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Trabalho de A2 Gestalt

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Universidade Veiga de Almeida
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Coordenação do Curso de Psicologia
Serviço de Psicologia Aplicada 
Curso de Psicologia 
Disciplina: Tópico Especial em Gestalt Terapia
Professora: Daniela Magalhães
Trabalho de A2 – Tópico Especial em Gestalt Terapia
 
Rio de Janeiro
2020 - 2º Semestre
Nome do Aluno: Lilian de Oliveira 
Tópico Especial em Gestalt Terapia – A2
Trabalho apresentado ao curso de Psicologia, do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Veiga de Almeida, em cumprimento as exigências da disciplina de Tópico Especial em Gestalt Terapia. 
 
Professora: Daniela Magalhães.
 Rio de Janeiro
2020 - 2º Semestre
GESTALT TERAPIA COM ADOLESCENTES
INTRODUÇÃO
Vamos começar este trabalho contextualizando gramaticalmente, a palavra adolescente que tem sua origem do verbo em latim “adolescere”, que significa crescer. Já a palavra “adultus” refere-se à denominação de adulto. Em português, as palavras seriam equivalentes a "crescente" e "crescido", respectivamente. Conforme o Dicionário Etimológico, “apesar de considerarmos a fase da adolescência uma "invenção sociológica" relativamente recente, a palavra adolescente é cerca de cem anos mais antiga do que a palavra adulto”. (DICIONÁRIO ETIMOLÓGICO [entre 2000 e 2016]). A adolescência é um período da vida em que passamos por inúmeras experiências e vivências. Emoções e sentimentos antes nunca sentidos ou percebidos afloram repentinamente e nas mais variadas situações. O corpo muda fisicamente e esta é uma das mudanças mais perceptíveis nesta fase de transição da infância para a adolescência e os jovens estão incansavelmente à procura de uma nova identidade.
E a Gestalt-terapia é uma versão integrada da fenomenologia e do behaviorismo, é uma abordagem clínica, com teorias clínicas específicas. Esta abordagem tem seus princípios e métodos relacionados, principalmente em conceitos como a liberdade, a responsabilidade e a existência enquanto formadora de uma essência que se encontra em constante transformação. Suas técnicas são bem variadas, mas representam apenas um caminho a ser preenchido por situações que aparece em ambiente terapêutico.
Temos uma orientação semelhante à da fenomenologia porque respeitamos a experiência interior do indivíduo: o trabalho terapêutico baseia-se na perspectiva do próprio cliente. Ao mesmo tempo, modificamos comportamentos concretos de maneira graduada e cuidadosamente articulada. Com isso, uma das qualidades singulares da Gestalt-terapia é a ênfase na modificação do comportamento de uma pessoa, dentro da própria situação terapêutica. Essa modificação comportamental sistemática, quando brota da experiência pessoal do cliente é chamada de experimento (ZINKER, 2007, p. 141 apud LIMA, 2019).
Em relação à adolescência, para o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, o adolescente é considerado um sujeito de deveres e de direitos em relação à nossa sociedade. Este período é compreendido dos 12 anos aos 18 anos incompletos, que considera o indivíduo em formação (BRASIL, 2005 apud LI).
Na atuação do gestalt-terapeuta com adolescentes, o psicoterapeuta deve perceber como acontece as interrupções no contato do cliente com o seu mundo e como ocorre o processo contínuo de conscientização em relação a este fenômeno, gerando assim energia para superar os conflitos provenientes do âmbito escolar, familiar e pessoal. No trabalho com adolescentes, percebemos a necessidade de usar experimentos para promover o diálogo entre psicoterapeuta e cliente, para facilitar a awareness, propiciar a compreensão de si mesmo e integrar as polaridades. É fundamental que o psicoterapeuta possa conhecer e se apropriar dos experimentos para conduzir um trabalho ético com adolescentes (LIMA, 2019). Os experimentos, técnicas da cadeira vazia, exageração, representação, identificação, viagens fantasias e outras, servem como instrumento para que juntos na relação terapêutica, psicólogo e cliente consigam se aprofundar no conhecimento do experienciado pelo consulente e tudo que envolve a relação deste sujeito consigo mesmo e com o meio que o cerca.
