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REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS (1)

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Direito Constitucional 
Professor: Lucas Neto 
 
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 
 
→ A nossa CF apresenta dois tipos de remédios constitucionais: 
a) Os remédios administrativos, que são o direito de petição e o direito de certidão. 
b) Os remédios judiciais, que são ações constitucionais, Habeas Corpus, Habeas Data, Mandado de Segurança, 
Mandado de Injunção e Ação Popular. 
Habeas Corpus 
→ É o remédio constitucional que visa proteger a liberdade de locomoção. 
“LXVIII – conceder-se-á “habeas corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou 
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;” 
O habeas corpus é utilizado para proteger a liberdade de locomoção, ou seja, o direito de ir, vir ou permanecer, em 
decorrência de ato de ilegalidade ou abuso de poder. É possível ainda o HC na hipótese de ameaça indireta, reflexa, 
potencial a liberdade de locomoção. 
→ Existem dois tipos de habeas corpus: 
• Habeas corpus preventivo (salvo-conduto) é aquele utilizado para prevenir a violência ou coação à liberdade 
de locomoção. 
• Habeas corpus repressivo (liberatório) é utilizado para reprimir a violência ou coação à liberdade de 
locomoção, ou seja, é utilizado quando a restrição da liberdade de locomoção já ocorreu. Convém perceber que não 
se trata de qualquer tipo de restrição à liberdade de locomoção que caberá o remédio, mas apenas aquelas 
cometidas com ilegalidade ou abuso de poder. 
→ Outra questão interessante que está prevista na Constituição é a gratuidade desta ação: 
“LXXVII - são gratuitas as ações de “habeas corpus” e “habeas data”, e, na forma da lei, os atos necessários ao 
exercício da cidadania.” 
Habeas Data 
→ O habeas data cuja previsão está no inciso LXXII do artigo 5º tem como objetivo proteger a liberdade de 
informação do indivíduo: 
 “LXXII – conceder-se-á “habeas data”: 
 
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“para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos 
de dados de entidades governamentais ou de caráter público” ou “para a retificação de dados, quando não se prefira 
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”. 
→ O HD é cabível em três hipóteses, sendo as duas primeiras previstas expressamente na CF e a terceira prevista na 
Lei 9.507/972 que é a lei que regulamenta o HD, vejamos: 
• para conhecer a informação; 
• para retificar a informação; 
• para anotação (inserir informações) nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado 
verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável. 
– O HD só é cabível diante na negativa (recusa) da autoridade administrativa de fornecimento, retificação ou 
anotação (explicação) das informações solicitadas. 
– Ação é gratuita, mas exige advogado. 
“LXXVII – são gratuitas as ações de “habeas corpus” e “habeas data”, e, na forma da lei, os atos necessários ao 
exercício da cidadania.” 
→ A respeito do HD é importante conhecer o entendimento da jurisprudência sobre as hipóteses de NÃO 
CABIMENTO do habeas data. 
• O habeas data não se confunde com o direito de obter CERTIDÕES; havendo recusa em fornecer certidões para a 
defesa de direitos ou situações de interesse pessoal, próprio ou de terceiros, ou mera informações de terceiros, a 
via adequada é o mandado de segurança. 
• Não é cabível o habeas data para se obter vista ou cópia de processo administrativo. 
• Não é cabível para sustar publicação feita em sítios eletrônicos (na internet). 
Ação Popular 
→ A ação popular é uma ferramenta fiscalizadora utilizada como espécie de exercício direto dos direitos políticos, é 
dizer, o seu exercício é exemplo de democracia direta. Por isso que só poderá ser utilizada por cidadãos. 
“LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio 
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;” 
→ A Ação Popular serve para ANULAR ato ou contrato administrativo que seja lesivo: 
• ao patrimônio: público, histórico ou cultural; 
 • à moralidade administrativa; 
• ao meio ambiente. 
 
