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PROGRAMA DE REABILITAÇÃO EM UTI Belo Horizonte 2 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 SUMÁRIO INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------- 03 1 UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI)------------------------------------ 05 2 CUIDADO EM UTI---------------------------------------------------------------------06 3 ATUAÇÃO FISIOTERAPEUTICA NO AMBIENTE HOSPITALAR--------- 08 4 REABILITAÇÃO PULMONAR-----------------------------------------------------12 5 FISIOPATOLOGIA DA FRAQUEZA MUSCULAR ADQUIRIDA NA UTI--------- 14 6 DIAGNÓSTICO DA FRAQUEZA ADQUIRIDA NA UTI-------------------------16 7 EXERCÍCIO PRECOCE NA UTI ------------------------------------------------------ 18 8 SEGURANÇA------------------------------------------------------------------------------- 19 9 CUSTO-EFETIVIDADE -------------------------------------------------------------------19 10 ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA MOTORA NA PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO DO DECLÍNIO FUNCIONAL EM PACIENTES CRÍTICOS-------------------------------------------------------------------------------20 11 CINESIOTERAPIA--------------------------------------------------- 22 12 EFEITOS DA IMOBILIDADE NO LEITO-------------------------------------24 13 BENEFÍCIOS CLÍNICOS--------------------------------------------------------26 14 A ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA PRECOCE-------------------------28 15 REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------31 3 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 INTRODUÇÃO Prezados alunos, Nos esforçamos para oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se candidataram a esta especialização, procurando referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, nos colocamos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organizar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos/ seus alunos. Nesta apostila introduzimos conceitos pertinentes ao programa de reabilitação em UTI e discorreremos sobre o conhecimento a respeito dos fundamentos, objetivos, métodos e áreas da fisioterapia, com foco na otimização da capacidade funcional e no desenvolvimento de programas de prevenção e reabilitação, fornecendo embasamento para capacitar fisioterapeutas. Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que 4 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 entendemos serem os mais importantes para a disciplina. Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas regras de redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser científico. Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 5 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 1. UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA (UTI) Fonte: www.shutterstock.com A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é destinada ao acolhimento de pacientes em estado grave com chances de sobrevida, que requerem monitoramento constante e cuidados muito mais complexos que o de outros pacientes. O percentual de leitos de UTI nos hospitais varia de 7% a 15% dependendo das características de cada hospital (por exemplo, hospitais de grandes centros costumam ter mais leitos de UTI por receberem pacientes de diversos lugares) e a necessidade por mais leitos tende a crescer conforme aumenta a expectativa de vida da população expondo-a a maiores chances de complicações e traumas relacionados a doenças degenerativas e acidentes, além do aumento de índices como a criminalidade. A história do surgimento das UTI`s remete ao início do século XX quando foram criadas as chamadas “salas de recuperação” para onde os pacientes eram levados após alguma neurocirurgia no Hospital Johns Hopkins http://www.shutterstock.com/ https://www.infoescola.com/demografia/expectativa-de-vida/ https://www.infoescola.com/doencas/doencas-degenerativas/ https://www.infoescola.com/medicina/neurocirurgia/ 6 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 (EUA). Já no Brasil elas só começaram a ser implantadas na década de 70, primeiramente no hospital Sírio Libanês em São Paulo com apenas dez leitos (1971). O objetivo básico das UTI`s é recuperar ou dar suporte às funções vitais dos pacientes enquanto eles se recuperam. Assim, as unidades de terapia intensiva são equipadas com aparelhos capazes de reproduzir as funções vitais dos internados como respiradores artificiais, aparelhos de hemodiálise que substituem a função dos rins e diversos outros. A criação das UTI`s representou um grande marco na história da medicina uma vez que possibilitou o atendimento adequado dos pacientes garantindo-lhes melhores condições de recuperação e reduzindo os óbitos em cerca de 70%. O profissional que trabalha nas UTI`s é chamado de intensivista e a equipe é sempre formada por diversos profissionais como fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e outros, além dos médicos. Outra função dos intensivistas, principalmente dos enfermeiros e assistentes sociais, é dar conforto e suporte aos familiares dos pacientes uma vez que a situação de internação de algum parente em UTI é sempre delicada para estes. Alguns dos equipamentos encontrados nas unidades de terapia intensiva: termômetro, oxímetro de pulso (mede a oxigenação nos tecidos do paciente), eletrocardiográfico (mede a frequência cardíaca e a pressão arterial), monitor de pressão arterial, monitor cardíaco, sonda naso-enteral (para alimentar o paciente), sonda vesical (para coletar a urina); máscara e cateter de oxigênio (auxiliam a respiração), cateter (dispositivo que auxilia a circulação sanguínea), tubo orotraqueal (auxilia a respiração do paciente), ventilador mecânico (injeta e retira ar dos pulmões do paciente quando este não consegue respirar sozinho). 