras e no recebimento dos medicamentos e materiais. Nessa fase do processo é necessária a análise da integridade das embalagens e a avaliação e controle das temperaturas dos medicamentos, garantindo que o transporte e a entrega dos medicamentos estão dentro da faixa de controle de qualidade deles. técnicas de manipulação segura De acordo com a RDC no 220/2014, o Controle da Qualidade avalia todos os aspectos relativos aos produtos farmacêuticos, produtos para a saúde, procedimentos de limpeza, materiais de embalagem, conservação, desinfecção e transporte da Terapia Antineoplásica, para garantir as especificações e critérios estabelecidos por Regulamento Técnico. Deve haver verificação e monitoração, para que haja o cumprimento dos procedimentos de limpeza e desinfecção das áreas, equipamentos, instalações e materiais empregados na preparação dos medicamentos. A Terapia Antineoplásica pronta para uso deve ser submetida aos seguintes controles após a manipulação: 12 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos » Inspeção visual em todas as amostras, assegurando, assim, a integridade física da embalagem, ausência de partículas, precipitações e separação de fases. » Verificar se as informações do rótulo estão corretas. E para garantir a qualidade dos processos, o Serviço de Terapia Antineoplásica deve possuir um Sistema de Garantia da Qualidade (SGQ) que incorpore as Boas Práticas de Preparo e um efetivo controle de qualidade documentado e monitorado. O Sistema de Garantia da Qualidade para a preparação da Terapia Antineoplásica deve assegurar que: os controles de qualidade necessários para avaliar os produtos, o processo de preparação e a Terapia Antineoplásica sejam realizados de acordo com procedimentos escritos, ou seja, os Procedimentos Operacionais Padrão. E os pontos críticos do processo devem ser periodicamente avaliados e registrados. Sendo assim, é de suma importância que o serviço mantenha métodos de implementação para ações de correção para melhoria contínua dos processos, garantindo a qualidade do medicamento manipulado. Lembrete: Para que os processos de manipulação sejam considerados assépticos devem seguir as diretrizes das Boas Práticas de Manipulação de Medicamentos estéreis, conforme a RDC no 67, de 2007. Ambiente de manipulação controlada A RDC no 220/2004 estabelece que a área destinada à paramentação contenha lavatório para higienização das mãos e a sala exclusiva para preparação de medicamentos citotóxicos tenha, no mínimo, uma área mínima de 5 (cinco) m2 por cabine de segurança biológica. A utilizada para a preparação dessesmedicamentos é a Cabine de Segurança Biológica (CSB) Classe II B2, que deve ser instalada seguindo as orientações contidas na RDC/Anvisa no 50, de 21/2/2002. A Cabine de Segurança Biológica (CSB) deve ser validada (Certificada) com periodicidade semestral e sempre que houver movimentação ou reparos, por pessoal treinado, e o processo registrado. O Serviço deve conter uma área exclusiva para armazenamento e estocagem de medicamentos citostáticos. A RDC no 67 estabelece que as farmácias devem possuir salas de manipulação dedicadas, dotadas cada uma com antecâmara, para a manipulação das três classes terapêuticas 13 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i a seguir – hormônios, antibióticos e citostáticos, com sistemas de ar independentes e de eficiência comprovada. Essas salas devem apresentar pressão negativa em relação às áreas adjacentes, e ser projetadas de forma que impeçam o lançamento de pós no laboratório ou no meio ambiente, para evitar contaminação cruzada, proteger o manipulador e o meio ambiente. A manipulação de antineoplásicos e outras substâncias, com reconhecido risco químico, deverão obedecer aos critérios bastante rígidos para a utilização de todos os equipamentos necessários para uma proteção coletiva (como a Cabine de Segurança Biológica) e, principalmente, os equipamentos de uso individual. Todos esses procedimentos para uma conservação ideal e de transporte, bem como ter preparo para se fazer a prevenção e o tratamento em caso de possíveis acidentes, de acordo com legislação oncológica específica. A sala destinada à lavagem, esterilização e despirogenização dos recipientes vazios deve ser separada e possuir classificação ISO classe 8 (100.000 partículas/ pé cúbico ar). Na área ISO Classe 8 também devem ser realizadas limpeza e higienização de produtos farmacêuticos, medicamentos e produtos para saúde em geral que são usados na manipulação de produtos estéreis. A sala onde é realizada a pesagem deve possuir ISO Classe 7 (10.000 partículas/pé cúbico de ar) para garantir baixa contagem microbiana e de partículas. A sala onde ocorrerá toda a manipulação e consequente envase das fórmulas estéreis deverá ser exclusiva e totalmente independente, e possuindo ainda os filtros de ar para reter as partículas e microrganismos, garantir os níveis que são recomendados – ISO Classe 5 (100 partículas/ pé cúbico de ar) ou sob fluxo laminar, ISO Classe 5 (100 partículas/ pé cúbico de ar), em área ISO Classe 7 e possuir pressão positiva em relação às salas adjacentes. Há recomendações para que o sistema de filtração de ar do fluxo laminar não deve ser desligado ao final do trabalho, a menos que haja a limpeza e desinfecção do gabinete após a sua parada. O sistema de ar filtrado serve para assegurar que o fluxo de ar não espalhe suas partículas pelo ambiente. No caso de desligamento do fluxo laminar deve-se respeitar o período mínimo de 30 minutos após a higienização da cabine. O ar injetado nas áreas classificadas deve ser filtrado pelos filtros Hepa. Representação de sistema de ar condicionado para área classificada. 14 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos As lâmpadas da sala de manipulação devem ser embutidas para facilitar a limpeza e controle de partículas. Todos os equipamentos devem passar por uma manutenção que seja preventiva, de acordo com um programa formal; e essa manutenção tem que ser corretiva, se necessário, e obedecer a procedimentos operacionais escritos baseados nas especificações dos manuais dos fabricantes. Devem existir registros de todas as manutenções preventivas e corretivas que forem realizadas. E todos os equipamentos e salas classificadas devem ser certificados. A pressurização da sala de manipulação deve ser negativa em relação ao ambiente adjacente. Todas as operações devem ser realizadas em Cabine de Segurança Biológica (CSB) Classe II B2, que deve ser instalada seguindo orientações contidas em legislação específica. A CSB deve ser validada com periodicidade semestral e sempre que houver deslocamento e/ou reparos, por pessoal treinado, mantendo-se os registros. E qualquer interrupção do funcionamento da CSB implica a paralisação imediata das atividades de manipulação dos medicamentos citostáticos. A manutenção preventiva da capela deve ser periódica, sendo efetuada a troca dos filtros Hepa por técnicos habilitados, sempre que necessário, ou de seis em seis meses. A manutenção preventiva tem que ser realizada sempre que a capela for trocada de lugar ou quando se observar quaisquer tipos de problemas. Comportamento dos manipuladores em sala controlada O ser humano é responsável por 40% a 80% da contaminação em salas limpas, pois libera partículas por meio da descamação da pele, fragmentos de cabelo, gotículas de saliva e cosméticos. O bom comportamento e treinamento técnico (como se vestir, como se comportar e como limpar a área) são fundamentais para controle das partículas no ambiente. Área limpa é uma área projetada, construída e utilizada de forma a reduzir a introdução, a geração e a retenção de contaminantes em seu interior. E o ambiente classificado é um local onde a concentração das partículas do ambiente, de superfícies e carreadas pelo pessoal, é conhecida e controlada. Portanto, é necessário treinamento continuado e disciplina para contribuir no controle de geração de partículas em ambientes controlados. 