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UNINASSAU SALVADOR - PATAMARES ENGENHARIA CIVIL GUILHERME LOPES DOS SANTOS STEFANE HAINE DA SILVA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APLICAÇÃO DA ENERGIA FOTOVOLTAICA EM COMÉRCIO DE MÉDIO PORTE NO INTERIOR DA BAHIA Salvador 2018 Guilherme Lopes dos Santos STEFANE HAINE DA SILVA APLICAÇÃO DA ENERGIA FOTOVOLTAICA EM COMÉRCIO DE MÉDIO PORTE NO INTERIOR DA BAHIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de ENGENHARIA CIVIL da UNINASSAU SALVADOR - PATAMARES Salvador 2018 Ficha catalográfica gerada pelo Sistema de Bibliotecas do REPOSITORIVM do Grupo SER EDUCACIONAL S586a Silva, Stefane Haine da. Aplicação da Energia Fotovoltaica em Comércio de Médio Porte no Interior da Bahia / Stefane Haine da Silva, Guilherme Lopes dos Santos. - UNINASSAU SALVADOR: Salvador - 2018 16 f. : il Artigo Científico (Curso de Disciplina Isolada) - Uninassau Salvador - Patamares - Orientador(es): M.sc. Luiz Henrique Santos Silva 1. Células Fotovoltaicas. 2. Econômico Financeira. 3. Energia Fotovoltaica. 4. Energia Solar. 5. Viabilidade. 6. Economic Viability. 7. Energy. 8. Photovoltaic. 9. Photo- Voltaic Cells. 10. Solar Energy. I.Título II.M.sc. Luiz Henrique Santos Silva UNINASSAU SALVADOR - SAL CDU - 536.7 1 APLICAÇÃO DA ENERGIA FOTOVOLTAICA EM COMÉRCIO DE MÉDIO PORTE NO INTERIOR DA BAHIA Guilherme Lopes dos Santos¹ Stefane Haine da silva² RESUMO Atualmente, investe-se muito em tecnologias que tem por finalidade geração de energia renovavel, que proporcione menos impacto ao meio ambiente e dentre vastas opções temos a energia solar. Para isso, é necessário discorrer sobre as células fotovoltaicas, que são responsáveis pela transformação dos raios solares acionados com os átomos de silício, provocando uma corrente elétrica. Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo estudar a possibilidade de utilizar um sistema fotovoltaico, assim como suas vantagens e desvantagens, em um comércio de médio porte localizado no interior da Bahia. Foi constatado, a partir do estudo de caso, a viabilidade econômico-financeira da energia solar, sendo possível observar os resultados que mostram que o projeto da implantação desta energia como possibilidade para redução de custos e de comparação energética é viável para o período analisado, considerando os dados apresentados. Palavras Chaves: Viabilidade econômico-financeira; Energia solar fotovoltaica; Células fotovoltaicas. 1. INTRODUÇÃO A necessidade humana de sobreviver, estimulou o homem a desenvolver suas habilidades racionais frente as circunstâncias. A capacidade humana promoveu um dos primeiros desenvolvimentos tecnológicos quando se refere ao fornecimento de calor: a descoberta do fogo e suas n possiblidades. Com os desencadeamentos contingenciais e o progresso científico, o homem domina seu habitat e se constitui no topo da cadeia alimentar (LAMARCA JUNIOR, 2012; DUPONT et al, 2015). Frente a esse contexto, sem nenhuma espécie que o ameaçasse, com o desenvolvimento das habilidades cognitivas e suas inter-relações sendo constituídas por um conjunto de normas cívicas, o homem passa a focar no progresso tecnológico – sob uma perspectiva econômica, e na sua longevidade – sob uma perspectiva filosófica. Destarte, podemos afirmar que a geração de energia, sendo compreendida como uma ferramenta tecnológica, está diretamente ligada com a evolução humana: dos primeiros microrganismos até os dias atuais, ditando perspectivas e influenciando os comportamentos macro e micro sociais (CARVALHO, 2014). Atualmente a União Europeia tem a meta de que as energias renováveis representem até 2020, 20% da quantidade total de energia consumida, como a maioria dos países já atingiu essa meta, fala-se em 30% até 2030. Assim, diminuirão a dependência da utilização de combustíveis 2 fósseis como o petróleo, o gás natural e o carvão na produção de energia elétrica, o que consequentemente irá contribuir para a redução da emissão de gases que provocam o aquecimento global. Assim, diversos países preocupados em reduzir os índices de emissão de gases que levam ao efeito estufa estão investindo na instalação de parques eólicos e sistemas fotovoltaicos para geração de energia elétrica, como por exemplo, a China, dona