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ARTES VISUAIS NA IDADE MÉDIA - LIVRO TEXTO - UNIDADE II

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Unidade II
5 ARTE GERMÂNICA E OS PERÍODOS DAS INVASÕES
Abordamos nesta obra que vários foram os povos que invadiram as fronteiras do Império Romano 
do Ocidente. Mas quem foram esses povos? De onde vieram? Quais as suas principais características?
Durante a existência do Império Romano do Ocidente, em diversos momentos as nações do leste e 
do norte da Europa chegaram em ondas migratórias que se locomoveram do leste para o oeste. A partir 
do século III, porém, algumas dessas comunidades se instalaram nas fronteiras do Império Romano.
Inicialmente, vários foram os que estabeleceram acordos de paz com o Império e então foram 
incorporados ao exército. Entretanto, as constantes migrações do século V marcaram o fim do Império 
Romano e o início da chamada Idade Média. 
Em 410, os visigodos, ao amparo do rei Alarico, saquearam a capital Roma antes de entrar na Gália; 
ao mesmo tempo, outras tribos germânicas, como os francos, os vândalos, os alanos e os burgúndios, 
invadiram as fronteiras estabelecidas pelo Império. Posteriormente, iniciaram-se as migrações dos 
vikings, que, subindo os rios com seus barcos, pilhavam cidades e monastérios.
Figura 59 – Império Bizantino (destaque verde) e os reinos bárbaros (destaque amarelo)
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ARTES VISUAIS NA IDADE MÉDIA
Os estudiosos não chegam a um consenso sobre as origens desses povos. Para um grupo de 
pesquisadores, seriam oriundos de regiões orientais da Rússia. Outras investigações indicam sua gênese 
nas regiões escandinavas e que teriam sofrido influências de outras nações europeias.
O que podemos afirmar é que esses povos eram nômades ou seminômades, sendo o pastoreio e a 
caça a base de seu sustento. Como migravam constantemente, sua agricultura era rudimentar. Além 
disso, eram guerreiros e politeístas, o que religiosamente era o oposto do cristianismo.
Essa população germânica possuía uma organização política que se apoiava na família (patriarcal), 
nas aldeias e nas tribos, que eram comandadas pelos chefes. Cada tribo era independente e possuía seus 
próprios líderes, mas em tempos de guerra todas se reuniam. As relações políticas eram marcadas pela 
reciprocidade e pela temporalidade definidas por obrigações mútuas de serviço e lealdade, também 
chamadas de comitatus. Esses encargos mútuos teriam profunda influência nas relações sociais durante 
o feudalismo, como veremos mais adiante.
Como explicado, esses povos eram politeístas, e o cristianismo seria o grande ponto de integração 
entre eles. Com o tempo, eles fixaram-se nos territórios do antigo Império Romano e formaram diversos 
reinos. Assim, as invasões permitiram a formação das características básicas comuns em toda a Idade 
Média.
Com a ocupação territorial da Europa Ocidental por diversas nações, houve substancial fragmentação 
política. Essa regionalização, marcada pela insegurança criada pela ameaça de constantes invasões, 
propiciou condições para a formação de reinos estruturados, sendo que alguns constituíram verdadeiros 
impérios como o Carolíngio.
Em relação aos aspectos econômicos e sociais, a Europa Ocidental viveu um processo de ruralização. 
Com a migração, a maioria da população do Império migrava para o campo a fim de garantir segurança 
e melhores condições de sobrevivência. Assim, o mundo urbano conhecido e o comércio perdem 
importância nesse período, e as atividades rurais ligadas à subsistência predominam. Além disso, com 
a influência dos vínculos de dependência e obrigações mútuas, a sociedade passa por um processo de 
estratificação social cada vez maior.
Destacando-se a arte, cada uma das regiões europeias dominadas por povos específicos apresenta 
sua produção cultural. A Europa Medieval se caracterizou pela presença de elementos culturais romanos, 
germânicos e cristãos.
Esses povos germânicos “levaram consigo, em forma de bens de nômades, que eram uma tradição 
artística antiga e muito difundida: o chamado animalismo” (JANSON, 1996, p. 103), ou seja, como o 
nome sugere, a principal característica desse estilo é o uso decorativo de motivos animais, porém de 
forma abstrata.
Uma combinação de formas abstratas e orgânicas, disciplina formal e 
liberdade imaginativa, tornou-se um importante elemento da arte celto-
germânica da Idade Trevas [...] Faixas entrelaçadas, como recurso ornamental, 
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tinham existido na arte romana [...], mas sua combinação com o estilo 
animalista [...] parece ter sido uma invenção da Idade das Trevas (JANSON, 
1996, 103).
Figura 60 – Tampo esmaltado e com fecho em ouro de uma bolsa. Barca funerária de Sutton-Hoo (ano 655)
Na figura anterior encontramos o tampo de esmalte de uma bolsa encontrada na sepultura de um 
rei em East Anglia, que apresenta a existência de trocas entre saxões e vikings e a combinação das faixas 
entrelaçadas com os motivos animalistas.
Os materiais mais comuns utilizados por esses povos eram a madeira e o metal, mas podemos 
encontrar a influência desse estilo até mesmo em iluminuras. Obviamente, a maior parte da produção 
em madeira não sobreviveu, porém há vários exemplos na produção escandinava.
Figura 61 – Cabeça de animal do século IX. Museu de Antiguidades da Universidade de Oslo
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ARTES VISUAIS NA IDADE MÉDIA
Dessa forma, a arte se desenvolve de uma maneira única, em que se fundem elementos clássicos e 
germânicos, além da presença bizantina e islâmica, mas com pouca influência do cristianismo.
Inicialmente, a arte apresenta formas particulares em cada região da Europa Ocidental. Isso ocorreu, 
principalmente, graças à formação de diversos reinos “bárbaros” e de acordo com o grau de romanização 
dessas nações.
Assim, encontramos estilos bem diferentes, como o visigodo, o merovíngio, o ostrogodo e o hibérnico-
saxão. Apesar das diferenças, o sentido unificador dessa arte era dado pelo cristianismo.
A Igreja impôs uma política cultural e artística, assumindo um papel de formação religiosa e social 
e apresentando, portanto, a liderança no incentivo à produção artística, uma vez que se tornou o 
verdadeiro poder político e econômico desse mundo medieval. Isso ocorreu com a apropriação da arte 
como forma de evangelização.
5.1 A arte dos visigóticos
Os visigóticos, pressionados pelos hunos, cruzaram o Danúbio e invadiram o território do Império 
Romano no fim do século IV, estabelecendo-se definitivamente na região da atual Espanha nos 
primórdios do século V. 