15 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i Como diminuir as possibilidades de erro nas preparações oncológicas Para que a precisão e a segurança sejam garantidas durante todo o processo de manipulação dos medicamentos, deve-se contar com instalações ideais. Farmácias em que haja monitoramento da pressão, de temperatura, de umidade e os controles microbiológicos, incorporados à rotina de trabalho e que se estendam aos profissionais responsáveis pelo preparo dos medicamentos. Além disso, o sistema de informação leva em conta os protocolos de tratamentos, os dados sobre a concentração de diluição e estabilidade de medicamentos, as técnicas de preparo, chegando à rastreabilidade dos lotes, com registro de validades dos medicamentos utilizados em todos os processos de manipulação. Todo o trabalho realizado na farmácia deve ser registrado, assim como os nomes dos profissionais responsáveis por todas as etapas do preparo e administração, em tempo real de execução desses trabalhos. Existe uma sequência de checagens realizada pelos profissionais responsáveis pelas preparações oncológicas que diminui muito a chance de erros. Etapas de Segurança » Prescrição médica: o médico tem a oportunidade de checar sua prescrição com os protocolos de tratamento adotados pela instituição e previamente registrados no sistema (já revisados pela própria equipe médica) no ato da prescrição. » Avaliação da prescrição pela enfermeira: nessa etapa, a enfermeira confronta os dados do paciente com os registrados no prontuário, checando protocolo, superfície corpórea, dose, exames laboratoriais, ciclo e o histórico das aplicações anteriores. Qualquer divergência no quadro de informações deve ser discutida com a equipe médica. » Avaliação da prescrição pelo farmacêutico: novamente são analisadas doses e diluições e demais dados da prescrição durante essa etapa. As divergências que aparecerem devem ser debatidas com toda a equipe médica. São: » Toda a separação e a conferência dos fármacos. » Completa higienização. 16 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos » Cada etapa do preparo das medicações para as aplicações. » Checagem antes da liberação dos medicamentos. » Responsabilidade no recebimento e na conferência dos medicamentos dispensados pela farmácia. » Nessa fase, a equipe de enfermagem verificará todos os dados do(a) paciente e comparará os medicamentos que foram preparados com a prescrição médica original. » Toda a checagem dos dados do paciente. Antes da administração de qualquer medicamento, a enfermagemchecará a pulseira que identifica o paciente. Se todas as aplicações forem realizadas após o cumprimento de todas as etapas descritas acima, os pacientes podem ficar seguros da qualidade dos fármacos que farão uso. 17 CAPítulo 2 técnicas de biossegurança A biossegurança é um procedimento de fundamental importância em serviços de saúde, pois desenvolve métodos para a prevenção de Controle de Infecção, objetivando, assim, a proteção da equipe de assistência e usuários da saúde, estabelecendo diretamente um papel essencial na consciência sanitária, na sociedade. Sabemos que os processos de biossegurança não têm fim, e devem ser um aprendizado constante, estando agregados onde o risco à saúde humana estiver presente. De acordo com o Ministério da Saúde, Biossegurança é o conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, diminuir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, em virtude da adoção de novas tecnologias e fatores de risco a que estamos expostos. No Brasil, a biossegurança começou a ser institucionalizada a partir da década de 1980, quando o Brasil tomou parte do Programa de Treinamento Internacional em Biossegurança, ministrado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que teve como finalidade estabelecer pontos focais na América Latina para o desenvolvimento do tema; em 1995 houve a publicação da primeira Lei de Biossegurança, a Lei no 8.974, de 5 de janeiro, posteriormente revogada pela Lei no 11.105, de 24 de março de 2005. Para estabelecer as diretrizes básicas e implementar medidas para proteger a segurança e a saúde dos que trabalham com serviços de saúde, também os que exercem atividades para promover e assistenciar a saúde em geral, publicou-se, em 2005, a Norma Regulamentadora – NR 32. Sala limpa e ambiente controlado Características estruturais A sala de manipulação e as antecâmaras devem ser projetadas para atender às normas especiais de classificação de sala limpa, que geralmente se baseiam na norma brasileira aprovada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) da família ISO14644-1. De acordo com a RDC no 67/2007, sala classificada ou sala limpa é um ambiente controlado definido em termos de contaminação por partículas viáveis e não viáveis 18 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos projetadas e utilizadas de forma a reduzir a introdução, a geração e a retenção de contaminantes em seu interior. É um local onde serão quantificados e mensurados os tamanhos das partículas que estão em suspensão. Esse processo poderá ser realizado pela existência de um fluxo de ar bastante turbulento e com os filtros Hepa. Faz-se indispensável em laboratórios químicos e em laboratórios que produzem e ou manipulam medicamentos, indústria de biotecnologia, alimentícia, entre outros. A sala limpa deve ser projetada, localizada, construída ou adaptada de forma que seja adequada às operações a serem executadas. O desenho deve minimizar o risco de erros e permitir a limpeza e conservação, de modo a impedir a contaminação cruzada, como, por exemplo, a contaminação de um produto acabado durante o processo de manipulação. A instalação e a estrutura devem ser mantidas em bom estado de conservação, higiene e limpeza, sendo asseguradas as operações de manutenção e reparo constantemente. No que tange à iluminação, ar acondicionado (temperatura e umidade) e ventilação, devem ser apropriados, de modo a não afetar direta ou indiretamente, os produtos durante os processos de produção e armazenamento ou funcionamento adequado dos equipamentos. Deve ser construída com materiais que não geram partículas e facilmente limpos. Além disso, sala limpa requer que outros parâmetros, como temperatura, umidade e pressão, sejam controlados. Na norma ABNT NBR 7256, é possível consultar mais informações a respeito dos controles da temperatura e da umidade. Validação da área física, equipamentos e pessoal O processo de validação é sinônimo de garantia da execução de determinado processo ou local onde será realizado; portanto, diante de toda a complexidade na manipulação de produtos estéreis, os quais, após a preparação serão infundidos no paciente, torna-se obrigatória a validação comprovada por meio de documentos da estrutura física, equipamentos e funcionários. Área física Com base na legislação vigente e seguindo a ABNT NBR, a Sociedade Brasileira de Oncologia (Sboc) recomenda que os seguintes ambientes estejam presentes no serviço de farmácia que atende oncologia: salas para vestiário de barreira, sala de limpeza/desinfecção, sala de manipulação de medicamentos. E que tenha áreas para 19 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i almoxarifado de materiais e medicamentos, área para recebimento de materiais e medicamentos, área para armazenamento temporário de resíduos contaminados. E também recomenda que o serviço possua salas de apoio para avaliação farmacêutica da prescrição, depósito de material de limpeza, sala de resíduos, sala de rotulagem/embalagem/controle de qualidade. » Vestiário com barreira/sala de paramentação: deve ter pia com torneira que acione sem contato com as mãos. Essa sala deve funcionar como uma antecâmara de entrada, uma sala que sirva de barreira à sala de manipulação. Por isso, deve possuir pressão diferencial positiva em relação a ela, funcionando, dessa forma, como barreira de contenção à saída e à entrada de ar na sala de manipulação. Essa pressão positiva relativa produz um efeito de barreira do tipo bubble (bolha de ar), que impede que o ar externo e não classificado entre na sala e que o ar da sala de preparo saia, permitindo que possíveis contaminantes químicos fiquem retidos na sala de preparo para serem filtrados pelo sistema da cabine de segurança biológica. Não é necessário classificar