ATENDIMENTO NA GESTALT TERAPIA COM ADOLESCENTES
No atendimento com Gestalt terapia utiliza-se de dois pontos básicos para apoio na prática clínica: a abordagem dialógica e o método fenomenológico. A postura dialógica tem importância devido ao estabelecimento de vínculo entre terapeuta e cliente. Esta confiança, conhecida também como o espaço do “entre”, permite ao cliente se derramar em um ambiente de compreensão, expondo seus conflitos, mágoas, expectativas e sua forma de enxergar o mundo e a si mesmo. O outro ponto de apoio no manejo clínico desta abordagem é o método fenomenológico, que seria o “estudo dos fenômenos”, isto é, daquilo que é dado à consciência. 
Para entendermos a realidade do paciente, o psicoterapeuta deve suspender o próprio julgamento e a experiência pessoal a respeito das coisas (suspensão fenomenológica). Esta base indica que o psicoterapeuta, precisa valorizar a experiência presente, dando conta do que está acontecendo na situação, com ele mesmo e com o ambiente. Como cita FRAZÃO: É preciso que o terapeuta, num primeiro momento, esvazie-se o mais possível diante do seu novo cliente, a ponto de se abrir para se surpreender com ele. Olhar com interesse para essa pessoa que chega, deixar-se impressionar por ela sem a priori, procurar possíveis patologias ou potenciais ainda não desenvolvidos... afinal, a condução do processo é feita pelo cliente, não pelo terapeuta. (2015, p. 8- 9). Por esses motivos como disse Laura, nossa entrevistada, “saber respeitar o tempo deles é fundamental, pois nas primeiras sessões eles geralmente não falam muito, requer paciência por parte do Terapeuta e manejo clínico.”
E como afirma Fritz Perls (1977, p.16), fundador da Gestalt-terapia, “quanto menos confiança tivermos em nós mesmos, quanto menos contato tivermos com nós mesmos e com o mundo, maior será o nosso desejo de controle”. Não é uma postura passiva, mas precisamos aproveitar a situação da melhor forma possível, visando ao desenvolvimento da awareness, que significa tomada de consciência de si, dentro da experiência presente. A awareness é o ponto central de todo o processo de restauração do equilíbrio e de autorregulação do organismo. A Gestalt-terapia é também chamada de terapia do contato. O contato nesse caso é a interação que eu tenho com o meio, comigo mesmo (corpo, estados internos), o meio animado (o próximo, amigos, natureza), o meio inanimado (situações, objetos) (ZINKER, 2007). O processo de fala e de repetições são oportunidades para se captar o que é novo, ou seja, ampliar a possibilidade de awareness (aprofundamento do contato).
Já o autor Souza Sá, em seu texto “Gestalt no atendimento a adolescentes”, traz o seguinte conceito de contato: “Contato é uma palavra mágica, é sinônimo de encontro pleno, de mudança, de vida. É convite ao encontro, ao entregar-se. É um processo, cujo sinônimo é cuidado, a alma do contato. Sem ele, o contato, simplesmente, não existe”. (SOUZA SÁ, 2001 apud RIBEIRO, 1997, p. 13). 
Segundo o mesmo autor (2001, p. 74), 
 entrar em contato é abrir-se para..., é ir ao encontro de..., livre para se descobrir e para descobrir o outro e o meio ambiente. É disto que o adolescente necessita para se encontrar, se descobrir, enfim para nascer verdadeiramente para uma nova fase da vida. 
Às vezes, o adolescente para manter a saúde mental ou simplesmente não querer aprofundar mais o contato, pode retrair-se, visto que os adolescentes têm dificuldade de pôr em palavras o turbilhão que vivem dentro deles, como dito pela nossa entrevistada. E o fato de não querer contato, também é uma forma dele. Segundo Polster & Polster (1979, p. 102, apud FRAZÃO, 1995, p. 146-7), 
 para que haja a awareness é necessário haver contato, embora possa existir contato sem que haja awareness.É através do contato que a relação com o mundo pode ser nutritiva. Ele é o responsável pelas mudanças da pessoa e das experiências que ela tem do mundo (Polster & Polster, 1979, p.102).
