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Infecção urinária ITU

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1- Caracterizar as ITU quanto a: 
Definição 
Colonização bacteriana da urina e de várias estruturas do 
aparelho urinário, desde a uretra até o parênquima renal. 
 
ITU Baixa: cistite, uretrite, próstatite e epididimite, ou seja, 
o trato urinário abaixo dos ureteres. 
 
ITU Alta: Infecção do parênquima renal, denominada 
pielonefrite aguda ou crônica. 
 
Bacteriúria: Refere-se à presença de bactérias na urina que, 
em condições normais, não contém esses microrganismos. 
 
Não complicada: descreve uma infecção em um paciente 
saudável com via urinária normal dos pontos de vista 
estrutural e funcional. 
 
Complicada: está associada a fatores que aumentam a 
probabilidade de adquirir bactérias e à diminuição da eficácia 
da terapia. 
 
Fatores que Sugerem Infecção Complicada do Trato 
Urinário 
➢ Anormalidade anatômica ou funcional do trato urinário 
➢ Sexo masculino 
➢ Gravidez 
➢ Paciente idoso 
➢ Diabetes 
➢ Imunossupressão 
➢ Infecção das vias urinárias na infância 
➢ Uso recente de agentes antimicrobianos 
➢ Cateter urinário de demora 
➢ Instrumento do trato urinário 
➢ Infecção hospitalar 
➢ Sintomas com duração de mais de 7 dias na 
apresentação 
 
ITU nosso: Aquela que ocorre em pessoas em uso de 
cateterismo urinário ou feito uso de cateter nas últimas 48h. 
 
Primeira infecção ou infecção isolada: É a que ocorre em 
um indivíduo que nunca teve uma ITU. 
 
Infecção não resolvida: É a que não respondeu à terapia 
antimicrobiana e é documentada pelo mesmo microrganismo, 
com perfil de resistência. 
 
Infecção recorrente: é a que ocorre após resolução bem-
sucedida, que ocorre pelo menos 3X ao ano ou 2 ep. nos 
últimos 6 meses. 
 
Existem dois tipos diferentes de infecção recorrente: 
1. A reinfecção descreve um novo evento associado à 
reintrodução de bactérias do meio externo para dentro das vias 
urinárias. 
 
2. A persistência bacteriana refere-se a uma ITU recorrente 
causada pela mesma bactéria que reemerge a partir de um foco 
dentro das vias urinárias, como cálculo infeccioso ou próstata. 
Recidiva: é frequentemente usado como sinônimo. 
 
Profilaxia antimicrobiana: Consiste na prevenção de 
reinfecções pela administração de fármacos antimicrobianos. 
 
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Epidemiologia 
RN-> Princ. do sexo masculino e ou não circuncidados 
apresentando risco ainda maior. 
Crianças -> 1 a 4 anos M e H, pela falta do reflexo miccional. 
H -> Mais comuns com o avançar da idade. 
M -> Mais frequentes em meninas entre 5 e 18 anos, com 
acentuações no início da atividade sexual e na gravidez. 
 
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Fatores de risco 
Sexo feminino: Uretra mais próxima do ânus e mais curta 
(ascensão das bactérias)/ a atividade sexual (entrada das 
bactérias)/ Espermicidas por alterarem o pH e a flora vaginal. 
 
Gestantes: Predisposta pois à: modificação da posição da 
bexiga, redução do tônus da bexiga, relaxamento da musc. da 
bexiga e ureter, assim como a dilatação deste último e da 
pelve renal favorecendo o refluxo vesicoureteral. 
 
Sexo masculino: Presença de próstatite e obstrução ureteral 
por hipertrofia prostática. 
 
Obstrução do trato: Interfere no fluxo urinário (estase 
urinária), favorecendo a proliferação bacteriana e distensão 
vesical. 
 
Bexiga neurogênica: Pacientes com lesão da medula 
espinhal, esclerose múltipla e DM, devido a disfunção motora 
da bexiga (estase urinária). 
 
Imunodeficientes: Infecção pelo vírus da imunodeficiência 
humana (HIV)/síndrome de imunodeficiência adquirida 
(AIDS). 
 
