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As Profecias do Tempo do Fim

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AS PROFECIAS DO TEMPO DO FIM 
[Clique na palavra CONTEÚDO] 
ENFOQUE CONTEXTUAL-BÍBLICO 
 
Hans K. LaRondelle 
Dr. em Teologia 
Professor emérito de Teologia 
 
O SERMÃO PROFÉTICO DE JESUS: MATEUS 24 
A PROFECIA DE PAULO: 2 TESSALONICENSES 2 
O APOCALIPSE DE JOÃO 
 
Título do original em inglês (5ª edição inglesa, 1997) 
How to Understand The End-Time Prophecies of the Bible 
FIRST IMPRESSIONS 
Miami Beach, Florida, E.U.A., 1997 
 
Tradução: Carlos Biagini 
 
[Contracapa] 
 
"O Dr. LaRondelle fez uma contribuição extremamente importante 
para nossa compreensão da profecia bíblica". 
Dr. George R. Knight, professor de História Eclesiástica no 
Seminário Teológico de Universidade Andrews. 
 
 "Este livro faz uma contribuição fundamental a uma necessidade 
absolutamente crucial em todas as igrejas cristãs: A necessidade de não 
só interpretar a Bíblia, mas também a de entender corretamente sua 
mensagem apocalíptica e escatológica. Este é um livro bem a tempo". 
Wilmore D. Eva, diretor da revista Ministry. 
 
As Profecias do Tempo do Fim 2 
"LaRondelle tira o apocalíptico do reino da fantasia e especulação 
que caracteriza as apresentações de tantos que nos deslumbram mas que 
não nos alimentam. O enfoque do LaRondelle leva a uma fé mais 
amadurecida em Cristo. Isto é erudição cristã, responsável e equilibrada 
da melhor classe". 
Charles E. Bradford, presidente aposentado da 
Divisão Norte-americana da igreja adventista. 
 
Hans K. LaRondelle é professor emérito de Teologia no 
Seminário Teológico da Universidade Andrews, em Berrien 
Springs, Michigan, Estados Unidos. Serve nos Países Baixos 
como pastor evangelista e professor durante 14 anos, e na 
Universidade Andrews como professor de teologia durante 25 
anos. Recebeu seu título doutoral em Teologia Sistemática e 
Ética do distinto teólogo holandês G. C. Berkouer na Reformed 
Free University [Universidade Livre Reformada], em Amsterdã, 
em 1971. 
É o autor dos livros Perfection and Perfectionism [Perfeição e 
Perfeccionismo], Christ Our Salvation [Cristo nossa salvação], 
Deliverance in the Psalms [Libertação nos Salmos], Chariots of 
Salvation [Carruagens de Salvação], The Israel of God in 
Prophecy [O Israel de Deus na profecia] e The Good News About 
Armageddon [Boas Novas Sobre o Armagedom]. Também é co-
autor nos livros A Symposium on Biblical Hermeneutics [Um 
Simpósio Sobre Hermenêutica Bíblica] (editado pelo G. M. Hyde), 
Symposium on Revelation, Book II [Simpósio Sobre o Apocalipse, 
Livro II] (editado por F. B. Holbrook) e The Sabbath in Scripture 
and History [O Sábado na Escritura e na História] (editado por K. 
A. Strand). 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 3 
CONTEÚDO 
 
 
 
Prólogo . ...........................................................................................7 
Introdução geral.................................................................................9 
Chave de abreviaturas ....................................................................11 
Agradecimentos..............................................................................14 
 
 
PRIMEIRA PARTE: A PROFECIA BÍBLICA 
 
1. A esperança apocalíptica dos judeus do século I.........................15 
2. A distinção entre profecia clássica e profecia apocalíptica….....21 
Profecia clássica .....................................................................21 
Profecia apocalíptica ..............................................................25 
Resumo ...................................................................................28 
3. A aplicação que Cristo fez da Bíblia Hebraica............................30 
Jesus e a Palavra de Deus .......................................................30 
A nova revelação de Jesus o Messias......................................33 
Cristo, o representante do novo Israel.....................................34 
4. Como Cristo empregou os símbolos apocalípticos ....................38 
5. A interpretação que os apóstolos fizeram do 
cumprimento da profecia..................................................45 
A unidade orgânica dos cumprimentos cristológicos 
e eclesiológicos ................................................................47 
O princípio de universalização das promessas 
territoriais feitas a Israel....................................................49 
O inadequado da hermenêutica do literalismo........................51 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 4 
SEGUNDA PARTE: MATEUS E TESSALONICENSES 
 
6. A compreensão de Cristo das profecias do Daniel......................54 
A estrutura cronológica do discurso profético de Jesus 
em Marcos 13....................................................................59 
A aplicação que Cristo fez da tipologia .................................61 
Cristo, a chave para entender a profecia ................................63 
O anticristo abominável..........................................................65 
O anticristo pós-apostólico .....................................................69 
O estilo apocalíptico de Mateus 24 ........................................70 
A ênfase de Lucas sobre o curso da história...........................71 
A teologia de Cristo sobre os sinais cósmicos........................74 
A universalização que Cristo fez das profecias 
do tempo do fim ...............................................................78 
Resumo ...................................................................................79 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO 6.......................82 
7. A compreensão de Paulo das profecias de Daniel.......................85 
O enfoque contínuo-histórico em Daniel ...............................86 
Paralelos entre os esboços apocalípticos de Jesus e Paulo............88 
A ênfase de Paulo sobre a apostasia religiosa.........................90 
Como Paulo emprega a frase "o templo de Deus"..................92 
Como Paulo emprega os tipos de adoração falsa 
no Antigo Testamento.......................................................94 
A aplicação que Paulo faz do antimessias predito por Daniel....96 
O momento histórico exato do anticristo segundo Paulo........98 
O anticristo de Paulo como uma paródia de Cristo...............100 
O mistério da iniqüidade.......................................................102 
O ato que coroará o drama do engano...................................104 
Resumo..................................................................................105 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO 7.....................107 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 5 
TERCEIRA PARTE: O APOCALIPSE 
 
8. Introdução ao Apocalipse..........................................................109 
9. O propósito do Apocalipse........................................................114 
10. Chaves interpretativas dentro do Apocalipse............................120 
11. A composição literária do Apocalipse.......................................129 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS DO CAPÍTULO 11................................140 
12. A visão do trono do Criador: Apoc. 4.......................................141 
13. A entronização do Cordeiro de Deus: Apoc. 5..........................147 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 4 E 5......................153 
14. Compreendendo os sete selos: Apoc. 6.....................................153 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 6..........................182 
15. Segurança de libertação no tempo do fim: Apoc. 7..................184 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 7..........................202 
16. Compreendendo as trombetas em seus contextos: 
Apoc. 8 e 9................................................................................204 
17. Uma aplicação histórica das trombetas.....................................225 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA ENTENDER AS 
TROMBETASEM SEUS CONTEXTOS............................................245 
18. O refletor profético sobre o povo de Deus do 
tempo do fim: Apoc. 10............................................................247 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 10........................264 
19. A missão profética das testemunhas de Deus: 
Apoc. 11....................................................................................266 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 11…......................296 
20. Compreendendo os "1.260 dias" em Apocalipse 11-13 ...........299 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA ENTENDER OS "1.260 DIAS"......326 
21. A mensagem do tempo do fim na perspectiva histórica: 
Apoc. 12-14...............................................................................331 
22. O conflito final de lealdade do tempo do fim: Apoc. 13...........366 
23. Identificando o anticristo...........................................................393 
24. Os últimos companheiros do Cordeiro: Apoc. 14:1-5...............403 
As Profecias do Tempo do Fim 6 
25. A mensagem do primeiro anjo: Apoc. 14:6, 7..........................412 
26. A mensagem do segundo anjo: Apoc. 14:8...............................429 
27. A mensagem do terceiro anjo: Apoc. 14:9-12...........................437 
28. A dupla ceifa da terra: Apoc. 14:14-20.....................................450 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 12-14....................458 
29. O significado das sete últimas pragas: Apoc. 15 e 16...............467 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 15 E 16.................489 
30. A sétima praga: A retribuição de Babilônia: Apoc. 17.............492 
31. O significado do veredicto de Deus sobre Babilônia: 
Apoc. 18 ...................................................................................520 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 17 E 18.................540 
32. Compreendendo o milênio: Apoc. 19 e 20................................544 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA ENTENDER O MILÊNIO.............576 
33. O significado da Nova Jerusalém: Apoc. 21 e 22 ....................581 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS PARA APOCALIPSE 21 E 22.................603 
 
Epílogo…………………………………………….…………..….606 
 
APÊNDICES 
 
A. Relação do dom de profecia do tempo do fim 
com a Bíblia......................................................................609 
B. Alguns textos problemáticos com respeito à 
Nova Terra........................................................................618 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 7 
PRÓLOGO 
 
O propósito deste estudo da profecia bíblica é singelo: É meu 
testemunho como professor de Teologia, alguém que ensinou 
Escatologia Bíblica e Interpretação Apocalíptica por mais de 25 anos no 
Seminário Teológico da Universidade Andrews (em Berrien Springs, 
Michigan, Estados Unidos) e em seminários de extensão ao redor do 
mundo. 
Este livro é o resultado de meus contínuos esforços por aprender 
com o passar do tempo. O presente estudo não é um tratamento 
exaustivo de cada profecia de longo alcance da Sagrada Escritura. Os 
capítulos problemáticos do Daniel 8-12 constituem uma estudo à parte, e 
estão além do alcance deste livro. Os eruditos bíblicos adventistas 
estudaram recentemente estes capítulos apocalípticos no livro do Daniel. 
Os resultados de seus estudos podem encontrar-se nos livros The 
Sanctuary and the Atonement, Biblical Historical, and Theological 
Studies [O Santuário e a Expiação: Estudos Bíblicos, Teológicos e 
Históricos] (A. V. Wallenkampf e W. R. Lesher, eds., Biblical Research 
Committee [Comissão de Investigação Bíblica]; Washington DC: 
Review and Herald, 1981), Symposium on Daniel [Simpósio Sobre 
Daniel] (Frank B. Holbrook, ed., Biblical Research Institute [Instituto de 
Investigação Bíblica]; Hagerstown, Maryland: Review and Herald, 
1986), e no número de "Daniel" da Journal of the Adventist Theological 
Society [Revista da Sociedade Teológica Adventista] (T. 7, N.° 1, 1996). 
O tema central da presente obra é o discurso profético de Jesus em 
Mateus 24 (e seus capítulos paralelos no Marcos e Lucas), o esboço 
apocalíptico de Paulo em 2 Tessalonicenses 2, e Apocalipse de João. 
Estou convencido de que a interpretação contínuo-histórica das 
grandes séries apocalípticas proporciona o método mais adequado para a 
desafiante tarefa de compreender a perspectiva bíblica do tempo do fim. 
Isto requer uma comprovação cuidadosa das tradicionais aplicações 
historicistas à história da igreja, de modo que possamos aprender dos 
As Profecias do Tempo do Fim 8 
enganos do passado. Nosso enfoque é primariamente a exegese 
contextual-bíblica de cada passagem apocalíptica antes que se possa 
extrair qualquer aplicação histórica. 
Por um lado, a redação deste livro reflete o estilo de minhas classes 
com os estudantes de Teologia, como também com o dos encontros com 
pastores e leigos nos seminários bíblicos. E, por outro lado, tem a 
intenção de beneficiar a todos os estudantes sinceros da Bíblia que 
desejam investigar esta parte importante e desafiante das Escrituras, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 9 
INTRODUÇÃO GERAL 
 