Segundo Oaklander (2008, p. 114 apud ZANELLA, 2013, p. 35), “para que uma sessão seja produtiva, o adolescente e o terapeuta devem estar em contato, plenamente presentes.” “Ou seja, é a atitude, a presença do psicoterapeuta que surge na sessão, aceitando e confirmando a pessoa em seu potencial”. (Yontef, 1998, apud ZANELLA, 2013, p. 35). O terapeuta não pode ser onipotente, ou seja, somente ele quem sabe. Sem a capacidade de relação, sem o vínculo estabelecido, a terapia não irá funcionar, “...aquilo que se escuta depende daquilo que se conhece e a experiência demonstra que saber escutar é tão difícil quanto saber falar. Somente aquele que já escutou é capaz de falar” (ANDOLFI, 1996). 
Nesta frase, Andolfi representa um fato que pode se fazer muito presente na terapia, seja de criança, adolescente ou adulto, o silêncio. Em seu texto “O silêncio no encontro terapêutico”, é exposto o fato de que não há muita literatura sobre o tema, que se pode chamar de comunicação não verbal. O silêncio do psicólogo, quando transmitido demonstrando interesse pelas questões do paciente, tanto as ditas quanto as não ditas, adquire um significado importante ao paciente, o que produz efeitos posteriores. O paciente percebe no silêncio do terapeuta seu interesse por suas preocupações e angústias, o que pode estimulá-lo a falar e a fazer reflexões.
Frazão traz a importância de o Gestalt terapeuta perceber que sob a camada autocentrada existe uma aguda e dolorosa frustração da necessidade do encontro. Esta sensibilidade é fundamental no exercício do papel do terapeuta. A escuta e a fala interagem constantemente, pois o ser humano tem a necessidade de falar, mas também precisa ser ouvido. Porém, quando a fala torna-se difícil, o silêncio apresenta diversas possibilidades de sofrimento, angústias ou qualquer outra situação ou sentimento que o paciente esteja vivenciando. Segundo Scheidt (2008),
 O papel do terapeuta na Gestalt Terapia, não é o de interpretar, pois isso é projetar algo que é seu no cliente. Sua postura então é a de não procurar resposta no outro, mas deixar que o cliente perceba o que está aparecendo. Assim, o contato cliente/terapeuta é possibilitar que ao vivenciar a situação, o cliente se dê conta do que é a experiência e para isto o terapeuta fica atento à expressão do óbvio que aparece na postura do cliente e solicita que ele mesmo a perceba e dê o seu próprio significado. Ser terapeuta é aceitar o paciente, sendo que aceitar é estar com o cliente como ele pode estar naquele momento. Formar vínculos terapêuticos é poder partir do que o paciente tem como possibilidade de crescimento e de auto realização, sendo assim, o papel do terapeuta de auxiliador e acompanhante para acontecimentos vividos e revividos dentro do processo figura fundo experienciados no aqui agora do processo de terapia, possibilitando em consequência um fechamento de assuntos inacabados quando esses existirem. (SCHEIDT, 2008, p. 13).
É fundamental também, que não haja, por parte do terapeuta, nenhuma interpretação dos fatos, nenhum pré-conceito ou julgamentos à priori, isto seria totalmente contrário do que prega a Gestalt-terapia e suas influências, como a fenomenologia. Nossa entrevistada diz que: “a fenomenologia traz de mais importante é a ideia de que você vai trabalhar com o fenômeno e ele é importante. O fenômeno se refere a qualquer coisa que acontece e é mais importante do que eu penso sobre ele e não é um resumo simbólico das coisas.” Compreendemos, também, que o silêncio durante o encontro terapêutico tem um significado muito potente. É importante que o terapeuta saiba silenciar, para encorajar o paciente no seu desenvolvimento e autonomia, pois ele irá buscar de ajustamentos para se expressar. O silêncio pode trazer certo desconforto ao terapeuta, porém seu conteúdo implícito é de grande relevância ao processo terapêutico.