de um quarto da capacidade eólica mundial e país líder em investimentos no setor, com aproximadamente 92 gigawatts (GW) instalados, o que corresponde a 45% na participação global (CARDOSO, 2015). À vista disto, o período da revolução industrial foi marcado pelo aumento no consumo de energia, para tanto, era necessário fontes de calor capazes de fornecer energia em grandes escalas: combustíveis fósseis. Tal fonte possui um alto potencial energético. Nisso, a matriz energética cresceu rapidamente buscando atender as necessidades das pessoas (DUPONT et al, 2015). Contudo, tal produção de energia, associados ao seu consumo desenfreado e a exploração de matérias orgânicas (petróleo, gás natural e o carvão mineral), bem como, seus efeitos colaterais (o agravamento do efeito estufa, o derretimento das geleiras, a poluição do ar e, portanto, prejuízo à vida dos organismos). Desencadearam muitos fenômenos que, consequentemente, acabaram gerando diversas complicações para a comunidade humana e o ecossistema local e global (LAMARCA JUNIOR, 2012). Com a crise econômica mundial, a demanda de energia elétrica no setor industrial sofre redução devido à diminuição dos produtos manufaturados. A variação positiva da renda nos países emergentes torna-os responsáveis pelo maior crescimento da demanda por energia em todas as classes. Já os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm um crescimento de demanda mais lento, por terem padrões de consumo mais regulares e mercados de energia elétrica bem estabelecidos. Em contrapartida, os países que não são membros da OCDE têm grande quantidade de pessoas ainda sem acesso à energia elétrica. Um exemplo é a África subsaariana, onde mais de 75% da população continua sem acesso à eletricidade (CARDOSO, 2015). Por conta, justamente, destas complicações, atualmente, investe-se muito em tecnologias que tem por finalidades geração de energia renováveis, ou seja, que proporcione menos impacto ao meio ambiente. Dentre várias formas de geração de energia renováveis, temos a energia solar1 (DUPONT et al, 2015). Para a compreensão desta, é necessário discorrermos sobre as células fotovoltaicas. Elas são responsáveis pela seguinte transformação: os raios solares são absorvidos pelas células solares, denominadas fotovoltaicas ou fotoelétricas – que as mesmas são constituídas por materiais semicondutor, é comum localizarmos essas células em cristais de silício. Desta forma, o processo/mecanismo é acionado no contato entre as partículas solares (fótons) com os átomos do silício, desencadeando o deslocamento dos elétrons, provocando assim, uma corrente elétrica (BARROS, 2014). Apesar das grandes usinas hidrelétricas serem as principais fontes geradoras de eletricidade no Brasil, existe outras fontes que se destacam. Recentemente procura-se ter maior aproveitamento da energia solar no país, utilizando-se de sistemas fotovoltaicos para a geração de eletricidade. Considerando as comunidades isoladas às redes de distribuição do sistema 1O termo energia solar, refere-se ao fato de que sua transformação se dá mediante a captação dos raios solares. Considera-se sendo uma energia renovável, pois os recursos naturais utilizados são capazes de reabastecer. 3 elétrico brasileiro, a energia solar pode ser solução em diversos casos. Além obviamente da produção e inserção significativa na matriz elétrica brasileira. A análise de um caso prático seria o aquecimento de água em todo o país e não apenas em comunidades isoladas, onde sãogastos cerca de 20 terawatts-hora (TWh) de energia elétrica por ano, os quais poderiam ser supridos com sistemas de aquecimento solar com vantagens econômicas e ambientais. O Brasil tem grande potencial de energia solar fotovoltaica, a irradiação solar no país é aproximadamente o dobro da média mundial, porém esse potencial ainda é pouco explorado (CARDOSO, 2015). É cabível ressaltar que além das complicações supra, um dos motivos para tal investimento, dá-se por conta do seu aproveitamento econômico. Ao elucidar sobre o homem inserido num sistema de valorização do viés econômico, discorremos a sua busca por meios que o colabore em maximizar o rendimento, consequentemente, o lucro. Cabe neste ponto, falar sobre a estruturação de edifícios que oferecem