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Página 1 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS Página 2 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS SOBRE ESTE CONTEÚDO Todos os direitos reservados a MIB - Massachusetts Institute of Business. Material teórico didático para subsídio no processo de ensino e aprendizagem. Coordenação: João Alfredo Lopes Nyegray. Professor: João Alfredo Lopes Nyegray. Direção por: Marcus Vinícius Franquine Tatagiba. Página 3 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 4 COMPONENTES PRINCIPAIS DO AMBIENTE INTERNACIONAL ....................... 4 Globalização e a nova forma de se fazer negócios ....................................................... 5 Estados como atores internacionais .............................................................................. 7 Organizações Internacionais ............................................................................................ 8 Empresas Multinacionais ................................................................................................. 9 Cultura e Gestão Intercultural ...................................................................................... 10 RELAÇÕES ECONÔMICAS GLOBAIS E COMÉRCIO ......................................... 12 Comércio e Transações Internacionais .................................................................... 13 Comércio Exterior e Competitividade ............................................................................ 14 Comércio Exterior de Serviços ..................................................................................... 16 Comércio Exterior e Projetos Internacionais ................................................................ 17 INTERNACIONALIZAÇÃO E OPORTUNIDADES DO MERCADO INTERNACIONAL ........................................................................................................ 19 Internacionalização ......................................................................................................... 19 Por que internacionalizar? ............................................................................................. 21 Modos de entrada e operação ..................................................................................... 22 Busca de oportunidades para a internacionalização ................................................. 23 PROJETOS E ANÁLISE INTERNACIONAL ............................................................ 25 Projetos e análises internacionais: motivações e riscos ............................................ 25 Estratégia para a área internacional ............................................................................ 27 Aspectos centrais das análises internacionais ............................................................ 28 Métricas e Técnicas de Análise de Negócios .............................................................. 30 Análise de Negócios Internacionais ............................................................................... 32 Tendências Internacionais ............................................................................................. 35 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 37 Página 4 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS INTRODUÇÃO Vamos pensar por um instante: quantos países existem hoje? São em torno de 196 países, mais alguns territórios como Vaticano e a Palestina. Arredondemos para 200. Agora, imagine quantas línguas diferentes não são faladas em cada um desses 200 países! Ok, alguns países podem falar a mesma língua, com algumas diferenças, como Brasil, Portugal e Angola ou Estados Unidos, Austrália, Canadá e Inglaterra. Outros, por outro lado, possuem vários idiomas e dialetos oficiais, como a África do Sul. Cada um desses países, com um ou com vários idiomas e dialetos pode ser berço de diversas culturas diferentes. Cada uma dessas culturas com seus hábitos, costumes e padrões do que é ou não é “normal” de acordo com sua própria lógica. Por entre esses diversos países, berços de diversas culturas, estão as maiores empresas de cada nação. Algumas expandiram-se para o exterior, outras apenas dominam os mercados nacionais. Essas empresas obedecem às regras e leis de seus países, com as quais já estão bem familiarizadas. Quando buscam internacionalizar, por outro lado, precisam se adaptar às culturas, idiomas, leis e regulamentos dos países hospedeiros. Permeando todo esse cenário complexo, existem organizações e leis internacionais que buscam normatizar um pouco o sistema internacional. Você percebe como esse pequeno mundo onde vivemos é complexo? É justamente para entender toda essa complexidade que existe a análise de negócios. Seu objetivo é fornecer um caminho mais seguro para que as empresas sigam. Por isso sempre que falamos em análise de negócios trazemos o tema dos projetos internacionais. A grande maioria dessas análises serve para criar ou gerenciar projetos de internacionalização. COMPONENTES PRINCIPAIS DO AMBIENTE INTERNACIONAL Estima-se que, quando estourou a crise da bolsa de valores de Nova York em 1929, a notícia levou pelo menos uma semana para chegar aos negociadores paulistas de café, em São Paulo. Naquele tempo, nas primeiras décadas do século XX, a informação não viajava como viaja hoje, de forma instantânea. Levava-se tempo para se ficar sabendo o que havia ocorrido em outros lugares, e ainda mais tempo para medir o impacto de tais acontecimentos nos negócios. E hoje em dia? Quanto tempo depois dos fatos nós ficamos sabendo de sua ocorrência? Ficamos sabendo imediatamente. As tecnologias da informação, que evoluíram a passos largos no decorrer do século XX, aproximaram os países e, de certa forma, Página 5 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS removeram as fronteiras da distância. E você já parou para pensar qual o impacto desse fato para o mundo dos negócios? É imenso! A sua empresa deixa de concorrer apenas com seus rivais locais, e passa a concorrer com qualquer outra empresa do planeta que produza os mesmos bens. Se a concorrência aumentou, aumentou também as possibilidades de escolhas dos consumidores, que já não compram mais como antigamente. Isso pode ser tanto uma oportunidade, para as empresas e profissionais bem preparados, quando uma ameaça para aqueles que não têm conhecimentos na área. Hoje, o comércio virtual está plenamente difundido, e nós compramos tanto de sites no exterior quanto de sites nacionais. Além disso, os produtos que muitas das grandes empresas oferecem aqui são exatamente os mesmos oferecidos no exterior. Nike, Ford, Fiat, Toyota, Tommy Hilfiger, Levi’s, Ralph Lauren, Calvin Klein, Absolut Vodka, Apple, Samsung, Microsoft, e tantas outras empresas de vários outros segmentos estão absolutamente difundidas pelo mundo. Como você pode perceber, é fácil lembrarmos dessas grandes marcas, plenamente globalizadas e internacionalizadas. E as pequenas e médias empresas, como podem entrar no ciclo do comércio e das relações internacionais? De várias maneiras, e uma delas é através dos projetos internacionais, que você verá a partir daqui! GLOBALIZAÇÃO E A NOVA FORMA DE SE FAZER NEGÓCIOS Globalização é um daqueles termos muito comentados, mas pouco entendidos realmente. Existem aqueles que acham que a globalização é algo novo, recente, ligado ao avanço da internet. E não é. A globalização é um fenômeno antigo: o próprio Alexandre o Grande, rei da Macedônia, buscou expandir ao mundo conhecido de então aspectos diversos da vida e da cultura helênica da época. Depois, os romanos antigos buscaram levar suas leis e culturas para fora de sua bela cidade, e expandiram as fronteiras do império romano pela Europa de então. Viu só? Não é de hoje que a globalização existe. Justamente por isso é tão difícil traçar sua história. O que podemos perceber comalguma clareza, é que a globalização, como a conhecemos hoje, com inegável impacto nos negócios, tem seu início com as Grandes Navegações dos séculos XV e XVI, que acabam por alterar a balança comercial da época. Mais tarde ainda, é com a Primeira Revolução Industrial, e com a nova tecnologia do motor a vapor, que se aprimoram os transportes, especialmente o marítimo e o ferroviário. A partir desse momento, uma série de novas tecnologias vão aprimorando não só os transportes, mas os processos de produção e de manufatura. A partir do momento em que as Revoluções Industriais alteram os paradigmas produtivos – de um modo de produção Página 6 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS artesanal para um modo de produção em escala industrial – passa a haver uma maior oferta de uma série de produtos. Com isso, além de uma redução geral de preços motivada pela maior oferta de produtos, passa a haver um excedente exportável. É em torno do início do século XX que a eletricidade e o aço passam a se difundidos, colaborando ainda mais para a globalização. Concomitantemente, a humanidade passa a desenvolver tecnologias cada vez mais avançadas, como o telefone, o avião, o telégrafo e tantos outros facilitadores da vida. Após 1945, surgem as Organizações Internacionais interessadas em regular o ambiente internacional, seja para assuntos de paz e guerra, seja para assuntos financeiros e de comércio. Por fim, as telecomunicações se revolucionam a partir da década de 1980, e as tecnologias bancárias tornam-se cada vez mais modernas. Todos esses fatores e aspectos contribuíram para a integração do mundo através do processo de globalização. E quais os impactos disso? Os impactos são vários: os transportes mais eficientes de navios e aviões maiores e mais rápidos, as comunicações, as transferências financeiras, os acordos internacionais e tantos outros aspectos acabam por industrializar, integrar e desenvolver o mundo cada vez mais. Por conta disso, as economias tornam-se mais integradas e os estilos de vida em muitos lugares – principalmente no ocidente – convergem para gostos e preferências semelhantes. Tudo isso colabora para que muitas