Na primeira etapa da invasão visigótica, estes se instalaram na Gália e fundaram o Reino Visigótico 
de Toulouse. Porém, quando os francos invadem essa região, vencem os visigodos e estes migram para a 
Espanha, onde se iniciou o segundo reino, em Toledo. No governo de Recaredo I, houve o fortalecimento 
da unificação territorial e religiosa, com a sacralização do poder ligado ao cristianismo. A Igreja Católica 
é declarada oficial e a arte mescla elementos da arte romana com influências germânicas. Esse reino 
unificado duraria até o século 711, período da invasão muçulmana. 
A arquitetura visigótica é sóbria e caracterizada pelo uso de uma planta basílica, ou seja, com uma 
nave central maior do que as laterais, comum nas construções paleocristãs. A cruz latina e a de cruz 
grega também eram empregadas.
Nas construções visigóticas, também são encontradas a abóbada de berço, que constitui em 
um semicírculo simples, conhecido como arco pleno, apoiado em dois pilares de pedra. A principal 
desvantagem dessa arquitetura era a pouca luminosidade, haja vista possuir pequenas janelas. Além 
disso, o seu peso muitas vezes provocava desmoronamentos. Outra marca desse projeto era o arco em 
ferradura. 
O edifício por excelênciadesse período é a igreja, cuja decoração interior não é muito rica. Destaque 
para as igrejas de São João Batista (Baños de Cerrato), Santa Comba de Bande e São Pedro de la Nave.
A imagem a seguir mostra a fachada da Igreja de São João Batista de Baños. Nela, podemos observar 
a presença das pedras como o principal material utilizado na construção. Além disso, o arco em forma 
de ferradura acima da porta de entrada também tem destaque.
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Figura 62 – Fachada da Igreja de São João Batista de Baños
Essa Igreja de São João Batista de Baños, localizada em Palência, foi construída em 661 e contém 
três naves, sendo a central a mais larga e alta.
Figura 63 – Igreja de São João Batista de Baños, século VII
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As naves laterais são separadas por arcos apoiados em colunas com capitéis coríntios como pode 
ser observado na imagem anterior. É importante ressaltar que essas colunas possuem uma função 
construtiva, e não decorativa, uma vez que os arcos apoiam-se nelas.
Figura 64 – Interior da Igreja de São João de Baños
A Igreja de Santa Comba de Bande, em Orense, foi construída no fim do século VI. Sua estrutura é em 
forma de cruz grega, ou seja, os quatro braços possuem o mesmo tamanho e acaba em uma cabeceira 
de formato retangular. 
 Lembrete
Relacionado à arquitetura, o termo cabeceira designa o lado oposto 
da fachada principal. Ela pode apresentar diversos formatos, por exemplo, 
semicircular ou retangular.
Nos ângulos formados pela cruz, existem pequenas habitações que se comunicam com os braços da 
igreja. Construída em pedra, seus pilares sustentam abóbodas de berço ou de arestas (quando abóbadas 
de berço se cruzam formando dois ângulos retos e um vão quadrado de quatro arcos: dois semicirculares e 
dois elípticos). As diferentes alturas da nave e a abertura de pequenas janelas possibilitam a luminosidade.
Santa Comba de Bande era uma igreja do tipo monacal. Situada próximo a estradas, era habitada por 
uma una pequena comunidade de monges, que proporcionavam ajuda para os peregrinos e viajantes. 
Tudo parece indicar que as estâncias junto à varanda, semelhantes a um claustro, eram reservados para 
os peregrinos.
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Figura 65 – Igreja de Santa Comba de Bande, século VII
Figura 66 – Igreja de Santa Comba de Bande
Acredita-se que a construção atual passou por interferências ao longo dos séculos, e que é provável 
que a abóboda de aresta existente tenha sido acrescentada depois de erigida.
A decoração interna é sóbria, e a decoração concentra-se no arco em forma de ferradura, que separa 
a capela principal do cruzeiro. 
Os elementos decorativos teriam grande influência romana: com uvas, flores e outros elementos 
vegetais.
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Figura 67 – Interior da Igreja de Santa Comba de Bande
 Saiba mais
Para saber um pouco mais sobre a Igreja de Santa Comba de Bande e 
ainda visualizar imagens de sua abóbada de aresta, acesse: <http://www.
artehistoria.com/v2/monumentos/234.htm>. Acesso em: 24 jan. 2015.
A Igreja de São Pedro de Nave foi construída no século VII, e sua planta tem formato de cruz latina 
com outra em forma de cruz grega. As diferentes partes da igreja se separam, mas sem existir um 
sentido espacial. O destaque vai para a escultura. 
A escultura visigótica foi singular entre todos os povos germânicos, com exceção dos francos. É um 
trabalho em relevo que decora as construções, principalmente nas igrejas. A ornamentação é abstrata 
e geométrica. São significativos os capitéis, as colunas e frisos, assinalando a separação entre a parte 
inferior e superior. 
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Figura 68 – Interior da Igreja de São Pedro de la Nave. Destaque para o friso e o capitel
Os capitéis de São Pedro de Nave estão cheios de cenas retiradas da Bíblia, com Daniel na cova dos 
leões e o sacrifício de Isaac. 
Figura 69 – Capitel da Igreja de São Pedro de Nave
Na cena do sacrifício de Isaac, aparecem os elementos fundamentais dessa história: a mão de Deus 
sobre a figura de Isaac, seu pai armado para o sacrifício e o Cordeiro. Nessa representação, como em 
outras, nota-se que não há a preocupação com a proporção e o estilo e, apesar de sua simplicidade, é 
muito expressiva. 
Além da arquitetura e escultura, a arte visigótica, seguindo a tradição nômade, destaca-se 
na ourivesaria. Encontramos fíbulas, coroas, cinturões e objetos litúrgicos, como vasos e cruzes, de 
inspiração bizantina, que simbolizam o poder e o prestígio. As cruzes votivas do chamado tesouro de 
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Guarrazar são ótimos exemplos dessa arte. Esse tesouro, composto por um conjunto de cruzes votivas 
e coroas, elaboradas basicamente em ouro e com incrustações de pedras preciosas, foi encontrado no 
fim do século XIX, em Guarrazar, na região de Toledo. Acredita-se que as peças foram doadas pelo Rei e 
pessoas da elite visigótica à Igreja Católica como uma demonstração de fé e respeito.
