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1- Caracterizar as ITU quanto a: Definição Colonização bacteriana da urina e de várias estruturas do aparelho urinário, desde a uretra até o parênquima renal. ITU Baixa: cistite, uretrite, próstatite e epididimite, ou seja, o trato urinário abaixo dos ureteres. ITU Alta: Infecção do parênquima renal, denominada pielonefrite aguda ou crônica. Bacteriúria: Refere-se à presença de bactérias na urina que, em condições normais, não contém esses microrganismos. Não complicada: descreve uma infecção em um paciente saudável com via urinária normal dos pontos de vista estrutural e funcional. Complicada: está associada a fatores que aumentam a probabilidade de adquirir bactérias e à diminuição da eficácia da terapia. Fatores que Sugerem Infecção Complicada do Trato Urinário ➢ Anormalidade anatômica ou funcional do trato urinário ➢ Sexo masculino ➢ Gravidez ➢ Paciente idoso ➢ Diabetes ➢ Imunossupressão ➢ Infecção das vias urinárias na infância ➢ Uso recente de agentes antimicrobianos ➢ Cateter urinário de demora ➢ Instrumento do trato urinário ➢ Infecção hospitalar ➢ Sintomas com duração de mais de 7 dias na apresentação ITU nosso: Aquela que ocorre em pessoas em uso de cateterismo urinário ou feito uso de cateter nas últimas 48h. Primeira infecção ou infecção isolada: É a que ocorre em um indivíduo que nunca teve uma ITU. Infecção não resolvida: É a que não respondeu à terapia antimicrobiana e é documentada pelo mesmo microrganismo, com perfil de resistência. Infecção recorrente: é a que ocorre após resolução bem- sucedida, que ocorre pelo menos 3X ao ano ou 2 ep. nos últimos 6 meses. Existem dois tipos diferentes de infecção recorrente: 1. A reinfecção descreve um novo evento associado à reintrodução de bactérias do meio externo para dentro das vias urinárias. 2. A persistência bacteriana refere-se a uma ITU recorrente causada pela mesma bactéria que reemerge a partir de um foco dentro das vias urinárias, como cálculo infeccioso ou próstata. Recidiva: é frequentemente usado como sinônimo. Profilaxia antimicrobiana: Consiste na prevenção de reinfecções pela administração de fármacos antimicrobianos. ____________________________________________________ Epidemiologia RN-> Princ. do sexo masculino e ou não circuncidados apresentando risco ainda maior. Crianças -> 1 a 4 anos M e H, pela falta do reflexo miccional. H -> Mais comuns com o avançar da idade. M -> Mais frequentes em meninas entre 5 e 18 anos, com acentuações no início da atividade sexual e na gravidez. ____________________________________________________ Fatores de risco Sexo feminino: Uretra mais próxima do ânus e mais curta (ascensão das bactérias)/ a atividade sexual (entrada das bactérias)/ Espermicidas por alterarem o pH e a flora vaginal. Gestantes: Predisposta pois à: modificação da posição da bexiga, redução do tônus da bexiga, relaxamento da musc. da bexiga e ureter, assim como a dilatação deste último e da pelve renal favorecendo o refluxo vesicoureteral. Sexo masculino: Presença de próstatite e obstrução ureteral por hipertrofia prostática. Obstrução do trato: Interfere no fluxo urinário (estase urinária), favorecendo a proliferação bacteriana e distensão vesical. Bexiga neurogênica: Pacientes com lesão da medula espinhal, esclerose múltipla e DM, devido a disfunção motora da bexiga (estase urinária). Imunodeficientes: Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV)/síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS). ____________________________________________________ Etiologia A ITU geralmente é causada por bactérias gram-negativas (BGN) originárias da flora intestinal, sendo a princ. a Escherichia coli, após a Klebsiella sp e Proteus mirabilis. Mulheres c/ vida sexual ativa: Coco gram-positivo Staphylococus saprophyticus. Patógenos menos frequentes: Chamydia trachomatis, Ureaplasma urealyticum, Neisseria