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Etiologia 
A ITU geralmente é causada por bactérias gram-negativas 
(BGN) originárias da flora intestinal, sendo a princ. a 
Escherichia coli, após a Klebsiella sp e Proteus mirabilis. 
 
Mulheres c/ vida sexual ativa: Coco gram-positivo 
Staphylococus saprophyticus. 
 
Patógenos menos frequentes: Chamydia trachomatis, 
Ureaplasma urealyticum, Neisseria gonorrhoeae e herpes 
vírus. 
 
ITU hospitalar: Pseudomonas sp., Enterococcus e 
Staphylococcus aureus. 
 
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Vias de infecção 
Via ascendente 
As bactérias entram nas vias urinárias através da uretra até 
dentro da bexiga. 
As bactérias Gram-negativas e suas endotoxinas, assim como 
a gravidez e a obstrução ureteral, exercem um efeito 
antiperistáltico significativo. 
As bactérias que alcançam a pelve renal podem entrar no 
parênquima renal por meio dos ductos coletores nas pontas 
das papilas e, em seguida, ascender para dentro dos túbulos 
coletores. 
Esse processo é acelerado e exacerbado pelo aumento da 
pressão intrapélvica em consequência de obstrução ureteral 
ou refluxo vesicoureteral, em particular quando associado a 
refluxo intrarrenal 
 
Via Hematogênica 
A infecção do rim por via hematogênica é incomum em 
indivíduos normais. Todavia, em certas ocasiões, o rim sofre 
infecção secundária em pacientes com bacteriemia por 
Staphylococcus aureus proveniente da cavidade oral ou por 
fungemia por Candida. 
 
Via Linfática 
A extensão direta das bactérias dos órgãos adjacentes por via 
linfática pode ocorrer em circunstâncias incomuns, como 
infecção intestinal grave ou abscessos retroperitoneais. Há 
poucas evidências de que as vias linfáticas possam 
desempenhar um papel significativo na maioria dos casos de 
ITUs. 
 
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Fisiopatologia 
A capacidade desses organismos, para colonizar e persistir 
no trato urinário é dependente de fatores de virulência que 
incluem toxinas, adesinas e proteínas de captação de ferro. 
 
Quando a virulência bacteriana aumenta ou os mecanismos 
de defesa do hospedeiro diminuem, ocorrem inoculação, 
colonização e infecção bacterianas das vias urinárias. 
 
Fatores de virulência das bactérias 
Por meio da expressão de fatores de virulência que lhes 
permitem aderir e colonizar o períneo e a uretra e migrar até 
as vias urinárias, onde desencadeiam uma resposta 
inflamatória no urotélio. 
 
Análise genoma cepa, revelou a presença de genes para 
supostos sistemas de condutores-chaperonas, bem como de 
proteínas autotransportadoras que podem atuar como 
adesinas, toxinas, proteases, invasinas, fatores de resistência 
séricos ou mediadores da motilidade. 
 
Um autotransportador, Sat, parece tóxico para as células das 
vias urinárias e pode causar vacuolização citoplasmática e 
lesão histológica grave em rins de camundongo. 
 
Toxina hemolisina (HlyA), forma poros em uma variedade 
de membranas celulares do hospedeiro; a UPEC produz 
vários sistemas de aquisição de ferro, incluindo aerobactina 
e o sistema IroN. 
 
Por fim, produz uma cápsula de polissacarídeo ácido, que 
protege a bactéria da fagocitose pelos leucócitos 
polimorfonucleares e inibe a ativação do complemento. 
 
Patogênia 
Aderência Bacteriana 
A UPEC expressa diversas adesinas que possibilitam a sua 
fixação aos tecidos das vias urinárias. 
Podem ser adesinas das fímbrias ou adesinas não associadas 
a fímbrias, essas expressam fímbrias rígidas ou pilus. 
 
OBS: Os pili (tipos 1, P e S) são definidos pela capacidade de 
mediar a hemaglutinação de tipos específicos de eritrócitos. 
 