HABILIDADES TERAPÊUTICAS
As habilidades terapêuticas na clínica com adolescentes são diversas e devem ser apresentadas de forma sutil e com delicadeza. Um dos primeiros desafios para o gestalt-terapeuta será lidar com a própria capacidade de frustração, pois o trabalho com o adolescente vem a exigir certos cuidados criativos. O maior desafio relatado pela profissional em nossa entrevista é compreender que como o adolescente muitas vezes está em terapia por conta de terceiros, existe uma má vontade inicial na atitude do adolescente nas primeiras sessões. A habilidade do psicoterapeuta será exigida na construção do vínculo afetivo e a partir da confiança, estes serão pilares fundamentais ao processo.
Desta forma a postura do psicoterapeuta varia com a maneira como o adolescente chega à terapia, certos adolescentes chegam com uma carga emocional de raiva muito grande e a projetam no terapeuta, que no seu exercício profissional deve acolher com delicadeza, paciência e firmeza o conteúdo emocional que afeta esse jovem fragilizado(FRAZÃO, FUKUMITSU, 2016).
Como segundo desafio, é relatado a dificuldade na expressão dos sentimentos, sendo preciso que o psicoterapeuta se adapte a linguagem do “mundo adolescente”. É nesta etapa da vida que ocorre a aquisição do pensamento abstrato, o qual lhe permite levantar hipóteses, fazer uso de metáforas para explicar o comportamento humano e assim entender o mundo em sua complexidade. Permitindo as reflexões sobre as qualidades físicas, emocionais, comportamentais que tem, gostaria de ter e vislumbra no outro (conhecido e desconhecido). A abstração abre caminho para julgamentos do seu comportamento, seu corpo, seu eu, especulando novas formas de contato (afetivo, sexual, social). Anseia por sentir-se pertencente, incluso, aceito pelos pares – o grupo de amigos assume grande importância em sua vida social e psicológica, o que o leva a temer a rejeição (FRAZÃO, FUKUMITSU, 2016). 
Assim, a psicóloga Laura confessa que se esforça na busca de recursos criativos como (séries, filmes etc.), para facilitar a comunicação e estabelecer uma relação com esse mundo novo que se apresenta e está em constante movimento, auxiliando no manejo clínico. Pois como diz Frazão e Fukumitsu (2016), o atendimento com adolescentes pressupõe revisitar a própria adolescência do terapeuta, isso vai ajudar a entrar em contato com temas íntimos da adolescência, os conflitos vividos com o corpo, com a família e com os amigos.
Por fim, outra habilidade necessária do gestalt-terapeuta, além de estabelecer uma relação dialógica, é conseguir manter uma atitude de presença com o jovem (MIRABELLA, 2013 apud LIMA, 2019). Deve-se ter uma disponibilidade e interesse em atender este público, ou seja, sentir-se à vontade para conversar sobre as vivências do adolescente e conseguir acessá-lo com a sua atuação. Os temas que são trabalhos no processo psicoterápico com adolescentes são provenientes da sua fase de desenvolvimento ou de problemáticas vividas no seu contexto social, escolar e familiar, como, por exemplo, a sexualidade, as dificuldades de relacionamento com os pais e a família, escolhas profissionais, uso de substâncias psicoativas, automutilação, transtornos alimentares, problemas relacionados à escola (aprendizagem, bullying, cyberbullying, violência entre professor e aluno), as ideações suicidas, entre outros(LIMA, 2019).
Referências:
FRAZÃO, L.M., FUKUMITSU, K.O. Modalidades de intervenção clínica em Gestalt-terapia. Recurso digital, Gestalt-terapia: fundamentos e práticas organização – São Paulo: Summus, 2016.
