Traumatologia forense II

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MEDICINA LEGAL (SAÚDE E SOCIEDADE) Talita Valente 
ATM 2023/A 
 
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TRAUMATOLOGIA FORENSE 
 
ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA 
 
 São energias capazes de modificar o estado físcio dos corpos causando lesões ou mesmo a 
morte. As mais comuns são: 
• Temperatura. 
• Pressão. 
• Eletricidade. 
• Radioatividade. 
• Luz. 
• Som. 
 
LESÕES PRODUZIDAS POR TEMPERATURA 
• Frio. 
• Calor: 
o Difuso (Termonoses) - Insolação e Intermação. 
o Direto (Queimaduras) 
• Oscilações de temperatura. 
 
Lesões produzidas pelo calor 
• O calor pode atuar sobre o corpo humano de forma difusa ou direta. 
• Atua de forma difusa quando a fonte de calor não incide diretamente sobre a área atingida, mas sim 
tornando o meio ambiente incompatível com os fenômenos biológicos. 
• A forma de calor difuso produz os quadros conhecidos como termonoses, compreendendo a 
insolação e a intermação. 
• Quando o calor quente age de forma direta sobre o organismo, produz as queimaduras. 
 
Queimaduras: 
 Quanto à profundidade, segundo Hoffmann, as queimaduras classificam-se em: 
1º Grau - queimaduras leves, simples formação de eritemas; 
 
�2º Grau - formação de flictenas nas áreas eritematosas; 
 
�3º Grau - atingem a derme e 
os tecidos adjacentes dando 
origem à formação de 
escaras; 
 
 
4º Grau - 
carbonização. 
 
 
 
 
 
 
 
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• A extensão da área queimada é, muitas vezes mais importante do que 
a profundidade da lesão para determinar a gravidade. É o caso de uma 
queimadura de primeiro grau, que, por exemplo, pode atingir uma 
ampla área do corpo. 
• A extensão é medida em porcentagem da área total da superfície do 
corpo. É a "regra dos nove", que divide o corpo em áreas de 
aproximadamente 9%, utilizada para calcular a extensão da 
queimadura e decidir o tipo de tratamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
LESÕES PRODUZIDAS PELA ELETRICIDADE 
• Eletricidade natural/cósmica: 
o Fulminação - Morte. 
o Fulguração - Lesões corporais. 
• Eletricidade artificial/industrial: 
o Eletroplessão - Acidental (morte ou lesões). 
o Eletrocussão - Execução de um condenado (somente nesses casos pode se chamar de 
eletrocussão). 
 
Sinal de Lichtenberg 
• As lesões produzidas pela fulguração ou fulminação, tomam aspecto 
arboriforme, denominadas de sinal de Lichtenberg, decorrentes de 
fenômenos vasomotores, que podem desaparecer com o tempo em 
caso de sobrevivência. 
 
Marca elétrica de Jellinek 
• A eletricidade artificial produz, no local de 
entrada, uma lesão que com frequência 
assume a forma do condutor elétrico que 
originou a descarga. É uma lesão de bordas 
elevadas e coloração amarelo 
esbranquiçada e indolor, que recebe a 
denominação de marca elétrica de Jellinek. 
 
 
 
 
 
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ENERGIAS DE ORFEM FÍSICO-QUÍMICAS 
 
• Sob o título de energias de ordem físico-químicas é a asfixiologia forense ou capítulo da Medicina-
Legal que estuda as asfixias. 
 
