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E-book do Módulo 1- analise do ambiente internacional de negocios

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Página 1
ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
Página 2
ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
SOBRE ESTE CONTEÚDO
Todos os direitos reservados a MIB - Massachusetts Institute of Business.
Material teórico didático para subsídio no processo de ensino e aprendizagem.
Coordenação: João Alfredo Lopes Nyegray.
Professor: João Alfredo Lopes Nyegray.
Direção por: Marcus Vinícius Franquine Tatagiba.
 Página 3
ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 4
COMPONENTES PRINCIPAIS DO AMBIENTE INTERNACIONAL ....................... 4
Globalização e a nova forma de se fazer negócios ....................................................... 5
Estados como atores internacionais .............................................................................. 7
Organizações Internacionais ............................................................................................ 8
Empresas Multinacionais ................................................................................................. 9
Cultura e Gestão Intercultural ...................................................................................... 10
RELAÇÕES ECONÔMICAS GLOBAIS E COMÉRCIO ......................................... 12
Comércio e Transações Internacionais .................................................................... 13
Comércio Exterior e Competitividade ............................................................................ 14
Comércio Exterior de Serviços ..................................................................................... 16
Comércio Exterior e Projetos Internacionais ................................................................ 17
INTERNACIONALIZAÇÃO E OPORTUNIDADES DO MERCADO
INTERNACIONAL ........................................................................................................ 19
Internacionalização ......................................................................................................... 19
Por que internacionalizar? ............................................................................................. 21
Modos de entrada e operação ..................................................................................... 22
Busca de oportunidades para a internacionalização ................................................. 23
PROJETOS E ANÁLISE INTERNACIONAL ............................................................ 25
Projetos e análises internacionais: motivações e riscos ............................................ 25
Estratégia para a área internacional ............................................................................ 27
Aspectos centrais das análises internacionais ............................................................ 28
Métricas e Técnicas de Análise de Negócios .............................................................. 30
Análise de Negócios Internacionais ............................................................................... 32
Tendências Internacionais ............................................................................................. 35
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 37
Página 4
ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
INTRODUÇÃO
Vamos pensar por um instante: quantos países existem hoje? São em torno de 196
países, mais alguns territórios como Vaticano e a Palestina. Arredondemos para 200. Agora,
imagine quantas línguas diferentes não são faladas em cada um desses 200 países! Ok,
alguns países podem falar a mesma língua, com algumas diferenças, como Brasil, Portugal
e Angola ou Estados Unidos, Austrália, Canadá e Inglaterra. Outros, por outro lado, possuem
vários idiomas e dialetos oficiais, como a África do Sul. Cada um desses países, com um
ou com vários idiomas e dialetos pode ser berço de diversas culturas diferentes. Cada uma
dessas culturas com seus hábitos, costumes e padrões do que é ou não é “normal” de
acordo com sua própria lógica.
Por entre esses diversos países, berços de diversas culturas, estão as maiores empresas
de cada nação. Algumas expandiram-se para o exterior, outras apenas dominam os
mercados nacionais. Essas empresas obedecem às regras e leis de seus países, com as
quais já estão bem familiarizadas. Quando buscam internacionalizar, por outro lado, precisam
se adaptar às culturas, idiomas, leis e regulamentos dos países hospedeiros. Permeando
todo esse cenário complexo, existem organizações e leis internacionais que buscam
normatizar um pouco o sistema internacional. Você percebe como esse pequeno mundo
onde vivemos é complexo?
É justamente para entender toda essa complexidade que existe a análise de negócios.
Seu objetivo é fornecer um caminho mais seguro para que as empresas sigam. Por isso
sempre que falamos em análise de negócios trazemos o tema dos projetos internacionais.
A grande maioria dessas análises serve para criar ou gerenciar projetos de
internacionalização.
COMPONENTES PRINCIPAIS DO AMBIENTE INTERNACIONAL
Estima-se que, quando estourou a crise da bolsa de valores de Nova York em 1929,
a notícia levou pelo menos uma semana para chegar aos negociadores paulistas de café,
em São Paulo. Naquele tempo, nas primeiras décadas do século XX, a informação não
viajava como viaja hoje, de forma instantânea. Levava-se tempo para se ficar sabendo o
que havia ocorrido em outros lugares, e ainda mais tempo para medir o impacto de tais
acontecimentos nos negócios.
E hoje em dia? Quanto tempo depois dos fatos nós ficamos sabendo de sua
ocorrência? Ficamos sabendo imediatamente. As tecnologias da informação, que evoluíram
a passos largos no decorrer do século XX, aproximaram os países e, de certa forma,
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
removeram as fronteiras da distância. E você já parou para pensar qual o impacto desse
fato para o mundo dos negócios? É imenso! A sua empresa deixa de concorrer apenas
com seus rivais locais, e passa a concorrer com qualquer outra empresa do planeta que
produza os mesmos bens. Se a concorrência aumentou, aumentou também as possibilidades
de escolhas dos consumidores, que já não compram mais como antigamente. Isso pode
ser tanto uma oportunidade, para as empresas e profissionais bem preparados, quando
uma ameaça para aqueles que não têm conhecimentos na área.
Hoje, o comércio virtual está plenamente difundido, e nós compramos tanto de sites no
exterior quanto de sites nacionais. Além disso, os produtos que muitas das grandes empresas
oferecem aqui são exatamente os mesmos oferecidos no exterior. Nike, Ford, Fiat, Toyota,
Tommy Hilfiger, Levi’s, Ralph Lauren, Calvin Klein, Absolut Vodka, Apple, Samsung, Microsoft,
e tantas outras empresas de vários outros segmentos estão absolutamente difundidas pelo
mundo.
Como você pode perceber, é fácil lembrarmos dessas grandes marcas, plenamente
globalizadas e internacionalizadas. E as pequenas e médias empresas, como podem entrar
no ciclo do comércio e das relações internacionais? De várias maneiras, e uma delas é
através dos projetos internacionais, que você verá a partir daqui!
GLOBALIZAÇÃO E A NOVA FORMA DE SE FAZER NEGÓCIOS
Globalização é um daqueles termos muito comentados, mas pouco entendidos realmente.
Existem aqueles que acham que a globalização é algo novo, recente, ligado ao avanço da
internet. E não é. A globalização é um fenômeno antigo: o próprio Alexandre o Grande, rei
da Macedônia, buscou expandir ao mundo conhecido de então aspectos diversos da vida e
da cultura helênica da época. Depois, os romanos antigos buscaram levar suas leis e culturas
para fora de sua bela cidade, e expandiram as fronteiras do império romano pela Europa
de então.
Viu só? Não é de hoje que a globalização existe. Justamente por isso é tão difícil traçar
sua história. O que podemos perceber comalguma clareza, é que a globalização, como a
conhecemos hoje, com inegável impacto nos negócios, tem seu início com as Grandes
Navegações dos séculos XV e XVI, que acabam por alterar a balança comercial da época.
Mais tarde ainda, é com a Primeira Revolução Industrial, e com a nova tecnologia do motor
a vapor, que se aprimoram os transportes, especialmente o marítimo e o ferroviário.
A partir desse momento, uma série de novas tecnologias vão aprimorando não só os
transportes, mas os processos de produção e de manufatura. A partir do momento em que
as Revoluções Industriais alteram os paradigmas produtivos – de um modo de produção
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
artesanal para um modo de produção em escala industrial – passa a haver uma maior
oferta de uma série de produtos. Com isso, além de uma redução geral de preços motivada
pela maior oferta de produtos, passa a haver um excedente exportável. É em torno do início
do século XX que a eletricidade e o aço passam a se difundidos, colaborando ainda mais
para a globalização.
Concomitantemente, a humanidade passa a desenvolver tecnologias cada vez mais
avançadas, como o telefone, o avião, o telégrafo e tantos outros facilitadores da vida. Após
1945, surgem as Organizações Internacionais interessadas em regular o ambiente
internacional, seja para assuntos de paz e guerra, seja para assuntos financeiros e de
comércio. Por fim, as telecomunicações se revolucionam a partir da década de 1980, e as
tecnologias bancárias tornam-se cada vez mais modernas.
Todos esses fatores e aspectos contribuíram para a integração do mundo através do
processo de globalização. E quais os impactos disso? Os impactos são vários: os transportes
mais eficientes de navios e aviões maiores e mais rápidos, as comunicações, as
transferências financeiras, os acordos internacionais e tantos outros aspectos acabam por
industrializar, integrar e desenvolver o mundo cada vez mais. Por conta disso, as economias
tornam-se mais integradas e os estilos de vida em muitos lugares – principalmente no
ocidente – convergem para gostos e preferências semelhantes. Tudo isso colabora para
que muitas empresas tornem-se globais. Basta que vejamos um símbolo, um logotipo, em
qualquer lugar do mundo, para sabermos a qual empresa e a qual produto tal marca se
refere. É por conta de todos esses fatores que podemos dizer:
A globalização dos mercados abriu inúmeras oportunidades
de negócios às empresas que se internacionalizaram. Ao
mesmo tempo, ela implica a adaptação das empresas a novos
riscos e uma acirrada concorrência de competidores
estrangeiros. A globalização resulta em compradores mais
exigentes, que buscam as melhores ofertas de fornecedores
mundiais. (...) Os gestores das empresariais (penso se
empresas) devem, cada vez mais, adotar uma orientação
global em vez de um foco local (CAVUSGIL; KNIGHT;
RIESENBERGER, 2010).