LIMA, Deyseane Maria Araújo. O self-box como experimento na atuação do gestalt-terapeuta com adolescentes. Rev. abordagem Gestalt., Goiânia, v. 25, n. 3, p. 313-322, dez. 2019. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672019000300010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 20 nov. 2020. http://dx.doi.org/10.18065/RAG.2019v25n3.10.ANDOLFI, Maurizio. A linguagem do encontro terapêutico. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. 
Dicionário de Gestalt-terapia, “GESTALTÊS”. Disponível em: Acesso em: 23 set. 2017.
In: Dicionário Etimológico. Disponível em: Acesso em: 12 set. 2017. 
FIGUEIROA, M. As técnicas em Gestalt-terapia. In A clínica, a relação psicoterapêutica e o manejo em Gestalt-terapia / organização Lilian Meyer Frazão, Karina Okajima Fukumitsu. São Paulo: Summus, 2015.
FRAZÃO, Lilian Meyer. A relação psicoterapeuta-cliente. Psicologia USP, v. 6, n. 2, 1995. Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicousp/v6n2/a11v6n2.pdf >. Acesso em: 26 nov. 2017.
FRAZÃO, M. L.; FUKUMITSU, O. K. (Org.) A clínica, a relação psicoterapêutica e o manejo em gestalt-terapia [recurso eletrônico]. São Paulo: Summus, 2015. Disponível em: Acesso em: 05 nov. 2017. 
SCHEIDT, Cibele Machado. Gestalt Terapia – descobrindo vínculos terapêuticos. 2008. Monografia (Comunidade Gestáltica-Centro de Formação, Especialização e Aperfeiçoamento em Gestalt Terapia) – Florianópolis, 2008. Disponível em: Acesso em: 24 set. 2017. 
SOUSA SÁ, Selma de Paula. Gestalt no atendimento a adolescentes. Revista do VII Encontro Goiano de Abordagem Gestáltica. Goiânia, maio de 2001, p 73-81. 
ZANELLA, Rosana. A clínica gestáltica com adolescentes: caminhos clínicos e institucionais [recurso eletrônico]. São Paulo: Summus, 2013.
PERLS, F. Abordagem gestáltica e testemunha ocular da terapia. Rio de Janeiro: Zahar, 1977
ZINKER, J. Processo criativo em Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 2007.
ANEXO
ENTREVISTA 
Entrevistamos a Psicóloga Laura Cristina da Costa Ferreira, formada pela UERJ (2003), Gestalt-Terapeuta e atua desde então na clínica com adolescentes e adultos na Tijuca. 
Há quanto tempo atende adolescentes?
R: Já atendo adolescentes há uns 4/5 anos e sinto uma busca maior por atendimento ultimamente.
Existe algum manejo diferencial no atendimento clínico com adolescentes (Técnicas etc.)?
R: Tenho certa precaução de utilizar alguma técnica e experimentos nos primeiros atendimentos. Mas procuro assistir aquilo que o adolescente assisti, como séries, filmes, leio livros do universo adolescente e os jogos que gostam de jogar. Vejo que isso me ajuda produzir relações melhores com eles e consegue perceber que eu sei do que ele tá falando, pois estou na linguagem dele. Com isso, trago coisas nas sessões voltadas para a sua linguagem e assim amplia o recurso dele de se comunicar, visto que os adolescentes tem dificuldade de pôr em palavras o turbilhão que vivem dentro deles.
Qual a maior diferença(s) no atendimento com adolescentes?
R: Atender adolescentes é saber lidar com a capacidade de frustração tremenda para o terapeuta. O adolescente vai a terapia muitas vezes por conta de um terceiro (família, escola etc.) e não por conta própria. Como já relatei, eles têm uma dificuldade para se expressarem sobre seus sentimentos. Assim, busco meios/ recursos para que ele possa conseguir falar sobre isso (séries, filmes etc.). Saber respeitar o tempo deles é fundamental, pois nas primeiras sessões eles geralmente não falam muito, requer paciência por parte do Terapeuta e manejo clínico.
Como se estabelece a sua relação com a família dos adolescentes?
