Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 1 Mod 3 Infecto Diferença de rinite e Gripe A Rinite Alérgica é uma doença inflamatória nasal que tem como sintomas: espirros seguidos, prurido nasal e/ou ocular, coriza e obstrução nasal. Aparecem por dois ou mais dias consecutivos ou até tornar persistente quando os sintomas ultrapassam 4 semanas, podendo comprometer as atividades diárias, influenciando no sono e causando ausência à escola. A rinite alérgica é desencadeada por alérgenos tais como: ácaros da poeira domiciliar, pêlos de animais (cães e gatos), fungos, baratas e pólen de gramíneas na região sul do Brasil. Essa inflamação alérgica pode piorar quando ocorre exposição a agentes irritantes do ambiente como: fumaça de cigarro, uso de produtos com cheiro forte e poluentes, bem como as mudanças bruscas de temperatura. A exposição da criança alérgica a vírus e bactérias (principalmente nas creches e escolas) desencadeia com freqüência as rinossinusites passando a impressão que o paciente está “sempre gripado”. Embora o diagnóstico de rinite alérgica em lactentes e pré-escolares seja difícil de ser estabelecido, a presença de sintomas diários por mais de 2 semanas com história pessoal e familiar de alergia, sugere fortemente o diagnóstico. Por este motivo é importante a consulta ao pediatra alergista para que os alérgenos envolvidos sejam identificados e as medidas de controle ambiental sejam realizadas. Dentre as medidas de controle destacam-se a redução à exposição aos ácaros, à poeira domiciliar com o uso de capas impermeáveis para colchões e travesseiros; lavar a roupa de cama semanalmente; substituir carpetes por pisos de madeira ou cerâmica; utilizar aspirador de pó com filtros de alta eficiência; retirar cortinas, bichos de pelúcia; tornar os ambientes bem ventilados reduzindo a umidade; retirar animais domésticos (gatos e cães) de dentro da residência, reduzir a exposição às baratas e controle dos agentes irritantes do ambiente. A não melhora dos sintomas implica na utilização de medicamentos e caso não se consiga controle ambiental satisfatório, pode ser indicado imunoterapia (tratamento com vacinas) com alérgenos específicos, conforme indicação do especialista. O diagnóstico correto dentre estas diferentes doenças deve ser estabelecido para que o tratamento específico seja iniciado e a criança possa restabelecer sua qualidade de vida. A Gripe é causada pelos vírus Influenza (A, B, C), podendo ocorrer na forma de epidemias anuais, ou ter abrangência mundial como a Gripe A (H1N1) no ano de 2009, com taxa de mortalidade elevada. Na maioria dos países de clima tropical pode incidir em qualquer período do ano, porém, em locais de clima temperado é um agente típico do inverno. Os sintomas da gripe são mais intensos que o de um resfriado comum, iniciando repentinamente com: coriza, espirros, tosse, lacrimejamento, dor de cabeça, dores musculares, perda de apetite, febre alta e dores de garganta. Ocorre comprometimento do estado geral com duração de 7 a 10 dias, podendo evoluir com complicações como: otites e sinusites, causadas por inchaço das estruturas nasais gerando bloqueio na saída das secreções e levando a rinosinusite aguda e menos frequentemente broncopneumonias. Em crianças de baixa idade como o sistema imunológico encontra-se em desenvolvimento, as infecções virais são mais frequentes, associadas à exposição a múltiplos agentes infecciosos nas creches, fazendo com que esse quadro se repita várias vezes por ano. A eficácia da vacina anti influenza (vacina contra gripe) é de 80 a 90%, prevenindo a doença em crianças, adultos saudáveis e reduzindo a mortalidade nos idosos e pacientes de grupos de risco (doenças pulmonares crônicas, cardiopatias, diabéticos e portadores de imunodeficiências). No Brasil, o Ministério da Saúde, através das campanhas de vacinação em idosos, crianças acima de 6 meses até 5 anos e nos grupos de risco, oferece anualmente a vacina nos meses de abril e maio, o que tem reduzido satisfatoriamente a incidência da gripe na população como um todo. Influenza A gripe é uma zoonose de aves, suínos, cavalos e humanos causada por vírus pertencentes à família