gonorrhoeae e herpes vírus. ITU hospitalar: Pseudomonas sp., Enterococcus e Staphylococcus aureus. ____________________________________________________ Vias de infecção Via ascendente As bactérias entram nas vias urinárias através da uretra até dentro da bexiga. As bactérias Gram-negativas e suas endotoxinas, assim como a gravidez e a obstrução ureteral, exercem um efeito antiperistáltico significativo. As bactérias que alcançam a pelve renal podem entrar no parênquima renal por meio dos ductos coletores nas pontas das papilas e, em seguida, ascender para dentro dos túbulos coletores. Esse processo é acelerado e exacerbado pelo aumento da pressão intrapélvica em consequência de obstrução ureteral ou refluxo vesicoureteral, em particular quando associado a refluxo intrarrenal Via Hematogênica A infecção do rim por via hematogênica é incomum em indivíduos normais. Todavia, em certas ocasiões, o rim sofre infecção secundária em pacientes com bacteriemia por Staphylococcus aureus proveniente da cavidade oral ou por fungemia por Candida. Via Linfática A extensão direta das bactérias dos órgãos adjacentes por via linfática pode ocorrer em circunstâncias incomuns, como infecção intestinal grave ou abscessos retroperitoneais. Há poucas evidências de que as vias linfáticas possam desempenhar um papel significativo na maioria dos casos de ITUs. ____________________________________________________ Fisiopatologia A capacidade desses organismos, para colonizar e persistir no trato urinário é dependente de fatores de virulência que incluem toxinas, adesinas e proteínas de captação de ferro. Quando a virulência bacteriana aumenta ou os mecanismos de defesa do hospedeiro diminuem, ocorrem inoculação, colonização e infecção bacterianas das vias urinárias. Fatores de virulência das bactérias Por meio da expressão de fatores de virulência que lhes permitem aderir e colonizar o períneo e a uretra e migrar até as vias urinárias, onde desencadeiam uma resposta inflamatória no urotélio. Análise genoma cepa, revelou a presença de genes para supostos sistemas de condutores-chaperonas, bem como de proteínas autotransportadoras que podem atuar como adesinas, toxinas, proteases, invasinas, fatores de resistência séricos ou mediadores da motilidade. Um autotransportador, Sat, parece tóxico para as células das vias urinárias e pode causar vacuolização citoplasmática e lesão histológica grave em rins de camundongo. Toxina hemolisina (HlyA), forma poros em uma variedade de membranas celulares do hospedeiro; a UPEC produz vários sistemas de aquisição de ferro, incluindo aerobactina e o sistema IroN. Por fim, produz uma cápsula de polissacarídeo ácido, que protege a bactéria da fagocitose pelos leucócitos polimorfonucleares e inibe a ativação do complemento. Patogênia Aderência Bacteriana A UPEC expressa diversas adesinas que possibilitam a sua fixação aos tecidos das vias urinárias. Podem ser adesinas das fímbrias ou adesinas não associadas a fímbrias, essas expressam fímbrias rígidas ou pilus. OBS: Os pili (tipos 1, P e S) são definidos pela capacidade de mediar a hemaglutinação de tipos específicos de eritrócitos. ❖ Pili Tipo 1 (Sensíveis à Manose) Promovem hemaglutinação sensível à manose e demonstraram que interações entre FimH e receptores expressos sobre a superfície luminal do epitélio vesical são fundamentais para a colonização da bexiga. ❖ Pili P (Resistentes à Manose) Promovem hemaglutinação resistente à manose. Os pili P conferem tropismo para os rins. A adesina PapG, situada na extremidade do pilus, reconhece a porção α-D-galactopiranosil-(1-4)-β- D-galactopiranosídeo presente nas globosidades dos glicolipídeos, que são encontrados no uroepitélio. ❖ Pili S Os pili S, que se ligam a resíduos de ácido siálico por meio da adesina SfaS(associados à infecção vesical e renal). Os pili F1C ligam-se a glicoesfingolipídeos nas células epiteliais renais e