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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU - UNINASSAU RECIFE ENGENHARIA CIVIL JOÃO VICTOR DE BRITO SOUZA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ANÁLISE DE PILARES EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO Recife 2018 JOÃO VICTOR DE BRITO SOUZA ANÁLISE DE PILARES EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de ENGENHARIA CIVIL da CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU - UNINASSAU RECIFE Recife 2018 Ficha catalográfica gerada pelo Sistema de Bibliotecas do REPOSITORIVM do Grupo SER EDUCACIONAL S729 Souza, João Victor de Brito. Análise de Pilares em Estruturas de Concreto Armado / João Victor de Brito Souza. - uninassau recife: Recife - 2018 41 f. : il Monografia (Curso de Engenharia Civil) - Centro Universitário Maurício de Nassau - Uninassau Recife - Orientador(es): Esp. Josinaldo Oliveira dos Santos 1. Concepção Estrutural. 2. Construção. 3. Otimização. 4. Segurança. 5. Viabilidade. 6. Construction. 7. Feasibility. 8. Optimization. 9. Security. 10. Structural Design. I.Título II.Esp. Josinaldo Oliveira dos Santos uninassau recife - REC CDU - 536.7 Dedico esta monografia aos meus pais que desde a minha infância tem dado grande incentivo ao meu desenvolvimento intelectual. Sem vocês eu não teria compreendido a importância do SABER. AGRADECIMENTOS A Deus, pelas oportunidades a mim concedidas, assim como, saúde e obstinação para buscar e conquistar meus objetivos. Aos meus pais, Solange e Francisco, por todo o apoio e ensinamentos a mim dedicados, sendo essenciais para a minha formação, incentivando-me sempre a fazer o melhor e a lutar pelos meus objetivos. Ao meu orientador e professor Josinaldo Oliveira dos Santos, pelos conhecimentos transmitidos, pela orientação e amizade. Ao acolhimento que me foi dado pela Casa do Estudante do Nordeste (CEN), e aos amigos aqui adquiridos, onde pude residir desde o primeiro dia em que iniciei a graduação, e que me proporcionou um ambiente em que foi de grande importância para os meus estudos e aprendizados. Assim como a Casa do Estudante de Pernambuco, onde recebi valiosa assistência durante meu percurso. À professora Andréa Baltar, por todas as dicas durante o desenvolvimento desse trabalho, bem como, todos os professores que no decorrer da graduação foram de elevada importância para a minha formação. A todos meus familiares e amigos que contribuíram de alguma forma para o meu desenvolvimento pessoal e intelectual. “A persistência é o caminho do êxito.” Charles Chaplin RESUMO O pilar é um elemento fundamental à estrutura, possui a nobre função de transmitir as cargas provenientes das vigas e lajes, e transmiti-las à fundação. Desta forma torna-se imprescindível discutir a sua melhor aplicação e o correto estudo estrutural de forma a se obter a melhor solução ainda na fase de projeto. Por meio da análise computacional pode-se obter uma melhor visualização da problemática, e então, tomar saídas que nos deem maior viabilidade, aproveitando ao máximo a capacidade dos materiais empregados na construção, proporcionando a estrutura o melhor desempenho possível. Nas análises realizadas, buscou-se obter a otimização em relação ao posicionamento dos pilares em planta, chamado de “locação dos pilares”, onde analisou-se o comportamento da estrutura antes e após as alterações, resultando em um melhor dimensionamento da estrutura. Também foi analisado o comportamento estrutural em relação a possibilidade de uma ruptura brusca de um pilar, assim como anteriormente, comparando o antes e o depois das alterações realizadas, onde foi constatado uma grande possibilidade de ruina da estrutura. Quando se realiza o perfeito estudo concepcional da estrutura tem-se um maior controle sobre o seu comportamento, evitando riscos à segurança e tornando a construção mais econômica, trabalhando assim a estrutura da melhor forma. Palavras-Chave: Concepção Estrutural; Otimização; Segurança; Viabilidade; Construção. ABSTRACT The pillar is a fundamental element to the structure, it has the noble function of transmitting the loads coming from the beams and slabs directly to the foundation. In this way it is essential to discuss its best application and the correct structural study, in order to obtain the best solution still in the design phase. By means of the computational analysis it is possible to obtain a better visualization of the problematic, and then, to take the outputs that are more feasible, taking full advantage of the capacity of the materials used in the construction, giving the structure the best possible performance. In the analysis performed, the optimization was performed in relation to the positioning of the pillars in the plant, called "location of the pillars", where the structure behavior was analyzed before and after the changes, resulting in a better design of the structure. It was also analyzed the structural behavior in relation to the possibility of abrupt rupture of a pillar, as before, comparing the before and after of the alterations made, where a great possibility of ruin of the structure was verified. After the perfect conceptional study of the structure was carried out a greater control over its behavior, avoiding risks to the security and making the construction more economic, thus working the structure of the best form. Key words: Structural Design, Optimization, Security, Feasibility, Construction. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Classificação quanto às solicitações iniciais ............................................. 16 Figura 2 - Exemplo de colapso progressivo. ............................................................. 18 Figura 3 - Fissura na camada de concreto ................................................................ 20 Figura 4 - Interface do programa Robot Structural Analysis ...................................... 22 Figura 5 - Interface do programa Ftool. ..................................................................... 23 Figura 6 - Lançamento do pavimento Tipo, do projeto exemplo (em destaque os pilares analisados). ................................................................................................... 26 Figura 7 - Momentos fletores na região selecionada. ................................................ 27 Figura 8 - Análise do pilar: Localização (A), Momentos fletores ao longo do pilar P30 (B). ............................................................................................................................ 28 Figura 9 - Análise do pilar após alteração: Localização (A), Momentos fletores ao longo do pilar P30 (B). ............................................................................................... 29 Figura 10 - Momentos fletores na região selecionada, após modificar o posicionamento dos pilares. ...................................................................................... 30 Figura 11 - Comparativo entre as taxas de aço (antes e depois). ............................. 31 Figura 12 - Esforços na estrutura antes (A) e depois (B) da retirada do pilar (pilar retirado em destaque). .............................................................................................. 32 Figura 13 - Comparativo entre as cargas axiais atuantes nos pilares (antes e depois) .................................................................................................................................. 33 Figura 14 - Diferença percentual entre os esforços atuantes nos pilares após a ruptura....................................................................................................................... 34 Figura 15 - Pilar rompido em prédio de Belo Horizonte ............................................. 35 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração, em função das classes de agressividade ambiental. ......................................................................... 20 Tabela 2 - Armadura necessária antes e depois da otimização dos pilares. ............. 30 Tabela 3 - Esforços atuantes nos pilares (antes e depois). ....................................... 33 Tabela 4 - Diferença percentual entre as duas situações após a retirada do pilar P30. .................................................................................................................................. 34 LISTA DE SIGLAS/ABREVIATURAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR - Norma Brasileira Regulamentadora CAA - Classe de Agressividade Ambiental ELS-W - Estado-limite de Abertura das Fissuras LISTA DE SÍMBOLOS λ – Índice de esbeltez λ1 - Índice de esbeltez limite le – Comprimento de flambagem i – Raio de giração w – Espessura da fissura ∆M – Variação de momentos fletores SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12 2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 13 2.1. Objetivo geral .................................................................................................. 13 2.2. Objetivos específicos ...................................................................................... 13 3. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 14 3.1 Pilares de concreto armado ............................................................................. 14 3.1.1. Classificação dos pilares .......................................................................... 15 3.1.2. Pilares intermediários, de borda e de canto ............................................. 15 3.1.3 Classificação quanto à esbeltez ................................................................ 16 3.2. Danos as Estruturas ....................................................................................... 