o ar nessa sala, porém é recomendável que se instale filtro fino e grosso. Na RDC no 67 consta que nessa sala ou junto a ela deve haver lavatório com provisão de sabonete líquido e antisséptico e dispositivo para secagem das mãos. Esse lavatório deve ser de uso exclusivo do processo de paramentação. A RDC no 50, de 2002, informa que “o vestiário das salas de diluição de quimioterápicos deve possuir lava-olhos, além do lavatório e da área de paramentação”. As duas portas de antecâmaras não podem estar simultaneamente abertas, devendo haver um sistema que impeça que isso aconteça e um sistema de alarme (sonoro e/ou visual) que alerte quando isso ocorrer. » Sala de limpeza/desinfecção: local onde se procede à higienização dos materiais (quando aplicável) e que contém embalagens primárias dos medicamentos que serão utilizados na manipulação. Deve ser adjacente e comunicar-se com a sala de manipulação por meio de passadores intertravados. Conforme consta na RDC no 67, de 2007, a sala deve ser ISO classe 8 (grau D). » Sala de manipulação: local onde estará a cabine de segurança biológica (classe II, tipo B2), indicada para manipular medicamentos antineoplásicos ou com potencial carcinogênico, teratogênico ou mutagênico. Deve possuir classificação de ar ISO classe 7 (grau C) e pressão diferencial negativa em relação aos ambientes adjacentes, conforme recomendam os itens 2.7.2 do anexo III e 11.3 do anexo IV da RDC no 67, de 2007. 20 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos Embora os medicamentos manipulados nessa sala sejam estéreis, por se tratar de fármacos perigosos para a saúde humana e o ambiente, a pressão dessa sala não deve seguir a recomendação do anexo IV, item 4.15.1, da RDC no 67, de 2007, para pressão positiva. É importante haver um telefone para uso interno, para evitar saídas desnecessárias do manipulador e permitir a comunicação caso ocorram acidentes. Nessa sala não devem existir pia nem ralo. » Sala de rotulagem/embalagem/controle de qualidade: se for contígua à sala de manipulação, deverá ser classificada como ISO classe 8. A fim de evitar movimentações constantes na sala de manipulação, manteressa sala contígua é o ideal. Importante: Quanto à infraestrutura física, a RDC no 220/2004 preconiza que o Serviço de Terapia Antineoplásica (STA) deve atender, no mínimo, aos seguintes requisitos: » Área destinada à paramentação: provida de lavatório para higienização das mãos. » Sala exclusiva para preparação de medicamentos para Terapia Antineoplásica, com área mínima de 5 (cinco) m2 por cabine de segurança biológica. » Cabine de Segurança Biológica (CSB) Classe II B2 que deve ser instalada seguindo as orientações contidas na RDC/Anvisa no 50, de 21/2/2002. » Área de armazenamento exclusiva para estocagem de medicamentos específicos da Terapia Antineoplásica. O projeto e as instalações de uma sala de manipulação devem ser orientados por um profissional da área (farmacêutico) e realizado por um engenheiro. Ressalte-se que uma sala de manipulação deve ter superfícies lisas, resistentes, livres de rachaduras, possibilitando limpeza e diminuindo espaços onde microrganismos possam se alojar. Equipamentos Segundo a RDC no 220/2004 e a RDC no 67/2007, os equipamentos têm que ser projetados, localizados, adaptados, instalados e mantidos de forma a estarem adequados às operações que serão realizadas. 21 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i » A estrutura dos equipamentos deve minimizar os riscos de erro e permitir que estes sejam efetivamente limpos e, assim, mantidos para que seja evitado o acúmulo de poeiras e sujeira. » Os equipamentos que serão usados na manipulação das preparações estéreis devem ser escolhidos para que possam ser devidamente esterilizados por aquecimento a seco, por vapor ou outro método. » Após terminar o trabalho de manipulação, os equipamentos têm que ser limpos, desinfetados e identificados quanto à sua condição, sempre registrando todos esses procedimentos. Todos os equipamentos têm que ser submetidos à manutenção preventiva, de acordo com um programa formal, e corretivo, quando necessário, e obedecer a procedimentos operacionais escritos baseados nas especificações dos manuais dos fabricantes. » Deve existir registro por escrito das manutenções preventivas e corretivas realizadas. » As etiquetas com datas referentes à última e à próxima verificação devem estar afixadas nos equipamentos. » A Cabine de Segurança Biológica deve ser validada com periodicidade semestral e sempre que houver movimentação ou reparos, por pessoal treinado, e o processo registrado. » O equipamento que for usado no tratamento de água tem que ser projetado e mantido para assegurar a produção da água com todas as especificações exigidas. Pessoal Toda a equipe deve ser treinada (periodicamente) e deve passar por processos de validação de técnicas assépticas antes de iniciar a rotina. O uso de uniformes e técnicas corretas contribui para o controle microbiológico e a manutenção dos níveis de partículas estabelecidas. O manipulador deve usar macacão de manga longa e punho com baixa liberação de partículas, usar luvas, toucas, máscaras e prós-pés. É proibido o uso de joias e maquiagem durante a manipulação. Devem-se ter normas claramente descritas quanto à higienização e conduta do profissional envolvido, a fim de evitar qualquer risco de contaminação. 22 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos A saúde e bem-estar dos funcionários que trabalham em Serviços de Terapia Antineoplásica são fundamentais para obter um resultado final satisfatório e coerente, impactando diretamente na qualidade de vida do trabalhador. Os funcionários que realizam essas atividades dentro desses serviços devem ser continuamente conscientizados quanto à proteção da saúde, diretamente proporcional ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC). O trabalhador protegido e seguro possibilita um ambiente garantido e saudável. O Serviço de Terapia Antineoplásica (STA) é um espaço que proporciona risco de acidentes, intoxicações, contaminações, especificamente na manipulação que ainda exige técnicas, práticas e procedimentos que podem resultar em exposição ocupacional ou dano à saúde do profissional envolvido. Equipamentos de proteção coletiva (EPC) Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) são todos os dispositivos utilizados para a proteção coletiva dos funcionários expostos a risco, proteção ambiental e proteção do produto manipulado. A correta seleção e especificação de uso para as finalidades a que se destinam permitem minimizar os inúmeros riscos associados ao trabalho desenvolvido. São utilizados, portanto, para diminuir a exposição dos trabalhadores aos riscos e, em caso de acidentes, reduzir suas sequelas. Cabines de segurança (CSB) As Cabines de Segurança Biológica constituem o principal meio de contenção e são usadas como barreiras primárias para evitar a evasão de aerossóis para o ambiente. Há três tipos de cabines de segurança biológica: » Classe I; » Classe II – A, B1, B2, B3; » Classe III. A manipulação de medicamentos antineoplásicos deve acontecer obrigatoriamente, conforme a RDC no 220/2004, dentro da Cabine de Segurança Biológica Classe II B2. A Cabine de Segurança Biológica Classe II B2 oferece proteção aos profissionais envolvidos, ao meio ambiente e ao produto manipulado. 23 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i Tem 100% de exaustão, sem recirculação de ar, ou seja, todo ar que entra na cabine e o que é exaurido para o exterior passam previamente pelo filtro Hepa (high efficiency particulate air). A exaustão é total, por isso não existe recirculação do fluxo de ar. A cabine tem pressão negativa em relação ao local onde ela está instalada, pela diferença entre o insuflamento do ar no interior da cabine e a sua exaustão. A CSB deve sofrer validação todo semestre e sempre que houver algum deslocamento e/ou reparos, por pessoas treinadas, sempre mantendo os registros. Se houver interrupção do funcionamento da CSB deve-se paralisar imediatamente as atividades de manipular medicamentos citostáticos. figura 1. fonte: <http://www.lobov.com.br>. Chuveiro de emergência e lava-olhos O chuveiro deve ser acionado por alavancas de mão, cotovelos ou joelhos. Deve estar localizado em local de fácil acesso. Os lavadores de olhos devem ser formados por dois pequenos chuveiros de média pressão, acoplados a uma bacia metálica, cujo ângulo permite direcionamento correto do jato de água. Pode fazer parte do chuveiro de emergência ou ser do tipo frasco de lavagem ocular. 