O propósito deste livro é ajudar ao leitor a compreender melhor o 
plano de Deus para a redenção do planeta Terra. A Sagrada Escritura dá 
a conhecer o significado do plano de Deus até que alcance sua revelação 
total e completa no último livro da Bíblia, o Apocalipse, que é "a 
revelação do Jesus Cristo" (Apoc. 1:1). O Apocalipse é reconhecido 
como o mais destacado e um resumo de todas as profecias anteriores; 
isto sugere sua profunda unidade espiritual com os outros livros da 
Bíblia. Portanto, requer-se um conhecimento básico de toda a Escritura 
antes de poder obter uma revelação mais profunda do Apocalipse. 
O Apocalipse adota seus símbolos, imagens e termos 
principalmente do Antigo Testamento, por isso estes não podem ser 
compreendidos se forem isolados de suas raízes hebraicas. Posto assim, 
para ler o Apocalipse dentro de seu amplo contexto bíblico se requer que 
nos familiarizemos com as Escrituras Hebraicas, com sua forma de falar 
e com sua linguagem profética. Além disso, também é de proveito a 
interpretação que fazem da profecia os rabinos do judaísmo posterior. 
Este antecedente revela a surpreendente novidade da mensagem 
evangélica, tal como a apresentaram Jesus e os escritores do Novo 
Testamento. 
Nosso exemplo autoritativo para a aplicação cristã das profecias do 
tempo do fim será a maneira como Cristo e o apóstolo Paulo usaram os 
símbolos apocalípticos do livro do Daniel. O sermão profético do Jesus 
em Mateus 24 (e paralelos) e o esboço profético de Paulo em 2 
Tessalonicenses 2 constituem os dois elos indispensáveis entre os livros 
do Daniel e Apocalipse. Tanto Jesus como Paulo aplicam as profecias do 
Daniel 7-12 do ponto de vista de sua própria época. Assim sendo, como 
crentes cristãos devemos derivar nossos princípios de interpretação 
profética de suas aplicações históricas de Daniel. Estes princípios 
hermenêuticos, ou de interpretação, são de uma importância decisiva 
para nossa compreensão das profecias bíblicas do tempo do fim. 
As Profecias do Tempo do Fim 10 
A primeira parte de nossa investigação se concentra em Mateus 24 e 
em 2 Tessalonicenses 2. Em Apocalipse, o enfoque estará sobre a da 
prova final de fé no grande conflito dos séculos. A profecia bíblica nunca 
foi dada para satisfazer nossa curiosidade sobre o futuro. Mais bem, sua 
finalidade divina é animar o povo de Deus para que persevere na sagrada 
fé e revitalize sua bem-aventurada esperança na breve volta de Cristo 
como o Rei-Salvador. Quando o Apocalipse, a revelação de Jesus Cristo, 
fizer pleno impacto em nossas mentes e corações, experimentaremos 
suas descrições poéticas e dramáticas como a mensagem mais sublime 
da misericórdiae justiça divinas para a humanidade. A culminação da 
profecia é a segurança celestial de que o Criador se importa conosco e 
com nosso mundo, e de que Sua justiça prevalecerá durante toda a 
eternidade sobre a terra assim como prevalece no céu. 
No final da maioria dos capítulos se sugere material bibliográfico 
como uma guia para um estudo exaustivo. A menos que se indique outra 
coisa, usa-se a versão Almeida Atualizada, revisão de 1997 (toda ênfase 
na transcrição do texto dos versículos, em negrito ou em itálico, é do 
autor). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 11 
CHAVE DE ABREVIATURAS 
 
Bíblias (versões) 
BC Bover-Cantera 
BJ Bíblia de Jerusalém 
CI Cantera-Iglesias 
BLH Bíblia na Linguagem de Hoje 
JS Juan Straubinger 
LXX Septuaginta, ou Versão dos Setenta 
NASB New American Standard Bible 
NBE Nova Bíblia espanhola 
NC Nácar-Colunga 
NEB New English Bible [Nova Bíblia inglesa] 
NVI Nova Versão Internacional 
NKJV New King James Version 
RA Revista e Atualizada 
TA Torres-Amat 
 
Espírito de Profecia 
AA Atos dos apóstolos 
CE Colportor evangelista, O 
DTN Desejado de Todas as Nações, O 
Ed Educação 
Ev Evangelismo 
FE Fundamentos da Educação Cristã 
GC Grande Conflito, O 
MS Mensagens Escolhidas 
PE Primeiros Escritos 
PP Patriarcas e Profetas 
PR Profetas e Reis 
TS Testemunhos Seletos, vol. 1, 2, 3 
 
As Profecias do Tempo do Fim 12 
Revistas teológicas 
 
AUSS Andrews University Seminary Studies [Estudos do 
Seminário da Universidade Andrews] 
CBQ Catholic Biblical Quarterly [Revista Trimestral Bíblica 
Católica] 
JATS Journal of the Adventist Theological Society [Revista da 
Sociedade Teológica Adventista] 
JBL Journal of Biblical Literature [Revista de Literatura Bíblica] 
JETS Journal of the Evangelical Theological Society [Revista da 
Sociedade Teológica Evangélica] 
JSNT Journal for the Study of The New Testament [Revista para 
o estudo do Novo Testamento] 
NTS New Testament Studies [Estudos do Novo Testamento] 
SBTh Studia Bíblica et Theologica [Estudos Bíblicos e Teológicos] 
SJT Scottish Journal of Theology [Revista Escocesa de Teologia] 
 
Miscelânea 
a.C. antes de Cristo 
ANF The Ante-Nicene Fathers [Os Pais antenicenos] 
cap. Capítulo 
caps. Capítulos 
CBA Comentário bíblico adventista (espanhol) 
cf. Compare-se com 
d.C. depois de Cristo 
ed. Editor / editado por / edição de 
eds. Editores 
gr. grego 
lit. Literalmente 
p. Página 
pp. Páginas 
p.ex. Por exemplo 
As Profecias do Tempo do Fim 13 
QM Regra de guerra (Qumrán) 
trad. Tradutor/ Traduzido por 
vol. Volume 
v. Versículo 
vs. Versículos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 14 
AGRADECIMENTOS 
 
O material bibliográfico que se encontra no final da maioria dos 
capítulos mostra a enorme dívida que tenho com os eruditos bíblicos que 
procuraram descobrir o significado do Apocalipse, a revelação de Jesus 
Cristo. Estou agradecido especialmente a meus colegas no campo da 
teologia, e aos estudantes, que leram o manuscrito e estimularam a um 
estudo renovado de certas passagens das Escrituras. 
De maneira especial desejo mencionar ao Dr. Peter M. van 
Bemmelen, professor de Teologia Sistemática no Seminário Teológico 
da Universidade Andrews, Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos; 
ao Dr. Ángel M. Rodríguez, do Instituto de Investigação Bíblica da 
Associação Geral da Igreja Adventista, Silver Spring, Maryland; ao Dr. 
Norman R. Gulley, professor de Teologia Sistemática no Southern 
College, Collegedale, Tennessee; ao Dr. Roy C. Nadem, professor 
aposentado de Educação Religiosa na Universidade Andrews; ao Dr. 
George R. Knight, professor de História da Igreja no Seminário 
Teológico da Universidade Andrews; ao Pr. Graeme S. Bradford, 
secretário ministerial da União Trans-Tasmânia, Austrália; ao Pr. Jac 
Colombo, secretário de campo da Associação de Washington, Bothell, 
Washington; a todos eles por seu interesse especial no livro, por suas 
conversações estimulantes, e por suas úteis sugestões para esclarecê-lo e 
melhorá-lo. 
Estou agradecido à minha esposa Bárbara pela correção final das 
provas, quem também me indicou a necessidade de simplificar porções 
complicadas. A todos meus colegas, professores e estudantes da profecia 
bíblica lhes expresso minha profunda gratidão. É obvio, sou o único 
responsável pelas deficiências e enganos que possam encontrar-se. O 
livro tão-só reflete minha percepção presente como teólogo experiente na 
profética Palavra de Deus, mas em caminho para uma compreensão mais 
completa da mensagem divina. 
 
As Profecias do Tempo do Fim 15 
A ESPERANÇA APOCALÍPTICA DOS JUDEUS DO 
SÉCULO I 
 
O Apocalipse de João está em marcado contraste com os vários 
escritos apocalípticos judeus que estiveram em atualidade no primeiro 
século de nossa era. Desde que o general romano Pompeu invadiu a 
Palestina em 63 a.C. e sujeitou à nação judia ao governo romano, 
intensificou-se a esperança judia em um Messias prometido. A maioria 
dos judeus esperava a vinda de um Rei-Messias poderoso, da casa de 
Davi, quem mataria ao dragão romano com seu poder militar ajudado 
pelo poder divino. Então o Messias restauraria a nação do Israel à 
suprema grandeza política como o reino messiânico sobre a terra. 
 
Esta esperança apocalíptica era vibrante entre os fariseus. Pode 
demonstrar-se pelos denominados Salmos de Salomão, um documento 
farisaico escrito pouco depois da morte do general Pompeu no 48 a.C. 
 
