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ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO COM ÊNFASE EM ENGENHARIA DE INSTALAÇÕES NO MAR ENGENHARIA QUÍMICA TRANSFERÊNCIA DE CALOR ANDRÉ ALEIXO MANZELA MACAÉ FEVEREIRO / 2017 1 ÍNDICE 1 - Introdução à transferência de calor 3 1.1 - Condução 3 1.2 - Convecção 4 1.3 - Radiação 6 1.4 - Conservação de energia 8 2 - Condução de calor 12 2.1 - Equação da difusão de calor 12 3 - Condução unidimensional em regime permanente 17 3.1 - Circuitos térmicos 22 3.2 - Raio crítico de isolamento 25 3.3 - Superfícies estendidas 27 4 - Condução em regime transiente 31 4.1 - Método da capacitância global 31 4.2 - Efeitos espaciais 34 4.3 - Constante de tempo e tempo de resposta 39 5 - Convecção de calor 41 5.1 - Camadas limites de convecção 41 5.1.1 - Camada limite de velocidade 42 5.1.2 - Camada limite térmica 42 5.2 - Escoamentos laminar e turbulento 43 6 - Convecção em escoamento externo 45 6.1 - Metodologia para cálculos de convecção 45 7 - Convecção em escoamento interno 47 7.1 - Considerações hidrodinâmicas 47 7.2 - Considerações térmicas 48 7.2.1 - A temperatura média 48 7.2.2 - Lei do Resfriamento de Newton / Condições completamente desenvolvidas 49 7.2.3 - Balanço de energia 49 8 - Convecção livre (ou natural) 53 9 - Trocadores de calor 56 2 9.1 - Tipos de trocadores de calor 56 9.2 - Coeficiente global de transferência de calor 58 9.3 - A média logarítmica das diferenças de temperatura 59 Bibliografia 62 Apêndice - Tabelas de propriedades 63 Apêndice 1 - Propriedades termofísicas de materiais 63 Apêndice 2 - Propriedades termofísicas de gases 67 Apêndice 3 - Propriedades termofísicas de líquidos saturados 68 Apêndice 4 - Propriedades termofísicas da água saturada 69 3 1 - Introdução à transferência de calor Na termodinâmica se estuda a transferência de energia devido às interações entre um sistema e sua vizinhança, sendo estas interações conhecidas por trabalho e calor. Porém não se analisa a natureza destas interações, mas suas conseqüências. O objetivo da transferência de calor é justamente estender a análise realizada na termodinâmica através da avaliação de como calor é transferido, ou seja, dos mecanismos envolvidos na transferência de calor. Calor é o nome que se dá à energia enquanto esta se transfere entre um sistema / volume de controle e sua vizinhança devido a uma diferença de temperatura entre estes meios. Se há diferença de temperatura, há transferência de calor, sendo esta transferência do meio de maior temperatura para o meio de menor temperatura. A transferência de calor pode ocorrer de três formas: - condução: quando existe um gradiente (diferença) de temperatura em um meio estacionário, que pode ser um sólido ou um fluido em repouso (estagnado); - convecção: quando um fluido em movimento e uma superfície se encontram a diferentes temperaturas; - radiação: quando duas superfícies estão a diferentes temperaturas. 1.1 - Condução A condução de calor ocorre através das interações entre átomos / moléculas, podendo ser vista como a transferência de energia de partículas mais energéticas para partículas de menor energia, sendo estas energias associadas às temperaturas de tais partículas. Para quantificar a taxa (quantidade por unidade de tempo) de transferência de calor por condução utiliza-se a Lei de Fourier: ∂ ∂+ ∂ ∂+ ∂ ∂−=∇−= k̂ z T ĵ y T î x T K.A.Tk.A.q rr (1) onde: q r : taxa de transferência de calor (neste caso por condução) [ ]W 4 k : condutividade térmica do meio m.K W Α : área da seção reta transversal à direção do fluxo de calor 2m T∇ r : gradiente de temperatura no meio m K Vale ressaltar que a taxa de transferência de calor é uma grandeza vetorial, ou seja, possui módulo, direção e sentido. O sinal negativo no 2º membro da equação (1) é devido ao fato do calor ser transferido no sentido da diminuição de temperatura. A condutividade térmica é uma grandeza que mede a capacidade de um meio de conduzir calor, sendo maior em sólidos que em líquidos, e maior em líquidos que em gases. Uma outra forma de expressar a Lei de Fourier é através do fluxo de calor ( )"qr : Tk. A q "q ∇−== rrr (2) Numa situação de transferência de calor unidimensional, ou seja, numa única direção (x, por exemplo), a Lei de Fourier se resumiria a: dx dT k.A. x q −= (3) 1.2 - Convecção O modo de transferência de calor por convecção envolve dois mecanismos. Além da transferência de energia devida ao movimento atômico / molecular, energia também é transferida através do movimento global (ou macroscópico) do fluido. O termo advecção é usado para se referir à transferência de energia devida exclusivamente a esse movimento global do fluido. A convecção se classifica em convecção forçada (quando o movimento do fluido é causado por meios externos como um ventilador, uma bomba etc.), em convecção livre ou natural (quando o movimento do fluido é induzido por diferenças de densidade causadas por diferenças de temperatura) e em convecção mista (combinação das anteriores). 5 Utiliza-se a Lei do Resfriamento de Newton para quantificar a taxa de transferência de calor por convecção: ∆Th.A.q = r (4) onde: q r : taxa de transferência de calor (neste caso por convecção) [ ]W h : coeficiente convectivo .K2m W A : área de contato do fluido com a superfície 2m ∆T : diferença de temperatura entre o fluido e a superfície [ ]Cou K o O coeficiente convectivo depende da geometria da superfície, da natureza do escoamento do fluido, e de uma série de propriedades termodinâmicas e de transporte do fluido. Utiliza-se o módulo da diferença de temperatura entre o fluido e a superfície para evitar valores negativos para a taxa de transferência de calor, bastando identificar o sentido desta através da verificação das temperaturas do fluido e da superfície (o sentido será do meio de maior temperatura para o meio de menor temperatura). A temperatura a ser considerada para o fluido é aquela fora da camada limite térmica ( )∞T . Camada limite térmica é a região na qual a temperatura varia desde a temperatura da superfície até a temperatura do fluido que não está trocando calor com a superfície (figura 1). Figura 1 - Camada limite térmica 6 Pode-se expressar a Lei do Resfriamento de Newton (equação (4)) através do fluxo de calor ( )"qr : Th. A q "q ∆== r r (5) 1.3 - Radiação Radiação térmica é a energia emitida por toda matéria que se encontra a uma temperatura não nula. Embora a atenção seja voltada para superfícies, é importante saber que gases e líquidos também produzem radiação térmica. A radiação térmica é transportada por meio de ondas eletromagnéticas, não