24 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos figura 2. fonte: <http://www.pecinox.com.br>. dispositivos de segurança para manipulação Seringas com conexão rosqueável (luer-lok) figura 3. fonte: <http://descarpack.com.br>. 25 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i dispositivo desaerolizante para punção de frascos-ampola figura 4. fonte: <http://www.bbraun.com.br>. Agulha de ponta romba » diminui riscos de acidentes; » diferenciação das agulhas convencionais; » facilita o procedimento por ser mais curta (25mm); » deslizamento duradouro; » bisel simples (um único corte); » as agulhas convencionais possuem bisel trifacetado; » requer 10 vezes mais força de penetração na pele que as agulhas convencionais. figura 5. fonte: <http://www.medsupply.com.br>. 26 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos Equipamentos de proteção individual Conforme estabelecido na RDC no 220/2004 e na RDC no 67/2007, durante a manipulação de medicamentos citostáticos devem ser usados luvas e macacão. luvas As luvas (Figura 6) são usadas como barreira de proteção, prevenindo a contaminação das mãos do manipulador e diminuindo o risco de microrganismos presentes nas mãos, evitando, assim, a contaminação durante o processo de manipulação. » Devem ser usados dois pares de luvas (tipo cirúrgica) de látex estéreis com punho longo e sem talco. » É recomendado que os pares de luvas sejam trocados a cada hora ou sempre que sua integridade estiver comprometida.figura 6. fonte: <http://www.dentalevolux.com.br>. macacão descartável O macacão descartável (Figura 7) é restrito à área de manipulação, sendo constituído de peça única, com baixa permeabilidade, frente fechada, com mangas longas e punho elástico. figura 7. fonte: <http://www.nei.com.br> 27 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i óculos de segurança Os óculos de segurança (Figura 8) protegem os olhos do profissional de borrifos, respingos, gotas e impactos decorrentes da manipulação de substâncias irritantes, corrosivas, tóxicas etc. Pode ter vedação lateral, hastes ajustáveis e cinta de fixação. As lentes devem ser confeccionadas em material transparente e resistente para que não provoque distorção. figura 8. fonte: <http://www.vicsa.com.br>. Protetores respiratórios Os protetores ou máscaras respiratórias (Figura 9) contêm filtros que protegem o aparelho respiratório. Os filtros podem ser: » mecânicos, para proteção contra partículas suspensas no ar; » químicos, que protegem contra gases e vapores orgânicos; » combinados (mecânicos e químicos). figura 9. fonte: <http://www.3m.com.br>. 28 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos toucas ou gorros Em ambientes limpos ou estéreis devem ser usados toucas ou gorros (Figura 10) para que não haja contaminação pelos cabelos. figura 10. fonte: <http://www.ikasalimp.com.br>. Propé Em ambientes limpos e classificados, os sapatos são substituídos por propés (Figura 11) para garantir o controle de partículas e para evitar contaminação do ambiente. figura 11. fonte: <http://www.superepi.com.br>. Procedimentos em acidentes com medicamentos e substâncias de risco Os antineoplásicos são medicamentos empregados no tratamento do câncer para inibir ou prevenir o crescimento e disseminação de alguns tipos de células cancerosas. Atuam sobre as moléculas que controlam a divisão e a proliferação celular, agredindo tanto as células normais quanto as células cancerosas devido ao seu potencial citotóxico. 29 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i Nesse contexto, sabe-se que o processo global de produção dos agentes antineoplásicos (manipulação, dispensação e administração) deve assegurar adequado nível de qualidade e segurança devido ao grande potencial de exposição dos profissionais envolvidos. Portanto, qualquer tipo de risco e/ou acidente com os medicamentos citotóxicos, como, por exemplo, derramamento de solução, perfuração com agulhas utilizadas, desconexão do equipo das bolsas de solução, respingos, quebra de ampola e frasco-ampola deve ser devidamente assegurado por procedimentos preconizado pela Norma Regulamentadora (NR 32/2005). A NR 32/2005 tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção e segurança à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. Procedimentos operacionais em casos de acidentes ambientais ou pessoais, de acordo com a rdC no 220/2004 e nr 32/2005 Kit de derramamento Todo Serviço de Oncologia que possui Central de Diluição de Medicamentos Oncológicos e que administra Quimioterapia deve conter “Kits de Derramamento” nas áreas de preparação, armazenamento e administração e para o transporte sendo mantido em local de fácil acesso e identificado, devendo conter no mínimo: » Luvas de procedimento. » Avental de baixa permeabilidade. » Proteção respiratória. » Proteção ocular. » Compressas absorventes e secas. » Sabão. » Recipiente identificado para recolhimento de resíduos. » Descrição para o procedimento em caso de emergência (Procedimento Operacional Padrão). 30 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos Conduta: » O local do derramamento, após identificação e restrição do acesso, deve ser limitada com compressas absorventes. » Os pós devem ser recolhidos com compressa absorvente umedecida. » Os líquidos devem ser recolhidos com compressa absorvente seca. » A área envolvida deve ser limpa com água e sabão em abundância. Conduta em caso de acidentes pessoais » O vestuário deve ser retirado imediatamente se ocorrer contaminação. » Deve-se lavar com água e sabão áreas da pele atingidas. » Se houver contaminação dos olhos ou outras mucosas deve-se lavar com água ou solução isotônica em abundância e recorrer ao acompanhamento médico. Conduta em caso de acidentes na cabine de segurança biológica » Deve-se fazer a limpeza e descontaminação de toda a parte interna da cabine. » Se houver contaminação da superfície do filtro Hepa, essa cabine tem que ser desativada até que se substitua o filtro. Conduta em caso de acidentes ambientais » Antes de iniciar o procedimento de descontaminar a cabine, o responsável pela limpeza deve estar paramentado. » Devem ser recolhidos os pós com compressa absorvente umedecida, os líquidos devem ser recolhidos com compressas absorventessecas e toda a área deve ser limpa com água e sabão. As intervenções necessárias frente ao acidente serão de responsabilidade do profissional que propiciou o derramamento do quimioterápico, seja durante o manuseio, administração ou transporte, ou seja, todo profissional envolvido deverá ser 31 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i devidamente treinado para realizar tal procedimento. Todo acidente deve ser registrado em formulário específico. Devem existir regras e rotinas escritas, revisadas anualmente, para a utilização da Cabine de Segurança Biológica e dos Equipamentos de Proteção Individual. riscos ocupacionais em farmácia aplicada à oncologia A exposição ao agente antineoplásico é uma preocupação no ambiente de trabalho, pois há estudos que exploram a manifestação do câncer em profissionais da área de saúde devido à exposição contínua aos medicamentos citotóxicos. Essa exposição pode ser por meio da ingestão de alimentos contaminados, inalação do pó ou de aerossóis do agente ou do contato direto com a pele. O uso de EPIs e as boas práticas de manipulação colaboram para o uso seguro dos agentes citotóxicos no ambiente de trabalho e constituem medidas essenciais para a redução do risco ocupacional. O risco oriundo da manipulação de medicamentos citotóxicos pelos profissionais da saúde origina-se da combinação de sua toxicidade e do nível de exposição dos indivíduos aos agentes antineoplásicos. Segundo a American Society of Health Farmacists (ASHP), podemos determinar as características dos medicamentos que podem apresentar risco ocupacional para o profissional de saúde, são eles: » Genotoxicidade (ex.: mutagenicidade). » Carcinogenicidade (ex.: indução tumoral em modelo animal, pacientes humanos ou ambos). » Teratogenicidade (ex.: alterações sobre a reprodução, fertilidade, má formações congênitas no feto). » Toxicidade séria e seletiva sobre órgãos e sistemas (ex.: em baixa dose em modelo animal e em pacientes tratados). Os medicamentos de riscos manuseados de forma leviana levam à contaminação do manipulador e do meio ambiente; a partir dessa contaminação acontece a absorção pelos profissionais de saúde. A absorção é pequena, exceto em situações de grande exposição; porém, o dano é cumulativo. Os profissionais envolvidos, ou seja, que preparam ou administram por longos períodos de tempo (enfermeiros e farmacêuticos) são os mais expostos. 