"Olha-o Senhor, e lhes suscite um rei 
o filho de Davi, no momento que tu escolhas, oh Deus, 
para que reine em Israel teu servo. 
Rodeia-o de força para quebrantar aos príncipes injustos, 
para purificar a Jerusalém dos gentios 
que a pisoteiam destruindo-a; 
expulsa em sabedoria e justiça 
aos pecadores da herança; 
para despedaçar a arrogância dos pecadores 
semelhante a um cântaro de oleiro; 
para quebrantar toda sua solidez com uma vara de ferro; 
para destruir as nações ilícitas com a palavra de tua boca; 
a sua advertência as nações fugirão de sua presença; 
e condenará aos pecadores pelos pensamentos de seus 
corações".1 
 
As Profecias do Tempo do Fim 16 
O Testamento do Moisés, um hino escrito pelos essênios ou pelos 
fariseus antes da queda de Jerusalém no 70 D.C., também expressava o 
desejo premente do pronto advento do reino de Deus: 
"Pois o Altíssimo Deus eterno se elevará sozinho, 
aparecerá para tomar vingança das nações 
e destruirá todos os seus ídolos. 
Então, tu, Israel, serás feliz. 
Montarás sobre pescoço e asas de águia. 
Sim, todas as coisas se cumprirão".2 
No Quarto livro do Esdras, conhecido também como o Apocalipse 
de Esdras, um documento escrito depois da queda de Jerusalém no 70 
D.C., lemos que o Messias viria para liberar à remanescente do Israel da 
tirania de Roma e para estabelecer o reino messiânico por 400 anos (cap. 
12).3 
A esperança dominante no Israel era a da libertação política, similar 
à forma como Deus os tinha libertado do Egito. Só que esta vez a 
expectativa era por uma redenção permanente dos males da história. A 
partida dos zelotes [fanáticos] tinha uma febre apocalíptica tal, que 
apoiou uma guerra de guerrilhas contra Roma na segurança de que Deus 
destruiria os opressores do Israel e criaria um mundo no qual Satanás e a 
dor não existiriam mais. 
Josefo, o historiador judeu do primeiro século, ordem que um certo 
Judas, galileo, originou um levantamento a princípios do século I. Sua 
filosofia era que o povo de Deus devia reconhecer só a Deuscomo seu 
soberano e Senhor, e recusar-se a pagar impostos a um amo pagão.4 O 
Novo Testamento registra que essa rebelião chegou a um fim 
desventurado (At. 5:37). 
Entre os rolos do Mar Morto, descobertos nas cavernas de Qumran, 
encontrou-se um denominado Regra de guerra (QM), escrito a começos 
da era cristã. Descreve um plano de batalha para que os pactuantes de 
Qumran travem a última guerra santa contra Roma (Quitim) e Belial. A 
esperança era de novo que Deus interviria com seu santos anjos e daria 
As Profecias do Tempo do Fim 17 
ao fiel remanescente de Israel uma vitória eterna por meio de um 
desdobramento do poder do Miguel como o guerreiro divino.5 
Esta esperança política de um futuro mais brilhante alcançou um 
tom tão febril no século I, que conduziu ao levantamento judeu contra 
Roma nos anos 66-72 e no 132. Em ambas as ocasiões os judeus 
começaram uma guerra militar contra o Império Romano confiando em 
que Deus os vindicaria com uma vitória sobrenatural. 
Salomão Schechter resume com quatro características os elementos 
essenciais da esperança apocalíptica no primeiro século: (1) o Messias, 
da casa de Davi, restaurará o reino do Israel e estenderá seu governo 
sobre toda a terra; (2) os inimigos de Deus lançarão um ataque maciço 
contra Israel, no qual o Messias destruirá a todos seus oponentes pagãos; 
(3) todas as nações sobreviventes aceitarão o Deus de Israel, 
reconhecerão seu reino e procurarão a instrução de seu Torah (lei); e (4) 
a era do reinado messiânico será uma era de prosperidade material e 
sorte espiritual; até a morte seria abolida por meio da ressurreição dos 
justos mortos. Este reino do Messias era, de acordo com algumas fontes, 
uma preparação para o tempo quando Deus mesmo reinaria.6 
Infelizmente, os judeus estavam tão dominados por seu ódio para 
Roma que enfatizaram unilateralmente a missão da vinda do Messias 
como o libertador do jugo romano e o restaurador do reino nacional a 
Israel. Por esta razão, os rabinos estudaram as profecias messiânicas das 
Escrituras Hebraicas com uma mente preconcebidas que lhes impediu de 
ver a revelação da plenitude da missão do Messias para salvar do pecado 
a todos os homens. Esperando um Messias político só para sua própria 
nação, passaram por cima das profecias e dos tipos que prediziam a 
morte expiatória do Messias em sua primeira vinda. Interpretando a 
profecia para encontrar evidências com o fim de sustentar sua ambição 
nacional, os judeus se prepararam para rechaçar o Salvador do mundo. 
Quando Cristo veio em uma maneira contrária a suas expectativas, 
ficaram completamente desapontados e não o receberam. 
As Profecias do Tempo do Fim 18 
Cristo tratou de lhes mostrar que tinham interpretado mal a 
promessa de Deus de conceder favor eterno a Israel. Tinham chegado a 
considerar sua descendência natural de Abraão como uma pretensão para 
essa promessa (João 8:33-40). Na verdade, em seu orgulho racial, os 
dirigentes judeus passaram por cima das condições prévias que Deus 
tinha especificado. O favor de Deus estava assegurado só a um Israel 
espiritual e em cujos corações ele tinha escrito sua lei: "Darei minha lei 
em sua mente, e a escreverei em seu coração; e eu serei a eles por Deus, 
e eles me serão por povo... Porque todos me conhecerão, do mais 
pequeno deles até o maior, diz o Senhor" (Jer. 31:31-34). 
As promessas divinas de salvação e bênção para o mundo estavam 
asseguradas a um Israel regenerado como o verdadeiro povo do pacto. O 
povo espiritual de Deus são constituídos pelos que estão "circuncidados" 
em seus corações (ver Deut. 10:16; 30:6; Jer. 4:4). Um povo assim não 
reclamará as promessas de Deus e renderá um serviço exterior a Deus 
meramente pelo puro prazer de alcançar grandeza nacional. O essencial 
da Bíblia Hebraica não é o Israel, e sim o Messias de Israel! As profecias 
messiânicas constituem o coração tanto da Escritura como dos sagrados 
serviços do santuário no Israel. Muitos rabinos e fariseus chegaram a 
acreditar que por meio de um conhecimento da Escritura e uma 
conformidade exterior a ela, possuíam vida eterna. A Mishná ensina: 
"Grande é a lei, porque lhe dá vida aos que a praticam tanto neste mundo 
como no vindouro".7 Mas Jesus assinalou uma falta fundamental de 
visão: "Vós perscrutais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida 
eterna; ora, são elas que dão testemunho de mim; vós, porém, não 
quereis vir a mim para terdes a vida" (João 5:39, 40, BJ). 
A vida está centrada no Messias, o Filho de Deus, e não na 
Escritura. Jesus afirmou: "As palavras que eu lhes falei são espírito e são 
vida" (João 6:63). Ao perder de vista a Cristo como o coração vivente 
das Escrituras, os judeus já não entenderam mais o significado espiritual 
do serviço ritual em seu templo. Começaram a confiar nos mesmos 
sacrifícios e cerimônias em vez de contemplá-lo a ele, a quem 
As Profecias do Tempo do Fim 19 
assinalavam os sacrifícios. De modo que perderam o significado 
espiritual de sua adoração no templo. Aferrando-se a fórmulas mortas, 
esses rituais chegaram a ser um mistério inexplicável. 
Até as restrições rabínicas quanto à observância do sábado revelam 
que os judeus já não percebiam que no sábado havia uma promessa 
divina do descanso messiânico. Os dirigentes judeus interpretaram mal o 
ato do Jesus ao curar milagrosamente a um paralítico no sábado como a 
evidência de uma atitude contra na sábado (João 5:16-18). Entretanto, o 
oposto era verdade. Jesus ensinou que as obras de misericórdia não só 
estavam permitidas, mas também eram obrigatórias no sábado para que 
as fizesse o Messias, e em perfeita harmonia com a vontade do Pai 
celestial. "Meu Pai, até o presente, continua trabalhando e eu também 
trabalho" (João 5:17, NBE). O erudito evangélico Leão Morris o explica 
desta maneira: "Ele [Jesus] não estava dizendo que não devia guardar-se 
o sábado... Estava dizendo que seus críticos não entendiam o que 
significava na sábado e por que tinha sido instituído".8 
Não surpreende que Jesus censurasse os judeus por sua falta de 
percepção espiritual, por não discernir quem era ele, o Enviado ao Israel 
pelo Pai. E desafiou-os perguntando: "Não vos deu Moisés a lei? 
Contudo, ninguém dentre vós a observa. Por que procurais matar-me?... 
Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça" (João 7:19, 
24). Enquanto desejavam a vinda do Messias, os judeus já não tinham o 
verdadeiro conceito de sua missão divina como Redentor do pecado e de 
Satanás. 
Cristo lhes disse: "Todo o que comete pecado é escravo do pecado... 
Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8:34, 
36), mas eles afirmaram que eram livres porque, disseram, "jamais 
fomos escravos de ninguém" (v. 33). Não compreenderam o significado 
espiritual do pecado ou o significado da natureza da dignidade real de 
Cristo. O Messias devia vir como o verdadeiro intérprete dos profetas de 
Israel. Devia definir os princípios do reino e o plano de redenção. Isso 
foi o que fez Cristo, e seus ensinos estão registrados nos Evangelhos, os 
As Profecias do Tempo do Fim 20 
quais formam a chave essencial para entender corretamente o Antigo 
Testamento. Também formam a ponte teológica entre as profecias do 
Antigo Testamento e o livro do Apocalipse. Portanto, antes de podermos 
entender corretamente o último livro da Bíblia, é indispensável descobrir 
primeiro como Jesus interpretou a perspectiva profética dos profetas 
clássicos e o livro do Daniel. 
 