Figura 70 – Cruz votiva do tesouro de Guarrazar
Uma das peças mais representativas desse tesouro é a coroa do rei Recesvinto. Ela é composta 
por quatro correntes de ouro, trabalhadas com motivos naturais e circulares de origem clássica. O aro 
central é decorado com pedras preciosas (safiras e pérolas), separadas entre si por desenhos de palmas. 
Na parte inferior existem correntes penduradas com as letras do nome do rei Recesvinto.
Figura 71 – Coroa de Recesvinto, século VII
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É importante ressaltar que essas coroas não foram criadas para serem utilizadas por uma pessoa, 
mas sim como oferendas para o altar das igrejas.
Além das cruzes e coroas, as fíbulas eram muito comuns na ourivesaria visigótica. Usadas como 
broches, eram normalmente trabalhadas em ouro e bronze, com incrustações de vidro colorido. Na 
figura a seguir temos a fíbula de Alovera, aproximadamente do século VII, que apresenta formato de 
águia. É feita de ouro, bronze e vidros coloridos. Encontrada em uma escavação arqueológica próxima 
de Alovera, situa-se atualmente no acervo do Museu Arqueológico Nacional de Espanha.
5.2 A arte dos ostrogodos e lombardos
Os ostrogodos se fixaram em Ravena após o período das grandes invasões ocorridas no século V. 
Teodorico, líder desses povos, fixa-se nessa região com a aceitação do Papa e do Império Bizantino, que 
demonstrava interesse em reconstruir territorialmente o Império Romano. A conquista dessa cidade 
evidenciava os desejos de Teodorico em estabelecer um reino com influências romanas.
Este governante viveu durante dez anos em Constantinopla, e possuía grande respeito pela cultura 
romana. Dessa forma, restaurou um grande número de obras romanas, como aquedutos, estradas e 
anfiteatros. De fato, graças a tais arranjos, muitas obras ainda se encontram em bom estado.
 Lembrete
Em Ravena, durante o Império Romano do Ocidente, o Império Bizantino 
manteve a prática comum de forjar alianças políticas e militares com os 
chefes germânicos. Assim, os ostrogodos governaram essa região com a 
aprovação do Imperador de Bizâncio.
Apesar da cristianização dos germânicos, muitas foram as nações que seguiam a doutrina chamada 
arianismo. Proposta por Ário, suas principais ideias podem ser resumidas da seguinte forma: 
Deus eterno identificado com o Pai e sendo a Palavra nada mais que um 
poder ou qualidade do Pai, e dito que o Pai criou-seantes mesmo do 
tempo, e o Filho foi criado por Sua Palavra para ser Seu agente na Criação. 
Isto posto, o Filho não era mais identificado com o Deus, o era apenas em 
sentido derivativo, já que houve um tempo em que não existira, portanto, 
não poderia ser eterno como o Pai. Aí estaria a capacidade do Filho em sofrer 
e ter uma vida humana já que era proveniente da Deidade, mas não era ela 
(SOARES, 2006, p. 11).
De forma simplificada, o arianismo questionava a Santíssima Trindade. Essa doutrina será seguida 
pelos visigóticos e ostrogodos e, segundo Perry Anderson (1998, p. 114), “o arianismo germânico não era 
fortuito nem agressivo: era uma insígnia de separação dentro de uma certa unidade aceita”.
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Seguidor do arianismo, Teodorico constrói uma igreja dedicada a São Apolinário. 
Do ponto de vista religioso, a Igreja de São Apolinário Nova, de culto ariano, corresponde à tradição 
basílica, pois apresenta três naves separadas por dois intercolúnios, ou seja, por espaços entre as colunas.
Uma das grandes obras ostrogodas propriamente dita foi o palácio de Teodorico em Ravena, que, 
apesar de passar depois por diversas reformas, conserva a sua estrutura original.
Inspirado nos palácios romanos, essa construção apresenta dois andares: o inferior, que é consagrado 
à parte administrativa; e o superior, com janelas que se ligam com grandes salões, dedicados a festas e 
às aparições do soberano.
Figura 72 – Palácio de Teodorico
O mausoléu de Teodorico possui uma planta centralizada com cúpula, influência romana, mas também 
apresenta elementos ostrogodos como as paredes grossas feitas de pedra. Nesse edifício, podemos 
identificar antecedentes da arte românica como a construção maciça, feita para evitar incêndios.
Em 568, os lombardos invadiram a Península Itálica, acabando definitivamente com a Itália 
romana reconstruída por Justiniano. Conservaram-se apenas restos de sua tradição arquitetônica, que 
provavelmente se caracterizou por certo afastamento da influência greco-romana.
A economia da Itália lombarda era basicamente agrícola e de pastoreio. A sociedade era composta 
por um rei cercado de duques para auxiliá-lo no governo.
O fim do Reino dos Lombardos ocorre já no século VIII, com o domínio dos francos, especificamente 
com Carlos Magno, que se proclama “rei dos francos e lombardos”.
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A cultura artística da Península Itálica durante os séculos VII e VIII foi predominantemente decorativa, 
com elementos romanos mesclados com os germânicos e bizantinos.
Elemento típico da arquitetura são as abóbodas construídas por bordas que se sustentam por pilares 
e colunas.
 Saiba mais
Para aprofundar conhecimento sobre a arte lombarda, acesse o site: 
<http://www.tempiettolongobardo.it>.
5.3 A arte hibérnico-saxônica e anglo-saxônica
Apesar de ocupar terras da Grã-Bretanha, o Império Romano nunca se expandiu em direção à 
Escócia e à Irlanda, enfrentado a resistência dos pictos e dos escotos, respectivamente. Quando das 
ondas migratórias germânicas no século V, o exército romano presente na Bretanha retirou-se para o 
continente, deixando espaço para as invasões dos anglos, saxões e jutos. Apesar da resistência enfrentada, 
os conquistadores formaram sete reinos, mas que efetivamente nunca se uniram.
São Patrício e seus discípulos iniciaram o processo de evangelização da Irlanda a partir do ano de 
452 e, segundo Janson (1996, p. 107),
Os irlandeses aceitaram prontamente o cristianismo, que os colocou 
em contato com a civilização do Mediterrâneo, sem que, no entanto, se 
tomassem um povo sob a orientação de Roma. Pelo contrário, adaptaram 
aquilo que receberam, com um espírito vigoroso de independência local. A 
estrutura institucional da Igreja Romana, sendo essencialmente urbana, não 
se adaptava bem ao caráter rural da vida irlandesa. Os cristãos irlandeses 
preferiam seguir o exemplo dos santos dos desertos do norte da África e do 
Oriente Próximo, que haviam abandonado as tentações da cidade em busca 
da perfeição espiritual na solidão das regiões ermas. Grupos desses ermitães, 
com um ideal comum de disciplina ascética, haviam fundado os primeiros 
mosteiros. Por volta do século V, os mosteiros haviam se espalhado até o 
Norte e chegando à Bretanha Ocidental, mas foi somente na Irlanda que o 
monasticismo tomou dos bispos o controle da Igreja.