32 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos Classificação dos medicamentos e substâncias de risco A classificação dos medicamentos segundo a evidência é estabelecida pela Internacional Agency for Research on Cancer (Iarc), um órgão que pertence à Organização Mundial de Saúde (OMS). A finalidade da Iarc é coordenar e administrar pesquisas sobre as causas de câncer em humanos e ampliar estratégias científicas para a prevenção e o controle de câncer. A Iarc qualifica agentes a que os seres humanos possam estar expostos, com base na ameaça de causar câncer em humanos. Os agentes incluemprodutos químicos, misturas complexas, processos, exposições ocupacionais ou ambientais, práticas culturais ou comportamentais, organismos biológicos e substâncias físicas. A Iarc não considera “risco” (estimativa dos efeitos carcinogênicos) ou probabilidade de dano a seres humanos. O órgão somente considera a gravidade da evidência científica para uma associação ao câncer, considerando os níveis diários de exposição. Esse processo de classificação é realizado por um grupo de trabalho, composto por cientistas selecionados pela Iarc para revisar as evidências em relação a qualquer ameaça (capaz de causar câncer sob determinadas circunstâncias) de câncer associada aos agentes selecionados. Para cada agente analisado, a Iarc usa cinco classificações para a força da evidência científica de que a exposição a tal agente possa estabelecer uma ameaça de câncer, conforme descrito a seguir: quadro 1. descrição pela iarc do grupo da classificação por exposição dos agentes antineoplásicos. Grupo 1 Carcinogênico para humanos. Grupo 2A Provavelmente carcinogênicos para humanos. Grupo 2B Possivelmente carcinogênicos para humanos. Grupo 3 Não classificável em relação à carcinogenicidade para humanos. Grupo 4 Provavelmente não carcinogênico para humanos. fonte: <https://www.iarc.fr/>. Para uma manipulação segura, além do ato de preparo dos medicamentos, deve-se considerar toda a cadeia de processos, desde o armazenamento, recebimento, transporte, manipulação propriamente dita, a dispensação, a administração, geração e descarte de resíduos de produtos e medidas em caso de derramamento e extravasamento. 33 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i Partindo do pressuposto de que as preparações injetáveis devem apresentar apirogenicidade, esterilidade e ausência de partículas estranhas são necessárias medidas e condutas para assegurar a manipulação e dispensação dos medicamentos nessas condições. Considerando que o termo estéril é a ausência total de microrganismos ou formas viáveis capazes de reprodução, esta só é alcançada e mantida mediante todo o processo de manutenção que visa assegurar a carga microbiana nula do produto manipulado. Requisitos básicos como uso de produtos estéreis (garantidos pelo fornecedor), a técnica de manipulação asséptica e ambiente de manipulação controlado são pontos fundamentais para que se consiga garantir a qualidade do produto acabado, conforme exige a RDC no 67/2007 que dispõe sobre as Boas Práticas de Preparação Magistrais e Oficiais para Uso Humano em Farmácias. De acordo com a American Society of Health Pharmacists (ASHP), os fármacos antineoplásicos possuem características quanto ao risco ocupacional em que os fatores cuja combinação determina o risco tóxico, são a magnitude da exposição do manipulador, o efeito cumulativo e a toxicidade real de cada medicamento. Contudo, as principais rotas de exposição aos medicamentos de risco estão associadas à inalação de gotículas ou pós, absorção pela pele, ingestão por bebidas, comidas e cigarros contaminados, podendo causar genotoxicidade ou mutagenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e até toxicidade séria e seletiva sobre órgãos e sistemas. Veja a tabela a seguir: Genotoxicidade ou mutagenicidade Alteração no genótipo de uma célula, por modificação nas bases do DNA, transmitida durante a divisão celular. Alguns tipos de mutação resultam em carcinogênese. Carcinogenicidade Alteração na sequência do DNA que codifica uma proteína envolvida na regulação do crescimento celular – mutações dos proto-oncogenes (controlam a proliferação celular) ou dos genes supressores de tumor (codificam produtos que inibem a transcrição dos oncogenes ou genes mutantes). Geralmente, é necessária mais de uma mutação. teratogenicidade Indução de malformações estruturais grosseiras durante o desenvolvimento fetal. 34 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos Os danos da exposição aos fármacos citotóxicos poderão ser medidos em relação à extensão da exposição a esse agente e a toxicidade inerente de determinado agente quimioterápico. O monitoramento médico é de grande importância, e é aconselhável realizar exames médicos periodicamente, de seis em seis meses, com atenção para os sistemas hematopoiético, pele, sistema hepático, renal, e sistema nervoso central. Devem se realizar exames quando: admitir; retornar ao trabalho, após 30 dias de licença médica; transferência de outro setor para área de manipulação e vice-versa; desligamento do setor ou da empresa. Com relação aos indicadores, detectou-se níveis mensuráveis de agentes quimioterápicos no ar e nas superfícies, quando as capelas de fluxo laminar não são usadas no preparo dos quimioterápicos. Quando se monitora dentro da capela, essa exposição fica evidente e detecta-se saturação desses agentes nos filtros Hepa. Existem relatos de mutagenicidade urinária em profissionais que manipulam agentes quimioterápicos, porém esses mesmos níveis caem totalmente, quando esses profissionais são afastados da exposição de rotina e vice-versa. A evidência de tióteres urinários (metabólitos conjugados à glutationa de agentes alquilantes) pode ser usada como indicadores de exposição, porque manipuladores de antineoplásicos demonstraram aumento de tióteres urinários em comparação com grupos de controle. Com relação à mutagenicidade/alterações cromossômicas, alguns estudos têm comprovado esses efeitos como vindos dessa exposição. Há uma dificuldade de quantificação desses efeitos da exposição e essas alterações de resultados de absorção resultam da exposição em diferentes intensidades dentro de um mesmo grupo, principalmente quando se avalia técnica de trabalho e uso de EPIs. Os efeitos sobre a reprodução têm sido bem documentados, onde há resultados estatisticamente significantes de ocorrências de abortos espontâneos e teratogenicidade, quando se compara grupos expostos e não expostos. Diante dessas ocorrências, é importante ressaltar que mulheres grávidas e lactantes devem ser informadas dos riscos e afastadas da atividade da manipulação e administração de agentes quimioterápicos. Outros sintomas eventuais relatados por grupos expostos em áreas em que não há ventilação são: vertigem, sensação de cabeça leve, dor de cabeça, náusea e reação alérgica. Em alguns momentos há grande exposição ocupacional para o profissional que manipula, valendo citar os seguintes: quebra e reconstituição de ampolas; punção, transferência do medicamento de um para outro envase; retirada do ar da seringa, ajuste da dose reconstituição e aspiração de frascos-ampola (introdução e retirada da agulha). 