Orthomyxoviridae, classificados como influenza A, influenza B e influenza C. Influenza A é o principal vírus associado a epidemias e pandemias Influenza B causa quadros clínicos semelhantes aos de A e menos graves. O influenza C não tem sido associado a epidemias, mas pode levar a infecções Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 2 Mod 3 Infecto respiratórias em vias aéreas superiores, especialmente em crianças. São vírus respiratórios compostos por RNA de cadeia simples, recobertos por glicoproteínas denominadas hemaglutininas e neuraminidases. As hemaglutininas (H) são importantes para a adesão ao epitélio respiratório, e as neuraminidases (N) formam grupos de espículas agregadas na superfície das células e participam na liberação do vírus no ápice de células infectadas Entre as principais características da gripe encontra-se algumas que merecem destaque, a saber: 1. A proteção adquirida contra um sorotipo de influenza não garante proteção cruzada contra outros, razão pela qual a gripe não confere imunidade permanente e acomete pessoas de todas as idades a cada surto. 2. Transmite-se por via aérea e tem curto período de incubação, o que permite rápida disseminação. **A grande variabilidade antigênica do vírus influenza é o principal fator que dificulta a manutenção de proteção duradoura contra gripe O período de contagiosidade é de cerca de cinco dias para adultos e começa poucas horas antes do primeiro sintoma Para crianças, pode se iniciar antes da manifestação clínica e permanecer por mais de 10 dias, ao passo que, em pacientes imunossuprimidos, pode se prolongar por semanas a meses. Epidemiologia Tem sido descrito aumento do numero de pessoas com gripe no período de frio, sobretudo no inverno de países temperados A influenza causa quadros mais graves em extremos etários (crianças abaixo de 4 anos, especialmente no primeiro ano, e pessoas acima de 65 anos) As taxas de morte atribuída à gripe variam de 0,4 a 0,6/100.000 entre pessoas de até 49 anos, aumentando para 7,5/100.000 para pessoas entre 50 e 64 anos e 98,3/100.000 para aqueles acima de 65 anos. A gripe acomete pessoas em escolas, creches, hospitais, quartéis, asilos e instituições de longa permanência, em grupos pequenos ou grandes. Fatores de risco Gestantes (segundo e terceiro trimestre) Obesos Imunossuprimidos Quadro Clínico A gripe tem começo abrupto, sendo comum o paciente relatar com precisão o horário de início. Cefaleia Calafrios Dor de garganta Tosse seca Mialgia Prostração Febre (as vezes elevada) Pode causar: Mal estar, anorexia, rouquidão e dolorimento subesternal Crianças: Pode ter diarreia e vômito A febre recorre geralmente nas primeiras 72 a 96 horas e pode estar acompanhada de hiperemia conjuntival e coriza. Alguns sintomas como fraqueza, tosse seca e mal-estar podem persistir por algumas semanas após resolução da gripe Foram descritos quadros neurológicos raros de encefalites durante ou após a gripe. A maioria dos casos de encefalite ocorre 2 a 3 semanas após a gripe e, desde a gripe espanhola, estes são conhecidos como encefalite letárgica. Encefalite letárgica: As encefalites letárgicas cursam com cefaleia, tremores, delírio e até convulsões, além da tríade clássica de febre, letargia e movimentos oculares. Os movimentos oculares acometem quase 75% das pessoas e são as manifestações mais frequentes. Aproximadamente 80% dos que se recuperam das encefalites evoluem com doença de Parkinson. Diagnóstico Exame clínico Ao exame clínico, observa-se abatimento (prostração)na fase aguda, e a ausculta respiratória é frequentemente não significativa (poucos roncos, alguns estertores). Laboratoriais Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 3 Mod 3 Infecto O hemograma apresenta leucopenia moderada e hemossedimentação aumentada. Nos casos graves pode ocorrer hipoxemia e rabdomiólise. Existem técnicas de diagnóstico rápido a partir de material coletado em nariz/garganta por imunofluorescência ou enzimaimunoensaio (ELISA) que detectam a ocorrência de influenza e que são mais úteis nas primeiras 24 a 48 horas, quando há maior quantidade de vírus detectável nas secreções, sobretudo em grupos de pacientes vulneráveis