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Muros de Contenção Reforçados com Geossintéticos O exercício a seguir é um guia teórico-prático que visa ilustrar: Rotinas de cálculo, dimensionamento e Verificações de Muros de contenção reforçados com geossintéticos. Exercício 05 Para a situação ilustrada na figura abaixo, projetar o muro de contenção reforçado com geossintético. Utilizar a Teoria de Rankine para o cálculo dos Empuxos. Dados: σ adm = 150 kPa # Tensão admissível no solo de fundação (obtida pelo SPT) 1) Geometria Primeiramente definimos uma geometria para então verificar a estabilidade. Normas internacionais definem: Embutimento = 0,1H → (0,1).3 = 0,30m Base = 0,7H → (0,7).3 = 2,1m Teremos então: 2) Cálculo do Empuxo ativo, pela Teoria de Rankine 2.1) Cálculo das tensões horizontais (σh) Onde, γw = 10kn/m³, e H = Altura da coluna de água, Kw = 1. Então, calculam-se as tensões horizontais totais, através da seguinte expressão: σh Total = σℎγ + σℎ𝑐 + σℎ𝑞 + σℎ𝑤 Com os valores obtidos, montamos a tabela e o gráfico: Ponto Ka σv' σhγ σhq σhc σhw σh Total A 0,361 0,00 0,00 7,22 -7,21 0,00 0,01 B 0,361 59,40 21,45 7,22 -7,21 0,00 21,46 *kPa 2.2) Cálculo do Empuxo ativo (Ea) e Ponto de aplicação (y) Primeiramente dividimos o gráfico em figuras geometricamente fáceis de calcular. A soma das áreas das figuras representa o valor do Empuxo ativo Total (Ea). Em seguida, calculamos as distâncias dos baricentros das figuras em relação à Base (Ponto B). Conforme figura abaixo: Ea = A1 = 35,41 kN y’ = h/3 = 1,10m 3) Cálculo do Peso do Muro (Wm) e do Ponto de aplicação (dm) Uma vez que o Empuxo ativo é a Ação Prejudicial ao nosso Muro, Para verificar a Estabilidade Externa, o Peso do muro é a ação favorável, calculado através da seguinte expressão: O Ponto de aplicação, para um muro em solo reforçado, sendo ele simétrico é dado por: 4) Verificações quanto à Estabilidade Externa Definidas as forças do Sistema, teremos a configuração apresentada na figura abaixo, que necessita ser verificada quanto ao Tombamento, Deslizamento e Tensões excessivas na Base. As verificações são feitas comparando-se os FS’s obtidos com aqueles preconizados pela NBR 11682, conforme figura abaixo: 4.1) Estabilidade ao Tombamento O fator de segurança ao tombamento (FST), definido na NBR 11682, deverá ser Maior ou igual a 2, e é calculado através do somatório dos Momentos no Fulcro do Muro (ponto C), pela seguinte expressão: Ao realizar a verificação ao Tombamento, o fator de segurança ficou superior ao mínimo, ou seja, a estrutura está estável. 4.2) Estabilidade ao Deslizamento O fator de segurança ao deslizamento (FSD), definido na NBR 11682, deverá ser Maior ou igual a 1,5. Primeiramente devemos calcular o ângulo de atrito entre a Base do Muro e o Solo de fundação (φf). Como citado na Apostila do professor Adriano V.D. Bica., da UFRGS: Então, o ângulo de atrito entre a Base e o solo de fundação é função do ângulo de atrito interno do solo de fundação. Como o nosso muro é de fato constituído de solo adota-se em geral φf = φ’. Teremos então φf = φ’ = 28º O Fator de segurança ao deslizamento (FSD) é então calculado pela seguinte expressão: Ao realizar a verificação ao deslizamento, o fator de segurança ficou superior ao mínimo, ou seja, a estrutura está estável. 