2. CUIDADO EM UTI A UTI nasceu da necessidade de se oferecer suporte avançado de vida a pacientes agudamente doentes, que porventura possuam chances de sobreviver. Assim, destina-se à internação de pacientes com instabilidade 7 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 clínica e com potencial de gravidade (Carvalho et al., 2006). Trata-se de um ambiente de alta complexidade, reservado e único no ambiente hospitalar, pois se propõe a estabelecer monitorização completa e vigilância em tempo integral (Freire et al., 1998). O cuidado em UTI é orientado pelo médico biologicista, cuja atenção está voltada principalmente para o órgão doente, para a doença, para os procedimentos técnicos(Nascimento & Trentini, 2004) e para os aspectos f́ısicos e de controle das funções vitais do paciente (Leite & Vila, 2005). O paciente internado em UTI necessita de cuidados de excelência não apenas para os problemas fisiopatológicos, mas também para as questões psicossociais, ambientais e familiares, que se tornam intimamente interligadas à doença f́ısica (Vila & Rossi, 2002). Além de uma concentração de pacientes cŕıticos e de tecnologia avançada, nas últimas décadas a UTI se tornou um local de prática da equipe multiprofissional experiente e que possui competências e formações espećıficas (Nozawa et al., 2008). A complexidade deste serviço, em termos de equipamentos, de recurso humano e da maior quantidade de casos com indicação de internação, fez com que os cuidados ao paciente cŕıtico envolvessem profissionais médicos das diversas especialidades, enfermeiros, fisi- oterapeutas, nutricionistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais (Pereira et al., 1999). A necessidade de uma equipe multidisciplinar dentro da UTI favorece e influencia a qualidade da assistência prestada aos pacientes (Zorzi et al., 2008). De acordo com a portaria no 3432, de 12 de agosto de 1998 do Ministério da Saúde, a UTI deve contar uma equipe básica composta por: um responsável técnico com t́ıtulo de especialista em medicina intensiva ou com habilitação em medicina intensiva pediátrica, um médico diarista com t́ıtulo de especialista em medicina intensiva ou com habilitação em medicina intensiva pediátrica para cada dez leitos ou fração nos turnos da manhã e da tarde, um médico plantonista exclusivo para até dez pacientes ou fração, um enfermeiro coordenador exclusivo da unidade e responsável pela área de enfermagem, um enfermeiro exclusivo da unidade para cada dez leitos ou fração por turno 8 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 de trabalho, um fisioterapeuta para cada dez leitos ou fração no turno da manhã e da tarde, um auxiliar ou técnico de enfermagem para cada dois leitos ou fração por turno de trabalho, um funcionário exclusivo responsável pelo serviço de limpeza, acesso a cirurgião geral (ou pediátrico), torácico, cardiovascular, neurocirurgião e ortopedista. O esforç o de todos estes profissionais deve ser concentrado para melhorar o cuidado com o paciente cŕıtico. O sucesso da assistência na UTI depende das atividades desenvolvidas por esta equipe multidisciplinar. É necessário que se tenha objetivos comuns, treinamento adequado, capacitação para oferecer suporte avançado de vida por meio de conhecimentos atualizados, equipamentos e habilidades técnicas e humanas, e um processo de educação continuada (Pereira et al., 1999). A comunicação entre a equipe multiprofissional da UTI Pediátrica e Neonatal e a família deve ser frequente e em intervalos preestabelecidos. As terminologias utilizadas devem ser consistentes e de fácil entendimento, com oportunidade para a formulação de questionamentos e a expressão de sentimentos. Se necessário deve-se oferecer a assistência de profissionais de suporte como assistente social e psicólogo (Molina et al., 2007; Carvalho et al., 2004). 3. ATUAÇÃO FISIOTERAPEUTICA NO AMBIENTE HOSPITALAR 9 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Fonte: www.fisioterapia.com A dedicação da fisioterapia ao paciente crítico teve seu início entre as décadas de 40 e 50 devido à crise da poliomielite (BRAZ; MARTINS; JUNIOR, 2009; MOREIRAet al., 2005), desde então sua afirmação como parte da assistência intensiva tem sido progressiva (NOZAWA et al., 2008), e sua atuação como profissional integrante da equipe multiprofissional no tratamento de pacientes nas unidades de terapia intensiva (UTI) é reconhecida em diversos países desenvolvidos (BORGES et al., 2009; GODOY et al., 2011). No Brasil, embora os fisioterapeutas estejam cada vez mais presentes nas UTIs, sua atuação difere em cada instituição não estando seu papel bem definido (NOZAWA et al., 2008). Entre 1973 e 1979, reconheceu-se a importância da fisioterapia nos hospitais, especialmente com a fisioterapia respiratória, o que leva essa época a ser a mais importante para a inserção da fisioterapia respiratória brasileira que, com seu rápido crescimento na década seguinte, consolidou-se como indispensável em todos os hospitais, quando então essa especialidade passou definitivamente a compor também as equipes de terapia intensiva. Sem dúvida a nova atuação da fisioterapia respiratória brasileira possibilitou uma importante integração multiprofissional e