❖ Pili Tipo 1 (Sensíveis à Manose) 
Promovem hemaglutinação sensível à manose e 
demonstraram que interações entre FimH e receptores 
expressos sobre a superfície luminal do epitélio vesical são 
fundamentais para a colonização da bexiga. 
 
❖ Pili P (Resistentes à Manose) 
Promovem hemaglutinação resistente à manose. Os pili P 
conferem tropismo para os rins. 
A adesina PapG, situada na extremidade do pilus, reconhece 
a porção α-D-galactopiranosil-(1-4)-β- D-galactopiranosídeo 
presente nas globosidades dos glicolipídeos, que são 
encontrados no uroepitélio. 
 
❖ Pili S 
Os pili S, que se ligam a resíduos de ácido siálico por meio da 
adesina SfaS(associados à infecção vesical e renal). 
Os pili F1C ligam-se a glicoesfingolipídeos nas células 
epiteliais renais e induzem uma resposta inflamatória de 
interleucina-8. 
 
A adesão de organismos na bexiga ou no rim ativa a 
resposta imune inata, levando à liberação de citocinas (IL-6 
e IL-8), e mobiliza os leucócitos (piúria e sintomas locais ou 
sistêmicos, incluindo febre na pielonefrite). 
 
Mecanismos de resistência 
❖ Ligações de Captura 
Foi constatado que a afinidade da E. coli que expressa alelos 
FimH específicos para os eritrócitos é intensificada pelo 
estresse de cisalhamento. 
Em condições estáticas reduziram as interações FimH-
eritrócito. 
Em condições dinâmicas aumentam as interações FimH-
eritrócito. 
O aumento da aderência na presença de cisalhamento parece 
promover a retenção da UPEC na uretra e na bexiga durante 
a micção e nos ureteres contra o peristaltismo. 
Na ausência de cisalhamento, a redução da afinidade de FimH 
facilitaria a difusão, promovendo, assim, a infecção 
ascendente. 
 
❖ Biofilme 
Os biofilmes (proteína Tamm-Horsfall e íons magnésio ou 
cálcio) protegem as bactérias dos desafios ambientais, como 
os agentes antimicrobianos e a resposta imune do 
hospedeiro. 
As características do biofilme que aumentam a proteção 
consistem em taxa de crescimento mais lenta das bactérias, 
com mudanças fisiológicas associadas, expressão de fatores 
que inibem a atividade antimicrobiana e a incapacidade do 
agente antimicrobiano de penetrar na matriz do biofilme. 
 
Principais alterações nos mecanismos de defesa do 
hospedeiro 
❖ Obstrução 
A obstrução do fluxo de urina em todos os níveis anatômicos 
constitui um fator fundamental no aumento da suscetibilidade 
do hospedeiro ao desenvolvimento de ITU. A obstrução inibe 
o fluxo normal de urina, e a estase resultante compromete os 
mecanismos de defesa da bexiga e dos rins. A estase também 
contribui para a proliferação das bactérias na urina e a sua 
capacidade de aderir às células uroteliais. 
 
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Quadro Clínico 
Cistite: Disúria, polaciúria, urgência miccional, dor em região 
supra púbica e hematúria. 
Idosos -> alteração do nível de consciência e/ou alterações 
do comportamento. 
 
Pielonefrite: Sinais e sintomas sistêmicos direcionam p/ 
pielonefrite- febre, calafrios, vômitos, náuseas, sinal de 
Giordano positivo e dor lombar. 
 
É importante avaliar o estado geral do paciente e considerar 
internação caso haja suspeita de pielonefrite complicada devido 
ao risco de progressão para um quadro de sepse. 
 
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Diagnóstico 
O diagnóstico presuntivo de ITU é estabelecido por meio de 
exame direto ou indireto da urina, sinais e sintomas e 
confirmado pela cultura de urina. 
 
O exame e a cultura de urina falso-positivos são devidos à 
contaminação da amostra de urina por bactérias e leucócitos 
durante a coleta. Isso tem mais tendência a ocorrer em amostras 
obtidas durante a micção, mas também pode ser observado 
durante o cateterismo uretral. A aspiração suprapúbica de urina 
da bexiga tem menos probabilidade de produzir contaminação da 
amostra; por conseguinte, possibilita uma avaliação mais acurada 
do estado da urina na bexiga. 
 