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Dessa forma a Ação Popular não serve para defesa de direitos individuais e sim de natureza coletiva, como 
concretizador do princípio republicano que impõe ao administrador público o dever de prestar contas a respeito da 
gestão da coisa pública. 
Outro ponto relevante é que não precisa comprovar o prejuízo aos cofres públicos para propor Ação Popular. A Ação 
pode ser interposta de forma preventiva, antes da prática do ato ilegal ou imoral, ou repressiva após a ocorrência do 
ato lesivo. 
• O Ministério Público não pode ajuizar Ação Popular, uma vez que essa prerrogativa é apenas do cidadão. Contudo, 
caso haja omissão ou abandono da ação pelo autor, o MP poderá substituir o autor na ação. No mais, o MP atua na 
Ação Popular apenas como fiscal da lei. 
• Gratuidade para o Autor. A CF isenta o autor da Ação Popular de pagar custas judiciais ou ônus da sucumbência, 
salvos se tiver de má-fé. Essa gratuidade é apenas para o Autor, e não para o Réu. 
• O foro por prerrogativa de função não alcança a Ação Popular, dessa forma, não existe competência originária para 
o julgamento de Ação Popular. Por exemplo: uma Ação Popular contra o Presidente da República não deverá ser 
ajuizada perante o STF, e sim perante o juiz singular. 
Mandado de Segurança 
“LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por “habeas 
corpus” ou “habeas data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;” 
• O mandado de segurança será cabível para proteger DIREITO LÍQUIDO E CERTO. 
• Caráter residual: só será usado quando não houver o amparo de HC ou HD. 
• Poderá ser repressivo, quando a ilegalidade já tiver sido cometida. 
• Poderá ser preventivo, quando o impetrante demonstrar justo receio de sofrer violação de direito líquido e 
certo por parte da autoridade impetrada. 
• O mandado de segurança possui prazo decadencial (que não se interrompe e não se suspende) para ser 
utilizado de 120 dias, a contar da data em que o interessado teve conhecimento oficial do ato a ser 
impugnado. 
 
Mandado de Segurança Coletivos 
 “LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com 
representação no Congresso Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 
um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;” → São legitimados para propor o mandado de 
segurança coletivo: 
 
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• Partidos Políticos com representação no Congresso Nacional – para se ter representação noCongresso Nacional 
basta um membro em qualquer uma das Casas. 
• Organização sindical. 
• Entidade de classe. 
• Associação desde que legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano. 
Deve-se observar que o requisito de um ano de constituição e funcionamento só se aplica às associações. Os Partidos 
Partidos podem defender direitos relativos a seus integrantes ou relacionados à finalidade partidária, enquanto que 
os demais podem defender direitos dos seus membros ou associados, desde que pertinentes às finalidades da 
entidade. Ademais, não precisa ser um direito de todos os seus membros, podendo ser um direito de parte dos 
membros da entidade. 
No MS Coletivo os legitimadosatuam como substitutos processuais, buscando interesses de seus filiados em nome 
próprio. Por esse motivo os legitimados não precisam de autorização expressa dos seus filiados. 
Mandado de Injunção 
→ O mandado de injunção é uma garantia que visa assegurar o exercício de direitos e liberdade constitucionais que 
ficam inviabilizados pela ausência de regulamentação. 
 “LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício 
dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;” 
O seu objetivo é suprir a omissão legislativa que impede o exercício de direitos fundamentais. Algumas normas 
constitucionais para que produzam efeitos dependem da edição de outras normas infraconstitucionais. Estas normas 
são conhecidas por sua eficácia como normas de eficácia limitada. O mandado de injunção visa corrigir a ineficácia 
das normas com eficácia limitada. 
*Pessoas jurídicas de direito público, apesar de serem titulares de garantias fundamentais, não possuem 
legitimidade para impetração de mandado de injunção. 
→ Assim, podemos esquematizar três requisitos para o ajuizamento de mandado de injunção: 
• falta de norma regulamentadora; 
• inviabilização de um direitos ou liberdade constitucional ou de prerrogativas inerentes ànacionalidade, à soberania 
e à cidadania; 
• decurso de prazo razoável para a elaboração da norma regulamentadora; 
O mandado de injunção coletivo tem por finalidade proteger direitos, liberdades e prerrogativas pertencentes, 
indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria. 
Os partidos políticos com representação no Congresso Nacional podem promover a ação para assegurar o 
exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados à finalidade partidária. 
 