interdisciplinar, a qual passou a exigir ainda mais estudos e aprimoramento dos fisioterapeutas para que estes pudessem atuar com maior respeito dos demais profissionais da equipe (SARMENTO, 2007). No atendimento multidisciplinar oferecido aos pacientes em UTIs, o fisioterapeuta se faz presente em vários segmentos do tratamento intensivo, tais como o atendimento a pacientes críticos que não necessitam de suporte ventilatório; assistência durante a recuperação pós cirúrgica, com o objetivo de evitar complicações respiratórias e motoras; assistência a pacientes graves que necessitam de suporte ventilatório (JEREE et al., 2007; SABETZKI; CICOTOSTE, 2008). No suporte ventilatório o fisioterapeuta tem importante participação, auxiliando na condução da ventilação mecânica, desde o preparo e ajuste do 10 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 ventilador artificial à intubação, evolução do paciente durante a ventilação mecânica, interrupção e desmame do suporte ventilatório e extubação (JERRE et al., 2007). A fisioterapia respiratória pode atuar na prevenção e no tratamento das doenças respiratórias utilizando-se de diversas técnicas e procedimentos terapêuticos tanto em nível ambulatorial, hospitalar ou de terapia intensiva (ABREU et al., 2007), com o objetivo de melhorar a função pulmonar, através da desobstrução brônquica, da expansão das áreas pulmonares colapsadas e no equilíbrio da relação ventilação/perfusão (SANTOS et al., 2009), diminuindo assim o tempo de hospitalização, pois inicia precocemente sua reabilitação proporcionando qualidade na internação de cada paciente (SABETZKI; CICOTOSTE, 2008). Pacientes em ventilação mecânica invasiva (VMI) normalmente evoluem com retenção de secreção pulmonar, porque ambos os mecanismos necessários para um processo de depuração normal das vias aéreas, transporte mucociliar e tosse, se encontram prejudicados. O acúmulo de secreção pulmonar pode provocar aumento da resistência das vias aéreas, obstrução parcial ou total das mesmas com consequente, hipoventilação alveolar e desenvolvimento de atelectasias, hipoxemia e aumento do trabalho respiratório. A presença de estase de secreção e atelectasias constituem um meio favorável para o desenvolvimento de colonização bacteriana e infecção do parênquima pulmonar o que constitui um fator complicador grave que pode prolongar o tempo de VMI e, consequentemente, afetar negativamente o prognóstico do paciente (DIAS et al., 2011). As técnicas fisioterapêuticas mais comuns utilizadas para promover higiene brônquica são: drenagem postural, compressão torácica manual, hiperinsuflação manual, aspiração traqueal, dentre outras (SANTOS et al., 2009) como a ventilação mecânica não invasiva (VMNI) com pressão positiva que é considerada um dos maiores avanços da ventilação mecânica (SCHETTINO et al., 2007). Principal terapia de escolha para pacientes com exacerbaçãode doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), mas também tem sido usada com sucesso em pacientes com insuficiência respiratória 11 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 hipoxêmica de várias origens, incluindo pós operatório de cirurgias abdominais (PESSOA et al., 2010) e de tórax reduzindo o risco de reintubação, tempo de permanência em UTI e, consequentemente, a mortalidade, pois melhora a ventilação alveolar e as trocas gasosas, diminui o trabalho ventilatório e aumenta os volumes pulmonares (FILHO; BONFIM; AQUIM, 2010). Por sua vez os cuidados à criança e ao recém-nascido de alto risco tem se tornado uma especialidade estabelecida na maioria dos países desenvolvidos. No Brasil, as iniciativas para o trabalho de fisioterapia nas unidades de terapia intensiva neonatal (UTINs), tiveram início na década de 1980. No primeiro momento após a criação das UTINs, a maior preocupação era a de melhorar a sobrevida dos recém-nascidos (RNs), sem aumentar o número de complicações e partindo desse preceito pode-se afirmar que a fisioterapia vem progredindo por meio de profissionais que têm como proposta um atendimento diferenciado para os RNs de alto risco. Como a fisioterapia é uma modalidade nova dentro das UTINs, encontra-se em expansão, principalmente nos grandes centros (VASCONCELOS; ALMEIDA; BEZERRA, 2011). Com isso, a assistência fisioterapêutica na equipe multidisciplinar aos recém-nascidos pré-termos (RNPT) sob cuidados intensivos tem como objetivo prevenir e minimizar as complicações respiratórias decorrentes da própria prematuridade e da ventilação mecânica, otimizar a função pulmonar de modo a facilitar as trocas gasosas, e assim, promover uma evolução clínica favorável. Para tanto, utiliza procedimentos fisioterapêuticos específicos como as posturas de drenagem, a vibração torácica e os exercícios respiratórios passivos (NICOLAU et al., 2008). A portaria do Ministério da Saúde n. 3432, em vigor desde 12/8/1998, diz que as UTIs com nível terciário devem contar com assistência fisioterapêutica em período integral (manhã e tarde), por diminuírem as complicações e o período de hospitalização, reduzindo, consequentemente, os custos hospitalares (NICOLAU; LAHOZ, 2007; VASONCELOS; ALMEIDA; BEZERRA, 2011). Em 24 de Fevereiro de 2010 a Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva 12 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 (SOBRATI) através da Resolução nº 7 – RDC, que dispõe sobre os requisitos mínimos para o funcionamento das UTIs, deu novas disposições sobre a fisioterapia, aprovando a designação de um fisioterapeuta coordenador da equipe de fisioterapia que deve ser especialista em terapia intensiva ou em outra especialidade relacionada à assistência ao paciente grave e aumenta a carga horária para os turnos matutino, vespertino e noturno, perfazendo um total de 18 horas diárias de atuação, com no mínimo 01 (um) profissional para cada 10 (dez) leitos. 