Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO CONSTITUCIONAL Profª. Liz Rodrigues Teoria da Constituição Princípios de Interpretação Constitucional Princípios de Interpretação Constitucional - A interpretação constitucional tem algumas peculiaridades e, além dos métodos, costumam ser apontados princípios específicos de interpretação constitucional. - Como regra geral, segue-se a sistematização feita por Hesse, que indica um conjunto de princípios instrumentais que devem ser utilizados na concretização da Constituição. Princípios de Interpretação Constitucional - Princípio da unidade da Constituição: a Constituição deve ser interpretada como um todo, afastando as aparentes antinomias. - O intérprete deve harmonizar os “espaços de tensão” existentes entre as normas constitucionais que devem ser concretizadas (Canotilho). - Princípio do efeito integrador: deve-se dar a primazia a critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política (Canotilho). Princípios de Interpretação Constitucional - Princípio da máxima efetividade: a norma constitucional deve ter a mais ampla efetividade social. Deve-se preferir a interpretação que traga a maior eficácia aos direitos fundamentais. - Princípio da justeza ou da conformidade (exatidão ou correção): o intérprete é responsável por manter a força normativa da Constituição e ser fiel a ela, não podendo chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido. Princípios de Interpretação Constitucional - Princípio da concordância prática ou harmonização: os bens jurídicos devem coexistir de forma harmônica e deve-se evitar o sacrifício total de um em relação a outro. - Não há hierarquia entre os princípios, de modo que todos devem ser preservados. - Princípio da força normativa: na solução dos problemas, deve-se optar pela solução que contribui para uma eficácia ótima da lei fundamental, contribuindo para a sua atualização e permanência. Princípios de Interpretação Constitucional - Princípio da interpretação conforme à Constituição: em se tratando de normas que possuem mais de um significado, deve-se preferir a interpretação que mais se aproxime da Constituição, não contrariando o seu texto. - Lenza explica que este princípio inclui as seguintes noções: • prevalência da Constituição: deve-se preferir a interpretação não contrária à Constituição; Princípios de Interpretação Constitucional • conservação de normas: percebendo o intérprete que uma lei pode ser interpretada em conformidade com a Constituição, ele deve assim aplicá-la para evitar a sua não continuidade; • exclusão da interpretação contra legem: o intérprete não pode contrariar o texto literal e o sentido da norma para obter a sua concordância com a Constituição; Princípios de Interpretação Constitucional • espaço de interpretação: só se admite a interpretação conforme a Constituição se existir um espaço de decisão e, dentre as várias a que se chegar, deverá ser aplicada aquela em conformidade com a Constituição; • rejeição ou não aplicação de normas inconstitucionais: uma vez realizada a interpretação da norma, pelos vários métodos, se o juiz chegar a um resultado contrário à Constituição, em realidade, deverá declarar a inconstitucionalidade da norma, proibindo a sua correção contra a Constituição; Princípios de Interpretação Constitucional • intérprete não pode atuar como legislador positivo: não se aceita a interpretação conforme a Constituição quando, pelo processo de hermenêutica, se obtiver uma regra nova e distinta daquela objetivada pelo legislador e com ela contraditória, em seu sentido literal ou objetivo. Deve-se, portanto, afastar qualquer interpretação em contradição com os objetivos pretendidos pelo legislador. Princípios de Interpretação Constitucional - Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade: princípio muito importante para a solução de colisão de valores. É utilizado para aferir a legitimidade de restrições de direitos e o equilíbrio na concessão de benefícios, poderes e privilégios. - Devem ser preenchidos três elementos: • necessidade: por alguns denominada exigibilidade, a adoção da medida que possa restringir direitos só se legitima se indispensável para o caso concreto e não se puder substituí-la por outra menos gravosa; Princípios de Interpretação Constitucional • adequação: também chamado de pertinência ou idoneidade, quer significar que o meio escolhido deve atingir o objetivo perquirido; • proporcionalidade em sentido estrito: sendo a medida necessária e adequada, deve-se investigar se o ato praticado, em termos de realização do objetivo pretendido, supera a restrição a outros valores constitucionalizados. Princípios de Interpretação Constitucional - Regras e princípios: tipos de normas contidas na Constituição e que não possuem relação de hierarquia entre si. - A distinção entre as duas categorias foi feita por Dworkin, mas Alexy desenvolveu o conceito e caracterizou os princípios como “mandados de otimização”. Observe: - Regras: “... são normas que são sempre ou satisfeitas ou não satisfeitas. Se uma regra vale, então, deve se fazer exatamente aquilo que ela exige; nem mais, nem menos. Princípios de Interpretação Constitucional - Regras contêm, portanto, determinações no âmbito daquilo que é fática e juridicamente possível. Isso significa que a distinção entre regras e princípios é uma distinção qualitativa, e não uma distinção de grau. Toda norma é ou uma regra ou um princípio”; - Princípios: “... normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes. Princípios de Interpretação Constitucional - Princípios são, por conseguinte, mandamentos de otimização, que são caracterizados por poderem ser satisfeitos em graus variados e pelo fato de que a medida devida de sua satisfação não depende somente das possibilidades fáticas, mas também das possibilidades jurídicas. O âmbito das possibilidades jurídicas é determinado pelos princípios e regras colidentes” (apud Lenza). Princípios de Interpretação Constitucional - Virgílio Afonso da Silva lembra que “... não só as teses de ambos os autores não são idênticas — a própria ideia de otimização não está presente nas obras de Dworkin —, como também a possibilidade de única resposta correta é rejeitada expressamente pela teoria dos princípios na forma defendida por Alexy. O que o conceito de mandamento de otimização impõe é o que se pode chamar de ideia regulativa, ou seja, uma ideia que sirva para guiar a argumentação em um determinado sentido. Princípios de Interpretação Constitucional - Várias podem ser as respostas que satisfaçam as exigências de otimização. Quanto maior o número de variáveis — e de direitos — envolvidos em um caso concreto, maior tenderá a ser a quantidade de respostas que satisfaçam o critério de otimização”.
Compartilhar