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NEFRO - ITU LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 7 NEFRO - ITU ASPECTOS GERAIS Definição: colonização de microorganismos ali sediados e multiplicação dos mesmos, produzindo ou não manifestações clínicas (bacteriúria assintomática e sintomática); Maior prevalência em: Atualmente, ITUs são as infecções hospitalares mais comuns; 30 a 40% das ITUs são por bacilos GRAM – (+ comum: E. coli – quinolonas – ciprofloxacino) ; As ITUs podem ser causa de Insuficiência renal estágio V (doença renal crônica); São mais comuns em mulheres grávidas, sendo importantes causas de aborto e prematuridade (pielonefrite grave principalmente); Urolitíase é fator predisponente de grande importância para ITU (quase sempre o paciente com urolitiase vai apresentar ITU. O cálculo urinário só dói em três ocasiões: quando se movimenta, ou quando está infeccionado, ou quando estão os dois juntos) Pacientes com DM, idosos, imunodeprimidos, transplantados, quem tem AR/LES ou outra doença e faz uso de CO, HIV, Hepatite B têm maior incidência de ITU, com maior mortalidade. EPIDEMIOLOGIA Uma das + comuns infecções bacterianas; No 1° ano de vida é mais comum em meninos; Após o 1° ano de vida o predomínio passa a ser de meninas. Na fase pré-escolar, a chance de se ter ITU aumenta 20 vezes; Relação do predomínio do sexo feminino: tamanho da uretra feminina menor; o homem produzir o líquido prostático (mecanismo de defesa); Na vida adulta, o predomínio é em mulheres, principalmente com o início da atividade sexual (pico de incidência) OBS.: 3x/semana: risco 2,6 vezes maior; diária: 9 vezes maior); Fato explicado pelo atrito no sexo, onde vai ver a translocação de bactérias protetoras vaginais; Em homens, a distribuição é bimodal (primeiro pico no primeiro ano de vida e um segundo pico na velhice); ⅓ das mulheres tem pelo menos 1 episódio de ITU antes dos 24 anos; Geralmente, 50% das mulheres tem pelo menos 1 episódio de ITU na vida; 25 a 50% terão recorrência em um ano; Fatores de risco: Crianças; Gestantes; Idoso; Cateter vesical; Injuria CDV; Diabetes mellitus; Imunodeprimidos; HIV; Anormalidades urológicas (hiperplasia prostática, urolitíase, estenose de uretra, CA de rins, cisto renal). NOMENCLATURAS Bacteriúria + ou bacteriúria significante: quando na urocultura existe mais de 100.000 (105) microorganismos/ml; Existem algumas situações que se diminui o número de bactérias na urina: Uso de ATB no período da urocultura, ou até 3 a 4 dias antes da coleta; Presença de bactérias com menor poder de reprodução (Gram +); Hiperidratação do paciente e colheita da amostra de urina pouco tempo depois da micção NEFRO - ITU LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 7 NEFRO - ITU (menos de 1 hora da última amostra); Colheita feita de modo errado (o correto é a primeira urina da manhã e com o jato médio); Contaminação da urina com detergente utilizado na limpeza da vagina e região periuretral (dermacyd); CLASSIFICAÇÃO Aguda (sintomático inicial) ou recorrente (≥ 3x/ano); Alta (acomete os rins → pielonefrite) ou baixa (acomete a bexiga → cistite); Complicada (quando existe algum fator obstrutivo: cálculo, estenose de uretra) ou não complicada (sem fator obstrutivo); OBS.: Essas nomenclaturas podem estar todas juntas. Ex: ITU alta recorrente complicada DIAGNÓSTICO Clínico + laboratorial (sumário de urina + urocultura quantitativa, que firma o diagnóstico) OBS.: O correto seria primeiro pedir o sumário de urina, e caso indicado, pedir a urocultura quantitativa. Entretanto, na prática se pede logo os dois juntos. História: Número de ITUs por ano?; Se fez tratamento anterior e por quanto tempo? Fez uso de ATB?; Sintomas ginecológicos? corrimento? (ddx); Atividade sexual: frequência, número de parceiros; Quanto tempo após a relação sexual aparece os sintomas?; Fez uso de ATB prévio para ITU ou para outra infecção?; Hospitalização prévia?; Patologia nefro-urológica prévia? Litíase? (deve tratar a causa); Métodos contraceptivos: diafragma, condom com espermicida?; História materna de ITU; Método de higiene íntima: Ducha? Banho de imersão? Uso de sabonete íntimo (diminui quantidade de bactérias protetoras); Idade, se tem HIV, DM, Hepatite B, LES, AR; Se faz algum uso de cateter vesical. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ITU baixa: disúria, polaciúria, dor suprapúbica, urgência miccional, urina turva, hematúria, febre (não é comum, diferente da ITU alta); ITU alta: dor lombar uni ou bilateral (Giordano +), febre e calafrio. OBS.: A pielonefrite é a infecção mais grave. A ITU baixa pode evoluir para uma ITU ALTA. OBS.: Em idosos, a frequência de bacteriúria assintomática é relativamente alta (trata-se bacteriúria assintomática somente em idosos e gestantes!!!). EXAMES LABORATORIAIS Sumário de urina: (↑ sensibilidade e ↓ especificidade) Suspeita o diagnóstico: Presença de leucócitos por campo – homem 5 (5000/ml), mulheres 8 (8000/ml). Teste de nitrito: +: confirma o diagnóstico de ITU; –: não exclui o diagnóstico de ITU. Presença de cilindros leucocitários: não é indicação de ITU. Também pode ser indicativo de uma síndrome nefrítica; Hematúria: pode aparecer na cistite, desaparece com o tratamento, diferente da síndrome nefrítica, em que NEFRO - ITU LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 7 NEFRO - ITU mesmo após o tratamento a hematúria pode persistir. Urocultura quantitativa: Confirma o diagnóstico; Bacteriúria + ou significativa: 100.000 UFC/ml; Considera-se bacteriúria + e trata se: Mulher 100 UFC/ml + sintoma de cistite ou 10.000 (104) UFC/ml + sintoma de pielonefrite. Urina colhida por cateterismo vesical é considerada + se 100.000 UFC/ml (semelhante a coleta de jato médio); Em crianças, a urina colhida por cateterismo vesical é + quando se tem 1 UFC/ml. EXAMES DE IMAGEM Quem faz? Meninos com ITU ou meninas com infecção recorrente ou complicada; Acompanhamento de crianças com cicatrizes renais (pacientes com ITU grave que evoluíram para cicatrizes. É importante o acompanhamento para saber se não vai evoluir para doença renal crônica); Mulheres com pielonefrite aguda (ITU mais comum em mulheres é a cistite. Assim, quando se tem pielonefrite, pesquisa-se fatores obstrutivos); Homens abaixo de 60 anos com ITU (não é comum homem ter ITU. Quando tem, associa-se muito a fator obstrutor); Pacientes com obstrução; Pacientes com resposta lenta ou ausente ao tratamento adequado. Tomografia de vias urinárias: melhor exame para ver obstrução. Pede-se também para pacientes com resposta ausente ou lenta ao tratamento; Urografia excretora: exame bom para ver obstrução; Ureterociscoscopia: exame que avalia a função da bexiga (seu grau de contração e de relaxamento). Fica reservado para os casos de ITU recorrente ou hematúria frequentemente inexplicada; USG de vias urinárias: abcessos periféricos ou intra-renais. PATOGÊNESE Agentes etiológicos das ITU: E. coli: 80% dos casos, menos comum em ambiente hospitalar; Staphylococcus saphrofidico: 2º mais frequente, são bactérias muito comuns na água; Klebsiella sp; Proteus sp; Enterobacter sp. Vias de infecção: Ascendente: mais comum; Hematogênica: pacientes com sepse ou obstrução intra e extra renal do fluxo urinário; Via linfática: rara. Mecanismos de defesa do trato urinário (urina e bexiga): 1. A urina é um meio de cultura razoável para a maioria dos patógenos, entretanto, pode ser fator protetor devido a alguns fatores: ↑osmolaridade; ↓ pH (em torno de 5/5,5); ↑ [ureia]; ↑ [ác. orgânicos]; Presença de secreção prostática masculina; Proteína de Tamm-Horsfall (proteína protetora produzida pelos túbulos renais). OBS: a urina é um meio de cultura para a maioria dos patógenos. Pacientes com bexiga neurogênica, que perdem controle de contração e relaxamento da bexiga, não conseguem esvaziar todo a urina, propiciando infecção bacteriana. NEFRO - ITU LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 7 NEFRO - ITU 2. A bexiga apresenta vários mecanismos que dificultam o desenvolvimento de uma infecção: A micção é o mais eficaz mecanismo de defesa (a ingesta de líquidos é uma das mais importantes orientações; A camada de glicosaminoglicano (fixação da bactéria); Presença de polimorfonucleares; Existência de agentes antimicrobianos produzidas pelo urotélio. FATORES PREDISPONENTES NÃO COMPROVADOS Micção pré ou pós-coito; Consumo de bebidas; Micção postergada; Técnica de higiene; Uso de duchas; Uso de banheiras; Tipo de calcinha; IMC elevado. COMPLICAÇÕES Imediatas: Bacteremia (principal): a bacteremia é um problema grave, visto que pode levar o paciente a choque, choque séptico e morte; Necrose de papila: tipo de cicatriz renal (mais comum em rins diabéticos e obstruídos); Complicações supurativas (abcesso perinefrético, pionefrose). Complicações tardias: Atrofia do parênquima renal e IRC; HAS (ocorre em consequência de uma IRC); Litíase renal. SITUAÇÕES CLÍNICAS ESPECIAIS Infecções recorrentes do trato urinário: É relativamente frequente, sobretudo em mulheres jovens; Pode ser causada pela persistência do mesmo agente infectante ou por reinfecção por outro microrganismo; No mínimo 50% da mulheres ITU recorrente não evidenciam qualquer fator predisponente clinicamente perceptível; É recomendável que toda paciente com ITU recorrente seja submetida a exploração propedêutica do trato urinário. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL (QUADRO CLÍNICO) ITU: disúria interna, polaciúria, urgência, início abrupto, dor supra-púbica, piúria, hematúria, calafrios; DST: disúria interna, história associada de polaciúria ou urgência, início gradual, secreção vaginal, novos ou múltiplos parceiros; Vaginites: disúria externa, início gradual, secreção ou odor vaginal, prurido. TRATAMENTO OBS.: depois do tratamento pedir a urocultura com 1 semana após tratar e se der negativa, deve- se pedir novamente a urocultura até 6 meses depois e se der negativa a pessoa está curada. Padrões de resposta ao tratamento: Cura: quando a urocultura se torna negativa e continua negativa pelo período de 6 meses; Persistência: quando a mesma bactéria existente antes da terapêutica continua na urina; Recaída: quando a mesma bactéria reaparece na urina do doente, NEFRO - ITU LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 7 NEFRO - ITU depois de ter sido erradicado por uma terapia adequada. Geralmente ocorre 2 a 3 semanas após o tratamento; Reinfecção: quando desaparece a bactéria infectante e surge novo agente etiológico, geralmente é comum ocorrer de 2 a 6 meses do tratamento inicial. Antibióticos: Itu (pielonefrite) sintomática (febril) não complicada: 1ª escolha: norfloxacino 400mg 2x/dia; 2ª escolha: cefalosporina de 2º ou 3º geração (ceftriaxona 2g/dia); 3ª escolha: aminoglicosideos (são bastante nefrotóxicos) (gentamicina 80mg 12/12h 10 a 14 dias). ITU (pielonefrite) sintomática (febril) complicada: tem que tratar a infecção e a obstrução: Fluorquinolonas; Cefalosporinas de 3ª geração; Piperacilina, tazobactan; Ampicilina, sulbactan; Carbepenemicos. OBS.: geralmente o tratamento é ambulatorial, porém alguns casos requer internação (idosos não é bom arriscar) de 10 a 14 dias. ITU (cistite) sintomática (afebril): Norfloxacina, cefalosporina de 1º e 2º geração, nitrofurantoina, sulfa + trim (3 dias, na gravida pode fazer 4 dias). Se existir história de itu recorrente ou complicada do trato urinário tratar por 7 a 10 dias. ITU assintomática: Cefalosporina de 1ª e 2ª geração, quinolonas (ciprofloxacino e norfloxacina), nitrofurantoina, sulfa + trim de 7 a 10 dias. OBS.: tratar apenas mulheres gravidas, transplantados, neutropênicos e paciente que irão submeter-se a procedimentos urológicos invasivos ou litotripsia. ITU recorrente (> 3 surtos/ano): Não complicada: norfloxacina; cefalosporina 1º ou 2º geração, nitrofurantoina, sulfa + trim de 7 a 10 dias na fase sintomática (manter 1/2 ou ¼ dose por 6 a 9 meses como profilaxia). Complicada: fluorquinolonas, cefalosporinas de 3ª geração, piperacilina, tazobactan, ampicilina, sulbactan, carbepenemicos. (tem q tratar a complicação também). OBS.: sugere-se que a melhor opção para o tratamento empírico (geralmente cistite não complicada) inicial para infecção urinária não complicada deve ser com a nitrofurantoina, sua posologia é 100mg 6/6 h o que dificulta o tratamento. SITUAÇÕES TERAPÊUTICAS ESPECIAIS Bacteriúria significante assintomática em mulheres não grávidas não exige terapêutica; Crianças com refluxo vésico-ureteral devem ser tratatas até que desapareça o refluxo geralmente com anos de quimioprofilaxia; Cateter de permanência (svd): indicação pra antibiótico é após a retirada do cateter ou episódios sintomáticos febris; NEFRO - ITU LARA DAYANE DE MEDEIROS LEITE – P 7 NEFRO - ITU Dificuldades para erradicação da bacteriuria: Idade avançada; Diabetes mellitus; Rins policísticos; Obstrução urinaria; Urolitíase; Aumento da próstata; Bexiga neurogênica; Refluxo vésico-ureteral; Necrose de papila renal. PROFILAXIA: ITU recorrentes: Cramberry: interfere com a adesão da E. coli tipo P fimbriada ao uroepitélio. Controverso, estudos recentes não mostraram eficácia; Uso de estrógeno (forma tópica): restaura a mucosa atrófica, reduz o Ph vaginal, aumenta números de lactobacilos, reduz a colonização de enterobacterias. Profilaxia antimicrobiana: Contínua: 2 a 6 meses ou 3 meses a 1 ano com Nitrofurantoina ou sulfa + trim ¼ da dose; Pós-coito: tão eficaz quanto o uso contínuo de antimicrobianos na redução da infecção urinária, quando os episódios estão relacionados com relação sexual. Imunoterapia oral (lisado bacteriano de E. coli): em mulheres jovens e na pós- menopausa a imunoterapia oral mostrou-se efetiva na redução dos episódios de ITU.
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