4. REABILITAÇÃO PULMONAR Fonte: www.santevie.com.br O desenvolvimento e os avanços das unidades de terapia intensiva (UTI), aliados aos da ventilação mecânica (VM) e dos cuidados intensivos, propiciam o aumento da sobrevida de pacientes criticamente enfermos. Essa sobrevida é frequentemente associada à VM prolongada e a período extenso de internação, com consequente imobilidade no leito. A inatividade prolongada pode desencadear limitações e disfunções de 13 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 órgãos e sistemas. A restrição da atividade física tem sido associada a diferentes prejuízos aos sistemas corporais. No sistema muscular, a imobilidade prolongada reduz o potencial e a eficácia para realizar exercícios, particularmente os aeróbicos. No sistema esquelético o repouso prolongado leva à desmineralização, diminuição da densidade óssea e fraturas decorrentes de pequenos impactos. No sistema respiratório, a imobilidade pode diminuir a capacidade residual funcional e a complacência pulmonar, ocasionando atelectasias, retenção de secreções e, em alguns casos, a pneumonia e morte. As adaptações cardiovasculares à atividade reduzida são consideradas prejudiciais para a saúde do indivíduo e a inatividade crônica é identificada como um fator de risco para doença cardiovascular. Em relação ao sistema nervoso central, o repouso prolongado induz ao déficit de equilíbrio e redução da capacidade de manutenção em ortostatismo e desempenho em testes da função intelectual. Os prejuízos determinados pela imobilização durante a hospitalização prolongada podem potencialmente agravar o curso clínico da doença de base. Entretanto, esse declínio da capacidade funcional pode ser atenuado por um programa de reabilitação pulmonar na UTI, que tem sido associado a um menor déficit funcional após a alta hospitalar. A reabilitação pulmonar é um programa multidisciplinar de cuidado para pacientes com doença respiratória crônica, individualmente planejado para otimizar o desempenho físico, social e autonomia do paciente. A reabilitação pulmonar na UTI objetiva aplicar modalidades terapêuticas que restaurem a funcionalidade anterior ao episódio que determinou a necessidade da VM. Essa modalidade da reabilitação reduz a dependência do paciente em relação às atividades de vida diária, previne novas internações e melhora a qualidade de vida do paciente. O treinamento físico é um componente essencial do programa de reabilitação na UTI, associado a incremento da força muscular e otimização do tempo fora da VM. Tais benefícios favorecem a restauração precoce dos sistemas corporais, evitam complicações associadas à imobilidade prolongada e 14 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 contribuem para a melhora da qualidade de vida após VM prolongada. Entretanto, observa-se resistência na aplicação do treinamento físico, determinada pelo receio das equipes de UTI diante da gravidade do quadro clínico dos pacientes em VM. Outros fatores que contribuem para a resistência na aplicação desse treinamento são a intensidade de trabalho das UTI e a necessidade de pessoal treinado para efetuar o treinamento físico. 5. FISIOPATOLOGIA DA FRAQUEZA MUSCULAR ADQUIRIDA NA UTI Fonte: www.atualizarevista.com.br A disfunção muscular é um achado comum em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), devido à inatividade (repouso prolongado no leito), inflamação, utilização de agentes farmacológicos (corticosteroides, relaxantes musculares, bloqueadores neuromusculares, antibióticos), e a presença de síndromes neuromusculares associadas ao estado crítico do paciente. 15 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Devido à dificuldade da definição e classificação dessas desordens, o termo fraqueza muscular adquirida na UTI determina quadro de fraqueza clinicamente detectável em pacientes críticos na qual nenhuma etiologia plausível pode ser levantada além da própria condição crítica. A fraqueza muscular periférica clínica acomete de 25% à 33% dos pacientes ventilados mecanicamente durante 4 a 7 dias, 60% dos pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo, e 35% a 76% dos doentes sépticos, colaborando para o aumento da mortalidade. A fase aguda da sepse ou da doença crítica prolongada pode causar perda da contratilidade muscular, esta alteração pode ser explicada em parte pela toxidade das endotoxinas e citocinas, abundantes nestas condições, que marcam um aumento intramuscular nas concentrações de sódio e cloro e uma redução na concentração de potássio (por um mecanismo ainda não esclarecido), fatores que acabam por reduzir o potencialde repouso da membrana muscular. Essa diminuição do potencial de repouso reduz o transporte de aminoácidos para o interior da fibra muscular, provocando um desequilíbrio na relação síntese-degradação de proteínas. Além disso, o aumento do cálcio intracelular pode ativar proteases, fosfolipases e endonucleases, fatores que evidentemente contribuem para a atrofia e morte celular. Outro ponto relevante da fisiopatologia da sepse ou da doença crítica é a rápida e acentuada redução da atividade das enzimas mitocondriais. A capacidade oxidativa reduz drasticamente e em poucos dias após a internação, o que implica na