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Jurisprudência em Teses, Ed.150. (Versão Integrada) GRATUIDADE DA JUSTIÇA - III Material de divulgação gratuita. Cadastre-se no blog para receber no seu e-mail. www.legislacaointegrada.com.br JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ EDIÇÃO N. 150: GRATUIDADE DA JUSTIÇA - III Tese 1: É inadequada a utilização de critérios exclusivamente objetivos para a concessão de benefício da gratuidade da justiça, devendo ser efetuada avaliação concreta da possibilidade econômica de a parte postulante arcar com os ônus processuais. Tese 2: A faixa de isenção do Imposto de Renda não pode ser tomada como único critério para a concessão ou denegação da justiça gratuita. Código de Processo Civil. Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. A análise da possibilidade econômica deve ser analisa em concreto, sendo vedada a utilização de métodos puramente objetivos. A desconstituição da presunção legal de hipossuficiência para fins de avaliar o deferimento do benefício da gratuidade de justiça exige perquirir, in concreto, a atual situação financeira do requerente. Assim, é inviável utilizar critérios exclusivamente objetivos, tais como, o recebimento de renda inferior a 6 salários mínimos, como foi o caso dos autos. EDcl no AgRg no AREsp 668.605/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 04/05/2020, DJe 07/05/2020. A renda compatível com a faixa de isenção de imposto de renda não pode ser tomada como o único critério para o deferimento da gratuidade judiciária. O juiz a quo, ao estabelecer que apenas fazem jus aos benefícios da justiça gratuita aqueles que possuem renda ao limite de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física, dissentiu da jurisprudência do STJ, que afasta a utilização de critérios exclusivamente objetivos para a concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, devendo ser efetuada avaliação concreta da possibilidade econômica de a parte postulante arcar com os ônus processuais. REsp 1846232/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/12/2019, DJe 19/12/2019. Tese 3: A mera declaração de estado de pobreza para fins de obtenção de benefícios da justiça gratuita não é considerada conduta típica, diante da presunção relativa de tal documento, que comporta prova em contrário. Tese 4: É típica a conduta praticada por advogado que falsifica assinatura do cliente em documento de declaração de pobreza para fins de obtenção dos benefícios da gratuidade da justiça. Código Penal - Falsidade ideológica. Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena: reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o documento é particular. Código Penal - Uso de documento falso. Art. 304. Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena: a cominada à falsificação ou à alteração. A declaração de hipossuficiência tem presunção relativa de veracidade, e, portanto, admite prova em 3 contrário. O entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a mera declaração de estado de pobreza para fins de obtenção dos benefícios da justiça gratuita não é considerada conduta típica, diante da presunção relativa de tal documento, que comporta prova em contrário. Impossibilidade de estender a responsabilidade ao advogado. Reconhecer responsabilidade penal de maneira extensiva ao advogado, por ato praticado por seu cliente, é afastar as garantias constitucionais e legais conferidas ao advogado para o exercício da sua atividade jurídica na condição de procurador/mandatário e atribuir-lhe responsabilidade objetiva por atos de terceiros. RHC 24.606/RS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 26/05/2015, DJe 02/06/2015) A falsificação da assinatura da declaração de pobreza pelo advogado é fato típico. O caso concreto não trata de conduta de cliente que afirma falsamente situação de pobreza, situação em que a jurisprudência desta Corte Superior já se pronunciou inúmeras vezes pela atipicidade da conduta em razão da presunção relativa da veracidade da declaração de hipossuficiência. A denúncia imputa ao ora recorrente a conduta de falsificar a assinatura de uma declaração de pobreza. Em outras palavras, conforme acusação, a declaração de pobreza não teria sido assinada pelo beneficiário. Destarte, o fato narrado não se mostra flagrantemente atípico, circunstância que impede a concessão da ordem pretendida. AgRg no HC 404.232/RJ, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2018, DJe 25/05/2018. Tese 5: O benefício da assistência judiciária gratuita, uma vez concedido, prevalece em todas as instâncias e para todos os atos do processo. Tese 6: A assistência judiciária gratuita limita-se aos atos de um mesmo processo, não alcançando outras ações próprias e autônomas porventura ajuizadas. Tese 7: O benefício da gratuidade da justiça concedido no processo de conhecimento persistirá nos processos de liquidação e de execução, inclusive nos embargos à execução, salvo se revogado expressamente. Código de Processo Civil. Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. A gratuidade, uma vez concedida, alcança, inclusive, as ações incidentais ao processo de conhecimento, os recursos, as rescisórias. A Corte Especial firmou entendimento segundo o qual “a concessão da assistência judiciária gratuita, por compor a integralidade da tutela jurídica pleiteada, comporta eficácia para todos os atos processuais, em todas as instâncias, alcançando, inclusive, as ações incidentais ao processo de conhecimento, os recursos, as rescisórias, assim como o subsequente processo de execução e eventuais embargos à execução, independentemente de novo pedido”. AgInt no REsp 1785426/PB, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2020, DJe 20/02/2020. A gratuidade concedida em um processo não se estende, entretanto, a outras ações próprias e autônomas porventura ajuizadas. A assistência judiciária gratuita limita-se aos atos de um mesmo processo, não alcançando, entretanto, outras ações próprias e autônomas porventura ajuizadas. Nestes casos, o benefício deve ser requerido na petição inicial de cada ação, nos termos do art. 99, caput, do CPC. AgInt nos EDcl no AREsp 1554379/SP, 4 Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 11/02/2020, DJe 18/02/2020. Tese 8: O beneficiário da justiça gratuita não pode opor embargos à execução fiscal sem a prévia garantia do juízo (art. 16, § 1º, da Lei n. 6.830/1980), pois a Lei de Execução Fiscal - LEF tem prevalência sobre o Código de Processo Civil - CPC, em virtude do princípio da especialidade. Lei n. 6.830/1980. Art. 16. O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados: §1º Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução. O beneficiário da justiça gratuita não pode opor embargos à execução fiscal sem a prévia garantia do juízo. Em atenção ao princípio da especialidade da LEF, mantido com a reforma do CPC/73, a nova redação do art. 736, do CPC dada pela Lei n. 11.382/2006 - artigo que dispensa a garantia como condicionante dos embargos - não se aplica às execuções fiscais diante da presença de dispositivo específico, qual seja o art. 16, §1º da Lei n. 6.830/80, que exige expressamente a garantia para a apresentação dos embargos à execuçãofiscal. Tal entendimento persiste após a entrada em vigor do art. 919 do CPC/2015. REsp 1663742/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/05/2017, DJe 16/06/2017. Tese 9: A limitação da responsabilidade financeira do Estado, prevista no art. 95, § 3º, II, do CPC, não exclui do sucumbente beneficiário da gratuidade da justiça o ônus de arcar com o adimplemento de verba honorária pericial remanescente. Código de Processo Civil. Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as partes. §3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da justiça, ela poderá ser: II. Paga com recursos alocados no orçamento da União, do Estado ou do Distrito Federal, no caso de ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela do tribunal respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça. Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. §2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência. §3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. Limitação da responsabilidade do Estado pelo custeio dos honorários periciais. A responsabilidade do Estado pelo custeio dos honorários de perito nos casos de assistência judiciária gratuita está limitada pelo art. 95, § 2º, do Código de Processo Civil, bem como pela Resolução do Conselho Nacional de Justiça - CNJ nº 232/2016, que estabelecem a aplicação da tabela de honorários do 5 respectivo Tribunal ou, na ausência, da tabela do Conselho Nacional de Justiça. Os custos que superem os valores pagos pelo Estado ficam com a exigibilidade suspensa. A limitação diz respeito unicamente à responsabilidade financeira do Estado, que não retira a responsabilidade do sucumbente quanto a eventual verba honorária remanescente, sendo aplicada a suspensão legal do crédito nos termos da lei (art. 98, §§ 2º e 3º, do Código de Processo Civil). RMS 61.105/ MS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 10/12/2019, DJe 13/12/2019. Tese 10: Sob a égide do CPC/1973, o deferimento da gratuidade da justiça não constitui óbice à compensação de honorários advocatícios no caso de sucumbência recíproca. Código de Processo Civil de 1973 (Revogado). Art. 21. Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados entre eles os honorários e as despesas. Código de Processo Civil de 2015. Art. 85, §14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial. Desde a edição do CPC/2015 não é possível a compensação de honorários de sucumbência. É o que diz expressamente o art. 85, §4º do CPC/2015. Tese 11: Os defensores dativos, por não integrarem o quadro estatal de assistência judiciária gratuita, não dispõem da prerrogativa de prazo em dobro para recorrer. Código de Processo Civil. Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais. Inaplicabilidade do prazo em dobro para advogados dativos. Para valer-se da prerrogativa da contagem de prazos em dobro, deve, o advogado, integrar o quadro da assistência judiciária organizado e mantido pelo Estado, não se aplicando tal benesse aos defensores dativos, aos núcleos de prática jurídica pertencentes às universidades particulares e ainda, aos institutos de direito de defesa. AgRg no AREsp 398.352/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 16/08/2018, DJe 24/08/2018. E os Núcleos de Prática Jurídica? O tema não Uníssono. Há decisões que entendem que com o CPC/2015, os NPJs passaram a gozar de prazo em dobro. Após o advento do Código de Processo Civil de 2015, os núcleos de práticas jurídicas passaram a gozar da mesma prerrogativa, conferida à Defensoria Pública, de vista pessoal para todas as suas manifestações processuais, conforme previsão contida no artigo 186, §3º. TJ-DF. Acórdão 1142002, 20161010023589APC, Relatora: SIMONE LUCINDO, 1ª Turma Cível, data de julgamento: 5/12/2018. Tal posição também é defendida na doutrina. A jurisprudência do STJ não era pacífica no tocante à possibilidade de se estender às demais entidades prestadoras de assistência judiciária gratuita os benefícios da intimação pessoal e do prazo em dobro. O art. 186, § 3º, elimina a controvérsia, estabelecendo que a prerrogativa do prazo em dobro, prevista no 6 caput, aplica-se também aos escritórios de prática jurídica das facudades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública. Embora não o diga expressamente – por fazer referência apenas ao caput -, temos que também se aplica a tais entidades a prerrogativa da intimação pessoal, prevista no § 1º do art. 185. Não faria sentido reconhercer-se a tais entidades apenas parte das prerrogativas atinentes ao Defensor Público.).” RIZZO AMARAL, Guilherme. Alterações do novo CPC – O que mudou? 3ª. ed. em e-book baseada na 3. ed. impressa, revista, atualizada e ampliada., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2018, ISBN 978-85-549-4783-5). Disponível em: <https://proview.thomsonreuters.com> Acesso em: 31.5.2019). Entretanto, o STJ Faz uma diferenciação. Há diversas decisões do STJ aplicando o benefício do prazo em dobro somente para os Núcleos de Prática Jurídica vinculados a Universidades Públicas. Defensor Dativo NPJ – Universidade Particular NPJ – Universidade Pública Não possuem direito ao prazo em dobro Possuem direito ao prazo em dobro Para valer-se da prerrogativa da contagem de prazos em dobro, deve, o advogado, integrar o quadro da assistência judiciária organizado e mantido pelo Estado, não se aplicando tal benesse aos defensores dativos, aos núcleos de prática jurídica pertencentes às universidades particulares e ainda, aos institutos de direito de defesa. AREsp 398.352/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, Quinta Turma, DJe 24/8/2018. O Recorrente está sendo patrocinado pela Divisão de Assistência Judiciária da Universidade Federal de Minas Gerais - entidade pública de ensino -, que, nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, tem a prerrogativa do prazo em dobro. STJ - RMS: 58450 MG 2018/0210053-1, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 02/10/2018. NÃO CONFUNDIR! Advogado de NPJ tem direito a intimação pessoal. Jurisprudência em Teses, Ed. 149: Tese 2. Os advogados dos Núcleos de Prática Jurídica, por se equipararem aos defensores públicos na prestação da assistência judiciária gratuita, serão intimados pessoalmente de todos os atos processuais (art. 5º, § 5º, da Lei n. 1.060/1950). ERRATA! Tese 2 da Edição 149. Onde consta: O advogado de núcleo de prática jurídica não está dispensado da necessidade de apresentar procuração ou ato de nomeação, mas tem direito a prazo em dobro em suas manifestações. Fazer constar: O advogado de núcleo de prática jurídica não estádispensado da necessidade de apresentar procuração ou ato de nomeação, mas tem direito a intimação pessoal em suas manifestações. Tese 12: O advogado dativo de parte beneficiada pela gratuidade da justiça pode interpor recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência, sem o pagamento de preparo e sem demonstrar direito à gratuidade, não lhe sendo aplicada a vedação contida no §5º do art. 99 do CPC, expressamente dirigida ao advogado particular. Código de Processo Civil. Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. §4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça. §5º Na hipótese do §4º, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado 7 demonstrar que tem direito à gratuidade. O advogado dativo atua por indicação da Justiça A controvérsia cinge-se à possibilidade de o advogado dativo de parte beneficiada pela assistência judiciária gratuita postular, em recurso de Apelação, exclusivamente, a majoração dos honorários advocatícios fixados na sentença, sem o pagamento de preparo e sem demonstrar direito à gratuidade. O artigo 99, § 5º, do CPC/2015 não se aplica ao advogado dativo. O artigo 99, § 5º, do CPC/2015 estabelece que, na hipótese do § 4º (assistido representado por advogado particular), o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade. In casu, o patrono da parte é advogado dativo, isto é, exerce o papel de defensor por indicação da Justiça. Portanto, não se trata de advogado particular escolhido e contratado pela parte. Assim, o dispositivo transcrito não se aplica ao presente caso, uma vez que é claro ao vedar a gratuidade, sem os requisitos legais, ao advogado particular, não fazendo menção a advogado dativo. Honorários sucumbenciais são direito autônomo do advogado. A jurisprudência do STJ é tranquila no sentido de que, apesar de os honorários advocatícios constituírem direito autônomo do advogado, não se exclui da parte a legitimidade concorrente para discuti-los, não ocorrendo deserção se ela litiga sob o pálio da gratuidade da justiça. REsp 1777628/SE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/02/2019, DJe 11/03/2019. Tese 13: A parte possui legitimidade concorrente para recorrer da decisão que fixa os honorários sucumbenciais, a despeito de referida verba constituir direito autônomo do advogado, não ocorrendo deserção se ela litiga sob o pálio da gratuidade da justiça. Código de Processo Civil. Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. §4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça. §5º Na hipótese do §4º, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade. Caso a parte seja beneficiária da Justiça Gratuita, não haverá deserção do recurso proposto por ela em face da decisão que fixa os honorários. A jurisprudência desta Corte possui o entendimento de que, apesar de os honorários advocatícios constituírem direito autônomo do advogado, não se exclui da parte a legitimidade concorrente para discuti-los, não ocorrendo deserção se ela litiga sob o pálio da gratuidade da justiça. DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA, julgado em 07/06/2016, DJe 14/06/2016. Tese 14: A parte beneficiária da gratuidade de justiça deve comprovar a dispensa do recolhimento do preparo no ato da interposição do recurso. Código de Processo Civil. Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. 8 § 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. É ônus do recorrente demonstrar que é beneficiário da justiça gratuita. Nos termos da orientação jurisprudencial deste Superior Tribunal, o recorrente que for beneficiário da justiça gratuita deve fazer prova da benesse, no momento da interposição do recurso. Se o art. 511, caput, do CPC/73 (atual art. 1.007 do CPC/15) estabelece que “no ato de interposição do recurso o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção”, o recorrente deve, mutatis mutandis, fazer prova da dispensabilidade de seu recolhimento, quando beneficiário da justiça gratuita. Afinal, o preparo, ou mesmo a sua dispensa, constitui requisito de admissibilidade do recurso, pelo que sua falta implica em negativa de seguimento. O que não se admite, evidentemente, é que o relator do recurso busque suprir essa falta do recorrente, identificando no processo se o recorrente faz jus à benesse legal ou não, uma vez que não é sua essa tarefa. AgRg nos EAREsp 188.231/RS, relator Ministro Humberto Martins, Corte Especial, DJe de 19/8/2013. Não tendo sido realizado o devido preparo, tampouco sido comprovado que o recorrente era beneficiário da gratuidade de justiça, o apelo deve ser considerado deserto. AgInt no AREsp 939.339/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/10/2016, DJe 04/11/2016. Antes de julgar a deserção, o recorrente deve ser intimado a regularizar o preparo. A jurisprudência deste Tribunal Superior assevera que é deserto o recurso especial, na hipótese em que a parte recorrente, mesmo após intimada a regularizar o preparo, não o faz devidamente (art. 1.007, § 7º, do