Referências 
 
1. "Salmos de Salomão", 17:21-25, citado em J. H. Charlesworth, 
The Old Testament Pseudepigrapha, T. 2, p. 667. 
2. "Testamento de Moisés", 10:7, 8, chamado em G. Aranda Pérez, 
F. García Martínez e M. Pérez Fernández, Literatura judía 
intertestamentaria (Estella, Navarra: Verbo Divino, 1996), p. 
301. 
3. "O Messias que o Altíssimo reservou para o final dos tempos: Ele 
surgirá da estirpe de Davi" (Ibid., p. 329). 
4. Flavio Josefo, Obras completas de Flavio Josefo: Antigüedades 
judías (Buenos Aires: Acervo Cultural, 1961), XVIII, 1, 1-6 (t. 3, 
pp. 225-228); La guerra de los judíos, 11, 8 (t. 4, pp. 136-142). 
5. 1 QM 6; 12-14. 
6. Schechter, Salomão, Aspects of Rabbinic Theology (Nova York: 
Schocken Books, 1961), p. 102. 
7. Abot [Pais] 6: 7. 
8 Leão Morris, Reflections on the Gospel of John (Grand Rapids, 
Michigan: Baker Book House, 1987), T. 2, pp. 265, 266. 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 21 
A DISTINÇÃO ENTRE PROFECIA CLÁSSICA E 
PROFECIA APOCALÍPTICA 
 
Os profetas do Antigo Testamento tais como Amós, Isaías, 
Sofonías, Ezequiel e Jeremias são chamados profetas clássicos. Suas 
mensagens foram em primeiro lugar pronunciados em voz alta, seja ao 
reino rebelde do Israel no norte (as 10 tribos) ou à apóstata Jerusalém e 
Judá (as 2 tribos). Com freqüência suas mensagens foram um clamor em 
favor da justiça social, econômica e política para as classes oprimidas. 
Os profetas convocaram Israel e Judá para que voltassem para a torah ou 
lei do pacto do Moisés, e para que servissem a Deus com arrependimento 
verdadeiro. Se os líderes políticos e religiosos do povo eleito originavam 
justiça social e uma renovação da adoração, o reino de Deus viria sobre a 
terra em sua história futura. Em realidade, o "dia do Senhor", ou o "dia 
do Jeová", não viria como Israel o tinha antecipado popularmente. 
 
Profecia Clássica 
 
Amós: Este profeta, como porta-voz de Deus, pronunciou em forma 
fulminante estas horríveis palavras às 10 tribos: 
"Ai de vós que desejais o Dia do Senhor! Para que desejais vós o Dia 
do Senhor? É dia de trevas e não de luz ...Não será, pois, o Dia do Senhor 
trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade? 
"Por isso, vos desterrarei para além de Damasco, diz o Senhor, cujo 
nome é Deus dos Exércitos" (Amós 5:18, 20, 27). 
Amós deu a conhecer dois castigos sobre Israel: Em primeiro lugar, 
a nação infiel seria levada cativa ao exílio em Assíria ("além de 
Damasco") como resultado da maldição do pacto do Deus do Israel, em 
harmonia com suas ameaças do pacto pronunciadas mediante Moisés 
(Deut. 28; Lev. 26). Esta sentença teve lugar no ano 722 a.C., e se 
conhece como o desterro assírio das dez tribos. Em segundo lugar, o 
significado pleno deste juízo nacional chega a compreender-se só quando 
As Profecias do Tempo do Fim 22 
se vê este acontecimento como um tipo ou prefiguração do juízo cósmico 
de Deus ao fim da história sobre todas as nações que se rebelem contra 
Deus. 
Amós apontou ao juízo final de Deus quando se referiu aos sinais 
cósmicos: "Farei que fique o sol ao meio dia, e cobrirei de trevas a terra 
no dia claro" (Amós 8:9), e: "Não se estremecerá por isso a terra, e fará 
luto tudo o que nela habita? (v. 8, BJ). Escuridão repentina ao meio-dia 
ou um terremoto catastrófico podem ser mais que um desastre natural. O 
fogo apocalíptico consumirá a terra e o mar (7:4) e levará a seu fim a 
história de Israel! 
Na escatologia (a ordem dos acontecimentos finais) que apresenta 
Amós, o dia do Senhor seria um juízo iminente sobre Israel a mãos de 
seu inimigo nacional: Assíria (no 722 a.C.). Mas Amós anunciou uma 
catástrofe ulterior, na qual Deus julgará a uma sociedade mundial 
apóstata e libertará a seus fiéis em todas as nações. A esta relação do 
juízo local iminente e do juízo mundial do tempo do fim chamamos 
"conexão tipológica". Ambos os juízos procedem do mesmo Deus, mas 
o juízo sobre a nação é um tipo ou modelo profético que garante que 
Deus julgará finalmente a todo mundo pelos mesmos princípios morais. 
Só mediante sua retribuição final se cumprirá completamente o propósito 
redentor de Deus para esta terra. O tipo histórico pode ser local e 
incompleto, mas o antitipo escatológico será universal e completo em 
seus resultados. 
 
Sofonías: O duplo foco do juízo de Deus em Amós também o 
descrevem graficamente os outros profetas. Em geral se considera que 
Sofonías é o profeta mais grandioso que fala do juízo de Deus. Inclusive 
começa seu pequeno livro com uma admoestação da destruição universal 
vindoura: 
"De fato, consumirei todas as coisas sobre a face da terra, diz o 
Senhor. Consumirei os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e 
As Profecias do Tempo do Fim 23 
os peixes do mar, e as ofensas com os perversos; e exterminarei os homens 
de sobre a face da terra, diz o Senhor" (Sof. 1:2, 3). 
Assim como Amós, Sofonías contempla o futuro histórico imediato 
contra o fundo do juízo final, porque é o mesmo Deus o que visita Israel 
e o mundo para juízo e salvação. A mensagem principal é que Deus atua, 
não a duração do período de tempo entre os juízos. 
 
Joel: O profeta Joel estruturou sua perspectiva profética de forma 
tal que uma praga histórica de lagostas (1:4-12) serve como um tipo 
profético do juízo escatológico de todo o mundo, que é seu antitipo 
(2:10, 11; 3:11-15). A história local e a escatologia do tempo do fim 
estão tão mescladas entre si que não podem ser completamente separadas 
na descrição profética. O presente corresponde ao futuro porque é o 
mesmo Deus quem vem agora e no futuro. Este é a mensagem principal 
do Antigo Testamento. O propósito moral de cada anúncio de um juízo 
de Deus é levar a seu povo a caminhar em harmonia com sua vontade 
redentora no presente. O objetivo final da profecia não é a catástrofe e a 
destruição, a não ser uma nova criação e a restauração do paraíso perdido 
na terra. 
 
Isaías: Um exemplo de como o juízo de Deus sobre um 
arquiinimigo histórico do Israel e seu juízo final do mundo estão 
intimamente misturas, como se ambos fossem um só dia do Senhor, 
encontra-se no Isaías 13. Isaías anuncia a iminente queda do Império 
Neobabilônico às mãos dos medos: " Uivai, pois está perto o Dia do 
SENHOR; vem do Todo-Poderoso... Eis que eu despertarei contra eles 
os medos" (Isa. 13:6, 17). Neste oráculo profético de guerra, Deus atuará 
logo como o guerreiro divino para liberar a seu povo oprimido: "O 
Senhor dos exércitos revista seu exército para o combate" (v. 4, NBE). O 
resultado será a destruição: "Babilônia, a jóia dos reinos, glória e orgulho 
dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. 
As Profecias do Tempo do Fim 24 
Nunca jamais será habitada, ninguém morará nela de geração em 
geração" (vs. 19, 20). 
Depois, o profeta acrescenta a dimensão cósmica do dia 
apocalíptico do Senhor: "As estrelas dos céus e seus luzeiros não darão 
sua luz; e o sol se obscurecerá ao nascer, e a lua não dará seu resplendor" 
(V. 10). Deus castigará "ao mundo por sua maldade, e aos ímpios por sua 
iniqüidade" (V. 11). Deus fará "estremecer os céus, e a terra se moverá 
de seu lugar... no dia do ardor de sua ira" (V. 13). 
Esta é uma descrição de um juízo universal. Por isso, a profecia de 
Isaías de condenação sobre Babilônia contém a estrutura de uma 
perspectiva tipológica. É claro que o dia apocalíptico do Senhor, com 
seus sinais cósmicos e seu terremoto universal, não ocorreu durante a 
queda histórica de Babilônia ante os medo-persas no 539 a.C. Aquele 
juízo sobre Babilônia serve só como um tipo ou símbolo do juízo final da 
humanidade; por esta razão se descrevem os dois juízos como se fossem 
um só dia de retribuição divina. A natureza tipológica da queda de 
Babilônia da antiguidade não requer que cada rasgo da profecia se 
cumpra no tipo. Antes, o cumprimento parcial das antigas profecias de 
condenação e liberação indicam que ainda precisam encontrar sua 
consumação definitiva. O livro do Apocalipse nos assegura que todas as 
profecias antigas de condenação e liberação ocorrerão em escala mundial 
por ocasião da segunda vinda de Cristo. Por definição, o antitipo sempre 
é maior que o tipo. Por isso encontramos que a característica da profecia 
clássica é seu duplo foco, sobre o próximo e o longínquo,sem nenhuma 
diferenciação de tempo. Ensina-nos que o Deus do Israel é o Deus da 
história. É o rei que vem na história e ao fim da história da humanidade. 
Sua vinda traz o fim desta era maligna, para restaurar o reino de Deus 
sobre nosso planeta por meio do Jesus Cristo. 
Outra característica vital da profecia clássica são suas preocupações 
éticas, seu chamado ao arrependimento e a uma vida santificada. Os 
profetas de Israel não fizeram predições incondicionais mas sim 
desafiaram tanto ao Israel como aos gentios com a vontade imediata de 
As Profecias do Tempo do Fim 25 
Deus. De fato, as predições divinas satisfazem o propósito mais elevado 
de chamar o povo ao arrependimento e a obedecer a vontade de Deus e 
dessa forma, evitar o juízo vindouro. O resultado significativo desta 
preocupação ética dos profetas do Israel é a segurança de que só um 
remanescente do Israel, fiel e purificado, entrará no reino escatológico de 
Deus. 
Os profetas anunciaram que só um fragmento ou remanescente da 
nação como um tudo seria salva, assim como o "tronco" que fica de uma 
árvore (Amós 3:12; 5:14, 15; Ouse. 5:15; 6:1-3; Isa. 4:2-4; 6:13; Jer. 23:3-6). 
A razão é que só o remanescente restaurado se voltará para Senhor com 
arrependimento verdadeiro (Isa. 10:20-23; Zac. 12:10-13); só um Israel 
espiritual dentro do Israel nacional receberá um coração "circuncidado" 
(Deut. 10:15, 16; 30:6; Jer. 4:4). A distinção no Antigo Testamento entre 
um verdadeiro o Israel de Deus dentro da nação do Israel não se apóia na 
relação de raça ou de sangre com Abraão, e sim na fé e na obediência a 
Deus. O fator decisivo é possuir a relação espiritual de pacto com Deus. 
De acordo com esta teologia do remanescente do Antigo Testamento, o 
apóstolo Paulo chegou a esta conclusão: "Porque nem todos os que 
descendem de Israel são israelitas" (Rom. 9:6). Seu ensino apostólico 
enfatizou que só quando israelitas reconheçam que Jesus é o Messias da 
profecia, são os portadores de luz das promessas do novo pacto de Deus. 
E enquanto que os gentios são chamados para serem os herdeiros das 
mesmas promessas, Paulo insistiu: "Só o remanescente será salvo" (v. 
27). 
 