dependência do paciente em relação ao metabolismo anaeróbio. Outra alteração que acomete pacientes criticamente internados e contribui para a atrofia muscular é o efeito metabólico da denervação funcional, consequente da redução na frequência e intensidade de impulsos nervosos chegando à membrana muscular, associados à polineuropatias, desuso ou bloqueadores neuromusculares (BNM). A informação nervosa que chega à junção neuromotora, pela ação da contração muscular, controla a expressão e determina o tipo de fibra (tipo I ou II) e as reservas enzimáticas nas fibras musculares, além de modular a 16 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 concentração de mitocôndrias e influenciar no equilíbrio entre a síntese e a degradação protéica. Dessa forma, a ausência desses estímulos reduz a rede de anabolismo e prejudica a recuperação muscular nos pacientes críticos. A perda da massa muscular em função do tempo depende de inúmeras condições como: inflamação, inatividade e/ou imobilismo e a resistência anabólica, fatores que aceleram esse quadro. O impacto desses fatores depende da sua intensidade, duração e do tipo de paciente, tornando-se exacerbado em pacientes com doenças crônicas e extremamente agravado em pacientes oncológicos ou sépticos. 6. DIAGNÓSTICO DA FRAQUEZA ADQUIRIDA NA UTI Fonte: www.interfisio.com.br É fundamental entender que o processo de avaliação e reabilitação precoce do doente crítico, depende, de implementações de evidências adicionais, como, os protocolos de sedação e analgesia, não obstante os protocolos de despertar diário, as UTI‘s mais experientes para a reabilitação precoce, experimentam com mais frequência a interrupção de sedação do que em UTI‘s menos experientes. Os protocolos de desmame e condutas padronizadas para reduzir ou controlar o delirium adquirido na UTI são 17 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 fundamentais para o sucesso. Na possibilidade da avaliação clínica, deve-se considerar que o paciente seja capaz de atender a comandos verbais, mesmo com os olhos fechados, na vigência de intubação orotraqueal, traqueostomia e ventilação mecânica, respondendo com a cabeça ou olhar. Nessa fase, dois importantes exames à beira leito devem ser utilizados para a triagem de pacientes em risco de fraqueza adquirida na UTI: a avaliação de força muscular utilizando a escala de força do Medical Research Council ou a utilização da avaliação de força de preensão palmar. O primeiro utiliza a simples escala de avaliação de força manual. Os grupos musculares avaliados devem ser: abdução do braço; flexão do antebraço; extensão do punho; flexão da coxa; extensão da perna e dorsiflexão plantar. A avaliação deve ser bilateral e a graduação de todos os grupos deve ser somada, quando a soma total for inferior a 48 pontos, na ausência de outra etiologia plausível, a fraqueza adquirida na UTI deve ser considerada. A avaliação clínica subestima de forma considerável a incidência de fraqueza muscular adquirida na UTI, devido à necessidade de colaboração do paciente, portanto, não é necessária a identificação de fraqueza adquirida por meio de escalas ou exames complementares para a implementação de protocolos de reabilitação precoce, as evidências mais recentes apontam que todos os doentes internados na UTI com mais de 48 horas, devem ser diariamente triados para o melhor nível de mobilização possível. Embora, quando diagnosticado, todos os recursos devem ser direcionados à estes pacientes. O diagnóstico diferencial para as fraquezas adquiridas na UTI compreende a presença da diminuição da força muscular de etiologias diferentes, com evidência clínica do uso de bloqueadores neuromusculares por tempo prolongado, provocado pelo efeito acumulativo e pelo efeito dose resposta do uso dessas drogas. O diagnóstico dessa condição pode ser realizado observando-se a redução ou ausência da amplitude do potencial de ação (Train of 4) na eletromiografia, e a observação de uma reversão completa da fraqueza 18 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 muscular no prazo de duas semanas, na maioria dos casos. Os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da fraqueza muscular adquirida na UTI (FMAUTI) com maior poder na literatura científica são: disfunção de múltiplos órgãos, sepse, hiperglicemia, imobilismo, permanência prolongada no ventilador mecânico e o uso de elevadas doses de corticosteroides e bloqueadores neuromusculares. 7. EXERCÍCIO PRECOCE NA UTI Fonte: www.facafisioterapia Estudos publicados pela Força tarefa de fisioterapeutas do European Respiratory Society e pela Sociedade Europeia de Medicina Intensiva aconselham o início precoce do exercício passivo e ativo em pacientes críticos internados, demonstrando que a reabilitação precoce é segura e possível de ser realizada tão logo o paciente seja admitido na UTI. Dentre as modalidades de exercício são considerados o movimento passivo contínuo, já demonstrando sucesso na prevenção ou atenuação de http://www.facafisioterapia/ 19 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 aspectos de atrofia muscular, bem como o uso de cicloergômetro acoplado ao leito, pesos livres, ortostatismo assistido e ativo, deambulação precoce, eletroestimulação neuromuscular, leg press (Moveo XP), theraband, entre outros. 