empresas tornem-se globais. Basta que vejamos um símbolo, um logotipo, em qualquer lugar do mundo, para sabermos a qual empresa e a qual produto tal marca se refere. É por conta de todos esses fatores que podemos dizer: A globalização dos mercados abriu inúmeras oportunidades de negócios às empresas que se internacionalizaram. Ao mesmo tempo, ela implica a adaptação das empresas a novos riscos e uma acirrada concorrência de competidores estrangeiros. A globalização resulta em compradores mais exigentes, que buscam as melhores ofertas de fornecedores mundiais. (...) Os gestores das empresariais (penso se empresas) devem, cada vez mais, adotar uma orientação global em vez de um foco local (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010). E você, está preparado para adotar uma orientação global no seu trabalho? Página 7 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS ESTADOS COMO ATORES INTERNACIONAIS Anteriormente vimos como algumas grandes empresas estão presentes no mundo todo. Vimos também que a globalização agiu como padronizadora de estilos de vida em muitos lugares – principalmente no ocidente – o que gerou uma convergência para gostos e preferências semelhantes. Mas e os países, os Estados, ficam como nesse cenário? Como entes passivos? Não! Os Estados continuam participando ativamente. A grande diferença é que, antigamente, os países eram os grandes atores das relações internacionais, os principais, mais importantes e mais ativos participantes. Hoje em dia, as empresas, os indivíduos e as organizações internacionais também ganharam voz. Essa alteração ocorre, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial. É a partir daí que se consolidam as Organizações Internacionais como a ONU. Ademais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 dá ao indivíduo proteção internacional e alguns direitos fundamentais, independentemente de onde essa pessoa tenha nascido. Assim, a progressiva integração mundial fez com que outros entes internacionais ganhassem importância. Isso não significa, no entanto, que os Estados hoje sejam apenas entes passivos, pelo contrário. Numa tentativa de gerar segurança e ordem internacional, aos Estados cabe participar nos fóruns e reuniões internacionais, redigir e aprovar acordos e normas, firmar tratados e estabelecer alianças. É de se lembrar que, no caso brasileiro, qualquer acordo internacional ao qual nosso país tenha se comprometido, deve ser submetido à aprovação do Congresso Nacional para que passe a fazer parte de nosso ordenamento jurídico. Esse ponto é mais uma mostra do papel que o Estado desempenha nas relações internacionais da atualidade. Existem, obviamente, outros fatores que merecem atenção. Ao buscar a internacionalização, as empresas devem seguir as leis dos países hospedeiros. Nesse caso, podem haver leis e normas no destino que não existem no país de origem. Além das empresas os profissionais internacionais devem estar atentos também às condições legais impostas pelos Estados às empresas estrangeiras: Muitas nações impõe restrições à entrada de investimento direto estrangeiro (IDE). Por exemplo, no Japão, o daitenhoo (lei das lojas de varejo de grande escala) coibiu estrangeiros de abrir lojas no estilo atacadista como Walmart (...), restringindo as operações de gigantes varejistas (...). Na Malásia, as empresas que desejam investir em negócios locais devem obter a permissão do Malaysian Industrial Development Authority, que Página 8 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS examina as propostas para garantir que se adequem às metas da política nacional. Os Estados Unidos restringem investimentos estrangeiros que julgam afetar a segurança nacional; os de grande porte devem ser examinados pelo U.S. Committee on Investments (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010). Perceba como os Estados desempenham um papel importante não só no sistema internacional, mas também na normatização de uma série de atividades. É de extrema importância que, para o sucesso dos projetos internacionais e de seus profissionais, haja atenção detalhada às mais variadas regulamentações. Obviamente que você não precisa tornar-se extenso conhecedor das leis de todos os países, mas apenas daquelas leis que podem afetar o seu projeto no país que você pretende abordar. Além das leis sobre investimento estrangeiro direto, existem outras sobre marketing, distribuição, repatriação de lucro, meio ambiente e contratos. Por fim, existem uma série de riscos que os Estados podem apresentar aos projetos internacionais. O risco-país, por exemplo, tenta alertar a respeito dos perigos de se fazer negócio em determinados locais. Algumas nações são conhecidas por confiscar propriedades privadas, sobretaxar empresários e não respeitar contratos ou propriedade intelectual. Nesses locais, raramente se farão grandes negócios. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS No decorrer do século XIX os Estados europeus digladiaram-se para dividir a África, aumentar suas colônias e o poder de seus impérios. Uma complicada política de alianças, somada aos conflitos do imperialismo, acabou levando à Primeira Guerra Mundial. No decorrer desse primeiro conflito, enquanto os estados europeus estavam envoltos nas hostilidades, os Estados Unidos tornaram-se o grande produtor e fornecedor mundial de bens. Com o fim da guerra em 1918, os estadunidenses mantiveram seu elevado ritmo de produção, o que gerou a crise da superprodução de 1929. Após a deflagração da crise, os países afetados adotaram políticas protecionistas, discursos nacionalistas e de ódio. Os ânimos ferveram e em 1939 os alemães invadem a Polônia dando início à Segunda Guerra Mundial. Por mais difícil que seja conjecturar o que não foi, mas que poderia ter sido vamos imaginar por um minuto: e se, na época da Primeira e da Segunda Guerra, houvesse Organizações Internacionais (OI’s) capazes de utilizardo diálogo como fonte de resolução Página 9 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS de controvérsias? Nesse momento, os mais atentos dirão: mas havia a Sociedade das Nações, fundada em 1919! De fato, havia, mas a SdN não contava com a participação dos Estados Unidos e de vários outros países. Se, à época dos Conflitos Mundiais, houvesse Organizações Internacionais mais fortes, talvez os acontecimentos do século XX fossem diferentes. Hoje, no entanto, existem várias dessas organizações, caracterizadas por possuir personalidade jurídica própria, “constituídas através de um Tratado, com a finalidade de buscar interesses comuns através de uma permanente cooperação entre seus membros” (SEITENFUS, 2005). A partir do final da Segunda Guerra em 1945, e com a fundação da Organização das Nações Unidas (ONU), esse tipo de iniciativa internacional “populariza-se”, e criam-se OI’s especializadas – como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) – e também regionais – como a Organização dos Estados Americanos (OEA). Na década de 1940, junto com a ONU, surge o Fundo Monetário Internacional (FMI), encarregado de prestar socorro financeiro aos países em crise e monitorar o sistema financeiro e monetário; e o Banco Mundial (BM), encarregado de fornecer os meios para a reconstrução da Europa. Atualmente, essas organizações servem não só como fórum de diálogo para temas mundialmente relevantes, como meio ambiente, terrorismo, recursos hídricos, alimentação e mudanças climáticas; mas servem também como organismos fomentadores de pesquisas e entendimento de áreas relevantes e complexas, que necessitam de pareceres e estudos de especialistas. A cooperação internacional encontra nas organizações internacionais uma forte aliada na busca por normas comuns, pesquisas conjuntas e prestação de serviços sincronizados. EMPRESAS MULTINACIONAIS Por diversas vezes no decorrer desse material, você já se deparou com nomes e exemplos de grandes empresas. Internacionalmente, existem vários tipos de empresas que atuam em diversas áreas. Logística, navegação, finanças e tantas outras podem servir de exemplo. Um tipo específico de empresas com forte atuação internacional são as empresas multinacionais. Essas organizações caracterizam-se por seu tamanho, capacidade financeira e recursos, e por terem uma matriz em um determinado país, e filiais espalhadas pelo mundo. A revista Fortune classifica ano a ano as maiores empresas do planeta. Em edição recente, constam no topo Wallmart, Royal Dutch Shell, Exxon, British Petroleum, Volkswagen, Toyota, e várias outras empresas e marcas altamente conhecidas. Muitas vezes, essas grandes empresas possuem um faturamento anual maior do que o PIB de diversas nações, o que dá a elas grande poder de barganha. Por essa razão, é possível afirmar que Página 10 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS “atividade da Empresa Multinacional moderna é essencialmente diferente da de sequer trinta anos atrás. A globalização impulsionou os processos de internacionalização e, hoje, essas corporações cada vez mais se parecem com Estados independentes” (SARFATI, 2007). Essa semelhança das empresas multinacionais com países deve-se ao seu porte, ao número de pessoas que empregam e aos recursos que movimentam. Multinacionais como “Exxon, Honda e Coca Cola obtêm uma parcela significativa de suas vendas e lucros totais, geralmente mais da metade, de operações transnacionais” (KNIGHT; CAVUSGIL; RIESENBERGER, 2010). Além disso, outras tantas grandes empresas acabam por desempenhar atividades diferentes em países diferentes: pesquisa e desenvolvimento no Japão e Estados Unidos, suprimentos vindos da China e Índia, manufatura no leste europeu ou México, e assim por diante. Isso é o que se chama de internacionalização da cadeia produtiva ou da cadeia de valor. Muitas nações subdesenvolvidas acabam, por pressão dessas grandes empresas, alterando leis nacionais para permitir a exploração de mão de obra, remissão de lucros ao exterior ou flexibilização de normas ambientais. Ainda com esses aspectos negativos, é igualmente