sendo necessária, portanto, a presença de um meio físico para este transporte. O fluxo de calor emitido por radiação por uma superfície é dado pela Lei de Stefan- Boltzmann: 4 sup .T. sup ε sup E σ= (6) onde: sup E : fluxo de calor emitido por uma superfície ou poder emissivo de uma superfície 2m W sup ε : emissividade da superfície [adimensional] σ : constante de Stefan-Boltzmann = 42 8- .Km W 5,67.10σ sup T : temperatura absoluta da superfície [K] A emissividade varia entre 0 e 1, sendo a medida da capacidade de emissão de energia por radiação de uma superfície em relação a um corpo negro (aquele corpo que tem o máximo poder emissivo para determinada temperatura, ou seja, 4 sup σ.T n E = ). O fluxo de calor por radiação que incide sobre uma superfície é chamado de irradiação. A parcela da irradiação que é absorvida pela superfície é dadapor: 7 .G sup α abs G = (7) onde: abs G : irradiação absorvida pela superfície 2m W sup α : absortividade da superfície [adimensional] G: irradiação 2m W A absortividade varia entre 0 e 1, sendo função da natureza da irradiação e da superfície. Um caso específico que ocorre com freqüência é aquele onde uma pequena superfície à temperatura sup T troca radiação com uma superfície isotérmica muito maior que envolve completamente a menor. Nesta situação pode-se considerar que a superfície menor apresenta εα = (corpo cinza) e a irradiação da vizinhança pode ser aproximada pela emissão de um corpo negro, sendo o fluxo líquido de calor por radiação dado por: 4 viz T4 sup T.. sup ε 4 viz .T. sup ε4 sup .T. sup ε 4 viz .T. viz .ε sup ε4 sup .T. sup ε .G sup α4 sup .T. sup ε abs G sup E"q −= =−= =−= =−= =−= σ σσ σσ σ r (8) onde: "q r : fluxo líquido de calor por radiação entre a superfície e a vizinhança 2m W viz T : temperatura absoluta da vizinhança (superfícies vizinhas) [ ]K 8 Utiliza-se o módulo da diferença entre o poder emissivo da superfície e a irradiação absorvida para evitar valores negativos para o fluxo líquido de calor por radiação, bastando identificar o sentido deste através da verificação das temperaturas da superfície da vizinhança. Reescrevendo a equação (8) através da taxa líquida de transferência de calor por radiação ( )qr : 4 viz T4 sup TA.. sup ε".Aqq −== σ. rr (9) Existem aplicações nas quais é conveniente expressar a equação (9) da seguinte forma: viz T sup T.A. r hq −= r (10) onde: r h : coeficiente convectivo de radiação .K2m W O coeficiente convectivo de radiação equivale, então, a: + += 2 viz T2 sup T. viz T sup T.. sup ε r h σ (11) 1.4 - Conservação de energia Aplicando-se a 1ª Lei da Termodinâmica (conservação de energia) a um sistema / volume de controle tem-se duas opções: - num intervalo de tempo ( )∆t (figura 2): 9 Figura 2 - Balanço de energia num sistema / volume de controle num intervalo de tempo ( )∆t ac ∆E s E g E e E =−+ (12) onde: e E : quantidade de energia térmica e mecânica que entra no sistema / volume de controle no intervalo de tempo ∆t g E : quantidade de energia térmica gerada no interior do sistema / volume de controle no intervalo de tempo ∆t s E : quantidade de energia térmica e mecânica que sai do sistema / volume de controle no intervalo de tempo ∆t ac ∆E : variação da quantidade de energia térmica armazenada (acumulada) no interior do sistema / volume de controle no intervalo de tempo ∆t ( ) ( )( )latentecalor m.h ac ∆Ee/ou sensívelcalor Tm.c. ac ∆E =∆= . - num determinado instante (t) (figura 3): Figura 3 - Balanço de energia num sistema / volume de controle num determinado instante (t) ac E s E g E e E &&&& =−+ (13) 10 onde: e E& : taxa de entrada de energia térmica e mecânica no sistema / volume de controle no instante t g E& : taxa de geração de energia térmica no interior do sistema / volume de controle no instante t s E& : taxa de saída de energia térmica e mecânica do sistema / volume de controle no instante t ac E& : taxa de variação de quantidade de energia térmica armazenada (acumulada) no interior do sistema / volume de controle no instante t ∂ ∂= t T ρ.V.c. ac E& O termo de geração de energia nas equações (12) e (13) está associado à conversão de outra forma de energia (química, elétrica, nuclear etc.) em energia térmica, sendo um fenômeno volumétrico. Nos casos em que o sistema / volume de controle compreende uma superfície, a qual não delimita volume ou massa e, por conseqüência, não possui geração ou acúmulo de energia, os balanços de energia apresentados (equações (12) e (13)) se resumem, respectivamente, a: s E e E0 s E0 e E =⇒=−+ (14) s E e E0 s E0 e E &&&& =⇒=−+ (15) Na figura 4 é mostrado um exemplo de balanço de energia numa superfície. Figura 4 - Exemplo de balanço de energia numa superfície 11 rad q" conv q" cond q" s E e E 0 s E0 e E ac ∆E s E g E e E +=⇒ ⇒=⇒ ⇒=−+⇒ ⇒=−+ (16) 12 2 - Condução de calor A Lei de Fourier (equação (1)) possui características importantes que merecem ser destacadas: - não é uma expressão derivada de princípios físicos fundamentais, mas uma generalização baseada em evidências experimentais; - é uma expressão que define uma importante propriedade dos materiais, a condutividade térmica; - é uma expressão vetorial, indicando que o fluxo de calor por condução (fluxo térmico condutivo) é normal (perpendicular) a uma isoterma (superfície de mesma temperatura) e no sentido da diminuição de temperatura; - é uma expressão que se aplica a toda matéria, independente de seu estado físico (sólido, líquido ou gasoso); - é uma expressão na qual está implícito que o meio no qual ocorre a condução de calor é isotrópico, ou seja, o valor da condutividade térmica independe da direção. 