E você, está preparado para adotar uma orientação global no seu trabalho?
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
ESTADOS COMO ATORES INTERNACIONAIS
Anteriormente vimos como algumas grandes empresas estão presentes no mundo todo.
Vimos também que a globalização agiu como padronizadora de estilos de vida em muitos
lugares – principalmente no ocidente – o que gerou uma convergência para gostos e
preferências semelhantes. Mas e os países, os Estados, ficam como nesse cenário? Como
entes passivos?
Não! Os Estados continuam participando ativamente. A grande diferença é que,
antigamente, os países eram os grandes atores das relações internacionais, os principais,
mais importantes e mais ativos participantes. Hoje em dia, as empresas, os indivíduos e as
organizações internacionais também ganharam voz. Essa alteração ocorre, principalmente,
após a Segunda Guerra Mundial. É a partir daí que se consolidam as Organizações
Internacionais como a ONU. Ademais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de
1948 dá ao indivíduo proteção internacional e alguns direitos fundamentais,
independentemente de onde essa pessoa tenha nascido.
Assim, a progressiva integração mundial fez com que outros entes internacionais
ganhassem importância. Isso não significa, no entanto, que os Estados hoje sejam apenas
entes passivos, pelo contrário. Numa tentativa de gerar segurança e ordem internacional,
aos Estados cabe participar nos fóruns e reuniões internacionais, redigir e aprovar acordos
e normas, firmar tratados e estabelecer alianças.
É de se lembrar que, no caso brasileiro, qualquer acordo internacional ao qual nosso
país tenha se comprometido, deve ser submetido à aprovação do Congresso Nacional para
que passe a fazer parte de nosso ordenamento jurídico. Esse ponto é mais uma mostra do
papel que o Estado desempenha nas relações internacionais da atualidade. Existem,
obviamente, outros fatores que merecem atenção.
Ao buscar a internacionalização, as empresas devem seguir as leis dos países
hospedeiros. Nesse caso, podem haver leis e normas no destino que não existem no país
de origem. Além das empresas os profissionais internacionais devem estar atentos também
às condições legais impostas pelos Estados às empresas estrangeiras:
Muitas nações impõe restrições à entrada de investimento direto
estrangeiro (IDE). Por exemplo, no Japão, o daitenhoo (lei das
lojas de varejo de grande escala) coibiu estrangeiros de abrir
lojas no estilo atacadista como Walmart (...), restringindo as
operações de gigantes varejistas (...). Na Malásia, as empresas
que desejam investir em negócios locais devem obter a
permissão do Malaysian Industrial Development Authority, que
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
examina as propostas para garantir que se adequem às metas
da política nacional. Os Estados Unidos restringem
investimentos estrangeiros que julgam afetar a segurança
nacional; os de grande porte devem ser examinados pelo U.S.
Committee on Investments (CAVUSGIL; KNIGHT;
RIESENBERGER, 2010).
Perceba como os Estados desempenham um papel importante não só no sistema
internacional, mas também na normatização de uma série de atividades. É de extrema
importância que, para o sucesso dos projetos internacionais e de seus profissionais, haja
atenção detalhada às mais variadas regulamentações. Obviamente que você não precisa
tornar-se extenso conhecedor das leis de todos os países, mas apenas daquelas leis que
podem afetar o seu projeto no país que você pretende abordar.
Além das leis sobre investimento estrangeiro direto, existem outras sobre marketing,
distribuição, repatriação de lucro, meio ambiente e contratos. Por fim, existem uma série
de riscos que os Estados podem apresentar aos projetos internacionais. O risco-país, por
exemplo, tenta alertar a respeito dos perigos de se fazer negócio em determinados locais.
Algumas nações são conhecidas por confiscar propriedades privadas, sobretaxar
empresários e não respeitar contratos ou propriedade intelectual. Nesses locais, raramente
se farão grandes negócios.
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
No decorrer do século XIX os Estados europeus digladiaram-se para dividir a África,
aumentar suas colônias e o poder de seus impérios. Uma complicada política de alianças,
somada aos conflitos do imperialismo, acabou levando à Primeira Guerra Mundial. No
decorrer desse primeiro conflito, enquanto os estados europeus estavam envoltos nas
hostilidades, os Estados Unidos tornaram-se o grande produtor e fornecedor mundial de
bens.
Com o fim da guerra em 1918, os estadunidenses mantiveram seu elevado ritmo de
produção, o que gerou a crise da superprodução de 1929. Após a deflagração da crise, os
países afetados adotaram políticas protecionistas, discursos nacionalistas e de ódio. Os
ânimos ferveram e em 1939 os alemães invadem a Polônia dando início à Segunda Guerra
Mundial.
Por mais difícil que seja conjecturar o que não foi, mas que poderia ter sido vamos
imaginar por um minuto: e se, na época da Primeira e da Segunda Guerra, houvesse
Organizações Internacionais (OI’s) capazes de utilizardo diálogo como fonte de resolução
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
de controvérsias? Nesse momento, os mais atentos dirão: mas havia a Sociedade das
Nações, fundada em 1919! De fato, havia, mas a SdN não contava com a participação dos
Estados Unidos e de vários outros países.
Se, à época dos Conflitos Mundiais, houvesse Organizações Internacionais mais fortes,
talvez os acontecimentos do século XX fossem diferentes. Hoje, no entanto, existem várias
dessas organizações, caracterizadas por possuir personalidade jurídica própria, “constituídas
através de um Tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns através de uma
permanente cooperação entre seus membros” (SEITENFUS, 2005).
A partir do final da Segunda Guerra em 1945, e com a fundação da Organização das
Nações Unidas (ONU), esse tipo de iniciativa internacional “populariza-se”, e criam-se OI’s
especializadas – como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) – e também
regionais – como a Organização dos Estados Americanos (OEA). Na década de 1940,
junto com a ONU, surge o Fundo Monetário Internacional (FMI), encarregado de prestar
socorro financeiro aos países em crise e monitorar o sistema financeiro e monetário; e o
Banco Mundial (BM), encarregado de fornecer os meios para a reconstrução da Europa.
Atualmente, essas organizações servem não só como fórum de diálogo para temas
mundialmente relevantes, como meio ambiente, terrorismo, recursos hídricos, alimentação
e mudanças climáticas; mas servem também como organismos fomentadores de pesquisas
e entendimento de áreas relevantes e complexas, que necessitam de pareceres e estudos
de especialistas. A cooperação internacional encontra nas organizações internacionais uma
forte aliada na busca por normas comuns, pesquisas conjuntas e prestação de serviços
sincronizados.
EMPRESAS MULTINACIONAIS
Por diversas vezes no decorrer desse material, você já se deparou com nomes e
exemplos de grandes empresas. Internacionalmente, existem vários tipos de empresas que
atuam em diversas áreas. Logística, navegação, finanças e tantas outras podem servir de
exemplo. Um tipo específico de empresas com forte atuação internacional são as empresas
multinacionais. Essas organizações caracterizam-se por seu tamanho, capacidade financeira
e recursos, e por terem uma matriz em um determinado país, e filiais espalhadas pelo mundo.
A revista Fortune classifica ano a ano as maiores empresas do planeta. Em edição
recente, constam no topo Wallmart, Royal Dutch Shell, Exxon, British Petroleum,
Volkswagen, Toyota, e várias outras empresas e marcas altamente conhecidas. Muitas vezes,
essas grandes empresas possuem um faturamento anual maior do que o PIB de diversas
nações, o que dá a elas grande poder de barganha. Por essa razão, é possível afirmar que
Página 10
ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
“atividade da Empresa Multinacional moderna é essencialmente diferente da de sequer
trinta anos atrás. A globalização impulsionou os processos de internacionalização e, hoje,
essas corporações cada vez mais se parecem com Estados independentes” (SARFATI,
2007).
Essa semelhança das empresas multinacionais com países deve-se ao seu porte, ao
número de pessoas que empregam e aos recursos que movimentam. Multinacionais como
“Exxon, Honda e Coca Cola obtêm uma parcela significativa de suas vendas e lucros totais,
geralmente mais da metade, de operações transnacionais” (KNIGHT; CAVUSGIL;
RIESENBERGER, 2010). Além disso, outras tantas grandes empresas acabam por
desempenhar atividades diferentes em países diferentes: pesquisa e desenvolvimento no
Japão e Estados Unidos, suprimentos vindos da China e Índia, manufatura no leste europeu
ou México, e assim por diante. Isso é o que se chama de internacionalização da cadeia
produtiva ou da cadeia de valor.
Muitas nações subdesenvolvidas acabam, por pressão dessas grandes empresas,
alterando leis nacionais para permitir a exploração de mão de obra, remissão de lucros ao
exterior ou flexibilização de normas ambientais. Ainda com esses aspectos negativos, é
igualmente frequente que empresas sejam responsabilizadas em seu país de origem por
malfeitos no estrangeiro.
Assim como a globalização não é um processo recente, a multinacionalização de
empresas também não é. Atualmente, com a difusão e melhoria das tecnologias da
informação as empresas estão se internacionalizando de maneira mais rápida e ágil. Um
exemplo são as born globals – empresas nascidas globais. Trata-se de empresas jovens
que, num curto espaço de tempo, conseguem obter uma boa porcentagem de suas vendas
do exterior – 25 ou 30% –, de dois ou três continentes diferentes. Essas empresas são
normalmente criadas por profissionais de espírito empreendedor com alguma experiência
internacional. Tem sido frequente o surgimento de empresas nascidas globais no segmento
de tecnologia, que criam ou difundem algum tipo de inovação.