8. SEGURANÇA Inúmeros estudos direcionados à investigar a segurança e viabilidade de implementar protocolos de fisioterapia precoce têm sido publicados, as evidências demonstram segurança não somente no doente séptico, em ventilação mecânica por Insuficiência Respiratória ou no paciente cirúrgico, mas também, nos doentes com hemorragia subaracnóidea por aneurisma, assistência ventricular mecânica, circulação extra-córporea, politraumas e queimados, com segurança na pressão de perfusão cerebral e pressão intracraniana. 9. CUSTO-EFETIVIDADE Algumas publicações expressivas já evidenciam que a implementação de protocolos de reabilitação precoce na UTI, são custo-efetivas, mesmo considerando o gasto incremental de equipes de fisioterapia, tecnologias e treinamento, a redução de custo é muito considerável, devido à redução de tempo de internação e uso da ventilação mecânica, a efetividade se dá também, por ganhos funcionais e na qualidade de vida. Uma publicação recente demonstra que em um bom cenário de modelagem para redução de custo, sem considerar ganhos adicionais com o aumento da rotatividade de leitos, uma equipe de fisioterapia na UTI realizando reabilitação precoce pode economizar, USD 3.763.000,00 para cada 2000 internações. Traduzindo para uma UTI de 30 leitos de alta complexidade e em valores Reais presentes, este cenário demonstra uma economia de aproximadamente R$7.000.000,00 a cada 24 meses, ou quase R$300.000,00 por mês de economia com uma qualificada equipe para executar estas terapias. 20 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Estes custos justificam aquisição de tecnologias e salários consideravelmente maiores do queo mercado atual para as equipes de fisioterapia que atuarem em alto nível nos protocolos de mobilização precoce. 10. ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA MOTORA NA PREVENÇÃO E RECUPERAÇÃO DO DECLÍNIO FUNCIONAL EM PACIENTES CRÍTICOS Fonte: www. interfisio.com.br A Fisioterapia Motora tem sido uma grande aliada na recuperação clínica de pacientes internados em UTI, restaurando a perda funcional, reduzindo incapacidades e aprimorando a funcionalidade do paciente. Como alternativa de prevenção e tratamento de comorbidades associadas ao imobilismo, a fisioterapia tem sido defendida através de programas de mobilização precoce no paciente crítico. Declínio funcional pode ser definido como a perda de habilidades na realização de atividades de vida diária entre o 21 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 período pré-morbidade, classificado como estado funcional prévio ao internamento, e o desempenho atual durante a estadia hospitalar, e até três meses após a alta. A presença de declínio funcional é preditor de resultados insatisfatórios na alta hospitalar e há forte correlação com prolongados períodos de internação, aumento de mortalidade, maior necessidade de reabilitação domiciliar e dos custos hospitalares. Os prejuízos funcionais comumente relatados na literatura em pacientes críticos estão relacionados diretamente ao tempo de permanência na UTI e a ventilação mecânica (VM) prolongada. São necessários apenas sete dias de repouso no leito para reduzir a força muscular em 30%, com uma perda adicional de 20% da força restante a cada semana. A incidência de fraqueza generalizada relacionada ao paciente critico internados, ocorre em 30% a 60% dos casos, particularmente os submetidos à VM por mais de 7 dias. Ocorre de forma difusa e simétrica, acometendo a musculatura estriada esquelética apendicular e axial, variando desde tetraparesia leve a tetraplegia grave. Diversos estudos atualmente têm sido voltados aos benefícios de um programa de reabilitação precoce em pacientes críticos, obtendo resultados satisfatórios quanto à prática, cabendo ao Fisioterapeuta determinar ou eleger a intervenção adequada a cada paciente. 22 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 11. CINESIOTERAPIA Fonte: www.kostenblick A Cinesioterapia é a terapia ou tratamento através do movimento visando a reabilitação funcional. Tem como objetivo prevenir, eliminar ou diminuir os distúrbios do movimento e função. Segundo Gardiner (1995) os objetivos da Cinesioterapia ou as metas de tratamento pelo exercício são: promover a atividade quando e onde seja possível minimizar os efeitos da inatividade, corrigir a ineficiência de músculos específicos ou grupo musculares e reconquistar a amplitude normal do movimento da articulação. O sistema musculoesquelético é projetado para se manter em movimento. São necessários apenas sete dias de repouso no leito para reduzir a força muscular em 30%, com uma perda adicional de 20% da força restante a cada semana. A síndrome do imobilismo define-se como redução da capacidade funcional dos sistemas osteomusculares, tecido conjuntivo e articular, sistema 23 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 respiratório, metabólico, gastrointestinais e outros, podendo levar a diversas desordens. O declínio funcional relacionado ao paciente crítico é uma complicação significante e comum em muitos indivíduos admitidos em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), incidindo em 30 a 60% dos pacientes internados, principalmente os submetidos à Ventilação Mecânica prolongada, que são frequentemente descondicionados e limitados do ponto de vista cinético-funcional. Em pacientes com sepsis esta incidência aumenta de 70% a 100%. Além das condições prévias, múltiplos fatores podem contribuir para ocorrência desta condição, dentre eles destacam-se: a gravidade e duração da falência de órgãos; inflamações sistêmicas, uso de alguns medicamentos, como corticóides, sedativos e bloqueadores neuromusculares, descontrole glicêmico, desnutrição, hiperosmolaridade, nutrição parenteral, duração da ventilação