2.1 - Equação da difusão de calor A equação da difusão de calor (ou equação do calor) nada mais é que um balanço de energia para um processo de condução de calor. Um dos principais objetivos na análise de um processo de condução de calor é determinar a distribuição de temperatura, ou seja, como a temperatura varia no meio. Conhecida esta distribuição, pode-se determinar o fluxo de calor em qualquer ponto do meio ou em sua superfície através da Lei de Fourier. Consideremos um meio homogêneo no interior do qual não existe advecção. Destaca-se então um elemento diferencial deste meio para análise através do estabelecimento de um sistema envolvendo este elemento (figura 5). Desenvolvendo um balanço de energia teremos: 13 Figura 5 - Balanço de energia num elemento diferencial de um meio homogêneo ac E s E g E e E &&&& =−+ (17) Avaliando cada termo separadamente obtemos: z q y q x q e E ++=& (18) .dx.dy.dzq.Vq g E &&& == (19) onde: q& : taxa de geração de energia térmica, por unidade de volume, no interior do sistema V : volume dzz q dyy q dxx q s E +++++= & (20) .dx.dy.dz t T . p ρ.c t T . p ρ.V.c t T . p m.c ac E ∂ ∂= ∂ ∂= ∂ ∂=& (21) onde: m : massa p c : calor específico a pressão constante ρ : massa específica 14 As taxas de saída de energia podem ser expressas através de uma expansão da série de Taylor desprezando-se os termos de ordens superiores: .dz z z q z q dzz q .dy y y q y q dyy q .dx x x q x q dxx q ∂ ∂ +=+ ∂ ∂ +=+ ∂ ∂ +=+ (22) Logo, a equação (17) pode ser reescrita da seguinte forma: t T . p ρ.c z T k. zy T k. yx T k. x q .dx.dy.dz t T . p ρ.c.dz z T k.dx.dy. z .dy y T k.dx.dz. y dx x T k.dy.dz. x .dx.dy.dzq .dx.dy.dz t T . p ρ.c.dz z z q z q.dy y y q y q.dx x x q x q.dx.dy.dzq z q y q x q ac E s E g E e E ∂ ∂= ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂+⇒ ⇒ ∂ ∂= ∂ ∂− ∂ ∂+ ∂ ∂− ∂ ∂+ ∂ ∂− ∂ ∂−⇒ ⇒ ∂ ∂= ∂ ∂ ++ ∂ ∂ ++ ∂ ∂ +−+++⇒ ⇒=−+ & & & &&&& (23) A equação (23) é conhecida como equação do calor ou equação da difusão de calor. É importante destacar neste ponto algumas simplificações a serem feitas na equação (23) em casos específicos: - condutividade térmica constante: t T . α 1 t T . k p ρ.c 2z T2 2y T2 2x T2 k q t T . p ρ.c 2z T2 2y T2 2x T2 k.q ∂ ∂= ∂ ∂= ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂+⇒ ⇒ ∂ ∂= ∂ ∂+ ∂ ∂+ ∂ ∂+ & & (24) onde: α : difusividade térmica do meio (capacidade do meio de conduzirenergia térmica com relação a sua capacidade de armazená-la) s 2m 15 - regime permanente: 0 z T k. zy T k. yx T k. x q = ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂+& (25) - condução unidimensional (em x, por exemplo): t T . p ρ.c x T k. x q ∂ ∂= ∂ ∂ ∂ ∂+& (26) - sem geração interna de energia térmica: t T . p ρ.c z T k. zy T k. yx T k. x ∂ ∂= ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂ (27) Escrevendo a equação do calor em coordenadas cilíndricas (figura 6) teremos: Figura 6 - Elemento em coordenadas cilíndricas t T . p ρ.c z T k. zο T k. ο . 2r 1 r T k.r. r . r 1 q ∂ ∂= ∂ ∂ ∂ ∂+ /∂ ∂ /∂ ∂+ ∂ ∂ ∂ ∂+& (28) E em coordenadas esféricas (figura 7): 16 Figura 7 - Elemento em coordenadas esféricas t T . p ρ.cq ο T .οk.sen ο . ο.sen2r 1 ο T k. ο . ο2sen2r 1 r T .2k.r r2r 1 ∂ ∂=+ /∂ ∂ / /∂ ∂ / + /∂ ∂ /∂ ∂ / + ∂ ∂ ∂ ∂ & (29) Na solução da equação do calor (equação (23)) é necessário conhecer condições de contorno e/ou inicial. A seguir são apresentadas algumas delas: - temperatura da superfície constante: ( ) ( ) sup Tt0,Ttx,T == (30) - fluxo térmico na superfície constante: sup q 0xx T k ′′= =∂ ∂− (31) - superfície adiabática ou isolada: 0 0xx T = =∂ ∂ (32) - convecção na superfície: ( )t0,TTh. 0xx T k. −∞==∂ ∂− (33) 17 3 - Condução unidimensional em regime permanente Num processo de condução de calor unidimensional (em x, por exemplo) em regime permanente sem geração interna de energia térmica com condutividade térmica constante a equação da difusão de calor se torna: 2 c.x 1 cT 1 c dx dT 0 2dx T2d +=⇒ ∫ ⇒∫=⇒ ∫ ⇒=∫ (34) Para a situação apresentada na figura 8 temos as seguintes condições de contorno: Figura 8 - Transferência de calor através de um meio sólido ( ) ( ) sup,2 TLT sup,1 T0T = = (35) Logo: L sup,1 T sup,2 T 1 c sup,1 T.L 1 c sup,2 T sup,1 T 2 c 2 c.0 1 c sup,1 T − =⇒+= =⇒+= (36) 18 Portanto a equação (34) se torna: sup,1 T.x L sup,1 T sup,2 T 2 c.x 1 cT + − =+= (37) E a taxa de transferência de calor será dada por: L sup,2 T sup,1 T k.A. L sup,1 T sup,2 T k.A. dx dT k.A. x q − = − −=−= (38) É importante notar que x q independe de x, ou seja, é constante ao longo de x. Em coordenadas cilíndricas (figura 9) teremos: Figura 9 - Elemento em coordenadas cilíndricas sup,2 T 2 r r .ln 2 r 1 r ln sup,2 T sup,1 T T + − = (39) ( ) − =−= 1 r 2 r ln sup,2 T sup,1 T.L.k.2. dr dT ..r.L2.k. r q π π (40) 19 E em coordenadas esféricas (figura 10): Figura 10 - Elemento em coordenadas esféricas sup,1 T 1 r 1 r 1 . 2 r 1 1 r 1 sup,2 T sup,1 T T + − − − = (41) − − = −= 2 r 1 1 r 1 sup,2 T sup,1 T .k.4. dr dT .2.r4.k. r q ππ (42) Uma forma alternativa de obter a distribuição de temperatura em sistemas envolvendo condução de calor unidimensional em regime permanente sem geração interna de energia térmica com condutividade térmica constante seria através da utilização da Lei de Fourier. Isto é viável porque neste caso a taxa de transferência de calor é constante (não depende de x): ( ) ( ) ( ) 0 Tx 0 x A.k x q T 0 TTk. 0 xx. A x q x 0 x T 0 T k.dT.dx A x q dx dT k.A. x q +−=⇒ ⇒−−=−⇒ ∫ ∫ ⇒−=⇒ ⇒−= (43) onde: 20 0 x : posição onde se conhece o valor da temperatura 0 T : temperatura na posição 0 x Vale destacar que se for conhecida uma temperatura 1 T numa posição 1 x a integração pode ser feita entre 0 x e 1 x para se determinar o valor de x q . No caso de condução unidimensional em regime permanente com geração interna de energia térmica e condutividade térmica constante a equação do calor se resume a: 2 c.x 1 c2.x 2.k q T 1 c.x k q dx dT k q 2dx T2d 0 2dx T2d kq ++−=⇒ ∫ ⇒ +−=⇒ ∫ ∫ ⇒−=⇒ ⇒=+ ∫ & & & & (44) Para a situação apresentada na figura 11 temos as seguintes condições de contorno: Figura 11 - Transferência de calor através de um meio sólido com geração interna de energia térmica ( ) ( ) sup,2 TLT sup,1 T0T = = (45) Logo: 21 L sup,1 T sup,2 T .L 2.k q 1 c sup,1 T.L 1 c2.L 2.k q sup,2 T sup,1 T 2 c 2 c.0 1 c2.0 2.k q sup,1 T − +=⇒++−= =⇒++−= && & (46) Portanto a equação (44) se torna: sup,1 T.x L sup,1 T sup,2 T .L 2.k q2.x 2k q 2 c.x 1 c2.x 2.k q T + − ++−=++−= &&& (47) E a taxa de transferência de calor será dada por: − +−= − ++−−=−= L sup,2 T sup,1 Tk. 2 .Lq .xqA. L sup,1 T sup,2 T .L 2.k q .x k q k.A. dx dT k.A. x q & & && (48) Verifique que x q , neste caso, depende de x. Para um cilindro maciço (figura 12) teremos: Figura 12 - Transferência de calor através de um cilindro maciço com geração interna de energia térmica sup T 2 0 r 2r 1. 4.k 2 0 .rq T + −= & (49) ( ) 2.L.rqπ. dr dT ..r.L2.k. r q &=−= π (50) 22 3.1 - Circuitos térmicos Uma maneira alternativa de analisar um problema de transferência de calor é utilizando o conceito de resistência térmica. Da mesma forma que uma resistência elétrica esta associada à condução de eletricidade, uma resistência térmica pode ser associada à condução de calor: R.I∆V = (51) onde: ∆V : diferença de potencial elétrico R : resistência elétrica I : corrente elétrica .q t R∆T = (52) onde: ∆T : diferença de temperatura (potencial térmico) t R : resistência térmica q : taxa de transferência de calor Comparando a equação (52) com as equações de cálculo das taxas de transferência de calor ((38), (4) e (9)) temos que: - condução: k.A L cond R = (para parede plana) (53) - convecção: h.A 1 conv R = (54) - radiação: 23 .A2 viz T2 sup T. viz T sup Tε.