CULTURA E GESTÃO INTERCULTURAL
Internacionalmente é comum que o profissional ingresse em diferentes ambientes, em
diferentes países, caracterizados por diferentes culturas e hábitos. Consequentemente, cada
um desses ambientes traz diversos padrões de comportamento considerados normais. Com
esses comportamentos, vêm os hábitos do consumidor, as leis e diretrizes, e uma série de
outras dimensões que devem chamar a atenção dos profissionais que atuam na área
internacional.
 Página 11
ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
O próprio termo “cultura” pode ter uma acepção ampla: frequentemente se diz que esta
ou aquela pessoa é uma pessoa “culta”, referindo-se aos conhecimentos e comportamentos
da pessoa. No entanto, para os projetos internacionais, cultura “refere-se aos padrões de
orientação aprendidos, compartilhados e duradouros em uma sociedade. As pessoas
demonstram sua cultura por meio de valores, ideias, atitudes, comportamentos e símbolos”
(KNIGHT; CAVUSGIL; RIESENBERGER, 2010).
Por isso, um gesto que para você pode parecer comum, quando feito em um ambiente
que não seja o seu pode ser um grande insulto! A figa, por exemplo, que para alguns significa
sorte, na Itália representa uma ofensa. Quando elevamos essa lógica ao mundo dos
negócios, temos que tomar muito cuidado na hora de prospectar um produto ou elaborar
um projeto:
A cultura influencia uma gama de intercâmbios interpessoais
bem como operações de cadeia de valor como
desenvolvimento de produto e serviço, marketing e vendas.
Os administradores devem criar produtos e embalagens
levando em conta os aspectos culturais, inclusive em relação
a cores. Se por um lado o vermelho pode ser bonito para os
russos, por outro é símbolo de luto na África do Sul (KNIGHT;
CAVUSGIL; RIESENBERGER, 2010).
Já imaginou se você lança um produto embalado em vermelho na África do Sul? A chance
de sucesso diminui à medida que a cultura é desconsiderada e, consequentemente, aumenta
à medida que a empresa preocupa-se com o fator cultural. Essas questões chegam a
manifestar um risco: o risco da gestão intercultural, que quando ignorado pode trazer sérias
consequências aos envolvidos.
Da mesma forma que você não precisa tornar-se amplamente versado nas questões
legais dos mais diferentes países do mundo, você não precisa tornar-se um grande
antropólogo e conhecedor de todas as culturas existentes. Basta que, ao elaborar um projeto,
ao viajar ou negociar com um outro país, você se inteire dos hábitos, gostos e o que pode
ser considerado ou não uma ofensa.
É importante frisar que uma cultura não é algo herdado geneticamente, mas é um
comportamento aprendido. Ou seja: se você precisar ir morar noutro país, poderá aprender
a comportar-se como seus nacionais. Todo profissional que atua na área internacional deve
também saber que nenhuma cultura é melhor ou pior do que a outra, mesmo porque esse
tipo de comparação e afirmação não faz sentido. Chama-se de etnocêntrico aquele que
considera sua cultura melhor do que as demais.
Página 12
ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
Pense, porum instante, nas questões gastronômicas para te auxiliar a entender as
questões culturais: aquilo que para nós é comum, como comer carne de porco, para os
israelenses é pecaminoso. Enquanto os chineses utilizam insetos e ovos fecundados em
sua gastronomia, essa ideia pode não nos apetecer tanto...
RELAÇÕES ECONÔMICAS GLOBAIS E COMÉRCIO
Se as relações econômicas internacionais são parte importante do desenvolvimento
das nações, isso quer dizer também que as empresas e governos – participantes que fazem
essas relações acontecerem, seja através de operações de comércio seja através de
incentivo – tem papel fundamental. Mas afinal, por qual motivo as nações comercializam?
Será que é apenas para vender e lucrar? Veja o trecho abaixo:
O comércio permite aos países usar seus recursos nacionais
de modo mais eficiente por meio da especialização. O
comércio permite as indústrias e operários serem mais
produtivos. O comércio também permite às nações atingirem
padrões de vida mais elevados e manterem baixo o custo de
muitos produtos de uso cotidiano. Sem o comércio
internacional, a maioria delas ficaria impossibilitada de
alimentar, vestir e abrigar seus cidadãos nos níveis atuais. Até
as economias ricas em recursos como os Estados Unidos
sofreriam sem comércio. Alguns tipos de alimento ficariam
indisponíveis ou só poderiam ser obtidos a preços exorbitantes.
Café e açúcar passariam a ser artigos de luxo. As fontes de
energia derivadas de petróleo escasseariam. Os veículos
parariam de rodar, as cargas deixariam de ser entregues, e as
pessoas não poderiam aquecer seus lares no inverno. Em
suma, não se trata somente de nações, empresas e cidadãos
beneficiarem-se do comércio internacional; a vida moderna é
praticamente impossível sem ele (CAVUSGIL; KNIGHT;
RIESENBERGER, 2010).
 Página 13
ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
E você, já havia pensado por essa perspectiva? Considere a imagem abaixo:
Fonte: https://goo.gl/ZnVQ7r
Essa imagem mostra a cidade chinesa de Shangai em 1990 e depois em 2010. Que
mudança radical, não é mesmo? E o que houve nesse curto espaço de tempo? Houve
relação econômica: facilitação da vida do empreendedor e dedicação às relações
econômicas internacionais, não só nas exportações de produtos ou serviços, mas também
nos serviços financeiros e na atração de investimentos e inovações. Espantoso, não é?
COMÉRCIO E TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS
Se o comércio internacional possibilita nações, trabalhadores e empresas mais eficientes
será que isso tudo acontece apenas por meio das exportações? Não! Existe uma série de
outras atividades que podem ser desempenhadas pelas empresas além das exportações.
A cada uma dessas atividades ou operações, corresponde um risco, que pode ser maior
ou menor. É por essa questão do risco, que as exportações são consideradas um primeiro
passo na caminhada internacional das empresas.
Considera-se que as exportações oferecem um risco baixo para a empresa exportadora,
além de oferecer aprendizagem paulatina sobre os mercados nos quais essa empresa
está entrando. Aos poucos a empresa exportadora vai adquirindo conhecimentos a respeito
das preferências e hábitos de consumidores de uma determinada localidade, o que permite
que ela passe a oferecer produtos especialmente projetados para esse público. O mesmo
vale para as importações: aos poucos uma determinada organização pode importar produtos
para comercializar em seu país. Se o produto for aprovado pelo mercado interno, as
importações podem ser aumentadas tanto em sua frequência quanto em sua quantidade
de produtos.
Por permitirem um envolvimento gradual, considera-se as exportações ou importações
a forma mais básica de comércio ou transação internacional. E há vida além das
Página 14
ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
exportações? Sem dúvida! O licenciamento de propriedade intelectual é um possível
exemplo. Uma empresa brasileira fabricante de produtos infantis pode, por exemplo, querer
aumentar suas vendas em mercados internacionais. Para isso, essa empresa pode obter o
licenciamento da imagem de algum personagem, o que vai tornar seu produto mais atrativo.
Uma outra possibilidade: a Disney, Warner Brothers, Pixar, ou qualquer outro estúdio pode
licenciar a produção de itens de seus personagens à empresas fora dos Estados Unidos,
seu país de origem. Com isso, os produtos finais ficam mais baratos e elas lucram com
uma porcentagem das vendas da empresa licenciada. E isso não vale apenas para
personagens de filmes: vale também para times de futebol ou marcas de roupa, que podem
licenciar a fabricação de seus itens para empresas de outros países.
Uma outra forma de envolvimento internacional são as parcerias como alianças e joint
ventures. São casos nos quais duas ou mais empresas se unem para reduzir custos e
riscos de entrar num mercado diferente do seu. Por exemplo: a Portugal Telecom uniu-se à
empresa espanhola Telefónica para atingir o mercado brasileiro com a operadora Vivo.
Perceba como, para cada uma dessas transações, corresponde um risco: os riscos das
exportações e importações são menores quando comparados com os riscos de alianças e
joint ventures.
No entanto, o maior risco manifesta-se através do chamado Investimento Estrangeiro
Direto ou Investimento Direto Estrangeiro. É o caso de uma empresa que envia uma
quantidade de dinheiro para um país no exterior para abrir uma fábrica, comprar uma
empresa local, adquirir um concorrente e iniciar operações no país de destino. Um exemplo
possível é o das montadoras de automóveis: essas organizações transferem dinheiro de
seus países de origem para adquirir um terreno, erguer uma fábrica, importar máquinas e
contratar pessoas aqui no Brasil. É por isso que essa modalidade se chama Investimento
Estrangeiro Direto.
COMÉRCIO EXTERIOR E COMPETITIVIDADE
Anteriormente, nós vimos como a riqueza das nações está ligada, dentre vários fatores,
a sua participação nas transações financeiras internacionais. Mas e então, qualquer nação
altamente exportadora terá boa qualidade de vida? Qualquer nação exportadora trará
oportunidades para os profissionais internacionais? Infelizmente não! Vamos utilizar um
país do Oriente Médio qualquer: esse país, de pequena população, pode ter exportações
altíssimas, importações comparativamente pequenas, e ainda assim baixa qualidade de
vida. Normalmente, isso acontece, pois essa nação pode exportar muito petróleo, e importar
todo o resto numa quantidade razoavelmente pequena, para atender sua pequena população.
