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HABITACAO_SOCIAL_SOLUCAO_E_PROBLEMA

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HABITAÇÃO SOCIAL: SOLUÇÃO E PROBLEMA 
 
Adecarlo Junior¹ 
 Dayanna Rosa² 
Loiva Zanon de Magalhães³ 
 
 RESUMO 
A partir do momento em que começou a ocorrer uma ocupação desregular somada ao não 
planejamento urbano, surgiram as habitações de interesse social para ofertar moradia às 
famílias de baixa renda. Entretanto estas moradias não foram eficazes para a solução do 
problema recém criado, já que junto a elas nasceram também periferias, favelas, cortiços e 
vilas o que de forma geral deixaram as cidades um tanto quanto menos apreciativas 
esteticamente. Seguindo a linha do pensamento estético tem se em contra partida o enfoque 
funcionalista e econômico tomado por estas residências, porém, é neste ponto que surge o 
questionamento de ser possível a aliança entre o funcional e o belo, o que diga-se de 
passagem é uma das funções da arquitetura. Fazendo um jogo rápido de palavras, este artigo 
vêm a somar conhecimentos sobre a importância da habitação de interesse social e de que 
maneira pode ser analisada, seus projeto e implantações, sob um olhar estético. 
 
Palavras chave: habitação social, déficit habitacional, função social do arquiteto, estético, 
função 
 
 ABSTRACT 
From the moment it began to occur a deregulate occupation added with no urban planning, 
emerged the social housing to offer home to low income families. But these houses were not 
all solution to the problem created recently, since they were born too close to neighborhoods, 
slums, beehive and villages which generally left the city somewhat less aesthetically 
appreciative. Following the line of aesthetic thought has been in the against starting economic 
and functionalist approach taken by these households, however, this is where the question 
arises of a possible alliance between the functional and beautiful, what you say by the way is 
a the functions of architecture. Making a quick game of words, this article come to add 
knowledge about the importance of social housing and how it could be analyzed differently 
deployments on their project and an aesthetic look. 
 
Key words: Social housing, housing deficit, social function of the architect, esthetic, function 
 
 
______________________________ 
¹Acadêmico do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNEMAT, campus Barra do Bugres. e-mail: 
adecarlojunior@hotmail.com 
²Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNEMAT, campus Barra do Bugres. e-mail: 
daya.rodrigues.rosa@gmail.com 
³Professora Mestre do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UNEMAT, campus Barra do Bugres. 
e-mail: loiva4@hotmail.com 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 Solucionar problemas em edificações e tornar as mesmas funcionais e belas. Essa é a 
função do arquiteto, essa é a função da arquitetura. Focando deste modo, percebe - se que a 
solução de problemas vêm de muito antes do renascimento onde o arquiteto passa a projetar 
fora do canteiro de obras. 
 
 Perceptível se torna, seguindo essa linhagem de pensamentos, a arquitetura de 
interesse social, a qual tem como foco moradia para pessoas de baixa renda. 
 
 Identificando e analisando esta forma de arquitetura em um contexto socio-histórico 
nota-se o desinteresse estético empregado nas mesmas, já que o eixo focal utilizado é a 
economia de materiais pelo fato de que, geralmente, não se obterá um retorno financeiro 
nestas construções. 
 
 Esta não preocupação estética gera uma quebra visual no skyline da cidade, ou seja na 
linha de visão horizontal das casas, o que promove uma desvalorização arquitetônica local 
fazendo com que parte da função social do arquiteto não se torne efetiva. 
 
 
 2. OBJETIVO 
 
 2.1 Objetivo Geral 
 Mostrar a importância da arquitetura de interesse social e como esta implica no 
socioeconômico e estético de uma cidade. 
 
 2.2 Objetivo específico 
 Analisar minuciosamente esta arquitetura social, somado com a função do arquiteto 
junto a mesma e sugerir uma possível solução para esta quebra estética ocasionada pela 
pressão econômica. 
 
 
 
 
 
 3. JUSTIFICATIVA 
 
 Com o olhar aberto perante o panorama popular se torna perceptível o problema social 
e estético que as habitações de interesse social provocam na cidade e com isso se faz 
necessário o estudo de uma solução para que o arquiteto possa adequar suas obras ao contexto 
construtivo da cidade na qual será instalado seu projeto. 
 
 Por este fato, tentar apresentar soluções e analisar a estética, se torna mais do que 
imprescindível para a realidade arquitetônica. 
 