frequente que empresas sejam responsabilizadas em seu país de origem por malfeitos no estrangeiro. Assim como a globalização não é um processo recente, a multinacionalização de empresas também não é. Atualmente, com a difusão e melhoria das tecnologias da informação as empresas estão se internacionalizando de maneira mais rápida e ágil. Um exemplo são as born globals – empresas nascidas globais. Trata-se de empresas jovens que, num curto espaço de tempo, conseguem obter uma boa porcentagem de suas vendas do exterior – 25 ou 30% –, de dois ou três continentes diferentes. Essas empresas são normalmente criadas por profissionais de espírito empreendedor com alguma experiência internacional. Tem sido frequente o surgimento de empresas nascidas globais no segmento de tecnologia, que criam ou difundem algum tipo de inovação. CULTURA E GESTÃO INTERCULTURAL Internacionalmente é comum que o profissional ingresse em diferentes ambientes, em diferentes países, caracterizados por diferentes culturas e hábitos. Consequentemente, cada um desses ambientes traz diversos padrões de comportamento considerados normais. Com esses comportamentos, vêm os hábitos do consumidor, as leis e diretrizes, e uma série de outras dimensões que devem chamar a atenção dos profissionais que atuam na área internacional. Página 11 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS O próprio termo “cultura” pode ter uma acepção ampla: frequentemente se diz que esta ou aquela pessoa é uma pessoa “culta”, referindo-se aos conhecimentos e comportamentos da pessoa. No entanto, para os projetos internacionais, cultura “refere-se aos padrões de orientação aprendidos, compartilhados e duradouros em uma sociedade. As pessoas demonstram sua cultura por meio de valores, ideias, atitudes, comportamentos e símbolos” (KNIGHT; CAVUSGIL; RIESENBERGER, 2010). Por isso, um gesto que para você pode parecer comum, quando feito em um ambiente que não seja o seu pode ser um grande insulto! A figa, por exemplo, que para alguns significa sorte, na Itália representa uma ofensa. Quando elevamos essa lógica ao mundo dos negócios, temos que tomar muito cuidado na hora de prospectar um produto ou elaborar um projeto: A cultura influencia uma gama de intercâmbios interpessoais bem como operações de cadeia de valor como desenvolvimento de produto e serviço, marketing e vendas. Os administradores devem criar produtos e embalagens levando em conta os aspectos culturais, inclusive em relação a cores. Se por um lado o vermelho pode ser bonito para os russos, por outro é símbolo de luto na África do Sul (KNIGHT; CAVUSGIL; RIESENBERGER, 2010). Já imaginou se você lança um produto embalado em vermelho na África do Sul? A chance de sucesso diminui à medida que a cultura é desconsiderada e, consequentemente, aumenta à medida que a empresa preocupa-se com o fator cultural. Essas questões chegam a manifestar um risco: o risco da gestão intercultural, que quando ignorado pode trazer sérias consequências aos envolvidos. Da mesma forma que você não precisa tornar-se amplamente versado nas questões legais dos mais diferentes países do mundo, você não precisa tornar-se um grande antropólogo e conhecedor de todas as culturas existentes. Basta que, ao elaborar um projeto, ao viajar ou negociar com um outro país, você se inteire dos hábitos, gostos e o que pode ser considerado ou não uma ofensa. É importante frisar que uma cultura não é algo herdado geneticamente, mas é um comportamento aprendido. Ou seja: se você precisar ir morar noutro país, poderá aprender a comportar-se como seus nacionais. Todo profissional que atua na área internacional deve também saber que nenhuma cultura é melhor ou pior do que a outra, mesmo porque esse tipo de comparação e afirmação não faz sentido. Chama-se de etnocêntrico aquele que considera sua cultura melhor do que as demais. Página 12 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS Pense, porum instante, nas questões gastronômicas para te auxiliar a entender as questões culturais: aquilo que para nós é comum, como comer carne de porco, para os israelenses é pecaminoso. Enquanto os chineses utilizam insetos e ovos fecundados em sua gastronomia, essa ideia pode não nos apetecer tanto... RELAÇÕES ECONÔMICAS GLOBAIS E COMÉRCIO Se as relações econômicas internacionais são parte importante do desenvolvimento das nações, isso quer dizer também que as empresas e governos – participantes que fazem essas relações acontecerem, seja através de operações de comércio seja através de incentivo – tem papel fundamental. Mas afinal, por qual motivo as nações comercializam? Será que é apenas para vender e lucrar? Veja o trecho abaixo: O comércio permite aos países usar seus recursos nacionais de modo mais eficiente por meio da especialização. O comércio permite as indústrias e operários serem mais produtivos. O comércio também permite às nações atingirem padrões de vida mais elevados e manterem baixo o custo de muitos produtos de uso cotidiano. Sem o comércio internacional, a maioria delas ficaria impossibilitada de alimentar, vestir e abrigar seus cidadãos nos níveis atuais. Até as economias ricas em recursos como os Estados Unidos sofreriam sem comércio. Alguns tipos de alimento ficariam indisponíveis ou só poderiam ser obtidos a preços exorbitantes. Café e açúcar passariam a ser artigos de luxo. As fontes de energia derivadas de petróleo escasseariam. Os veículos parariam de rodar, as cargas deixariam de ser entregues, e as pessoas não poderiam aquecer seus lares no inverno. Em suma, não se trata somente de nações, empresas e cidadãos beneficiarem-se do comércio internacional; a vida moderna é praticamente impossível sem ele (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010). Página 13 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS E você, já havia pensado por essa perspectiva? Considere a imagem abaixo: Fonte: https://goo.gl/ZnVQ7r Essa imagem mostra a cidade chinesa de Shangai em 1990 e depois em 2010. Que mudança radical, não é mesmo? E o que houve nesse curto espaço de tempo? Houve relação econômica: facilitação da vida do empreendedor e dedicação às relações econômicas internacionais, não só nas exportações de produtos ou serviços, mas também nos serviços financeiros e na atração de investimentos e inovações. Espantoso, não é? COMÉRCIO E TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS Se o comércio internacional possibilita nações, trabalhadores e empresas mais eficientes será que isso tudo acontece apenas por meio das exportações? Não! Existe uma série de outras atividades que podem ser desempenhadas pelas empresas além das exportações. A cada uma dessas atividades ou operações, corresponde um risco, que pode ser maior ou menor. É por essa questão do risco, que as exportações são consideradas um primeiro passo na caminhada internacional das empresas. Considera-se que as exportações oferecem um risco baixo para a empresa exportadora, além de oferecer aprendizagem paulatina sobre os mercados nos quais essa empresa está entrando. Aos poucos a empresa exportadora vai adquirindo conhecimentos a respeito das preferências e hábitos de consumidores de uma determinada localidade, o que permite que ela passe a oferecer produtos especialmente projetados para esse público. O mesmo vale para as importações: aos poucos uma determinada organização pode importar produtos para comercializar em seu país. Se o produto for aprovado pelo mercado interno, as importações podem ser aumentadas tanto em sua frequência quanto em sua quantidade de produtos. Por permitirem um envolvimento gradual, considera-se as exportações ou importações a forma mais básica de comércio ou transação internacional. E há vida além das Página 14 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS exportações? Sem dúvida! O licenciamento de propriedade intelectual é um possível exemplo. Uma empresa brasileira fabricante de produtos infantis pode, por exemplo, querer aumentar suas vendas em mercados internacionais. Para isso, essa empresa pode obter o licenciamento da imagem de algum personagem, o que vai tornar seu produto mais atrativo. Uma outra possibilidade: a Disney, Warner Brothers, Pixar, ou qualquer outro estúdio pode licenciar a produção de itens de seus personagens à empresas fora dos Estados Unidos, seu país de origem. Com isso, os produtos finais ficam mais baratos e elas lucram com uma porcentagem das vendas da empresa licenciada. E isso não vale apenas para personagens de filmes: vale também para times de futebol ou marcas de roupa, que podem licenciar a fabricação de seus itens para empresas de outros países. Uma outra forma de envolvimento internacional são as parcerias como alianças e joint ventures. São casos nos quais duas ou mais empresas se unem para reduzir custos e riscos de entrar num mercado diferente do seu. Por exemplo: a Portugal Telecom uniu-se à empresa espanhola Telefónica para atingir o mercado brasileiro com a operadora Vivo. Perceba como, para cada uma dessas transações, corresponde um risco: os riscos das exportações e importações são menores quando comparados com os riscos de alianças e joint ventures. No entanto, o maior risco manifesta-se através do chamado Investimento Estrangeiro Direto ou Investimento Direto Estrangeiro. É o caso de uma empresa que envia uma quantidade de dinheiro para um país no exterior para abrir uma fábrica, comprar uma empresa local, adquirir um concorrente e iniciar operações no país de destino. Um exemplo possível é o das montadoras de automóveis: essas organizações transferem dinheiro de seus países de origem para adquirir um terreno, erguer uma fábrica, importar máquinas e contratar pessoas aqui no Brasil. É por isso que essa modalidade se chama Investimento Estrangeiro Direto. COMÉRCIO EXTERIOR E COMPETITIVIDADE Anteriormente, nós vimos como a riqueza das nações está ligada, dentre vários fatores, a sua participação nas transações financeiras internacionais. Mas e então, qualquer nação altamente exportadora terá boa qualidade de vida? Qualquer