R: Nos primeiros atendimentos, dependendo da história dele, converso com o adolescente primeiro e depois com a família no mesmo dia. É preciso saber deixar claro sobre o sigilo dos atendimentos tanto para o adolescente como para a família. A família as vezes acha que o psicólogo será um X9 desse sujeito, por isso é necessário deixar isso claro. Ouvir a família também é fundamental, pois assim vemos como eles veem o adolescente, que acaba sendo diferente da visão que o próprio tem dele mesmo. As vezes faço sessões conjuntas com a família e o adolescente para que ele fale o que precisa para eles e o terapeuta está ali para ajudar e auxiliar nesse processo. É preciso entender que a família não é inimiga desse sujeito. Impor limite aos familiares e manejar tais limites é fundamental na clínica.
Para você, qual o maior desafio e prazer no atendimento com adolescente?
R: O maior desafio para mim é a má vontade inicial dele. Assim como o silêncio nos primeiros atendimentos e saber como sustentar ele na clínica e construir uma confiança com o adolescente é desafiador. O prazer seria quando conseguimos criar um espaço de contato com ele, construindo a confiança. Por isso é necessário entender a sua linguagem. 
Você percebe alguma similaridade nos atendimentos com os adolescentes? 
R: Atualmente nesse período de Covid percebi o quanto eles se envolveram com o isolamento de uma maneira profunda, estão preocupados e atentos ao que está acontecendo. Estão olhando para a família de outra maneira, com mais cuidado e zelo. Mas, algo recorrente também é como para eles ainda há uma preocupação com opinião do outro. Também percebo que as famílias hoje estão mais tolerantes com certas coisas, porém ainda com dificuldade para ouvir esse adolescente.
Como você lida com essa fronteira de contato com os adolescentes?
R: A fronteira de contato na Gestalt ela é o conceito do conceito, então a ideia de contato é a ideia do encontro, algo acontece. A fronteira no adolescente é deixada porque está em construção, então deve-se entender o que disso é um processo de construção dessa fronteira. O que acontece e que o adolescente coloca aquela barreira que tem 7 km, uma muralha da China que ninguém ver o que tem dentro e nem o que tem fora. O trabalho do terapeuta habilidoso é primeiro entender que você não deve entrar na fronteira de ninguém, e sim que o encontro se dar na fronteira. O problema que eu vejo nos adolescentes é o excesso de reclusão, eles passam muito tempo fechados dentro dos quartos, agora durante a pandemia eu fico chocada em ver famílias que não batem nem na porta do quarto para ver se o adolescente está vivo. Estamos vendo também muito adolescentes com ansiedade por causa das redes sociais, do medo da exposição e dos riscos. Eu acho que são esses pontos das fronteiras que devem ser observadas, além disso como tem parte da fronteiras que os adolescentes colocam aquelas barreiras enorme, tem outras partes que tem 3 cm de barreira, e ai vem as questões de relacionamentos abusivos, amizades toxicas, violências e estrutura de relacionamento bizarras. O terapeuta tem que estar atento nessas fronteiras, para saber se o adolescente está fazendo ela de modo saudável ou não. 
A Gestalt- Terapia com adolescentes tem influência na fenomenologia quais são as suas intervenções em relação a esse método? 
R: O que a fenomenologia traz de mais importante é a ideia de que você vai trabalhar com o fenômeno e ele é importante. O fenômeno se refere a qualquer coisa que acontece e é mais importante do que eu penso sobre ele e não é um resumo simbólico das coisas. Por exemplo, você está falando com o adolescente e ele está com a cara fechada, os braços cruzados, com um bico e balançando o pé. Você pode por exemplo, perguntar para ele se ele tem consciência de onde estão os braços dele naquele momento, você pode também imitar ele, isso se chama espelhar o movimento do outro. Mas não deve ser feito nos primeiros encontros. Você pode chamar atenção da pessoa para os movimentos que ela está fazendo, a mudança da sua respiração, porque muitas vezes eles não percebem. E assim você consegue conectar o paciente com o aqui e agora. 
Como você trabalha o corpo do paciente na terapia?