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
Nesse caso, apenas alguns poucos se beneficiam das exportações, e não a nação como
um todo.
É por isso que precisamos falar sobre competitividade! Competitividade liga-se,
normalmente, a vários fatores, dentre os quais capacidade de produzir e vender de forma
melhor. Nesse sentido, “Um país com maior competitividade é um país que consegue com
maior facilidade, colocar os bens e serviços que produz, nos mercados externos, aumentando
por isso as suas exportações” (Fonte: https://goo.gl/TWTNOj). Essas exportações acabam
retornando em benefícios para a população, decorrentes de empregos, investimentos,
crescimento econômico e desenvolvimento de uma forma geral.
Anualmente, são divulgados diversos índices de competitividade mundial. Infelizmente,
ano a ano, o Brasil vem perdendo posições, e atualmente está atrás até mesmo do
Cazaquistão e do Peru. O mesmo vale para o ranking da Organização Mundial do Comércio
(OMC) dos maiores exportadores. Quando consideramos a posição Brasileira, no 26º lugar
no ano de 2020, percebemos em nossa frente muitos países territorialmente menores e
com menores parques industriais, como Espanha e Arábia Saudita. Mesmo assim, essas
nações estão na nossa frente. (Fonte: http://www.worldstopexports.com/worlds-top-export-
countries/).
Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas importam, mais
opções de escolha têm seus consumidores. Como consequência, suas empresas nacionaisbuscam criar produtos melhores, mais inovadores e de maior tecnologia, para
permanecerem no mercado. Por outro lado, quando o governo trava as importações, cria
empecilhos ao comércio exterior – através de leis e procedimentos burocráticos e sem
sincronia, com muitos órgãos intervenientes – menos empresas se engajam em atividades
internacionais. Consequentemente, esse país perde oportunidades de crescimento,
desenvolvimento e exportação.
Um exemplo de país que evoluiu e cresceu graças a sua dedicação às relações
econômicas internacionais foi Cingapura. Esse país asiático, na década de 1960, era pobre,
sem recursos naturais ou terras férteis. Através de incentivos governamentais, solidificação
da moeda, respeito à propriedade privada e incentivos ao empreendedorismo e ao setor
industrial, Cingapura hoje tem uma renda per capita maior do que a dos Estados Unidos e
União Europeia. Esse país possui poucas regulamentações que travem a internacionalização
de suas empresas, impostos baixos e zero tributos sobre as operações de importação ou
exportação. E você, acha que o Brasil poderia seguir esse exemplo?
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
COMÉRCIO EXTERIOR DE SERVIÇOS
Até aqui entendemos como o comércio e as transações econômicas internacionais são
parte importante da riqueza das nações. Vimos também que muitas das nações mais
competitivas, são também grandes exportadoras. Essa semelhança é natural, uma vez que,
ao comprometer-se com o comércio exterior e com as transações internacionais, uma
determinada nação deve sempre preocupar-se com inovação e aprimoramento, para
sempre estar um passo à frente de seus concorrentes.
Surge aqui a necessidade de um questionamento: mas as transações internacionais
compreendem apenas as trocas de bens físicos? Não! O setor de serviços é parte importante
não só das economias, mas também das trocas internacionais! Vamos pensar nos
transportes, que carregam cargas por todo o mundo. O transporte, em si, é um bem? Não,
um serviço! O mesmo vale para as transações financeiras. São serviços, e não bens que
podem ser encaixotados, colocados num container, depois num navio, e depois enviados
ao exterior. E não são somente os serviços financeiros ou de transporte que importam aqui:
Serviços como hospedagem e varejo tornam-se cada vez mais
internacionais. Nas economias mais avançadas, as empresas
prestadoras de serviços respondem por uma participação
maior do investimento direto estrangeiro (IDE) do que as
manufatureiras. Os serviços face a face colocam seus
fornecedores em contato direto com clientes estrangeiros por
meio de transações além das fronteiras nacionais. Entre esses
provedores estão arquitetos, consultores e advogados. Os
serviços baseados em ativos são aqueles em que alguém se
oferece para estabelecer uma instalação física no exterior, tais
como bancos, restaurantes e lojas (CAVUSTIL; KNIGHT;
RIESENBERGER, 2010).
Temos, então, dois tipos de serviços: aqueles com base em ativos e aqueles com base
em um determinado atendimento. E qual a principal diferença entre o comércio de serviços
e o de bens? É a imaterialidade dos serviços. Na esmagadora maioria das vezes, os serviços
são “consumidos” no momento de sua prestação, visto que são imateriais. Por isso muitas
vezes é difícil quantificá-los. E existe outra questão crítica em relação aos serviços: muitas
vezes um produtor do país consumidor pode produzi-lo:
Há, ainda, a situação em que o produtor internacional do serviço
permite que algum produtor do país consumidor produza o
serviço em questão. Para que isso ocorra é necessário que o
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
produtor nacional adquira ativos específicos à propriedade do
produtor internacional, ativos estes que são necessários para
a produção do serviço. Um exemplo evidente é o caso das
franquias (por exemplo, fast food, vestuário). Neste caso, a
transferência de ativos ocorre por meio de relações contratuais
(GONÇALVES, 2005).
Veja, você sem dúvida já consumiu algo que originou-se numa transferência internacional
de serviços, em qualquer uma das franquias existentes. É importante que os profissionais
internacionais tenham em mente que o comércio internacional de serviços pode ser uma
fonte de oportunidades. O fato de o serviço ser algo imaterial facilita sua transação e
prestação, uma vez que você não precisa se preocupar com trâmites aduaneiros ou
logísticos.
Em conclusão pode-se afirmar que o comércio internacional de serviços constitui-se
numa potencial oportunidade de negócios para profissionais da área internacional, sejam
advogados, contadores, gestores ou profissionais de comércio exterior.
COMÉRCIO EXTERIOR E PROJETOS INTERNACIONAIS
Anteriormente você viu algumas formas de transações internacionais. Essas formas
variam conforme seu risco e recursos comprometidos. A mais simples das transações
internacionais são as exportações. Por outro lado, a transação mais arriscada e de maior
comprometimento de recursos é o Investimento Estrangeiro Direto ou Investimento Direto
no Exterior.
Independentemente de qual seja a forma escolhida por uma determinada empresa, essa
organização dificilmente começará a transação sem um plano de ação ou uma estratégia.
As empresas normalmente iniciam suas atividades internacionais com uma visão de futuro,
ou seja, buscando entender aonde elas desejam chegar. A visão pode ser: obter um
percentual do faturamento do exterior; tornar-se líder de mercado num outro país ou tornar-
se menos dependente do mercado interno em x por cento. A partir do momento em que uma
determinada empresa tem uma visão de futuro, pode-se traçar uma estratégia para alcançar
essa visão.
É justamente por isso que se diz que uma boa parte – se não todos – os projetos
internacionais partiram de uma visão, à qual correspondeu uma determinada estratégia.
Ainda que a empresa esteja iniciando suas atividades internacionais pela forma mais básica,
a exportação, esse início de atividade parte de um projeto. Ou seja, a definição do que fazer
primeiro:
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
Fonte: Elaboração própria.
Mas afinal, como uma empresa inicia sua atuação internacional? Depende de uma série
de fatores! Às vezes a empresa busca importar algum insumo para baratear o custo do
produto final. Outras vezes, a empresa quer exportar para, por exemplo, depender menos
do mercado interno. Tudo depende da empresa e do produto ou serviço. Apenas depois de
entender a motivação da empresa que se pode partir para a seleção do mercado de atuação:
A seleção dos mercados para onde expandir as operações é
determinada por fatores internos e externos à empresa. A nível
interno são aspectos como a capacidade de adaptar o produto
(se necessário), a disponibilidade de recursos financeiros e
técnicos, a experiência prévia nesses mercados, a existência
de contatos com clientes ou distribuidores locais e mesmo
eventuais vantagens competitivas de que a empresa dispõe e
lhe permitem competir melhor, quer com as empresas locais
quer com outras empresas estrangeiras já instaladas. No plano
dos fatores externos, é indispensável analisar questões como
a dimensão atual (e potencial) do mercado, as condições
econômicas, as políticas governamentais, as barreiras ao
comércio e ao investimento, as evoluções socioculturais, as
políticas de incentivos governamentais ao investimento
estrangeiro, entre outras (FERREIRA; REIS; SERRA, 2011).
É o entendimento de todos esses fatores que permite o delineamento da estratégia
para o início do projeto internacional. Digamos que uma determinada empresa quer efetuar
sua primeira exportação. Nesse caso, o indicado é buscar aonde há demanda para o produto
fabricado ou serviço prestado. Pode-se também buscar feiras internacionais onde os
diretores e gerentes possam visitar. Outra possibilidade é participar de rodadas de negócio
promovidas pelas Federações das Indústrias de cada um dos Estados. E se a empresa
quiser, por outro lado, importar algum insumopara baratear o produto final? Nesse caso,
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
você deve buscar fornecedores desse insumo. Novamente, existe a possibilidade de buscar
feiras internacionais ou, então, contatar diretamente fábricas no exterior.
Perceba: não há uma resposta pronta sobre como as organizações iniciam suas
atividades internacionais: as respostas variam caso a caso. Os projetos servem, nesse
caso, para ajudar as empresas a selecionar um mercado e uma forma de entrada.