induzem uma resposta inflamatória de interleucina-8. A adesão de organismos na bexiga ou no rim ativa a resposta imune inata, levando à liberação de citocinas (IL-6 e IL-8), e mobiliza os leucócitos (piúria e sintomas locais ou sistêmicos, incluindo febre na pielonefrite). Mecanismos de resistência ❖ Ligações de Captura Foi constatado que a afinidade da E. coli que expressa alelos FimH específicos para os eritrócitos é intensificada pelo estresse de cisalhamento. Em condições estáticas reduziram as interações FimH- eritrócito. Em condições dinâmicas aumentam as interações FimH- eritrócito. O aumento da aderência na presença de cisalhamento parece promover a retenção da UPEC na uretra e na bexiga durante a micção e nos ureteres contra o peristaltismo. Na ausência de cisalhamento, a redução da afinidade de FimH facilitaria a difusão, promovendo, assim, a infecção ascendente. ❖ Biofilme Os biofilmes (proteína Tamm-Horsfall e íons magnésio ou cálcio) protegem as bactérias dos desafios ambientais, como os agentes antimicrobianos e a resposta imune do hospedeiro. As características do biofilme que aumentam a proteção consistem em taxa de crescimento mais lenta das bactérias, com mudanças fisiológicas associadas, expressão de fatores que inibem a atividade antimicrobiana e a incapacidade do agente antimicrobiano de penetrar na matriz do biofilme. Principais alterações nos mecanismos de defesa do hospedeiro ❖ Obstrução A obstrução do fluxo de urina em todos os níveis anatômicos constitui um fator fundamental no aumento da suscetibilidade do hospedeiro ao desenvolvimento de ITU. A obstrução inibe o fluxo normal de urina, e a estase resultante compromete os mecanismos de defesa da bexiga e dos rins. A estase também contribui para a proliferação das bactérias na urina e a sua capacidade de aderir às células uroteliais. ____________________________________________________ Quadro Clínico Cistite: Disúria, polaciúria, urgência miccional, dor em região supra púbica e hematúria. Idosos -> alteração do nível de consciência e/ou alterações do comportamento. Pielonefrite: Sinais e sintomas sistêmicos direcionam p/ pielonefrite- febre, calafrios, vômitos, náuseas, sinal de Giordano positivo e dor lombar. É importante avaliar o estado geral do paciente e considerar internação caso haja suspeita de pielonefrite complicada devido ao risco de progressão para um quadro de sepse. ____________________________________________________ Diagnóstico O diagnóstico presuntivo de ITU é estabelecido por meio de exame direto ou indireto da urina, sinais e sintomas e confirmado pela cultura de urina. O exame e a cultura de urina falso-positivos são devidos à contaminação da amostra de urina por bactérias e leucócitos durante a coleta. Isso tem mais tendência a ocorrer em amostras obtidas durante a micção, mas também pode ser observado durante o cateterismo uretral. A aspiração suprapúbica de urina da bexiga tem menos probabilidade de produzir contaminação da amostra; por conseguinte, possibilita uma avaliação mais acurada do estado da urina na bexiga. Bacteinuria: Crescimento de 105 unidades formadoras de colônia por mililitro na urocultura. Pacientes com sintomas típicos de infecção com 10² UFC/mL, pode ser considerado significativo. Achados no exame de urina ➢ Piúria/Cilindros leucocitários ➢ Esterase leucocitária (Enzima produzida pelos leucócitos degradados) ➢ Nitrito positivo: Presença de bactéria (enterobactérias bacilos Gram- negativos) que são capazes de converter o nitrato em nitrito na urina. Técnicas de diagnóstico por imagem Não há necessidade de exames de imagem na maioria das mulheres com ITU. Entretanto, em pacientes de alto risco, os exames radiológicos podem revelar a presença de processos infecciosos agudos que exigem maior intervenção, ou podem a causa de infecções complicadas. Ex 1: ITU associada a obstrução das vias urinárias; ➢ Cálculos infecciosos (de estruvita) ➢ Tumores ureterais ➢ Estenose ureteral ➢ Obstruções congênitas ou cirurgia geniturinária prévia ➢ Papilas necróticas impactadas podem causar obstrução ureteral aguda. Ex 2: Quando os sintomas de pielonefrite clínica aguda persistem depois de 5 a 6 dias de terapia antimicrobiana adequada. Ex 3: Persistência bacteriana. Nos pacientes cuja bacteriúria não responde à terapia antimicrobiana adequada ou que sofrem rápida recorrência da infecção, devem-se investigar anormalidades passíveis de causar persistência bacteriana. Anormalidades Urológicas Passíveis de Correção que Produzem Persistência Bacteriana ➢ Cálculos infecciosos ➢ Prostatite bacteriana crônica ➢ Rim atrófico infectado unilateral ➢ Duplicação ureteral e ureteres ectópicos ➢ Corpos estranhos ➢ Divertículos uretrais e infecção das glândulas periuretrais ➢ Rim esponjoso medular unilateral ➢ Cotos ureterais infectados sem refluxo e de aspecto normal após nefrectomia ➢ Cistos do úraco infectados ➢ Cistos comunicantes infectados dos cálices renais ➢ Necrose papilar ➢ Abscesso perivesical com fístula para a bexiga Pontos importantes: ✓ Urocultura > 102 a 105 UFC/mL + sintomas = ITU. ✓ Urocultura > 105 UFC/mL na ausência de sintomas = bacteriúria assintomática. ✓ Sintomas urinários baixos = cistite. ✓ Sintomas sistêmicos = pielonefrite. ____________________________________________________ Tratamento Cistite não complicada 1° Linha ❖ Nitrofurantoína Classe: Nitroimidazólico Nome comercial: Macrodantina®, Nitrofen® Apresentação: 100mg Via: Oral Posologia: 100mg, 6/6h, por 7-10 dias Observações: Gestantes, profilaxia ❖ Sulfametoxazol + Trimetropim Classe: Sulfonamida + Diamino-pirimidina Nome comercial: Bactrim®, Bacfar®, Bacsulfaprim®, Bacteracin®, Infectrin® Apresentação: 400mg+80mg; 800mg+160mg Via: Oral Posologia: 800+160mg, 12/12h, por 3 dias Observações: Atenção para alérgicos à Sulfonamidas. ❖ Fosfomicina Nome comercial: Monuril®, Belemina®, Traturil® Apresentação: 5,631g (grânulo), equivalente a 3g de Fosfomicina Via: Oral Posologia: 3g, VO, dose única Diluição: dissolver em 50-75mL e mexer Observações: Idosos 2° Linha ❖ Norfloxacina Classe: Fluoroquinolona Nome comercial: Neofloxin®, Floxamox®, Norxacin®, Quinoform® Apresentação: 400mg Via: Oral Posologia: 400mg, 12/12h, por 3 dias ❖ Ciprofloxacina Classe: Fluoroquinolona Nome comercial: Cipro®, Proxacin®, Proflox®, Quinolox®, Besflox® Apresentação: 250mg ou 500 mg Via: Oral Posologia: 250mg, 12/12h, por 3 dias Posologia: 500 mg – 12/ 12 hrs – 7 dias ❖ Cefuroxima Classe: Cefalosporina de 2°G Nome comercial: Zinnat® Apresentação: Pó para suspensão oral: 50mg/mL. Via: Oral Posologia: 125mg (2,5mL), 12/12h, por 7 dias Observações: Existe comprimido revestido de 250mg, se único disponível, não partir ❖ Amoxicilina + Clavulonato Classe: Aminopenicilina + Inibidor da Beta-lactamase Nome comercial: Uciclav®, Lânico®, Sigma-Clav®,Sigma- Clav BD®, Clavulin®, Clavulin BD®, Clavulin ES®, Novamox®, Policlavumoxil®, Policlavumoxil BD®, Sinot Clav®, Claxam® Apresentação: 500mg+125mg Via: Oral Posologia: 500mg, 8/8h, por 5-7 dias Observação: Gravidas não podem Pielonefrite não complicada 1° Linha ❖ Ciprofloxacina Classe: Fluoroquinolona Nome comercial: Cipro® Apresentação: 400mg Via: Intravenosa Posologia: 400mg, IV, 12/12 horas por 7-10 dias ❖ Levofloxacina Classe: Fluoroquinolona Nome comercial: Tamiran®, Lovotac®, Levaflox® Apresentação: 5mg/ml Via: Intravenosa Posologia: 750mg, IV, 1x ao dia por 7-10 dias 2° Linha ❖ Ceftriaxone Classe: Cefalosporina de 3°G Nome comercial: Rocefin®Apresentação: 1000mg Via: Intravenosa Posologia: 1g, IV, 12/12h por 7-10 dias ❖ Cefuroxima Classe: Cefalosporina de 2°G Nome comercial: Zinacef®, Keroxime®, Zencef®, Monocef® Apresentação: 750mg Via: Intravenosa Posologia: 750mg, 8/8h, por 7 dias ____________________________________________________ Escolha do antibiótico Cistite aguda não