17 3.2.1. Instabilidade nas estruturas ..................................................................... 17 3.2.2. Caracterização do colapso progressivo ................................................... 17 3.2.3. Causas do colapso progressivo ............................................................... 18 3.2.4. Fissurações no concreto .......................................................................... 19 3.3. Como analisar os pilares ............................................................................. 21 3.3.1 Autodesk Robot Structural Analysis Professional ......................................... 21 4. METODOLOGIA .................................................................................................... 24 4.1. Coleta de informações .................................................................................... 24 4.2. Análise das Informações ................................................................................. 24 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 25 5.1. Otimização na locação de pilares ................................................................... 25 5.2. Comportamento estrutural dos pilares ............................................................ 32 5.3. Danos estruturais em pilares. ......................................................................... 35 6. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 36 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 37 APÊNCICE A - Modelo do Edifício realizado no programa Robot Structural Analysis Professional. .............................................................................................................. 39 APÊNCICE B - Deformações na estrutura, obtidas através do programa Ftool. ....... 40 12 ___________________________________________________________________________ 1. INTRODUÇÃO Os pilares desempenham importante função as estruturas de concreto armado, exigindo que seu estudo seja realizado de forma rigorosa, para que possa vir a garantir a integridade da construção. Segundo a NBR 6118 (2014, item 14.4.1.2) “Pilares são elementos estruturais lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que as forças normais de compressão são preponderantes”, a sua função principal é a de transmitir as fundações os esforços atuantes nos diversos níveis. Nas estruturas usuais, compostas por lajes, vigas e pilares, o caminho das cargas começa nas lajes, que delas vão para as vigas e, em seguida, para os pilares, que as conduzem até a fundação. A análise dos efeitos a que os pilares estão submetidos é de grande importância, já que eles têm esse especial dever de transmitir as cargas oriundas dos pavimentos e levá-las as fundações. Os pilares podem se apresentar de diversas formas e tamanhos, de acordo com a resistência que se pretende atribuir, devido aos esforços a ele aplicado, ou a questões estéticas. Isso repercute na escolha de suas propriedades em relação ao que ele irá ser submetido. Portanto é de extrema importância a análise cuidadosa do comportamento estrutural como um todo, em especial os efeitos a que estão submetidos os pilares, desde sua concepção até seu lançamento em planta com a locação dos pilares. Esse trabalho vem a estudar esses princípios, para que se possa contribuir na melhora da otimização da estrutura e de sua segurança, colaborando para que se projete e dimensione estruturas de concreto armado da melhor forma. 13 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo geral Analisar a concepção estrutural dos pilares, sua variabilidade de formas de aplicação e consequentes implicações em projetos estruturais de engenharia. 2.2. Objetivos específicos Analisar a aplicação dos pilares nas estruturas. Observar o comportamento estrutural dos pilares. Discutir a importância da análise dos pilares para projetos estruturais na construção civil. 14 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Pilares de concreto armado De acordo com ABNT NBR 6118:2014, pilar é um elemento estrutural linear, normalmente de eixo reto na vertical, sobre o qual atuam, preponderantemente, as forças normais de compressão. Em relação a parte estrutural, os pilares têm a finalidade de transmitir às fundações as ações atuantes nas estruturas, provenientes das vigas, ou mesmo diretamente das lajes. Compreende-se por solicitações normais, os esforços que geram tensões normais nas seções transversais das peças estruturais. Portanto, as solicitações normais envolvem, tanto os momentos fletores quanto as forças normais. Segundo Rocha (2015), quando temos apenas a força normal solicitando o pilar, temos então compressão centrada ou simples. Se nessa seção, estiver atuando no mesmo momento, força normal e momento fletor, ocorrerá a flexão composta, que poderá ser normal ou reta, quando existir momento apenas em uma das direções principais da seção, ou oblíqua, se o momento estiver nas duas direções