Bacteinuria: Crescimento de 105 unidades formadoras de colônia 
por mililitro na urocultura. 
Pacientes com sintomas típicos de infecção com 10² UFC/mL, 
pode ser considerado significativo. 
 
Achados no exame de urina 
➢ Piúria/Cilindros leucocitários 
➢ Esterase leucocitária (Enzima produzida pelos 
leucócitos degradados) 
➢ Nitrito positivo: Presença de bactéria 
(enterobactérias bacilos Gram- negativos) que são 
capazes de converter o nitrato em nitrito na urina. 
 
Técnicas de diagnóstico por imagem 
Não há necessidade de exames de imagem na maioria das 
mulheres com ITU. 
Entretanto, em pacientes de alto risco, os exames 
radiológicos podem revelar a presença de processos 
infecciosos agudos que exigem maior intervenção, ou podem 
a causa de infecções complicadas. 
 
Ex 1: ITU associada a obstrução das vias urinárias; 
➢ Cálculos infecciosos (de estruvita) 
➢ Tumores ureterais 
➢ Estenose ureteral 
➢ Obstruções congênitas ou cirurgia geniturinária 
prévia 
➢ Papilas necróticas impactadas podem causar 
obstrução ureteral aguda. 
 
Ex 2: Quando os sintomas de pielonefrite clínica aguda 
persistem depois de 5 a 6 dias de terapia antimicrobiana 
adequada. 
 
Ex 3: Persistência bacteriana. Nos pacientes cuja bacteriúria 
não responde à terapia antimicrobiana adequada ou que 
sofrem rápida recorrência da infecção, devem-se investigar 
anormalidades passíveis de causar persistência bacteriana. 
 
Anormalidades Urológicas Passíveis de Correção que 
Produzem Persistência Bacteriana 
➢ Cálculos infecciosos 
➢ Prostatite bacteriana crônica 
➢ Rim atrófico infectado unilateral 
➢ Duplicação ureteral e ureteres ectópicos 
➢ Corpos estranhos 
➢ Divertículos uretrais e infecção das glândulas 
periuretrais 
➢ Rim esponjoso medular unilateral 
➢ Cotos ureterais infectados sem refluxo e de aspecto 
normal após nefrectomia 
➢ Cistos do úraco infectados 
➢ Cistos comunicantes infectados dos cálices renais 
➢ Necrose papilar 
➢ Abscesso perivesical com fístula para a bexiga 
 
Pontos importantes: 
✓ Urocultura > 102 a 105 UFC/mL + sintomas = ITU. 
✓ Urocultura > 105 UFC/mL na ausência de sintomas 
= bacteriúria assintomática. 
✓ Sintomas urinários baixos = cistite. 
✓ Sintomas sistêmicos = pielonefrite. 
 
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Tratamento 
Cistite não complicada 
1° Linha 
❖ Nitrofurantoína 
Classe: Nitroimidazólico 
Nome comercial: Macrodantina®, Nitrofen® 
Apresentação: 100mg 
Via: Oral 
Posologia: 100mg, 6/6h, por 7-10 dias 
Observações: Gestantes, profilaxia 
 
❖ Sulfametoxazol + Trimetropim 
Classe: Sulfonamida + Diamino-pirimidina 
Nome comercial: Bactrim®, Bacfar®, Bacsulfaprim®, 
Bacteracin®, Infectrin® 
Apresentação: 400mg+80mg; 800mg+160mg 
Via: Oral 
Posologia: 800+160mg, 12/12h, por 3 dias 
Observações: Atenção para alérgicos à Sulfonamidas. 
 