Santo Agostinho (de Canterbury) foi enviado pelo Papa para a Inglaterra com o objetivo de evangelizar 
os saxões. A região a qual ele se dirigiu (Kent) possuía um rei casado com uma cristã, por isso o monarca 
se converte ao catolicismo e doa terras para os evangelizadores. Então, esses religiosos constroem no 
local o primeiro monastério fora da Península Itálica, impondo-se uma importante cultura material com 
influências romanas. Atualmente, a Igreja de Canterbury é sede da Igreja Anglicana, porém a edificação 
atual não é a mesma do século VI, uma vez que foi reconstruída no século XII.
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Foram erguidas igrejas e campanários em pedra que imitavam as estruturas de madeira como a torre 
saxônica da Igreja de Earls Barton, no condado de Northampton, levantada por volta do ano 1000.
Figura 73 – Torre saxônica da Igreja de Earls Barton, condado de Northampton
Apesar da presença beneditina, os monges irlandeses que evangelizaram a Grã-Bretanha produziam 
em seus mosteiros cópias da Bíblia e dos evangelhos em grande quantidade. Foi aí, em suas oficinas de 
escritas (scriptoria), que realizaram imensas produções artísticas, uma vez que “um manuscrito contendo 
a palavra de deus era visto como um objeto sagrado, cuja beleza visual devia refletir a importância 
de seu conteúdo” (JANSON, 1998, p. 105-106). Provavelmente, esses monges tiveram contato com as 
iluminuras da arte cristã primitiva, mas assim como vimos anteriormente, eles combinaram os modelos 
romanos com elementos decorativos germânicos e celtas como as formas geométricas e o animalismo.
 Observação
A arte dos monges irlandeses também é conhecida como hiberno-saxã 
porque os irlandeses eram chamados de hibernos pelos romanos (a Irlanda 
era denominada Hibérnia).
Nesse período, encontramos alguns trabalhos significativos como os Evangelhos de Durrow, obra 
de 680, na qual se destacam páginas cheias de entrelaçamentos e com elementos de vegetação e 
representações animalistas, que, por sua semelhança, às tapeçarias muitas vezes eram chamadas de 
“página-tapeçaria”.
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Figura 74 – Página do Evangelho de Durrow
Figura 75 – Outra página do Evangelho de Durrow
Outra obra desse período é o Evangelho de Echternach, produzida em 698, e que atualmente está 
na coleção da Biblioteca Nacional de Paris. Uma das páginas do evangelho traz um leão, símbolo de 
São Marcos, rodeado por um labirinto formado por linhas retas. O que chama muito a atenção nesse 
desenho é o contraste entre as linhas estáticas e a impressão de movimento do leão.
O Evangelho de Lindisfarne foi produzido aproximadamente por volta de 700. É uma obra que 
exemplifica magnificamente a arte desse período. Ricamente trabalhado, um dos principais exemplos 
dessa fusão de elementos pode ser vista na página da cruz. 
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Mostra a cruz composta de um rendilhado incrivelmente rico de dragões 
ou serpentes entrelaçados, contra um fundo de um padrão ainda mais 
complexo.
É excitante procurarmos abrir caminho através desse espantoso labirinto de 
formas sinuosas e acompanhar as espirais desses corpos inextricavelmente 
entretecidos.É ainda mais espantoso constatar que o resultado não é 
confusão e que os vários padrões se correspondem rigorosa e mutuamente 
para formar uma complexa harmonia de desenho e cor. É difícil imaginar 
como pôde alguém ter pensado em tal trama e tido a paciência e perseverança 
para levá-la a termo. Prova, se fosse necessária uma prova, que os artistas 
que adotaram essa tradição nativa não careciam por certo de habilidade 
nem de técnica (GOMBRICH, 1998, p. 107).
Figura 76 – Página da cruz do Livro de Lindisfarne
Como podemos observar na imagem, o uso das cores e os motivos entrelaçados criam uma obra de extrema 
delicadesa e rica em detalhes. Ainda no evangelho de Lindisfarne é possível encontrarmos uma representação 
de São Mateus, em que o artista, apesar das restrições técnicas do período, procura trasmitir a ideia de espaço 
e a sensação de profundidade. Isso é possível, vide a figura e a banqueta na diagonal.
Figura 77 – São Mateus no Evangelho de Lindisfarne
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Unidade II
Além da noção de profundidade, existe a presença de mais de uma pessoa na cena, como a figura 
que surge logo atrás da cortina e o anjo no alto. As roupas são marcadas por várias pregas, e percebe-se 
que São Mateus usa mais de uma veste.
O Livro de Kells é mais um exemplo da arte hiberno-saxã. Produzido por volta do ano 800, é ricamente 
ilustrado e demonstra mais uma vez a fusão dos elementos romanos, germânicos e celtas. Escrito em 
latim, esse manuscrito contém os quatro evangelhos do Novo Testamento. Pela abundância de suas 
ilustrações, de iluminuras, e pela excelente técnica do seu acabamento, é considerado uma das obras-
primas da arte religiosa medieval.
As formas geométricas utilizadas no Livro de Kells lembram o trabalho em ourivesaria dos povos 
germânicos, como vimos no tampo esmaltado e com fecho em ouro de uma bolsa encontrada em 
Sutton-Hoo (figura a seguir). Essa característica é perceptível no detalhe das abraçadeiras da barca 
funerária, também encontrada em Sutton Hoo. Nessa obra, visualizamos perfeitamente os motivos 
animalistas e a formas geométricas estilizadas com traços vegetalistas.
Figura 78 – Abraçadeiras da barca funerária de Sutton Hoo
Esses motivos também eram encontrados na escultura saxônica, em que predominava a cruz de 
pedra. Essas cruzes aparecem esculpidas em baixo-relevo, mesclando cenas bíblicas com os motivos 
germânicos e celtas.
6 A ARTE DOS FRANCOS E A ARTE OTONIANA
A alta Idade Média na Europa Ocidental vivenciou a formação de dois grandes impérios: o Império 
Carolíngio e o Sacro-Império Romano-Germânico. Essa organização política influencia a arte dessa 
região. Assim, veremos a arte dos francos (merovíngia e carolíngia) e a arte otoniana proclamada como 
herdeira cultural dos carolíngios.