35 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i Principais rotas de exposição ocupacionais no manuseio de fármacos antineoplásicos » Quebra e reconstituição de ampolas. » Punção, reconstituição e aspiração de frascos-ampola (introdução e retirada da agulha). » Transferência do fármaco de um para outro envase. » Retirada do ar da seringa e ajuste da dose. » Administração dos medicamentos injetáveis. » Manuseio de excretas do paciente. » Exposição acidental. Exposição acidental » Receber os medicamentos. » Transportar internamente e externamente. » Estocar. » Limpar e desinfetar de frascos-ampola e ampolas. » Identificar, rotular, embalar e distribuir o produto acabado. » Procedimentos como: segregar, acondicionar, identificar, registrar, transportar, armazenar e o destino final dos resíduos de risco. » Conduta em acidentes. » Manusear os medicamentos tópicos e orais. » Limpar e desinfetar as áreas e os equipamentos de trabalho. Para não deixar que esses procedimentos se transformem em potenciais acidentes, o farmacêutico deve criar procedimentos operacionais padrões (POP) para que padronize a execução das atividades, o fluxo de trabalho, bem como montar um plano de contingência em caso de ocorrer acidentes durante o processo de manipulação. O uso de materiaismédico-hospitalares especiais, como o uso de filtros para aerossóis, deve ser avaliada. 36 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos quadro 2. sistemas mais sensíveis ao antineoplásicos. Sistema Respiratório Pode ocorrer lesão de células do trato respiratório, enfisema, irritação, broncoconstrição, dispneia e alergia. Trato Gastrintestinal Pode ocorrer alteração das membranas celulares, na pele, rubor, edema, prurido, alergia. Fígado Pode ocorrer acumulação excessiva de lipídios e necrose. Rins Pode ocorrer efeitos sobre o túbulo renal, morte das células e alteração da função renal. Sistema Nervoso Pode ocorrer hipóxia no cérebro, perda de mielina e efeitos em neurônios periféricos. Sistema Reprodutivo Pode ocorrer oligoespermia, redução da fertilidade, interrupção da menstruação e toxicidade reprodutiva. fonte: <https://pt.slideshare.net/crisneli/riscos-boechat>. Para exercer as Boas Práticas de Manipulação de Medicamentos Citotóxicos é essencial possuir uma área física adequada, equipamentos e mobiliário adequados, equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), equipamentos de Proteção Individual (EPI), dispositivos de Segurança, vestuário adequado, procedimentos operacionais da técnica asséptica associada à de biossegurança, gerenciamento dos resíduos de risco, higiene/segurança do trabalho e educação continuada. transporte dos medicamentos Todo o transporte de embalagens de medicamentos antineoplásicos deve ser feito de forma a reduzir a contaminação ambiental em caso de acidentes com queda e/ou quebra acidental das embalagens. Uma boa prática é acondicionar essas embalagens em recipientes hermeticamente fechados e/ou lacrados, como caixas e/ou sacos plásticos etiquetados com um identificador de alerta, chamando a atenção sobre as características tóxicas do conteúdo. Carrinhos de transporte devem ser desenhados com barreiras de contenção para proteger contra a queda e ruptura. Todo o pessoal envolvido com o transporte de medicamentos antineoplásicos deve receber treinamento sobre a característica desses medicamentos, bem como dos procedimentos de segurança a serem adotados em caso de acidente. Periodicamente, o National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) publica uma lista de medicamentos antineoplásicos e outros medicamentos com risco ocupacional, que pode ser utilizada como ponto de partida para elaborar procedimentos de segurança inerentes aos processos de recebimento, armazenamento e transporte. Como nem todo profissional tem acesso fácil às informações e a atualização da lista é um processo que deve ser contínuo, para isso o farmacêutico deve conhecer tecnicamente a toxicidade dos medicamentos que manuseia consultando a bula, informações do fabricante, monografias, literatura, fichas técnicas, entre outras fontes. 37 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i Proteção do operador Deve ser tida sempre em conta a toxicidade das classes de fármacos a manipular. Relativamente aos anticorpos monoclonais devemos ter ainda em consideração o risco de manipulação associado a cada um. Embora se saiba que são agentes relativamente recentes e que, por isso, ainda não há estudos consistentes de riscos potenciais associados à exposição ocupacional. Os anticorpos monoclonais devem ser manipulados em CFLV (Câmara de fluxo laminar vertical), particularmente, se apresentam risco potencial para o operador. Proteção do doente Com o objetivo de evitar contaminação cruzada dos fármacos manipulados e garantir que não existem erros de manipulação por troca de fármacos, no que concerne à manipulação de anticorpos monoclonais, citotóxicos e outros fármacos que, pelas suas propriedades mutagênicas e carcinogênicas, exigem manipulação em CFLV, sugere-se o seguinte: Idealmente, deverão existir dois equipamentos distintos para manipulação independente desses fármacos. Assim, num dos equipamentos manipular-se-ia os medicamentos não relacionados com a terapêutica antineoplásica, e no segundo equipamento manipular-se-iam os fármacos citotóxicos e anticorpos monoclonais para terapêutica antineoplásica. Deve ser promovida a segregação e uma prática de completa limpeza das superfícies entre os vários tipos de produtos a manipular. Sugere-se a seguinte ordem de manipulação: » Anticorpos monoclonais usados em âmbitos não oncológicos (ex.: rituximab para reumatologia). » Fármacos, pela sua capacidade mutagênica e/ou carcinogênica, exigem manipulação em CFLV (ex.: ganciclovir). » Fármacos citotóxicos para usar em âmbitos não oncológicos (ex.: metotrexato para artrite reumatoide). » Fármacos citotóxicos e anticorpos monoclonais em doentes oncológicos. 38 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos Agentes biológicos de uso humano (terapia gênica, terapia celular e engenharia de tecidos) Recomenda-se a utilização de uma CFLV independente e exclusiva para a manipulação desses agentes, tendo sempre em consideração o princípio da prevenção da contaminação cruzada durante o processo de produção. As preparações com BCG devem ser segregadas da preparação de fármacos citotóxicos para administração intravenosa (não devendo ser utilizada a mesma CFLV) para minimizar riscos de contaminação bacteriológica. Recomenda-se o uso de sistemas fechados conforme recomendado nos RCM. quimioterapia fora de hora (circunstâncias excepcionais) Sempre que possível, a quimioterapia deve ser administrada dentro do período “normal” de funcionamento, quando estão presentes equipes de profissionais com mais experiência. Dada a natureza desses fármacos pretende-se resguardar a segurança do doente e dos profissionais envolvidos, assegurando que existe um suporte médico para a prescrição e acompanhamento do tratamento, capacidade por parte dos Serviços Farmacêuticos para a preparação e dispensação do tratamento de quimioterapia nas condições adequadas, e que se encontra disponível uma equipe de enfermagem treinada para realizar administração desses medicamentos. Existem, no entanto, circunstâncias excepcionais que podem condicionar o início de quimioterapia fora do horário normal de funcionamento. Exemplos destas situações são: » Leucemias agudas. » Doenças hematológicas malignas com envolvimento do Sistema Nervoso Central. » Obstrução da veia cava superior (carcinoma do pulmão de pequenas células, tumores de células germinativas e doenças hematológicas malignas). » Compressão medular (tumores de células germinativas, sarcomas de Ewing, neuroblastomas ou doenças hematológicas malignas). 