4.3) Tensões excessivas na Base Pode-se calcular a excentricidade gerada por esse sistema de equilíbrio (e), e a partir desta, a distribuição de tensões, deslocando Rv de uma distância d1. Através das seguintes Equações: Para que as equações das tensões sejam válidas, Rv deverá estar localizada no terço médio da fundação, isto é, deve ser atendida a condição e < Base/6. Em seguida, calculam-se as tensões na Base, considerando à excentricidade, através das seguintes expressões: Teremos então a seguinte distribuição de tensões: De posse dessas informações, as verificações finais devem ser feitas: 5) Considerações sobre os Geossintéticos Para o dimensionamento de muros em solo reforçado por geossintéticos, pode- se trabalhar de duas formas: A) Fixar a carga máxima no geossintético (Td) e então variar o espaçamento (Sv); B) Fixar o espaçamento (Sv) e então variar a carga máxima do geossintético (Td). A prática demonstra que, executivamente, é mais vantajoso fixar o espaçamento (Sv) e, se necessário, adotar geossitéticos mais resistentes nas zonas mais críticas. 5.1) Definições Geométricas (Sv) A bibliografia aponta que um espaçamento vertical (Sv) que garante que não chegará tração na face do muro (que é um elemento apenas de revestimento, sem resistência estrutural) é Sv ≤ 50cm. A tensão Máxima ficou menor que a tensão admissível, não haverá ruptura! A tensão Máxima não ultrapassou o coeficiente de segurança (1,3) para fundações, é segura! A média das tensões não ultrapassou a tensão admissível, não haverá ruptura! A tensão mínima ficou maior que zero, não haverá tração! Maiores espaçamentos verticais, a tração chega até a face, menores espaçamentos verticais a tração é dissipada ao longo do geossintético antes de chegar até a face. Alguns estudos ainda apontam que 20cm ≤ Sv ≤ 40cm é mais eficiente. Adotaremos Sv = 40cm Teremos então: 5.2) Especificação técnica do Geossintético Dadas as magnitudes das cargas, seleciona-se no mercado um geossintético apropriado através da carga máxima no geossintético (Td). Para nosso exercício, optaremos pela utilização de geogrelhas. Abaixo é apresentada uma tabela de um fabricante de geogrelhas: Selecionaremos um geossintético intermediário Sgi40 com resistência nominal de Tn = 40kN/m. Com o valor de Tn (resistência nominal), calculamos Td (resistência de projeto), que basicamente é a resistência máxima do geossintético considerando fatores de segurança e uma vida útil prolongada (120 anos). Teremos como fatores de segurança então: FR DI (danos de instalação): danos sofridos durante a obra. FR FL (Fluência): Deformação do material ao longo do tempo (vida útil) FR DQ (danos químicos ou biológicos): Chorume, solo alcalino, condições especiais. FR I (incertezas): Fator de segurança adicional a critério do Projetista, para considerar as incertezas do processo. Resistência de projeto é obtida então através da seguinte equação: Td = Tn / (FRDI x FRFL x FRDQ x FRI) Para nosso projeto: FR DI (danos de instalação): 1,07 (determinado pelo fabricante). FR FL (Fluência): 1,51 (determinado pelo fabricante). FR DQ (danos químicos ou biológicos): Não ocorrência. FR I (incertezas): 1,05 (adotado, critério do projetista). FR TOTAL = 1,07 x 1,51 x 1,05 = 1,7 Então, Td = Tn/ 1,7 = 40kN/m / 1,7 = 23,53kN/m 6) Verificações quanto à Estabilidade Interna 6.1) Verificações quanto à Ruptura do Reforço. Td = 23,53kN/m Sv = 0,4 m Na camada 2: A) Cálculo de Z Z = H total – h camada inferior = 3,3 – 0,5 = 2,8m B) Tensão vertical em Z σvz = γ . Z = 18 x 2,8 = 50,4kPa C) Tensão Horizontal em Z σhz = (Ka. σv) + (Ka.q) + (-2 C √Ka ) σhz = (0,361. 