principais da seção. Ocasionalmente,o concreto absorve a maior parte da força, as armaduras servindo então para auxiliar na resistência e atender a inevitáveis excentricidades do carregamento. As barras longitudinais são posicionadas nos cantos e nas faces da seção, onde iram proporcionar uma maior eficiência na absorção das tensões provocadas por excentricidades advindas das forças. Os elementos comprimidos, quando muito alongados (esbeltos), ficam ainda, sujeitos aos efeitos de segunda ordem, que pode ser encarado como sendo uma instabilidade decorrente de deslocamento lateral do eixo do elemento. Ainda segundo o autor, a armadura longitudinal dos pilares tem sempre uma função resistente e a transversal, se estiver devidamente espaçada, terá somente a função de evitar a flambagem das barras longitudinais conservando também as distâncias previstas no projeto durante a execução, para amarração das barras longitudinais. Porem, quando a armadura transversal se encontra pouco espaçada, possuirá uma função resistente, devido impedir a deformação transversal do concreto, aprisionando-o no centro do pilar. 15 3.1.1. Classificação dos pilares Para facilitar o estudo e permitir que seja feita uma abordagem mais simplificada e prática, segundo Carvalho e Pinheiro (2013) podemos classificar os pilares da seguinte forma: Quanto à posição em planta: pilar intermediário, pilar de extremidade e pilar de canto; Quanto à esbeltez: curtos, mediamente esbeltos, esbeltos e muito esbeltos. 3.1.2. Pilares intermediários, de borda e de canto Ainda como sugere o mesmo autor, a localização do pilar determina como deverão ser consideradas as excentricidades do carregamento vertical com relação ao centro da seção e o tipo de solicitação que está submetido (compressão simples, flexão composta normal ou oblíqua). A classificação quanto às solicitações iniciais pode ser melhor entendido através da Figura 1. Os pilares centrais ou intermediários são aqueles submetidos, em princípio, só a cargas concentradas verticais, a compressão simples, ou seja, que não apresentam excentricidades iniciais e, localizam-se no interior do edifício. Nos pilares de borda ou de extremidades, as vigas que neles são apoiadas e que estão perpendiculares a esta borda são interrompidas no pilar, ocasionando momento fletor nesta direção, sendo solicitado por flexão composta normal, ou seja, há excentricidade inicial em uma única direção. Os pilares de canto devido estarem literalmente nos cantos do edifício, as vigas que chegam neles, nas duas direções, são interrompidas no pilar. Há momentos fletores transmitidos pelas vigas nas duas direções, gerando flexão composta oblíqua. 16 Figura 1 - Classificação quanto às solicitações iniciais Fonte: Adaptado de Bastos (2017) 3.1.3 Classificação quanto à esbeltez “O índice de esbeltez é a razão entre o comprimento de flambagem e o raio de giração, nas direções a serem consideradas” (BASTOS, 2017, p.14): com o raio de giração sendo: onde: le = comprimento de flambagem; i = raio de giração da seção geométrica da peça (seção transversal de concreto, não se considerando a presença de armadura); I = momento de inércia; A = área da seção. De acordo com Carvalho e Pinheiro (2013) o índice de esbeltez (λ), dos pilares podem ser classificados em: • pilares curtos → λ ≤ λ1, onde pode ser dispensada a análise dos efeitos de 17 segunda ordem, sendo que λ1 é o índice de esbeltez limite e não pode ser maior que 90; • pilares de mediamente esbeltos → λ1 < λ ≤ 90 • pilares esbeltos → 90 < λ ≤ 140, é obrigatório se considerar a fluência; • pilares muito esbeltos → 140 < λ ≤ 200, é obrigatório se considerar a fluência. “Os pilares devem ter índice de esbeltez menor ou igual a 200 (λ ≤ 200). Apenas no caso de elementos pouco comprimidos com força normal menor que 0,10 fcdAc, o índice de esbeltez pode ser maior que 200” (NBR 6118/2014, p.107). 3.2. Danos as Estruturas 3.2.1. Instabilidade nas estruturas A instabilidade é um problema que requer muita atenção, tendo grande importância quando se faz o estudo de pilares. Existem vários tipos, um deles é o caso da flambagem, que ocorre exclusivamente na compressão axial. De acordo com Borges (1999), no caso de pilares de concreto armado, a instabilidade é um estado limite último que atinge as peças submetidas a flexo- compressão, decorrente de um carregamento que acaba com sua capacidade portante antes mesmo que a estrutura venha a romper, de forma convencional ao concreto ou pela excessiva deformação plástica da armadura. Deste modo, ao se estudar casos em que peças estruturais estão susceptíveis ao fenômeno da instabilidade, como os pilares esbeltos, deve-se atentar para que a peça não atinja os estados limites últimos de ruptura convencional do concreto, deformação plástica excessiva da armadura e a instabilidade. 