complicada A presença de sintomas típicos é suficiente para a Antibioticoterapia, inicialmente. A depender da evolução dos sintomas, eventualmente a urocultura é necessária. Principais antibióticos utilizados: Padrão ouro: NITROFURANTOÍNA e FOSFOMICINA. Em gestantes: Antibioticoterapia imediata, com solicitação de urocultura obrigatória, bem como realizar a urocultura de controle, para confirmar a eficácia terapêutica. Cistite de repetição Nos casos clássicos de cistite de repetição, sem evidências de complicação e sem sinais de alteração anatômica do trato urinário, não há necessidade de exame de imagem. As primeiras medidas a serem tomadas não são antimicrobianas. São elas: ➢ Modificações comportamentais e de higiene adequada; ➢ Evitar espermicidas/diafragmas; ➢ Terapia estrogênica vaginal em mulheres pós- menopausadas. Antibioticoprofilaxia: Dose reduzida diária por 6 meses, preconizando a tomada do antibiótico antes ou após o coito. Em gestantes: Proceder à antibioticoprofilaxia e estendê-la até a segunda semana do puerpério. Pielonefrite não complicada Principais antibioticos para pielonefrite: NITROFURANTOÍNA NÃO PODE SER UTILIZADA (BAIXA PENETRAÇÃO EM PARÊNQUIMA RENAL). Em gestantes: Solicitar urocultura a partir de 12 a 16 semanas -> Feito o diagnóstico -> tratamos -> após uma semana do término do tratamento -> urocultura de controle -> Caso persistência do mesmo germe -> repetir o tratamento com curso maior de duração. Pielonefrite complicada: ➢ Uma dose inicial de ertapenem ou ceftriaxona VI ➢ Seguida de prescrição via oral de quinolona (ciprofloxacino 500 mg, de 12 em 12 horas, ou levofloxacino 750 mg, uma vez ao dia). OBS: Pacientes hospitalizados Indicações de exame de imagem - Gravidade clínica à admissão (sepse ou choque séptico) - Ausência de melhora clínica após 48-72 horas de antibioticoterapia direcionada - Suspeita de obstrução urinária (redução de função renal e/ou oligúria) Para que? Com intuito de identificar um quadro de pielonefrite obstrutiva, caso há é indicada avaliação urológica para possível desobstrução. Se há sepse (ou choque séptico) ➢ Indica-se exame de imagem obrigatoriamente. ➢ Optamos por antibioticoterapia de amplo espectro com cobertura empírica para enterobactéria produtora de betalactamase de espectro estendido (ESBL) e Staphylococcus oxaresistente (MRSA), até resultados de culturas. Se não há sinais de sepse ➢ Solicitar exame de imagem ➢ Iniciar ATBterapia Risco de germe multirresistente? Não -> Ceftriaxona ou Quinolona + Vancomicina se Gram + Sim -> Tazocin ou Carbapenemico + Vancomicina de Gram + ____________________________________________________ Complicações ITU Baixa Cistite enfisematosa: Complicação rara, típica dos diabéticos, levando à formação de gás na parede da bexiga. O quadro está relacionado à obstrução do trato urinário e eventualmente requer uma abordagem com cistectomia. ITU Alta A pielonefrite aguda pode se associar a uma série de complicações graves: 1) sepse; 2) obstrução urinária; 3) abscesso intrarrenal; 4)abscesso perinefrético; 5) pielonefrite enfisematosa; 6)necrose de papila renal; 7) pielonefrite crônica; 8)pielonefrite xantogranulomatosa. ____________________________________________________ PRÓSTATITE Definição Inclui anormalidades tanto infecciosas ou não infecciosas da próstata. As infecções podem ser agudas ou crônicas, quase sempre são bacteriana e quando não infecciosa de síndrome de dor pélvica crônica (prostatite crônica). Classificação: 1) Próstatite bacteriana aguda; 2) Prostatite bacteriana crônica; 3) Síndrome da dor pélvica crônica, inflamatória (próstatite crônica não bacteriana) ou não inflamatória (prostatodinia). ____________________________________________________ Epidemiologia Cerca de 50% dos homens apresentam sintomas de inflamação prostática durante a vida adulta, onde, em somente 5-10% desses casos exista participação