nação exportadora trará oportunidades para os profissionais internacionais? Infelizmente não! Vamos utilizar um país do Oriente Médio qualquer: esse país, de pequena população, pode ter exportações altíssimas, importações comparativamente pequenas, e ainda assim baixa qualidade de vida. Normalmente, isso acontece, pois essa nação pode exportar muito petróleo, e importar todo o resto numa quantidade razoavelmente pequena, para atender sua pequena população. Página 15 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS Nesse caso, apenas alguns poucos se beneficiam das exportações, e não a nação como um todo. É por isso que precisamos falar sobre competitividade! Competitividade liga-se, normalmente, a vários fatores, dentre os quais capacidade de produzir e vender de forma melhor. Nesse sentido, “Um país com maior competitividade é um país que consegue com maior facilidade, colocar os bens e serviços que produz, nos mercados externos, aumentando por isso as suas exportações” (Fonte: https://goo.gl/TWTNOj). Essas exportações acabam retornando em benefícios para a população, decorrentes de empregos, investimentos, crescimento econômico e desenvolvimento de uma forma geral. Anualmente, são divulgados diversos índices de competitividade mundial. Infelizmente, ano a ano, o Brasil vem perdendo posições, e atualmente está atrás até mesmo do Cazaquistão e do Peru. O mesmo vale para o ranking da Organização Mundial do Comércio (OMC) dos maiores exportadores. Quando consideramos a posição Brasileira, no 26º lugar no ano de 2020, percebemos em nossa frente muitos países territorialmente menores e com menores parques industriais, como Espanha e Arábia Saudita. Mesmo assim, essas nações estão na nossa frente. (Fonte: http://www.worldstopexports.com/worlds-top-export- countries/). Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas importam, mais opções de escolha têm seus consumidores. Como consequência, suas empresas nacionaisbuscam criar produtos melhores, mais inovadores e de maior tecnologia, para permanecerem no mercado. Por outro lado, quando o governo trava as importações, cria empecilhos ao comércio exterior – através de leis e procedimentos burocráticos e sem sincronia, com muitos órgãos intervenientes – menos empresas se engajam em atividades internacionais. Consequentemente, esse país perde oportunidades de crescimento, desenvolvimento e exportação. Um exemplo de país que evoluiu e cresceu graças a sua dedicação às relações econômicas internacionais foi Cingapura. Esse país asiático, na década de 1960, era pobre, sem recursos naturais ou terras férteis. Através de incentivos governamentais, solidificação da moeda, respeito à propriedade privada e incentivos ao empreendedorismo e ao setor industrial, Cingapura hoje tem uma renda per capita maior do que a dos Estados Unidos e União Europeia. Esse país possui poucas regulamentações que travem a internacionalização de suas empresas, impostos baixos e zero tributos sobre as operações de importação ou exportação. E você, acha que o Brasil poderia seguir esse exemplo? Página 16 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS COMÉRCIO EXTERIOR DE SERVIÇOS Até aqui entendemos como o comércio e as transações econômicas internacionais são parte importante da riqueza das nações. Vimos também que muitas das nações mais competitivas, são também grandes exportadoras. Essa semelhança é natural, uma vez que, ao comprometer-se com o comércio exterior e com as transações internacionais, uma determinada nação deve sempre preocupar-se com inovação e aprimoramento, para sempre estar um passo à frente de seus concorrentes. Surge aqui a necessidade de um questionamento: mas as transações internacionais compreendem apenas as trocas de bens físicos? Não! O setor de serviços é parte importante não só das economias, mas também das trocas internacionais! Vamos pensar nos transportes, que carregam cargas por todo o mundo. O transporte, em si, é um bem? Não, um serviço! O mesmo vale para as transações financeiras. São serviços, e não bens que podem ser encaixotados, colocados num container, depois num navio, e depois enviados ao exterior. E não são somente os serviços financeiros ou de transporte que importam aqui: Serviços como hospedagem e varejo tornam-se cada vez mais internacionais. Nas economias mais avançadas, as empresas prestadoras de serviços respondem por uma participação maior do investimento direto estrangeiro (IDE) do que as manufatureiras. Os serviços face a face colocam seus fornecedores em contato direto com clientes estrangeiros por meio de transações além das fronteiras nacionais. Entre esses provedores estão arquitetos, consultores e advogados. Os serviços baseados em ativos são aqueles em que alguém se oferece para estabelecer uma instalação física no exterior, tais como bancos, restaurantes e lojas (CAVUSTIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010). Temos, então, dois tipos de serviços: aqueles com base em ativos e aqueles com base em um determinado atendimento. E qual a principal diferença entre o comércio de serviços e o de bens? É a imaterialidade dos serviços. Na esmagadora maioria das vezes, os serviços são “consumidos” no momento de sua prestação, visto que são imateriais. Por isso muitas vezes é difícil quantificá-los. E existe outra questão crítica em relação aos serviços: muitas vezes um produtor do país consumidor pode produzi-lo: Há, ainda, a situação em que o produtor internacional do serviço permite que algum produtor do país consumidor produza o serviço em questão. Para que isso ocorra é necessário que o Página 17 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS produtor nacional adquira ativos específicos à propriedade do produtor internacional, ativos estes que são necessários para a produção do serviço. Um exemplo evidente é o caso das franquias (por exemplo, fast food, vestuário). Neste caso, a transferência de ativos ocorre por meio de relações contratuais (GONÇALVES, 2005). Veja, você sem dúvida já consumiu algo que originou-se numa transferência internacional de serviços, em qualquer uma das franquias existentes. É importante que os profissionais internacionais tenham em mente que o comércio internacional de serviços pode ser uma fonte de oportunidades. O fato de o serviço ser algo imaterial facilita sua transação e prestação, uma vez que você não precisa se preocupar com trâmites aduaneiros ou logísticos. Em conclusão pode-se afirmar que o comércio internacional de serviços constitui-se numa potencial oportunidade de negócios para profissionais da área internacional, sejam advogados, contadores, gestores ou profissionais de comércio exterior. COMÉRCIO EXTERIOR E PROJETOS INTERNACIONAIS Anteriormente você viu algumas formas de transações internacionais. Essas formas variam conforme seu risco e recursos comprometidos. A mais simples das transações internacionais são as exportações. Por outro lado, a transação mais arriscada e de maior comprometimento de recursos é o Investimento Estrangeiro Direto ou Investimento Direto no Exterior. Independentemente de qual seja a forma escolhida por uma determinada empresa, essa organização dificilmente começará a transação sem um plano de ação ou uma estratégia. As empresas normalmente iniciam suas atividades internacionais com uma visão de futuro, ou seja, buscando entender aonde elas desejam chegar. A visão pode ser: obter um percentual do faturamento do exterior; tornar-se líder de mercado num outro país ou tornar- se menos dependente do mercado interno em x por cento. A partir do momento em que uma determinada empresa tem uma visão de futuro, pode-se traçar uma estratégia para alcançar essa visão. É justamente por isso que se diz que uma boa parte – se não todos – os projetos internacionais partiram de uma visão, à qual correspondeu uma determinada estratégia. Ainda que a empresa esteja iniciando suas atividades internacionais pela forma mais básica, a exportação, esse início de atividade parte de um projeto. Ou seja, a definição do que fazer primeiro: Página 18 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS Fonte: Elaboração própria. Mas afinal, como uma empresa inicia sua atuação internacional? Depende de uma série de fatores! Às vezes a empresa busca importar algum insumo para baratear o custo do produto final. Outras vezes, a empresa quer exportar para, por exemplo, depender menos do mercado interno. Tudo depende da empresa e do produto ou serviço. Apenas depois de entender a motivação da empresa que se pode partir para a seleção do mercado de atuação: A seleção dos mercados para onde expandir as operações é determinada por fatores internos e externos à empresa. A nível interno são aspectos como a capacidade de adaptar o produto (se necessário), a disponibilidade de recursos financeiros e técnicos, a experiência prévia nesses mercados, a existência de contatos com clientes ou distribuidores locais e mesmo eventuais vantagens competitivas de que a empresa dispõe e lhe permitem competir melhor, quer com as empresas locais quer com outras empresas estrangeiras já instaladas. No plano dos fatores externos, é indispensável analisar questões como a dimensão atual (e potencial) do mercado, as condições econômicas, as políticas governamentais, as barreiras ao comércio e ao investimento, as evoluções socioculturais, as políticas de incentivos governamentais ao investimento estrangeiro, entre outras (FERREIRA; REIS; SERRA, 2011). É o entendimento de todos esses fatores que permite o delineamento da estratégia para o início do projeto internacional. Digamos que uma determinada empresa quer efetuar sua primeira exportação. Nesse caso, o indicado é buscar aonde há demanda para o produto fabricado ou serviço prestado. Pode-se também buscar feiras internacionais onde os diretores e gerentes possam visitar. Outra possibilidade é participar de rodadas de negócio promovidas pelas Federações das Indústrias de cada um dos Estados. E se a empresa quiser, por outro lado, importar algum insumopara baratear o produto