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6.1 A arte dos francos
Os francos eram povos germânicos originários da região da Panômia, no leste europeu. 
Inicialmente, estabeleceram-se nas margens do Reno; contudo, logo cruzaram essas fronteiras 
em direção ao Império Romano. Esse povo geralmente é descrito como sendo alto, com cabelo 
loiro ou ruivo e com bigodes. 
A expansão dos francos teve início com o movimento migratório dos demais povos germânicos 
durante o século V. Sob o comando de Meroveu, tomaram a atual Bélgica e parte da França. Aliados 
dos romanos, eles ajudaram o Império no combate aos hunos e, após a queda de Roma, iniciaram o seu 
expansionismo territorial.
6.1.1 A arte merovíngia
Clóvis I, o Meroveu (466-511), derrotou seus principais inimigos e anexou grande parte da Gália, 
ultrapassando, assim, os antigos limites do Reino. Em 493, desposou a católica Clotilde, parente do rei 
da Burgúndia. Com essa união, conseguiu o apoio dos bispos católicos para a sua política expansionista, 
uma vez que estes encaravam essa empreitada como sinônimo da fé cristã. 
Em 496, os francos finalmente derrotaram os alamanos em Tolbiac (oeste da atual Alemanha). Depois 
de sua vitória, o rei foi batizado em Reims, com aproximadamente três mil guerreiros no natal desse 
mesmo ano, tornando-se o “legítimo rei dos bárbaros” aos olhos dos católicos.
Esse fato mostrou a aliança entre o Estado e a Igreja e o fortalecimento do poder real. Assim, 
Clóvis e seus descendentes passaram a atuar em nome do cristianismo, servindo como braço 
armado da Igreja.
Em nome da Igreja, o líder atacou os visigodos, impelindo-os para a Espanha e conquistando toda 
a Aquitânia. Com isso, o Reino Franco estendeu-se do Reno até o norte dos Pirineus. Contudo, com a 
sua morte em 511, o Reino foi dividido entre seus quatro filhos: Tierry (Teodorico) ficou com Reims; 
Clodomiro, com Orleans; Childeberto, com Paris; e Clotário, com Soissons.
Os herdeiros de Clóvis deram continuidade à expansão territorial, submetendo a Borgonha e 
assumindo o território da atual França e parte da Alemanha. Porém, diante de diversas disputas, o Reino 
foi enfraquecendo e os príncipes herdeiros tornaram-se fracos, praticamente sem autoridade. Ficaram 
conhecidos como “reis indolentes”.
Nesse momento, o Reino Franco passa a ser administrado pelo major domus, também conhecido 
como mordomos ou prefeitos do palácio, responsáveis pela administração dos territórios do Reino. Com 
o passar dos anos, essa personagem foi adquirindo cada vez mais poder.
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Figura 79 – Divisão do Reino Franco
O major domus Pepino de Herstal, duque da Austrásia, soube se aproveitar da decadência dos 
merovíngios e, aliando-se à Igreja, submeteu os demais prefeitos de palácio e continuou lutando contra 
outros povos germânicos. 
Carlos Martel, filho de Herstal, demonstrando inteligência política e administrativa, consolida a 
subordinação dos francos e faz-se reconhecer como prefeito do palácio da Nêustria e da Austrásia. Após 
vencer o avanço muçulmano na Batalha de Poitiers (732), iniciou a centralização política. Recebendo o 
título de “defensor da cristandade contra os infiéis”, estabeleceu relações cordiais com a Igreja e cedeu 
terras para o uso de outros chefes francos, com o fim de garantir sua fidelidade. 
 Observação
Carlos Martel distribui aos chefes francos benefícios em formas de 
terras que podiam ser utilizadas sem que eles se tornassem proprietários. 
Dessa forma, garantia sua fidelidade, porém não diminuía seu patrimônio, 
uma vez que o benefício poderia ser retirado se considerasse necessário. 
Com a sua morte, em 740, o seu filho Pepino, o Breve, foi coroado rei dos francos com o apoio do 
Papa, encerrando, assim, a dinastia merovíngia.
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Diante desse quadro político e social, como ficou a arte desse povo? Em que se destacaram?
Numa sociedade organizada da forma basicamente tribal como a dos francos, a arquitetura civil 
praticamente se limitou às construções mais rurais, com muros extensos e pátios amplos, e eram feitas 
com vigas de madeiras. Como é de se esperar, devido ao material utilizado, tais edificações estão prestes 
e desaparecer.
Em relação às construções religiosas, porém, alguns edifícios foram conservados. Com o passar do 
tempo e o fortalecimento do Reino dos Francos, os bispos tornam-se promotores de grandes conjuntos 
arquitetônicos, em que, além das igrejas, os monastérios e batistérios adquirem relevância. 
Uma das obras arquitetônicas mais importantes desse período foi São João de Poitiers. Sua planta é 
simples, formando um retângulo com um abside central ressaltado em seu exterior e que abriga a pia 
batismal em forma octogonal. 
Os batistérios parecem ser presença comum na construção merovíngia, pois, além de São João de 
Poitiers, os batistérios de Riez e de Fréjus estão relativamenteconservados.
O batistério de Riez possui uma planta quadrada com oito colunas, com capitéis que sustentam 
arcos e uma cúpula de arcos cruzados no centro. Possivelmente, essa abóbada de aresta tenha sido 
acrescentada depois, mas mesmo assim é um significativo representante da arquitetura merovíngia.
Plazaola (2001, p. 39) afirma que o batistério de Fréjus, ao lado do de São João de Poitiers, é uma das 
construções mais representativas do período merovíngio.
É um edifício de construção octogonal erguido no lado direito do pórtico da Catedral de Santo 
Ettiénne, com a qual se comunica por meio de uma galeria. Sua abóbada e seu tambor (arco circular no 
qual se sustenta a abóbada) se sustentam sobre um conjunto de arcos e oito colunas de granitos com 
capitéis em mármore. Os vãos entre as colunas formam oito capelas ou altares menores.
Na figura a seguir conseguimos visualizar a cúpula e o tambor sobre os arcos e as colunas.
Figura 80 – Batistério de Fréjus
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Também era comum nesses batistérios a presença da piscina batismal, onde entrava a pessoa a ser 
batizada.
Figura 81 – Interior do batistério de Fréjus
Outro destaque da arte merovíngia foram os monumentos funerários. Na abadia de Jouarre, fundada 
por volta do século VII, são encontrados na cripta o sarcófago da abadessa Teodelquita, seu irmão 
Agilberto e vários parentes que não pertencem à Igreja, mas que também são aí enterrados. 