Profecia Apocalíptica 
 
O livro do Daniel forma uma classe de profecia por si mesmo 
dentro do Antigo Testamento. Aqui nos encontramos com um fenômeno: 
Não se prediz um só evento ou juízo, e sim uma seqüência total de 
acontecimentos que começam nos próprios dias do Daniel e se estendem 
adiante sem interrupção até o estabelecimento do reino de glória de 
As Profecias do Tempo do Fim 26 
Deus. Um contínuo histórico ininterrupto em profecia, como apresenta 
Daniel, não tem precedentes na profecia clássica. Alguns profetas, como 
Joel e Ezequiel, revelaram o princípio de uma sucessão de dois períodos 
em seus esboços proféticos (Joel 2:28; Ezeq. 36-39), mas nenhum havia 
predito uma história contínua religiosa e política do povo do pacto de 
Deus terminando com o juízo final do dia do Senhor. Um panorama tão 
amplo da história da salvação adiantado é a característica específica da 
profecia apocalíptica. Este contínuo apocalíptico na história está em um 
marcado contraste com a profecia clássica, com seu dobro foco e sua 
perspectiva tipológica futura. 
O segundo aspecto único no livro apocalíptico do Daniel é que 
contém uma quantidade de esboços históricos e cada um culmina no 
juízo universal do Deus de Israel. Podem distinguir-se 4 séries proféticas 
principais (Dan. 2; 7; 8; 11). Cada uma reitera a mesma ordem básica de 
acontecimentos, mas todas acrescentam detalhes com respeito ao conflito 
do povo do pacto de Deus com as forças que se opõem a Deus. 
Estas visões paralelas mostram um interesse crescente em enfocar a 
era do Messias e seu conflito com o antimessias ou o anticristo 
(especialmente em Dan. 8 e 9). A idéia chave de cada série profética é o 
triunfo do governo de Deus sobre o mal. Portanto, precisamos 
compreender que a meta da apocalíptica bíblica não é predizer 
acontecimentos específicos da história secular do mundo em si. A 
apocalíptica bíblica não é um exibicionismo da presciência de Deus. 
Antes, o seu interesse é inspirar esperança entre o oprimido povo de 
Deus. Anima-os a perseverar até o fim, porque o Deus fiel do pacto 
estabeleceu ao anticristo limite de tempo e poder. Deus vindicará a seus 
fiéis na luta entre o bem e o mal. O foco definitivo da apocalíptica 
bíblica não é o primeiro advento do Messias e sua morte violenta (Dan. 
9:26, 27), e sim seu segundo advento quando voltar como o vitorioso 
Miguel para resgatar o remanescente fiel (Dan. 12:1, 2). 
O que forma a culminação de toda a profecia apocalíptica do Antigo 
Testamento é este evento final da história da humanidade. É este "fim" o 
As Profecias do Tempo do Fim 27 
que está em vista na singular frase do Daniel: "o tempo do fim" (5 vezes 
em Dan. 8-12). Este foco notável do tempo do fim também é a razão de 
por que a profecia apocalíptica enfatiza mais o aspecto incondicional do 
plano determinado de Deus para a redenção da humanidade. Mas este 
aspecto distintivo de determinismo não deve ver-se como um contraste 
fundamental com as profecias clássicas do Israel com seu chamado ao 
arrependimento. 
As profecias apocalípticas de Daniel se centram ao redor da 
libertação final do fiel remanescente do Israel, o povo espiritual do pacto 
de Deus, em quem se realizarão finalmente as preocupações éticas de 
todos os profetas (Dan. 11:32-35; 12:3; Ezeq. 11:17-20; 18:23, 30-32; 
33:11; Isa. 26:2, 3). 
Em Daniel, a preocupação fundamental, tanto dos capítulos 
históricos (caps. 1-6) como dos proféticos (caps. 7-12), parece ser a 
vindicação que Deus faz de seu santos acusados falsamente. Esta 
soberania de Deus como Rei e Juiz está expressa pelo foco centralizado 
no Messias que se apresenta em muitos capítulos (Dan. 2; 7; 8; 9; 10-12), 
e em suas divisões predeterminadas de tempo da história da redenção 
(Dan. 7:25 [3 ½ tempos]; 8:14, 17 [2.300 dias]; 9:24-27 [70 semanas de 
anos]; 12:4, 7, 11, 12 ["o tempo do fim", 1.290 e 1.335 dias]). 
Em todos os tempos, Deus proporciona um povo remanescente fiel, 
coloca os limites sobre a história pecaminosa deste mundo, permite 
tempos especificamente atribuídos para a apostasia e a perseguição, 
determina "o tempo do fim", ordena o mundo para a hora de seu juízo 
final e levará a cabo a libertação dos santos na segunda vinda. Estes 
característicos únicos pertencem à soberania de Deus e constituem a 
pedra angular da profecia do Daniel. 
Pode fazer-se uma observação adicional a respeito da parte histórica 
do livro de Daniel. Nos capítulos 3 (a liberação do forno de fogo) e 6 (a 
liberação do fosso dos leões), os relatos da intervenção divina e o resgate 
sobrenatural têm a finalidade de ser mais que simplesmente um pouco de 
interesse histórico. O autor do livro chama a atenção a sua inerente 
As Profecias do Tempo do Fim 28 
perspectiva tipológica, em vista da libertação futura do povo 
remanescente de Deus ao fim da história da redenção. Isto chega a ser 
evidente a partir da repetição enfática do verbo chave "libertar" ou 
"resgatar" que se encontra no Daniel 3:15 e 17 (e 5 vezes no capítulo 6), 
e que volta a aplicar-se na seção apocalíptica do Daniel 12:1, quando 
Miguel "libertará" o verdadeiro o Israel de Deus por meio de sua 
intervenção pessoal. 
Além desta conexão literária entre a seção histórica e a apocalíptica 
de Daniel, também existe uma correspondência temática fundamental 
entre as duas seções do livro. As narrações que Daniel faz da lealdade 
religiosa à sagrada lei de Deus por uns poucos fiéis, proporciona os tipos 
ou as prefigurações essenciais da natureza da crise final para o povo de 
Deus no tempo do fim. Estes acontecimentos históricos no livro de 
Daniel servem como o pano de fundo para a crise vindoura do tempo do 
fim e seu resultado providencial, tal como se descreve no livro deApocalipse (caps. 13 e 14). 
 
Resumo 
 
O livro apocalíptico de Daniel revela ao menos quatro 
características únicas: 
(1) Uma repetição dos esboços apocalípticos que mostram um 
contínuo da história da redenção. Cada esboço culmina no 
estabelecimento do reino de glória (Dan. 2:44, 45; 7:27; 8:25; 
12:1, 2); 
(2) O foco centrado no Messias de todos seus esboços (Dan. 2:44; 
7:13, 14; 8:11, 25; 9:25-27; 10:5, 6; 12:1); 
(3) As divisões predeterminadas de tempo, que servem como o 
calendário sagrado da história progressiva da redenção de Deus 
(Dan. 7-12). Estas profecias de tempo únicas determinam o 
começo do famoso "tempo do fim", particularmente a terminação 
As Profecias do Tempo do Fim 29 
do período de tempo profético dos 2.300 "dias" na visão selada 
de Daniel 8 (vs. 14, 17, 19); 
(4) O aspecto incondicional da história da redenção, o qual recalca 
uma sessão predeterminada de juízo no céu e a vindicação dos 
santos fiéis por um Filho do Homem. Isto também está expresso 
pela imagem de um guerra santa final e o triunfo do Miguel 
como o guerreiro divino, e a ressurreição de todos os mortos para 
receber sua recompensa (Dan. 2:7-12). 
 
Em resumo, o livro apocalíptico de Daniel contém o fundamental da 
profecia clássica (o duplo foco de uma perspectiva tipológica na seção 
histórica do livro) e o esboço profético de um contínuo histórico em sua 
seção apocalíptica. 
A unidade orgânica da profecia clássica e da apocalíptica pode 
observar-se na harmoniosa combinação de sua perspectiva do tempo do 
fim: O juízo universal com a libertação cósmica de um povo 
remanescente fiel na última guerra entre o bem e o mal, e a restauração 
do reino de Deus em paz e justiça eternas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 30 
A APLICAÇÃO QUE CRISTO FEZ DA BÍBLIA HEBRAICA 
 
O propósito deste livro é triplo: (1) Descobrir como entendeu Cristo 
os livros de Moisés, os Profetas e os Salmos; (2) formular os princípios 
hermenêuticos de Cristo para interpretar as profecias da Bíblia; (3) 
aplicar esses princípios às profecias não cumpridas, especialmente às do 
Apocalipse. 
Como cristãos que acreditam na verdade do evangelho, que Jesus é 
o Messias prometido, precisamos saber como entendeu Cristo os livros 
de Moisés, os Profetas e os Salmos. Jesus é o verdadeiro intérprete das 
Santas Escrituras. Sua mensagem é nossa chave para descobrir o 
significado correto do Antigo Testamento. Se queremos compreender o 
Antigo Testamento, devemos compreendê-lo do ponto de vista de Deus. 
Portanto, nosso ponto de partida é a forma como Jesus explica o Antigo 
Testamento. A aplicação que Cristo fez das Escrituras de Israel é nosso 
modelo de interpretação bíblica. Nosso princípio guiador está apoiado 
sobre a convicção de que a atividade redentora de Deus na história do 
Israel alcançou seu cumprimento em Cristo. Portanto, trataremos de 
interpretar o Antigo Testamento à luz da vida e mensagem de Cristo 
como a Palavra encarnada de Deus, pois só dele se escreveu o seguinte: 
"No princípio era o Verbo, e o Verbo era com Deus, e o Verbo era 
Deus. Ele estava no princípio com Deus... E o Verbo foi feito carne, e 
habitou entre nós" (João 1:1, 2, 14). 
 