39 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i » Situações excepcionais decorrentes de rápido crescimento tumoral. » Intoxicações agudas cujo antídoto seja um citotóxico (ex.: ciclofosfamida). Deverá ser tido em consideração que quimioterapias para administração intratecal não deverão ser preparadas e administradas fora do horário “normal” de funcionamento. As circunstâncias excepcionais aplicáveis a cada instituição deverão ser definidas pela Direção Clínica. Processos de suporte Controle ambiental Os valores de temperatura, umidade e diferenciais de pressão devem ser registrados antes do início do trabalho, geralmente uma vez ao dia e qualquer desvio que tenha o potencial de afetar o produto final deve ser registrado como ocorrência e ser alvo de medidas corretivas adequadas. Devem estar definidos planos de contingência a delinear por instituição. Controle microbiológico As preparações de citotóxicos são, na maior parte dos casos, preparações extemporâneas em que o risco microbiológico é reduzido. O controle pode ser feito pela validação do processo asséptico. A periodicidade de manutenção deve ser adaptada conforme os resultados obtidos e a natureza da unidade. As amostras devem ser convenientemente identificadas da seguinte forma: » Localização de amostragem. » Data de amostragem. » Operador responsável pela recolha da amostra. Deve haver registro das operações quedecorreram durante a amostragem. Recomenda- se uma periodicidade de manutenção se sucessivamente tivermos resultados favoráveis com a periodicidade-base e se não tiver ocorrido nenhuma alteração dos procedimentos, pessoal, instalação e equipamento. 40 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos É importante o conhecimento da flora normal das instalações. Qualquer organismo não usual ou qualquer desvio à flora normal deve resultar em ações complementares. As ações a desencadear para resultados maiores ou iguais aos limites definidos são: » repetir a amostragem, no sentido de excluir contaminação do processo de controle; » desencadear ações de limpeza complementar das áreas envolvidas, se aplicável; » considerar o aumento da frequência de monitorização; » identificar o microrganismo causador para detecção da fonte de contaminação; » analisar equipamentos e integridade dos filtros Hepa; » rever os procedimentos de limpeza; » rever técnica asséptica do manipulador em causa (aplicar teste Media-Fill). meios de cultura Cada instituição deverá articular-se com o serviço de microbiologia no sentido de determinar quais os meios de cultura a utilizar. Recomenda-se a adoção de um procedimento escrito acordado entre os Serviços Farmacêuticos e o Serviço de Microbiologia, definindo responsabilidades e circuitos. formulário de registro de resultados e de ações desencadeadas Deve conter: » a data em que se efetuou o controle microbiológico; » qual o profissional que efetuou o procedimento; » qual o farmacêutico responsável; » resultados; » as ações corretivas, se aplicável. 41 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i Protocolos/planos de limpeza Correspondem a um conjunto de procedimentos que envolvem uma série de profissionais nas diversas áreas das Unidade de Preparação de Citotóxicos (UPC). Devem ser definidos os profissionais responsáveis, que medidas de limpeza serão efetuadas e a sua periodicidade. Adicionalmente, o plano de limpeza deve listar os agentes de limpeza a usar, onde e como usá-los, instruções para sua diluição e tempo de exposição. O plano de limpeza deve ser alvo de alterações em função dos resultados do controle microbiológico. Todas as ações de limpeza e desinfecção devem estar documentadas por quem as executou. O farmacêutico responsável deverá validar o processo de limpeza por meio da avaliação da conformidade documental e pela utilização de metodologias adequadas (ex.: controle microbiológico). limpeza das CflV » Desinfecção da CFLV (remoção de microrganismos) Agentes de Desinfecção: deve utilizar-se diariamente álcool a 70o (etanol ou isopropanol). Periodicamente (conforme os resultados da monitorização microbiológica e normas da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Instituição) devem usar-se soluções desinfetantes para superfícies com largo espectro de ação, incluindo atividade esporicida. Esses agentes são muito corrosivos e tóxicos e, por isso, não se recomenda a sua utilização rotineira, devendo ser consultado o manual da CFLV. A validação dos processos poderá dispensar a utilização de álcool esterilizado. Antes de cada sessão de trabalho, e após colocação de EPIs, deve proceder-se à limpeza da CFLV com uma solução antisséptica apropriada como o isopropanol ou etanol a 70o. Esse procedimento deve ter lugar após um tempo de espera adequado à estabilização do fluxo de ar, e que depende das especificações do equipamento. Para CFLV que funcionam durante 24 horas recomenda-se limpeza duas a três vezes por dia. A desinfecção deve incluir todas as superfícies da câmara e deverá ser realizada do topo para baixo (no sentido do fluxo de ar), começando pela parede posterior em passagens paralelas. A superfície de trabalho é a última parte a ser desinfetada. Após esta desinfecção deverá esperar-se cinco minutos. A limpeza da superfície superior da CFLV deve ser ponderada, já que existe probabilidade de umedecer e, por isso, afetar a qualidade dos filtros Hepa. Recomenda-se que essa operação seja realizada em consonância com as características do equipamento. 42 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos » Descontaminação da CFLV (remoção de resíduos de fármaco) Deve-se proceder à descontaminação sempre que: › se manipulem fármacos de diferente natureza, para evitar contaminação cruzada; › no final do dia de trabalho; › sempre que ocorra um derrame; › após operações de manutenção. Nas situações referidas recomenda-se que a câmara seja sujeita a limpeza com água e detergente alcalino ou outros agentes adequados para remoção de materiais soltos e resíduos. Periodicamente (por exemplo, uma vez por semana, conforme o volume de trabalho), deve-se realizar uma limpeza mais profunda da CFLV (remoção da grelha de superfície ou tampo de trabalho inferior). Esse procedimento também deve ser feito sempre que se verifique uma contaminação ou quando se observem mudanças importantes (por exemplo: manutenção da câmara). A responsabilidade pela limpeza e manutenção dos filtros Hepa é da empresa com quem se contratualiza a manutenção dos equipamentos. O uso de hipoclorito de sódio poderá danificar os equipamentos, e a sua eficácia na inativação de citotóxicos é variável, pelo que não se recomenda a sua utilização (contudo deve ser consultado o manual do equipamento). » Materiais de limpeza Deverão ser utilizadas compressas esterilizadas ou outros equipamentos e materiais específicos. limpeza das salas adjacentes » Metodologias e processos A limpeza poderá ser feita por profissionais treinados para essa função. O chão da sala limpa deverá ser limpo enquanto não ocorrerem operações assépticas. A limpeza deve ocorrer da zona mais limpa para a mais suja. O que significa que deve ter uma orientação do teto para o chão. A limpeza de superfícies fora da câmara de fluxo de ar laminar vertical e da sala 43 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i limpa deve ser efetuada com solução aquosa de detergente, conforme normas da instituição. Deve ser considerada a possibilidade de reação da solução detergente com a superfície a limpar e com as luvas de quem executa a tarefa. » Materiais de limpeza Só materiais, de preferência descartáveis, que libertam poucas partículas devem ser usados para limpeza. Esses materiais deverão ser exclusivos da UPC. A solução desinfetante e descontaminante deve ser aplicada sobre esse material que irá entrar em contato com as superfícies a desinfetar e a descontaminar, porque a descontaminação e desativação das superfícies também resulta da remoção mecânica promovida pelos materiais de limpeza, estes deverão ser eliminados como qualquer resíduo citotóxico. 