Figura 82 – Cripta de Jouarre
Figura 83 – Detalhe de sarcófago na cripta de Jouarre
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A escultura merovíngia mais significativa se relacionava com a decoração das igrejas e dos sarcófagos.
Figura 84 – Escultura merovíngia
Os entalhes não eram muito elaborados e transmitiam mensagens religiosas. Na ourivesaria, a 
influência germânica é clara, destacando-se as fíbulas desenvolvidas com motivos abstratos.
Figura 85 – Fíbula merovíngia
6.1.2 O Império Carolíngio
A dinastia carolíngia iniciada por Pepino, o Breve, contou com o forte apoio da Igreja, que concedeu 
a Carlomano e a Carlos, filhos do novo rei, o título de patrícios dos romanos, transformando-os em 
defensores da cidade de Roma.
A relação entre Pepino e a Igreja tornou-se mais estreita após a derrota dos lombardos pelos francos 
e a conquista dos territórios no centro da Itália. Esses torrões são doados à Igreja e foram chamados de 
patrimônio de São Pedro. Com essa gleba, o poder do Papa aumentou e se fortaleceu ainda mais.
Com a morte de Pepino, o Reino foi dividido entre seus dois filhos, Carlos e Carlomano. Porém, em 
771, após a morte de seu do irmão, Carlos assumiria definitivamente o controle do Império. 
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Durante seu governo, lutou novamente com os lombardos, que ameaçavam conquistar os territórios 
da Igreja. Anexou a seguir a Saxônia (parte da Alemanha) e a Baviera. Durante a tentativa de invadir a 
Península Ibérica, seu sobrinho Rolando morreu e as tropas francas recuaram.
 Saiba mais
A história de Rolando e o episódio de sua morte são representados pela 
Canção de Rolando e tornou-se parte da tradição da cavalaria medieval. 
Para saber um pouco mais sobre essa história e a mentalidade da época, 
leia: FAUSTINO, E. A mentalidade medieval: interpretando a “Canção de 
Rolando”. São Paulo: Moderna, 2001.
No contexto da conversão pela espada e na luta contra os muçulmanos, Carlos Magno retomou a 
conquista da Península Ibérica ocupando Barcelona, Pamplona e Navarra, criando as marcas da Espanha.
Para melhorar o controle administrativo e a disciplina, o soberano dividiu o território em condados 
ou circunscrições territoriais. A autoridade nessas regiões era exercida por um bispo e um conde ao 
mesmo tempo, sendo que ao religioso cabiam os assuntos pertinentes aos costumes e à religião e, ao 
nobre, os conteúdos militares e financeiros.
Como as disputas entre o poder espiritual e o temporal eram constantes, Magno criou o cargo de 
missi dominici, ou seja, os emissários do senhor, que anualmente visitavam as unidades administrativas 
do Império para a consolidação da justiça real.
Existiam ordens obrigatórias para todo o território imperial, também chamadas de leis capitulares. 
Estas abrangiam assuntos diversos, como instruções aos funcionários reais, a regulamentação da 
economia doméstica e as diretrizes para a exploração do domínio real concedido aos nobres.
No Natal do ano 800, Carlos Magno foi coroado imperador romano do Ocidente pelo papa Leão 
III. Para Le Goff (1995), o Papa, com boa parte do clero romano, buscava em Carlos Magno a liderança 
necessária para fortalecer o poder temporal da Igreja.
A capital do Império foi estabelecida em Aachen, atual Alemanha, e Magno fez que as populações 
das terras conquistadas fossem catequisadas, mesmo que à força. 
Durante o seu reinado, houve a revalorização das artes e das letras clássicas, que ficou conhecida 
como Renascimento Carolíngio.
Com a morte de Carlos Magno, em 814, o trono franco foi assumido pelo seu filho Luís, o Piedoso. 
Durante o seu governo permitiu a interferência da Igreja nos assuntos administrativos. Não conseguindo 
equilibrar as forças com a Igreja, resolveu dividir o Reino entre seus filhos: Carlos, o Calvo; Luís, o 
Germânico; e Lotário.
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Após um longo tempo de disputas entre os seus herdeiros, ficou decidido pelo tratado de Verdun, 
em 843, que Lotário ficaria com a Itália e uma parte da antiga Austrásia, que, devido a isso, passou a 
chamar-se Lotaríngia; Luís herdou a França Oriental (Alemanha); e Carlos recebeu a França Ocidental. 
Essa divisão enfraqueceu o Império e foi fundamental para a estruturação do feudalismo, uma vez que 
permitiu a descentralização do poder real e favoreceu a autoridade dos nobres dirigentes das províncias.
Figura 86 – Tratado de Verdun
O Império se dividiu e enfraqueceu cada vez mais e, em 987, Hugo Capeto, conde de Paris, pôs fim à 
dinastia Carolíngia e iniciou a dos Capetíngios.
6.1.3 O Renascimento Carolíngio
Durante o seu governo, Carlos Magno questionou a decadência cultural e literária de seus 
antecessores. Defendia a ideia de que o clero deveria ser culto e capaz de explicar a Bíblia para os seus 
fiéis, e que os funcionários do Império deveriam ser bem instruídos. Esse pensamento levou o Império 
Carolíngio a um renascer das letras e das artes. 
Para atingir o seu objetivo, o Imperador criou uma escola em seu palácio e trouxe para a Aachen 
monges conhecidos por sua erudição, criando a Escola Palatina. Entre os mestres trazidos para a corte 
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carolíngia, citam-se: Paulo, o Diácono, historiador; Pedro de Pisa, gramático; Eginardo, biógrafo do 
Imperador, além de Alcuíno de York, que organizou a criação de escolas e bibliotecas, incentivando a 
produção de textos clássicos e sagrados nos monastérios. O próprio Imperador incentivou a construção 
de novas igrejas.
Carlos Magno, então, procurou latinizar não apenas a sua corte, mas todos os povos germânicos 
conquistados, trazendo-os para a fé cristã. 