3.2.2. Caracterização do colapso progressivo O colapso progressivo pode ser descrito como sendo uma ruína da estrutura, em sua totalidade ou de uma grande parte dela, devido aos danos gerados, ocorrida por falha humana ou algum evento improvável (NAIR, 2007), demonstrado na Figura 2. 18 Figura 2 - Exemplo de colapso progressivo. Fonte: El Debs (2000) apud Bittarello (2013) De acordo com Anjos (2016), O colapso progressivo, ou colapso desproporcional, é ocasionado quando um dano inicial se propaga para o restante da estrutura resultando naturalmente em falhas nos outros elementos estruturais, que ocasionam solicitações, em que não foram projetados para resistir. 3.2.3. Causas do colapso progressivo De acordo com El Debs (2000) apud Bittarello (2013), pode-se associar a ocorrência do colapso progressivo a diferentes eventos que geralmente não são considerados no projeto das estruturas. Dentre os quais, podem estar contidos: -Ações devidas a práticas falhas, como por exemplo erros de projeto ou de execução, alterações não autorizadas, falhas de manutenção, etc.; -Ações excepcionais, como mudanças violentas de pressão de ar resultantes de explosões devido a falha na unidade ou no sistema de gás ou explosões causadas por atos de sabotagem ou bombardeios, incêndios. Choques acidentais de automóveis, recalques não esperados além de possíveis ações ambientais desastrosas que possam vir a acontecer como inundações, tornados, terremotos, entre outros. 19 Pereira (2015) explica que se houver ações variáveis mais severas, poderão levar a esforços não previstos nos projetos. Causando uma sobrecarga inadequada, que mesmo efetuando a majoração dos esforços e a minoração da resistência, pode-se ainda ocorrer a falha de elementos estruturais. Para que se construa edificações que resistam a tais impactos, há um gasto muito mais oneroso e devido a isso não são cogitadas em prédios usuais. 3.2.4. Fissurações no concreto O fato de uma estrutura apresentar fissuras gera certo desconforto, principalmente nas pessoas que utilizam ou que vivenciam grande parte de suas vidas nelas, como é o caso de edifícios residenciais. A ABNT NBR 6118: 2014 (Projeto de estruturas de concreto- Procedimento), sita que o controle de fissuração quanto à aceitabilidade sensorial, entende-se a situação em que as fissuras passam a causar desconforto psicológico aos usuários, embora não representem perda de segurança da estrutura. A abertura da fissura pode levar à despassivação local da armadura, com agravamento das condições de carbonização e de impregnação do concreto por íons cloreto ou por outros poluentes, porem as aberturas até 0,4 mm não apresentam grande correlação com a corrosão das armaduras do concreto armado. As aberturas máximas w ≤ 0,4 mm permitidas para as fissuras na superfície das peças de concreto armado comum são baseadas nahipótese de essas fissuras penetrarem na camada de cobrimento da armadura, diminuindo sua abertura até ficarem fechadas junto às barras de aço da armadura (FUSCO, 2008, p. 61), como é demonstrado na Figura 3 a seguir. 20 Figura 3 - Fissura na camada de concreto Fonte: Fusco (2008) O valor da abertura das fissuras pode sofrer a influência de restrições às variações volumétricas da estrutura, difíceis de serem consideradas nessa avaliação de forma suficientemente precisa. Essas aberturas também podem sofrer a influência das condições de execução da estrutura. Além disso, a ABNT NBR 6118: 2014 (Projeto de estruturas de concreto- Procedimento) faz exigências quando a dimensão das fissuras em relação a agressividade do meio em que a obra se localiza (Tabela 1). Tabela 1 - Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração, em função das classes de agressividade ambiental. Tipo de concreto estrutural Classe de agressividade ambiental (CAA) Exigências relativas à fissuração Combinação de ações em serviço a utilizar Concreto simples CAA I a CAA IV Não há – Concreto armado CAA I ELS-W w ≤ 0,4 mm Combinação frequente CAA II e CAA III ELS-W w ≤ 0,3 mm CAA IV ELS-W w ≤ 0,2 mm Onde ELS-W é o estado-limite de abertura das fissuras w é a espessura da fissura Fonte: adaptado da NBR 6118/2014 - Item 13.4 (2014) 21 3.3. Como analisar os pilares Segundo A NBR 6118 (2014) a análise estrutural tem como objetivo determinar os efeitos das ações em uma estrutura, com o intuito de verificar os estados-limites últimos e de serviço. Permitindo assim estabelecer as distribuições de esforços internos, tensões, deformações e deslocamentos, em uma parte ou em toda a estrutura. Uma forma de fazer essa análise é por meio de programas onde se pode obter de forma dinâmica e detalhada sobre o comportamento de toda a estrutura. 