bacteriana. ____________________________________________________ Etiologia Etiologia é bacteriana (aguda ou crônica): Em especial a E. coli (80%). Também a Klebsiella, Proteus e Pseudomonas (10 a 15%), bem como os Enterococcus (5 a 10%). Caso a próstatite nosocomial: E. coli e outras enterobactérias MDR – multidroga-resistente. ____________________________________________________ Fisiopatologia Os agentes infecciosos provêm do refluxo de urina pelos ductos prostáticos e ejaculatórios, respectivamente. ____________________________________________________ Quadro clinico # Prostatite bacteriana aguda: Manifesta-se na forma de disúria, polaciúria e dor na área prostática, pélvica ou perineal. Em geral, há febre e calafrios, e os sintomas de obstrução do orifício vesical são comuns. O toque retal deve ser extremamente cuidadoso, pois podem desencadear bacteremia e sepse grave. A próstata está aumentada e sensível, além de tensa e quente à palpação. Além da área de flutuação indica a presença de um abscesso. # Próstatite bacteriana crônica: Manifesta-se de forma mais insidiosa, como episódios recorrentes de cistite, algumas vezes com dor pélvica e perineal associada. Os homens que apresentam cistite recorrente devem ser avaliados quanto a um foco prostático, além de retenção urinária. O toque retal costuma ser normal ou revelar HPB. # Síndrome da dor pélvica crônica: Grande dor perineal, que pode se irradiar para a região lombar e hipogastro; associado por sintomas urinários (disúria, polaciúria e odinorgasmia). Os achados ao toque retal são variáveis (muitos pacientes apresentam HPB concomitante). ____________________________________________________ Diagnóstico # Próstatite bacteriana aguda: Combinação de um quadro clínico típico (disúria, polaciúria e dor na área prostática, pélvica ou perineal, febre, calafrios, e os sintomas de obstrução do orifício vesical) com demonstração do patógeno em urinocultura convencional. # Prostatite bacteriana crônica: Quadro clínico típico, porém este é aliado à coleta de diversas amostras de urina... São pelo menos três amostras: 1ª– jato inicial (uretral); 2ª– jato médio (vesical); 3ª – jato pós-massagem prostática (secreção prostática). O diagnóstico é estabelecido se a cultura da 3ª amostra for positiva e sua contagem de colônias for pelo menos 10X maior que a contagem das outras amostras. _______________________________________________ Tratamento Menos de 35 anos: O paciente deve ser internado e a Antibioticoterapia (Ofloxacina) deve ser venosa (pelo menos nos primeiros dias) -> Após melhora do quadro, o tratamento passa para a via oral -> A duração total da terapia deve ser de 30 dias. Mais de 35 anos: Antibioticoterapia prolongada (ciprofloxacina ou sulfametoxazol + trimetoprima), via oral, geralmente por três meses. ____________________________________________________ 2- Descrever a hiperplasia prostática benigna Definição A (HPB) é definida, histologicamente por hiperplasia das células tanto epiteliais quanto estromal, que começa na área periuretral. Com o envelhecimento, verifica-se o crescimento de nódulos hiperplásicos pequenos, que coalescem e comprimem o tecido normal externamente. _______________________________________________ Epidemiologia O processohiperplásico começa frequentemente na terceira década de vida; em torno dos 80 anos de idade, 85% dos homens apresentam HPB. Manifestações clínicas de HPB antes dos 65 anos de idade em um parente de 1° grau também constitui um fator de risco. Além de, Negros, obesos e sedentários. ____________________________________________________ Anatomia funcional A próstata é uma glândula com tamanho aprox.. ao de uma noz e com peso de, aprox. 