final? Nesse caso, Página 19 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS você deve buscar fornecedores desse insumo. Novamente, existe a possibilidade de buscar feiras internacionais ou, então, contatar diretamente fábricas no exterior. Perceba: não há uma resposta pronta sobre como as organizações iniciam suas atividades internacionais: as respostas variam caso a caso. Os projetos servem, nesse caso, para ajudar as empresas a selecionar um mercado e uma forma de entrada. INTERNACIONALIZAÇÃO E OPORTUNIDADES DO MERCADO INTERNACIONAL Anteriormente, você aprendeu a respeito da composição do ambiente internacional de negócios, e também a respeito das relações econômicas internacionais. Vimos que boa parte da riqueza das nações provém se sua inserção ativa no cenário internacional de comércio. Anteriormente, vimos também sobre as empresas multinacionais, que são aquelas que contam com a matriz em um país e filiais espalhadas pelo mundo. Agora, pensemos por um instante: você tem uma loja ou uma indústria, que vende seus produtos aqui no Brasil. Como fazer para vender também em outros países? Como escolher um mercado para iniciar as atividades internacionais? As respostas a essas e outras perguntas são dadas pelas teorias de internacionalização de empresas, sendo que cada uma delas adota uma abordagem diferente, por basear-se em casos diferentes. Obviamente que existem no mundo centenas de milhares de empresas diferentes, com características diferentes, funcionários diferentes, forças e fraquezas diferentes. Ainda assim, ao estudarmos a internacionalização podemos perceber que existem alguns traços comuns aplicáveis a uma imensa gama de organizações. É isso o que veremos a partir daqui! INTERNACIONALIZAÇÃO Anteriormente, você viu diversos modos de entrada e operação em mercados internacionais, desde exportação até investimento estrangeiro direto. Essas e as demais modalidades de envolvimento internacional são formas pelas quais a internacionalização acontece. Cada uma dessas formas de internacionalizar pode corresponder a uma determinada necessidade ou a um interesse específico da empresa que está buscando mercados estrangeiros. Página 20 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS Fonte: Elaboração Própria. Perceba como as várias formas de envolvimento internacional da empresa são também formas de internacionalização. Mas afinal, se exportações, joint ventures e investimento estrangeiro direto são formas de internacionalização, o que é a internacionalização em si? A internacionalização, enquanto fenômeno pode ter várias definições. Uma primeira definição pode ser como o “o movimento de indivíduos e empresas para operações internacionais” (WELCH; LUOSTARINEN, 1988). Uma outra definição possível é como “a transferência de bens e serviços através de fronteiras entre países utilizando métodos diretos e indiretos” (LEONIDOU; KATSIKEAS, 1996). Uma terceira definição seria como o “processo através do qual as empresas aumentam sua consciência em relação às influências diretas e indiretas das transações internacionais em seu futuro, e por isso, passam a estabelecer e conduzir operações e transações com empresas de outros países” (BEAMISH; MORISSON, 2002). Essa definição é interessante, pois trata da internacionalização como algo natural para o futuro e para o crescimento das empresas. A essas três definições podem somar-se várias outras, que de alguma maneira, descrevem a internacionalização como um fenômeno ou processo através do qual as empresas buscam o exterior e as operações internacionais. É interessante notar que a internacionalização é tratada como um processo, ou seja, uma concatenação de atos. Isso significa que ela não ocorre do dia para a noite, mas abrange diversas fases. Página 21 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS Existem também outros autores que percebem na internacionalização um processo empreendedor. Ou seja, através dessa visão, a busca por mercados internacionais viria de uma característica comportamental do empresário, e não de motivações econômicas ou políticas. POR QUE INTERNACIONALIZAR? Muito circula nos noticiários dados e fatos sobre a complexidade do sistema aduaneiro brasileiro. Nosso comércio exterior é pautado por mais de 3.500 normas diferentes. Sendo assim um cenário tão complexo, muitos se questionam: mas afinal, porque internacionalizar? Não é bem mais prático ficar como estou, focado no meu mercado doméstico? Sem dúvidas que é mais prático. E é mais cômodo também. No entanto, não é da praticidade e da comodidade que vem o sucesso, não é mesmo? Justamente por isso que, a partir desse raciocínio começam a surgir diversas explicações gerenciais para a busca das empresas pela internacionalização. A mais comum refere-se à sazonalidade de um determinado mercado ou às crises econômicas nacionais. É frequente que crises econômicas afetem diversos participantes de um determinado mercado nacional. Em momentos de crise, gerentes e diretores confrontam-se com decisões difíceis, como a necessidade de demitir, reduzir a produção e cortar gastos. No entanto, uma alternativa viável para manter empregos e a produção, é a busca por outros mercados. Se, por exemplo, o mercado brasileiro está em crise, o mercado argentino pode não estar. Assim, vender meus produtos ou serviços em outros países pode ser uma saída interessante. Uma outra motivação frequente refere-se à sazonalidade nas vendas de determinados produtos. Por exemplo: brinquedos são mais vendidos em datas próximas ao dia das crianças e ao natal. E chocolates e sorvetes? Chocolates tem seu ponto alto na Páscoa, enquanto que sorvetes tem seu ponto alto nas estações mais quentes, como primavera e verão. Apesar de alguns de nós comerem chocolates e sorvetes durante todo o ano, esses produtos tem venda sazonal, ou seja, maior em certas épocas. Agora imagine que você fabrica sorvetes. O que você pode fazer no outono e no inverno? Bem, nessas épocas você pode, quem sabe, vender seus sorvetes para o Hemisfério Norte, onde será primavera e verão quando no Brasil e no Hemisfério Sul for outono e inverno. E quais outras motivações para internacionalizar existem? Mais dezenas! Vamos imaginar as características do consumidor europeu ou norte-americano. Trata-se de um público conhecidamente mais exigente. Sabendo disso, muitas empresas brasileiras buscam vender seus bens nesses locais, o que as forçará a incrementar sua produção e melhorar o resultado do produto final. Nesses locais – Europa e América do Norte – é comum Página 22 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS que, pelo alto nível de exigência dos consumidores, as empresas ofereçam produtos diferenciados. Surge, então, outra resposta para a pergunta “por que internacionalizar”: algumas organizações buscam realizar parcerias com empresas europeias ou estadunidenses, para trocar tecnologias e melhorar o seu resultado. Dessa forma, ao realizar uma parceria com uma empresa do exterior, essa empresa brasileira pode ter acesso à tecnologia, mão de obra e design diferenciado, o que melhorará suas chances de sucesso não só no exterior, mas também aqui no Brasil. Perceba, existem diversas razões para que as empresas internacionalizem, e a cada uma corresponde um projeto diferente que permitirá a empresa chegar aonde quer da melhor maneira. E aonde você trabalha, quais dessas razões justificaria melhor a internacionalização? MODOS DE ENTRADA E OPERAÇÃO Anteriormente, você aprendeu que existem vários possíveis modos de entrada num mercado estrangeiro, que vão desde exportações até investimentos diretos estrangeiros, passando por joint ventures, franquias e licenciamentos. A cada uma dessas formas, corresponde um projeto diferente que deverá ser elaborado e executado pela empresa interessada. Aqui, então, nos defrontamos com uma outra questão: agora que você já sabe quais são os modos de entrada no exterior, assim como já sabe o que é internacionalização, por qual modo de entrada optar? Essaé uma pergunta difícil de ser respondida. Em primeiro lugar, pois sofre variação de empresa para empresa, de produto para produto ou de serviço para serviço. Antes de mais nada, você deve entender a realidade da organização na qual trabalha e as expectativas do cliente. Atento a essas questões, cabe escolher a forma que mais se adapte à sua situação. Deve-se ter em mente também o seguinte: Cada estratégia de entrada possui vantagens e desvantagens, apresentando demandas específicas sobre os recursos gerenciais e financeiros da empresa. De modo geral, as exportações, o licenciamento e a franquia exigem um nível relativamente baixo de comprometimento gerencial e de alocação de recursos. Por outro lado, o IDE e as iniciativas colaborativas com participação acionária necessitam de um nível mais elevado de comprometimento e recursos (KNIGHT; CAVUSGIL; RIESENBERGER, 2010). Além disso, é necessário que você cogite também um outro ponto: a necessidade de promover mudanças ou adaptações no seu produto ou serviço. Essas mudanças vão desde Página 23 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS o idioma da embalagem ou do manual do usuário, até questões relativas à legislação do local para onde esse produto ou serviço está sendo exportado. Por exemplo, no Brasil não se pode oferecer às crianças produtos pintados com tintas que tenham metais pesados em sua composição. Assim como nós, brasileiros, devemos respeitar essa regulamentação, as empresas estrangeiras que quiserem vender brinquedos aqui, também precisarão respeitá-las. Outros produtos, por outro lado, são padronizados, como peças para automóveis ou computadores. Tudo depende, como dito anteriormente, do produto ou serviço e do cliente. O seu projeto internacional deverá levar todos esses fatores em consideração, e efetuar as mudanças necessárias com o mínimo dispêndio de recursos. Tenha em mente que a cada modo de entrada e operação corresponde uma estratégia e, consequentemente, um projeto: “as características específicas de um produto ou