44 CAPítulo 3 gerenciamento do descarte de resíduos de risco gerenciamento dos resíduos de risco nas unidades de saúde A RDC no 306, 7/12/2004 define como geradores de Resíduos de Serviço de Saúde (RSS), são os serviços que têm relação com a assistência à saúde dos humanos e dos animais, incluindo os serviços como assistência domiciliar e trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços em que se faça atividades de embalsamamento; serviços de medicina legal; farmácias e drogarias, incluindo as de manipulação; centros de controle de zoonoses; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro; serviços de acupuntura; distribuidores de produtos farmacêuticos; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de tatuagem, entre outros similares. Essa resolução estabelece que o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde (RSS) caracteriza- se como um conjunto de técnicas de gestão, planejadas e implementadas a partir de bases técnicas e científicas, legais e normativas, com o propósito de produzir cada vez menos resíduos, proporcionando, aesses resíduos gerados, um direcionamento seguro, que seja eficiente, tendo em vista proteger os trabalhadores, preservar a saúde pública, os recursos naturais e o meio ambiente. Para a realização desses procedimentos, deve ser utilizado um Plano de Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS). Todo estabelecimento que produz resíduos deve elaborar o PGRSS, conforme a legislação vigente, estabelecendo, assim, as diretrizes de manejo dos RSS. O PGRSS é um documento que define e descreve as ações acerca ao manejo dos resíduos, de acordo com a classificação e características dos resíduos. A Resolução Conama no 358, de 29/4/2005 e Anvisa RDC no 306, de 7/12/2004, definem as ações de manejo, desde a geração até a disposição final de resíduos, abrangendo as seguintes etapas: segregação, acondicionamento, identificação, transporte interno, armazenamento temporário, tratamento, armazenamento externo, coleta e transporte externo e disposição final. Segregação é a separação que deve ser feita no momento e local da geração do resíduo, de acordo com as características físicas, químicas, biológicas, o seu estado físico e os 45 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i riscos envolvidos. Acondicionamento é o local onde deve ser colocado o resíduo separado, ou seja, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e sejam resistentes a rupturas, de acordo com a NBR 9191/2000, conforme a ABNT, respeitando os limites de peso de cada saco, sendo proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento. Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em sacos de material resistente a rupturas e vazamentos, sendo impermeável. Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes de material resistente, rígido e estanque, com tampa rosqueada e vedante. A identificação baseia-se no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo conhecimentos ao manejo correto dos RSS. Deve estar acoplada nos sacos e recipientes de coleta interna e externa, no transporte interno e externo e nos locais de armazenamento de forma visível, permanente, utilizando-se os símbolos, cores e frases, conforme a norma NBR7 500 da ABNT, além de outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e ao risco específico de cada grupo de resíduos. O transporte interno deve ser o deslocamento dos resíduos acondicionados até o local destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo. Os recipientes para o transporte interno devem ser constituídos de material rígido, lavável, impermeável, provido de tampa articulada ao próprio corpo do equipamento, cantos e bordas arredondados, e serem identificados com o símbolo correspondente ao risco do resíduo neles contido, de acordo com o Regulamento Técnico. Os recipientes devem ser providos de rodas revestidas, de material que reduza o ruído e os recipientes desprovidos de rodas devem obedecer aos limites de carga permitido para o transporte pelos trabalhadores. Os recipientes com mais de 400 litros de capacidade devem possuir um dreno no fundo. O transporte interno deve acontecer a partir de um roteiro previamente definido, não podendo ocorrer juntamente com o horário de distribuição de roupas, alimentos e medicamentos, bem como em períodos de visitas ou de maior fluxo de pessoas. O armazenamento temporário é a guarda temporária dos resíduos já devidamente acondicionados. Os sacos deverão ser acondicionados em recipientes, sendo proibido o apoio dos sacos diretamente sobre o piso. 46 UNIDADE I │ GEstão Dos MEDIcAMENtos oNcolóGIcos A sala de armazenamento deverá ser próxima ao ponto de geração, sendo dispensada nos casos em que a distância entre o ponto de geração e o armazenamento externo justifique tal procedimento. A sala para guarda desses resíduos deve ter pisos e paredes lisas e laváveis com ponto de iluminação artificial e área mínima para armazenar dois recipientes coletores. É denominada sala de resíduos a sala exclusiva para o armazenamento de resíduos. O tratamento de resíduos deve ser realizado por métodos, técnicas ou processos que alterem as características de riscos inerentes aos resíduos, diminuindo ou eliminando o risco de contaminação. Os sistemas de tratamento de resíduos de serviços de saúde precisam obter a licença ambiental, conforme a Resolução Conama no 237/1997, sendo passíveis de fiscalização e de controle pelos órgãos de vigilância sanitária e do meio ambiente. O armazenamento externo (abrigo de resíduos) trata-se da armazenagem dos recipientes até a etapa de coleta externa, em ambiente exclusivo com entrada de fácil acesso para veículos coletores. O local do armazenamento externo deve ser identificado e restrito aos funcionários do gerenciamento de resíduos. Não é permitida a manutenção dos sacos de resíduos fora dos recipientes ali estacionados. A coleta e transporte externos consistem na retirada do abrigo de resíduos ou armazenamento externo até a unidade de tratamento ou disposição final, empregando-se técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as orientações dos órgãos de limpeza urbana e com as normas NBR 12810/1993 e NBR 14652/2001. A disposição final é a disposição dos resíduos no solo, previamente preparado para recebê-los, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e com licenciamento ambiental de acordo com a Resolução Conama no 237/1997. Classificação dos resíduos dos serviços de saúde Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os resíduos dos serviços de saúde são classificados em cinco grupos, do Grupo A ao Grupo E. 47 Gestão dos MedicaMentos oncolóGicos │ Unidade i quadro 3. classificação em cinco grupos, do Grupo a ao Grupo e. Grupo A Resíduos que podem oferecer risco de infecção devido à provável presença de agentes biológicos com características de maior virulência ou concentração. Este grupo é representado pelo símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos. Este é subdividido em cinco subgrupos: A1, A2, A3, A4 e A5. Grupo B Resíduos que contêm substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Neste grupo estão incluídos vários tipos de medicamentos (citostáticos e antineoplásicos), saneantes, desinfetantes, reagentes de laboratórios, reveladores e fixadores de imagem, entre outros. Este grupo é representado pelo símbolo de risco associado, com discriminação de substância química e frases de risco. Grupo C Neste grupo estão inseridos os rejeitos radioativos e contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia. Este grupo é representado pelo símbolo internacional de presença de radiação ionizante, com rótulos de fundo amarelo e contornos pretos, acrescido da frase: rejeito radioativo. Grupo D Resíduos que apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser comparados aos resíduos domiciliares. Neste grupo estão as fraldas, papel e absorventes higiênicos, vestuários descartáveis, restos de alimentos, resíduos de jardins e áreas administrativas. Grupo E Fazem parte deste grupo os materiais perfurocortantes ou escarificantes, como lâminas cortantes, agulhas, brocas, limas, escalpes, utensílios e recipientes de vidros e outros similares. Este grupo é representado pelo símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de resíduo perfurocortante, indicando o risco que apresenta o resíduo. fonte: <www.abnt.org.br>. descarte de excretas do paciente em quimioterapia Após administrar a quimioterapia antineoplásica o risco de exposição ocupacional não acaba.
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