Jesus e a Palavra de Deus 
 
Deus enviou ao Jesus para revelar plenamente ao Deus do Israel em 
sua vida e ensino. Cristo afirmou que foi enviado com uma mensagem de 
Deus e que suas palavras procediam de Deus mesmo: 
"Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me 
enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar. E sei que o seu 
As Profecias do Tempo do Fim 31 
mandamento é a vida eterna. As coisas, pois, que eu falo, como o Pai mo 
tem dito, assim falo" (João 12:49, 50). 
"Nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou (João 
8:28). 
Só Cristo pode revelar o significado e o sentido algumas vezes 
oculto da Escritura e da história do Israel. Tanto os judeus como os 
samaritanos esperavam que viesse o Messias, pois ele "nos explicará isso 
tudo" (João 4:25, NBE). Sem vacilação, Jesus declarou: "Eu sou, o que 
fala contigo" (v. 26). "Jesus lhes disse: De certo de certo lhes digo: Antes 
que Abraão existisse, eu sou" (8:58). 
O testemunho da autoridade de Jesus como o Messias se repete 
várias vezes no Novo Testamento (ver João 1; Col. 1 e 2; Heb. 1), e é de 
crucial importância para compreender as visões simbólicas do 
Apocalipse de João. No último livro da Bíblia, as imagens e os símbolos 
hebreus se aplicam consistentemente a Cristo e a sua nova comunidade 
do pacto como o novo Israel. 
É evidente a necessidade que existe de ter um enfoque correto do 
Apocalipse. Primeiro devemos conhecer a verdade do evangelho de 
Cristo como foi ensinada por Jesus antes que possamos compreender o 
Apocalipse. Em interpretação profética, freqüentemente se descuidou o 
método adequado. É indispensável reconhecer a natureza progressiva e 
desdobrada da revelação divina dentro da Bíblia. 
Deve permitir-se que os livros do Antigo Testamento nos contem 
sua própria mensagem, mas não como se fossem a última palavra de 
Deus. As Escrituras Hebraicas não são um cânon fechado da Escritura. 
Formam um registro incompleto da totalidade da revelação divina. Em 
sua major parte apresentam as promessas de Deus de um Messias 
vindouro como o maior dos profetas, o Rei supremo e o único Supremo 
Sacerdote. O Antigo Testamento termina com a promessa do Elias 
vindouro antes do dia de Jeová (Mal. 4:5, 6). Por outro lado, os escritos 
inspirados do Novo Testamento registram o começo dos cumprimentos 
das promessas messiânicas na vinda de Cristo (o Messias) Jesus, e em 
As Profecias do Tempo do Fim 32 
sua criação de uma nova comunidade messiânica: os cristãos (um nome 
que significa "povo do Messias"). 
O Apocalipse de João se concentra especialmente na gloriosa 
consumação de todas as realizações. Para receber uma compreensão 
mais profunda de Moisés, os Profetas e os Salmos, devemos aceitar o 
ensino de Cristo e seus apóstolos como a verdadeira interpretação das 
profecias e dos tipos hebraicos. O Novo Testamento funciona como a 
revelação final da verdade de Deus tal como se ensina nestas palavras 
apostólicas: 
"Deus, tendo falado muitas vezes e de muitas maneiras em outro 
tempo aos pais pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a 
quem constituiu herdeiro de tudo, e por quem deste modo fez o 
universo" (Heb. 1:1, 2). 
Assim como o Filho de Deus é imensamente maior que qualquer 
profeta de Israel, assim a palavra de Cristo é a norma para interpretar os 
escritos do Antigo Testamento. Jesus ensinou que as Escrituras 
Hebraicas estavam centradas na promessa messiânica. Sua especial 
preocupação foi ensinar aos judeus que a Escritura não é um fim em si 
mesma, que memorizar as palavras da Sagrada Escritura não produz 
méritos. O propósito da Escritura é levar a Cristo! "Vós perscrutais as 
Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; ora, são elas que dão 
testemunho de mim; vós, porém, não quereis vir a mim para terdes a 
vida" (João 5:39, 40, BJ). 
Segundo Jesus, a Bíblia Hebraica está centrada em Cristo. Portanto, 
é essencial para um cristão descobrir o novo método com o qual Cristo 
explicou o Antigo Testamento. Dois dos discípulos de Jesus foram 
privilegiados para ouvir o Cristo ressuscitado explicar-lhes todas as 
Escrituras que se referiam a ele (Luc. 24:25-27). Como resultado, seus 
corações começaram a arder com um novo entusiasmo. Cristo "abriu-
lhes o entendimento para que compreendessem as Escrituras". Mostrou-
lhes como "era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito de 
mim, na lei de Moisés, nos profetas e nos salmos" (Luc. 24:44, 45). 
As Profecias do Tempo do Fim 33 
A pergunta provocadora para nós é: Podemos chegar a saber como 
interpretou Jesus o Antigo Testamento numa forma centrada em Cristo? 
Podemos descobrir a hermenêutica de seu enfoquecristocêntrico? Se 
podemos estabelecer os princípios hermenêuticos de Jesus para a 
profecia cumprida, saberemos como entender a profecia não cumprida, 
especificamente as profecias apocalípticas de Daniel e Apocalipse. 
 
A Nova Revelação de Jesus o Messias 
 
Para Jesus, as profecias messiânicas não eram predições isoladas, 
senão uma parte do extenso plano de Deus para a redenção do homem. 
Inclusive viu a história de Israel como uma série de eventos redentores 
que prefiguravam a grande salvação operada pelo Messias. Portanto, 
Cristo reconheceu que as promessas de Deus lhe foram dadas em dois 
níveis a Israel: tanto mediante predições verbais como mediante tipos 
históricos de libertação e juízo. Na Bíblia, um "tipo" é um acontecimento 
histórico, ou uma pessoa ou uma instituição, ordenado por Deus para 
prefigurar uma verdade redentora de Cristo. Jesus aplicou publicamente 
à sua pessoa a missão de Isaías de pregar as boas novas de Deus, de sarar 
as feridas de Israel e de pôr em liberdade aos oprimidos (Luc. 4:17-21 e 
Isa. 61:1, 2). 
Entretanto, o que pôde ter deixado ainda mais pasmados os judeus 
foi a surpreendente declaração de Jesus de que ele era o Antítipo 
prometido ou a consumação de todos os profetas, dos reis e da mediação 
sacerdotal de Israel: 
"E eis aqui está quem é maior do que Jonas" (Mat. 12:41). 
"E eis aqui está quem é maior do que Salomão" (Mat. 12:42). 
"Aqui está quem é maior que o templo" (Mat. 12:6). 
Jesus incluso declarou que sua morte abnegada proveria o "sangue 
do novo pacto, que por muitos é derramado" (Mar. 14:24). Por todas 
estas afirmações, Jesus introduziu no judaísmo a assombrosa idéia de 
que tinha chegado o tempo dos antítipos. Apresentou-se a si mesmo 
As Profecias do Tempo do Fim 34 
como a realidade à qual apontavam todos os símbolos das instituições 
redentoras do Israel. Por conseguinte, anunciou solenemente na sinagoga 
que nele tinha começado a idade messiânica ou o ano do jubileu 
(libertação). Tendo citado a promessa messiânica do Isaías 61:1, disse: 
"Hoje se cumpriu esta Escritura diante de vós" (Luc. 4:21). Apontou seu 
triunfo sobre os demônios como uma prova de que o governo de Deus 
agora estava presente em Israel: "Mas se eu pelo Espírito de Deus 
expulso os demônios, certamente chegou o reino de Deus" (Mat. 12:28). 
Onde se rechaça a Satanás, o reino de Deus se faz manifesto. Com 
Jesus entrou em operação o princípio salvífico soberano de Deus. Em 
outras palavras, com a primeira vinda de Cristo se inaugurou o tempo 
escatológico. "O tempo está cumprido", disse Jesus, "e o reino de Deus 
está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho" (Mar. 1:15). Tinha 
terminado o tempo de espera para o reino de Deus, e tinha começado o 
tempo do reinado de Deus no ministério de Cristo. Jesus é o iniciador do 
reino da graça de Deus. Como o Rei-Messias, representa o reino de 
Deus; como o doador da misericórdia divina, é o Mediador sacerdotal do 
reino de Deus. Em qualquer lugar que Cristo está presente, o reino de 
Deus irradia seu poder. 
Jesus assegurou: "Eis que o reino de Deus está entre vós" (Luc. 
17:21). A graça de Deus está dentro do alcance do homem onde quer que 
Jesus é proclamado como o Messias. Esta é a essência do evangelho. A 
verdade de que o Cristo ressuscitado é Senhor e está sentado à mão 
direita do trono de Deus, foi respaldado no dia de Pentecostes pelo 
derramamento do Espírito. O apóstolo Pedro anunciou então que os 
"últimos dias" tinham chegado, que tinham começado os dias do reinado 
espiritual de Cristo (At. 2:17; cf. Heb. 1:2). 
 