 
 4. METODOLOGIA 
 
 Pelo fato de que este presente artigo tem como temática habitações de interesse social, 
assunto o qual já é bastante discutido e desenvolvido sobre, a metodologia escolhida foi a de 
pesquisas bibliográficas, e somando a esta também foram realizadas algumas entrevistas com 
profissionais e aprendizes da área para que fossem obtidos melhores resultados. 
 
 Na pesquisa bibliográfica foram utilizados artigos, documentários, livros e trabalhos 
de conclusão de curso; já as entrevistas foram realizadas com quatro professores de graduação 
e três acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNEMAT - campus Barra do 
Bugres, um acadêmico da FAMETRO - campus Manaus e um da UFBA - campus Salvador. 
 
 
 5. HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL 
 
 Em definição geral são moradias voltadas a famílias de baixa renda, construídas de 
forma a propiciar condições necessárias à moradia sem a necessidade de gastos elevados neste 
processo. No entanto existem algumas outras definições a este respeito, como (ABIKO, 
1995): 
 
- Habitação de Baixo Custo ( low-cost housing): termo utilizado para designar 
habitação barata sem que isto signifique necessariamente habitação para população de 
baixa renda; 
 
 
- Habitação para População de Baixa Renda ( housing for low-income people ): é um 
termo mais adequado que o anterior, tendo a mesma conotação que habitação de 
interesse social; estes termos trazem, no entanto a necessidade de se definir a renda 
máxima das famílias e indivíduos situados nesta faixa de atendimento; 
 
- Habitação Popular: termo genérico envolvendo todas as soluções destinadas ao 
atendimento de necessidades habitacionais. 
 
A função primordial da habitação é a de abrigo. Com o desenvolvimento de suas 
habilidades, o homem passou a utilizar materiais disponíveis em seu meio, tornando 
o abrigo cada vez mais elaborado. Mesmo com toda a evolução tecnológica, sua 
função primordial ter permanecido a mesma, ou seja, proteger o ser humano das 
intempéries de intrusos (ABIKO, 1995). 
 
 Outra forma de definir as habitações sociais seria pela forma de produção, a qual pode 
ser feita por setores diferentes, como exposto no livro "Origens da habitação social no Brasil" 
de Nabil Bonduki (2004), as mesmas podem ser produzidas pelo setor privado (cortiços, vilas 
e correr de casas), estatal (cedidas ou financiadas com apoio do governo) ou produzidas para 
uso, pelo próprio morador (favela e periferia). 
 
 Inserido na questão das habitações de interesse social, também se aborta o tema déficit 
habitacional o que, de forma indireta, incorpora-se entre estas moradias, pelo fato de que este 
índice mostra, numericamente, fatores que implicam na falta de moradia para famílias de 
baixa e média renda. 
 
 
 5.1. DÉFICIT HABITACIONAL 
 
 Outro problema encontrado no contexto nacional é o déficit habitacional que segundo 
a Fundação João Pinheiro (1995) não tem relação direta com a necessidade de expansão de 
habitações de interesse social. O déficit está diretamente relacionado a deficiências de 
estoques de moradias, seja por necessidade de substituição de moradias precárias, seja pela 
existência de mais de uma família habitando a mesma unidade. 
 
 
 Outra forma para o entendimento do conceito de déficit seria analisá-lo como o 
crescimento da demanda por habitações conjugadas com um aumento insuficiente dasalternativas de moradia, o que se mostra de diferentes formas para as diferentes camadas da 
sociedade. 
 
 No Brasil o déficit é reflexo do processo de urbanização que pode ser visto a partir do 
processo de colonização do país no século XVI, iniciando-se com a chegada dos portugueses 
e, posteriormente com a chegada dos escravos vindos da África nos navios negreiros para 
execer trabalho braçal. Assim sendo, no início os negros moravam nas fazendas e casas de 
seus senhores na cidade para prestarem o serviço, porém, com a abolição da escravatura, os 
negros começaram a se aglomerar nas cidades construindo mocambos (casa de palha) para se 
abrigarem. 
 
 
 
 
 5.2. HISTÓRICO 
 
 A primeira forma de habitação pública a ser construída no mundo surgiu em 1909, em 
Helsink na Finlândia, sendo que alguns anos depois esse tipo de moradia começou a ganhar 
força pelo fato de que as duas grandes Guerras Mundiais vieram a devastar milhões de lares, 
deixando com isso, famílias desabrigadas e a procura de um ambiente acessível 
financeiramente para se aconchegar. 
 
 No Brasil se deu início a partir da década de 60, quando se intensificou o êxodo rural, 
onde as famílias buscavam melhores condições de vida no meio urbano. Desta forma a 
urbanização ocorreu de forma rápida e desorganizada, não ocorrendo um planejamento da 
massa urbana para acomodar todas as famílias de forma adequada, sendo que até mesmo as 
condições financeiras de forma geral não contribuíam para o mesmo. 
 