❖ Fosfomicina 
Nome comercial: Monuril®, Belemina®, Traturil® 
Apresentação: 5,631g (grânulo), equivalente a 3g de 
Fosfomicina 
Via: Oral 
Posologia: 3g, VO, dose única 
Diluição: dissolver em 50-75mL e mexer 
Observações: Idosos 
 
2° Linha 
❖ Norfloxacina 
Classe: Fluoroquinolona 
Nome comercial: Neofloxin®, Floxamox®, Norxacin®, 
Quinoform® 
Apresentação: 400mg 
Via: Oral 
Posologia: 400mg, 12/12h, por 3 dias 
 
❖ Ciprofloxacina 
Classe: Fluoroquinolona 
Nome comercial: Cipro®, Proxacin®, Proflox®, 
Quinolox®, Besflox® 
Apresentação: 250mg ou 500 mg 
Via: Oral 
Posologia: 250mg, 12/12h, por 3 dias 
Posologia: 500 mg – 12/ 12 hrs – 7 dias 
 
❖ Cefuroxima 
Classe: Cefalosporina de 2°G 
Nome comercial: Zinnat® 
Apresentação: Pó para suspensão oral: 50mg/mL. 
Via: Oral 
Posologia: 125mg (2,5mL), 12/12h, por 7 dias 
Observações: Existe comprimido revestido de 250mg, se 
único disponível, não partir 
 
❖ Amoxicilina + Clavulonato 
Classe: Aminopenicilina + Inibidor da Beta-lactamase 
Nome comercial: Uciclav®, Lânico®, Sigma-Clav®,Sigma-
Clav BD®, Clavulin®, Clavulin BD®, Clavulin ES®, 
Novamox®, Policlavumoxil®, Policlavumoxil BD®, Sinot 
Clav®, Claxam® 
Apresentação: 500mg+125mg 
Via: Oral 
Posologia: 500mg, 8/8h, por 5-7 dias 
Observação: Gravidas não podem 
 
Pielonefrite não complicada 
1° Linha 
❖ Ciprofloxacina 
Classe: Fluoroquinolona 
Nome comercial: Cipro® 
Apresentação: 400mg 
Via: Intravenosa 
Posologia: 400mg, IV, 12/12 horas por 7-10 dias 
 
❖ Levofloxacina 
Classe: Fluoroquinolona 
Nome comercial: Tamiran®, Lovotac®, Levaflox® 
Apresentação: 5mg/ml 
Via: Intravenosa 
Posologia: 750mg, IV, 1x ao dia por 7-10 dias 
 
2° Linha 
❖ Ceftriaxone 
Classe: Cefalosporina de 3°G 
Nome comercial: Rocefin®Apresentação: 1000mg 
Via: Intravenosa 
Posologia: 1g, IV, 12/12h por 7-10 dias 
 
❖ Cefuroxima 
Classe: Cefalosporina de 2°G 
Nome comercial: Zinacef®, Keroxime®, Zencef®, 
Monocef® 
Apresentação: 750mg 
Via: Intravenosa 
Posologia: 750mg, 8/8h, por 7 dias 
 
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Escolha do antibiótico 
Cistite aguda não 
complicada 
A presença de sintomas 
típicos é suficiente para a 
Antibioticoterapia, 
inicialmente. 
A depender da evolução dos 
sintomas, eventualmente a 
urocultura é necessária. 
 
Principais antibióticos utilizados: 
Padrão ouro: NITROFURANTOÍNA e FOSFOMICINA. 
 
Em gestantes: Antibioticoterapia imediata, com solicitação 
de urocultura obrigatória, bem como realizar a urocultura de 
controle, para confirmar a eficácia terapêutica. 
 
Cistite de repetição 
Nos casos clássicos de cistite de repetição, sem evidências de 
complicação e sem sinais de alteração anatômica do trato 
urinário, não há necessidade de exame de imagem. 
 
As primeiras medidas a serem tomadas não são 
antimicrobianas. São elas: 
➢ Modificações comportamentais e de higiene 
adequada; 
➢ Evitar espermicidas/diafragmas; 
➢ Terapia estrogênica vaginal em mulheres pós-
menopausadas. 
 
Antibioticoprofilaxia: Dose reduzida diária por 6 meses, 
preconizando a tomada do antibiótico antes ou após o coito. 
 
Em gestantes: Proceder à antibioticoprofilaxia e estendê-la 
até a segunda semana do puerpério. 
 