Cristo, o Representante do Novo Israel 
 
Que Jesus afirmasse ser o Messias da profecia não deve obscurecer 
o fato de que o Messias também foi designado para ser o perfeito 
As Profecias do Tempo do Fim 35 
representante de Israel. O pacto de Deus com Israel tem que realizar-se 
em obediência perfeita ao Messias. Como a personificação de Israel, o 
profeta descreve a Cristo como "o servo do Senhor" assim como Israel 
tinha sido designado o servo do Senhor (Isa. 42-53). Assim como Israel, 
Cristo também foi chamado "Filho" de Deus (Êxo. 4:22; Isa. 42:1; Mat. 
3:17). Jesus foi enviado para suportar a mesma enxurrada de provas que 
teve Israel, para vencer onde Israel tinha fracassado. Depois de seu 
batismo, esteve durante 40 dias no deserto para ser tentado pelo diabo e 
assim igualar simbolicamente os 40 anos que Deus provou os israelitas 
no deserto (Deut. 8:2; Mat. 4:1). 
A maioria dos eruditos do Novo Testamento reconhecem que Jesus 
se viu a si mesmo, em um sentido tipológico, como o novo Israel. Este 
tinha falhado, mas Jesus cumpriu o pacto de Deus em favor de Israel e da 
humanidade. Desta forma, a história de Israel alcança um cumprimento 
feliz em Cristo. Portanto, de decisiva importância para o correto 
entendimento da profecia de Israel e do livro do Apocalipse é a verdade 
do Novo Testamento de que Jesus Cristo incorpora Israel e dessa 
maneira leva a missão de Israel a um fim em sua própria vida. 
O rechaço pela nação judaica dos sofrimentos, morte e ressurreição 
de Cristo não foram tragédias inesperadas que frustrassem o plano de 
salvação de Deus para a humanidade. Deus não depende dos judeus para 
o cumprimento de suas promessas. Depende do Messias. O profeta tinha 
assegurado: "A vontade do Senhor será em sua mão prosperada" (Isa. 
53:10). Pedro disse que o que aconteceu com Jesus na cruz e em sua 
ressurreição, ocorreu "por conselho e antecipado conhecimento de Deus" 
(At. 2:23). Dois exemplos do livro de Salmos ilustram como Jesus soube 
o que tinha que esperar na providência de Deus. 
Cristo percebeu nas experiências do rei Davi uma prefiguração de 
suas próprias provas e rechaço por parte de Israel. Jesus recorreu 
especificamente a Salmos 41:9 para revelar sua intuição de que a traição 
de Davi por seu amigo em quem confiava era um tipo dos sofrimentos do 
Messias, que era maior que Davi (ver João 13:18-27). No momento de 
As Profecias do Tempo do Fim 36 
sua agonia mais profunda na cruz, Cristo clamou a grande voz: "Meu 
Deus, Meu deus, por que me desamparaste?" (Mat. 27:46; Mar. 15:34). 
Estava citando Salmos 22:1, que Davi tinha clamado em seu próprio 
desespero enquanto estava rodeado por seus inimigos sedentos de 
sangue. Como o salmo é uma unidade que consiste de uma lamentação 
prolongada sobre o sofrimento intenso (vs. 1-21), Cristo viu na 
experiência do Davi um tipo de sua própria agonia. Muitos comentadores 
não consideram a lamentação histórica de Davi no Salmo 22 como uma 
profecia diretamente messiânica, não obstante, Cristo e os escritores do 
Novo Testamento aplicam muitos aspectos do Salmo 22 à cruz e à glória 
que seguiu. 
Este modelo surpreendente de tipologia no livro de Salmos, que foi 
trazido à luz por Jesus Cristo, justifica que salmos como este se 
classifiquem como profecias messiânicas. 
O propósito de tais entrevistas do Novo Testamento não é 
simplesmente para mostrar de que maneira se cumpriram com toda 
exatidão na vida de Jesus as predições messiânicas ocultas, mas sim para 
proclamar a Jesus como a meta da história de Israel e como a realização 
do pacto que Deus tinha feito com eles. 
Os escritores dos Evangelhos declaram com freqüência que os 
eventos do passado de Israel se "cumpriram" na vida de Cristo. Mateus 
cita o profeta Oséias, "do Egito chamei a meu filho" (Ouse. 11:1), o que 
recordava a Israel seu êxodo histórico do Egito. Mateus aplica estas 
palavras à fuga do José e Maria para o Egito até a morte de Herodes: 
"Para que se cumprisse o que disse o Senhor por meio do profeta, 
quando disse: Do Egito chamei o meu Filho" (Mat. 2:15). O aspecto da 
entrevista de Mateus é que a Escritura de Oséias se "cumpriu" no menino 
Jesus. Entretanto, as palavras de Oséias não foram uma profecia, a não 
ser um recordativo significativo da experiência histórica de Israel como 
"filho" de Deus (cf. Êxo. 4:22).Então, como pôde declarar Mateus que 
Oséias 11:1 se "cumpriu" em Jesus? Pela mesma razão fundamental com 
As Profecias do Tempo do Fim 37 
que justificou a interpretação messiânica das experiências do Davi (ver 
Sal. 41:9 e 22:1). 
Como o Filho de Deus, Cristo não só representa o Israel ante Deus, 
mas também representa o destino de Israel em sua própria vida. Mateus 
ensina que o significado da história de Israel se revela completamente na 
vida de Jesus Cristo. Desta maneira, o Novo Testamento insinua com 
força que os acontecimentos na vida de Jesus – como seu nascimento em 
Belém, sua morte humilhante, sua ressurreição e exaltação à direita de 
Deus – não foram eventos imprevistos ou acidentais. Todos formaram 
parte do determinado conselho de Deus (ver At. 2:23; 4:28). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 38 
COMO CRISTO EMPREGOU OS SÍMBOLOS 
APOCALÍPTICOS 
 