mecânica e principalmente, a imobilização prolongada. Além do imobilismo, que causa atrofia muscular por desuso, a fraqueza muscular adquirida na UTI pode ser causada pela miopatia ou polineuropatia do doente crítico. Trata-se de uma doença que ocorre por uso prolongado de bloqueadores neuromusculares e corticóides, associado ao tempo prolongado no leito (BASS, 2011). Manifesta-se por uma reação intensa inflamatória do organismo no sistema nervoso periférico proveniente da doença aguda que o levou à internação (BERCKER, et al., 2005). Com o objetivo de identificar precocemente disfunções cinético-funcionais, prevenir e minimizar a perda funcional, além de preservar a capacidade de realização de atividades por parte do indivíduo, principalmente nos domínios transferências e locomoção, a fisioterapia motora a tem sido defendida através de programas de mobilização precoce no paciente crítico, sendo este recomendado 24 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 como prática crucial e segura para recuperação destes pacientes. A mobilização precoce na UTI pretende manter ou aumentar a força muscular e a função física do paciente. Ela inclui atividades terapêuticas progressivas, tais como exercícios de mobilidade no leito, sentado na beira do leito, em ortostase, transferência para uma poltrona e deambulação. Morris et. al. (2008) demonstrou uma comparação entre mobilização precoce na UTI com cuidados usuais, composta por grupo controle e grupo protocolo, e observou que os pacientes que receberam mais sessões de fisioterapia tiveram menor tempo de permanência hospitalar. Neste contexto, fica evidente a importância da fisioterapia nas unidades de tratamento intensivo, contribuindo de forma valiosa no tratamento global do paciente, minimizando os efeitos da imobilidade no leito além de tratar e prevenir complicações respiratórias. 12. EFEITOS DA IMOBILIDADE NO LEITO 25 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Fonte: www.integracaobrasil.blogspot.com.br As consequências negativas do imobilismo são incontestáveis e comprovadas. Fisiopatologicamente, mecanismos importantes como imobilidade, inflamação local e sistêmica, utilização de fármacos como corticoides, relaxantes musculares e antibióticos, desnutrição e situações catabólicas, agem sinergicamente para promover a perda de massa muscular significativa no doente criticamente enfermo. O desuso, como no repouso, inatividade ou imobilização de membros ou corpo e a perda de inervação nas doenças ou injúrias, afetam diretamente o sistema osteomuscular promovendo um declínio na massa muscular, força e atrofia articular. Além disso, a imobilidade pode influenciar na recuperação de doenças críticas, devido às alterações sistêmicas associadas a ela, como doença tromboembólica, atelectasias, úlceras de pressão, entre outras. Aproveitar-se avultar as alterações pulmonares que resultam no movimento restrito do tórax em decúbito dorsal e do movimento diafragmático reduzindo volumes e capacidades pulmonares, além do tromboembolismo, que com a perda da bomba muscular, produz estase venosa nos membros inferiores levando à formação de trombos. Pacientes com trombos venosos têm 50% de chance de desenvolver embolia pulmonar. Consequentemente, a capacidade física e a qualidade de vida desses pacientes ficam comprometidas, sendo que essas alterações podem durar alguns anos após a alta hospitalar. Os efeitos adversos na funcionalidade e no declínio funcional podemresultar em um pior prognóstico para esses pacientes. Covinsky et al., em 2003, demonstraram em um estudo descritivo, a relação da perda de independência nas atividades da vida diária em idosos hospitalizados com doenças médicas e http://www.integracaobrasil.blogspot.com.br/ 26 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 contatou que o declínio funcional durante a internação para tratamento de processos agudos foi de 35% para realização de atividades de vida diária quando comparados a dados pré- internação. A frequência de declínio funcional variava significativamente com a idade, em pacientes com mais de 85 anos a taxa de declínio excedeu a 50% e todos tiveram desfecho desfavorável na alta. Clavet et al., (2008), observaram trinta e nove por cento dos pacientes internados por tempo prolongado numa UTI (por duas semanas ou mais) apresentaram contraturas articulares com limitação da amplitude completa de movimento e em mais de uma articulação, que perdurou mesmo após duas semanas de alta hospitalar. Uma estadia maior que oito semanas foi identificada como fator de risco para contratura articular. A compreensão da fisiopatologia, implicações prognósticas e métodos diagnósticos das alterações neuromusculares adquiridas na UTI, especialmente em pacientes submetidos à VM, auxiliam no direcionamento e perspectivas terapêuticas. 