Pielonefrite não complicada 
Principais antibioticos para pielonefrite: 
NITROFURANTOÍNA NÃO PODE SER UTILIZADA 
(BAIXA PENETRAÇÃO EM PARÊNQUIMA RENAL). 
 
Em gestantes: 
Solicitar urocultura a partir de 12 a 16 semanas -> Feito o 
diagnóstico -> tratamos -> após uma semana do término do 
tratamento -> urocultura de controle -> Caso persistência do 
mesmo germe -> repetir o tratamento com curso maior de 
duração. 
 
Pielonefrite complicada: 
➢ Uma dose inicial de ertapenem ou ceftriaxona VI 
➢ Seguida de prescrição via oral de quinolona 
(ciprofloxacino 500 mg, de 12 em 12 horas, ou 
levofloxacino 750 mg, uma vez ao dia). 
 
OBS: Pacientes hospitalizados 
Indicações de exame de imagem 
- Gravidade clínica à admissão (sepse ou choque séptico) 
- Ausência de melhora clínica após 48-72 horas de 
antibioticoterapia direcionada 
- Suspeita de obstrução urinária (redução de função renal e/ou 
oligúria) 
 
Para que? 
Com intuito de identificar um quadro de pielonefrite obstrutiva, 
caso há é indicada avaliação urológica para possível 
desobstrução. 
 
Se há sepse (ou choque séptico) 
➢ Indica-se exame de imagem obrigatoriamente. 
➢ Optamos por antibioticoterapia de amplo espectro 
com cobertura empírica para enterobactéria 
produtora de betalactamase de espectro estendido 
(ESBL) e Staphylococcus oxaresistente (MRSA), até 
resultados de culturas. 
 
Se não há sinais de sepse 
➢ Solicitar exame de imagem 
➢ Iniciar ATBterapia 
 
Risco de germe multirresistente? 
Não -> Ceftriaxona ou Quinolona + Vancomicina se Gram + 
 
Sim -> Tazocin ou Carbapenemico + Vancomicina de Gram 
+ 
 
____________________________________________________ 
Complicações 
ITU Baixa 
Cistite enfisematosa: Complicação rara, típica dos diabéticos, 
levando à formação de gás na parede da bexiga. 
O quadro está relacionado à obstrução do trato urinário e 
eventualmente requer uma abordagem com cistectomia. 
 
ITU Alta 
A pielonefrite aguda pode se associar a uma série de 
complicações graves: 
1) sepse; 2) obstrução urinária; 
3) abscesso intrarrenal; 4)abscesso perinefrético; 
5) pielonefrite enfisematosa; 6)necrose de papila renal; 
7) pielonefrite crônica; 8)pielonefrite xantogranulomatosa. 
 
____________________________________________________ 
PRÓSTATITE 
Definição 
Inclui anormalidades tanto infecciosas ou não infecciosas da 
próstata. 
As infecções podem ser agudas ou crônicas, quase sempre 
são bacteriana e quando não infecciosa de síndrome de dor 
pélvica crônica (prostatite crônica). 
 
Classificação: 
1) Próstatite bacteriana aguda; 
2) Prostatite bacteriana crônica; 
3) Síndrome da dor pélvica crônica, inflamatória (próstatite 
crônica não bacteriana) ou não inflamatória (prostatodinia). 
 
____________________________________________________ 
Epidemiologia 
Cerca de 50% dos homens apresentam sintomas de 
inflamação prostática durante a vida adulta, onde, em 
somente 5-10% desses casos exista participação bacteriana. 
 
____________________________________________________ 
Etiologia 
Etiologia é bacteriana (aguda ou crônica): Em especial a 
E. coli (80%). Também a Klebsiella, Proteus e Pseudomonas 
(10 a 15%), bem como os Enterococcus (5 a 10%). 
 
Caso a próstatite nosocomial: E. coli e outras 
enterobactérias MDR – multidroga-resistente. 
 
____________________________________________________ 
Fisiopatologia 
Os agentes infecciosos provêm do refluxo de urina pelos 
ductos prostáticos e ejaculatórios, respectivamente. 
 