σ. 1 .A r h 1 rad R + + == (55) Utiliza-se de circuitos térmicos para esquematizar uma análise por resistências térmicas. Vejamos o exemplo mostrado na figura 13. Figura 13 - Transferência de calor representada por um circuito térmico Considerações: - regime permanente; - ,1 T viz T ∞= ; - ,2 T sup,2 T sup,1 T ,1 T ∞〉〉〉∞ . A análise das resistências térmicas equivalentes em circuitos térmicos é feita da mesma maneira que em circuitos elétricos: - resistências em série: n R... 2 R 1 R eq R +++= (56) - resistências em paralelo: n R 1 ... 2 R 1 1 R 1 eq R 1 +++= (57) 24 Logo, com base no circuito térmico anterior (figura 13), temos: conv,2 R cond R eq,1 R total R conv,1 R 1 rad R 1 eq,1 R 1 ++= += (58) A taxa de transferência de calor pode ser determinada considerando-se cada elemento do circuito ou o circuito como um todo: conv,2 R cond R sup,1 T ,2 T q.q conv,2 R cond R sup,1 T ,2 T cond R sup,1 T sup,2 T q.q cond R sup,1 T sup,2 T total R viz T ,2 T q.q total R viz T ,2 T eq,1 R viz T sup,1 T q.q eq,1 R viz T sup,1 T + −∞ =⇒ +=−∞ − =⇒=− −∞ =⇒=−∞ − =⇒=− (59) A utilização de circuito térmico é particularmente interessante em sistemas que envolvem diversas camadas compostas por diferentes materiais, sendo estas camadas representadaspor resistência em série e/ou em paralelo. Nestes sistemas compostos é conveniente a utilização de um coeficiente global de transferência de calor ( )U , o qual é definido através da seguinte expressão: T∆U.A.q = (60) onde ∆T é a diferença global de temperatura. Este coeficiente está relacionado à resistência térmica total: 25 U.A 1 total Rou .A total R 1 UT∆U.A. total R ∆T T∆U.A.q total R ∆T q ==⇒= = = (61) 3.2 - Raio crítico de isolamento A espessura de um isolante térmico em sistemas radiais evidencia dois efeitos concorrentes: embora a resistência à condução aumenta com a adição de isolante térmico, a resistência térmica à convecção diminui devido ao aumento da área superficial externa. Suponhamos uma situação onde um tubo tem a temperatura de sua superfície externa mantida a sup T (figura 14). Ao adicionarmos uma camada de isolamento térmico a esse tubo teremos (desprezado a radiação): Figura 14 - Transferência de calor num tubo com isolante térmico representada por um circuito térmico .rh.2. 1 .k2. 1 r rln total R' ππ + = (62) onde total R' representa a resistência térmica total por unidade de comprimento do tubo. 26 Uma espessura “crítica” para o isolamento térmico está associada a um raio r que maximize o valor de total R' , raio este obtido derivando-se a equação de total R' e igualando-a a zero: h k r0 2.h.r2. 1 .k.r2. 1 dr total dR' =⇒=−= π π (63) Para sabermos se este valor r representa um máximo ou um mínimo para total R' , deriva-se novamente total R' : −=+−= 2.k 1 h.r 1 . 2.r 1 3.h.r 1 2.k.r2. 1 2dr total R'2d πππ (64) Levando o valor de r nesta derivada segunda: 0 3.k2. 2h 2.k 1 h k h. 1 . 2 h k . 1 2.k 1 h.r 1 . 2.r 1 2dr total R'2d 〉= − = −= π π π (65) Como 0 3.k2. 2h 〉 π , h k r = representa um mínimo para total R' . Portanto, não existe uma espessura ótima para um isolante térmico, mas uma espessura até a qual total R' diminui (e a taxa de transferência de calor aumenta) e a partir da qual total R' aumenta (e a taxa de transferência de calor diminui). A essa espessura damos o nome de raio crítico ( ) c r : h k c r = (66) 27 3.3 - Superfícies estendidas Superfície estendida ou aleta é o nome dado a um sólido em que há condução no interior de suas fronteiras e convecção entre suas fronteiras e a vizinhança. No caso em que essa superfície é utilizada para aumentar a taxa de transferência de calor ela recebe o nome de aleta. Aplicando um balanço de energia no sistema apresentado na figura 15 temos: Figura 15 - Balanço de energia num elemento diferencial de uma aleta Considerações: - condução unidimensional (a variação de temperatura na direção longitudinal da aleta é muito maior que nas direções normais a ela); - regime permanente; - sem geração interna de energia térmica; - condutividade térmica constante. 28 ( ) ( ) ( ) ( ) 0TT. dx sup dA . sr k.A h dx dT . dx sr dA . sr A 1 2dx T2d 0TT. dx sup dA . k h 2dx T2d . sr A dx dT . dx sr dA TT. dx sup dA . k h dx dT . sr A dx d TT. sup h.dA.dx dx dT . sr A dx d k.0 conv dqdx dx x dq x q x q conv dq dxx q x q s E e E 0 s E0 e E ac E s E g E e E =∞−− +⇒ ⇒=∞−−+⇒ ⇒∞−= ⇒ ⇒∞−+ −=⇒ ⇒++=⇒ ⇒++=⇒ ⇒=⇒ ⇒=−+⇒ ⇒=−+ && && &&&& (67) A solução desta equação com as condições de contorno adequadas fornecerá a distribuição de temperatura na aleta. Para os casos em que a área da seção reta da aleta ( ) sr A é constante ( ) =∞−−=⇒== 0TT. sr k.A h.P 2dx T2d fornecendo P dx sup dA P.x sup A e 0 dx sr dA existem quatro condições de contorno típicas: 29 Tabela 1 - Distribuição de temperatura e taxa de transferência de calor em aletas de área de seção reta constante Aleta Condição de contorno Distribuição de temperatura b θ θ Taxa de transferência de calor na aleta ( ) a q Adiabática 0 Lxdx dθ = = ( )[ ] ( )m.Lcosh xLm.cosh − ( )m.LM.tgh Convectiva ( ) Lxdx dθ k.Lh.θ = −= ( )[ ] ( )[ ] ( ) ( )m.L.senh m.k h m.Lcosh xLm..senh m.k h xLm.cosh + −+− ( ) ( ) ( ) ( )m.L.senh m.k h m.Lcosh m.L.cosh m.k h m.Lsenh M. + + Infinita ( ) 0Lθ = m.xe− M Temperatura especificada ( ) L θLθ = ( ) ( )[ ] ( )m.Lsenh x-Lm.senhm.x.senh b θ L θ + ( ) ( )m.Lsenh b θ L θ m.Lcosh M. − ∞−= TTθ ( ) ∞−== TbT0θbθ ( ) ∞−== TLTLθLθ sr k.A h.P m = b .θ sr h.P.k.AM = 2 xexe senhx −−= 2 xexe coshx −+= xexe xexe cosh senh tghx −+ −−== x x Como a aleta representa uma resistência térmica à condução (resistência adicional), não existe garantia de que a taxa de transferência de calor aumente com o uso de aletas. Isso pode ser avaliado através da efetividade da aleta ( ) a ε , que é a razão entre a taxa de transferência de calor na aleta e a taxa de transferência de calor que existiria sem a presença da mesma. Matematicamente: b .θ bsr, h.A a q a ε = (68) onde bsr, A é a área da seção reta da base da aleta. O uso de aletas é normalmente justificado quando 2 a ε ≥ . 30 Um outro conceito importante é de eficiência da aleta ( ) a η , que é a razão entre a taxa de transferência de calor na aleta e a taxa de transferência de calor máxima, a qual seria obtida caso toda a aleta estivesse à temperatura da sua base: b .θ a h.A a q a η = (69) onde a A é a área superficial da aleta. 31 4 - Condução em regime transiente Até agora avaliamos processos de condução de calor em regime permanente. Porém, em muitas situações práticas, também ocorrem processos em regime transiente. 