INTERNACIONALIZAÇÃO E OPORTUNIDADES
DO MERCADO INTERNACIONAL
Anteriormente, você aprendeu a respeito da composição do ambiente internacional de
negócios, e também a respeito das relações econômicas internacionais. Vimos que boa
parte da riqueza das nações provém se sua inserção ativa no cenário internacional de
comércio. Anteriormente, vimos também sobre as empresas multinacionais, que são aquelas
que contam com a matriz em um país e filiais espalhadas pelo mundo.
Agora, pensemos por um instante: você tem uma loja ou uma indústria, que vende seus
produtos aqui no Brasil. Como fazer para vender também em outros países? Como escolher
um mercado para iniciar as atividades internacionais? As respostas a essas e outras
perguntas são dadas pelas teorias de internacionalização de empresas, sendo que cada
uma delas adota uma abordagem diferente, por basear-se em casos diferentes.
Obviamente que existem no mundo centenas de milhares de empresas diferentes, com
características diferentes, funcionários diferentes, forças e fraquezas diferentes. Ainda assim,
ao estudarmos a internacionalização podemos perceber que existem alguns traços comuns
aplicáveis a uma imensa gama de organizações. É isso o que veremos a partir daqui!
INTERNACIONALIZAÇÃO
Anteriormente, você viu diversos modos de entrada e operação em mercados
internacionais, desde exportação até investimento estrangeiro direto. Essas e as demais
modalidades de envolvimento internacional são formas pelas quais a internacionalização
acontece. Cada uma dessas formas de internacionalizar pode corresponder a uma
determinada necessidade ou a um interesse específico da empresa que está buscando
mercados estrangeiros.
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
Fonte: Elaboração Própria.
Perceba como as várias formas de envolvimento internacional da empresa são também
formas de internacionalização.
Mas afinal, se exportações, joint ventures e investimento estrangeiro direto são formas
de internacionalização, o que é a internacionalização em si? A internacionalização, enquanto
fenômeno pode ter várias definições. Uma primeira definição pode ser como o “o movimento
de indivíduos e empresas para operações internacionais” (WELCH; LUOSTARINEN, 1988).
Uma outra definição possível é como “a transferência de bens e serviços através de fronteiras
entre países utilizando métodos diretos e indiretos” (LEONIDOU; KATSIKEAS, 1996).
Uma terceira definição seria como o “processo através do qual as empresas aumentam
sua consciência em relação às influências diretas e indiretas das transações internacionais
em seu futuro, e por isso, passam a estabelecer e conduzir operações e transações com
empresas de outros países” (BEAMISH; MORISSON, 2002). Essa definição é interessante,
pois trata da internacionalização como algo natural para o futuro e para o crescimento das
empresas.
A essas três definições podem somar-se várias outras, que de alguma maneira,
descrevem a internacionalização como um fenômeno ou processo através do qual as
empresas buscam o exterior e as operações internacionais. É interessante notar que a
internacionalização é tratada como um processo, ou seja, uma concatenação de atos. Isso
significa que ela não ocorre do dia para a noite, mas abrange diversas fases.
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
Existem também outros autores que percebem na internacionalização um processo
empreendedor. Ou seja, através dessa visão, a busca por mercados internacionais viria de
uma característica comportamental do empresário, e não de motivações econômicas ou
políticas.
POR QUE INTERNACIONALIZAR?
Muito circula nos noticiários dados e fatos sobre a complexidade do sistema aduaneiro
brasileiro. Nosso comércio exterior é pautado por mais de 3.500 normas diferentes. Sendo
assim um cenário tão complexo, muitos se questionam: mas afinal, porque internacionalizar?
Não é bem mais prático ficar como estou, focado no meu mercado doméstico?
Sem dúvidas que é mais prático. E é mais cômodo também. No entanto, não é da
praticidade e da comodidade que vem o sucesso, não é mesmo? Justamente por isso que,
a partir desse raciocínio começam a surgir diversas explicações gerenciais para a busca
das empresas pela internacionalização. A mais comum refere-se à sazonalidade de um
determinado mercado ou às crises econômicas nacionais. É frequente que crises
econômicas afetem diversos participantes de um determinado mercado nacional. Em
momentos de crise, gerentes e diretores confrontam-se com decisões difíceis, como a
necessidade de demitir, reduzir a produção e cortar gastos. No entanto, uma alternativa
viável para manter empregos e a produção, é a busca por outros mercados. Se, por exemplo,
o mercado brasileiro está em crise, o mercado argentino pode não estar. Assim, vender
meus produtos ou serviços em outros países pode ser uma saída interessante.
Uma outra motivação frequente refere-se à sazonalidade nas vendas de determinados
produtos. Por exemplo: brinquedos são mais vendidos em datas próximas ao dia das
crianças e ao natal. E chocolates e sorvetes? Chocolates tem seu ponto alto na Páscoa,
enquanto que sorvetes tem seu ponto alto nas estações mais quentes, como primavera e
verão. Apesar de alguns de nós comerem chocolates e sorvetes durante todo o ano, esses
produtos tem venda sazonal, ou seja, maior em certas épocas. Agora imagine que você
fabrica sorvetes. O que você pode fazer no outono e no inverno? Bem, nessas épocas você
pode, quem sabe, vender seus sorvetes para o Hemisfério Norte, onde será primavera e
verão quando no Brasil e no Hemisfério Sul for outono e inverno.
E quais outras motivações para internacionalizar existem? Mais dezenas! Vamos
imaginar as características do consumidor europeu ou norte-americano. Trata-se de um
público conhecidamente mais exigente. Sabendo disso, muitas empresas brasileiras
buscam vender seus bens nesses locais, o que as forçará a incrementar sua produção e
melhorar o resultado do produto final. Nesses locais – Europa e América do Norte – é comum
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
que, pelo alto nível de exigência dos consumidores, as empresas ofereçam produtos
diferenciados. Surge, então, outra resposta para a pergunta “por que internacionalizar”:
algumas organizações buscam realizar parcerias com empresas europeias ou
estadunidenses, para trocar tecnologias e melhorar o seu resultado.
Dessa forma, ao realizar uma parceria com uma empresa do exterior, essa empresa
brasileira pode ter acesso à tecnologia, mão de obra e design diferenciado, o que melhorará
suas chances de sucesso não só no exterior, mas também aqui no Brasil. Perceba, existem
diversas razões para que as empresas internacionalizem, e a cada uma corresponde um
projeto diferente que permitirá a empresa chegar aonde quer da melhor maneira. E aonde
você trabalha, quais dessas razões justificaria melhor a internacionalização?
MODOS DE ENTRADA E OPERAÇÃO
Anteriormente, você aprendeu que existem vários possíveis modos de entrada num
mercado estrangeiro, que vão desde exportações até investimentos diretos estrangeiros,
passando por joint ventures, franquias e licenciamentos. A cada uma dessas formas,
corresponde um projeto diferente que deverá ser elaborado e executado pela empresa
interessada.
Aqui, então, nos defrontamos com uma outra questão: agora que você já sabe quais são
os modos de entrada no exterior, assim como já sabe o que é internacionalização, por qual
modo de entrada optar? Essaé uma pergunta difícil de ser respondida. Em primeiro lugar,
pois sofre variação de empresa para empresa, de produto para produto ou de serviço para
serviço. Antes de mais nada, você deve entender a realidade da organização na qual trabalha
e as expectativas do cliente. Atento a essas questões, cabe escolher a forma que mais se
adapte à sua situação. Deve-se ter em mente também o seguinte:
Cada estratégia de entrada possui vantagens e desvantagens,
apresentando demandas específicas sobre os recursos
gerenciais e financeiros da empresa. De modo geral, as
exportações, o licenciamento e a franquia exigem um nível
relativamente baixo de comprometimento gerencial e de
alocação de recursos. Por outro lado, o IDE e as iniciativas
colaborativas com participação acionária necessitam de um
nível mais elevado de comprometimento e recursos (KNIGHT;
CAVUSGIL; RIESENBERGER, 2010).
Além disso, é necessário que você cogite também um outro ponto: a necessidade de
promover mudanças ou adaptações no seu produto ou serviço. Essas mudanças vão desde
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
o idioma da embalagem ou do manual do usuário, até questões relativas à legislação do
local para onde esse produto ou serviço está sendo exportado. Por exemplo, no Brasil não
se pode oferecer às crianças produtos pintados com tintas que tenham metais pesados em
sua composição. Assim como nós, brasileiros, devemos respeitar essa regulamentação,
as empresas estrangeiras que quiserem vender brinquedos aqui, também precisarão
respeitá-las.
Outros produtos, por outro lado, são padronizados, como peças para automóveis ou
computadores. Tudo depende, como dito anteriormente, do produto ou serviço e do cliente.
O seu projeto internacional deverá levar todos esses fatores em consideração, e efetuar as
mudanças necessárias com o mínimo dispêndio de recursos. Tenha em mente que a cada
modo de entrada e operação corresponde uma estratégia e, consequentemente, um projeto:
“as características específicas de um produto ou serviço, tais como sua composição,
fragilidade, perecibilidade e razão entre seu valor e peso, podem afetar de modo significativo
o tipo de estratégia de internacionalização a ser adotada” (KNIGHT; CAVUSGIL;
RIESENBERGER, 2010).