e que possam receber antivirais. O diagnóstico específico é feito por cultura viral coletada por swab de nariz ou garganta, especialmente útil para monitoramento viral em uma população com vistas à escolha da composição de uma vacina, ou por reação em cadeia de polimerase (PCR) Outra possibilidade confirmatória é a sorologia comparativa com duas amostras em intervalos de 15 dias ou apenas sorologia de convalescente. Diagnóstico Diferencial Diagnóstico diferencial é feito com vírus respiratório sincicial (especialmente em crianças), parainfluenza, adenovírus, coronavírus, metapneumovírus, enterovírus e rinovírus, entre outras centenas de vírus. Tratamento Os antivirais são indicados como adjuvantes à vacinação, especialmente naqueles pacientes cujas complicações da gripe precisam ser evitadas Resfriado comum (Rinovírus) Epidemiologia O resfriado comum é uma das doenças virais mais frequentes. Em 1998, mais de 86 milhões de consultas foram realizadas somente nos Estados Unidos e atribuídas ao resfriado Patogenia A partir da ligação pela adesina denominada ICAM- 1,os rinovírus da família Picornavírus aderem às células epiteliais respiratórias e desencadeiam processo inflamatório com liberação de interleucina-6. Muitos autores consideram que, com isso, os rinovírus são importantes desencadeantes de asma brônquica, sinusites, otites e descompensação em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Quadro clínico Rinorreia Congestão nasal Espirros Dor de garganta Tosse seca Cefaleia Mal-estar Mialgia Raramente Febre baixa Diagnóstico Pode ser realizado por meio de culturas virais de material coletado em nariz e garganta, sorologia, PCR em tempo real Diagnóstico diferencial O resfriado deve ser distinguido de outras doenças causadas por adenovírus, enterovirus, coronavirus, metapneumovirus, parainfluenza e influenza Tratamento Não há medicamento antiviral disponível para resfriado Devido ao quadro autolimitado, que dura em geral 4 a 7 dias, o tratamento tem sido realizado com sintomáticos (descongestionantes tópicos, sistêmicos) e com medicamentos para as complicações decorrentes do processo inflamatório. Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 4 Mod 3 Infecto Quando na presença de descarga nasal purulenta, por exemplo, deve-se suspeitar de infecção bacteriana superajuntada, e o uso de antimicrobiano pode ser indicado. Influenza A (H1N1) Identificado em 2009, esse vírus da influenza é a combinação do vírus suíno, aviário e humano Doença de notificação compulsória Epidemiologia 11 de junho de 2009 a OMS declara pandemia No mundo, até 1 de agosto de 2010, foram confirmados laboratorialmente casos de H1N1 em mais de 214 países e territórios, resultando em pelo menos 18.449 obitos No brasil, de 19 de julho de 2009 a 2 de janeiro de 2010 (semanas 29 a 52), 44.544 foram confirmados para influenza A(H1N1) Mais de 60% dos casos relatados ocorreram entre pacientes de 10 a 29 anos Fatores de Risco para gravidade da doença Gestantes em qualquer idade gestacional, puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal); Crianças menores de 2 anos Idosos ≥ 60 anos de idade Indivíduos menores de 19 anos em uso prolongado de AAS (risco de síndrome de Reye) Indivíduos que apresentam: o Penumopatias (incluindo asma) o Cardiovasculopatias (excluindo HAS) o Nefropatias o Hepatopatias o Doenças hematológicas (incluindo anemia falciforme) o Disturbios metabólicos (incuindo DM) o Transtornos neurológicos e do desenvolvimento que podem comprometer a função respiratória e aumentar risco de aspiração Imunossupressão associada a medicamentos, neoplasias, HIV/aids ou outros. Obesidade (IMC ≥ 40 em adultos) População indígena aldeada Transmissão Ocorre de pessoa para pessoa, pela inalação de gotículas eliminadas pela tosse, espirro ou fala das pessoas infectadas ou, ainda, por meio de contato direto com superfícies contaminadas com o vírus da influenza provenientes de secreções respiratórias e fluidos corporais. Periodo de incubação: de 1,4 a 4 dias A excreção viral geralmente se da um dias antes e perdura até o desaparecimento total dos sintomas, o que varia entre 4 e 8 dias. O pico da carga viral ocorre no dia