R: Eu trago sempre que eu posso o corpo para clínica, porque o terapeuta deve estar sempre atento aos fenômenos. Às vezes o terapeuta principalmente aqueles que acabaram de se formar, ficam preocupados com coisas supérfluas, como por exemplo: Não lembrar do nome do cachorro da pessoa ou do nome de um parente. Quando você deve ficar atento aos fenômenos que estão acontecendo na terapia, por exemplo o paciente chegou e fica mexendo no cabelo o tempo inteiro, solta e prende ele a cada instante ou está com um tênis e fica enrolando o cadarço. Você percebe também a respiraçãocurta no paciente, tudo isso é recurso para o terapeuta. Outro exemplo, é a pessoa estar contando uma história triste, mas está fazendo isto rindo. Esta desconexão você só percebe aqui e agora, você pode perguntar para a pessoa sobre quando aconteceu aquela situação que ela está relatando, o que ela sentiu no corpo e onde ela está sentindo agora. São alguns recursos que você consegue trazer na terapia. 
Você já lidou com alguma questão ética delicada na atuação com adolescentes? 
R: Sim, estou com um caso complexo agora, que não é bem um problema na questão ética, mas que pode virar uma coisa chatinha de resolver. Um adolescente que está passando por um processo judicial de guarda, onde também está envolvido um processo de alienação parental. A mãe é uma figura bastante caótica e complexa, que pode me dar bastante trabalho. E o menino está se desenvolvendo muito, as fronteiras dele está cada vez mais clara para ele e ficando cada vez mais clara para a mãe, que não suporta limites. E quando ele faz esses limites, ela avança com autoridade, com medo e com violência. E essas situações são complexas porque, envolve esse processo de alienação parental e muitas brigas. Que me gasta muito neurônios e muitas trocas com colegas, porque vou precisar fazer um documento para ser anexado ao processo, que ainda tem a questão do que você gostaria de dizer e o que você pode dizer no documento. Esse caso é bem delicado. 
Como você trabalha com sonhos na Gestalt-Terapia?
R: A Gestalt tem um trabalho com os sonhos, que é de trabalhar os sonhos a partir das partes segundo o que o Perls fala sobre isso. Quando o sonho aparece, eu tento ampliar ali sobre as sensações que o paciente sente sobre o que aparece nos sonhos. Às vezes, eu seleciono algumas partes dos sonhos e trabalho. E diante disso trabalho as sensações que aquelas partes do sonho trouxe e pergunto sobre essas mesmas sensações que aparecem em outras situações na vida do cliente. Eu tento ir para esse lado, mas não é o foco do meu trabalho.
 
Como você trabalha a questão do sigilo em grupos e em instituição? 
R: Eu trabalhei com adolescentes a um tempo atrás em uma ONGs e era delicado, porque nas instituições você tem os 2 níveis, a família e a instituições, que funciona muitas vezes como uma família também que quer saber das coisas. O que bate muito nessa pergunta em relação a instituição, e que a instituição precisa compreender que a terapia não serve para corrigir as pessoas. E com o grupo e quase como se todo mundo estivesse defendendo uma bandeira, mas continuamente entender o que aquilo significa, e como é importante o conteúdo que é do outro. E aí que entra o sigilo, você compartilhar o seu conflito e não o do outro. 
Você já atendeu algum caso que envolvia Bullying ou suicídio?
R: De bullying sim, e o que eu estou vendo ultimamente são casos de automutilação, onde adolescente estão se cortando ou se machucando e estabelecem essa relação com o próprio corpo. Eu entendo que a terapia com adolescente, o psicólogo tem a função de apoiar o adolescente em construir um outras formas para dialogar com a sua dor diante do mundo, e isso eu acho que às vezes e confundido de dirigir o adolescente e dizer o que ele deve fazer. Não se deve confundir a automutilação com o suicídio, não e porque o adolescente se automutilou que ele tem pensamentos suicidas. Precisamos entender esse novo mundo que os adolescentes estão vivenciando. Eu tive um caso na clínica de uma menina, que se machucava, mas não atendi nenhum caso de tentativa de suicídio mesmo.

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