3.3.1 Autodesk Robot Structural Analysis Professional Como descrito anteriormente uma forma de se analisar estruturas relacionadas a construção civil é por meio de programas computacionais, como é o caso do Robot Structural Analysis Professional, que foi utilizado neste trabalho. Este programa é usado por diversos escritórios para cálculos estruturais. Segundo Bareiro (2015) as principais capacidades do programa são: realizar os diferenciados tipos de análise estrutural, introduzir os efeitos de 2º ordem locais e globais, fazer ainda, a modelagem 3D e dimensionar as seções de estruturas de aço. O programa possibilita muitas ações envolvendo estruturas, porém sua interface é muito intuitiva na introdução dos dados e apresenta os resultados de forma muito clara (Figura 4). O que é de fundamental importância para o presente trabalho. É possível mudar as características e propriedades dos materiais, seção dos objetos, os tipos de apoio, além de possibilitar a aplicação de diversos tipos de carga e suas combinações. 22 Figura 4 - Interface do programa Robot Structural Analysis Fonte: Autor (2018) 3.3.2. Ftool O Ftool também é um programa destinado a análise estrutural, mas diferente do Robot, ele analisa apenas em duas dimensões. De acordo com Ftool (2018) este programa tem como principal objetivo a modelagem simples e eficiente de estruturas (Figura 5). Ele é utilizado tanto de forma didática em sala de aula como em projetos estruturais profissionais, analisando modelos estruturais e dispondo diversos resultados diferentes, como diagramas de força interna e deformações das estruturas, assim como linhas de influência que podem ser analisados em qualquer ponto na estrutura. Diferentes seções podem ser atribuídas aos elementos do modelo, bem como diversas configurações dos seus apoios, podendo ser rígidos ou elásticos e podem ser inclinados ou sofrer deslocamentos impostos. Permitindo que variadas formas de estruturas possam ser modeladas no Ftool, desde as mais 23 simples até as mais complexas. Figura 5 - Interface do programa Ftool. Fonte: Ftool (2018) 24 4. METODOLOGIA 4.1. Coleta de informações Foram realizadas pesquisas bibliográficas, por meio de livros, artigos, dissertações, normas técnicas, revistas e sites de caráter acadêmico, no período entre março e maio de 2018. Os dados foram obtidos a partir dessas pesquisas bibliográficas, além de estudos já realizados por pesquisadores em todo o mundo para que se possa ter uma base de dados consistente, com a finalidade de se obter todo o conteúdo necessário a respeito desse tema. Os resultados e dados coletados foram descritos e discutidos neste trabalho de forma a abordar as principais atribuições dos pilares em relação as estruturas de concreto, juntamente com o que eles proporcionam as estruturas, e através da complementação com tabelas e imagens para que os dados pudessem ser mais bem representados. 4.2. Análise das Informações O Software utilizado para analisar os dados por meio de planilhas e gráficos foi o Microsoft Office Excel 2010. Também se fez uso do programa Robot Structural Analysis Professional para a modelagem computacional de uma estrutura estritamente para que se fizesse a análise do seu comportamento, tratando-se de um edifício de 3 pavimentos. Este modelo foi semelhantemente criado no programa Ftool. Foi ainda utilizado o programa MSCalc para o dimensionamento de estruturas de concreto armado. Além do Microsoft Office Word, onde foi redigido todo o trabalho. O modelo do edifício elaborado para a análise se encontra melhor representado nos apêndices. 25 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Otimização na locação de pilares Numa estrutura, a análise assim como o dimensionamento, de uma forma geral, é composta por procedimentos de grande complexidade. Por tanto, o profissional, no caso o engenheiro, encarregado dessa atribuição deve se atentar para diversos fatores, e que podem ter extrema importância para o melhor aproveitamento econômico e estrutural da obra. De acordo com Rebello (2000), podemos definir o que chamamos de “lançamento de vigas e pilares” como o procedimento de locar, sobre a arquitetura, as vigas e pilares resultante da concepção estrutural que foi adotada. Não existindo regras definitivas e exatas para o “lançamento” da estrutura. Ainda assim podemos propor alguns critérios para nortear o nosso ponto de partida, materializando os componentes estruturais, facilitando o entendimento. Porém como é de se esperar nem sempre a primeira solução sugerida será a melhor, recomendando-se então que se faça outras tentativas e, a partir daí se tenha maior convicção para tomar a melhor escolha. A fase de projeto compõe uma etapa fundamental para a concepção de um produto de engenharia. Foi elabora um projeto exemplo, onde busca-se demostrar os efeitos gerados nas reações que afetam diretamente no dimensionamento dos pilares. Na Figura 6 podemos ver o posicionamento dos pilares através da sua locação em planta, e em destaque os pilares analisados. 