As belas-artes representaram, desde o início, um importante papel no 
programa cultural de Carlos Magno. Em suas visitas à Itália, ele familiarizara-
se com os monumentos arquitetônicos da era constantiniana em Roma e 
com aqueles do reinado de Justiniano em Ravena; ele sentia que sua própria 
capital, em Aachen, deveria expressar a majestade do império através de 
edificações igualmente impressionantes. Sua famosa Capela do Palácio é, 
de fato, diretamente inspirada na Igreja de San Vitale, em Ravena. Erigir 
semelhante estruturano solo do Norte era um empreendimento difícil: as 
colunas e as grades de bronze tinham que ser importadas da Itália, e deve 
ter sido difícil encontrar pedreiros especializados. O projeto de Odo de Metz 
(provavelmente o primeiro arquiteto ao norte dos Alpes de cujo nome temos 
conhecimento), não é, de modo algum, uma mera cópia de seu modelo, mas 
sim uma vigorosa reinterpretação, com elementos estruturais ousados que 
delineiam e equilibram as divisões claras e objetivas de seu espaço interno 
(JANSON, 1996, p. 107).
Figura 87 – Planta da Capela Palatina e Complexo Palaciano de Aachen
Segundo Fazio, (2011), essa construção tinha uma planta centralizada com 16 lados e uma cúpula 
octogonal com arcos perfeitos e arestas. Possuía uma fachada oeste com vestíbulo de entrada, chamada 
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cabeceira ocidental, na entrada principal, e cômodos em um ou mais níveis acima, além de uma ou 
mais torres. O acréscimo da cabeceira ocidental às igrejas seria uma das contribuições carolíngias à 
arquitetura ocidental.
O segundo nível da capela seria ocupada por Carlos Magno e seu séquito durante as celebrações. 
Figura 88 – Vista interna da Capela Palatina de Aachen
O interior da capela é decorado com elementos religiosos. As paredes são recobertas principalmente 
por mosaicos.
O oratório de Germigny-des-Prés é outro exemplo da arquitetura carolíngia. Construído entre os 
anos de 806 e 810 a pedido do Bispo de Orleans, possui uma planta em forma de cruz grega, uma torre 
central quadrada e arcos em forma de ferradura. No interior existem mosaicos com uma clara influência 
bizantina.
Figura 89 – Mosaico de Germigny-des-Prés
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Figura 90 – Exterior de Germigny-des-Prés
O Imperador também incentivou a edificação de mosteiros. A planta de um mosteiro que se encontra 
conservado na Biblioteca Capitular de Sant Gall, na Suíça, demonstra as características pensadas para 
esse tipo de projeto. Carlos Magno determinou que o modelo monástico a ser seguido seria o beneditino, 
baseado na pobreza, na castidade e na obediência. A planta determina que o mosteiro deve ser um 
complexo autossuficiente, em que a igreja é a maior construção. Ao sul desse edifício ficava o claustro, 
um pátio central com planta quadrada de 30 metros de lado fechado por 
uma passarela coberta e com uma arcada que conectava os principais 
prédios de cada lado: a casa do Capítulo, a sala de trabalho e a sala para os 
monges se aquecerem, sob o dormitório, a leste; o refeitório, a sul; e a adega 
ou despensa a oeste. Uma escada conectava o dormitório ao transepto sul, 
pois os monges se levantavam às duas horas (FAZIO, 2011, p. 204).
Figura 91 – Planta de mosteiro, Saint Gall
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A arquitetura carolíngia mesclou elementos da arte germânica, bizantina e romana, e contribuiu 
para a romanização das construções medievais.
As fontes escritas desse período fazem referências à presença dos mosaicos, murais e esculturas em 
relevo nas igrejas carolíngias, porém existem poucos exemplos preservados.
A escultura em bronze mais representativa dessa época é uma figura de um corcel sustentando um 
cavaleiro que muitos identificam como Carlos Magno.
Foram encontradas algumas moedas com a efígie de Magno, o que comprova a unidade do Império 
e certo dinamismo econômico. A influência romana é clara na representação do Imperador.
Figura 92 – Moeda do Império Carolíngio
Com a valorização das letras, os manuscritos produzidos durante o período carolíngio foram 
significativos. As pinturas não foram realizadas pensando na beleza, mas sim na capacidade de transmitir 
a mensagem bíblica para os fiéis. 
Figura 93 – Miniatura carolíngia representando São Mateus
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Confeccionados nas oficinas dos palácios ou nos monastérios, as iluminuras presentes nos 
manuscritos eram destaques. Os trabalhos mais representativos foram os evangelhos, que pertenciam a 
figuras importantes como Carlos Magno e seus descendentes.
Figura 94 – Evangelhos de Carlos, o Calvo Figura 95 – Evangelhos de Lotário I
A ourivesaria era uma arte com influência germânica e que se manteve de forma significativa 
durante o período carolíngio. 
Figura 96 – Urna com restos mortais de Carlos Magno
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As capas dos livros também poderiam ser uma verdadeira obra de arte como observado nos 
Evangelhos de Lindau. Essa obra de ourivesaria com influências celto-germânica é toda trabalhada 
com ouro e pedras preciosas. As pedras não foram colocadas diretamente no ouro, mas sobre pequenos 
apoios de metal. No centro do trabalho está a representação da imagem de Cristo crucificado sem 
expressão de sofrimento.
Figura 97 – Capa dos Evangelhos de Lindau
6.2 A arte otoniana
Depois do fim do Império Carolíngio, os descendentes de Luís, o Piedoso, governaram a França 
Oriental. Apesar disso, o Império era fraco e sofria constantes invasões de povos como os sarracenos, 
os magiares e os normandos (vikings). Essas investidas eram basicamente incursões de pilhagem, que 
tinham como objetivo principal os mosteiros. 
 Observação
Sarracenos atacavam principalmente as regiões mediterrâneas. 
Essa era a designação que os cristãos da Idade Média davam aos 
muçulmanos. Já os magiares ocupavam a atual Hungria e invadiam 
as fronteiras ao leste. Os normandos, que eram ancestrais dos 
dinamarqueses e noruegueses, investiam contra a Irlanda e a Bretanha, 
apoderando-se do noroeste da França, que, desde então, passou a ser 
conhecido como Normandia.
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Após a morte do último monarca carolíngio, em 911, os duques germânicos da Francônia, da Saxônia, 
da Suábia e da Baviera fundaram o Reino Germânico. Nessa monarquia, o rei seria um dos duques eleito 
pelos outros três. Assim, em 936, assume o reinado Oto I (da Saxônia), que conquistou grande prestígio 
ao vencer os húngaros; pouco depois seria sagrado Imperador pelo papa João XII. Nascia, então, o Sacro 
Império Romano Germânico, que duraria até o século XIX.
Durante o reinado de Oto I e seus sucessores (séculos X-XI), a Alemanha era o centro do Império. A 
produção artística do período otoniano é influenciada pelas obras carolíngias, porém logo desenvolve 
características próprias. 