 Assim se deu início a construção de habitações sociais no Brasil, as quais eram 
padronizadas e tinham por objetivo abrigar famílias de baixa renda de forma simples e 
eficiente, porém estas casas eram de baixa qualidade, carentes de infra estrutura e localizadas 
em áreas periféricas das cidades, o que contribuiu para a segregação social-urbano que 
resultou posteriormente no déficit habitacional atual. 
 
 
 5.3. A IMPORTÂNCIA 
 
 A partir dos conceitos sobre o que é e quais as funções da habitação social pode-se 
identificar a importância que estas possuem perante as famílias de baixa renda, porém esta 
importância não deveria estar apenas correlacionada com o público direto das habitações pois 
indiretamente toda a sociedade circundante se prejudica com a falta destas moradias, já que a 
falta das mesmas afeta no socioeconômico do país o que subsequentemente refletirá em vários 
fatores e taxas nacionais que serão retornadas a população geral, independente da classe social 
a qual pertença. 
 
 Além de ser o cenário das tarefas domésticas, a habitação é o espaço no qual muitas 
vezes ocorrem, em determinadas situações, atividades de trabalho, como pequenos negócios 
(ABIKO, 1995). Baseando - se neste trecho de Abiko e nas definições recém esclarecidas, 
 
fácil se encontra a explicação de quão vasta é a importância destas "casinhas", muitas vezes 
menosprezadas pela população de forma geral. 
 
 Este menosprezo ocorre por vários fatores, porém os principais encontrados são: o fato 
de que estas moradias são destinadas a família de classe baixa e a localização destas moradias 
por geralmente ser nas periferias das cidades. Todavia este menosprezo significa muito mais 
um não interesse do que um uma não valorização, já que a população de forma geral não se dá 
ao luxo de se preocupar com o restante da humanidade a sua volta. 
 
 
 6. FUNCIONAL X ESTÉTICO 
 
 Como já dito entre as linhas deste artigo o que é dado maior importância quanto ao 
planejamento das habitações sociais é a questão da economia de gastos e o funcionalista, 
deixando de lado o fator estético. 
 
Introduziu-se, no repertório da habitação social brasileira, um suposto racionalismo 
formal desprovido de conteúdo, consubstanciado em projetos de péssima qualidade, 
monótonos, repetitivos, desvinculados do contexto urbano e do meio físico e, 
principalmente, desarticulados de um projeto social (BONDUKI, 1955) 
 
 Analisando o fato da questão da estética não ser encontrada nestas habitações, 
encontra-se dois eixos nos quais, se baseados, poderia aliar-se o estético ao funcional. 
Primeiramente se faz necessário uma pequena alteração no pensamento de que o estético tem 
que ser definido por fatores adicionais aqueles que já estão na obra, fatores que seriam 
puramente ornamentais, sem função alguma, e como solução para esta forma erronia de 
considerações entra o segundo ponto, que seriam basicamente mudanças pequenas na forma 
projetual destas habitações, como por exemplo pequenas alterações nas fachadas, residências 
verticais ao invés da horizontalidade de casas idênticas, remanejamento dos cômodos dentro 
da casa, ou até mesmo a não utilização dos usuais telhados de duas águas que 
indiscutivelmente deixam com um visual pobre. 
 
 
 
A habitação popular passa a ser, no discurso dos especialistas, além de uma questão 
meramente técnica e prática que os saberes neutros e racionais de engenharia e da 
arquitetura dever resolver, uma questão de moralidade e de eugenia. A casa e a 
cidade aparecem como espaços totalitários de produção de novos comportamentos 
'racionais' e da instauração de relações utilitárias numa sociedade cuja forma básica 
de sociabilidade se funda na troca. (TEIXEIRA, 1917-1940) 
 
 
 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 A problemática da estética é algo que não se pode tentar impor, já que o foco 
construtivo das habitações é oferecer moradia com o menor custo possível, portanto sugestões 
foram expostas para que o skyline não tenha quebra visual, porém são apenas ideias de 
estudantes pesquisadores do assunto, os quais não possuem uma noção de custos, gastos e 
benefícios que as residências sociais possuem. 
 
 Todavia, discutir focos não se faz tão necessário até porque não seria de todo eficaz, já 
que habitações sociais seriam a junção da arquitetura, função social do arquiteto, urbanismo e 
paisagismo, assim como o objetivo do arquiteto é aliar a funcionalidade e a plástica de 
maneira acessível ao seu cliente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8. REFERÊNCIAS 
 
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