CPC/2015). A concessão da gratuidade da justiça deve ser comprovada. Conforme entendimento desta Corte: "É ônus da parte, portanto, no ato da interposição do recurso, fazer prova da condição de dispensa do recolhimento do preparo, permitindo que ao recurso seja dado o devido seguimento. Não o fazendo, deve a parte arcar com o ônus daí advindo" (AgRg nos EAREsp n. 116.672/RJ, Relator Ministro Marco Buzzi, DJe 2/10/2012). AgInt no AREsp 1364847/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 29/04/2019, DJe 06/05/2019. Tese 15: O recolhimento das custas é ato incompatível com o pleito de concessão dos benefícios da gratuidade da justiça, pela proibição de a parte adotar comportamentos contraditórios - venire contra factum proprium. Código de Processo Civil. Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. O recolhimento das custas é incompatível com o pedido de gratuidade judiciária. A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que em virtude da aplicação do venire contra factum proprium, o recolhimento de custas se mostra incompatível com o pleito de concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita. AgInt no AREsp 1449564/DF, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 19/08/2019, DJe 22/08/2019. 9 Recolher as custas depois de requerer a gratuidade judiciária equivale a renunciar o direito. No Superior Tribunal de Justiça, já se decidiu que, ao recolher as custas depois de postular a assistência judiciária gratuita, a parte acaba por renunciarao benefício. AgInt nos EDcl no RMS 60.936/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/04/2020, DJe 23/04/2020. Tese 16: É cabível agravo de instrumento contra o provimento jurisdicional que, após a entrada em vigor do CPC/2015, acolhe ou rejeita incidente de impugnação à gratuidade da justiça instaurado em autos apartados na vigência do regramento anterior. Código de Processo Civil. Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. (Teria do Isolamento dos Atos Processuais) Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu curso. Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação. Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: V. rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação. Impugnação à Justiça Gratuita CPC/1973 CPC/2015 Era feita em autos apartados. Lei 1.060/50, Art. 4º, §2º. A impugnação do direito à assistência judiciária não suspende o curso do processo e será feita em autos apartados. É feita nos mesmos autos. (Vide art. 100 do CPC) Contra a decisão que denegava a impugnação cabia apelação Lei 1.060/50. Art. 17. Caberá apelação das decisões proferidas em consequência da aplicação desta lei; a apelação será recebida somente no efeito devolutivo quando a sentença conceder o pedido Contra a decisão que denega a impugnação cabe agravo de instrumento (salvo se a questão for decidida na sentença, quando caberá apelação). (Vide arts. 101 e 1.015 do CPC/2015) Cabe agravo de instrumento contra a decisão que, após a entrada em vigor do CPC/2015, acolhe ou rejeita incidente de impugnação à gratuidade da justiça instaurado na vigência do regramento anterior. Cabe agravo de instrumento contra o provimento jurisdicional que, após a entrada em vigor do CPC/2015, acolhe ou rejeita incidente de impugnação à gratuidade de justiça instaurado, em autos apartados, na vigência do regramento anterior. STJ. 3ª Turma REsp 1.666.321-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/11/2017 (Info 615). Teoria do Isolamento dos atos processuais. A lei nova tem aplicabilidade imediata aos atos processuais praticados após a sua edição, ainda que o processo tenha tido início na vigência do código anterior. É o que diz o art. 14 do CPC/2015. 10 Portanto, ainda que a impugnação à gratuidade judiciária tenha sido proposta com base no CPC/73 e em autos apartados, caso o recurso seja apresentado sob a égide do CPC/2015, o recurso cabível será o agravo de instrumento e não a apelação. Tese 17: A concessão de gratuidade da justiça não exclui a responsabilidade do agravante pelo traslado das peças indispensáveis à formação do agravo de instrumento. Código de Processo Civil. Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída: I. Obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; II. Com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; III. Facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis. §5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia. A gratuidade judiciária não dispensa o traslado das peças processuais indispensáveis à formação do agravo de instrumento. É firme a orientação do STJ de que a concessão de assistência judiciária gratuita não exime o agravante da responsabilidade pelo traslado das peças indispensáveis à formação do Agravo de Instrumento. EDcl no AREsp 325.484/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/08/2017, DJe 24/08/2017. Sob a égide do CPC/2015, sendo os autos eletrônicos, não é necessário o traslado das peças. Trata-se da disposição expressa do art. 1.017, §5º do CPC. Tese 18: O pedido de gratuidade da justiça formulado no agravo interno não tem proveito para a parte, tendo em vista que o recurso não necessita de recolhimento de custas e que o deferimento da benesse não opera efeitos sobre atos processuais pretéritos. Código de Processo Civil. Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. Não há proveito em requerer a gratuidade em agravo interno. A concessão da gratuidade da justiça não tem proveito para a parte, tendo em vista que o agravo interno não necessita de recolhimento de custas, e o deferimento da referida benesse não opera efeitos sobre atos processuais pretéritos. AgInt nos EAREsp 1456320/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/04/2020, DJe 23/04/2020. 11 QUESTÕES 1. A análise da possibilidade econômica para fins de concessão da gratuidade judiciária deve pautar-se em critérios exclusivamente objetivos. (___) 2. A faixa de isenção do Imposto de Renda pode ser tomada como único critério para a concessão ou denegação da justiça gratuita. (___) 3. A mera declaração de estado de pobreza para fins de obtenção de benefícios da justiça gratuita não é considerada conduta típica, diante da presunção relativa de tal documento, que comporta prova em contrário. (___) 4. É típica a conduta praticada por advogado que falsifica assinatura do cliente em documento de declaração de pobreza para fins de obtenção dos benefícios da gratuidade da justiça. (___) 5. A concessão da assistência judiciária gratuita, por compor a integralidade da tutela jurídica pleiteada, comporta eficácia para todos os atos processuais, em todas as instâncias. Não alcança, entretanto, as ações incidentais ao processo de conhecimento, os recursos, as rescisórias. (___) 6. A gratuidade concedida em um processo não se estende a outras ações próprias e autônomas porventura ajuizadas. (___) 7. O benefício da gratuidade da justiça concedido no processo de conhecimento persistirá nos processos de liquidação e de execução, inclusive nos embargos à execução. (___) 8. O beneficiário da justiça gratuita pode opor embargos à execução fiscal sem a prévia garantia do juízo. (___) 9. A limitação da responsabilidade financeira do Estado, prevista no art. 95, § 3º, II, do CPC, não exclui do sucumbente beneficiário da gratuidade da justiça o ônus de arcar com o adimplemento de verba honorária pericial remanescente. (___) 10. O deferimento da gratuidade da justiça não constitui óbice à compensação de honorários advocatícios no caso de sucumbência recíproca. (___) 11. Os defensores dativos dispõem da prerrogativa de prazo em dobro para recorrer. (___) 12. O recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade. (___) 13. O recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência fixados em favor do advogado dativo de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o próprioadvogado demonstrar que tem direito à gratuidade. (___) 14. A parte possui legitimidade concorrente para recorrer da decisão que fixa os honorários sucumbenciais. (___) 15. É ônus do beneficiário da justiça gratuita, no momento do recurso, demonstrar tal condição. (___) 16. José interpôs uma ação em face de Pedro, bem como postulou o benefício da gratuidade judiciária. Ocorre que, por segurança, José decidiu mesmo assim recolher as custas processuais. Nesse contexto, ainda assim o juiz poderá conceder a gratuidade judiciária posto que não houve renúncia ao benefício requerido. (___) 12 17. É cabível agravo de instrumento contra o provimento jurisdicional que, após a entrada em vigor do CPC/2015, acolhe ou rejeita incidente de impugnação à gratuidade da justiça, salvo se instaurado em autos apartados na vigência do regramento anterior. (___) 18. A concessão de gratuidade da justiça não exclui a responsabilidade do agravante pelo traslado das peças indispensáveis à formação do agravo de instrumento. (___) 19. Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensa-se o traslado de peças para a formação do agravo de instrumento, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia. (___) 20. O pedido de gratuidade da justiça formulado no agravo interno tem proveito para a parte tendo em vista que o pedido tem efeitos sobre atos processuais pretéritos. (___) Gabarito: 1.E 2.E 3.C 4.C 5.E 6.C 7.C 8.E 9.C 10.E 11.E 12.C 13.E 14.C 15.C 16.E 17.E 18.C 19.C 20.E 13
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