alternativas, tanto do caráter sustentável, quanto do caráter econômico (LAMARCA JUNIOR, 2012; DUPONT et al, 2015). Os custos de conexão de um gerador solar fotovoltaico têm apresentado uma trajetória decrescente. Por esses motivos, essa modalidade de geração possui uma forte penetração no sistema de distribuição de países como a Alemanha, Espanha, China e EUA (JUNIOR et al, 2017). Segundo Guimarães (2018), o edifício da Bayerische Motoren Werke, BMW Welt, localizado em Munique, Alemanha. É um prédio de arquitetura surpreendente e que também está entre os edifícios mais sustentáveis do mundo. Trata-se de uma edificação multifuncional que visa passar para o público a imagem da empresa, voltada para inovação, tecnologia e progresso. O sistema de energia solar fotovoltaico instalado no prédio permite gerar mais de 800 kW. Também utiliza uma rede de painéis de aço para captação e transferência de calor, operando no condicionamento do ar interior do prédio. Portanto, o presente artigo busca estudar a possibilidade de utilizar um sistema fotovoltaico em um comércio de médio porte na Bahia. Bem como, analisar a viabilidade econômico-financeira da energia solar como alternativa para redução de custos e de diversificação energética. Sendo assim, analisou-se o uso da captação dos raios solares para a geração de energia elétrica, discutindo a viabilidade econômica e financeira do projeto. Desta forma, os comércios terão suas contas de energia reduzidas, contribuirão para o meio ambiente ecologicamente equilibrado, além disso, proporciona um processo socioeducativo de conscientização dos moradores e de uso racional da energia. 2. REFERENCIAL TEÓRICO No referencial teórico desse estudo serão discutidos os conceitos e tema proposto, sendo-os embasados em uma pesquisa de campo e bibliográfica. As próximas subseções estão organizadas da seguinte maneira: 2.1 Perspectivas da energia solar; 2.2 Geração fotovoltaica de energia solar; 2.3 Indicadores para análise de viabilidade econômico-financeira de projetos; 2.3.1 Payback descontado; 2.3.2 Valor Presente Líquido (VPL); 2.3.3 Taxa Interna de Retorno (TIR); 3. Procedimentos Metodológicos; 4. Descrição e análise dos resultados; 4.1 Instalação do sistema fotovoltaico proposto; 4.2 Investimento em equipamentos para a instalação do 4 sistema de geração de energia; 4.3 Capacidade de geração do sistema proposto; 4.4 Análise da viabilidade econômico-financeira do projeto; 5. Considerações Finais. 2.1. Perspectivas da energia Solar O processo tecnológico de conversão da energia solar em elétrica ocorre mediante a utilização de materiais termoelétrico e fotovoltaico. Com isso, de acordo com a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), essa modalidade de energia pode ser utilizada em sistemas de iluminação, aquecimento de fluidos e ambientes, geração de potência mecânica ou elétrica e também como fonte de energia térmica. O aproveitamento da iluminação natural e do calor para aquecimento de ambientes decorre da penetração ou absorção da radiação solar nas edificações, reduzindo-se, com isso, as necessidades de iluminação e aquecimento. Dessa forma, um melhor aproveitamento da radiação solar pode ser feito com o auxílio de técnicas mais sofisticadas de arquitetura e construção. A utilização da fonte solar para aquecimento de fluidos se realiza com coletores ou concentradores solares, sendo os coletores utilizados para aquecimento de água, em aplicações residenciais e comerciais (hotéis, restaurantes, clubes, etc). Ademais, a utilização da fonte solar para gerar energia elétrica proporciona diversos benefícios, citados por Absolar (2016), tanto do ponto de vista elétrico como ambiental e socioeconômico. Do ponto de vista elétrico, contribui para diversificação da matriz, aumento da segurança no fornecimento, redução de perdas e alívio de transformadores e alimentadores. Sob o aspecto ambiental, há a redução da emissão de gases do efeito estufa, da liberação de materiais particulados e do uso de água para geração de energia elétrica. Com relação a benefícios socioeconômicos, a geração de energia solar fotovoltaica contribui com a geração de empregos locais, o aumento da arrecadação e de investimentos. 