26 Figura 6 - Lançamento do pavimento Tipo, do projeto exemplo (em destaque os pilares analisados). Fonte: Autor (2018) Segundo Kirsten (2017), a modificação do posicionamento do pilar é uma opção viável quando se tem liberdade arquitetônica, que permita modificar a posição de um determinado pilar. Um dos princípios básicos da análise estrutural é de que o somatório de momentos em relação a um nó da estrutura deve ser sempre igual à zero para que a mesma se encontre em equilíbrio. Dessa forma, quando avaliamos o diagrama de momento fletor da estrutura, de acordo com a Figura 7, podemos perceber que há descontinuidade de momento fletor deuma viga sobre os apoios, esta descontinuidade é transmitida para o elemento no qual está viga se apoia, ou seja, o pilar. 27 Figura 7 - Momentos fletores na região selecionada. Fonte: Autor (2018) Analisando por meio do software Autodesk Robot Structural Analysis Professional, vemos na Figura 8 que o pilar P30 desta estrutura possui descontinuidade de momentos sobre ele (∆M) em todos os pavimentos do projeto, esta descontinuidade de momento fletor (∆M) é transmitida ao pilar. 28 Figura 8 - Análise do pilar: Localização (A), Momentos fletores ao longo do pilar P30 (B). (A) (B) Fonte: Autor (2018) Este fato que ocorre com o pilar P30 é devido a estrutura ser assimétrica, como podemos verificar, onde há uma diferença muito grande entre os vãos. Para que otimizasse a estrutura foi alterado o lançamento dos pilares da região onde havia ocorrido a análise anteriormente, conforme a Figura 9, dessa forma pode-se ter um comparativo direto entre os dois casos. 29 Figura 9 - Análise do pilar após alteração: Localização (A), Momentos fletores ao longo do pilar P30 (B). (A) (B) Fonte: Autor (2018) Alterando o posicionamento dos pilares, de modo a tornar a estrutura mais simétrica, conforme mostrado na Figura 10, houve uma redução significativa nos momentos fletores gerados nos pilares, o que ocasiona uma menor necessidade de aço na estrutura em análise. 30 Figura 10 - Momentos fletores na região selecionada, após modificar o posicionamento dos pilares. Fonte: Autor (2018) Foi realizado o cálculo comparativo entre a quantidade de aço que seria usada antes da alteração no posicionamento dos pilares mencionados e após a otimização sugerida em seu lançamento em planta. Mantendo as dimensões, fck e cobrimento nos dois casos, para efeito de cálculo. Na Tabela 2 vê-se os valores obtidos através dos cálculos. Tabela 2 - Armadura necessária antes e depois da otimização dos pilares. Pilar Armadura Taxa de Aço Inicial Pilar Armadura Taxa de Aço Final P6 6φ25mm 2,9% P6 6φ12,5mm 0,7% P12 10φ25mm 4,9% P12 6φ16mm 1,2% P18 12φ16mm 2,4% P18 18φ10mm 1,4% P24 6φ10mm 0,5% P24 14φ10mm 1,1% P30 12φ16mm 2,4% P30 18φ10mm 1,4% P36 10φ25mm 4,9% P36 6φ16mm 1,2% P42 6φ25mm 2,9% P42 6φ12,5mm 0,7% Dimensionamento Inicial Dimensionamento Final Fonte: Autor (2018) 31 Podemos notar que houve uma redução expressiva na taxa de aço para os pilares P6, P12, P18, P30, P36 e P42. Apenas o pilar P24 houve um acréscimo, isso se deve ao caso dele encontrar-se anteriormente muito próximo aos seus pilares vizinhos, recebendo pouca carga da estrutura, e por já estar em uma posição simétrica entre seus vãos, gerando pouco ou nenhum momento. Porém, teve-se uma redução total da taxa de aço nos pilares analisados em torno de 63%, Figura 11. Figura 11 - Comparativo entre as taxas de aço (antes e depois). Fonte: Autor (2018) Isso se deve graças a melhor distribuição das tenções atuantes na estrutura, reduzindo as excentricidades nos pilares e tendo um aproveitamento melhor da capacidade portante do concreto. Mesmo não sendo sempre possível locar os pilares da melhor forma, seja por motivos estéticos, arquitetônicos ou por inconveniência do local que dificulte a sua construção, observa-se que é possível ter uma redução nos gastos com simples medidas, que devem ser discutidas e analisadas de forma intensa ainda na fase de projeto. 32 5.2. Comportamento estrutural dos pilares A etapa que é apresentada em sequência é referente ao que ocorreria se houve-se a ruptura brusca de um pilar, onde deixaria a estrutura em sério risco de desabamento. Para tal, foi usado o mesmo projeto dos exemplos anteriores (Figura 6), e então simulado computacionalmente o que ocorreria com a estrutura, com a retirada do pilar em destaque, pilar P30, na Figura 12. Figura 12 - Esforços na estrutura antes (A) e depois (B) da retirada do pilar (pilar retirado em destaque). (A) (B) Fonte: Autor (2018) Pode-se notar que as cargas suportadas anteriormente pelo pilar destacado foram distribuídas ao restante da estrutura, porém o com maior intensidade ao pilar P24 que é o mais próximo a ele, na Tabela 3 podemos ver mais claramente como essa distribuição de esforços se deu, assim como as deformações, que podem ser vistas no Apêndice B. 33 Tabela 3 - Esforços atuantes nos pilares (antes e depois). Topo Base Topo Base P6 67,11 4,05 2,06 P6 65,72 4,36 1,96 P12 110,2 1,11 0,54 P12 109,85 0,93 0,69 P18 64,51 1,92 0,96 P18 57,64 2,15 1,3 P24 14,37 0 0 P24 68,84 4,71 2,14 P30 64,51 1,92 0,96 P30 - - - P36 110,2 1,11 0,54 P36 128,79 1,6 1,05 P42 67,11 4,05 2,06 P42 67,17 3,46 2 ANTES DEPOIS Pilar Carga (Tf) Momento Pilar Carga (Tf) Momento Fonte: Autor (2018) As cargas atuantes nos pilares mais afastados do local da ruptura sofreram pouca variação, notando que a parte mais atingida é a sua vizinhança mais próxima (Figura 13). Figura 13 - Comparativo entre as cargas axiais atuantes nos pilares (antes e depois) Fonte: Autor (2018) Demostrado em forma percentual essa diferença podemos perceber o quanto a integridade da estrutura pode estar comprometida (Tabela 4). 