4.1 - Método da capacitância global Um caso particular destes processos é aquele onde a temperatura do sólido, apesar de estar variando ao longo do tempo, pode ser considerada uniforme ao longo de todo o sólido. Essa consideração é a essência do método da capacitância global (ou método da capacitância concentrada). Imaginemos uma situação onde um sólido é subitamente imerso num fluido (figura 16). Figura 16 - Balanço de energia num sólido Aplicando um balanço de energia ao sistema compreendendo o sólido, temos: 32 ( ) ( ) ( ) ∞− ∞−= ∞− ∞−−=⇒ ∞+ −∞−=⇒ ⇒ ∞− ∞−=−⇒ ⇒∞−=−⇒ ∫ ⇒ ∞− =∫ −⇒ ⇒=∞−−⇒ ⇒=−+⇒ ⇒=−+ TT T i T .ln sup h.A ρ.V.c T i T TT .ln sup h.A ρ.V.c t ou T ρ.V.c .t sup h.A .expT i TT T i T TT ln ρ.V.c .t sup h.A T i T TTln ρ.V.c .t sup h.A T i T TT dTt 0 .dt ρ.V.c sup h.A dt dT ρ.V.c.TT. sup h.A ac E s E00 ac E s E g E e E && &&&& (70) Pela relativa simplicidade da solução apresentada fica clara a preferência pelo método da capacitância global. O critério para utilização do método da capacitância global é mostrado através da aplicação de um balanço de energia numa superfície (figura 17). Figura 17 - Esquema para definição do critério de utilização do método da capacitância global 33 Bi k h.L T sup,2 T sup,2 T sup,1 T T sup,2 Th.A. L sup,2 T sup,1 T k.A. conv q cond q s E e E 0 s E0 e E ac E s E g E e E == ∞− − ⇒ ⇒ ∞−= − ⇒ ⇒=⇒ ⇒=⇒ ⇒=−+⇒ ⇒=−+ && && &&&& (71) onde: Bi : número de Biot (parâmetro que mede a razão entre a queda de temperatura ao longo do sólido e a diferença entre as temperaturas da superfície e do fluido) Logo, o critério para utilização do método da capacitânciaglobal é 0,1Bi < , caso em que o erro associado à utilização do método é pequeno. É conveniente definir o comprimento L utilizado no cálculo do número de Biot como sendo um comprimento característico ( c L ) dado pela razão entre o volume do sólido e a sua área superficial: sup A V c L = (72) - parede plana: 2 L c L = (73) - cilindro infinito: 2 r c L = (74) - esfera 34 3 r c L = (75) Voltando à equação (70): ( ) ( )Bi.Foexp c L .t . k c h.L exp T i T TT 2 c ρ.c.L k.t . k c h.L exp T i T TT c ρ.c.L h.t exp T i T TT ρ.V.c .t sup h.A exp T i T TT T ρ.V.c .t sup h.A .expT i TT 2 −= −= ∞− ∞−⇒ ⇒ −= ∞− ∞−⇒ ⇒ −= ∞− ∞−⇒ ⇒ −= ∞− ∞−⇒ ⇒∞+ −∞−= α (76) onde: Fo: número de Fourier 4.2 - Efeitos espaciais Existem situações nas quais o método da capacitância concentrada não é adequado, ou seja, os gradientes de temperatura no interior do sólido não são desprezíveis. No caso de condução unidimensional em x, em regime transiente, sem geração interna de energia térmica e com condutividade térmica constante (figura 18), a equação (23) se resume a: 35 Figura 18 - Condução de calor em um sólido em regime transiente t T . α 1 2x T2 ∂ ∂= ∂ ∂ (77) Para resolver esta equação são necessárias uma condição inicial e duas condições de contorno: ( ) ( )[ ]∞−==∂ ∂− ==∂ ∂ = TtL,Th. Lxx T k. 0 0xx T i Tx,0T (78) Percebe-se que ( )∞= Th,L,k,,iTt,α,x,TT . O processo de adimensionalização das equações apresentadas facilita a análise: Fo 2L α.t t* L x x* T i T TT i θ θ θ* == = ∞− ∞−== (79) Logo: Fo *θ 2*x *θ2 ∂ ∂= ∂ ∂ (80) 36 E as respectivas condições inicial e de contorno: ( ) ( )*t1,*Bi.θ 1x*x *θ 0 0x**x *θ 1x*,0*θ = =∗∂ ∂ = =∂ ∂ = (81) Portanto, ( )BiFo,x*,*θθ* = . A solução exata da equação (80) é: ( )∑ ∞ = −= 1n *x. n cos..Fo2 n .exp n Cθ* ςς (82) onde ( ) n 2.ςsen n 2.ς n 4.senς n C + = e Bi n tgς. n ς = . Para 2,0Fo ≥ , a solução exata pode ser aproximada pelo primeiro termo da série: - parede plana: ( )*.x 1 ς.cos * 0 θ .Fo2 1 ς.exp 1 Cθ* 444 3444 21 −= (83) - cilindro infinito: ( )*.r 1 ς 0 .J * 0 θ .Fo2 1 ς.exp 1 Cθ* 444 3444 21 −= (84) - esfera: ( ) *.r 1 ς *.r 1 ςsen . * 0 θ .Fo2 1 ς.exp 1 Cθ* 444 3444 21 −= (85) 37 onde: 1 ς e 1 C : constantes tabeladas em função do número de Biot (tabela 2) - vale ressaltar que neste caso para placa plana k h.L Bi = e para cilindro infinito e esfera k 0 h.r Bi = , onde 0 r é o raio do cilindro infinito e da esfera 2 c L α.t Fo = , onde para placa plana L c L = e para cilindro infinito e esfera 0 r c L = 0 J : função de Bessel de primeira espécie (tabela 3) 0 r r r* = Tabela 2 - Constantes para a equação (83) 38 Tabela 3 - Função de Bessel de primeira espécie A energia potencial de ser transferida (Q) é dada por: - parede plana: * 0 .θ 1 ς 1 senς 1 0 Q Q −= (86) - cilindro infinito: ( ) 1 ς 1 .J 1 ς * 0 2.θ 1 0 Q Q −= (87) - esfera: 39 ( ) 1 .cosς 1 ς 1 senς. 1 ς * 0 3.θ 1 0 Q Q −−= (88) onde: 0 Q : energia interna inicial do sólido em relação à temperatura do fluido ou máxima quantidade de energia que poderia ser transferida se o processo fosse prolongado até um tempo ∞=t , tempo no qual a temperatura do sólido seria igual à temperatura do fluido 1 J : função de Bessel de primeira espécie (tabela 3) 4.3 - Constante de tempo e tempo de resposta Dois conceitos importantes relativos a processos transientes são “constante de tempo” e “tempo de resposta”. Da equação que relaciona a temperatura com o tempo para processos com 0,1Bi < (equação (70)) temos: ( ) −= −= ∞− ∞−⇒ ⇒∞+ −∞−= τ t exp ρ.V.c .t sup h.A exp T i T TT T ρ.V.c .t sup h.A .expT i TT (89) onde a constante de tempo ( τ ) é definida como sendo sup h.A ρ.V.c . Temos ainda que: ( ) ( ) ∞− ∞−= ∞− ∞−= T i T TT T i Tρ.V.c. TTρ.V.c. 0 Q Q (90) Logo: 40 −=⇒ ⇒ −= ∞− ∞− τ t exp 0 Q Q τ t exp T i T TT (91) Para um instante τt = temos: ( ) ( ) ( ) ( ) 63,2%0,6320,36811exp1 0 Q τQ 0 Q ou 36,8%0,3681exp 0 Q τQ ==−=−−= − ==−= (92) Como Q representa a energia potencial de ser trocada num determinado instante t e 0 Q representa a máxima energia que poderia ser trocada ( ∞=t ), temos que a constante de tempo representa o tempo necessário para que o sólido troque 63,2% da máxima quantidade de energia possível de ser trocada. O tempo de resposta é dado por 5.τ , instante no qual o sólido já trocou 99,3% da máxima quantidade energia possível de ser trocada. É o tempo necessário para que um instrumento possa indicar a temperatura do meio no qual está inserido ( ) ( ) ==−=−−= − 99,3%0,9930,006715exp1 0 Q 5.τQ 0 Q . 