2.2. Geração fotovoltaica de energia solar A energia elétrica é obtida da conversão direta da luz por meio do efeito fotovoltaico. Tal efeito, relatado por Edmond Becquerel, em 1839, é o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz (CRESESB, 2006). O primeiro aparato fotovoltaico foi montado em 1876 e apenas em 1956, iniciou-se a produção industrial (CRESESB, 2006). A unidade fundamental do processo de conversão é a célula fotovoltaica. O efeito fotovoltaico ocorre em materiais ditos semicondutores, que são caracterizados pela presença de bandas de energia onde elétrons são permitidos, chamadas bandas de valência, e outras bandas que são vazias, chamadas bandas de condução. Essas células fotovoltaicas trabalham no princípio de que os fótons incidentes, colidindo com os átomos dos materiais semicondutores, fazem com que os elétrons sejam deslocados. Se estes elétrons puderem ser capturados antes de retornarem a seus orbitais atômicos, podem ser aproveitados, livres, como corrente elétrica (COMETTA, 1978). Esse movimento de elétrons gera uma diferença de potencial, onde o acúmulo de elétrons de um lado se torna negativo e do outro lado positivo devido à falta de elétrons e, também, gera um campo elétrico que mantém os elétrons afastados (CRESESB, 2006). Um material semicondutor é um material que conduz a corrente elétrica, sua resistividade diminui 5 com o aumento da temperatura e/ou pela presença de impurezas, ao contrário do que sucede nos condutores metálicos normais (COMETTA, 1978). A célula fotovoltaica é a menor unidade de conversão de energia luminosa, proveniente do Sol, em energia elétrica e possui alguns tipos segundo a caracterização quanto ao material semicondutor. Praticamente todas as células fotovoltaicas são fabricadas utilizando o silício (CRESESB, 2006.) Os projetos de energia solar residenciais conectados à rede para geração distribuída, geralmente, são instalados nos telhados das casas, são pequenos geradores de energia elétrica que funcionam movidos por energia solar e que permitem ao consumidor residencial gerar toda, ou uma parte, da energia elétrica consumida em seu imóvel. Com a energia produzida através de um desses geradores, o consumidor residencial consegue economizar até 95% na sua conta de luz. Resultado de um sistema de compensação de energia elétrica vigente dentro do segmento, distribuído e motivo pelo o qual esses geradores se espalham pelo país. Um gerador de energia solar para residência (ou sistema fotovoltaico de energia solar residencial) permite gerar toda a energia elétrica consumida em uma casa. Segundo os dados do Ministério de Minas e Energia (MME), desde 2012, ano em que a regulamentação da geração distribuída entrou em vigor, a constante inflação energética fez com a conta de luz acumulasse umaalta de 499%. Isso, por si só, já é motivo suficiente para provar que a energia solar residencial vale a pena, ou de qualquer outro tipo de consumidor, seja comercial, rural ou industrial. E a razão é que o consumidor que instala um sistema fotovoltaico em sua casa fica imune a esses aumentos na conta de luz, pois toda a energia consumida passa a vir do seu telhado. Assim, não importa se as secas estão castigando os reservatórios das hidrelétricas ou se a má gestão do governo causa aumentos nas tarifas energéticas, pois elas deixam de impactar a conta de luz de quem gera a sua energia. A aquisição de um gerador de energia solar residencial é um investimento, pois traz um retorno financeiro ao seu proprietário ao longo dos anos na forma da economia gerada na conta de luz. Por isso, estimar o prazo desse retorno se torna fundamental para analisar a viabilidade do investimento. No caso do gerador residencial este fica, em média, entre 5 e 6 anos, o que é bem atrativo quando comparado a sua vida útil. 2.3. Indicadores para análise de viabilidade econômico-financeira do projeto A avalição da rentabilidade do investimento é baseada de acordo com métodos de fluxo de caixa descontados, que são utilizados para conhecer os indicadores de viabilidade econômica. Para saber sobre a viabilidade econômica de um projeto, é indispensável a utilização dos indicadores VPL, TIR, Payback e Payback descontado. De acordo com Samanez (2002), o valor de um projeto pode ser definido de acordo com sua capacidade de gerar fluxos de caixas futuros, ou seja, renda econômica. Sendo assim, as alternativas de investimento devem ser comparadas conforme as consequências monetárias, operações de investimento ou financiamento, fluxo de caixa ao longo do tempo. 