____________________________________________________ 
Quadro clinico 
# Prostatite bacteriana aguda: Manifesta-se na forma de 
disúria, polaciúria e dor na área prostática, pélvica ou 
perineal. Em geral, há febre e calafrios, e os sintomas de 
obstrução do orifício vesical são comuns. 
 
O toque retal deve ser extremamente cuidadoso, pois podem 
desencadear bacteremia e sepse grave. 
A próstata está aumentada e sensível, além de tensa e quente 
à palpação. Além da área de flutuação indica a presença de 
um abscesso. 
 
# Próstatite bacteriana crônica: Manifesta-se de forma 
mais insidiosa, como episódios recorrentes de cistite, algumas 
vezes com dor pélvica e perineal associada. 
Os homens que apresentam cistite recorrente devem ser 
avaliados quanto a um foco prostático, além de retenção 
urinária. 
 
O toque retal costuma ser normal ou revelar HPB. 
 
# Síndrome da dor pélvica crônica: Grande dor perineal, 
que pode se irradiar para a região lombar e hipogastro; 
associado por sintomas urinários (disúria, polaciúria e 
odinorgasmia). 
 
Os achados ao toque retal são variáveis (muitos pacientes 
apresentam HPB concomitante). 
 
____________________________________________________ 
Diagnóstico 
# Próstatite bacteriana aguda: Combinação de um quadro 
clínico típico (disúria, polaciúria e dor na área prostática, 
pélvica ou perineal, febre, calafrios, e os sintomas de 
obstrução do orifício vesical) com demonstração do patógeno 
em urinocultura convencional. 
 
# Prostatite bacteriana crônica: Quadro clínico típico, 
porém este é aliado à coleta de diversas amostras de urina... 
São pelo menos três amostras: 
1ª– jato inicial (uretral); 
2ª– jato médio (vesical); 
3ª – jato pós-massagem prostática (secreção prostática). 
 
O diagnóstico é estabelecido se a cultura da 3ª amostra for 
positiva e sua contagem de colônias for pelo menos 10X 
maior que a contagem das outras amostras. 
 
_______________________________________________ 
Tratamento 
Menos de 35 anos: O paciente deve ser internado e a 
Antibioticoterapia (Ofloxacina) deve ser venosa (pelo menos 
nos primeiros dias) -> Após melhora do quadro, o tratamento 
passa para a via oral -> A duração total da terapia deve ser de 
30 dias. 
 
Mais de 35 anos: Antibioticoterapia prolongada 
(ciprofloxacina ou sulfametoxazol + trimetoprima), via oral, 
geralmente por três meses. 
 
____________________________________________________ 
2- Descrever a hiperplasia prostática benigna 
Definição 
A (HPB) é definida, histologicamente por hiperplasia das 
células tanto epiteliais quanto estromal, que começa na área 
periuretral. 
Com o envelhecimento, verifica-se o crescimento de nódulos 
hiperplásicos pequenos, que coalescem e comprimem o 
tecido normal externamente. 
 
_______________________________________________ 
Epidemiologia 
O processohiperplásico começa frequentemente na terceira 
década de vida; em torno dos 80 anos de idade, 85% dos 
homens apresentam HPB. 
 
Manifestações clínicas de HPB antes dos 65 anos de idade em 
um parente de 1° grau também constitui um fator de risco. 
 
Além de, Negros, obesos e sedentários. 
 
____________________________________________________ 
Anatomia funcional 
A próstata é uma glândula com tamanho aprox.. ao de uma 
noz e com peso de, aprox. 20 a 30g. 
 
Zona de transição: HPB- associado à hipertonia muscular 
da próstata leva à compressão mecânica da uretra, obstruindo 
o fluxo urinário. 
 
Zona periférica: Câncer de próstata- contém a maioria 
absoluta do tecido glândula. 
 
____________________________________________________ 
Fisiopatologia 
A testosterona é transformada em DHT por ação de uma 
enzima 5-alfarredutase. 
A testosterona e, princ., a DHT se ligam a um receptor 
androgênico específico, este complexo DHT-receptor se fixa 
em segmentos específicos das moléculas de DNA, 
estimulando a transcrição de genes sensíveis aos androgênios 
e promovendo a proliferação. 
 