41 5 - Convecção de calor A convecção, conforme já mencionado, é um fenômeno de transferência de calor que envolve simultaneamente dois processos, a difusão (movimento aleatório das moléculas do fluido) e a advecção (movimento global do fluido), sendo este segundo dominante. Um fluido à temperatura ∞T escoando sobre uma superfície de área sA e temperatura ∞≠ TsT troca calor com esta superfície, sendo o fluxo de calor ( )q" dado por: ∞−= TsTh.q" (93) onde: h : coeficiente local de convecção Devido ao fato das condições variarem ponto a ponto sobre a superfície, q" e h também variam ao longo da mesma. A taxa de transferência de calor total ( )q pode ser obtida pela integração do fluxo local sobre toda a superfície: ∫ ∫ ∫∞−=∞−== s A s A s A s h.dA.T s T s .dAT s Th. s q".dAq (94) Definindo um coeficiente de convecção médio ( )h para toda a superfície, teremos: ∞−= TsT.s.Ahq (95) Comparando as equações (94) e (95) verificamos que: ∫ ∫=⇒= s A s A s h.dA. s A 1 h s h.dA s .Ah (96) 42 5.1 - Camadas limites de convecção 5.1.1 - Camada limite de velocidade A camada limite de velocidade é a região na qual a velocidade varia desde zero (fluido em contato com a superfície) até 99% da velocidade da corrente livre (região externa à camada limite). A espessura da camada aumenta ao longo de uma placa, uma vez que os efeitos da viscosidade ‘penetram’ cada vez mais na corrente livre. 5.1.2 - Camada limite térmica A camada limite térmica equivale conceitualmente à camada limite de velocidade sendo agora a diferença de temperatura entre a superfície e a corrente livre a responsável pelo surgimento daquela camada. A espessura da camada limite térmica ( ) t δ é definida para a posição na qual 0,99 T s T T s T = ∞− − (figura 19). Figura 19 - Camada limite térmica A relação entre a camada limite térmica e o coeficiente convectivo de transferência de calor pode ser demonstrada a partir da verificação de que o fluxo de calor local pode ser obtido aplicando-se a Lei de Fourier ao fluido em 0y = : 0yy T . f k s q" =∂ ∂−= (97) onde: s q" : fluxo de calor local 43 f k : condutividade térmica do fluido 0yy T =∂ ∂ : gradiente de temperatura na superfície da placa Essa expressão é valida porque na superfície não há movimento de fluido e a transferência de calor ocorre apenas por condução. Comparando a equação (97) com a Lei do Resfriamento de Newton (equação (5)) temos: ( ) ∞− =∂ ∂ −=⇒ ⇒=∂ ∂−=∞−T s T 0yy T . f k h 0yy T . f kT s Th. (98) Como ∞− TsT é uma constante ao longo da placa e a espessura da camada limite térmica aumenta ao longo de x diminuindo o gradiente de temperatura y T ∂ ∂ , temos que q" e h decrescem com o aumento de x. 5.2 - Escoamentos laminar e turbulento Um primeiro passo essencial no tratamento de qualquer problema de convecção é determinar se a camada limite é laminar ou turbulenta. O atrito superficial e as taxas de transferência de calor por convecção são fortemente dependentes de qual destas condições existe. A caracterização da camada limite é feita através de um número adimensional conhecido como Número de Reynolds (Re): µ .xρ.u Re ∞= (99) onde: ρ : massa especifica do fluido ∞u : velocidade da corrente livre 44 x : comprimento característico (para uma placa plana é a distância da borda de ataque) µ : viscosidade dinâmica ou absoluta do fluido O número crítico de Reynolds cx, Re é o valor de Re para o qual a transição laminar-turbulento começa, e, para uma placa plana, sabe-se que varia entre 310 e 610.3 , dependendo da rugosidade da superfície e do nível de turbulência da corrente livre. Um valor representativo de 510.5 µ c .xρ.u cx, Re =∞= é freqüentemente presumido para os cálculos da camada limite. Outros parâmetros importantes na convecção são o número de Prandtl ( )Pr e o número de Nusselt ( )Nu . O número de Prandtl representa a razão entre as difusividades de momento e térmica: f k µ.c ρ.c f k ρ µ α ν Pr === (100) onde: ν : viscosidade cinemática α : difusividade térmica O número de Nusselt representa o gradiente de temperatura adimensional na superfície e é dado por: f k h.L Nu = (101) onde: h : coeficiente convectivo L : comprimento característico 45 6 - Convecção em escoamento externo No escoamento externo as camadas limites desenvolvem-se livremente, sem restrições impostas pelas superfícies adjacentes. Exemplos incluem o movimento de um fluido sobre uma placa plana (inclinada ou paralela à direção da velocidade da corrente livre) e escoamento sobre superfícies curvas tais como esfera, cilindro, aerofólio ou lâmina de turbinas. A atenção neste momento é voltada para problemas de convecção forçada, com baixa velocidade. Na convecção forçada o movimento relativo entre o fluido e a superfície é mantido por meios externos tais como ventilador ou bomba. O objetivo principal é determinar os coeficientes de convecção para diferentes geometrias de escoamento. A maioria das correlações da transferência de calor por convecção são empíricas, ou seja, obtidas experimentalmente. Na maioria das situações as propriedades do fluido são avaliadas à temperatura do filme ( ) f T , a qual é dada por: 2 T sup T f T ∞+= (102) Um método alternativo seria a avaliação das propriedades à temperatura ∞T , neste caso envolvendo um ajuste nas correlações. 6.1 - Metodologia para cálculos de convecção A seleção e a aplicação de uma correlação de convecção para qualquer situação de escoamento é facilitada seguindo-se poucas regras simples: 1º) Identificação imediata da geometria de escoamento (placa plana, esfera, cilindro, ...); 2º) Determinação da temperatura apropriada para avaliação das propriedades do fluido ( ) f k Pr, ν, µ, ρ, ; 3º) Cálculo do número de Reynolds =∞=∞= π.D.µ m4. ν .Lu µ .Lρ.u L Re & ; 4º) Definição entre o coeficiente convectivo local ( )h ou médio ( )h ; 5º) Seleção da correlação apropriada (tabelas 4 e 5); 46 Tabela 4 - Correlações para transferência de calor por convecção em escoamento externo Tabela 5 - Constantes para a equação de transferência de calor por convecção em escoamento externo a cilindros 6º) Cálculo do coeficiente convectivo = f k h.L Nu . 47 7 - Convecção em escoamento interno Diferentemente do escoamento externo, no escoamento interno o desenvolvimento da camada limite se dá sob uma restrição. 