ASFIXIA 
• Supressão da respiração decorrente de energia físico-química produzindo impedimento à 
penetração do ar atmosférico árvore respiratória. Temos ao mesmo tempo, redução do teor do 
oxigênio e o aumento do teor de gás carbônico no sangue arterial. 
Causas: 
• Interna: que interessam a medicina clínica (pneumonias, asma, insuficiência cardíaca, enfisema). 
• Externa: que interessam a medicina legal. 
Importância legal: 
• A asfixia é considerada meio cruel, o processo asfíxico somente produz a morte com cerca de cinco 
minutos, sendo meio demorado de produzir a morte com sofrimento da vítima, o que mostra o 
inequívoco dolo de matar. 
Sinais gerais de asfixia: 
• Manchas de hipóstase - Essas manchas começam a se formar 1 ou 2 horas 
depois da morte. Nos casos de asfixia, as manchas de hipóstase são mais 
marcadas (pronunciadas) e mais precoces, porque o sangue está sem 
oxigênio, com gás carbônico. O sangue venoso é mais escuro, por isso que 
as manchas hipostásicas são mais visíveis nos asfixiados, variando essa 
tonalidade no afogamento quando o sangue é claro. 
 
 
 
• Cianose - A face, lábios, leitos ungueais e parte alta do pescoço nos 
asfixiados são cianóticos em função da alta concentração de 
carboemoglobina. Aparece quando o teor de Hb não oxigenada no sangue 
atinge 5g%. 
 
 
 
• Equimose da pele, mucosas e vísceras - Manchas na pele e mucosa e em 
algumas vísceras; em consequência do aumento da pressão os vasos se 
rompem formando as manchas equimóticas. No pulmão e no coração 
recebem o nome de Manchas de Tardieu que são equimoses diminutas, do 
tamanho da cabeça de um alfinete. 
• As manchas de Tardieu aparecem nas asfixias em geral, portanto NÃO são 
patognomônicas, mas seu achado orienta o diagnóstico de asfixia. 
o Patognomônicas - sinal próprio de cada moléstia e cuja 
identificação permite um diagnóstico certo. 
 
• Sangue não coagulado - O sangue tende a não coagular, a permanecer fluido. 
 
 
 
 
• Cogumelo de espuma - É formado de uma bola de finas bolhas de espuma 
que cobre a boca e as narinas e se continua pelas vias aéreas inferiores. 
Pode ser de coloração clara ou sanguinolenta. 
 
 
 
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• Projeção da língua e exoftalmia - Pode ser por causa mecânica externa, como nos casos de asfixia 
por constrição do pescoço ou por edema postemortem. 
 
• Maior quantidade de sangue nos órgãos - Órgãos que normalmente contêm sangue, como o 
/gado, ficam muito cheios. Isso também é chamado de congestão polivisceral. Esse mesmo 
aumento da pressão, durante a asfixia, pode provocar um aumento de sangue nos alvéolos dos 
pulmões e pode ocorrer ruptura de vasos dos alvéolos; por isso é comum a secreção sanguinolenta 
nos casos de asfixia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Classificação das asfixias: 
• Com constrição do pescoço: 
o Enforcamento: ação de um laço, pela força do próprio peso da vítima. 
§ Morte por enforcamento: 
§ O enforcamento pode ser definido como a 
constrição do pescoço por laço mecânico (corda 
ou cordel) acionado pela força/peso do próprio 
corpo, que pode estar em suspensão completa ou 
incompleta. 
§ Características do sulco: geralmente é oblíquo; 
descontínuo, sendo interrompido na altura do nó; 
desigualmente profundo e nos bordos. 
§ Com causa jurídica de morte, predomina o 
suicídio, embora seja possível o homicídio e o 
acidente. 
§ A morte por enforcamento não sobrevém logo, levando geralmente 5 a 10 minutos, 
entretanto a perda de consciência é, em muitos casos, de 10 segundos. 
TRÍADE ASFÍXICA 
Sinais presentes em todas as modalidade de asfixia: 
1. Sangue fluido escuro (com exceção no afogamento quando o sangue é 
claro). 
2. Congestão polivisceral. 
3. Equimose ou mancha de Tardieu que encontramos nas regiões sub-
conjuntival, sub-pleural e sub-epicárdica. 
Asfixias
Por constrição 
do pescoço
Enforcamento
Estrangulamento
Esganadura
Por 
sufocação
Direta ou ativa
Meio líquido -
Afogamento
Oclusão dos orifícios 
das vias aéreas
Soterramento
Confinamento 
Ambiente de gases 
irrespiráveis. 
Indireta ou Passiva -
Compressão do tórax
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§ Dois mecanismos combinados o vascular e o respiratório resultam na morte, sendo o 
mais importante o vascular quando o laço impede a chegada e o retorno do sangue à 
cabeça. 
§ Bastam 2 kg para obliterar jugulares, 5 kg para carótidas e 25 para cervicais. 
o Estrangulamento: ação de um laço, pela força muscular (mão em 
geral). 
§ O estrangulamento pode ser definido como a constrição do 
pescoço p laço mecânico acionado por força estranha ao peso 
do próprio corpo. 
§ Características do sulco: transversal e horizontal,podendo 
eventualmente ser oblíquo; contínuo e homogêneo em relação 
à profundidade, já que não existe o nó típico do enforcamento. 
§ A causa jurídica da morte é na maioria das vezes o homicídio. 
Podendo ser suicídio, onde o suicida usa de artifícios para que 
o laço não afrouxe. O acidente também é possível. 
o Esganadura: a no ação do pescoço é 
executada diretamente pela mão. 
§ A esganadura é a asfixia mecânica pela constrição ântero-lateral do 
pescoço produzida pela ação direta das mãos do agente. 
§ Não há sulco, mas marcas ungueais (de unhas) e escoriações 
arciformes, equimoses reproduzindo as polpas digitais e hematomas. 
Com certa frequência é notada a fratura do hioide. 
§ A causa jurídica da morte é sempre homicídio. 
 