50,4) + (0,361.20) + (-2.6 √0,361 ) σhz = 18,19 + 7,22 -7,21 = 18,20 kPa D) Força Horizontal em Z Fh = σhz . Sv = 18,2 . 0,4 = 7,28 kPa E) Fator de Segurança a ruptura (FSR) FSR deverá ser maior que 1, ou a critério do projetista, se adotar uma linha mais conservadora, pode-se sugerir FS’s maiores (1,5 ou 2). Não há normas para esses valores. FSR = Td/Fh = 23,53/7,28 = 3,23 > 1 , então Ok! Verifica-se que o Fator de segurança à ruptura do geossintético ficou bem acima do limite (para FSR=1),dessa forma, o geossintético irá suportar aos esforços. Alternativamente, pode-se selecionar um geossintético menos robusto (e mais econômico). Obs.: Verifica-se sempre a camada mais profunda (a partir da base), no nosso caso, a camada 2, sendo ela mais solicitada quando à esforços de ruptura. Se FSR na camada 2 estiver aceitável, estará também nas demais. 6.2) Verificações quanto ao arrancamento do Reforço. Td = 23,53kN/m Sv = 0,4 m Deve-se verificar o comprimento ancorado dos reforços (La), a fim de verificar se são suficientes para suportar aos esforços. O comprimento ancorado é aquele que se situa fora da zona ativa de Rankine, conforme ilustrado abaixo. Na camada 2: A) Cálculo de θ θ = 45- φ/2 = 45 – 28/2 = 31º B) Cálculo do comprimento Livre LL = (H-Z). tg θ LL = (3,3 – 2,8) . tg(31) = 0,3m C) Cálculo do comprimento Ancorado LA = BASE – LL = 2,10 – 0,3 = 1,8m D) Força Horizontal em Z Fh = 7,28 kPa (calculado anteriormente) E) Cálculo do Fator de segurança ao arrancamento 𝐹𝑆𝐴 = 2. 𝐿𝑎. 𝛾𝑧. 𝑡𝑔(𝛿) 𝐹ℎ Onde, La = Comprimento ancorado γz = Peso específico x Profundidade Z δ = ângulo de atrito entre reforço e o solo, a bibliográfica recomenda algo em torno de 60% ou 100% do φ do solo. Adotaremos δ= φ Multiplica-se por 2, pois são duas camadas produzindo o atrito. 𝐹𝑆𝐴 = 2. (1,8)(18). (2,8). 𝑡𝑔(28) 7,28 FSA = 13,25 ≥ 1,5 , então Ok! Verifica-se que o Fator de segurança ao arrancamento do geossintético ficou bem acima do limite (para FSA=1,5), dessa forma, o geossintético irá suportar aos esforços. Na camada 8: A) Cálculo de θ θ = 45- φ/2 = 45 – 28/2 = 31º B) Cálculo do comprimento Livre LL = (H-Z). tg θ LL = (3,3 – 0,4) . tg(31) = 1,74m C) Cálculo do comprimento Ancorado LA = BASE – LL = 2,10 – 1,74 = 0,36m D) Tensão vertical em Z σvz = γ . Z = 18 x 0,4 = 7,2kPa E) Tensão Horizontal em Z σhz = (Ka. σv) + (Ka.q) + (-2 C √Ka ) σhz = (0,361. 7,2) + (0,361.20) + (-2.6 √0,361 ) σhz = 2,6 + 7,22 -7,21 = 2,61 kPa F) Força Horizontal em Z (Para última camada) Fh u = 0,5 . (Zu + Sv/2) σhz = 0,5 . (0,4 + 0,4/2) . 2,61 = 0,783 kPa Fh u= 0,783 kPa z = 0,5 m 1z + S/2 1 S T1 ' hz Zu = 0,4 Zu Fh G) Cálculo do Fator de segurança ao arrancamento 𝐹𝑆𝐴 = 2. 𝐿𝑎. 𝛾𝑧. 𝑡𝑔(𝛿) 𝐹ℎ Onde, La = Comprimento ancorado γz = Peso específico x Profundidade Z δ = ângulo de atrito entre reforço e o solo, a bibliográfica recomenda algo em torno de 60% ou 100% do φ do solo. Adotaremos δ= φ Multiplica-se por 2, pois são duas camadas produzindo o atrito. 𝐹𝑆𝐴 = 2. (0,36)(18). (0,4). 𝑡𝑔(28) 0,783 FSA = 3,52 ≥ 1,5 , então Ok! Verifica-se que o Fator de segurança ao arrancamento do geossintético para a última camada também ficou acima do limite (para FSA=1,5), dessa forma, o geossintético irá suportar aos esforços. Conferidas a última camada e a camada mais solicitada, considera-se que a estrutura está estável.
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