6 Através de um comparativo com outros países, mesmo reconhecendo a necessidade de avanço brasileiro no uso da fonte solar, é importante ressaltar que diferentemente dos países líderes em produção mundial, de matriz energética com base principalmente em combustíveis fósseis, a matriz energética brasileira é predominantemente renovável, com forte presença hidráulica, o que possivelmente diminui o apoio a políticas de incentivo à fonte solar. O Brasil, buscando permitir o desenvolvimento do projeto de energia solar no país, em 2004, promoveu uma alteração na legislação, limitando os valores pagos pelas grandes indústrias destinados a cobrir a geração de energia de fontes renováveis. Com isso, preservou- se a competitividade da indústria alemã, além de impedir que grandes consumidores tivessem que se posiciona contra a expansão de geração alternativa por fontes renováveis. Neste estudo, que objetiva analisar a viabilidade econômico-financeira da energia solar fotovoltaica serão analisados o payback descontado, o valor presente líquido, a taxa interna de retorno e o valor anual uniforme equivalente. 2.3.1 Payback descontado As principais vantagens existentes no uso do payback descontado são: o custo do dinheiro no tempo; seu valor pode ser interpretado como o prazo de recuperação do investimento remunerado de acordo com o custo de oportunidade, valores situados além da data do payback descontado contribuirão com lucros extras; também pode ser interpretado como um ponto de equilíbrio. Já as desvantagens inerentes ao uso do payback descontado são: não considera todos os capitais do fluxo de caixa, com isso existe a tendência de recusa de projetos mais longos e rentáveis; não é uma medida de rentabilidade, mede apenas o prazo de retorno. O fato de apenas analisar o prazo de recuperação do investimento, torna o payback uma medida míope para Bruni e Famá (2003), já que possui uma visão curta dos números financeiros, não sendo capaz de enxergar os números distantes. Se por exemplo, o payback de um projeto for de quatro anos, sabe-se apenas que se recupera o investimento nesse tempo. Se no quinto, ou mesmo no sexto ano, existir um fluxo acima do normal, tanto positivo quando negativo, nada será informado pelo payback. 2.3.2 Valor Presente Líquido (VPL) Como o próprio nome revela o Valor Presente Líquido, resulta da adição de todos os fluxos de caixa na data zero. Gitman (2002) afirma que o Valor Presente Líquido (VPL) é uma técnica sofisticada de análise de orçamento de capital, já que considera de forma explicita o valor do dinheiro no tempo. Seu valor é obtido subtraindo do valor presente dos fluxos de entrada de caixa, o valor inicial do projeto. De acordo com Guerra (2006), o VPL de um fluxo de caixa consiste em calcular o valor presente de uma série de pagamentos (ou recebimentos), descontado a uma taxa, e deduzir, deste, o valor do fluxo de caixa inicial (valor do empréstimo, do financiamento ou do investimento). Esse método desconta os fluxos de caixa futuro de uma empresa para o presente através de uma taxa específica. Essa taxa é chamada de custo de oportunidade, e se refere ao retorno mínimo exigido pelos investidores, também denominada de TMA. 7 O VPL é um critério de referência nas decisões de investimentos. Quando o VPL é superior a zero, esse fato indica, de acordo com Bruni e Famá (2003), que os fluxos futuros trazidos e somados a valor presente superam os investimentos. Logo, o projeto deverá ser aceito. 2.3.3 Taxa Interna de Retorno (TIR) É a técnica mais sofisticada para avaliar investimentos, sendo muito utilizada por empresários e analistas. A Taxa Interna de Retorno (TIR) é definida por Gitman (2002) como a taxa de desconto que faz com que o VPL de uma oportunidade de investimento iguale-se a zero (já que o valor presente das entradas de caixa é igual ao investimento inicial). A TIR é obtida através do fluxo de caixa projetado do projeto, não tendo necessidade de arbitrar um valor para a taxa de desconto. Nas palavras de Guerra (2006), a taxa interna de retorno iguala no momento zero, o valor presente das entradas (recebimentos) com o das saídas (pagamentos) previstas no fluxo de caixa. 