inicial dos sintomas e, posteriormente, tem queda gradativa Existem relatos da detecção do vírus nas fezes e na urina em aproximadamente 44 e 7%, respectivamente. É importante salientar que a excreção em crianças e adultos jovens pode alcançar dez dias ou mais. Os pacientes com condições imunossupressoras graves podem, em teoria, permanecer semanas ou meses eliminando o vírus. Quadro Clínico Em estudo dos Estados Unidos: Febre Tosse Coriza Diarreia Vômito A manifestação clínica da doença causada pelo vírus influenza A (H1N1)pdm09 varia desde casos afebris, formas moderadas do comprometimento do trato respiratório superior até as formas graves e fatais de pneumonia. Dispneia e taquipneia foram observadas nos casos que necessitam de hospitalização e variam de 30 a 60% Sintomas sistêmicos: Cefaleia Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 5 Mod 3 Infecto Mialgia Artralgia Fadiga **Diarreia é a principal manifestação gastrointestinal **A gravidade dos sintomas é observada nos quatro primeiros dias da doença, com pico dos sintomas no segundo dia de evolução. Formas clínicas atípicas Manifestações neurológicas atípicas: convulsões, encefalite, encefalopatia, hemiplegia, quadriparesia, mielopatia aguda e ataxia Outras formas clínicas complicadas incluem miocardite, insuficiência cardíaca, linfo-histiocitose fagocítica, síndrome de Guilllain-Barré, miosite e rabdomiólise Outras formas graves como a miocardite, abdome agudo (apendicite e intuscepção) e cetoacidose diabética Diagnóstico Laboratorial O teste laboratorial recomendado pela OMS para detecção qualitativa do novo vírus influenza A (H1N1)pdm09 é a PCR em tempo real A coleta dos espécimes para a realização da técnica deve ser feita a partir do swab combinado de nasofaringe e orofaringe. Achados inespecíficos: o hemograma pode revelar o número de leucócitos normais ou leucopenia (com linfopenia), as transaminases, a desidrogenase láctica, creatinoquinase e creatinina apresentam padrão elevado. Exames de Imagem Os achados radiográficos variam desde o padrão normal a alterações intersticiais reticulonodulares, incluindo casos com opacificação do espaço aéreo. Tomografia Computadorizada Foram revelados pequenos nódulos centrilobulares, inclusive com halo em “vidro fosco”, e áreas de consolidação do parênquima, com distribuição segmentar ou multifocal, localizadas principalmente nas zonas inferiores dos pulmões Parece ser mais sensível na detecção da pneumonia, sobretudo entre imunodeprimidos com broncogramas, nódulos, espessamento de septos interlobulares e consolidação alveolar. Histologia observou-se dano alveolar difuso exsudativo e, em alguns casos, bronquiolite necrosante caracterizada por extensa necrose da paredebronquiolar e preenchimento do lúmen bronquiolar por exsudato fibrinoso e leucócitos Tratamento Existem duas classes de drogas antivirais para tratamento das infecções causadas pelos vírus influenza: os inibidores da neuraminidase (p. ex.: oseltamivir e o zanamivir) e os inibidores da hemaglutinina (p. ex: amantadina e a rimantadina). **Os vírus influenza são resistentes às adamantinas e outras classes de antivirais. Idealmente o tratamento deve ser iniciado até 48 horas após o início dos sintomas e mantido por cinco dias. Os casos suspeitos de infecção pelo vírus influenza A (H1N1)pdm09 e que cursam com a forma febril não complicada da doença não requerem tratamento, a menos que exista alguma condição que caracterize o Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 6 Mod 3 Infecto paciente em grupo de risco para o desenvolvimento de formas graves. Atenção especial aos paciente com SARS, pacientes com síndrome gripal e que apresentam dispneia ou sinais de gravidade e aos grupos de rico **O Ministério da Saúde do Brasil disponibiliza, no Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento com fosfato de oseltamivir e zanamivir, medicamentos inibidores da neuraminidase. Otite Média Aguda A otite média é definida como uma infecção do fluido do ouvido médio. Incluem: Otite média aguda (OMA), otite média supurativa crônica (CSOM) e otite média com efusão (OME). **A otite média é o segundo diagnóstico pediátrico mais comum