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PATOLOGIA NAS FUNDAÇÕES 1 Levantamento das anomalias Com o objetivo de apontar um tratamento sistemático e eficiente para as patologias presente em uma determinada edificação, torna-se necessário, primeiramente, fazer um levantamento/estudo ou mapeamento das anomalias existentes. Estas averiguações consistem basicamente no mapeamento e registro de fendas, fissuras, trincas e rachaduras, seus estados de evolução/estabilização bem como o histórico de anomalias da edificação. De modo geral, em muitos casos de análise de patologias de uma edificação, a primeira hipótese a ser considerada como fonte da ação deletéria é o conjunto solo fundações. 2 Classificação das Patologias As patologias nas fundações podem ter manifestações se não desastrosas, minimamente impactantes, na construção. Dentre as manifestações mais comuns figuram-se os movimentos da edificação, os quais podem ser divididos em movimentos de bordo, movimentos internos, movimentos generalizados, rotações ou desaprumos. 2.1 Movimentos de Bordo De modo geral, movimentos de bordo são caracterizados por movimentos que ocorrem no entorno do edifício. Nesse tipo de anomalia, as fissuras apresentam uma angulação a 45°. Este comportamento das fissuras, ocorrem de forma semelhante tanto em edificações de um pavimento ou múltiplos pavimentos. Em edificações antigas, este tipo de ação é bastante presente, uma vez que tais construções não utilizavam vigas Baldrame, fazendo com que todo o esforço estrutural da edificação fosse transferido diretamente ao solo, causando o movimento descontínuo do conjunto solo/fundação. Além disso, a parte superior das paredes não contavam com cintas de amarração. 2.2 Movimentos Internos Os movimentos internos ocorrem dentro da edificação e desencadeiam um tipo de movimentação particular na estrutura em forma de pirâmide. Quando esse tipo de ação ocorre em uma região de pilar, todas as paredes concorrentes ao mesmo apresentam fissuras oblíquas ascendente, caracterizando o afundamento desse elemento estrutural. Como causas dessa patologia, pode-se mencionar: Alteração do comportamento do solo devido a presença de gás, lixiviação causada pelo lençol freático abaixo da fundação e uso inadequado da edificação como, por exemplo, aumento na carga acidental, resultando no afundamento do pilar. 2.3 Movimentos Generalizados Os movimentos generalizados podem ser classificados como côncavos, onde há afundamento da parte central do edifício e as bordas permanecem estáveis, e convexos, onde há afundamento nos cantos da edificação enquanto a região central permanece intacta. Nesse sentido, o comportamento de fissuração no movimento convexo ocorre de dentro para fora, ou do centro para a borda. Por outro lado, a movimentação côncava é caracterizada pela fissuração de fora para dentro, ou das pontas para a região central. 2.4 Rotações ou Desaprumos Rotações e desaprumos ocorrem em pontos concentrados, como pilares ou cantos da edificação. Essas ações provocam o movimento da construção de forma global, chegando a inclinar-se notavelmente, como se estivesse sobre um tabuleiro que se movesse. A Torre de Pisa é um dos exemplos mais clássicos deste tipo de movimento. 3 Causas de Patologias nas Fundações 3.1. Ausência de investigação do solo A ausência de investigação é um problema típico de obras de pequeno porte e por vezes também é observado em obras de médio porte; a principal causa da ausência de investigação, geralmente, são motivos económicos. Muitas vezes são planejadas obras sem qualquer caracterização dos solos, apenas tendo como base estudos realizados para construção de outras obras do mesmo género próximas do local de onde vai ser executado. A ausência de investigação é uma prática inaceitável e que aumenta os riscos de surgimento de problemas estruturais. O solo não é um material homogéneo, nem fabricado pelo homem sob um controlo de qualidade, ao contrário dos demais elementos estruturais. Trata-se de um material heterogéneo e de natureza errática. A única forma de ter em consideração os efeitos que as nossas estruturas têm sobre os solos é mediante o conhecimento das características do solo, estas são difíceis de determinar devido a composição variável do solo. Tem-se várias causas de tais patologias relacionadas com o tipo de fundação. 3.1.1. Fundações Superficiais - Tensões no solo excessivas, incompatíveis com as características reais do solo, resultando em assentamentos inadmissíveis ou ruptura; - Fundações em solos/aterros heterogéneos, provocando assentamentos diferenciais; - Fundações apoiadas numa camada dura que está sobreposta sobre solos moles, sem análise de assentamentos, ocasionando ruptura ou grandes deslocamentos das fundações. 3.1.1. Fundações Profundas - Estacas inadequadas ao tipo de subsolo, geometria inadequada, comprimentos ou diâmetros inferiores aos necessários; - Estacas apoiadas em camadas resistentes sobre solos moles, com assentamentos inaceitáveis; Ocorrência de atrito negativo não previsto, reduzindo a carga admissível adotada para a estaca. 