Na escultura, a inspiração bizantina se faz presente com o Cristo, que é representado de forma 
dramática e expressando sofrimentos.
Figura 98 – Cristo de Gereão em madeira, século X
Na arquitetura houve uma continuidade da arte carolíngia, porém com novos elementos. Um dos 
exemplos dessa produção é a igreja otoniana de São Miguel Hildersheim. Essa basílica possui duas 
absides: uma a leste, contendo o altar, outra a oeste, com uma plataforma elevada para o imperador e 
seu séquito.
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Figura 99 – Nave central da Igreja de São Miguel Hildesheim
A luminosidade era garantida pela presença de pequenas aberturas na parede da nave central, e a 
presença de arcos coloridos e capitéis trabalhados eram comuns. A cada duas colunas existe um pilar 
quadrado.
Figura 100 – Planta reconstruída da Igreja de São Miguel, Hildesheim
Na planta da igreja, é possível observar a existência das duas absides e de dois transeptos. As estradas 
são laterais, e não frontais. O coro da face oeste foi projetado para ficar acima do nível do restante da 
igreja para poder abrigar, provavelmente,uma cripta especial para São Miguel. A entrada dessa cripta 
poderia ser feita tanto pelo transepto como pela face oeste.
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Unidade II
O bispo Bernward, responsável pela construção da igreja, encomendou um par de portas de bronze 
esculpida em alto-relevo para a cripta. Estas são divididas em painéis horizontais com cenas bíblicas, 
como a expulsão de Adão e Eva do Paraíso.
Figura 101 – Detalhe da porta encomendada para a Igreja de São Miguel, Hildesheim
A pintura dos manuscritos otonianos, assim como a carolíngia, é expressiva com os Evangelhos, 
sendo o de Oto III o mais conhecido desse período.
Figura 102 – Evangeliário de Oto III
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ARTES VISUAIS NA IDADE MÉDIA
A pintura otoniana mesclou elementos romanos clássicos e bizantinos com um estilo próprio, como 
visto na cena de Cristo lavando os pés de seus discípulos.
A ourivesaria também esteve presente na arte otoniana. A coroa em ouro, com incrustações de 
pedras preciosas, é uma das obras mais conhecidas.
Figura 103 – Coroa do século X
Exemplo de aplicação
Compare a imagem da cruz dos Evangelhos de Lindisfarne com a capa dos Evangelhos de Lindau. 
Procure identificar as semelhanças e as diferenças entre ambos.
 Resumo
Com a ocupação territorial da Europa Ocidental por diversos povos, 
iniciou-se uma fragmentação política e a formação de vários reinos. 
Essa regionalização, marcada pela insegurança propiciada pela ameaça 
de constantes invasões, criou condições para a formação de reinos 
estruturados, sendo que alguns constituíram verdadeiros impérios, como 
o Carolíngio.
Em relação à arte, cada território europeu dominado apresenta sua 
produção cultural. A Europa Medieval se caracterizou pela presença de 
elementos culturais romanos, germânicos e cristãos.
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Unidade II
Assim, encontramos estilos bem diferentes, como o visigótico, o 
merovíngio, o ostrogodo, o hibérnico-saxão. Apesar das distinções, o 
sentido unificador dessa arte era dado pelo cristianismo.
Nesta unidade, vimos que a Igreja impôs uma política cultural e artística, 
assumindo um papel de formação religiosa e social e apresentando, 
portanto, a liderança no incentivo à produção artística, uma vez que se 
tornou o verdadeiro poder político e econômico desse mundo medieval. 
Isso ocorreu com a apropriação da arte como forma de evangelização.
O presente livro-texto ressaltou que arquitetura visigótica é sóbria 
e caracterizada pelo uso de uma planta basílica, ou seja, com uma nave 
central maior do que as laterais, comum nas construções paleocristãs. Eram 
utilizadas outras plantas como a de cruz latina e a de cruz grega.
Destacamos, ainda, que a cultura artística da Península Itálica durante 
os séculos VII e VIII foi predominantemente decorativa, com elementos 
romanos mesclados com os germânicos e bizantinos. Elementos típicos da 
arquitetura são as abóbodas, construídas por bordas que se sustentam por 
pilares e colunas.
Nesse período, encontramos alguns trabalhos significativos, como os 
Evangelhos de Durrow, o Evangelho de Echternach, produzido em 698 e que 
atualmente está na coleção da Biblioteca Nacional de Paris, e o Evangelho 
de Lindisfarne, produzido por volta de 700. 
Também estudamos que na escultura saxônica predominava a cruz de 
pedra. Elas são esculpidas em baixo-relevo, mesclando cenas bíblicas com 
os motivos germânicos e celtas.
Na arquitetura merovíngia, as igrejas, os monastérios e os batistérios 
adquirem importância. Uma das obras arquitetônicas mais importantes 
desse período foi São João de Poitiers.
Os batistérios parecem ser presença comum na construção merovíngia, 
pois, além de São João de Poitiers, as obras de Riez e de Fréjus estão 
relativamente conservadas.
Durante o Renascimento Carolíngio, houve uma preocupação com 
a erudição e a construção de igrejas e monastérios. Além do complexo 
palaciano de Aachen, com sua capela, o oratório de Germigny-des-Prés é 
outro exemplo da arquitetura carolíngia. Os mosaicos decorativos foram 
influenciados pela arte bizantina.
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ARTES VISUAIS NA IDADE MÉDIA
A arquitetura carolíngia mesclou elementos da arte germânica, bizantina 
e romana, contribuindo para a romanização das construções medievais.
A escultura em bronze mais representativa desse período é uma figura 
de um cavaleiro sobre um corcel, e muitos identificavam este homem como 
Carlos Magno.
Durante o reinado de Oto I e seus sucessores (séculos X-XI), a Alemanha 
era o centro do Império. A produção artística do período otoniano é 
influenciada pelas obras carolíngias, porém logo desenvolve características 
próprias. 
Na escultura, a influência bizantina se faz presente com o Cristo, 
representado de maneira melancólica. Na arquitetura houve uma 
continuidade da arte carolíngia, porém com novos elementos. Um dos 
exemplos dessa produção é a igreja otoniana de São Miguel Hildersheim.
A pintura dos manuscritos otonianos, assim como a carolíngia, é 
expressiva, destacando-se com os Evangelhos, sendo o de Oto III o mais 
conhecido desse período.
A ourivesaria também esteve presente na arte otoniana, e uma das 
obras mais conhecidas é uma coroa em ouro e que apresenta incrustações 
de pedras preciosas.

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