3. Procedimentos Metodológicos O estudo caracteriza-se como pesquisa exploratória realizada em campo, desempenhada por meio da análise da execução da implementação do sistema fotovoltaico em um empreendimento comercial localizado na cidade de Umburanas, no interior da Bahia. Por meio de visitas técnicas ao empreendimento, denominado Hotel Palace, no período de Abril a Junho de 2018, os dados coletados nesse estudo foram obtidos diretamente do local onde foi executado o sistema de energia fotovoltaica apresentado. Após a coleta dos dados, foram realizados os cálculos da geração de energia, baseados na localização no qual a instalação se encontra, a radiação solar do local (de acordo com os dados fornecidos pelo CRESESB – Centro de Referência para Energia Solar e Eólica), nas perdas/ganhos por inclinação dos painéis solares, número total dos painéis mediante a área total do ambiente disponível para instalação dos equipamentos, a potência e tensão elétrica dos módulos fotovoltaicos e por fim, o seu rendimento, foi realizada a instalação do sistema fotovoltaico proposto. Para a análise da viabilidade econômico financeira da energia solar, foram analisados o payback descontado, o valor presente líquido e a taxa interna de retorno. 4. Descrição e análise dos resultados Este tópico tem por objetivo apresentar os dados obtidos no estudo de caso realizado no Hotel Palace, apresentando como a energia fotovoltaica é gerada, de onde é proveniente e qual o percurso alcançado pela rede de distribuição de energia elétrica. Em seguida, foi realizada a análise dos dados, através de gráficos destinados à comparação das distintas inclinações das placas, bem como as perdas existentes e o custo financeiro. Ao longo da análise, foram apresentados os resultados deste caso. 8 4.1 Instalação do sistema fotovoltaico proposto O sistema projetado foi conectado diretamente à rede de energiaelétrica existente na cidade, dispensando o uso de baterias, e consequentemente, utilizando a rede de energia como back-up. Figura 1: Esquemático de energia fotovoltaica Fonte: Sítio das Torres (2018) Para o sistema fotovoltaico apresentar dimensionamento como o esperado, o mesmo deve ser conectado da forma explicita na Figura 1, considerando as variações da irradiação solar do local, que impacta diretamente no rendimento dos módulos. A figura 1.1 mostra o estudo de caso, evidenciando o primeiro item descrito no esquemático. Figura 1.1: Painéis solares do Hotel Palace Fonte: Guilherme Lopes (2018). 9 Por meio da figura 1.1, verifica-se que os painéis solares são localizados na parte superior do telhado do Hotel Palace, empreendimento comercial, sito à cidade de Umburanas, a 440km de distância de Salvador, com latitude -10.722534 e longitude -41.333573. Captando a energia, para consequentemente transportá-la ao inversor por meio de corrente contínua. A Figura 1.2 mostra o esquema do inversor fotovoltaico. Figura 1.2: Inversor fotovoltaico Fonte: Guilherme Lopes (2018). Através da figura 1.2, visualiza-se o inversor, utilizado para transformar a corrente contínua em corrente alternada, e enviá-la ao quadro elétrico (item 3 da figura 1) distribuindo a energia para o hotel. Figura 1.3: Relógio bidirecional Fonte: Guilherme Lopes (2018). 10 A figura 1.3 apresenta o relógio bidirecional, que estima a quantidade de energia elétrica. Demonstra o consumo que é utilizado quando não tem irradiação solar, e a energia produzida em excesso, gerando créditos que podem ser utilizados em meses com declínio da produção fotovoltaica. De acordo com a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), para utilização dos créditos, há uma regulamentação específica que varia de acordo com a localização e classe de consumo (residência, comercial ou industrial). Conforme a Resolução 482 da ANEEL, caso seja produzida quantidade de crédito energético maior que o valor da energia consumida, esses podem ser utilizados em outras unidades consumidoras que estejam registradas para a mesma pessoa, seja física ou jurídica, que possua o sistema on-grid. A Figura 2 demonstra a irradiação solar média mensal da cidade de