34 Tabela 4 - Diferença percentual entre as duas situações após a retirada do pilar P30. Topo Base P6 -2% 8% -5% P12 0% -16% 28% P18 -11% 12% 35% P24 379% - - P30 - - - P36 17% 44% 94% P42 0% -15% -3% Pilar Carga (Tf) Momento Fonte: Autor (2018) O pilar P24 sofreu um acréscimo de 379% em sua carga axial, após a suposta ruptura do pilar P30, além de uma variação nos momentos aplicados ao pilar P36, da ordem de 94% o que também poderá trazer riscos a estrutura. Esses dados são complementados pela Figura 14. Figura 14 - Diferença percentual entre os esforços atuantes nos pilares após a ruptura. Fonte: Autor (2018) 35 5.3. Danos estruturais em pilares. Um caso real onde o fato esquematizado anteriormente pode ter ocorrido, foi visto na cidade de Belo Horizonte em 2008, onde, segundo Costa e Camargos (2011) um edifício residencial com aproximadamente 25 anos, possuindo três pavimentos, sofreu repentinamente um colapso de pilar, sem nenhum aviso (Figura 15). Figura 15 - Pilar rompido em prédio de Belo Horizonte Fonte: Costa e Camargos (2011) Ainda segundo o autor após a observação do modo de ruptura do pilar, do estado de corrosão de suas armaduras longitudinais e transversais, das cargas que foram instaladas nos pilares, além dos resultados que foram obtidos nos ensaios de ultrassonografia elaborado nos pilares, pode-se afirmar que a causa da ruptura se deu por insuficiência de capacidade resistente, que é a soma da capacidade resistente do concreto e do aço. Este ocorrido mostrar que uma ruptura em um pilar pode realmente vir a acontecer, seja por falta de manutenção, erro de dimensionamento ou por erro de execução. Mostrando-se possuir um potencial risco de colapso a estrutura. 36 6. CONCLUSÕES Ao analisar os pilares de forma a ter um melhor rendimento da estrutura proporcionando inclusive uma redução dos custos com a estrutura, analisou-se a melhor configuração parao lançamento dos pilares, ou seja, a locação deles. Foi obtido que, após a mudança na localização dos pilares de uma região analisada teve-se uma redução expressiva na necessidade de aço nos pilares, em torno de 63%. Outra forma em que foi analisada a estrutura, desta vez a respeito da segurança e comportamento da estrutura, foi simulado a ruptura brusca de um pilar, podendo ser ocasionado por impactos inesperados, falta de manutenção, ou mesmo por erros construtivos. Neste caso, após a retirada do pilar, simulando uma ruptura e em que não forneceria mais suporte ao restante da estrutura, observou-se que os esforços foram distribuídos ao restante dos pilares, de modo que os mais próximos ao pilar com avaria, tiveram uma alteração muito mais intensa, de modo a chegar ao acréscimo de carga de até 379% na carga axial atuante, comprometendo a segurança da estrutura. Com isso podemos perceber a imensa importância que se deve tomar ao se fazer os estudo estruturais corretos, no caso o estudo dos pilares, que devido sua função de transmitir as cargas provenientes da estrutura diretamente para as fundações e posteriormente o solo, qualquer detalhe por menor que seja deve-se ser averiguado para que tenha-se uma estrutura em perfeito estado de utilização, com segurança e conforto aos seus usuários. 37 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estrutura de concreto- Procedimento. Rio de Janeiro, 2014. BAREIRO, W. G. Estudo e modelagem de estruturas treliçadas utilizadas em galpões industriais considerando imperfeições iniciais e efeitos de segunda ordem. Rio de Janeiro, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro-PUC-Rio, 2015. BASTOS, P. S. S. Pilares de Concreto Armado. Notas de Aula - Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2017. BITTARELLO, G. 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Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2015. 39 APÊNCICE A - Modelo do Edifício realizado no programa Robot Structural Analysis Professional. Figura 1 – Modelo Analítico Figura 2 – Vista Realista 40 APÊNCICE B - Deformações na estrutura, obtidas através do programa Ftool. Figura 1 – Deformação da estrutura antes da retirada do pilar. Figura 2 – Deformação da estrutura após da retirada do pilar.
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