7.1- Considerações hidrodinâmicas Num escoamento interno, seja ele laminar ou turbulento, verifica-se a presença de duas regiões distintas: a região de entrada, onde a camada limite se desenvolve, e a região plenamente (ou completamente) desenvolvida, na qual o perfil de velocidade não varia ao longo do escoamento. Figura 20 - Camada limite hidrodinâmica Para escoamento laminar ( )2.300 D Re ≤ , o comprimento de entrada hfd, x é dado por: 0,05.Re lam D hfd, x ≈ (103) Para escoamento turbulento ( )000.01 D Re ≥ temos: 48 60 turb D hfd, x 10 ≤ ≤ (104) Utiliza-se para efeito de cálculos, no escoamento turbulento, 10.D hfd, x = . Temos que a velocidade média ( ) m u num escoamento completamente desenvolvido num tubo circular é dado por: ( )∫= .r.drxr,u.2 0 r 2 m u (105) 7.2 - Considerações térmicas De forma semelhante à camada limite de velocidade desenvolve-se uma camada limite térmica quando o fluido entra numa tubulação cuja superfície está a uma temperatura ( ) s T diferente daquela do fluido ( ) m T . Para escoamento laminar o comprimento térmico de entrada tfd, x pode ser representado por: 0,05.Re.Pr lam D tfd, x ≈ (106) Já no escoamento turbulento para uma primeira aproximação temos: 10 turb D tfd, x = (107) 7.2.1 - A temperatura média Assim como a falta de uma velocidade de corrente livre exige a utilização de uma velocidade média para descrever um escoamento interno, a ausência de uma temperatura 49 de corrente livre exige a utilização de uma temperatura média. A temperatura média (ou de mistura ou de “copo”) é definida em termos da energia térmica transportada pelo fluido conforme ele passa pela seção transversal, e é dada por: ∫= 0 r 0 u.T.r.dr. 2 0 .r m u 2 m T (108) 7.2.2 - Lei do Resfriamento de Newton / Condições c ompletamente desenvolvidas Para escoamentos internos a Lei do Resfriamento de Newton se torna: −= m T sup Th.q" (109) Na equação (109) o coeficiente convectivo h é local e apresenta grandes variações na região de entrada térmica, sendo, porém, constante na região de escoamento completamente desenvolvido termicamente (figura 21). Figura 21 - Comportamento do coeficiente convectivo local no escoamento interno 7.2.3 - Balanço de energia Através de um balanço de energia pode-se determinar como a temperatura média do fluido varia com a posição ao longo de um tubo (figura 22). Considerando desprezíveis as variações de energia cinética e potencial do fluido ao longo do escoamento e regime permanente sem geração interna de energia, temos: 50 Figura 22 - Balanço de energia para avaliação do comportamento da temperatura média do fluido ao longo de um tubo ( ) ( )[ ] ( )[ ]⇒+=⇒ ⇒+++=++⇒ ⇒=⇒ ⇒=−+⇒ ⇒=−+ p.υd m .dT v c.m conv dq p.υdp.υ.m m dT m T. v .cm.p.υm m .T v .cm conv dq s E e E 0 s E0 e E ac E s E g E e E & &&&& && && &&&& (110) Para um gás ideal =+= p cR v c e m R.Tp.υ : m .dT p .cm conv dq &=⇒ (111) Essa expressão pode ser utilizada com boa aproximação para líquidos incompressíveis. Tem-se também que = em, T- sm, T. p .cm conv q & , onde sm, T é a temperatura média do fluido à saída e em, T é a temperatura média do fluido à entrada. Duas condições típicas são encontradas: - fluxo térmico constante na superfície (figura 23) 51 Figura 23 - Fluxo térmico constante na superfície q".P.L conv q = (112) onde: P: perímetro interno do tubo ( ) .x p .cm q".P em, Tx m T & += (113) - temperaturasuperficial constante lm T∆.P.L.h conv q = (114) onde − = e T∆ s T∆ ln e T∆ s T∆ lm T∆ , com sm, T s T s T∆ −= e em, T s T e T∆ −= . ( ) −−= em, T- s T. p .cm .xhP. exp s Tx m T & (115) As correlações para transferência de calor em escoamento interno são apresentadas nas tabelas 6 e 7. 52 Tabela 6 - Correlações para transferência de calor por convecção em escoamento interno P c 4.A h D = , onde h D é o diâmetro hidráulico, c A é a área da seção transversal do tubo e P é o perímetro molhado. Tabela 7 - Números de Nusselt para escoamento laminar completamente desenvolvido em tubos não circulares 53 8 - Convecção livre (ou natural) Na convecção forçada o escoamento do fluido é produzido por elementos externos (ventilador, bomba etc). Já na convecção livre (ou natural) o movimento do fluido é devido basicamente a gradientes de massa específica originados por gradientes de temperatura. Como as velocidades dos escoamentos na convecção livre são geralmente menores do que aquelas associadas à convecção forçada, as taxas correspondentes de transferência de calor por convecção também são pequenas, o que gera a tendência de subestimar os processos de convecção livre, o que deve ser bem avaliado. Na convecção natural é necessário que o gradiente de temperatura gere instabilidade suficiente para que as forças de empuxo prevaleçam sobre as forças viscosas (figura 24). Figura 24 - Instabilidade gerada pelo gradiente de temperatura Adimensionais da convecção natural: - Grashof: razão entre força de empuxo e força viscosa. Desempenha na convecção natural o mesmo que o número de Reynolds desempenha na convecção forçada (o número de Reynolds fornece uma medida da razão entre a força de inércia e a força viscosa atuando em um determinado fluido). ( ) 2ν 3.LT s Tg.β. Gr ∞ − = (116) 54 onde: g: aceleração da gravidade β : coeficiente de expansão volumétrica (para gases ideais vale 1 f T − , e para outros fluidos é tabelado) s T : temperatura da superfície ∞T : temperatura do meio L : comprimento característico ν : viscosidade cinemática 1 Re Gr 2 ≈ : convecção natural e forçada com mesma importância ( )( )GrPr,Re,NuNu = 1 Re Gr 2 〉〉 : prevalece a convecção natural ( )( )GrPr,NuNu = 1 Re Gr 2 〈〈 : prevalece a convecção forçada ( )( )PrRe,NuNu = - Rayleigh: define a transição entre escoamento laminar e turbulento em convecção natural. ( ) ( ) ν.α 3.LT s Tg.β. α ν . 2ν 3.LT s Tg.β. Gr.PrRa ∞ − = ∞−== (117) A transição laminar-turbulento é avaliada através do número critico de Rayleigh: ( ) 910 ν.α 3 c .xT s Tg.β. cx, Ra ≈∞ − = (118) As correlações para transferência de calor em convecção livre são apresentadas na tabela 8. 55 Tabela 8 - Correlações para transferência de calor por convecção livre 56 9 - Trocadores de calor Trocadores de calor são equipamentos utilizados para implementar a troca de calor entre dois fluidos que estão a diferentes temperaturas e, geralmente, separados por uma parede sólida. 9.1 - Tipos de trocadores de calor Os trocadores de calor são tipicamente classificados em função da configuração do escoamento e do seu tipo de construção. No escoamento paralelo, que ocorre em tubos concêntricos (ou duplos) os fluidos quente e frio se movem no mesmo sentido, ou seja, entram por uma mesma extremidade e saem por uma mesma extremidade (figura 25). Figura 25 - Trocador de calor em escoamento paralelo No escoamento em contra-corrente os fluidos entram e saem por extremidades opostas (figura 26). Figura 26 - Trocador de calor em contra-corrente Um outro tipo de escoamento é o cruzado, onde as correntes de fluido escoam perpendicularmente uma à outra (figura 27). 