13. BENEFÍCIOS CLÍNICOS 27 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Fonte: www.utivisitas.com.br Os benefícios clínicos de um programa de reabilitação precoce em pacientes criticamente enfermos tem sido cada vez mais comprovado cientificamente. Fica evidente neste contexto que a atividade física e a retirada precoce do leito assumem papéis fundamentais na restauração da função perdida. Intervir precocemente é fundamental para melhora da função respiratória, melhora do nível de consciência, aumento da independência funcional, ganho de força e resistência muscular, melhora da flexibilidade articular, melhora da aptidão cardiovascular e aumento do bem-estar psicológico. Além disso, pode acelerar a recuperação do paciente, diminuir a duração da ventilação mecânica e o tempo de internamento hospitalar (STILLER, 2007). É considerada uma terapia que otimiza a recuperação funcional, particularmente durante os primeiros dias de internação hospitalar. Atualmente diversos estudos comprovam que a mobilização precoce é uma forma segura e efetiva para obtenção de melhora nos resultados funcionais, promovendo redução do tempo de internação hospitalar, sem elevação dos custos da unidade, além de reduzir as mudanças fisiológicas desfavoráveis e as complicações da imobilidade prolongada. Feliciano et al.; (2012) em um ensaio clínico, controlado e randomizado, analisou a eficácia de um protocolo de mobilização precoce no tempo de estadia na UTI, considerando dois grupos. Os pacientes submetidos a um protocolo de mobilização precoce evoluíram com um ganho da força muscular inspiratória e periférica e com nível cinco de funcionalidade, demonstrando assim a importância da utilização desses protocolos. Em um ensaio clínico controlado e randomizado, Dantas et al.; (2012), através de um protocolo de mobilização precoce http://www.utivisitas.com.br/ 28 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 sistematizado duas vezes ao dia, todos os dias da semana, verificou ao término do estudo um ganho da força muscular inspiratória e periférica nos indivíduos submetidos ao protocolo de mobilização precoce e sistematizado, o que não aconteceu aos indivíduos do grupo padrão de mobilização. De acordo com Van Der Schaff et. al.; (2009), através de um estudo sobre os fatores prognósticos para o estado funcional em pacientes um ano após a alta da unidade de terapia intensiva, verificou que a medicina de reabilitação pode interferir nas restrições a longo prazo desses pacientes. Apesar dos efeitos benéficos relacionados à mobilização precoce em pacientes internados em UTI, e ainda que venham mostrando em seus protocolos específicos segurança e eficácia, sem relatos de intercorrências durante o método, vale ressaltar a importância de alguns fatores de segurança antes da realização dessas atividades, principalmente em indivíduos com instabilidade hemodinâmica e respiratória. 29 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 14. ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA PRECOCE Fonte: www.blogfisioterapia.com.br A identificação dos distúrbios cinético-funcionais através de avaliação funcional e a elaboração do diagnóstico cinesiológico funcional são fundamentais para um rigoroso planejamento terapêutico. A cinesioterapia motora em pacientes críticos internados na UTI tem como objetivo principal prevenir e reduzir os efeitos deletérios do decúbito prolongado. Segundo Gardiner (1995) os objetivos da Cinesioterapia ou as metas de tratamento pelo exercício são: promover a atividade quando e onde seja possível minimizar os efeitos da inatividade, corrigir a ineficiência de músculos específicos ou grupo musculares e reconquistar a amplitude normal do movimento da articulação, além de encorajar o paciente a usar a habilidade que ele reconquistou no desempenho de atividades funcionais normais, e assim acelerar sua reabilitação. http://www.blogfisioterapia.com.br/ 30 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A fisioterapia motora precoce deve ser aplicada diariamente nos pacientes críticos internados em UTI, tanto naqueles estáveis, que se encontram acamados, inconscientes e sob VM, quanto naqueles conscientes capazes de realizar a marcha independente. Deve ser iniciada assim que as alterações fisiológicas se estabilizem, daí o conceito de “precoce”. Tais atividades consistem em práticas terapêuticas progressivas. A progreção de atividades de mobilização na UTI , estimulando a inicialização o mais precoce possível, logo após estabilização da desarmonia fisiológica, foi estabelecida recentemente pela força tarefa da European Respiratory Society and European Society of Intensive Care Medicine, onde a mobilização precoce foi baseada em uma seqüência de intensidade: mudança de decúbitos e posicionamento funcional, mobilização passiva, eletroestimulaçao, exercícios motores na cama como controle de tronco, exercícios ativos e resistidos, sedestação à beira leito, cicloergômetro, , ortostatismo, caminhada estática, transferência da cama para cadeira e deambulação. No que tange aos critérios para mobilização, recomenda-se a avaliação das variáveis cardiovasculares e respiratórias, saturação periférica de oxigênio, além de observar o nível de consciência e a dosagens de sedativos e de drogas vasoativas. Pacientes com instabilidade hemodinâmica, que necessitam de altas frações inspiradas de oxigênio (FiO2) e altos níveis de suporte ventilatório não são recomendados para atividades de mobilização mais agressivas. Embora existam poucos estudos a respeito, os benefícios terapêuticos vem comprovando a real necessidade de uma intervenção cinesioterapeutica precoce, a fim de evitar deficiências e abreviar a alta hospitalar. Além disso, os autores salientam a escassez de publicações com protocolos uniformes 31 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 de mobilização precoce, bem como seus efeitos sobre a função pulmonar, desmame da ventilação mecânica, qualidade de vida e tempo de estadia na UTI. 32 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31)3270 4500 18. REFERÊNCIAS FRANÇA, Danielle Corrêa; APOLINÁRIO, Aléssia Quintão; VELLOSO, Marcelo; PARREIRA, Verônica Franco Parreira. 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