serviço, tais como sua composição, fragilidade, perecibilidade e razão entre seu valor e peso, podem afetar de modo significativo o tipo de estratégia de internacionalização a ser adotada” (KNIGHT; CAVUSGIL; RIESENBERGER, 2010). É entendendo bem a sua empresa e as expectativas do cliente, que seu projeto terá maiores chances de sucesso. Não se esqueça que, ao buscar clientes no exterior, você concorre com rivais locais, com aquelas empresas do país de destino, já bem ambientadas e acostumadas com os gostos e costumes locais. Por mais difícil e trabalhoso que pareçam os projetos internacionais, quando conduzidos corretamente, tais projetos são altamente rentáveis e nos ensinam muito! BUSCA DE OPORTUNIDADES PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO Depois que você já se familiarizou com os conteúdos tratados aqui, deve estar se perguntando: mas como encontrar oportunidades para internacionalizar a minha empresa? Novamente, esta não é uma pergunta de fácil resposta. Ainda assim, existem mecanismos que nos permitem estar mais atentos às oportunidades, e que nos permitem percebê-las ou cria-las com maior facilidade. Mas, afinal de contas, o que é uma oportunidade? “É uma situação na qual mudanças na tecnologia ou nas condições políticas, sociais e demográficas geram potencial para criar algo novo” (BARON; SHANE, 2013). Esse “algo novo” pode ser um produto, um serviço, ou uma nova maneira de fazer algo. Um fato gerador de oportunidades são as leis e mudanças políticas. Por exemplo: o novo presidente da Argentina retirou a proibição de meios de comunicação estrangeiros atuarem no país. Isso abre uma oportunidade para meios de comunicação brasileiros. Um outro exemplo: é proibido remanufaturar pneus no Brasil. No Página 24 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS Paraguai, por outro lado, é permitido. Assim, uma empresa que remanufaturava no Brasil, pode fazê-lo no Paraguai. Uma outra fonte de oportunidades são novos conhecimentos. Antigamente, não se sabia dos benefícios à saúde trazidos pelo Goji Berry. Hoje, por outro lado, esses benefícios são amplamente conhecidos. Assim, as empresas podem oferecer produtos com Goji Berry para vários mercados, como iogurtes, pães ou barras de cereais. O mesmo vale para o crescimento de uma determinada classe social. Hoje, em alguns lugares do mundo, a classe C está crescendo rapidamente, o que gera oportunidades para oferecer produtos e serviços destinados a esse público, conhecido como o público da “base da pirâmide”: O preço é uma parte importante da base para crescimento em mercados da base da pirâmide. Telefones GSM eram vendidos por US$ 1.000,00 na Índia. O mercado, obviamente, era limitadíssimo. Como o preço médio caiu para US$ 300,00 as vendas aumentaram. Entretanto, quando a Reliance, uma provedora de telefones celulares lançou sua promoção “Monsoon Hungama” (ou “Batalha das Monções”), que oferecia 100 minutos de ligações gratuitas na compra de um telefone móvel multimídia, com entrada de US$ 10,00 e prestações mensais de US$ 9,25 a empresa recebeu 1 milhão de pedidos em dez dias (PRAHALAD, 2010). Da mesma forma que o crescimento da classe C constitui uma oportunidade para negócios, o crescimento das demais classes também. Pode-se oferecer produtos e serviços mais caros, de maior valor agregado para as classes mais abastadas, por exemplo. Ser capaz de perceber essas particularidades de crescimento social e econômico, regulamentações políticas e novos conhecimentos é essencial para o profissional internacional. Nesse caso, muitos ficam em dúvida: “mas então eu tenho que ler todos os jornais do mundo para saber de todas as novidades?”. Claro que não! Mas você precisa estar atento ao mundo que te cerca para encontrar oportunidades para internacionalizar sua empresa. Olhe, por exemplo, os países que mais importam aquilo que sua empresa fabrica ou os países mais carentes do serviço que sua empresa presta. Você pode começar a partir daí um projeto de internacionalização! Página 25 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS PROJETOS E ANÁLISE INTERNACIONAL O mundo está cada vez mais aquecido e o meio ambiente cada vez mais degradado. O Estado Islâmico tem assolado partes do Oriente Médio, atacado cidades europeias e têm prometido ainda mais ataques terroristas na Europa e nas Américas. A Coréia do Norte, afirma, por sua vez, ter e testar uma nova bomba atômica, que colocaria Japão e Coréia do Sul em risco. E agora? Como você, enquanto profissional de internacional analisa esse cenário? Qual impacto as colocações acima podem ter na sua empresa? Veja, durante algum tempo, a empresa brasileira ENGESA, produziu e vendeu veículos militares para mais de 18 países, aproveitando-se das oportunidades criadas pelo cenário de insegurança mundial. Em outro caso, um dos maiores prejudicados pela primeira Guerra do Golfo, no início da década de 1990, foi uma empresa brasileira de eletrodomésticos, que exportava milhares de dólares para o Iraque até o embargo comercial. Por outro lado, em vários outros momentos empresas se deram muito bem com a alteração no cenário econômico mundial, aproveitando-se do crescimento de classes econômicas, de embargos e ainda de diversos outros fatores. Para que a sua empresa possa também aproveitar com sucesso as oportunidades que o cenário internacional apresenta, é necessário que você esteja mais do que preparado para analisá-lo com precisão! PROJETOS E ANÁLISES INTERNACIONAIS - MOTIVAÇÕES E RISCOS Os projetos internacionais têm muito em comum com os projetos domésticos: existe a necessidade de um escopo claro, de um limite de tempo, de um planejamento de custos e também de riscos. No entanto, a diferença essencial está no propósito, na quantidade de pessoas envolvidas e no risco maior. Uma das melhores maneiras de entender os projetos internacionais é através de exemplos: “uma empresa efetuando um grande projeto de construção num país, que envolve múltiplos subcontratos; duas empresas fundindo suas operações, uma empresaimplantando um novo produto numa nova região” (LIENTZ; REA, 2003). Veja, existem milhares de exemplos possíveis de projetos internacionais. Todas as grandes marcas estrangeiras que hoje atuam em nosso país, um dia tiveram no Brasil apenas um projeto de atuação, que veio a se concretizar. Montadoras de veículos, fábricas de roupas e de bebidas, lojas de vestuário e de cosméticos e ainda vários outros tipos de estabelecimento estão em nosso mercado hoje, pois seu projeto deu certo. Página 26 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS E você sabe dizer por que os riscos dos projetos internacionais são maiores? Em primeiro lugar, pois existe uma incerteza maior. Se você está enviando um produto, fazendo uma parceria ou mesmo trazendo algo do exterior, não se pode ter certeza de o público alvo do país de destino vai mesmo gostar do item e consumi-lo como se espera. Nesse caso, as diferenças culturais possuem um impacto significativo. Imagine que você envia roupas brancas para a China. Aqui todos usamos camisas, camisetas, calças e uma série de outros itens dessa cor. No entanto, na China, o branco é a cor do luto. Da mesma maneira, bonés verdes para uma outra cultura representam maridos traídos. Muito da incerteza nos projetos internacionais deriva de todas essas diferenças. Mas essas diferenças culturais não são as únicas fontes de risco. Existem várias outras como, por exemplo, o risco político-legal. E do que se trata esse risco? Veja: Cada país é caracterizado por diversos sistemas políticos e legais que impõe significativos desafios à estratégia e ao desempenho corporativo. Os gestores das empresas devem aderir a leis e regulamentações que regem as transações comerciais. (...) O risco país refere-se à exposição a uma perda em potencial ou a efeitos adversos sobre as operações e lucratividade de uma empresa causados por desdobramentos no ambiente político e/ou legal de um país (KNIGHT; CAVUSGIL; RIESENBERGER, 2010). Imagine, por exemplo, que seu projeto inicia-se com sucesso e sua empresa passa a operar sadiamente numa outra nação. Até que, na hora de enviar os lucros para o Brasil, esse país aprova uma lei ou baixa um decreto proibindo a saída de dinheiro. Surge, então, um grave problema! É justamente por conta desse sério risco, que existem agências internacionais especializadas na análise desses fatores: Um bom mapeamento do risco legal de um país deve incluir: avaliação do sistema legal; processo de abertura de empresa e outras obrigações burocráticas; regras relativas ao repatriamento de divisas; regras específicas à comercialização do produto bem como as obrigações decorrentes, acordos internacionais relevantes; tributação local; barreiras tarifárias e não tarifárias (SARFATI, 2007). E além desses riscos, existem outros? Sim, diversos! Existe o risco econômico, que manifesta-se quando uma determinada nação está na iminência de recessão; o risco geográfico, quando seu projeto depende do clima; o risco de segurança e ainda muitos Página 27 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS outros que devem ser bem pensados e calculados antes que você busque um mercado específico. Mas, afinal, com tantos riscos, o que leva as empresas a iniciarem projetos para sair de seus países e atuar em outros? De forma geral, essas organizações estão em busca de novos mercados; acesso a novos recursos – sejam eles naturais ou mão de obra especializada –; aumento de participação de mercado; ganhos de eficiência ou mesmo fugir da sazonalidade do mercado doméstico. Tudo depende, é claro, da empresa e do que ela está buscando. ESTRATÉGIA PARA A ÁREA INTERNACIONAL Imagine que você trabalha num frigorífico que corta e embala proteínas bovinas. Você iniciaria um projeto internacional para enviar cortes de carne bovina para a Índia, por exemplo? Possivelmente não, uma vez que os indianos – por motivos religiosos – não consomem carne bovina. Esse exemplo visa mostrar um dos diversos pontos que deve ser levado em consideração quando se