57 Figura 27 - Trocador de calor em escoamento cruzado É comum a presença de aletas nos dutos dos trocadores de calor (figura 27), o que faz com que o escoamento seja caracterizado como não misturado, ou seja, o escoamento pode ser considerado unidimensional na direção paralela às aletas. Na ausência das aletas o escoamento é chamado de misturado. Um tipo comum de trocador de calor é o de casco e tubo (figura 28). Neste tipo de trocador de calor pode-se ter uma ou mais passes (passagens) no casco e/ou nos tubos (figura 29). Figura 28 - Trocador de calor de casco e tubo (com chicanas) Figura 29 - Trocador de calor de casco e tubo com um passe no casco e dois passes nos tubos 58 Chicanas (figura 28) são geralmente utilizadas para aumentar a turbulência do escoamento e, por conseqüência, o coeficiente convectivo e a transferência de calor. Existem ainda os trocadores de calor compactos nos quais a área de troca de calor por unidade de volume é muito alta 〉 3m 2m 700 . Este tipo de trocador é usado tipicamente quando um dos fluidos é gás, no qual o coeficiente convectivo de transferência de calor é normalmente baixo. 9.2 - Coeficiente global de transferência de calor Um conceito importante no estudo de trocadores de calor é o de coeficiente global de transferência de calor, o qual representa uma medida da intensidade de troca de calor com referência à diferença total de temperatura, ou seja, a diferença de temperatura entre os fluidos quente e frio. Levando-se em conta as resistências de contato provenientes de deposição de impurezas nos lados interno e externo dos dutos (fatores de incrustação), temos: ( ) ( ) ( ) ( ) h .h.A 0 η 1 h .A 0 η hf, R" w R c .A 0 η cf, R" c .h.A 0 η 1 h .A h U 1 c .A c U 1 U.A 1 ++++=== (119) onde: U : coeficiente global de transferência de calor A : área de troca de calor 0 η : eficiência global da superfície ou efetividade de temperatura h : coeficiente convectivo de troca de calor f R" : fator de incrustação w R : resistência térmica da parede do tubo subscrito c: lado do fluido frio subscrito h: lado do fluido quente Vale destacar que o cálculo do coeficiente global depende de uma área de referência, pois h .A h U c .A c UU.A == . 59 Alguns fatores de incrustação ( ) f R" são tabelados, porem este fator é variável durante a operação do trocador de calor (aumenta com o tempo). A grandeza 0 η é definida, para uma superfície aletada, de tal forma que ( )∞−= TbT.h.A.0ηq . Pode ser determinada a partir do conhecimento da eficiência de uma única aleta ( ) f η : ( ) f η1. A f A 1 0 η −−= (120) onde: f A : área total das aletas A : área total da superfície 9.3 - A média logarítmica das diferenças de tempera tura Na análise de trocadores de calor é essencial relacionar a taxa total de transferência de calor a grandezas tais como temperaturas de entrada e saída dos fluidos, coeficiente global de transferência de calor e área total da superfície para troca de calor. Isso é feito a partir da Lei do Resfriamento de Newton (equação (4)), porém utilizando um coeficiente global de transferência de calor ( )U em lugar do coeficiente convectivo (h) e também fazendo uso de uma diferença de temperaturas médias adequada ( ) lm T∆ : lm T∆U.A.q = (121) A partir de um balanço de energia num elemento diferencial dos fluidos quente e frio, verifica-se que: − = − = s T∆ e T∆ ln s T∆ e T∆ e T∆ s T∆ ln e T∆ s T∆ lm T∆ (122) 60 onde para um trocador de calor com correntes paralelas sc, T sh, T s T∆ −= e ec, T eh, T e T∆ −= e para um trocador de calor com correntes contrárias ec, T sh, T s T∆ −= e sc, T eh, T e T∆ −= , sendo os subscritos “e” e “s” referentes à entrada e à saída dotrocador, respectivamente. A análise utilizada para se obter a expressão acima para lm T∆ é sujeita às seguintes considerações: - o trocador de calor é isolado de sua vizinhança, caso em que a troca de calor é apenas entre os fluidos quente e frio; - a condução axial ao longo dos tubos é desprezível; - as variações de energia cinética e potencial são desprezíveis; - os calores específicos dos fluidos são constantes; - o coeficiente global de transferência de calor é constante. Vale destacar que para as mesmas temperaturas de entrada e saída, lm T∆ para correntes contrárias é maior que para correntes paralelas, o que faz com que a área necessária para uma dada taxa de transferência de calor seja menor para o arranjo com correntes contrárias. Verifica-se também que para arranjos em correntes contrárias sc, T pode ser maior que sh, T , o que não ocorre nos casos de correntes paralelas. Existem condições especiais de operação de trocadores de calor as quais merecem ser destacadas (figura 30): Figura 30 - Condições especiais de operação de trocadores de calor: (a) c C h C 〉〉 , (b) c C h C 〈〈 , (c) c C h C = 61 - c C h C 〉〉 , ou seja, cp, .c c m hp, .c h m && 〉〉 : o fluido quente permanece praticamente a temperatura constante; - c C h C 〈〈 , ou seja, cp, .c c m hp, .c h m && 〈〈 : o fluido frio permanece praticamente a temperatura constante; - c C h C = , ou seja, cp, .c c m hp, .c h m && = : a diferença de temperatura é constante ao longo do trocador de calor, ou seja, lm T∆Ts∆Te∆ == . Outras relações importantes para análise de trocadores de calor são: lm TU.A. c T. cp, .c c m h T. hp, .c h mq ∆=∆=∆= && (123) 62 Bibliografia BEJAN, Adrian. Transferência de calor. 1. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1996. BIRD, R. Byron; STEWART, Warren E.; LIGHTFOOT, Edwin N. Fenômenos de transporte. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2004. BRAGA FILHO, Washington. Fenômenos de transporte para engenharia. 1. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2006. BRAGA FILHO, Washington. Transmissão de calor. 1. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. BRUNETTI, Franco. Mecânica dos fluidos. 2. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2008. FOX, Robert W.; MCDONALD, Alan T. Introdução à mecânica dos fluidos. 5. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2001. INCROPERA, Frank P.; DEWITT, David P. Fundamentos de transferência de calor e de massa. 5. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2003. MACINTYRE, Archibald Joseph. Equipamentos industriais e de processo. 1. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1997. MORAN, Michael J.; SHAPIRO, Howard N.; MUNSON, Bruce R.; DEWITT, David P. Introdução à engenharia de sistemas térmicos. 1. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2005. ÖZISIK, M. Necati. Transferência de calor: um texto básico. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990. 63 Apêndice - Tabelas de propriedades Apêndice 1 - Propriedades termofísicas de materiais 64 Apêndice 1 - Propriedades termofísicas de materiais (continuação) 65 Apêndice 1 - Propriedades termofísicas de materiais (continuação) 66 Apêndice 1 - Propriedades termofísicas de materiais (continuação) 67 Apêndice 2 - Propriedades termofísicas de gases à pressão atmosférica 68 Apêndice 3 - Propriedades termofísicas de líquidos saturados 69 Apêndice 4 - Propriedades termofísicas da água saturada
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