Umburanas, na Bahia, onde está sendo realizado o projeto. Figura 2: Irradiação solar mensal Fonte: Dados da pesquisa. Observando a Figura 2, nota-se que, no interior onde está sendo realizada a implementação do sistema, a média anual está em torno de 5,63 horas de sol por dia. Os meses de setembro a março apresentam maior incidência, acima de 5,60 horas diárias, enquanto os meses de abril a agosto a menor incidência, com menos de 5 horas diárias. Devido à variação de incidência durante os meses do ano, a inclinação e o posicionamento das placas solares, são substanciais, visando a diminuição das perdas. Quando posicionadas a 0 graus, sofrem influência negativa devido ao acúmulo de sujeira, portanto, para este caso foi considerado uma inclinação horizontal de 11 graus. A figura 3 expõe os ganhos e perdas a cada mês, correlacionados à inclinação de 0 graus e 11 graus dos painéis solares. 0 1 2 3 4 5 6 7 Irradiação solar mensal (kWh/m².dia) Inclinação 11° HSP Média 11 Figura 3: Ganhos e perdas em diferentes inclinações das placas Fonte: Dados da pesquisa. Os dados apresentados na Figura 3 estão em confronto entre um sistema com painéis instalados na posição horizontal em 0 graus, e com o mesmo sistema em posição inclinada em 11 graus, também em plano horizontal. Em posição inclinada, decresce a perda de energia ocasionada pelo acumulo de sujeira que ocorre nas placas em posição horizontal, visto que, ocorre uma aglomeração de folhas, poeira entre outros agentes que diminuem a irradiação nas placas. Por meio da figura 4, constata-se a quantidade média de horas de sol por dia, considerando os efeitos de sombreamento e inclinação. Figura 4: Irradiação solar considerando o sombreamento Fonte: Dados da pesquisa. 0 1 2 3 4 5 6 7 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média Irradiação mensal em diferentes inclinações 0° N 11° N Perdas 0 1 2 3 4 5 6 7 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média Irradiação solar mensal considerando as perdas HSP Média 12 Os valores demonstrados foram obtidos através do produto entre os valores dos dados das Figuras 2 e 3. Observa-se que com o sistema instalado na posição horizontal, exemplificado pela figura 3, consegue-se uma incidência média de sol sobre os sistemas solares de 5,63 horas de sol equivalente por dia. Para efeito de projeto, estes dados de irradiações solares apresentados são levados em consideração para o dimensionamento da quantidade de painéis e potência do inversor utilizados. 4.2 Investimento em equipamentos para a instalação do sistema de geração de energia Com base nos dados apresentados, o sistema dimensionado para o Palace Hotel, é composto pelos equipamentos descritos no Quadro 01, com os seguintes investimentos necessários: Quadro 01: Orçamento do projeto Fonte: Dados da pesquisa. Os módulos descritos no Quadro 01, foram instalados na parte superior, sobre o telhado do Hotel, sendo fixados na própria estrutura com suportes metálicos, como apresentado na Figura 1.1. Os módulos e inversores, assim como a conexão de rede elétrica existente, estavam instalados em um ambiente específico, no andar térreo com a intenção de facilitar o acesso para manutenções e gerenciamento do processo de produção de energia elétrica. O projeto elétrico foi dimensionado pela mesma empresa que o executou no local. Verifica-se que o investimento em equipamentos e mão-de-obra para a instalação do sistema e geração de energia através dos painéis fotovoltaicos, conforme pode ser visualizado no Quadro 01, foi no valor de R$185.340,61. 4.3 Capacidade de geração do sistema proposto Com base no sistema proposto, composto por 94 módulos solares de 320kwp cada e, considerando-se a temperatura, inclinação e radiação no local onde os mesmos foram 13 instalados, é possível que o sistema forneça a cada mês, em média, a energia de 3.081,0kWh, como apresentado na figura 5. Figura 05: Capacidade de energia gerada mensalmente Fonte: Dados da pesquisa. Verifica-se na Figura 05, que a geração de energia elétrica é maior nos meses mais quentes, visto que a incidência solar é maior. São estes os meses de consumo elevado, devido a utilização de aparelhos de climatização utilizados no Hotel, principalmente para refrigeração dos quartos, tendo em vista a temperatura