está delineando um projeto internacional: o público alvo. O sucesso ou fracasso do seu projeto está diretamente relacionado aos desejos ou necessidades que você atende de um determinado público. Assim, não basta ofertar um produto ou serviço, e esperar que ele venda. Deve-se, antes de mais nada, garantir que esse item a venda é adequado às necessidades dos clientes e as regulamentações do país de destino. Nesse sentido, uma das primeiras preocupações deve ser com os costumes culturais, já tratados anteriormente. É óbvio que não devemos oferecer carne bovina na Índia ou automóveis com o volante do lado esquerdo na Austrália ou África do Sul. No entanto, existem outras diferenças bem mais sutis que devem ser pensadas de antemão. Um desses pontos importantes refere-se às leis do local de destino. Veja, por exemplo, o caso brasileiro: nós temos um Código de Defesa do Consumidor que deve nortear as relações de consumo. Temos a ABNT que é responsável por Normas Técnicas, e o INMETRO que efetua testes dos mais diversos em uma série de produtos. Se algo não estiver de acordo com as regulamentações desses órgãos, não poderá ser comercializado. Da mesma maneira, isso ocorre em outros países. Além das questões culturais e legais, existem outras preocupações que devem constar no seu projeto. Por exemplo: a partir do momento que você iniciar suas atividades no exterior, como o cliente descobrirá o seu produto ou serviço? No caso dos produtos, você vai oferecê- los em lojas parceiras ou diretamente ao consumidor? É algo do tipo “self-service”? Todas essas questões devem ser pensadas antes, para que se tenha claro no projeto quais serão Página 28 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS os canais de comunicação com os consumidores. Alguns produtos precisam de assistência técnica. Outros precisam ter peças de reposição. Como organizar isso tudo é parte do sucesso de empreendimentos internacionais. Um possível exemplo é de uma vinícola brasileira que criou uma parceria com uma rede de adegas na Inglaterra. Os vinhos eram enviados para a sede da rede, que os distribuía por suas diversas lojas. Esta é, sem dúvida, uma excelente maneira de se estar em contato com o provável consumidor. No entanto, com serviços as coisas funcionam de forma um pouco diferente, assim como para produtos ou insumos destinados não ao consumidor final, mas a outros negócios ou a outras indústrias. Perceba que existem dezenas de fatos que devem ser levados em consideração. Muitos desses fatos vão variar conforme o produto que a empresa produz ou o serviço que presta, e com seus objetivos na internacionalização. Não é possível construir um receituário simples, que trará sucesso para os projetos internacionais caso siga-se este e aqueles passos. Isso se deve ao fato de que as mínimas particularidades de uma organização, seus objetivos, sua estrutura, sua capacidade de atendimento e produção etc, afetam diretamente o que essa empresa quer e espera dos projetos internacionais. Assim, tem-se aqui um ponto de importância fundamental: inicie entendendo o que sua empresa quer ou espera com um projeto internacional. Depois, busque entender aonde no mundo esse produto ou serviço é necessário. Isso pode ser feito analisando as balanças comerciais de exportação/importação e também seus principais concorrentes num determinado mercado. Depois de analisar seus potenciais concorrentes, busque entender o que eles fazem de bom que sua empresa não faz, e como você poderá superá-los em seu próprio território. ASPECTOS CENTRAIS DAS ANÁLISES INTERNACIONAIS A análise internacional surge para tentarmos entender aspectos ou cenários mais específicos do mundo. Nesse caso, surge para nos auxiliar o BABOK (Business Analysis Body of Knowledge) ou Corpo de Conhecimentos de Análise de Negócios em português: “o Guia BABOK descreve as Áreas de Conhecimento da análise de negócios, suas atividades e tarefas associadas e as habilidades necessárias para que a sua execução seja efetiva” (BABOK, 2011). Mas afinal,o que é análise de negócios? Vejamos: Análise de Negócios é o conjunto de atividades e técnicas uti lizadas para servir como ligação entre as partes interessadas, no intuito de compreender a estrutura, políticas Página 29 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS e operações de uma organização e para recomendar soluções que permitam que a organização alcance suas metas (BABOK, 2011, p. 5). Veja só que interessante! A análise de negócios não ocupa-se apenas do mundo ou do cenário externo da empresa, mas também procura compreender o cenário interno para poder recomendar as melhores soluções, atitudes ou atividades para uma determinada empresa. Nesse sentido, a análise não passa apenas por entender as relações internacionais, mas também as próprias particularidades da organização. Parece uma meta audaciosa, não é mesmo? E para que isso serve? Veja, a análise de negócios existe para “entender como a empresa funciona e permitir que atinja seu potencial auxiliando-a a articular e realizar metas, reconhecer e aproveitar oportunidades, identificar e superar desafios” (KUPPERSMITH; MULVEY; MCGOEY, 2013). Sendo assim, perceba como você pode utilizar-se da análise de negócios para entender a sua empresa e quais são suas metas. Ao conjugá-la com a análise internacional, você pode sugerir passos e empreendimentos internacionais que permitam à sua empresa atingir, realizar e superar suas metas através do correto reconhecimento e aproveitamento de oportunidades. Obviamente, que surgem alguns conhecimentos fundamentais que você deve ter para que isso de fato ocorra. Tal qual ocorreu com a gestão de projetos, a análise de negócios também conta com uma base de conhecimentos. A análise de negócios possui, antes de mais nada, algumas responsabilidades fundamentais: Identificar as opções táticas que irá abordar em uma determinada situação e apoiar a execução da estratégia de negócios; Definição das táticas que permitem à organização atingir sua estratégia; Apoio à implementação e funcionamento dessas táticas; Redefinir as táticas após a implementação, perceber mudanças nos negócios e garantir as alterações para assegurar o alinhamento contínuo com os objetivos de negócios (CADLE; PAUL; TURNER, 2010). Assim, você pode perceber que a análise de negócios comunica-se amplamente com a gestão de projetos. Da mesma forma que a gestão de projetos deveria criar programas e planos que auxiliassem a empresa a cumprir com suas metas estratégicas, a análise de negócios deve se preocupar em identificar qual a maneira mais fácil de fazer isso, através Página 30 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS de qual caminho. Vejamos um exemplo diretamente conectado aos projetos internacionais: os analistas perceberam que o mercado doméstico está em crise, e os consumidores cada vez mais endividados, gastando cada vez menos de seus salários com coisas novas, e buscando cada vez mais as opções mais baratas. Assim, surgem algumas opções: diminuir o lucro da empresa, baixando o preço final do produto ou serviço, ou buscar outro mercado mais aquecido através de uma parceria internacional ou exportações. Qual opção você escolheria? Perceba, ambas possuem seus riscos, a questão fundamental é definir quais desses riscos valem mais à pena ser enfrentados. Por um lado, baixar o preço final de um item pode impactar diretamente na rentabilidade da empresa. Reduzir a qualidade do produto ou serviço final pode afetar a reputação da companhia. Exportar, por sua vez, pode acarretar em alguns custos iniciais de adaptação. É importante ressaltar também que os analistas de negócios devem captar informações em diversas áreas diferentes para poder criar uma análise que seja real e bem embasada. Muitas vezes, isso significa recorrer a diversas fontes dentro da própria empresa: Analistas de negócios devem analisar e sintetizar informações fornecidas por grande número de pessoas que interage com o negócio, como clientes, colaboradores, profissionais de TI e executivos. O analista de negócios é responsável por desvendar as verdadeiras necessidades das partes interessadas, não simplesmente seus desejos explícitos. Em muitos casos, o analista de negócios irá trabalhar também para facilitar a comunicação entre unidades organizacionais (BABOK, 2011, p. 5). Entendidos esses pontos iniciais, você agora está preparado para o quiz e para entender os conceitos chave da análise de negócios! MÉTRICAS E TÉCNICAS DE ANÁLISE DE NEGÓCIOS Agora que você já entendeu o básico da análise de negócios, está na hora de se familiarizar com alguns conceitos fundamentais! Esses conceitos vêm do próprio BABOK: Domínio: “Um domínio é uma área submetida à análise”. Soluções: “Uma solução é um conjunto de mudanças no estado atual da organização que são feitas com o intuito de permitir que ela atenda a uma necessidade do negócio, resolva um problema ou se beneficie de uma oportunidade”. Página 31 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS Requisitos: “Uma condição ou capacidade necessária para uma parte interessada resolver um problema ou atingir um objetivo”. E além desses conceitos, existem outros? Claro. Os próprios conceitos colocados acima são aprofundados no BABOK. Além desses conceitos essenciais, existem algumas habilidades críticas necessárias para que a análise de negócios efetivamente funcione. A primeira delas é a habilidade em comunicação; como o analista trabalha com uma imensa gama de informações de fontes diferentes, é essencial que tenha capacidade de “sintetizar informações fornecidas por grande número de pessoas que interage com o negócio, como clientes, colaboradores, profissionais de TI e executivos” (BABOK, 2011, p. 5). Além da comunicação, é importante que seja uma pessoa capaz de pesquisar e analisar assuntos de forma detalhada, isto é, ir além do superficial, questionando-se sobre as entrelinhas daquilo que encontra. A partir do momento que uma análise de negócios começa a ser feita, decisões serão tomadas tendo o resultado dessa