É entendendo bem a sua empresa e as expectativas do cliente, que seu projeto terá
maiores chances de sucesso. Não se esqueça que, ao buscar clientes no exterior, você
concorre com rivais locais, com aquelas empresas do país de destino, já bem ambientadas
e acostumadas com os gostos e costumes locais. Por mais difícil e trabalhoso que pareçam
os projetos internacionais, quando conduzidos corretamente, tais projetos são altamente
rentáveis e nos ensinam muito!
BUSCA DE OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO
Depois que você já se familiarizou com os conteúdos tratados aqui, deve estar se
perguntando: mas como encontrar oportunidades para internacionalizar a minha empresa?
Novamente, esta não é uma pergunta de fácil resposta. Ainda assim, existem mecanismos
que nos permitem estar mais atentos às oportunidades, e que nos permitem percebê-las ou
cria-las com maior facilidade.
Mas, afinal de contas, o que é uma oportunidade? “É uma situação na qual mudanças na
tecnologia ou nas condições políticas, sociais e demográficas geram potencial para criar
algo novo” (BARON; SHANE, 2013). Esse “algo novo” pode ser um produto, um serviço, ou
uma nova maneira de fazer algo. Um fato gerador de oportunidades são as leis e mudanças
políticas. Por exemplo: o novo presidente da Argentina retirou a proibição de meios de
comunicação estrangeiros atuarem no país. Isso abre uma oportunidade para meios de
comunicação brasileiros. Um outro exemplo: é proibido remanufaturar pneus no Brasil. No
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
Paraguai, por outro lado, é permitido. Assim, uma empresa que remanufaturava no Brasil,
pode fazê-lo no Paraguai.
Uma outra fonte de oportunidades são novos conhecimentos. Antigamente, não se sabia
dos benefícios à saúde trazidos pelo Goji Berry. Hoje, por outro lado, esses benefícios são
amplamente conhecidos. Assim, as empresas podem oferecer produtos com Goji Berry
para vários mercados, como iogurtes, pães ou barras de cereais. O mesmo vale para o
crescimento de uma determinada classe social. Hoje, em alguns lugares do mundo, a classe
C está crescendo rapidamente, o que gera oportunidades para oferecer produtos e serviços
destinados a esse público, conhecido como o público da “base da pirâmide”:
O preço é uma parte importante da base para crescimento
em mercados da base da pirâmide. Telefones GSM eram
vendidos por US$ 1.000,00 na Índia. O mercado, obviamente,
era limitadíssimo. Como o preço médio caiu para US$ 300,00
as vendas aumentaram. Entretanto, quando a Reliance, uma
provedora de telefones celulares lançou sua promoção
“Monsoon Hungama” (ou “Batalha das Monções”), que oferecia
100 minutos de ligações gratuitas na compra de um telefone
móvel multimídia, com entrada de US$ 10,00 e prestações
mensais de US$ 9,25 a empresa recebeu 1 milhão de pedidos
em dez dias (PRAHALAD, 2010).
Da mesma forma que o crescimento da classe C constitui uma oportunidade para
negócios, o crescimento das demais classes também. Pode-se oferecer produtos e serviços
mais caros, de maior valor agregado para as classes mais abastadas, por exemplo. Ser
capaz de perceber essas particularidades de crescimento social e econômico,
regulamentações políticas e novos conhecimentos é essencial para o profissional
internacional.
Nesse caso, muitos ficam em dúvida: “mas então eu tenho que ler todos os jornais do
mundo para saber de todas as novidades?”. Claro que não! Mas você precisa estar atento
ao mundo que te cerca para encontrar oportunidades para internacionalizar sua empresa.
Olhe, por exemplo, os países que mais importam aquilo que sua empresa fabrica ou os
países mais carentes do serviço que sua empresa presta. Você pode começar a partir daí
um projeto de internacionalização!
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
PROJETOS E ANÁLISE INTERNACIONAL
O mundo está cada vez mais aquecido e o meio ambiente cada vez mais degradado. O
Estado Islâmico tem assolado partes do Oriente Médio, atacado cidades europeias e têm
prometido ainda mais ataques terroristas na Europa e nas Américas. A Coréia do Norte,
afirma, por sua vez, ter e testar uma nova bomba atômica, que colocaria Japão e Coréia do
Sul em risco.
E agora? Como você, enquanto profissional de internacional analisa esse cenário? Qual
impacto as colocações acima podem ter na sua empresa? Veja, durante algum tempo, a
empresa brasileira ENGESA, produziu e vendeu veículos militares para mais de 18 países,
aproveitando-se das oportunidades criadas pelo cenário de insegurança mundial. Em outro
caso, um dos maiores prejudicados pela primeira Guerra do Golfo, no início da década de
1990, foi uma empresa brasileira de eletrodomésticos, que exportava milhares de dólares
para o Iraque até o embargo comercial.
Por outro lado, em vários outros momentos empresas se deram muito bem com a
alteração no cenário econômico mundial, aproveitando-se do crescimento de classes
econômicas, de embargos e ainda de diversos outros fatores. Para que a sua empresa
possa também aproveitar com sucesso as oportunidades que o cenário internacional
apresenta, é necessário que você esteja mais do que preparado para analisá-lo com
precisão!
PROJETOS E ANÁLISES INTERNACIONAIS - MOTIVAÇÕES E RISCOS
Os projetos internacionais têm muito em comum com os projetos domésticos: existe a
necessidade de um escopo claro, de um limite de tempo, de um planejamento de custos e
também de riscos. No entanto, a diferença essencial está no propósito, na quantidade de
pessoas envolvidas e no risco maior. Uma das melhores maneiras de entender os projetos
internacionais é através de exemplos: “uma empresa efetuando um grande projeto de
construção num país, que envolve múltiplos subcontratos; duas empresas fundindo suas
operações, uma empresaimplantando um novo produto numa nova região” (LIENTZ; REA,
2003).
Veja, existem milhares de exemplos possíveis de projetos internacionais. Todas as
grandes marcas estrangeiras que hoje atuam em nosso país, um dia tiveram no Brasil
apenas um projeto de atuação, que veio a se concretizar. Montadoras de veículos, fábricas
de roupas e de bebidas, lojas de vestuário e de cosméticos e ainda vários outros tipos de
estabelecimento estão em nosso mercado hoje, pois seu projeto deu certo.
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
E você sabe dizer por que os riscos dos projetos internacionais são maiores? Em primeiro
lugar, pois existe uma incerteza maior. Se você está enviando um produto, fazendo uma
parceria ou mesmo trazendo algo do exterior, não se pode ter certeza de o público alvo do
país de destino vai mesmo gostar do item e consumi-lo como se espera. Nesse caso, as
diferenças culturais possuem um impacto significativo. Imagine que você envia roupas
brancas para a China. Aqui todos usamos camisas, camisetas, calças e uma série de outros
itens dessa cor. No entanto, na China, o branco é a cor do luto. Da mesma maneira, bonés
verdes para uma outra cultura representam maridos traídos. Muito da incerteza nos projetos
internacionais deriva de todas essas diferenças.
Mas essas diferenças culturais não são as únicas fontes de risco. Existem várias outras
como, por exemplo, o risco político-legal. E do que se trata esse risco? Veja:
Cada país é caracterizado por diversos sistemas políticos e
legais que impõe significativos desafios à estratégia e ao
desempenho corporativo. Os gestores das empresas devem
aderir a leis e regulamentações que regem as transações
comerciais. (...) O risco país refere-se à exposição a uma perda
em potencial ou a efeitos adversos sobre as operações e
lucratividade de uma empresa causados por desdobramentos
no ambiente político e/ou legal de um país (KNIGHT; CAVUSGIL;
RIESENBERGER, 2010).
Imagine, por exemplo, que seu projeto inicia-se com sucesso e sua empresa passa a
operar sadiamente numa outra nação. Até que, na hora de enviar os lucros para o Brasil,
esse país aprova uma lei ou baixa um decreto proibindo a saída de dinheiro. Surge, então,
um grave problema! É justamente por conta desse sério risco, que existem agências
internacionais especializadas na análise desses fatores:
Um bom mapeamento do risco legal de um país deve incluir:
avaliação do sistema legal; processo de abertura de empresa
e outras obrigações burocráticas; regras relativas ao
repatriamento de divisas; regras específicas à comercialização
do produto bem como as obrigações decorrentes, acordos
internacionais relevantes; tributação local; barreiras tarifárias
e não tarifárias (SARFATI, 2007).
E além desses riscos, existem outros? Sim, diversos! Existe o risco econômico, que
manifesta-se quando uma determinada nação está na iminência de recessão; o risco
geográfico, quando seu projeto depende do clima; o risco de segurança e ainda muitos
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
outros que devem ser bem pensados e calculados antes que você busque um mercado
específico.
Mas, afinal, com tantos riscos, o que leva as empresas a iniciarem projetos para sair de
seus países e atuar em outros? De forma geral, essas organizações estão em busca de
novos mercados; acesso a novos recursos – sejam eles naturais ou mão de obra
especializada –; aumento de participação de mercado; ganhos de eficiência ou mesmo
fugir da sazonalidade do mercado doméstico. Tudo depende, é claro, da empresa e do que
ela está buscando.
ESTRATÉGIA PARA A ÁREA INTERNACIONAL
Imagine que você trabalha num frigorífico que corta e embala proteínas bovinas. Você
iniciaria um projeto internacional para enviar cortes de carne bovina para a Índia, por
exemplo? Possivelmente não, uma vez que os indianos – por motivos religiosos – não
consomem carne bovina. Esse exemplo visa mostrar um dos diversos pontos que deve ser
levado em consideração quando se está delineando um projeto internacional: o público
alvo. O sucesso ou fracasso do seu projeto está diretamente relacionado aos desejos ou
necessidades que você atende de um determinado público. Assim, não basta ofertar um
produto ou serviço, e esperar que ele venda. Deve-se, antes de mais nada, garantir que
esse item a venda é adequado às necessidades dos clientes e as regulamentações do
país de destino.