 
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EXERCÍCIOS 
 
1) Naldo Reginaldo, brasileiro de dezesseis anos de 
idade, possuidor de título de eleitor e no pleno gozo dos 
seus direitos políticos, identifica, com provas 
irrefutáveis, ato lesivo do Presidente da República que 
atenta contra a moralidade administrativa. 
Com base no fragmento acima, assinale a opção que se 
coaduna com o instituto jurídico da Ação Popular. 
 
a) Naldo, desde que tenha assistência, é parte legítima 
para propor Ação Popular em face do Presidente da 
República perante o Supremo Tribunal Federal 
b) Naldo, ainda que sem assistência, é parte legítima 
para propor Ação Popular em face do Presidente da 
República perante o juiz natural de primeira instância. 
c) Naldo, ainda que sem assistência, é parte legítima 
para propor Ação Popular em face do Presidente da 
República perante o Supremo Tribunal Federal. 
d) Naldo não é parte legítima para propor Ação Popular 
em face do Presidente da República, porque ainda não 
é considerado cidadão 
 
 
2) Juatama, servidor público municipal, teve 
conhecimento de que a Constituição da República de 
1988 tinha assegurado determinado direito estatutário 
aos servidores, mas condicionava o seu exercício à 
edição de lei que o regulamentasse. Apesar de 
decorridos muitos anos desde a promulgação da 
Constituição, a lei não foi editada, omissão que torna 
inviável o exercício do seu direito. À luz da sistemática 
constitucional e da narrativa acima, o instrumento 
passível de ser utilizado por Juatama para a tutela dos 
seus interesses é: 
 
a) o mandado de segurança 
b) o mandado de injunção 
c) a reclamação constitucional 
d) o habeas data 
 
3) Paketá, após preencher os requisitos exigidos para a 
fruição de determinado direito social perante o Poder 
Público, compareceu à repartição competente e 
formulou o respectivo requerimento. Apesar de ter 
apresentado todos os documentos exigidos, o que foi 
reconhecido pela autoridade competente, o seu pedido 
foi indeferido de maneira arbitrária, sem qualquer 
fundamentação. À luz da sistemática constitucional e da 
desnecessidade de ser produzida qualquer outra prova 
que não a documental, é correto afirmar que o 
instrumento mais adequado à tutela do direito de 
Paketá, perante o Poder Judiciário, é o 
 
a) habeas data. 
b) mandado de injunção. 
c) direito de petição. 
d) mandado de segurança. 
e) mandado de fruição. 
 
4) O titular de direito líquido e certo decorrente de 
direito, em condições idênticas, de terceiro poderá 
impetrar mandado de segurança a favor do direito 
originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de trinta 
dias, quando notificado judicialmente. 
 
5) Não cabe mandado de segurança contra os atos de 
gestão comercial praticados pelos administradores de 
empresas públicas, de sociedade de economia mista e 
de concessionárias de serviço público. 
 
6) Julgue o item subsequente, com relação aos direitos e 
garantias fundamentais, aos remédios constitucionais e à 
aplicabilidade das normas constitucionais. De acordo com 
o STF, o habeas data não pode ser utilizado para garantir o 
conhecimento de informações concernentes a terceiros. 
 
7) Qualquer pessoa é parte legítima para impetrar habeas 
data, em seu favor ou de outrem, visando conhecer ou 
retificar informações constantes de registros ou bancos de 
dados de entidades governamentais ou de caráter público 
 
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8) O habeas corpus constitui a via adequada para o 
devedor de pensão alimentícia pedir o afastamento de sua 
prisão, alegando incapacidade de arcar com o pagamento 
dos valores executados. 
 
9) Leticia, residente na cidade de Quixadá/CE, pretende 
prevenir-se contra ato do Ministro da Justiça que ameaça 
sua liberdade de locomoção. Neste caso, contra o ato do 
Ministro, poderá Letícia impetrar 
 
a) mandado de segurança, de competência originária do 
Superior Tribunal de Justiça. 
b) habeas corpus, de competência originária do Supremo 
Tribunal Federal. 
c) habeas corpus, de competência originária do Tribunal 
Regional Federal da respectiva região. 
d) habeas corpus, de competência originária do Superior 
Tribunal de Justiça. 
e) mandado de segurança, de competência originária do 
Supremo Tribunal Federal. 
 
10) Ralph descobre que seus dados pessoais constantes no 
banco de dados do Ministério do Desenvolvimento Social 
encontram-se incorretos e desatualizados. Para obter a 
retificação dessas informações, é cabível, nos termos da 
Constituição Federal de 1988: 
 
a) mandado de segurança. 
b) ação popular 
c) mandado de injunção. 
d) habeas data. 
e) ação civil pública.

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