análise por base. Por isso, é importante que as informações coletadas na análise sejam bem organizadas, e que o analista seja capaz de visualizar o cenário completo das informações que está coletando e sistematizando. Existem, é claro, algumas técnicas que o BABOK sugere para se analisar um determinado negócio, como brainstorming, análise de documentos, grupos focais e ainda várias outras. Essas técnicas podem ser utilizadas de acordo com o tipo de informação que você deseja obter e também de quem. Pessoas de maior grau hierárquico da organização normalmente não terão muito tempo e nem se disporão a participar de dinâmicas. Por outro lado, pessoas de níveis hierárquicos de entrada poderão sentir-se estimuladas quando participam de alguma iniciativa assim. Utilizando essas técnicas, você pode conseguir obter um bom número de informações sobre a empresa, que te capacitarão a encontrar uma estratégia adequada para que ela, por exemplo, se internacionalize. Tenha em mente sempre que a análise de negócios deve estar focada no interesse maior do negócio, e não nas metas dos chefes: “você deve considerar as necessidades da empresa entrevistando e considerando seus líderes. Tenha certeza, no entanto, de que você está olhando para as necessidades do negócio, dentro do contexto do que o negócio está tentando fazer e realizar, e não no que os líderes estão buscando” (KUPPERSMITH; MULVEY; MCGOEY, 2013). Uma das mais comuns formas de análise é a chamada análise corporativa, que auxilia a entender o que o negócio busca e quais são as melhores formas de alcançar essas metas: [...] análise corporativa descreve as atividades de análise de negócios necessárias para identificar uma necessidade do Página 32 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS negócio, problema ou oportunidade, definir a natureza de uma solução que atende a essa necessidade e justificar o investimento necessário para a entrega dessa solução (BABOK, 2011, p. 87). Para os projetos internacionais,essa análise é de importância fundamental e vital, uma vez que, para internacionalizar, muitas vezes são necessárias adaptações da empresa, dos produtos ou até de uma determinada estrutura de atendimento. Mas qual, afinal, deve ser o resultado de uma análise de negócios? Vejamos as possibilidades trazidas pelo BABOK: Criar uma nova capacidade como em um novo produto ou serviço, atuando sobre uma desvantagem competitiva ou criando uma nova vantagem competitiva; Aumentar as receitas através do aumento nas vendas ou da redução dos custos; Aumentar a satisfação dos clientes; Aumentar a satisfação dos colaboradores; Ajustar-se a novas regulamentações; Aumentar a segurança; Reduzir o tempo de entrega de um produto ou serviço (BABOK, 2011, p. 90). Seja qual for o resultado esperado pela sua empresa, a análise do negócio pode e deve fornecer mecanismos para que as vendas aumentem, os clientes e colaboradores sintam- se mais satisfeitos ou que a empresa evolua ou melhore de alguma forma. Agora que você já entendeu esses aspectos e características centrais da análise de negócios, está na hora de entender melhor como a análise internacional funciona... ANÁLISE DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS Até aqui você já entendeu diversos aspectos ligados aos negócios internacionais, desde as formas de se entrar em mercados internacionais – exportação, franquias, joint ventures, investimento estrangeiro direto – até alguns riscos que tais atividades envolvem, como riscos Página 33 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS culturais, de segurança, geográficos, econômicos ou políticos. Com tantos fatores a considerar, como fazer a análise internacional, então? A primeira questão a se considerar é o motivo pelo qual você está efetuando a análise. É para internacionalizar? Se for, é importante focar em aspectos econômicos, políticos e jurídicos primeiro. É para entender o risco que um país representa? Nesse caso, seu foco deve ser político, de segurança e cultural. A análise internacional, antes de mais nada, depende do que você espera obter com ela. A partir disso, da delimitação de um foco, é que você parte para seus elementos. Sendo este um material direcionado a profissionais internacionais, vamos partir do pressuposto de que seu objetivo com a análise seja para internacionalização. Muito da análise de negócios para a internacionalização parte da busca por oportunidades globais de mercado. E o que são essas oportunidades? Uma oportunidade global de mercado refere-se a uma combinação favorável de circunstâncias, localização ou momento, que ofereça perspectivas de exportação, investimento, suprimento ou parceria em mercados estrangeiros. Em várias localidades no exterior, a empresa pode perceber oportunidades: vender seus produtos e serviços; (...); comprar matérias primas, (...) (KNIGHT; CAVUSGIL; RIESENBERGER, 2010). Um acordo de livre comércio entre o Brasil e um país com o qual sua empresa queira fazer negócios pode ser, para você, uma oportunidade global de mercado. Para analisar se essa oportunidade vale ou não à pena, existem alguns fatores a serem considerados também. Não basta apenas encontrar uma oportunidade, deve-se garantir que ela possa ser explorada a contento. Em alguns casos, o risco ou o custo não compensam o retorno. Em outros, apenas o risco é um impeditivo. Analisemos, a título de exemplo, a situação da Síria com muita frieza: o país está destruído e sobrou pouca coisa. Esta é, em tese, uma oportunidade para vender coisas para lá. A pergunta que se coloca é: dados os sérios riscos em segurança, infraestrutura, política e geografia, vale à pena abrir uma empresa lá? Possivelmente não. Existem mundo a fora uma série de indicadores do chamado “risco país” que podem te ajudar na sua análise. Em alguns casos um país está crescendo economicamente e as coisas parecem melhorar. Até que, por exemplo, altera-se o governo e os novos mandatários não conseguem administrar bem o país. Esses casos afetam negativamente o risco país. Fazer análise internacional, no entanto, não depende apenas do cenário do local de destino. Página 34 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS Assim como na análise de negócios, na análise internacional deve-se considerar também fatores internos à empresa: A seleção dos mercados para onde expandir as operações é determinada por fatores internos e externos à empresa. A nível interno são aspectos como a capacidade de adaptar o produto (se necessário), a disponibilidade de recursos financeiros e técnicos, a experiência prévia nesses mercados, a existência de contatos com clientes (...). No plano dos fatores externos, é indispensável analisar questões como a dimensão atual (e potencial) do mercado, as condições econômicas, as políticas governamentais, (...), entre outras (FERREIRA; REIS; SERRA, 2011). E ainda não é só isso! Veja o que mais você deve analisar: “o preparo organizacional para a internacionalização; avaliar a adequação de produtos e serviços da empresa para os mercados externos, classificar os países para identificar mercados potenciais atrativos; avaliar o potencial, ou a demanda, de mercado de um determinado setor, (...)” (KNIGHT; CAVUSGIL; RIESENBERGER, 2010). Perceba como não existe como formatar análises internacionais, uma vez que tais análises precisam levar em conta uma série de fatores variáveis importantes. Uma vez que sua análise percebeu que um determinado país é atrativo e apresenta poucos riscos, você não deve jogar-se à internacionalização de imediato. Existem, ainda, mais coisas que devem ser levadas em consideração: Quem/quais são os líderes de mercado no país de destino? Quais as necessidades fundamentais dos clientes e como eu as satisfaço? Qual a estrutura do setor e quantos são os concorrentes? Como minha empresa vai se posicionar e quais produtos levará? Como será feito o marketing, as vendas, a propaganda, o relacionamento com os clientes e a distribuição dos produtos? A essas questões ainda se poderiam somar outras. Até aqui você já deve ter percebido como fazer análise de negócios internacionais é algo que fica entre montar uns quebra cabeças e jogar xadrez. Além disso, a sua busca por informações não tem um ponto final. Enquanto houver dúvida, deverá haver pesquisa e análise. Somente assim você terá segurança em seu projeto, reduzindo os riscos, que são tantos! Página 35 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS Existem alguns temas que são recorrentes no noticiário internacional, com o qual todos nós estamos bem familiarizados. No entanto, existe muito mais a ser lido nas entrelinhas do que comentam as colunas econômicas e financeiras. Se, no decorrer dos anos 2000, olhássemos para o futuro, veríamos como uma grande tendência à ascensão dos países dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – à condição de líderes globais. E como estão esses países hoje? Brasil e Rússia desaceleraram suas economias e defrontam-se com a urgente necessidade de reformas para retomar seu crescimento. A África do Sul, ainda promete crescer bastante, mas tem lidado com problemas críticos como desemprego e imigração ilegal. A Índia escora seu crescimento em seu mercado interno de mais de um bilhão de pessoas, e tal qual a China tende a continuar crescendo bastante pelas próximas décadas. Ambos os países necessitarão de uma quantidade crescente de commodities para alavancar sua indústria interna. O crescimento chinês tende a desacelerar, mas ainda assim permanecerá alto – ou maior do que o crescimento brasileiro. E o que mais o futuro nos reserva? O mesmo economista que criou o termo BRICS criou recentemente o termo MINT, para designar outros países de crescimento promissor, como México, Indonésia, Nigéria e Turquia que deverão manter razoáveis índices de desenvolvimento econômico. Muitas das preocupações dos internacionalistas de hoje, no entanto, não se relacionam apenas com o cenário econômico, visto que existem nações com fortes promessas
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