Nesse sentido, uma das primeiras preocupações deve ser com os costumes culturais,
já tratados anteriormente. É óbvio que não devemos oferecer carne bovina na Índia ou
automóveis com o volante do lado esquerdo na Austrália ou África do Sul. No entanto, existem
outras diferenças bem mais sutis que devem ser pensadas de antemão. Um desses pontos
importantes refere-se às leis do local de destino. Veja, por exemplo, o caso brasileiro: nós
temos um Código de Defesa do Consumidor que deve nortear as relações de consumo.
Temos a ABNT que é responsável por Normas Técnicas, e o INMETRO que efetua testes
dos mais diversos em uma série de produtos. Se algo não estiver de acordo com as
regulamentações desses órgãos, não poderá ser comercializado. Da mesma maneira, isso
ocorre em outros países.
Além das questões culturais e legais, existem outras preocupações que devem constar
no seu projeto. Por exemplo: a partir do momento que você iniciar suas atividades no exterior,
como o cliente descobrirá o seu produto ou serviço? No caso dos produtos, você vai oferecê-
los em lojas parceiras ou diretamente ao consumidor? É algo do tipo “self-service”? Todas
essas questões devem ser pensadas antes, para que se tenha claro no projeto quais serão
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
os canais de comunicação com os consumidores. Alguns produtos precisam de assistência
técnica. Outros precisam ter peças de reposição. Como organizar isso tudo é parte do
sucesso de empreendimentos internacionais.
Um possível exemplo é de uma vinícola brasileira que criou uma parceria com uma rede
de adegas na Inglaterra. Os vinhos eram enviados para a sede da rede, que os distribuía
por suas diversas lojas. Esta é, sem dúvida, uma excelente maneira de se estar em contato
com o provável consumidor. No entanto, com serviços as coisas funcionam de forma um
pouco diferente, assim como para produtos ou insumos destinados não ao consumidor
final, mas a outros negócios ou a outras indústrias.
Perceba que existem dezenas de fatos que devem ser levados em consideração. Muitos
desses fatos vão variar conforme o produto que a empresa produz ou o serviço que presta,
e com seus objetivos na internacionalização. Não é possível construir um receituário simples,
que trará sucesso para os projetos internacionais caso siga-se este e aqueles passos. Isso
se deve ao fato de que as mínimas particularidades de uma organização, seus objetivos,
sua estrutura, sua capacidade de atendimento e produção etc, afetam diretamente o que
essa empresa quer e espera dos projetos internacionais.
Assim, tem-se aqui um ponto de importância fundamental: inicie entendendo o que sua
empresa quer ou espera com um projeto internacional. Depois, busque entender aonde no
mundo esse produto ou serviço é necessário. Isso pode ser feito analisando as balanças
comerciais de exportação/importação e também seus principais concorrentes num
determinado mercado. Depois de analisar seus potenciais concorrentes, busque entender
o que eles fazem de bom que sua empresa não faz, e como você poderá superá-los em seu
próprio território.
ASPECTOS CENTRAIS DAS ANÁLISES INTERNACIONAIS
A análise internacional surge para tentarmos entender aspectos ou cenários mais
específicos do mundo. Nesse caso, surge para nos auxiliar o BABOK (Business Analysis
Body of Knowledge) ou Corpo de Conhecimentos de Análise de Negócios em português: “o
Guia BABOK descreve as Áreas de Conhecimento da análise de negócios, suas atividades
e tarefas associadas e as habilidades necessárias para que a sua execução seja efetiva”
(BABOK, 2011). Mas afinal,o que é análise de negócios? Vejamos:
Análise de Negócios é o conjunto de atividades e técnicas
uti lizadas para servir como ligação entre as partes
interessadas, no intuito de compreender a estrutura, políticas
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
e operações de uma organização e para recomendar soluções
que permitam que a organização alcance suas metas (BABOK,
2011, p. 5).
Veja só que interessante! A análise de negócios não ocupa-se apenas do mundo ou
do cenário externo da empresa, mas também procura compreender o cenário interno para
poder recomendar as melhores soluções, atitudes ou atividades para uma determinada
empresa. Nesse sentido, a análise não passa apenas por entender as relações internacionais,
mas também as próprias particularidades da organização. Parece uma meta audaciosa,
não é mesmo? E para que isso serve? Veja, a análise de negócios existe para “entender
como a empresa funciona e permitir que atinja seu potencial auxiliando-a a articular e realizar
metas, reconhecer e aproveitar oportunidades, identificar e superar desafios”
(KUPPERSMITH; MULVEY; MCGOEY, 2013).
Sendo assim, perceba como você pode utilizar-se da análise de negócios para entender
a sua empresa e quais são suas metas. Ao conjugá-la com a análise internacional, você
pode sugerir passos e empreendimentos internacionais que permitam à sua empresa atingir,
realizar e superar suas metas através do correto reconhecimento e aproveitamento de
oportunidades. Obviamente, que surgem alguns conhecimentos fundamentais que você deve
ter para que isso de fato ocorra. Tal qual ocorreu com a gestão de projetos, a análise de
negócios também conta com uma base de conhecimentos.
A análise de negócios possui, antes de mais nada, algumas responsabilidades
fundamentais:
Identificar as opções táticas que irá abordar em uma
determinada situação e apoiar a execução da estratégia de
negócios;
Definição das táticas que permitem à organização atingir sua
estratégia;
Apoio à implementação e funcionamento dessas táticas;
Redefinir as táticas após a implementação, perceber
mudanças nos negócios e garantir as alterações para
assegurar o alinhamento contínuo com os objetivos de
negócios (CADLE; PAUL; TURNER, 2010).
Assim, você pode perceber que a análise de negócios comunica-se amplamente com a
gestão de projetos. Da mesma forma que a gestão de projetos deveria criar programas e
planos que auxiliassem a empresa a cumprir com suas metas estratégicas, a análise de
negócios deve se preocupar em identificar qual a maneira mais fácil de fazer isso, através



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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
de qual caminho. Vejamos um exemplo diretamente conectado aos projetos internacionais:
os analistas perceberam que o mercado doméstico está em crise, e os consumidores cada
vez mais endividados, gastando cada vez menos de seus salários com coisas novas, e
buscando cada vez mais as opções mais baratas. Assim, surgem algumas opções: diminuir
o lucro da empresa, baixando o preço final do produto ou serviço, ou buscar outro mercado
mais aquecido através de uma parceria internacional ou exportações.
Qual opção você escolheria? Perceba, ambas possuem seus riscos, a questão
fundamental é definir quais desses riscos valem mais à pena ser enfrentados. Por um lado,
baixar o preço final de um item pode impactar diretamente na rentabilidade da empresa.
Reduzir a qualidade do produto ou serviço final pode afetar a reputação da companhia.
Exportar, por sua vez, pode acarretar em alguns custos iniciais de adaptação.
É importante ressaltar também que os analistas de negócios devem captar informações
em diversas áreas diferentes para poder criar uma análise que seja real e bem embasada.
Muitas vezes, isso significa recorrer a diversas fontes dentro da própria empresa:
Analistas de negócios devem analisar e sintetizar informações
fornecidas por grande número de pessoas que interage com o
negócio, como clientes, colaboradores, profissionais de TI e
executivos. O analista de negócios é responsável por
desvendar as verdadeiras necessidades das partes
interessadas, não simplesmente seus desejos explícitos. Em
muitos casos, o analista de negócios irá trabalhar também para
facilitar a comunicação entre unidades organizacionais
(BABOK, 2011, p. 5).
Entendidos esses pontos iniciais, você agora está preparado para o quiz e para entender
os conceitos chave da análise de negócios!
MÉTRICAS E TÉCNICAS DE ANÁLISE DE NEGÓCIOS
Agora que você já entendeu o básico da análise de negócios, está na hora de se
familiarizar com alguns conceitos fundamentais! Esses conceitos vêm do próprio BABOK:
 Domínio: “Um domínio é uma área submetida à análise”.
 Soluções: “Uma solução é um conjunto de mudanças no estado atual da organização
que são feitas com o intuito de permitir que ela atenda a uma necessidade do negócio,
resolva um problema ou se beneficie de uma oportunidade”.
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
 Requisitos: “Uma condição ou capacidade necessária para uma parte interessada
resolver um problema ou atingir um objetivo”.
E além desses conceitos, existem outros? Claro. Os próprios conceitos colocados acima
são aprofundados no BABOK. Além desses conceitos essenciais, existem algumas
habilidades críticas necessárias para que a análise de negócios efetivamente funcione. A
primeira delas é a habilidade em comunicação; como o analista trabalha com uma imensa
gama de informações de fontes diferentes, é essencial que tenha capacidade de “sintetizar
informações fornecidas por grande número de pessoas que interage com o negócio, como
clientes, colaboradores, profissionais de TI e executivos” (BABOK, 2011, p. 5). Além da
comunicação, é importante que seja uma pessoa capaz de pesquisar e analisar assuntos
de forma detalhada, isto é, ir além do superficial, questionando-se sobre as entrelinhas
daquilo que encontra. A partir do momento que uma análise de negócios começa a ser feita,
decisões serão tomadas tendo o resultado dessa análise por base. Por isso, é importante
que as informações coletadas na análise sejam bem organizadas, e que o analista seja
capaz de visualizar o cenário completo das informações que está coletando e sistematizando.