20 a 30g. Zona de transição: HPB- associado à hipertonia muscular da próstata leva à compressão mecânica da uretra, obstruindo o fluxo urinário. Zona periférica: Câncer de próstata- contém a maioria absoluta do tecido glândula. ____________________________________________________ Fisiopatologia A testosterona é transformada em DHT por ação de uma enzima 5-alfarredutase. A testosterona e, princ., a DHT se ligam a um receptor androgênico específico, este complexo DHT-receptor se fixa em segmentos específicos das moléculas de DNA, estimulando a transcrição de genes sensíveis aos androgênios e promovendo a proliferação. Nos pacientes com HPB, há aumento de concentração tecidual de DHT, que formam complexos mais estáveis com os receptores androgênicos, exercendo efeito proliferativo intenso das células prostáticas. Aparecimento de sintomas miccionais; 3 fenômenos fisiopatológicos: (1) Componente estático: O aumento volumétrico da próstata provoca diminuição do calibre e aumento da resistência uretral, dificultando o esvaziamento vesical. (2) Componente dinâmico: Em que o aumento da atividade alfa-adrenérgica nas fibras musculares hipertrofiadas provoca a elevação da resistência uretral; (3) Componente vesical: Decorrente de alterações secundárias à obstrução produzida pela HPB na musculatura detrusora, traduz-se em hiperatividade, como resposta ao esforço contínuo na tentativa de esvaziamento, ou em hipoatividade, como resultante da falência muscular nas fases mais avançadas da doença. ____________________________________________________ Quadro clinico Os sintomas são divididos em três grupos: # Sintomas de Armazenamento: Polaciúria, noctúria, urgência, incontinência urinária e enurese noturna. # Sintomas de Esvaziamento: Jato fraco, bífido ou intermitente, hesitação, esforço miccional e gotejamento terminal. # Sintomas Pós-miccionais: Tenesmo vesical (esvaziamento incompleto) e gotejamento pós-miccional. Exame físico: Toque retal (TR) Fibroelástica, móvel, USA, sem nodulações, regular e simétrico, aumentado e sulco mediano preservado. ____________________________________________________ Diagnóstico Na avaliação inicial usa- se o I-PSS para avaliar o manejo. (Escore Internacional de Sintomas Prostáticos). Todos os pacientes com prostatismo devem ser submetidos à dosagem de antígeno prostático específico (PSA) e toque retal, com a finalidade de excluir neoplasias. Exames complementares # Exame Qualitativo de Urina (EQU): Realizado para excluir infecção e hematúria. # Função renal (Creatinina/Taxa de filtração glomerular): Pacientes com história clínica sugestiva de doença renal, retenção urinária, hidronefrose, e/ou candidatos a tratamento cirúrgico. # Ecografia das Vias Urinárias: Recomendada em paciente com função renal reduzida ou infecção urinária. Mostra: o tamanho da próstata, lesão em trato urinário superior ou inferior e espessamento da parede vesical. ____________________________________________________ Tratamento Indicado para pacientes com obstrução importante ou sintomas que comprometam a qualidade de vida (geralmente moderados a graves, segundo o IPSS). Terapia expectante (vigilância ativa) Sem uso de medicamentos ou cirurgia, é baseada exclusivamente em mudanças comportamentais. Indicado p/ assintomáticos ou sintomas leves. Terapia farmacológica Indicado p/ pacientes com sintomas moderados a grave. Terapia Cirúrgica/ Complicações Indicados p/ pacientes com sintomas graves ou moderados, que não apresentam boa resposta ao tratamento clínico. A cirurgia também está indicada para os casos em que existam complicações relacionadas à HPB: 1) Falha da terapia medicamentosa; 2) Retenção urinária aguda refratária ou de repetição 3) Infecções recorrentes do trato urinário; 4) Alterações vesicais: cálculos vesicais e divertículos; 5) Hematúria macroscópica persistente ou recorrente; 6) Hidronefrose; 7) Incontinência paradoxal. Nitrofurantoína Sulfametoxazol + Trimetropim Fosfomicina Norfloxacina Ciprofloxacina Cefuroxima Amoxicilina + Clavulonato 1 Linha Ciprofloxacina Levofloxacina 2 Linha Ceftriaxone Cefuroxima
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