Como observamos no primeiro capítulo, Jesus viveu em um tempo 
quando a esperança judia de uma pronta vinda de um Messias político se 
intensificou grandemente. Uma quantidade de escritos apocalípticos, sob 
nomes falsos ou pseudônimos, circulavam com grande profusão, e 
mantinham a esperança messiânica candente aplicando a mensagem do 
juízo de Daniel e de outras passagens proféticas a seu próprio tempo e 
situação. Os títulos de algumas destas obras pseudoepigráficas são: 4 
Esdras, 1 Enoc, Apocalipse de Baruque, Livro dos Jubileus. 
Os termos "apocalíptico" e "apocalipticismo" foram usados mais 
tarde pelos eruditos para indicar as escatologias especulativas e 
contraditórias contidas nesses escritos do judaísmo tardio. As três 
características dominantes desse apocalipticismo judeu foram as 
seguintes: (1) O juízo cósmico-universal em torno do Israel nacional ou a 
um fiel remanescente judeu; (2) a substituição súbita da presente era 
pecaminosa pela criação de um mundo sem pecado e um novo cosmos; e 
(3) o fim predeterminado deste mundo pecaminoso e a vinda iminente do 
Messias. Esta urgência freqüentemente estava apoiada por cálculos 
contraditórios de períodos de tempo na história mundial. 
A maioria dos escritores apocalípticos acreditavam que o fim desta 
era pecaminosa estava perto, e que ocorreria em sua geração. Também 
acreditavam que eles eram os verdadeiros intérpretes dos profetas 
canônicos de Israel com respeito à sua própria crise. Um exemplo 
notável foi a comunidade de Qumran, cujo fundador e professor ensinou 
que a predição de Habacuque de um remanescente do povo de Deus que 
sobreviveria (Hab. 2:4) estava cumprindo-se em sua própria e única seita 
nas cavernas do Mar Morto. 
Contra o fundo desta esperança iminente comum do judaísmo do 
século I de nossa era, o emprego que Jesus fez de alguns símbolos 
apocalípticos bem conhecidos chega a ser mais significativo. Mostra o 
As Profecias do Tempo do Fim 39 
enfoque inovador da mensagem do evangelho que proclamou Jesus. 
Cristo deu novo significado a termos apocalípticos tão populares como: 
"Filho do Homem", "juízo", "vida eterna e ressurreição", "reino de 
Deus", "esta era e a era por vir". Todas estas expressões eram mais ou 
menos termos técnicos nos esquemas apocalípticos do judaísmo tardio. 
A mensagem de Jesus surpreendeu os judeus de seu tempo porque deu a 
cada símbolo apocalíptico um novo significado messiânico ou 
cristocêntrico que despedaçou seus sistemas escatológicos. Os odres 
velhos não podiam conter o espumoso vinho novo de sua mensagem de 
um cumprimento presente em si mesmo (ver Luc. 5:37, 38). 
A conexão mais dramática do Jesus com o livro do Daniel e os 
escritos judeus tardios foi sua autodesignação explícita como "o Filho do 
Homem" (65 vezes nos Evangelhos sinóticos e 12 vezes no quarto 
Evangelho). Ele se aplicou este titulo em forma consistente. Era a forma 
própria como Jesus se referia a si mesmo. O emprego extraordinário que 
Jesus fez deste símbolo convenceu em forma geral à erudição bíblica de 
nosso tempo de que Cristo adotou o termo apocalíptico "um como o filho 
de homem", da visão do Daniel 7:13 e 14, e o elevou a um título 
messiânico. As similitudes do livro 1 Enoc 37-71 e a sexta visão em 4 
Esdras 13 (ambos os documentos pós-cristãos) refletem como alguns 
círculos apocalípticos judeus interpretavam o personagem daniélico 
"filho de homem": um Messias preexistente e celestial que viria à terra 
como o Juiz de toda a humanidade e governaria sobre um novo reino 
terrestre. 
A questão é: Como empregou Jesus o título e o que contido colocou 
nesta expressão apocalíptica, o "Filho do Homem"? Jesus explicou que 
seus milagres de cura ele os fez com um propósito mais elevado: "Para 
que saibam que o Filho do Homem tem potestade na terra para perdoar 
pecados" (Mar. 2:10). Mas, como pôde ser Jesus ao mesmo tempo o 
humilde Filho do Homem e o glorioso ser preexistente da visão de 
Daniel? O mistério se intensificou quando Jesus começou a dizer que o 
As Profecias do Tempo do Fim 40 
Filho do Homem celestial "devia" sofrer e ser morto, e que ressuscitaria 
depois de três dias (Mar. 8:31; 9:31; 10:33, 34). 
Entretanto, sua declaração mais profunda foi: "Porque o Filho do 
Homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida 
em resgate por muitos" (Mar. 10:45). Aqui Jesus se identificou com o 
servo sofredor de Isaías 53, que morreria para o benefício de todos. Ao 
fazê-lo, Jesus fundiu o servo sofredor da profecia de Isaías com o Filho 
do Homem da visão do Daniel. Por assim dizê-lo, esvaziou o conteúdo 
do servo sofredor no personagem apocalíptico do Filho do Homem. Tal 
combinação de dois personagens messiânicos em profecia era 
desconhecido. Aos judeus parecia algo completamente paradoxal. Foi a 
idéia criadora de Jesus introduzir esta reinterpretação radical do Filho do 
Homem daniélico. Cristo viu sua missão como Messias em forma 
completamente diferente a todas as expectativas messiânicas no 
judaísmo. Colocou sua missão de um Messias sofredor e moribundo 
dentro da estrutura apocalíptica de Daniel. Entretanto, a maior surpresa 
dos judeus foi o escutar que este humilde filho de um carpinteiro 
afirmava ser o apocalíptico Filho do Homem, não só em seus dias, mas 
também no juízo final. Considere estas afirmações de Jesus (as ênfases 
são minhas): 
"Porque o que se envergonhar de mim e de minhas palavras nesta 
geração adúltera e pecadora, o Filho do Homem se envergonhará também 
dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos" (Mar. 8:38). 
"Então verão o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens com grande 
poder e glória" (13:26). 
"Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o 
Filho do Deus Bendito? Jesus respondeu: Eu sou, e vereis o Filho do 
Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do 
céu" (14:61, 62). 
Nestas declarações dramáticas, Jesus afirmou que a profecia do 
Daniel 7 até esperava seu cumprimento futuro e apocalíptico quando 
Deus julgue a todos os homens, mas que o Filho do Homem daniélico já 
tinha aparecido com outro propósito: trazer salvação da escravidão do 
As Profecias do Tempo do Fim 41 
pecado. Cristo declarou claramente que ele, como o Filho do Homem, 
tinha descido "do céu" (João 3:13), e que "os anjos de Deus... sobem e 
descem sobre o Filho do Homem" (1:51). Dessa maneira Cristo ensinou 
que tinha estabelecido em Israel uma nova comunicação entre o céu e a 
terra por sua autoridade divina (3:31; 6:62). Isto também envolve sua 
missão para julgar ao Israel em nome de Deus: "E [Deus] também lhe 
deu autoridade de fazer juízo, porquanto é o Filho do Homem" (5:27), 
embora o propósito da primeira vinda do Jesus foi explicitamente 
salvação e não juízo no sentido de condenação (3:17; 12:47). 
Não obstante, João pôde também informar que Jesus veio ao mundo 
para um juízo presente: "Para juízo vim eu a este mundo; para que os que 
não vêem, vejam, e osque vêem, sejam cegados" (João 9:39). Esta classe 
de juízo ou processo de sacudidura era inerente ao oferecimento da 
salvação de Cristo, oferecimento que implica necessariamente juízo. Os 
que rechaçam o dom de Deus de Jesus o Messias, pronunciaram 
indevidamente seu próprio juízo. Escolheram ser condenados. O 
evangelho de Cristo separa aos que aceitam o oferecimento da graça 
daqueles que o rechaçam (ver João 3:18-21; 5:24). A presença de Cristo 
produz um tempo escatológico de decisão, e esse tempo é agora. Cada 
pessoa está compelida a rechaçá-lo ou a reconhecê-lo, e assim determina 
de antemão o veredicto do juízo final sobre si mesmo. Cristo considera 
como de importância decisiva o que o confessemos como o Filho do 
Homem. Por isso, ao cego a quem tinha sarado perguntou: "Crês tu no 
Filho do Homem?" (João 9:35). Desse modo Jesus deu a tal pessoa uma 
revelação mais elevada de si mesmo. Jesus revelou que era o Messias 
celestial de que se falava no livro de Daniel, que viria nas nuvens do céu 
ao "Ancião de dias" para receber a glória e o domínio e o reino sobre 
todos os povos (Dan. 7:14). Este conhecimento conduz a uma fé mais 
amadurecida em Jesus. 
O ponto importante nos quatro Evangelhos é a mensagem em que 
Cristo se referiu à missão do Filho do Homem em uma forma dupla: com 
respeito a um cumprimento presente e terreno, e também a uma 
As Profecias do Tempo do Fim 42 
consumação cósmica futura. Em outras palavras, Cristo explicou que o 
apocalíptico Filho do Homem de Daniel teve um cumprimento histórico 
em salvação e juízo desde seu humilde primeiro advento, enquanto que 
também olhou para o futuro, à consumação em salvação e juízo em seu 
segundo advento. Em resumo, o juízo de Deus, a vida eterna e a 
ressurreição por meio do Filho do Homem são tanto presente como 
futuras. Esta dupla aplicação está expressa no Evangelho de João por 
meio desta frase peculiar: 
"Vem a hora, e agora é, quando os mortos ouvirão a voz do Filho de 
Deus; e os que a ouvirem viverão. Porque como o Pai tem vida em si 
mesmo, assim também deu ao Filho o ter vida em si mesmo" (João 5:25, 26; 
ver também 4:23 e 16:32). 
Quão surpreendente é que Jesus ensinasse que não é suficiente crer 
que haverá uma ressurreição no último dia, como se promete em Daniel 
12:2. Sua nova mensagem foi: "Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê 
em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo o que vive e crê em mim, 
não morrerá eternamente" (João 11:25, 26). Em outras palavras, a vida 
futura no glorioso reino de Deus está à nossa disposição pela fé em 
Cristo agora como uma qualidade espiritual de vida. 
Um emprego duplo similar da terminologia apocalíptica pode ver-se 
na forma em que Jesus aplica os conceitos do reino de Deus e sua "era" 
(aion) correspondente. Ambas idéias estão combinadas na proclamação 
de Jesus: "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; 
arrependei-vos e crede no evangelho" (Mar. 1:15; cf. Mat. 3:2; 4:17; 
5:17). O chamado de Cristo parece estar motivado por uma urgência 
apocalíptica da vinda do reino de Deus, e muito bem pode estar inspirado 
na profecia de tempo messiânico das 70 semanas do Daniel 9. 
(Particularmente Daniel 2 e 7 prometem a vinda do reino de Deus; Dan. 
2:44, 45; 7:27.) 
O conceito de Jesus do reino universal de Deus também era parte 
das Escrituras. Estas ensinavam que Jeová, o Deus de Israel, é agora Rei 
e chegará a ser Rei no futuro "sobre toda a terra" (Núm. 23:21; Deut. 
As Profecias do Tempo do Fim 43 
33:5; Sal. 103:19; Isa. 6:5; Dan. 2:44; 4:3; Isa. 24:23; Zac. 14:9). Além 
disso, os profetas haviam predito que um filho de Davi chegaria a ser o 
Rei de Israel e que, como o Messias do mundo, representaria o governo 
régio de Jeová para sempre (2 Sam. 7:12-16; Sal. 2:7-9; 132:11-18; Isa. 
9:7; 11 :1-5; Miq. 5:2; Dan. 7:14, 27). 
Como já indicamos no capítulo I, o judaísmo farisaico tinha 
desenvolvido a esperança de que nos últimos dias o Messias viria no 
tempo indicado por Deus, subiria ao trono de Israel e por seu poder 
quebrantaria aos príncipes injustos, purificaria a Jerusalém de gentios, 
quebrantaria toda sua solidez com vara de ferro e, por último, submeteria 
todas as nações da terra a seu governo. 
Na pregação de Cristo, o reino de Deus foi o conceito principal. Seu 
ensino do reino de Deus, sua proximidade, tal como está representada 
por sua própria vida, seu ministério de cura e seu domínio sobre os 
demônios, revolucionaram o apocalipticismo judeu que tinha perdido 
toda esperança de que Deus reinasse no presente histórico. O primeiro 
advento de Cristo não foi o fim do tempo a não ser o poder régio de 
Deus que pôde "atar" a Satanás e liberar os homens do poder do mal (ver 
Mat. 12:29). Jesus insistiu em afirmar que nele o reino dos céus se 
aproximou como uma soberania espiritual de Deus que agora estava 
ativa em seu oferecimento messiânico de graça e seu domínio sobre os 
demônios; uma realidade totalmente diferente do que esperavam os 
rabinos judeus e os escritores apocalípticos, pois seu reino não era deste 
mundo (João 18:36). 
Em resumo, a mensagem de Jesus é que em sua própria pessoa 
Deus invadiu a história humana e triunfou sobre o mal. Ao mesmo 
tempo, Cristo ensinou que a liberação final viria no fim do tempo, em 
sua segunda vinda (Mat. 6:10; 13:41-43; 16:27; 19:28; 25:31). 
 
A nova idéia que Jesus apresentou foi que tanto no presente como 
no futuro reino de Deus ele intervém como Filho do Homem, e em 
conexão com isto aplicou a terminologia apocalíptica de "as duas eras" à 
As Profecias do Tempo do Fim 44 
sua nova estrutura escatológica. Enquanto que os apocalipticistas 
conceberam um dualismo claro de duas eras ou períodos nos quais a 
futura era isenta de pecado substituiria por completo a esta era 
pecaminosa, Cristo ensinou que com seu ministério tinha começado a era 
messiânica e a salvação. Ao mesmo tempo reconheceu que "a era 
vindoura" começaria só com a ressurreição dos mortos (Luc. 20:34-36). 
A identificação por parte do Jesus da era messiânica com "esta era" 
(Mar. 10:29, 30) destruiu a idéia básica da doutrina das duas eras dos 
apocalipticistas. A ênfase de Cristo em sua mensagem foi chamar o 
arrependimento (metanoia) e aceitá-lo como Senhor e Messias (Mat. 
4:17; 19:21), condição básica para entrar no reino de Deus no momento 
presente. Desta forma, a paz e o gozo messiânicos serão experimentados 
já agora na alma (João 15:11; 16:33). Esta tensão entre a escatologia 
inaugurada e a escatologia apocalíptica, entre o reino da graça e o reino 
da glória, entre o "já" e o "ainda não", é característica da mensagem do 
evangelho do Novo Testamento em sua totalidade. 
O evangelho não é simplesmente as boas novas a respeito da obra 
de Cristo no passado ou no futuro. Os poderes da era vindoura já 
invadiram esta era em forma dramática desde o Pentecostes, e agora os 
verdadeiros crentes "provam" dos poderes do século vindouro mediante 
Cristo (Heb. 6:5). Esta verdade do evangelho dissipa o desespero do 
apocalipticismo judeu. Os apóstolos afirmaram que a história da 
salvação entrou agora na era messiânica, ou os "últimos dias", no qual o 
poder libertador do Espírito de Deus está totalmente à disposição de 
todos os que se encontram em Cristo Jesus (Heb. 1:1, 2; At. 2:17-39). 
 
 
 
 
 
 
 
As Profecias do Tempo do Fim 45 
A INTERPRETAÇÃO QUE OS APÓSTOLOS FIZERAM DO 
CUMPRIMENTO DA PROFECIA 
 
A aplicação que faz Pedro da profecia do Joel é altamente 
instrutiva. O apóstolo aplica a promessa do Espírito de Deus profetizada 
pelo Joel ao derramamento pentecostal do Espírito Santo sobre os judeus 
cristãos reunidos em Jerusalém. Pedro cita a predição do Joel de um 
futuro derramamento do Espírito (Joel 2:28) e ato seguido assinala a 
experiência presente como o cumprimento "nos últimos dias", 
declarando: "Isto é o dito pelo profeta Joel" (At. 2:16). Um olhar mais 
detalhado aos assuntos

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