ambiente elevada. A energia produzida pelo sistema fotovoltaico supre totalmente o consumo, considerando 100% de utilização da energia proveniente do sol. 4.4 Análise da viabilidade econômico-financeira do projeto A Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia) é a concessionária de energia elétrica local. Após análise da fatura de energia foi possível perceber que o valor do kWh pago pelo empreendimento comercial para a fornecedora era de R$0,6470. Esta cobrança refere-se ao transporte da energia entre a geração e o consumidor final. O quadro 2 apresenta o fluxo de caixa projetado para o período de 7 anos. 1.688,0 4.058,0 3.465,0 3.808,03.681,0 2.669,0 2.171,0 1.891,0 2.282,02.484,0 3.931,0 4.844,0 3.081,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média Capacidade de geração de energia (kWh/mês) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média 14 Quadro 2 – Fluxo de caixa projetado Fonte: Dados da pesquisa. Considerando o custo do kWh de R$0,6470 e a possibilidade de geração média mensal do sistema proposto de 3.081,0kWh é possível economizar anualmente R$38.400,00, ou seja, mensalmente R$3.200,00, conforme explícito no Quadro 2. O cálculo do payback descontado considerauma TMA/a.a (Taxa mínima de atratividade ao ano) de 10%, sendo necessários 6,9 anos para recuperar o investimento inicial proposto de R$185.340,08. Percebe-se que, no Quadro 2, o VPL (valor presente líquido) ao final do 6,9 ano será de R$1.607,20 e a taxa interna de retorno de 10%. Observando ainda o Quadro 2, apenas a economia acumulada durante um período de 5 anos (R$38.400,00 X 5), é possível identificar um valor total de R$192.000,00, ou seja, é R$6.659,92 superior ao custo total da instalação do sistema de geração solar. Portanto, a partir de aproximadamente 5 anos o sistema já estará totalmente pago e provocando uma economia anual de R$38.400,00. Considerando 30 anos de vida útil do sistema, gerando um lucro em torno de R$960.000,00. Sendo possível concluir que, o projeto de energia solar fotovoltaica como alternativa para redução de custos e de diversificação energética é viável para o período analisado, considerando os dados projetados. 5. Considerações Finais Para a elaboração desse artigo foi realizado um estudo de caso onde foi verificada a viabilidade econômico-financeira da energia solar fotovoltaica, possibilitando a redução de custos e comparação energética. Para comprovação, efetuou-se uma pesquisa exploratória, através de um estudo no Hotel Palace, localizado na cidade de Umburanas-Ba. No estudo da viabilidade econômico-financeira da energia fotovoltaica foram realizadas análises econômicas do payback, payback descontado, valor presente líquido e taxa interna de retorno. É possível observar que no payback simples o retorno é de 4,8 anos e no payback descontado é de 6,9 anos, com a TMA de 10% ao ano. Com um investimento no valor de R$185.340,08 e parcelas mensais de R$3.200,00. 15 Os resultados demonstram que o projeto da implantação de energia solar fotovoltaica como alternativa para redução de custos e de comparação energética é viável para o período analisado, considerando os dados apresentados no Quadro 2. Deste modo, percebe-se que além de reduzir custos e de apresentar viabilidade econômica para o hotel em pesquisa, a energia solar, uma das fontes de energias renováveis que mais cresce no mundo, irá gerar inúmeros benefícios ao empreendimento e também ao meio ambiente. 6. Referências Bibliográficas AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL). Atlas da Energia Elétrica do Brasil. Brasília – DF, 2005. 2ª Edição. BARROS, Luísa Valentim. Avaliação de modelo de negócio para energia solar fotovoltaica no mercado de distribuição Brasileiro. 2014, 107f. Originalmente apresentada como dissertação para obtenção do título de mestrado em Ciências. Programa de Pós-Graduação em Energia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. CARVALHO, Joaquim Francisco de. Energia e sociedade. Estud. av., São Paulo, v. 28, n. 82, p. 25-39, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/ >. Acesso em: setembro/2018. CEPEL; CRESESB. Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos. Edição Especial PRC-PRODEEM. 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