Nos pacientes com HPB, há aumento de concentração 
tecidual de DHT, que formam complexos mais estáveis com 
os receptores androgênicos, exercendo efeito proliferativo 
intenso das células prostáticas. 
 
Aparecimento de sintomas miccionais; 3 fenômenos 
fisiopatológicos: 
(1) Componente estático: O aumento volumétrico da 
próstata provoca diminuição do calibre e aumento da 
resistência uretral, dificultando o esvaziamento vesical. 
 
(2) Componente dinâmico: Em que o aumento da atividade 
alfa-adrenérgica nas fibras musculares hipertrofiadas provoca 
a elevação da resistência uretral; 
 
(3) Componente vesical: Decorrente de alterações 
secundárias à obstrução produzida pela HPB na musculatura 
detrusora, traduz-se em hiperatividade, como resposta ao 
esforço contínuo na tentativa de esvaziamento, ou em 
hipoatividade, como resultante da falência muscular nas fases 
mais avançadas da doença. 
 
____________________________________________________ 
Quadro clinico 
Os sintomas são divididos em três grupos: 
# Sintomas de Armazenamento: Polaciúria, noctúria, 
urgência, incontinência urinária e enurese noturna. 
 
# Sintomas de Esvaziamento: Jato fraco, bífido ou 
intermitente, hesitação, esforço miccional e gotejamento 
terminal. 
# Sintomas Pós-miccionais: Tenesmo vesical 
(esvaziamento incompleto) e gotejamento pós-miccional. 
 
Exame físico: Toque retal (TR) 
Fibroelástica, móvel, USA, sem nodulações, regular e 
simétrico, aumentado e sulco mediano preservado. 
 
____________________________________________________ 
Diagnóstico 
Na avaliação inicial usa- se o I-PSS para avaliar o manejo. 
(Escore Internacional de Sintomas Prostáticos). 
 
Todos os pacientes com prostatismo devem ser submetidos à 
dosagem de antígeno 
prostático específico (PSA) 
e toque retal, com a 
finalidade de excluir 
neoplasias. 
 
Exames complementares 
# Exame Qualitativo de Urina (EQU): Realizado para 
excluir infecção e hematúria. 
 
# Função renal (Creatinina/Taxa de filtração 
glomerular): Pacientes com história clínica sugestiva de 
doença renal, retenção urinária, hidronefrose, e/ou 
candidatos a tratamento cirúrgico. 
 
# Ecografia das Vias Urinárias: Recomendada em 
paciente com função renal reduzida ou infecção urinária. 
Mostra: o tamanho da próstata, lesão em trato urinário 
superior ou inferior e espessamento da parede vesical. 
 
____________________________________________________ 
Tratamento 
Indicado para pacientes com obstrução importante ou 
sintomas que comprometam a qualidade de vida (geralmente 
moderados a graves, segundo o IPSS). 
 
Terapia expectante (vigilância ativa) 
Sem uso de medicamentos ou cirurgia, é baseada 
exclusivamente em mudanças comportamentais. 
Indicado p/ assintomáticos ou sintomas leves. 
 
Terapia farmacológica 
Indicado p/ pacientes com sintomas moderados a grave. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Terapia Cirúrgica/ Complicações 
Indicados p/ pacientes com sintomas graves ou moderados, 
que não apresentam boa resposta ao tratamento clínico. 
 
A cirurgia também está indicada para os casos em que 
existam complicações relacionadas à HPB: 
1) Falha da terapia medicamentosa; 
2) Retenção urinária aguda refratária ou de repetição 
3) Infecções recorrentes do trato urinário; 
4) Alterações vesicais: cálculos vesicais e divertículos; 
5) Hematúria macroscópica persistente ou recorrente; 
6) Hidronefrose; 
7) Incontinência paradoxal. 
	 Nitrofurantoína
	 Sulfametoxazol + Trimetropim
	 Fosfomicina
	 Norfloxacina
	 Ciprofloxacina
	 Cefuroxima
	 Amoxicilina + Clavulonato
	1 Linha
	 Ciprofloxacina
	 Levofloxacina
	2 Linha
	 Ceftriaxone
	 Cefuroxima

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