 
 
• Sem constrição do pescoço: 
o A sufocação é a asfixia mecânica decorrente do bloqueio direto ou indireto das vias 
respiratórias, impedindo a penetração do ar. 
o Sufocação direta: oclusão das vias respiratórias (boca 
nariz). Marcas ungueais e escoriações arciformes, 
equimoses e hematomas. 
§ Oclusão dos orifícios das vias aéreas. 
§ Afogamento - penetração de líquido nas vias 
respiratórias. Não há necessidade da imersão total 
do corpo, bastando que as vias aéreas estejam 
submersas. É frequente a simulação de 
afogamento, quando a vítima é atirada na água já 
sem vida, por esse motivo a divisão entre afogado 
azul/real e afogado branco/falso, no anatomopatológico de pulmão do afogado 
branco não se acha qualquer sinal capaz de comprovar a 
aspiração do líquido (água no pulmão). 
• Maceração da pele palmar e plantar - chega a descolar e 
permanece tão perfeita, destacada com tanta precisão 
(como uma luva), que é até possível colher as impressões 
digitais. Não é próprio só do afogado, é de quem está em 
meio líquido (por exemplo fetos). 
• Cogumelo de espuma - Líquido aspirado mistura-se com 
o ar alveolar e com as secreções presentes ao longo das vias respiratórias, bem 
como com o surfactante. Depois que o afogado é 
retirado da água. 
• Lesão dos pulmões - Manchas de Paltauf são maiores 
e de contornos irregulares. As manchas de Paltauf são 
valiosas para o diagnóstico de afogamento, pois não 
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são observadas em outras formas de asfixia. No afogamento, rompem-se os 
alvéolos e o líquido passa pelo espaço intra-alveolar. 
§ Soterramento - Soterramento é a asfixia motivada por obstrução por terra ou 
substâncias pulverulentas (quase sólido). 
§ Confinamento - colocação do indivíduo em ambiente fechado (hermeticamente). 
§ Oclusão vias aéreas. 
o Sufocação indireta: restrição aos movimentos 
do tórax. 
§ Compressão torácica (sufocação indireta). 
§ Fraturas costais múl�tiplas (Dissociação 
mecânico- respiratória). 
§ Paralisia dos músculos respiratórios 
• Em espasmo – eletroplessão, 
drogas contraturantes (heparina); 
• Em flacidez – drogas relaxantes 
musculares.