3.2. Alteração de funções da estrutura Quando são feitas alterações no uso de uma estrutura as solicitações também são alteradas. Esta alteração pode representar um incremento significativo nas cargas que são suportadas pelas fundações e causar problemas que podem levar ao surgimento de patologias. Este tipo de situação é típico de prédios comerciais e industriais onde surgem alterações das funções que tinham sido projetadas inicialmente ou pelo incremento de novas instalações para desenvolvimento de outras atividades que provocam um aumento das cargas nas fundações. A colocação de equipamentos e materiais pesados sobre uma estrutura também provoca o aumento das cargas sobre as fundações, todas estas situações põe em causa o bom funcionamento das fundações e, consequentemente, a estabilidade da estrutura. Por isso é extremamente importante antes de fazer qualquer tipo de alteração na estrutura verificar as condições para as quais as fundações foram efetivamente projetadas, desta forma é possível saber se a estrutura funcionara de forma segura quando forem efetuadas alterações. 4 Reparação das Anomalias Existem indícios de que as obras de construção passem por procedimentos de recuperação desde antes do nascimento de Cristo. Desta forma, percebe-se a importância da manutenção das construções como uma forma de preservação de elementos históricos da humanidade. Juntamente a tal constatação, tem-se a estatística de que uma porcentagem variante entre 60% e 80% das patologias verificadas nas edificações históricas estão relacionados à região de encontro das fundações com o solo. O dito fato é observável devido à não utilização de vigas baldrames e cintas de amarração superior em obras antigas, à presença de paredes espessas e pesadas feitas em rocha, ao desconhecimento das propriedades do solo, em função da ausência de métodos de análise e de ensaios nas épocas de que datam as construções, ao emprego exclusivo de fundações rasas, às alterações causadas no solo, como o deslocamento do lençol freático, quando da construção de novas edificações ao redor do prédio histórico. As etapas de análise dos problemas nas fundações consistem em: - Justificação geotécnica; - Análise estrutural; - Reconhecimento e prospecções (normalmente feito com escavações, sem que se descalcem as fundações, ou com sondas cuja ponta é feita de zircônia e carrega uma pequena câmera para a inspeção). - Deve ser destacado que áreas insuficientes para a distribuição dos carregamentos podem ocasionar problemas nas fundações, devido às altas pressões envolvidas. As reparações, por sua vez, podem ocorrer nos seguintes níveis: - Superficiais: as melhorias são conseguidas com a criação de elementos de fundação com maior área de contato: - Alargamento das sapatas: nas sapatasde divisa, alarga-se o elemento por um dos lados, acrescentando-lhe armaduras horizontais; o alargamento com troncos de pirâmide nas sapatas convencionais é benéfico ao configurar a condição da pedra angular; nos casos em que não é possível escavar, usam-se injeções de concreto e macacos hidráulicos; em todos estes casos, o bulbo de tensões é aumentado; - Criação de lajes: colocam-se mais de um pilar chegando à mesma sapata, ou laje, de modo a se aumentar o bulbo de tensões; - Aprofundamento do plano de apoio: escava-se por baixo da fundação até que se chegue a uma camada suficientemente resistente de solo, preenchendo-se o vão restante com concreto; - Reforço ou criação de sapatas: criam-se novas sapatas em posições e quantidades estratégicas e bastantes para se resolver o problema encontrado. Atuação no terreno: - Injeção no solo de produtos que lhe conferem maior resistência; - Armação do terreno: introduzem-se no solo estacas em direção à fundação que precisa de reforços com o intuito de se elevar a coesão do solo; - Drenagem e impermeabilização: fazem-se poços de cascalho (valas preenchidas com cascalho ou tubos de PVC com orifícios e preenchidos o com brita são usados para que a água do lençol freático lhes penetre e seque), tubos de drenagem conectados a bombas que são ativadas quando em contato com água, expulsando o líquido através dos tubos, ou eletro- osmose (em que se emprega a diferença de potencial entre ânodos e um poço catódico, gerando o movimento da água por tubos porosos ou capilares, de modo a retirá-la da região onde não é desejada). Alguns casos especiais: - Trilhos podem ser usados para se moverem edifícios tombados pelo poder púbico; - Colchões de ar podem ser empregados para se reaprumar edifícios; - Construções em locais antigos podem ser feitas em cima de túneis desconhecidos, e em qualquer lugar se corre o risco de se encontrarem edificações erguidas sobre aberturas de cavernas; - Nas edificações instaladas em topos de encostas, deve-se atentar à sinais de perigo, tais como trincas no topo da encosta, no piso e nas paredes do prédio, árvores inclinadas e muros de arrimo que apresentarem curvaturas.
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