Existem, é claro, algumas técnicas que o BABOK sugere para se analisar um determinado
negócio, como brainstorming, análise de documentos, grupos focais e ainda várias outras.
Essas técnicas podem ser utilizadas de acordo com o tipo de informação que você deseja
obter e também de quem. Pessoas de maior grau hierárquico da organização normalmente
não terão muito tempo e nem se disporão a participar de dinâmicas. Por outro lado, pessoas
de níveis hierárquicos de entrada poderão sentir-se estimuladas quando participam de
alguma iniciativa assim. Utilizando essas técnicas, você pode conseguir obter um bom
número de informações sobre a empresa, que te capacitarão a encontrar uma estratégia
adequada para que ela, por exemplo, se internacionalize.
Tenha em mente sempre que a análise de negócios deve estar focada no interesse
maior do negócio, e não nas metas dos chefes: “você deve considerar as necessidades da
empresa entrevistando e considerando seus líderes. Tenha certeza, no entanto, de que você
está olhando para as necessidades do negócio, dentro do contexto do que o negócio está
tentando fazer e realizar, e não no que os líderes estão buscando” (KUPPERSMITH; MULVEY;
MCGOEY, 2013).
Uma das mais comuns formas de análise é a chamada análise corporativa, que auxilia
a entender o que o negócio busca e quais são as melhores formas de alcançar essas metas:
[...] análise corporativa descreve as atividades de análise de
negócios necessárias para identificar uma necessidade do
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
negócio, problema ou oportunidade, definir a natureza de uma
solução que atende a essa necessidade e justificar o
investimento necessário para a entrega dessa solução
(BABOK, 2011, p. 87).
Para os projetos internacionais,essa análise é de importância fundamental e vital, uma
vez que, para internacionalizar, muitas vezes são necessárias adaptações da empresa,
dos produtos ou até de uma determinada estrutura de atendimento. Mas qual, afinal, deve
ser o resultado de uma análise de negócios? Vejamos as possibilidades trazidas pelo
BABOK:
Criar uma nova capacidade como em um novo produto ou
serviço, atuando sobre uma desvantagem competitiva ou
criando uma nova vantagem competitiva;
Aumentar as receitas através do aumento nas vendas ou da
redução dos custos;
Aumentar a satisfação dos clientes;
Aumentar a satisfação dos colaboradores;
Ajustar-se a novas regulamentações;
Aumentar a segurança;
Reduzir o tempo de entrega de um produto ou serviço (BABOK,
2011, p. 90).
Seja qual for o resultado esperado pela sua empresa, a análise do negócio pode e deve
fornecer mecanismos para que as vendas aumentem, os clientes e colaboradores sintam-
se mais satisfeitos ou que a empresa evolua ou melhore de alguma forma. Agora que você
já entendeu esses aspectos e características centrais da análise de negócios, está na hora
de entender melhor como a análise internacional funciona...
ANÁLISE DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS
 Até aqui você já entendeu diversos aspectos ligados aos negócios internacionais, desde
as formas de se entrar em mercados internacionais – exportação, franquias, joint ventures,
investimento estrangeiro direto – até alguns riscos que tais atividades envolvem, como riscos
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
culturais, de segurança, geográficos, econômicos ou políticos. Com tantos fatores a
considerar, como fazer a análise internacional, então?
A primeira questão a se considerar é o motivo pelo qual você está efetuando a análise.
É para internacionalizar? Se for, é importante focar em aspectos econômicos, políticos e
jurídicos primeiro. É para entender o risco que um país representa? Nesse caso, seu foco
deve ser político, de segurança e cultural. A análise internacional, antes de mais nada, depende
do que você espera obter com ela. A partir disso, da delimitação de um foco, é que você
parte para seus elementos. Sendo este um material direcionado a profissionais
internacionais, vamos partir do pressuposto de que seu objetivo com a análise seja para
internacionalização.
Muito da análise de negócios para a internacionalização parte da busca por oportunidades
globais de mercado. E o que são essas oportunidades?
Uma oportunidade global de mercado refere-se a uma
combinação favorável de circunstâncias, localização ou
momento, que ofereça perspectivas de exportação,
investimento, suprimento ou parceria em mercados
estrangeiros. Em várias localidades no exterior, a empresa pode
perceber oportunidades: vender seus produtos e serviços; (...);
comprar matérias primas, (...) (KNIGHT; CAVUSGIL;
RIESENBERGER, 2010).
Um acordo de livre comércio entre o Brasil e um país com o qual sua empresa queira
fazer negócios pode ser, para você, uma oportunidade global de mercado. Para analisar se
essa oportunidade vale ou não à pena, existem alguns fatores a serem considerados
também. Não basta apenas encontrar uma oportunidade, deve-se garantir que ela possa
ser explorada a contento. Em alguns casos, o risco ou o custo não compensam o retorno.
Em outros, apenas o risco é um impeditivo. Analisemos, a título de exemplo, a situação da
Síria com muita frieza: o país está destruído e sobrou pouca coisa. Esta é, em tese, uma
oportunidade para vender coisas para lá. A pergunta que se coloca é: dados os sérios
riscos em segurança, infraestrutura, política e geografia, vale à pena abrir uma empresa lá?
Possivelmente não.
Existem mundo a fora uma série de indicadores do chamado “risco país” que podem te
ajudar na sua análise. Em alguns casos um país está crescendo economicamente e as
coisas parecem melhorar. Até que, por exemplo, altera-se o governo e os novos mandatários
não conseguem administrar bem o país. Esses casos afetam negativamente o risco país.
Fazer análise internacional, no entanto, não depende apenas do cenário do local de destino.
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
Assim como na análise de negócios, na análise internacional deve-se considerar também
fatores internos à empresa:
A seleção dos mercados para onde expandir as operações é
determinada por fatores internos e externos à empresa. A nível
interno são aspectos como a capacidade de adaptar o produto
(se necessário), a disponibilidade de recursos financeiros e
técnicos, a experiência prévia nesses mercados, a existência
de contatos com clientes (...). No plano dos fatores externos,
é indispensável analisar questões como a dimensão atual (e
potencial) do mercado, as condições econômicas, as políticas
governamentais, (...), entre outras (FERREIRA; REIS; SERRA,
2011).
E ainda não é só isso! Veja o que mais você deve analisar: “o preparo organizacional
para a internacionalização; avaliar a adequação de produtos e serviços da empresa para
os mercados externos, classificar os países para identificar mercados potenciais atrativos;
avaliar o potencial, ou a demanda, de mercado de um determinado setor, (...)” (KNIGHT;
CAVUSGIL; RIESENBERGER, 2010).
Perceba como não existe como formatar análises internacionais, uma vez que tais
análises precisam levar em conta uma série de fatores variáveis importantes. Uma vez que
sua análise percebeu que um determinado país é atrativo e apresenta poucos riscos, você
não deve jogar-se à internacionalização de imediato. Existem, ainda, mais coisas que devem
ser levadas em consideração:
 Quem/quais são os líderes de mercado no país de destino?
 Quais as necessidades fundamentais dos clientes e como eu as satisfaço?
 Qual a estrutura do setor e quantos são os concorrentes?
 Como minha empresa vai se posicionar e quais produtos levará?
 Como será feito o marketing, as vendas, a propaganda, o relacionamento com os clientes
e a distribuição dos produtos?
A essas questões ainda se poderiam somar outras. Até aqui você já deve ter percebido
como fazer análise de negócios internacionais é algo que fica entre montar uns quebra
cabeças e jogar xadrez. Além disso, a sua busca por informações não tem um ponto final.
Enquanto houver dúvida, deverá haver pesquisa e análise. Somente assim você terá
segurança em seu projeto, reduzindo os riscos, que são tantos!
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ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS
TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
Existem alguns temas que são recorrentes no noticiário internacional, com o qual todos
nós estamos bem familiarizados. No entanto, existe muito mais a ser lido nas entrelinhas do
que comentam as colunas econômicas e financeiras. Se, no decorrer dos anos 2000,
olhássemos para o futuro, veríamos como uma grande tendência à ascensão dos países
dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – à condição de líderes globais. E
como estão esses países hoje?
Brasil e Rússia desaceleraram suas economias e defrontam-se com a urgente
necessidade de reformas para retomar seu crescimento. A África do Sul, ainda promete
crescer bastante, mas tem lidado com problemas críticos como desemprego e imigração
ilegal. A Índia escora seu crescimento em seu mercado interno de mais de um bilhão de
pessoas, e tal qual a China tende a continuar crescendo bastante pelas próximas décadas.
Ambos os países necessitarão de uma quantidade crescente de commodities para alavancar
sua indústria interna. O crescimento chinês tende a desacelerar, mas ainda assim
permanecerá alto – ou maior do que o crescimento brasileiro.
E o que mais o futuro nos reserva? O mesmo economista que criou o termo BRICS criou
recentemente o termo MINT, para designar outros países de crescimento promissor, como
México, Indonésia, Nigéria e Turquia que deverão manter razoáveis índices de
desenvolvimento econômico.
Muitas das preocupações dos internacionalistas de hoje, no entanto, não se relacionam
apenas com o cenário econômico, visto que existem nações com fortes promessas

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