no setor de emergência, após as IVAS A Orelha Média é composta por: membrana Timpânica; ossículos: martelo, bigorna e estribo; tuba Auditiva. É responsável pela transmissão e transformação das ondas sonoras da orelha externa para a orelha interna, sem perda de energia. Mais comum entre 6 a 24 meses A Tuba auditiva tem 3 funções principais em relação a orelha média: Proteção contra secreções e gradiente de pressão da nasofaringe Drenagem e clearence de secreções da orelha média para a nasofaringe Ventilação da orelha média para equalizar sua pressão com a pressão atmosférica. Esta é a função mais importante Epidemiologia A otite média é uma doença de alta prevalência, com morbidade elevada e baixa mortalidade Mais frequente em crianças Mais prevalente nos 2 primeiros anos Aproximadamente 2/3 das crianças de um ano de idade terão tido pelo menos um episodio Pico de incidência: 6 a 11 meses de idade Mais comum em população urbana do que na rural Incidência mais elevada no inverno Fatores de risco Idade: Principalmente < 2 anos, devido a imaturidade imunológica e anatomia, que é mais curta e mais horizontal Sexo masculino Perfil socioeconômico: Baixo Tabagismo passivo Ausencia de vacina antipneumococica e anti- influenza Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 7 Mod 3 Infecto Etiologia Mais frequentes: S pneumoniae (30-50%), H. influenza não tipável (23-30%); e M.catarrhalis (10 a 15%) Dentre os vírus destaca-se o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) Fisiopatologia Geralmente é precedido de uma IVAS. Os vírus agiriam como copatógenos, predispondo à infecção bacteriana. A nasofaringite aguda, também conhecida como resfriado, leva a destruição das células da mucosa nasal como resultado da resposta do hospedeiro à infecção, causando edema nas cavidades nasais e nasofaringe. A OMA irá acontecer por uma disfunção da tuba auditiva, tornando-a obstruída, e com isso prejudica a ventilação do ouvido médio. Isso faz com que se crie uma pressão negativa nesta câmara, estimulando a secreção de muco, que irá se acumular. A IVAS pode favorecer a presença de bactérias da nasofaringe para a cavidade do ouvido médio. Com isso, as bactérias encontram-se em um meio excelente para sua proliferação, produzindo reação inflamatória e manifestando- se como uma OMA. O acúmulo de pus provoca abaulamento da membrana timpânica, que irá causar a otalgia (principal sintoma). A supuração e consequente pressão contra a membrana timpânica provoca dor e febre, que são sintomas típicos de OMA Caso a OMA não seja tratada, nosso organismo encontra um meio de realizar auto drenagem do pus que estava na cavidade, que pode ser atrás de uma perfuração na membrana timpânica. Isso melhora a otalgia, mas evolui- se com uma otorreia, devido a eliminação de conteúdo purulento pelo ouvido. Além disso, é possível que o processo inflamatório também envolva as células aéreas da mastoide, caudando a sua principal complicação, a mastoidite Quadro clínico Inicialmente, o paciente apresenta um quadro clínico típico de resfriado viral: obstrução nasal, coriza e febre baixa. Em 48 horas, o quadro evolui e o paciente passa a apresentar otalgia, irritabilidade, diminuição da audição, anorexia, vômitos e febre O paciente relata otalgia súbita após estado gripal. Otalgia piora com a deglutição ou assoar do nariz Pode ocorrer hipoacusia, sensação de plenitude auricular e ruídos subjetivos Sinal de Scheibe: Pulsações auriculares sincrônicas com os batimentos cardíacos Diagnóstico Na otoscopia: Membrana timpânica hiperemiada, Convexa, Abaulada, de coloração alterada (hiperemia difusa, opacidade e pontos esbranquiçados) e com perda de mobilidade **Abaulamento é um dos sinais mais específicos para o diagnostico da OM, na otoscopia Miringite Bolhosa: Membrana timpânica com a presença de bolhas e eritema A sociedade de Pediatria de São Paulo, trouxe uma atualização em 2016, na qual relata aspectos que ajudam a diferenciar a etiologia. Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 8 Mod 3 Infecto MT levemente opaca + hiperemia difusa leve ou moderada + ausência de abaulamento: sugere OMA viral. MT opaca + hiperemia intensa + presença de abaulamento + diminuição da mobilidade: sugere OMA bacteriana. Fases Fase Congestiva Precedida da obstrução da trompa de Eustáquio. Tem como principal característica a hiperemia. O paciente pode apresentar otalgia, acompanhada de sensação de plenitude aural, decorrente da disfunção tubária associada, primária ou secundariamente, à OMA. Hipoacusia discreta é esperada como decorrência da alteração da pressão intratimpânica, a qual pode apresentar-se aumentada ou diminuída. Fase exsudativa Caracteriza-se por otalgia e febre mais importantes. A hipoacusia se torna de maior magnitude, sendo geral- mente perceptível ao paciente. A hiperemia do mucoperiósteo da orelha média, característica da fase inicial, passa a ser acompanhada de exsudação decorrente de uma combinação variável de fibrina, hemácias e leucócitos polimorfonucleares. Fase supurativa Evolui com aumento da pressão no tímpano, que pode levar à perfuração timpânica, com consequente otorreia, inicialmente serossanguinolenta e, posteriormente, mucopurulenta. O estabelecimento de uma via de drenagem se expressa clinicamente por atenuação da otalgia e da febre. A partir dessa fase, a OMA evolui, na maior parte dos casos, para a fase de resolução A partir dai o paciente pode evoluir para fase resolutiva, fase de coalescência ou de mastoidite ou fase de complicações. Fase resolutiva O tímpano recupera cor, brilho, aspecto. A perfuração encerra espontaneamente. Há também a recuperação da audição em cerca de 01 mês Fase de coalescência ou de mastoidite cirúrgica Devido manutenção do processo infeccioso, geralmente > 2 semanas, ocorre impedimento da auto drenagem e consequente aumento da pressão interna, resultando em estase venosa com consequente acidose local, que pode atingir aéreas da mastoide, causando erosão. Irá se apresentar como uma otorreia purulenta com duração superior a duas semanas em pacientes que se apresentam com OMA supurativa, bem como por hiperestesia e aumento de volume doloroso retroauricular, o que tem sido chamado de sinal de Griesinger.Estágio de complicação Extensão da infecção além dos limites do mucoperi- ósteo da orelha média e das células pneumáticas mastoideas Tratamento Manejo da dor Controle Imediato com analgésicos simples **Mesmo quando a antibioticoterapia é instituída no momento do diagnóstico, é necessário entrar com analgesia adjuvantes visto que o tratamento pode levar de 1 a 3 dias para a redução da dor Dores leves e moderadas: Dipirona, Ibuprofeno ou Paracetamol Observação Devido a melhora espontânea em 2/3 dos casos, recomenda-se conduta expectante para certos grupos de crianças com OMA (crianças saudáveis sem doenças de base) Estabelecer esquema de antibioticoterapia para quando houver piora de sintomas ou nenhum sinal de melhora até 48-72h Antibioticoterapia Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 9 Mod 3 Infecto **Para lactentes com menos de 6 meses, o uso de antibiótico sempre é recomendado na primeira consulta, independente da certeza diagnostica Amoxicilina é droga de escolha Amoxicilina- Clavulanato é uma opção adequada quando uma criança foi tratada com amoxicilina nos últimos 30 dias ou apresenta falha terapêutica 48-72h de uso da amoxicilina **Cefalosporina de Primeira Geração não é indicado, pois não é eficaz contra gram-negativos Cefalosporina de Segunda geração (Cefuroxima e Cefpodoxina) são eficazes contra S. pneumonae e também contra H.influenzae e a M.catarrhalis, inclusive B-lactamicos **Duração de 10 dias em criança com menos de 2 anos ou que apresentem sintomas graves , e de 5-7 dias em crianças maiores de 2 anos com OMA não grave Profilaxia Aleitamento materno exclusivo por 6 meses: fornece anticorpos IgA que diminuem a colonização com patógenos da otite Vacinação anti pneumocócica e influenza Disposição da mamadeira: evitar a mamadeira com lactente deitado Eliminar exposição a fumaça de cigarro: O fumo passivo aumenta o risco de efusão de OM presistente, pois aumenta a colonização Retirada da creche: Crianças expostas a grandes grupos infantis apresentam mais infecções respiratórias e otite média Retirada da chupeta Síndrome Respiratória Aguda Grave Separado...
Compartilhar